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Rosa Torre González

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Rosa Torre González (30 de agosto de 1890 – 13 fevereiro de 1973) foi uma professora, vereadora e feminista mexicana. Foi a primeira mulher no México a ocupar cargo por eleição popular, em um período em que as mulheres ainda não tinham direito de voto. Foi uma das pioneiras do feminismo no país, e dedicou sua vida ao ensino e a organização de grupos feministas que buscavam a igualdade de gênero.
Biografia
Rosa Torre González nasceu em 30 de agosto de 1890, no bairro de Santa Ana, em Mérida, no estado de Iucatã. Estudou no Instituto Literario para niñas de Mérida e foi aluna da inovadora professora Rita Cetina Gutiérrez[1]. Rita se recusava a instruir as meninas apenas em habilidades domésticas, ensinando também a teoria feminista e um currículo que incluía astronomia, direito constitucional, geometria, geografia, história e matemática. Rosa se torