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1 
 
Disciplina: Bases Conceituais e Organizacionais do SUAS 
Autores: M.e Anelice de Sampaio 
Revisão de Conteúdos: Esp. Paula Maria de Ferreira / M.e Daniel Vicente 
Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso 
Ano: 2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de 
suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de 
Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar 
em cobrança de direitos autorais. 
 
2 
 
Anelice de Sampaio 
 
 
 
 
Bases Conceituais e 
Organizacionais do SUAS 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2015 
Curitiba, PR 
Editora São Braz 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
SAMPAIO, Anelice de. 
 Bases Conceituais e Organizacionais do SUAS / Anelice de Sampaio. – 
Curitiba, 2015. 
 48 p. 
Revisão de Conteúdos: Esp. Paula Maria de Ferreira 
Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso. 
Material didático da disciplina de Didática do Ensino – Faculdade São 
Braz (FSB), 2016. 
 ISBN: 978-85-94439-49-9 
 
 
4 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! 
 
 Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, 
nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de 
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão 
Universitária. 
 A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
 Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão 
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e 
grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e 
estudantes. 
 
 
 Bons estudos e conte sempre conosco! 
 Faculdade São Braz 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Aula 1 – A Evolução Jurídica do SUAS no Brasil 
Apresentação da aula 1 
 Nesta aula, estudaremos a implementação e as diretrizes do Sistema 
Único de Assistência Social (SUAS) e sua efetividade no âmbito da Assistência 
Social como política social. Será descrito o contexto em que o SUAS está 
inserido, bem como as diretrizes para a gestão do SUAS. 
 
 
1. A Evolução Jurídica do SUAS no Brasil 
1.1 O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) 
O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) funciona de maneira 
participativa e descentralizada, que tem como objetivo regularizar suas ações 
em todo território nacional, através da padronização de serviços, programas, 
projetos e benefícios socioassistenciais, tendo como base a matricialidade 
sociofamiliar, a descentralização político-administrativa, a territorialização, as 
relações entre Estado e Sociedade, definição de atributos e financiamento das 
três esferas do governo, padronizar os nomes do serviço, controle social, 
monitoramento e avaliação, recursos humanos e proteção social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://www.cress-mg.org.br/Conteudo/cfbf8b64-7eee-4a0a-a138-fea186265bad 
/Vem-a%C3%AD-Encontro-de-Trabalhadores-do-Suas-do-Norte-de-Minas 
http://www.cress-mg.org.br/Conteudo/cfbf8b64-7eee-4a0a-a138-fea186265bad
 
6 
 
 
Para a proteção social de assistência social o princípio de matriciadade 
sociofamiliar significa que: 
A família é o núcleo social básico de acolhida, convívio, autonomia, 
sustentabilidade e protagonismo social; (NOB/SUAS, 2005, p.17) 
 
O SUAS se concretiza através de uma oferta de serviços, programas, 
projetos e benefícios pela Política Nacional de Assistência Social 
(PNAS/NOB/SUAS,2005, p. 94). 
 
Importante 
Serviços – são atividades continuadas, definidas no art.23 da 
LOAS que visam a melhoria da vida da população e cujas ações 
estejam voltadas para as necessidades básicas da população, 
com ordenamento em rede, de acordo com os níveis de 
Proteção Social. 
Programas – compreendem ações integradas e 
complementares, tratadas no art.24 da LOAS, com objetivos, 
tempo e área de abrangência, definidos para qualificar, 
incentivar, potencializar e melhorar os benefícios assistenciais, 
não se caracterizando como ações continuadas. 
Projetos – definidos nos arts. 25 e 26 da LOAS, caracterizam-
se como investimentos econômico-sociais nos grupos 
populacionais em situação de pobreza, buscando subsidiar 
técnica e financeiramente iniciativas que lhe garantam meios e 
capacidade produtiva e de gestão para a melhoria das 
condições gerais da subsistência, elevação do padrão de 
qualidade de vida, preservação do meio ambiente e 
organização social, articuladamente com as demais políticas 
públicas. 
Benefício de Prestação Continuada – previsto na LOAS e no 
Estatuto do Idoso, provido pelo Governo Federal, consiste em 
repasse de 1 (um) salário mínimo mensal ao idoso (com de 65 
anos ou mais) e à pessoa com deficiência que comprovem não 
ter meios para suprir sua subsistência ou de tê-la suprida por 
sua família. 
Benefícios Eventuais – previstos no art.22 da LOAS visam o 
pagamento por natalidade ou morte, ou para atender 
necessidades advindas de situações de vulnerabilidade 
temporária, com prioridade para criança, a família, o idoso, a 
pessoa com deficiência, a gestante, a nutriz (que nutre, 
alimenta) e nos casos de calamidade pública. (Cartilha CMAS, 
2007) 
 
 
 
 
7 
 
 
 
 
1.2 Contextualização e Diretrizes do SUAS 
 A Assistência Social é um direito do cidadão e dever do Estado, 
semelhante ao Sistema Único de Saúde (SUS), como forma de efetivar o 
mandamento constitucional do direito à saúde como um “direito de todos” e 
“dever do Estado”, o que significa garantir a todos que dela necessitam, e sem 
contribuição prévia para essa proteção. 
 Nessa perspectiva, o SUAS é um modelo de gestão criado pelo Ministério 
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome após as deliberações da IV 
Conferência Nacional de Assistência Social previsto na Lei Orgânica de 
Assistência Social (LOAS) nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993. O Sistema único 
de Assistência Social (SUAS) foi aprovado em julho de 2005 pelo Conselho 
Nacional de Assistência Social (CNAS) por meio da Norma Operacional Básica 
(NOB) nº 130, de 15 de julho de 2005). 
 
 
 
LEI Nº 8.742, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1993. 
 
 
Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências. 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu 
sanciono a seguinte lei: 
LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL 
CAPÍTULO I 
Das Definições e dos Objetivos 
 Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de 
Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um 
conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento 
às necessidades básicas. 
Art. 2o A assistência social tem por objetivos: (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 
2011) 
I - a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção da 
incidência de riscos, especialmente: (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) 
a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; (Incluído 
pela Lei nº 12.435, de 2011) 
http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/suas/resolveuid/557fd706df0110fe97edac3fbe3dd05d
http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/suas/resolveuid/557fd706df0110fe97edac3fbe3dd05d
http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/suas/resolveuid/557fd706df0110fe97edac3fbe3dd05dhttp://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%208.742-1993?OpenDocument
 
8 
 
b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 
2011) 
c) a promoção da integração ao mercado de trabalho; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 
2011) 
d) a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua 
integração à vida comunitária; e (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) 
e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e 
ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la 
provida por sua família; (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011) 
II - a vigilância socioassistencial, que visa a analisar territorialmente a capacidade 
protetiva das famílias e nela a ocorrência de vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e 
danos; (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) 
III - a defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso aos direitos no conjunto das 
provisões socioassistenciais. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) 
Parágrafo único. Para o enfrentamento da pobreza, a assistência social realiza-se de 
forma integrada às políticas setoriais, garantindo mínimos sociais e provimento de condições 
para atender contingências sociais e promovendo a universalização dos direitos 
sociais. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) 
Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8742compilado.htm 
 
 Sendo assim, o SUAS tem como principal objetivo combater a pobreza e 
diminuir desigualdades através de um conjunto de ações descentralizadas de 
iniciativa pública para viabilizar acesso da população da qual dela necessita 
como garantia ao atendimento as necessidades básicas caraterizadas na 
Assistência Social, trata-se, portanto, de transformar em ações diretas os 
pressupostos assegurados na Constituição Federal de 1988, conforme rege no 
seu artigo 6º: 'São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, 
a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade 
e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição” e 
também da LOAS, por meio de princípios e de diretrizes que nortearão sua 
implementação, promovendo o urgente acesso, para a cidadania no Brasil. 
 Nesse contexto, como Diretriz da Política Nacional de Assistência Social 
PNAS/2004, a família assumiu o papel de núcleo fundamental para a política de 
Assistência Social para concepção de programas, projetos, serviços e benefícios, 
na perspectiva dos princípios da matricialidade sociofamiliar e do território como 
base de organização dos serviços. 
 No que se refere a princípios e diretrizes que nortearão a concepção de 
programas, projetos, serviços e benefícios, um dos eixos estruturantes do SUAS 
é a família como papel de núcleo fundamental na perspectiva de matricialidade 
sociofamiliar e do território como base de organização de serviços. 
 
 
9 
 
 
 
É possível afirmar que, historicamente e na realidade atual, os maiores 
índices de motivos de abrigamento de crianças e adolescentes 
relacionam-se a impossibilidades materiais da família para mantê-los 
em suas companhias objetivadas, geralmente pela ausência de 
trabalho, renda, condições de acesso à educação, saúde, habitação, 
assistência social, lazer, bem como a responsabilidade e 
responsabilização da mulher pelos cuidados e supostos descuidos 
com os filhos. (VITALE, BAPTISTA e VERAS, 2008, p. 106) 
 
 Nessa perspectiva, a Assistência Social foi estruturada em dois eixos: 
serviços e benefícios como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação 
Continuada – BPC, já tipificados por meio da resolução do Conselho Nacional 
de 109 de 2009, para atender as famílias e seus membros em vulnerabilidade 
social, várias vulnerabilidades, dentre elas de renda, idade, deficiência, crianças 
e adolescentes são prioridades no atendimento. O SUAS é ofertado legalmente 
através do Estado, Município e Governo Federal, tendo como comando único o 
Estado Brasileiro. 
Sposati (2009) argumenta que: 
 
A inclusão da Assistência na Seguridade Social foi uma decisão 
plenamente inovadora. Primeiro por tratar esse campo como conteúdo 
da política pública de responsabilidade social estatal, e não como uma 
nova ação, com atividades e atendimentos eventuais. Segundo, por 
desnaturalizar o princípio da subsidiariedade, pela qual a função da 
família e da sociedade antecedia a do Estado. […] Terceiro por 
introduzir um novo campo em que se efetivam os direitos (SPOSATI, 
2009, p. 14). 
 
Sendo assim, as entidades privadas fazem parte dessa oferta de serviço à 
população por meio do Estado Brasileiro que é a contratação dessas entidades 
para uma prestação de serviço que é público. 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
Leia o livro “SUAS No Brasil: uma realidade 
em movimento”. Esta obra trata de maneira 
instigante um amplo observatório da política 
pública de assistência social. Expondo a difícil 
dialética da sua realidade em movimento, a 
equipe de autoras nos presenteia com uma 
feliz oportunidade de preparar melhor o 
estudo e a intervenção profissional nesta 
complexa, fundamental, e muitas vezes mal 
compreendida, política social. 
 
 
Dentro do SUAS, existe uma hierarquização de ações de proteção e dentro 
delas existem a proteção social básica e proteção social especial, onde são 
executadas as ações de proteção, inseridas nelas temos dois equipamentos 
públicos descentralizados para atender a população, sendo eles o Centro de 
Referência de Assistência Social (CRAS) e o Centro de Referência especializado 
de Assistência Social (CREAS). 
Dentro da previsão do SUAS, no que se refere à Universalidade de acesso, 
nos municípios em que por algum motivo não foram implementados os CRAS e 
CREAS, conforme rege o SUAS, o município é responsável por oferecer 
atendimento a sua população independentemente da situação que ela se 
encontre, tanto no caráter preventivo quanto no protetivo, deve ter na equipe de 
gestão a equipe de referência para atendimento ao cidadão, sendo ela composta 
por Assistentes Sociais psicólogos e advogados na Secretária Municipal de 
Assistência Social para atendimento e acompanhamento para essas famílias 
que se encontram em situação de violação de direitos e vulnerabilidade social. 
No que se refere ás entidades privadas no âmbito do SUAS: são entidades 
de atendimento que prestam serviços de programas e projetos na Assistência 
Social mediante autorização de Conselho Municipal da Assistência para 
funcionar com a devida inscrição no Conselho Municipal de Assistência Social. 
No que se refere ás entidades privadas no âmbito do SUAS, pode-se 
afirmar que são entidades de atendimento que prestam serviços de programas 
 
11 
 
e projetos na assistência social mediante autorização do conselho municipal de 
assistência para funcionar com devida inscrição no Conselho Municipal de 
Assistência Social. 
No âmbito do Sistema Único de Assistência Social, há um pilar estruturante 
do sistema, sendo ele o Conselho Municipal de Assistência Social, órgão 
deliberativo e colegiado. Conselho Municipal de Assistência Social que 
apresenta o órgão fiscalizador, deliberativo e colegiado do Suas. Tem como 
função fiscalizar a implantação e implementação do SUAS. Todas ações, 
programas, projetos e serviços que o gestor municipal vai implantar, o Conselho 
tem que deliberar, onde no Conselho Municipal de Assistência essas 
deliberações têm caráter de lei e se materializam por meio de resolução, ou seja, 
tudo que o município vai implantar, reordenar, alterar, tem que ter a autorização 
Conselho, é quem aprova a prestação de contas do município. A competência é 
semelhante ao do Ministério Público porque ambos são responsáveis por 
fiscalizar. 
 
1.3 A Rede Socioassistencial Pública 
No que se refere à rede socioassistencial, existe a redepública e rede 
privada. A rede pública é composta pelos CRAS, CREAS e Centros de 
Assistência a população, divididas em proteção social básica e especial. 
 
Saiba Mais 
A proteção social básica tem por objetivo prevenir a 
violação dos direitos por meio da oferta de programas, 
projetos, serviços e benefícios a famílias e indivíduos em 
situação de vulnerabilidade social. Sua porta de entrada e 
ações executivas são os Centros de Referência de 
Assistência Social – CRAS. 
A proteção especial atua quando os direitos já foram 
violados, famílias e indivíduos que já se encontram em 
situação de risco por ocorrência de abandono, maus tratos, 
abuso sexual, uso de drogas, entre outros aspectos. Tem 
como unidade assistencial os Centros de Referência 
Especializada de Assistência Social - CREAS. 
 
 
12 
 
 
 O CRAS é a principal porta de entrada do SUAS, unidade pública estatal 
descentralizada, onde sua localização é fator determinante para ocorra sua 
viabilização, deve ser instalado prioritariamente em locais de maior concentração 
de famílias em situação de vulnerabilidade social para prevenir as situações de 
risco em seu território de abrangência fortalecendo vínculos familiares e 
comunitários e garantindo direitos. Articula e fortalece a Rede de Atenção Básica 
Local. Tem como o principal serviço ofertado o serviço de Proteção e 
Atendimento Integral à Família (PAIF), um trabalho de caráter continuado que 
visa fortalecer a função protetiva das famílias, prevenindo o rompimento de 
vínculos, promovendo acesso de direitos. 
 
 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
 
Leia a Cartilha “Orientações Técnicas Centro de 
Referência de Assistência Social – CRAS). 
Disponível no acesso: 
http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/
assistencia_social/Cadernos/orientacoes_Cras.
pdf 
 
 
 
 O CREAS atua na oferta de atenção especializada para família e 
indivíduos cujos direitos já foram violados e/ou situação de ameaça (violência 
física, psicológica, sexual, tráfico de pessoas, cumprimento de medidas 
socioeducativas em meio aberto, dentre outras situações de média e alta 
complexidade.) No qual demanda serviço especializado e continuado diante da 
complexidade. Essa oferta tem como foco o acesso da família a direitos 
socioassistenciais, através da potencialização de recursos e proteção. É 
utilizado como ferramenta a construção de um espaço de escuta qualificada e 
acolhida, como objetivo a reconstrução de suas relações familiares como 
tentativa de fortalecimento de vínculos familiares e comunitários dentro da 
possibilidade de cada um, entendendo cada indivíduo como sujeito único diante 
 
13 
 
da sua subjetividade e considerando o contexto social. Para que seja efetivo, os 
exercícios de suas atividades são ofertados de forma articulada com a rede de 
proteção sendo ela: Escolas, Hospitais, Sistema Judiciário, Conselhos Tutelares, 
ONGs, dentre outros, visto que a articulação no território é fundamental para 
viabilizar possibilidades e acesso a uma organização de proteção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://www.lagoadobarro.pi.gov.br/wp-content/uploads/2013/04/creas.jpg 
 
 No que se refere à rede privada, são entidades de atendimentos que 
prestam serviços de programa e projetos na Assistência Social mediante 
autorização do Conselho Municipal de Assistência para funcionar com devida 
inscrição Conselho Municipal de Assistência Social. 
 A política de Assistência Social não cumpre seu papel isoladamente. Ela 
atua em interface com outras políticas, principalmente a saúde e educação, pois 
as intervenções realizadas dependem de outros fatores. A Assistência Social tem 
a responsabilidade de fazer essa articulação interinstitucional (trabalho em rede, 
parceria, colaboração) para proposta de intervenção coletiva com a família, visto 
que essa articulação deve ocorrer por ser o mesmo público-alvo, nessa lógica 
entra também o Conselho Municipal dos direitos das Crianças e Adolescentes 
 
14 
 
(CMDCA), o Conselho Tutelar, sistema de garantia de direitos, vara de infância, 
juventude e família, Ministério Público, sistema de justiça, com propósito de 
construir propostas para minimizar a violação dos direitos humanos. 
 
Resumo da aula 1 
 Nesta aula, estudou-se a implementação e as diretrizes do SUAS e sua 
efetividade no âmbito da Assistência Social como política social e viabilização de 
direitos que já estão assegurados em lei para pessoas de que nela necessitam 
com caráter universal. A política do SUAS visa melhorias nas condições básicas 
de vida como forma de prover a subsistência do indivíduo e sua família, para que 
exerça seu papel social através da garantia do básico resguardando a dignidade 
da pessoa humana. 
 Viu-se que o SUAS tem como diretriz na LOAS a primazia da 
responsabilidade do Estado, descentralização política e administrativa, 
posteriormente a PNAS/2004 com a centralidade da família para concepção de 
serviços, benefícios, programas e projetos família como centralidade. 
 Estudou-se também as ações de proteção no âmbito do SUAS, divididas 
em proteção social básica e especial, tendo com mecanismo de execução os 
CRAS e CREAS. Compreendeu-se que o CRAS se enquadra na política de 
proteção básica, resume-se em prevenção e fortalecimento de vínculos 
destinados a pessoas em vulnerabilidade social, enquanto o CREAS está 
inserido na proteção social especial, onde atua em situações de média e alta 
complexidade em sujeitos e famílias que já estão com direitos violados e/ou em 
situação de risco. 
 
 
Aula 2 - Gestão do Trabalho com o SUAS 
Apresentação da aula 2 
 Nesta aula serão abordadas questões que envolvem a Gestão do trabalho 
com o SUAS através da Norma Operacional Básica de Recursos Humanos 
(NOB-RH/SUAS), que estabelece e consolida meios para gestão do trabalho e 
educação no âmbito do SUAS. 
 
15 
 
 
2. Gestão do Trabalho com o SUAS 
2.1 A NOB-RH/SUAS 
 A Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS (NOB-
RH/SUAS) foi aprovada em 2006, através da resolução nº 269 do Conselho 
Nacional de Assistência Social, com objetivo de consolidar melhores condições 
para os trabalhadores da assistência social, visto que são agentes mediadores 
dos serviços do SUAS. 
 A finalidade da NOB-RH/SUAS, de forma geral e ampla, é o 
reconhecimento e a valorização do trabalhador dessa política pública com 
propósito de viabilizar e materializar a ampla rede de proteção e promoção social 
na perspectiva dessa política de Assistência Social. 
No âmbito da NOB-RH/SUAS, além do reconhecimento do trabalhador, 
existem outros fatores que viabilizam a qualidade nos serviços prestados, sendo 
eles: 
 o financiamento; 
 o controle social; 
 a descentralização. 
 
MARCOS NORMATIVOS EM VIGÊNCIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: Elaborado pelo DI(2015). 
 
16 
 
 
 Percebe-se que a gestão do trabalho com o SUAS proporcionou um 
grande avanço, no que diz respeito à profissionalização da política de assistência 
social, garantindo aos usuários do Sistema Único de Assistência Social serviços 
públicos de qualidade. 
A gestão do Serviço Social, através da Norma Operacional Básica de 
Recursos Humanos (NOB-RH/SUAS), estabelece e consolida meios para gestão 
do trabalho e educação no âmbito do SUAS. Seu objetivo, de forma geral e 
ampla, é o reconhecimento e a valorização do trabalhador dessa política pública. 
A gestão do trabalho tem como propósito de viabilizar a materializar a ampla rede 
de proteção e promoção social na perspectiva dessa política de Assistência 
Social visando garantir aos usuários serviços, onde se consolida através de 
permanente investimento, reconhecimento e valorização dos trabalhos do SUAS, 
ou seja, quanto mais aprimorada a gestão, melhor será assegurado o direito 
socioassistencial para o usuário. 
 Na última década o Brasil tem vivenciado uma ampliação da rede de 
proteçãosocial no âmbito da Assistência Social, com benefícios como o BPC 
(Benefício de Prestação Continuada) e o Bolsa Família. No entanto, o trabalho 
da assistência social é marcado historicamente pela falta de valorização 
necessária que os trabalhadores requerem e seus usuários. Sendo assim, foi um 
grande avanço a Norma Operacional Básica NOB-RH/SUAS. 
 O SUAS não conta com equipamentos para sua viabilização: a mediação 
ocorre somente através do trabalhador, reforçando assim a necessidade de 
maior investimentos para os trabalhadores, visto que requer dos profissionais um 
vasto conhecimento e competência específica, habilidades e atitudes para atuar 
nas diversas situações de complexidade da população na qual ela atua como 
forma de materializar os direitos. Ou seja, quanto mais aprimorada a gestão, 
melhor será assegurado o direito socioassistencial para o usuário. 
 
 
A Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS 
(NOB-RH/SUAS) estabelece e consolida os principais eixos 
relevantes para a gestão do trabalho e a educação permanente 
na perspectiva do SUAS. 
 
 
 
17 
 
 
 
 
 
NORMA OPERACIONAL BÁSICA 
DE RECURSOS HUMANOS DO SUAS 
NOB-RH/SUAS 
 
RESOLUÇÃO Nº 269, DE 13 DE DEZEMBRO DE 2006. 
DOU 26/12/2006 
 
Aprova a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único de Assistência Social – NOB-
RH/SUAS. 
[...] 
II – Princípios e diretrizes nacionais para a gestão do trabalho no âmbito do SUAS 
 
1. A promulgação da Constituição Federal de 1988 e da Lei Orgânica da Assistência Social – 
LOAS, de 1993, e consequentemente a formulação da PNAS/2004 e a construção e regulação 
do Sistema Único da Assistência Social – SUAS e da sua Norma Operacional Básica – 
NOB/SUAS tornam necessária a reflexão da política de gestão do trabalho no âmbito da 
Assistência Social, visto que a mesma surge como eixo delimitador e imprescindível à 
qualidade da prestação de serviços da rede socioassistencial. 
2. Para a implementação do SUAS e para se alcançar os objetivos previstos na PNAS/20004, 
é necessário tratar a gestão do trabalho como uma questão estratégica. A qualidade dos 
serviços socioassistenciais disponibilizados à sociedade depende da estruturação do trabalho, 
da qualificação e valorização dos trabalhadores atuantes no SUAS. 
3. Para tanto, é imperioso que a gestão do trabalho no SUAS possua como princípios e 
diretrizes disposições consoantes às encontradas na legislação acima citada. (BRASIL, 2009, 
p.15) 
 
 
 
Conforme a Seção II da NOB-RH/SUAS, a gestão do trabalho surge como 
viabilizador da efetivação da política de Assistência Social no âmbito do SUAS. 
 
 
Saiba Mais 
 A Lei 8.742, de 7 de dezembro de 1993, alterada pela Lei 
12.435, de 06 de julho de 2011, em seu artigo 6º - institui 
entre os objetivos da gestão do Sistema Único da Assistência 
Social (SUAS), implementar a gestão do trabalho e a 
educação permanente da assistência social. 
 [...] Para a implementação do SUAS e para se alcançar os 
objetivos previstos na PNAS/20004, é necessário tratar a 
gestão do trabalho como uma questão estratégica. A 
 
18 
 
qualidade dos serviços socioassistenciais disponibilizados à 
sociedade depende da estruturação do trabalho, da 
qualificação e valorização dos trabalhadores atuantes no 
SUAS. 
Fonte: 
http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_
social/Normativas/NOB-
RH_SUAS_Anotada_Comentada.pdf 
 
 
Nesse aspecto, torna-se necessária a existência de servidores públicos 
responsáveis por sua execução. Conforme os princípios e diretrizes da política 
de Assistência Social, a gestão do SUAS deve estabelecer uma Política Nacional 
de Capacitação (PNC), fundada nos princípios da educação permanente, 
viabilizando a qualificação dos trabalhadores, conselheiros e gestores de forma 
participativa, continuada, sustentável, nacionalizada e descentralizada, com o 
objetivo de aprimorar a prestação dos serviços socioassistenciais. 
 A gestão do trabalho deve garantir que seja evitado a precarização dos 
vínculos dos trabalhadores, o fim da terceirização, integrar e alimentar o sistema 
de informação, realizar planejamento estratégico, garantir a gestão participativa 
com controle social, garantir a educação permanente dos trabalhadores. 
 
2.2 Equipes de referência 
 
 As equipes de referência reforçam a necessidade da existência de 
servidores públicos conforme consta nos princípios da gestão do trabalho como 
forma de viabilizar a estabilidade e permanência desses profissionais na atuação 
dessa política. 
 Caracteriza-se como referência: 
A característica principal dos serviços (e sua diferença em relação aos 
projetos e programas) diz respeito à sua oferta contínua. Ou seja, 
sempre que o cidadão tiver uma necessidade de proteção de 
assistência social haverá um serviço para atendê-lo. Isso produz para 
o cidadão um sentimento de segurança a partir do qual ele pode afirmar 
“se eu precisar, sei que posso contar!” Essa certeza é a primeira ideia 
que devemos fixar quando queremos construir referência. 
A ideia de referência também nos leva a considerar outra dimensão: 
A direção para onde ela sinaliza. Quando usamos a ideia de referência 
como um “norte”, como um “rumo”, estamos de certo modo nos 
referindo ao ponto onde estamos e onde queremos chegar. Por isso, a 
ideia de referência também diz respeito à indicação de um ponto de 
chegada, à satisfação de uma expectativa. Podemos nos apropriar 
desses elementos transportando para a ideia de referência um sentido 
que nos permite aproximar, ou até mesmo satisfazer, necessidades 
 
19 
 
sociais. (…) Em síntese, a natureza da referência construída pelas 
equipes de referência do SUAS é uma só: produzir ao cidadão a 
certeza de que ele encontrará acolhida, convívio e meios para o 
desenvolvimento de sua autonomia. (NOB-RH/SUAS Anotada e 
Comentada, 2011, p. 27 e 28) 
 
 
 Além das equipes de referência há as famílias “referenciadas”, 
caracterizadas como famílias ou indivíduos que se encontram em 
vulnerabilidade social necessitando dessa política, na delimitação do território 
em conformidade com SUAS. Essa referência permite dimensionar na sua 
totalidade a demanda atendida, a partir do que se pode mensurar a quantidade 
necessária de profissionais nos CRAS e CREAS. 
 
Amplie Seus Estudos 
 Aprofunde seus conhecimentos sobre esse assunto através 
da leitura do artigo As Equipes de Referência do SUAS: 
Desafios e Possibilidades na Operacionalização da Política 
de Assistência Social. 
 Disponível no acesso: 
https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/104304 
 
 
2.3 Diretrizes para a Política Nacional de Capacitação 
 A Coordenação e o Financiamento da Política Nacional de Capacitação 
são de responsabilidade dos Governos Federal, Estadual e do Distrito Federal. 
Cabe aos gestores municipais viabilizar e permitir a participação dos técnicos 
para capacitações sem atribuir nenhum gasto financeiro, seja na participação ou 
despesas correspondentes a este, cujo objetivo é tornar os trabalhadores mais 
capacitados, ampliando habilidades técnicas para atuar nas mais diversificadas 
e complexas demandas existentes no âmbito da Assistência Social. Após a 
realização das capacitações, deve ser validado e certificado como forma de 
reconhecimento para possibilitar a promoção funcional da carreira do trabalhador. 
Em relação ás Diretrizes da Política Nacional de Capacitação dos 
trabalhadores no âmbito do SUAS, cabe aos gestores municipais viabilizar e 
permitir a participação ou despesas correspondentes a este, cujo objetivo é 
 
20 
 
tornar os trabalhadores mais capacitados. 
 
2.4 Diretrizes Nacionais para os Planos de Carreira, Cargos e Salários 
(PCCS) 
 Os planos de carreira, cargos e salários (PCCS) revelam a forma que a 
administração pública investe no desenvolvimento profissional dos servidores 
públicos como forma de melhorar a efetividade dos serviços prestados. 
Considerando que a União,Estados, Municípios e do Distrito Federal têm 
autonomia administrativa, cada esfera de governo negocia e aprova os PCCS. 
Conforme explana a NOB/RH-SUAS: 
 
As diretrizes referentes à contratação de profissões reconhecidas, 
assim como aquelas que indicam a elaboração de uma Política 
Nacional de Capacitação, são respostas ao cenário de baixa 
profissionalização e precariedade de vínculos trabalhistas identificados 
nos estudos nacionais Fotografias da Assistência Social no Brasil na 
perspectiva do SUAS (MDS/CNAS/ PUC-SP) e Perfil de informações 
municipais. Assistência Social (IBGE,2005). (NOB/RH – SUAS, 2011 p. 
48) 
 
 Nesse cenário, os PCCS tornam-se um dos agentes viabilizadores para a 
melhoria na qualidade dos serviços prestados para população, considerando que 
o mediador dos serviços prestados é o trabalhador. Dessa forma, os PCCS visam 
a fixação dos profissionais e a construção de referências com as famílias 
atendidas. 
No que tange às Diretrizes Nacionais para os Planos de Carreira, Cargos 
e Salários (PCCs), pode-se afirmar que os PCCs transparecem a forma que a 
administração pública investe no desenvolvimento profissional dos servidores 
públicos como forma de melhorar a efetividade dos serviços prestados. 
 
Importante 
 
A luta pelo PCCS também é a luta pela valorização da 
Assistência Social enquanto Política Pública. 
 
 
21 
 
 
 A continuidade dos serviços do SUAS relaciona-se com o 
estabelecimento de vínculos estáveis entre empregadores e trabalhadores. 
Nessa perspectiva, deve ser garantido ao trabalhador a possibilidade de transitar 
pelas diversas esferas do governo sem comprometer seu desenvolvimento 
profissional e ascensão funcional na carreira e educação permanente. Assim, 
conforme a NOB-RH/SUAS Anotada e Comentada (2001, p.51), “[...] educação 
permanente significa: atendimento às necessidades de formação e qualificação 
sistemática e continuada dos trabalhadores do SUAS.” 
 
2.5 Diretrizes para o Cofinanciamento da Gestão do trabalho 
 A consolidação do SUAS depende também do aumento de recursos 
financeiros destinados aos profissionais do SUAS, para que exerçam um 
trabalho qualificado com conhecimento da realidade, diagnósticos consistentes, 
informações confiáveis para delimitar decisões da gestão pública. 
 
A Resolução nº 32, de 28 de novembro de 2012 (anexo V), estabelece 
percentual dos recursos do SUAS, cofinanciados pelo governo federal, 
que poderão ser gastos no pagamento dos profissionais que 
integrarem as equipes de referência, de acordo com o art. 6º – E da Lei 
nº 8.742/1993, inserido pela Lei 12.435/2011. Essa resolução resolve, 
em seu artigo 1º, que os estados, Distrito Federal e municípios poderão 
utilizar até 60% (sessenta por cento) dos recursos oriundos do Fundo 
Nacional de Assistência Social, destinados a execução das ações 
continuadas de assistência social, no pagamento dos profissionais que 
integrarem as equipes de referência do SUAS, conforme art. 6º – E , 
da Lei 8742/1993. (NOB-RH/SUAS Anotada e Comentada, 2011, p. 59) 
 
 
 Dessa forma o cofinanciamento prevê, como uma das diretrizes, recursos 
próprios especialmente para realização de concursos públicos, visando o 
desenvolvimento, capacitação, qualificação dos profissionais do SUAS e garantir 
as condições de trabalho para remuneração apenas de trabalhadores 
concursados. 
As equipes de referência no âmbito da gestão do trabalho, conforme 
consta nos princípios da gestão do trabalho se refere à oferta continua dos 
serviços socioassistenciais como forma de viabilizar a estabilidade e 
permanência desses profissionais na atuação dessa política, sendo assim 
 
22 
 
reforça a necessidade de existência de servidores públicos, através de 
concursos públicos no âmbito do SUAS. 
 
2.6 Gestão Federal, Estadual e Municipal do SUAS 
 No que se refere à responsabilidade e atribuições do gestor federal, pode-
se atribuir diversos aspectos, sendo os principais aspectos: 
 Destinar recursos financeiros para área, viabilizar realização de 
concursos públicos; 
 Designar setor responsável pela gestão do trabalho com o SUAS; 
 Elaborar um diagnóstico da situação da gestão do trabalho; 
 Estabelecer plano de ingresso dos trabalhadores e a substituição dos 
profissionais terceirizados; 
 Oferecer condições adequadas de trabalho quanto ao espaço físico, 
material de consumo e permanente; 
 Implementar normas e protocolos específicos para garantir qualidade de 
vida e segurança dos trabalhadores do SUAS; 
 Fortalecer e estabelecer mecanismos de desenvolvimento profissional no 
que se refere a planos e carreiras (PCCS). 
 Aos gestores estaduais compete, entre outras atribuições: 
 Prestar apoio técnico e assessoramento aos municípios não habilitados 
para que estes se habilitem para o cumprimento da NOB/SUAS – RH; 
 Oferecer condições adequadas de trabalho quanto ao espaço físico, 
material de consumo e permanente; 
 Elaborar e implementar junto aos Municípios a Política Estadual de 
Capacitação para os trabalhadores, gestores e conselheiros da 
Assistência Social, com base nos princípios da educação permanente. 
 No caso da gestão municipal, são possíveis três níveis de habilitação ao 
SUAS: Inicial, Básica e Plena. 
A Norma Operacional Básica da Assistência Social (NOB/SUAS) 
 
23 
 
determina que as ações de proteção na perspectiva do SUAS e divide-se em: 
 Proteção Social Básica; 
 Proteção Social Especial. 
 
Na Norma Operacional Básica da Assistência Social 
(NOB/SUAS), o princípio da matricialidade sociofamiliar significa 
que a família é o núcleo social básico de acolhida, convívio, 
autonomia, sustentabilidade e protagonismo social. 
 
 A Gestão Inicial se refere a municípios que atendam a requisitos mínimos, 
como a existência e funcionamento de conselho, fundo e planos municipais de 
assistência social, além da execução das ações de Proteção Social Básica com 
recursos próprios. 
 No nível Básico, o município assume a gestão da proteção básica, 
assumindo a gestão parcial das ações de assistência social, mediante 
comprovação da demanda recebe o recurso referente ao piso de proteção social 
básica definindo as prioridades de atendimento. 
No que se refere à Norma Operacional Básica de Recursos Humanos 
(NOB/RH-SUAS), é corretor afirmar que a mesma estabelece e consolida meios 
para gestão do trabalho e educação no âmbito do SUAS. 
A proteção Social Básica tem como objetivo prevenir situações de risco e 
violação de direitos por meio do desenvolvimento de potencialidades, aquisições 
e o fortalecimento de vínculos familiares comunitários, através de oferta de 
programas, projetos, serviços e benefícios. 
É perceptível que houve um grande avanço, no que diz respeito à 
profissionalização da política de assistência social, através da NOB/RH-SUAS, 
a qual objetiva garantir aos usuários do Sistema Único de Assistência Social, 
serviços públicos de qualidade, tendo em vista que quando mais aprimorada a 
gestão do trabalho, melhor será assegurado o direito socioassistencial para o 
usuário. 
 No nível Pleno, ele passa à gestão total de ações socioassistenciais, onde 
o município terá gestão total das ações de assistência social, através dos CRAS 
e CREAS. 
 
24 
 
 Diante desse quadro, os requisitos para gestão básica e plena são: 
 Preencher o CadSUAS; 
 Apresentar Plano para qualificação e estruturação, aprovado pelo CNAS 
(Conselho Nacional de Assistência Social) e pactuado na CIB. 
 
Vocabula rio 
CIB (Comissão Intergestores Bipartite): é o fórum de 
negociação entre o Estado e os Municípios na implantação 
e operacionalização do Sistema Único de Saúde, SUS. 
 
 
 
 
 No que se refere à responsabilidade e às atribuições, cabe aos municípios 
de gestão básica organizar centros de estudos e mobilização regionalizados nas 
unidades de assistência social, considerados como núcleos de discussão técnica 
e de fomento a qualificação dostrabalhadores do SUAS. Compete também 
estabelecer mecanismos para reorganizar cargos e progressão de carreiras do 
trabalhador, no PCCS. 
 Aos municípios de gestão plena cabe, dentre outras atribuições, fortalecer 
mecanismos de desenvolvimento profissional nas carreiras e propiciar e 
viabilizar a participação das instituições de ensino superior, em seu âmbito, 
mediante realização de atividades, pesquisa e extensão. 
 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
 
Leia a cartilha elaborada pelo Ministério 
Público do Rio de Janeiro, que apresenta 
importantes contribuições à prática do 
assistente social no âmbito do SUAS. 
 
Disponível no acesso: 
http://www.mprj.mp.br/documents/112957/14
83675/cartilha_suas_v_logo.pdf 
 
 
 
25 
 
2.6 Organização do Cadastro Nacional de Trabalhadores do SUAS 
(CadSUAS) 
 A base de dados dos trabalhadores do SUAS visa a identificação e 
qualificação dos profissionais de todos os níveis de escolaridade que atuam no 
âmbito do SUAS, sendo assim, torna-se necessária a atualização permanente 
para subsidiar o planejamento do sistema na perspectiva do SUAS. 
 
 Saiba Mais 
O CadSUAS é o sistema de cadastro do SUAS, que 
comporta todas as informações relativas à prefeituras, órgão 
gestor, fundo e conselho municipal e entidades que prestam 
serviços socioassistenciais. 
 
 
 
O CadSUAS contém o cadastro relacionado aos CRAS, CREAS e Unidades de 
Acolhimento, cadastro dos órgãos governamentais e cadastro de trabalhadores 
do SUAS (no âmbito do RH/SUAS). 
 O Bolsa Família é um dos programas a que a população de baixa renda 
pode ter acesso ao se inscrever no Cadastro Único para Programas Sociais do 
Governo Federal. Esse sistema funciona como porta de entrada para vinte 
diferentes políticas públicas. Para se cadastrar, as famílias devem ter renda 
mensal de até meio salário mínimo por pessoa. 
 
2.7 Controle Social da Gestão do Trabalho no SUAS 
 Uma das diretrizes da organização da Assistência Social é a participação 
da população por meio do controle social, que é uma das características da 
democracia, onde a população acompanha, contribui e fiscaliza ações, 
acarretando na melhoria da qualidade dos serviços socioassistenciais prestados 
à população. 
 Conforme determina a NOB/RH-SUAS (2011, p.88), “a participação 
 
26 
 
popular no SUAS tem sido viabilizada pela criação de comissões locais, 
conselhos, fóruns, mesas, comissões, entre outros mecanismos de 
manifestação das reivindicações e opiniões dos usuários.” 
 O controle social requer que seus conselheiros tenham acesso aos 
relatórios para que ocorra o acompanhamento da população, com resguardo do 
sigilo profissional em determinadas situações conforme rege os Conselhos que 
fiscalizam algumas das profissões atuantes na assistência social. 
 
Os Conselhos de Assistência Social devem acolher deliberar e 
encaminhar resultados de apuração de denúncias dos usuários do 
SUAS, quanto à baixa resolutividade de serviços, maus-tratos aos 
usuários e negligência gerada por atos próprios dos trabalhadores, 
gestores e prestadores de serviços socioassistenciais, estimulando a 
criação de Ouvidorias. (NOB-RH/SUAS Anotada e Comentada, 2011, 
p. 90) 
 
 Nessa perspectiva, o controle social é de suma importância para 
aprimorar e viabilizar o acesso aos serviços de qualidade no âmbito do SUAS, 
pois a população torna-se agente contribuidor e fiscalizador das ações 
socioassistenciais mediadas pelos trabalhadores do SUAS. 
 
Resumo da aula 2 
 Considerando o cenário histórico que marca a precarização das 
condições de trabalho no âmbito da política pública de Assistência Social, nesta 
aula abordou-se a gestão do trabalho no âmbito do SUAS através da NOB/RH-
SUAS e seus principais eixos, que são: princípios e diretrizes nacionais da 
gestão do trabalho no SUAS, equipe de referência, política nacional de 
capacitação dos trabalhadores do SUAS, planos de carreira cargos e salários 
(PCCS), financiamento da gestão do trabalho, responsabilidade e atribuições 
dos gestores federais, estaduais e municipais no âmbito do SUAS, CadSUAS e 
por fim o controle social nas práticas do SUAS. Todos esses eixos trouxeram 
novas perspectivas para aprimorar a qualidade da oferta dos serviços 
socioassistenciais, pois viabiliza melhores condições de trabalho para o agente 
mediador dessa política. 
Viu-se também que, para a efetivação das ações de proteção no âmbito do 
SUAS, é necessário permanente investimento, reconhecimento e valorização 
 
27 
 
dos trabalhadores do SUAS, pois quanto mais aprimorada a gestão, melhor será 
assegurado o direito socioassistencial para o usuário. 
 
Aula 3 – Princípios Éticos que Direcionam as Ações dos Assistentes 
Sociais e Trabalhadores do SUAS 
Apresentação da aula 3 
 Nesta aula serão estudados os princípios éticos que direcionam a ação 
dos trabalhadores da Assistência Social, especialmente dos assistentes sociais, 
com base no Código de Ética Profissional. 
 
3. Princípios Éticos que Direcionam as Ações dos Assistentes Sociais e 
Trabalhadores do SUAS 
3.1 A Ética 
 Para pensar em ética, é preciso analisar o contexto histórico, desde a 
Grécia antiga, quando todos os filósofos se preocuparam em detectar problemas 
relativos ao comportamento humano, desde então temos a ética ligada com 
valores relacionados ao agir humano, todas as questões que envolvem a 
reflexão e a prática do agir humano, as consequências do agir, são do conteúdo 
da ética em geral, sendo assim uma preocupação desde a Grécia antiga. 
 A ética de forma original remete ao que o homem constrói e realiza em si 
próprio como uma morada de costumes princípios e ao que é do ser humano e 
humanizado. Tem os costumes e princípios vinculados a dignidade humana, com 
bases filosóficas na razão, onde o homem tem como referência o próprio homem 
conforme seu agir, visando compreender o homem na sua essência. 
 A ética está presente na vida do ser humano em todos os aspectos e 
permeia todas as profissões, torna-se necessária uma reflexão ampla e um 
entendimento claro nas ações realizadas pelos trabalhadores da assistência 
social. 
 Nessa perspectiva, a ética nas ações dos trabalhadores do SUAS possui 
caráter necessário para efetivação de direitos e prestação dos serviços 
socioassistenciais de qualidade, acima de tudo, deve-se considerar que uma 
postura que não seja ética pode interferir decisivamente na vida dos usuários, 
 
28 
 
podendo assim gerar revitimização, dentre outras situações. No que se refere ao 
assistente social, os princípios éticos que orientam sua atuação profissional tem 
como perspectiva central articular a ação profissional aos processos de 
construção de alternativas políticas que conduzam a uma outra ordem social. 
 A palavra "ética" vem do grego ethos e significa aquilo que pertence ao 
"bom costume", "costume superior", ou "portador de caráter". Princípios 
universais. 
 Pode-se dizer de forma simples que a ética se baseia em comportamentos, 
valores e no bem que você faz para as pessoas, tanto na vida pessoal, como na 
vida profissional e dentro de uma organização. 
 A ética deve ser tratada de forma subjetiva visto que sua aplicação 
depende da vontade do ser humano. A questão central da ética é de como se 
deve agir perante os outros, fundamentar o agir e pensar nas consequências. 
 A Ética engloba dilemas cotidianos, como: 
 Devo sempre falar a verdade ou existem ocasiões que posso mentir? 
 Existe alguma ocasião em que seria correto atravessar o sinal vermelho? 
 Até que ponto furtar um medicamento para salvar a vida de um filho pode 
ser considerado errado? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://cfessorg.br/visualizadornoticia/cod922 
 
http://slideplayer.com.br/slide46592/
http://slideplayer.com.br/slide46592/
http://slideplayer.com.br/slide46592/
http://slideplayer.com.br/slide46592/
 
29 
 
 Considerando que a ética deve ser tratadana perspectiva de tempo e 
espaço, ou seja, o que é ético na sociedade brasileira pode não ser ético em 
outra sociedade, isso depende do modo de vida, modo de organização de cada 
um, onde remete a cultura da sociedade. Nesse sentido, basicamente, a questão 
da ética no ponto de vista marxista é o que separa o homem do animal. 
 Vale ressaltar que a ética permeia todas as profissões, apesar do 
assistente social ser o profissional de referência dessa política pública, outros 
profissionais também atuam nessa área, sendo eles em destaque psicólogos e 
advogados (conforme exigência da NOB-RH/SUAS), cientistas sociais, 
sociólogo, pedagogos e técnicos do ensino médio. 
 Sob o ponto de vista social, cabe ao assistente social conforme sugere o 
código ética profissional que regulamenta a profissão, atuar na perspectiva da 
defesa dos direitos humanos e a representação que esse profissional deve ter 
no sentido de não ter nenhum tipo de preconceito, discriminação com qualquer 
pessoa no que se refere a religião, etnia, orientação sexual, dentre outros, no 
exercício profissional, visto que a diferença é que faz a sociedade avançar. O 
entendimento quanto a ética profissional é necessária para que transpareçam 
nas ações dos trabalhadores da Assistência Social. 
Ética profissional, no exercício da prática do assistente social, baseia-se 
em sua vinculação com projetos societários, tendo por eixo a defesa e 
universalização dos direitos sociais e de mecanismos democráticos de regulação 
social. 
 
3.2 A Ética no contexto sócio-histórico no Serviço Social 
 No âmbito do Serviço Social, ações éticas materializam o Projeto Ético-
Político Profissional construído há trinta anos para dar sustentação legal ao 
exercício profissional dos assistentes sociais, porém não se limitam a essa 
direção, visto que fortalecem e respaldam as ações profissionais na direção da 
defesa dos interesses da classe trabalhadora e que se articula na construção de 
uma sociedade igualitária. 
 Do ponto de vista social, considerando que nas últimas décadas 
ocorreram no Brasil um grande processo de renovação no que se refere aos 
avanços das políticas sociais, exigindo assim um desenvolvimento teórico e 
prático dos profissionais da área de assistência social. O avanço desse processo 
 
30 
 
de conquistas consolidou a profissão do Assistente social, concretizando em 
conquistas teóricas e práticas, onde os profissionais redirecionaram a profissão, 
negaram a base filosófica tradicional conservadora vinculada a religião e 
afirmaram um novo perfil do técnico, a não mais um profissional subalterno e 
apenas executivo, mas a um profissional competente teórica, técnica e 
politicamente. 
 A partir da reformulação do código de ética profissional, em 1993, o 
assistente social vincula-se a um projeto social radicalmente democrático, 
redimensionando o Serviço Social na vida brasileira com compromisso aos 
interesses históricos da massa da população trabalhadora. Ao Assistente social 
cabe além de entender a ética no contexto histórico, deve entender também as 
questões em torno das relações sociais e as reproduções sociais que essas 
relações sociais provocam dentro do modo de produção capitalista. É importante 
refletir quanto à ética sobre a moral e costumes na sociedade, de que forma se 
faz positivamente ou negativamente e até que ponto os valores da sociedade 
podem “contaminar” suas práticas profissionais, onde deve pensar 
contextualizadamente sobre essas questões, visto que exige um conhecimento 
teórico-metodológico,ético-político e além disso observar as constantes 
mudanças da sociedade, para isso o profissional de Serviço Social deve sempre 
ter como base o código de ética profissional. 
O código de ética dos Assistentes Sociais, de 1993, é: a expressão do 
projeto ético-político da categoria profissional. 
 Conforme levantamento do Censo SUAS, os Assistentes Sociais são os 
profissionais que predominam nas ações socioassistenciais dos CRAS, 
conforme mostra o gráfico abaixo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
 
 
Formação Profissional dos Trabalhadores do CRAS (Brasil, 2012 a 2014) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: BRASIL, 2015, p.113. 
 
 
 Percebe-se que a maior parte dos profissionais de nível superior atuantes 
nas Unidades de Acolhimento são assistentes sociais. Entre as demais 
formações especificadas, seguem-se os profissionais da área da saúde, os 
psicólogos e os pedagogos. 
 No gráfico a seguir, constata-se que a categoria profissional mais 
presente nos CREAS também é o Serviço Social. Em segundo lugar vêm os 
psicólogos e após os profissionais de nível médio. 
 
 
 
 
 
 
32 
 
 
Formação Profissional dos Trabalhadores do CREAS (Brasil, 2011 a 2014) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: BRASIL, 2015, p.117 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
Leia na íntegra os resultados obtidos no Censo 
SUAS 2014. 
Disponível no acesso: 
http://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/ferrament
as/docs/Censo%20SUAS%202014_Versao_atu
alizada.pdf 
 
 
Conforme MDS, Censo SUAS de 2014, a maior parte da força de trabalho 
atuante nos CRAS dentre as formações categorizadas, concentra-se nos 
 
33 
 
profissionais de Nível Médio. 
 
3.3 Rumos ético-políticos do trabalho profissional do Assistente Social 
 A década de 80 foi um marco para definição dos rumos técnicos 
acadêmicos e políticos do Serviço Social, com criação do projeto profissional que 
norteia Assistentes Sociais de todo país, sendo o código de ética de 1993 do 
Assistente social o a expressão desse projeto ético-político da categoria 
profissional, fruto de um grande movimento da sociedade desde a crise da 
Ditadura, afirmando a luta da democratização da sociedade brasileira, foi no 
contexto da das pressões populares que contribuiriam para o afastamento do 
Presidente Collor entre outras manifestações que a categoria dos assistentes 
sociais foi questionada pela prática política, a partir daí, o Serviço Social deu um 
salto de qualidade em sua qualificação, no qual ocorreu a revisão do código de 
ética profissional, que tem o reconhecimento da liberdade como valor ético 
central e das demandas políticas a ela inerentes: autonomia, emancipação e 
plena expansão dos indivíduos sociais. 
 Atualmente, o assistente social tem como um dos tantos desafios, 
redescobrir e reinventar alternativas e possibilidades para o trabalho em um 
cenário atual. Nesse sentido, o desafio do assistente social é materialização dos 
princípios éticos no cotidiano. A defesa intransigente de direitos humanos, 
entender a questão social e suas múltiplas expressões, decifrar a realidade, 
forma de vida, organização dos sujeitos e da coletividade do qual o assistente 
social trabalha. Conforme rege os princípios do código de ética profissional: 
 
I. Reconhecimento da liberdade como valor ético central e das 
demandas políticas a ela inerentes - autonomia, emancipação e plena 
expansão dos indivíduos sociais; 
II. Defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do 
autoritarismo; 
III. Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa 
primordial de toda sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis 
sociais e políticos das classes trabalhadoras; 
IV. Defesa do aprofundamento da democracia, enquanto socialização 
da participação política e da riqueza socialmente produzida; 
V. Posicionamento em favor da equidade e justiça social, que assegure 
universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas 
e políticas sociais, bem como sua gestão democrática; 
VI. Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, 
incentivando o respeito à diversidade, à participação de grupos 
socialmente discriminados e à discussão das diferenças; 
VII. Garantia do pluralismo, através do respeito às correntes 
 
34 
 
profissionais democráticas existentes e suas expressões teóricas, e 
compromissocom o constante aprimoramento intelectual; 
VIII. Opção por um projeto profissional vinculado ao processo de 
construção de uma nova ordem societária, sem dominação, exploração 
de classe, etnia e gênero; 
IX. Articulação com os movimentos de outras categorias profissionais 
que partilhem dos princípios deste Código e com a luta geral dos/as 
trabalhadores/as; 
X. Compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população 
e com o aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência 
profissional; 
XI. Exercício do Serviço Social sem ser discriminado/a, nem discriminar, 
por questões de inserção de classe social, gênero, etnia, religião, 
nacionalidade, orientação sexual, identidade de gênero, idade e 
condição física. (BRASIL, 2012, p. 22- 24) 
 
 
 Nessa perspectiva, cabe ao assistente social articular a ação profissional 
aos processos de construção de alternativas políticas que conduzam a outra 
ordem social. 
 Pode-se dizer que os assistentes sociais, apesar das inúmeras 
dificuldades como baixo salário e pouco reconhecimento, têm ousado se manter 
firme na luta, nas resistências a obstáculos, porque aposta em uma sociedade 
mais justa e igualitária. 
 
3.4 O Código de Ética do Servidor Público 
 Criado em 1994, aprovado pelo decreto nº1.171, de 22 de junho de 1994, 
o Código de Ética do Servidor público do Brasil funciona como manual de 
conduta para os servidores públicos federais do Brasil. Teve origem na 
Constituição Federal, tendo como objetivo servir de como manual de conduta 
para os servidores públicos federais do Brasil. no caput e no parágrafo quarto do 
artigo 37. Esse código de ética teve origem no governo Itamar Franco. A saída 
do presidente Collor em 1992 criou na sociedade uma cobrança por mecanismos 
eficientes de combate a corrupção, visto que foi um período de crises 
institucionais, marcadas por mudanças no papel do Estado, e em consequência 
uma demanda por normas que orientassem a conduta dos agentes do Estado. 
Tendo em vista que as atividades do servidor público afeta todo o país, tornou-
se necessário normas que determinam valores éticos nas ações profissionais. 
 
 
 
35 
 
3.4.1 Regras deontológicas 
 Deontologia é conhecida como “teoria do dever”. É um tratado dos 
deveres e da moral, norteador ações éticas. 
Conforme consta no primeiro item do capítulo no que se refere a regras 
deontológicas do código de ética. 
 A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios 
morais são primados maiores que devem nortear o servidor público, seja no 
exercício do cargo ou função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação 
do próprio poder estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes serão 
direcionados para a preservação da honra e da tradição dos serviços públicos. 
 
3.4.2 Deveres do Servidor Público 
 No que se refere aos deveres do servidor público, a regra é clara quanto 
a forma de atuação profissional, conforme segue abaixo alguns itens relevantes 
ao tema tratado: 
 Ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integridade do seu 
caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante de duas opções, a 
melhor e a mais vantajosa para o bem comum; 
 Tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aperfeiçoando o 
processo de comunicação e contato com o público; 
 Ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios éticos que se 
materializam na adequada prestação dos serviços públicos. 
 
3.4.3 Vedação do Servidor Público 
 Quanto às vedações, cabe destacar: 
 É vedado o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, posição 
e influências, para obter qualquer favorecimento, para si ou para outrem; 
 É vedado permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos, 
paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o público, com 
os jurisdicionados administrativos ou com colegas hierarquicamente superiores 
ou inferiores; 
 É vedado fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito interno 
de seu serviço, em benefício próprio, de parentes, de amigos ou de terceiros. 
 
36 
 
 Vale ressaltar que qualquer conduta inapropriada do agente público que 
viole o código de ética implicará à comissão de ética iniciar processo 
administrativo para apuração e posteriormente proceder conforme a avaliação, 
podendo o servidor público perder o cargo dentre outras punições. 
O Código de Ética indica um horizonte para o exercício profissional, um 
rumo ético-político. O desafio está em materializar os princípios éticos na 
cotidianidade do trabalho profissional nas instituições. 
 
 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
Leia o Código de Ética comentado: É a primeira 
obra destinada a comentar o código de ética 
em vigor, de 1993, na sua totalidade. As 
autoras comentam o código em seus 
fundamentos sócio-históricos, analisando 
também as possibilidades de sua 
materialização no contexto social. 
 
Em 1994 o Código de Ética do Servidor público do Brasil funciona como 
manual de conduta para os servidores públicos federais do Brasil. 
 Tendo em vista que as atividades do servidor público afeta todo o país, 
tornou-se necessário normas que determinam valores éticos nas ações 
profissionais, com o objetivo de melhorar os serviços prestados e viabilizar o 
acesso aos direitos sociais. 
Em relação ao trabalho na lógica de atividade que se inscreve na esfera 
da produção e reprodução da vida material, conforme pensamentos de Marx e 
Engels, o primeiro pressuposto de toda existência humana e, portanto, de toda 
a história, é que os homens devem estar em condições de viver para poder fazer 
história. 
 
Resumo da aula 3 
 A ética basicamente se resume na reflexão do agir humano, reflexão da 
moral, vinculada à dignidade humana. A ética deve ser tratada de forma subjetiva 
 
37 
 
visto que sua aplicação depende da vontade do ser humano. A questão central 
da ética é de como se deve agir perante os outros, fundamentar o agir e pensar 
nas consequências. 
 A ética deve ser tratada na perspectiva de tempo e espaço, ou seja, o que 
é ético na nossa sociedade, pode não ser ético em outra sociedade, isso 
depende do modo de vida, modo de organização de cada um, em que remete a 
cultura da sociedade. 
 Do ponto de vista social, considerando que nas últimas décadas 
ocorreram no Brasil um grande processo de renovação no que se refere a 
avanços das políticas sociais, exigindo assim um desenvolvimento teórico e 
prático dos profissionais da área de assistência social. O avanço desse processo 
de conquistas consolidou a profissão do Assistente social, concretizando em 
conquistas teóricas e práticas, nos quais os profissionais redirecionaram a 
profissão, negaram a base filosófica tradicional conservadora vinculada a religião 
e afirmaram um novo perfil do técnico, a não mais um profissional subalterno e 
apenas executivo, mas a um profissional competente teórica, técnica e 
politicamente. 
 Atualmente, o assistente social tem como um dos tantos desafios, 
redescobrir e reinventar alternativas e possibilidades para o trabalho em um 
cenário atual. 
 Nessa perspectiva, cabe ao Assistente social e profissionais da política de 
assistência social, o desafio de decifrar a realidade composta pela subjetividade 
do sujeito e além disso acompanhar as constantes mudanças. 
 
 
Aula 4 – Debate sobre as Condições para a Efetivação da NOB-RH/SUAS 
Apresentação da aula 4 
 Nesta aula analisaremos desafios e condições para efetivação da NOB-
RS/SUAS, considerando o contexto atual, suas contradições e desafios 
decorrentes do processo histórico da construção da assistência social enquanto 
política pública. 
 
4. Debate sobre as Condições para a Efetivação da NOB-RH/SUAS 
4.1 Os desafios do trabalho técnico nas ações socioassistenciais 
 
38 
 
 A NOB-RH/SUAS foi aprovada em 2006, através da resolução nº269 do 
Conselho Nacional de Assistência Social, em conformidade com a PNAScom 
objetivo de consolidar melhores condições para os trabalhadores da assistência 
social, visto que são agentes mediadores dos serviços do SUAS. A NOB-
RH/SUAS foi um grande avanço, considerando que não houve anteriormente um 
olhar sobre a melhoria das condições de trabalho no âmbito da Assistência social, 
em que no processo doloroso da construção da assistência social foi marcada 
pela ausência de profissionalização. 
http:/www.codesa.gog. 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://edesp.sp.gov.br/edesp2014/wp-content/uploads/2014/07/dest_tipifica2.jpg 
 
 Os trabalhadores são os operacionalizadores dessa política pública e têm 
um papel determinante para sua efetividade. Dessa forma é necessário, além de 
gerir equipes, que por sua vez estão quase sempre insuficientes, dar condições 
necessárias para compor o quadro de funcionário, com pessoas qualificadas, 
com condições materiais para qualificar os serviços, infraestrutura, viabilizando 
o acesso do usuário aos direitos socioassistenciais. Nesse sentido, a 
organização eficaz para gestão do trabalho do SUAS possui um papel complexo 
e muito importante. Assim, o reconhecimento da Assistência Social como política 
pública de caráter não contributivo e de responsabilidade do Estado foi uma 
grande conquista em sua forma de organização, dividida em proteção social 
especial e proteção social básica. 
 O SUAS pressupõe a participação do Estado na condução das unidades 
para executar ações como os CRAS e os CREAS, o que pode ser considerado 
um grande avanço tendo em vista o contexto histórico de um Estado mínimo nas 
políticas públicas de direito. 
 
 
39 
 
É um grande desafio trabalhar recursos humanos em um contexto em 
que o Estado foi reformado na perspectiva do seu encolhimento, da 
sua desresponsabilização social. O enxugamento realizado na 
máquina Estatal precarizou seus recursos humanos, financeiros, 
físicos e materiais, fragilizando a política. [...] Como consequência da 
concepção de Estado mínimo e de política pública restrita de direitos, 
deu-se a precarização do trabalho e a falta de quadros técnicos, 
criando enorme defasagem de profissionais qualificados, com um 
enorme contingente de pessoal na condição de prestadores de 
serviços, sem estabilidade de emprego, sem direitos trabalhistas e sem 
possibilidade de continuidade das atividades. Essa é uma realidade 
geral, encontrada tento no nível nacional, estadual e municipal. 
(BRASIL, 2004, p.9) 
 
 Deve-se considerar que a assistência social percorreu um longo e difícil 
percurso até se constituir como política pública e ainda apresenta desafios para 
que seja efetivamente reconhecida, pois estava vinculada a ações de 
benemerência e auxílio ao menos favorecidos, com estigma de favor e ajuda, 
como ainda se faz nos tempos atuais o que dificulta e compromete a efetividade 
de sua ação e o reconhecimento do trabalho profissional para concretizá-la. 
Como descreve Ortolani (2011): 
 
[...] a assistência social traz em sua biografia uma institucionalidade 
residual e fragmentada, tanto no ponto de vista orçamentário, quanto 
político, teórico técnico, assim como a desprofissionalização de seus 
trabalhadores. Trata-se de uma engrenagem que se retroalimenta, 
criando e fortalecendo desvios e empecilhos para sua efetivação 
enquanto política social. Tal como mecanismo demarcou 
historicamente, a conjunção entre o senso comum, o imediatismo e a 
circunstancialidade, enquanto núcleo fomentador da prática 
profissional. (ORTOLANI, 2011) 
 
 O tratamento da questão social como incapacidade do indivíduo, tira a 
responsabilidade do Estado, apresenta a situação de pobreza deslocada do 
contexto histórico-social, coloca a assistência social em um patamar de caridade 
no qual não necessitaria de uma qualificação específica e técnica. 
 Apesar dos avanços com a aprovação da NOB-RH/SUAS, é possível 
identificar que existem muitos desafios no sentido da baixa qualificação e 
precariedade nos serviços socioassistenciais. 
 Nessa perspectiva entende-se que, mesmo após a assistência social ser 
considerada política social de seguridade social, ainda existe a visão equivocada 
das ações socioassistenciais estarem relacionadas à caridade, esmola, estigma 
de favor a pessoas que por muitas vezes são julgadas como responsáveis pela 
própria pobreza, deslocando-as do contexto sócio-histórico da expressão da 
 
40 
 
questão social, gerando a crença de que trabalhadores que medeiam essas 
ações não necessitam de qualificação e/ou especialização. 
 Os trabalhadores do SUAS devem entender a questão social e suas 
múltiplas expressões para que não tenham uma visão distorcida (considerando 
a grande influência de outros meios). Além disso, não podem perder de vista a 
“porta de saída” dos centros de referência, através da promoção da autonomia 
e do protagonismo, tornando-os sujeitos donos da sua própria história. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://www.palmas.to.gov.br/media/album/1500552/bc915d8ffc68d735a47533be96e839c1.jpg 
 
4.2 Novas configurações do trabalho e suas repercussões na política de 
Assistência Social 
 Para entender as transformações que vem ocorrendo na esfera do 
trabalho, é necessário considerar em primeiro lugar que as crises estão ligadas 
ao sistema capitalista, na medida que atendem à necessidade de constante 
renovação em seu padrão de acumulação e que, consequentemente repercutem 
no mundo do trabalho. 
 A partir da década de 1970 ocorreu a crise estrutural do capital, afetando 
o mundo do trabalho. De acordo com Antunes (2007): 
 
 
41 
 
 
 
Como resposta à sua própria crise, inciou-se um processo de 
reorganização do capital e de seu sistema ideológico e político de 
dominação, cujos contornos mais evidentes foram advindos do 
neoliberalismo, com a privatização do Estado, a desregulamentação 
dos direitos do trabalho e a desmontagem do setor público estatal, da 
qual a era Thartcher-Reagan foi expressão mais forte; a isso se seguiu 
também um intenso processo de reconstrução da produção e do 
trabalho, com vistas a dotar o capital do instrumental necessário para 
tentar repor os patamares de expansão anteriores. (ANTUNES, 2007, 
p.33) 
 
 Nessa perspectiva se iniciam as mudanças no padrão de acumulação, 
visando mais dinamismo ao processo de produção. 
 De acordo com Dal Rosso (2008), no sistema toyotista a produção segue 
o ritmo do mercado, adequando-se ao consumo, ou seja, em linhas gerais, 
ocorre melhor aproveitamento dos recursos financeiros, materiais e humanos 
para intensificar a produção, sem gerar desperdícios de investimento e, 
consequentemente, intensificando os lucros. Outra característica desse sistema 
é a substituição do trabalhador especializado pelo trabalhador polivalente, que 
pode se adequar a vários tipos de trabalho, além da manutenção de um 
contingente mínimo de trabalhadores. 
 Ou seja, além do sistema elaborar estratégias para aproveitar melhor 
recursos financeiros, materiais e humanos no ritmo do consumismo exacerbado, 
ele ainda exige profissionais que se submetam a várias e qualquer tipo de função, 
onde o trabalhador com passar do tempo interiorizou essa cultura de que deve 
realizar várias funções tendo em vista um “alto rendimento”. 
 Diante disso, no que se refere às implicações dessas transformações 
acima citadas para o mundo do trabalho, Antunes (2013) afirma que: 
 
Algumas das repercussões dessas mutações no processo produtivo 
têm resultados imediatos no mundo do trabalho: desregulamentação 
enorme dos direitos do trabalho, que são eliminados cotidianamente 
em quase todas as partes do mundo onde há produção industrial e de 
serviços, aumento da fragmentação no interior da classe trabalhadora; 
precarização e terceirização da força humana que trabalha; destruição 
do sindicalismo de classe e sua conversão num sindicalismo dócil, de 
parceria (partnership), ou mesmo ou “sindicalismo de empresa. 
(ANTUNES, 2013,p.22) 
 
42 
 
 
 
 Deve-se considerar uma das principais consequências é o aumento da 
produção com ampliação da intensidade sem aumentar as horas trabalhadas, a 
precarização do estatuto assalariado, o aumento nos níveis de desemprego, o 
rebaixamento dos salários, a precarização dos vínculos de trabalho com o 
aumento do número de contratações temporárias e terceirizadas, que 
consequentemente compromete os vínculos trabalhistas (Dal Rosso, 2008). 
 Vale ressaltar que a exploração da força de trabalho vem ocorrendo 
também na política de assistência social, pois o número de trabalhadores que 
atuam nessa política vem crescendo, assim como a precarização dos vínculos 
do trabalho, conforme se percebe na imagem a seguir. 
 
Percentual de trabalhadores nas Secretarias Municipais de Assistência Social 
conforme o tipo de vínculo (Brasil, 2010 a 2014) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: Brasil (2015, p.106) 
 
 Analisando o tipo de vínculo dos trabalhadores nas Secretarias Municipais 
de Assistência Social, percebemos que a maior parte dos trabalhadores se 
enquadra na categoria Outros vínculos, sendo eles; consultores, servidores 
 
43 
 
cedidos, terceirizados, estagiários, etc. 
 Quando se refere à classe trabalhadora, não se pode perder de vista que 
os profissionais que atuam no âmbito da Assistência Social estão inclusos nessa 
categoria, visto que vendem sua força de trabalho por um salário. 
 
4.3 Gestão do trabalho e qualidade dos serviços 
 A NOB/RH-SUAS afirma a importância da qualidade nos serviços 
socioassistenciais prestados pelos trabalhadores. Dessa forma deve-se 
reconhecer o caráter inovador do SUAS, visto que a qualidade dos serviços 
prestados só se torna possível à medida que o trabalhador é reconhecido e 
valorizado. 
 Além do reconhecimento do trabalhador, existem outros fatores que 
viabilizam a qualidade nos serviços prestados, como o financiamento, o controle 
social e a descentralização. Ao lado desses eixos, a política de recursos 
humanos constitui-se em um dos eixos estruturantes do SUAS, configurando-se 
como a base organizacional do seu processo de gestão. Porém sua efetivação 
representa um desafio, devido à precarização do trabalho e dos recursos 
materiais e financeiros que vem contribuindo para a fragilização da área. A NOB-
RH/SUAS também tem a função de romper com o estigma do favor e ajuda, 
marcado historicamente por ações voluntarias que não exigiam conhecimento 
técnico e formação profissional. Nesse sentido, a capacitação profissional, 
trabalhadores qualificados contribuem para elevar o reconhecimento da 
assistência social como política de direitos que exige conhecimento para sua 
realização. Nesse contexto, a efetividade do SUAS depende em grande parte da 
qualidade de sua mão de obra para estruturação do trabalho, conforme aponta 
Sposati (2006): 
Recursos humanos na gestão da assistência social é matéria-prima e 
processo de trabalho fundamental. A assistência social não opera por 
tecnologias substitutivas do trabalho humano. (…) O diagnóstico das 
gestões municipais e estaduais mostra, a sobejo, a defasagem 
tecnopolítica da força de trabalho da assistência social, conhecida 
como “álbum de fotografias”, que analisa o modo de gestão da 
assistência social no país. Além de pouca em quantidade, e frágil, em 
qualidade, essa força está desgastada pelo tempo e pelo ausente 
processo de requalificação. (SPOSATI, 2006, p.104) 
 
 A NOB-RH/SUAS também tem a função de romper com o estigma do 
 
44 
 
favor e ajuda, marcado historicamente por ações voluntárias que não exigiam 
conhecimento técnico e formação profissional. Nessa perspectiva, a capacitação 
profissional contribui para elevar o reconhecimento da assistência social como 
política de direitos que exige conhecimento para sua realização. 
 Embora a PEC 37, no inciso II da Constituição Federal, determine que a 
investidura em cargo de emprego público depende da prévia aprovação em 
concurso público, muitos municípios contratam trabalhadores através de outras 
formas como por terceirização através de ONGS (Organização Não 
Governamental) ou Organização da Sociedade Civil de interesse Público 
(OSCIPS), contratação temporária com prazo determinado, cargos de comissão, 
recibo de pagamento de autônomo (RPA). Esses profissionais geralmente 
continuam em busca de outras oportunidades que proporcionem maior 
segurança através de vínculos empregatícios estáveis, além de os próprios 
empregadores evitarem a permanência longa dos contratados por esta via, para 
que não se estabeleça o vínculo empregatício. 
 Embora a fragilização dos vínculos trabalhistas seja um fator que contribui 
para a descontinuidade dos serviços, outras variáveis também concorrem para 
isto. Aponta-se, como exemplo, a transferência de servidores entre os diversos 
projetos existentes no município, demonstrando que mesmo quando o 
trabalhador adquire estabilidade através do ingresso em concurso público, não 
há garantia de continuidade das ações, o profissional acaba ficando vulnerável 
às determinações institucionais. 
 Porém é necessário salientar que até entre profissionais concursados 
pode ocorrer rotatividade devido a baixos salários. Outro fator a ser considerado 
é a presença de trabalhadores muito jovens sem experiência na atuação política 
de assistência social e com conhecimentos ainda iniciais do SUAS, exigindo 
assim estratégias de valorização e fixação do trabalho e dos trabalhadores do 
SUAS, através da política de capacitação continuada. 
 O tratamento da questão social como incapacidade do indivíduo tira a 
responsabilidade do Estado, apresenta a situação de pobreza deslocada do 
contexto histórico-social, coloca a assistência social em um patamar de caridade 
no qual não necessitaria de uma qualificação específica e técnica. 
 
 
45 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte:http://pibsantos2.hospedagemdesites.ws/wpcontent/uploads/2015/01/acao_ 
soci01.jpg 
 
 
Ví deo 
Compreenda qual a função dos assistentes social nos CRAS. 
Assista a palestra da assistente social Francine Helfreich, no 
evento O Trabalho do Assistente Social no SUAS, promovido 
pelo CFESS e pelo CRESS-Rj, no ano de 2009. 
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=-M2hj8FhoIg 
 
 O grande desafio dos trabalhadores da assistência social é 
materialização dos princípios éticos no cotidiano, o que inclui a defesa integral 
dos direitos humanos, a compreensão da questão social e suas múltiplas 
expressões e o entendimento contextualizado da realidade, da forma de vida, 
da organização dos sujeitos e da coletividade na qual o profissional trabalha. 
 
Resumo da aula 4 
Nesta aula, viu-se que a NOB-RH/SUAS foi um grande avanço, levando 
ao reconhecimento da Assistência Social como política pública de caráter não 
contributivo e de responsabilidade do Estado, tendo percorrido um longo e difícil 
percurso até se constituir como política pública. Porém ainda há desafios para 
que seja efetivamente reconhecida, pois por muito tempo esteve vinculada a 
ações de benemerência e auxílio ao menos favorecidos, com estigma de favor e 
ajuda, como ainda se faz nos tempos atuais o que dificulta e compromete a 
efetividade de sua ação e reconhecimento do trabalho profissional para 
 
46 
 
concretizá-la (Flavia Bortoleto, 2011, P.43). 
 Quanto à Gestão do trabalho e qualidade dos serviços, estudou-se que a 
qualidade dos serviços prestados só torna-se possível quando o trabalhador é 
reconhecido e valorizado. Viu-se que A NOB-RH/SUAS tem a função de romper 
com o estigma do favor e ajuda, marcado historicamente por ações voluntárias 
que não exigiam conhecimento técnico e formação profissional. Nessa 
perspectiva, a capacitação profissional é a saída para o reconhecimento da 
assistência social como política de direitos que exige conhecimento e 
competência profissional para sua realização.47 
 
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negação do trabalho. Série Trabalho e Sociedade. Coimbra: Edições Almedina, 
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VITALE, F.E.T.; BAPTISTA, M.A.F.; VERAS, M. (orgs). Famílias de crianças e 
adolescentes abrigados: quem são, como vivem, o que pensam, o que 
desejam. São Paulo: Paulus, 2008. 
http://osocialemquestao.ser.puc-rio.br/media/OSQ_30_Quinonero_3.pdf
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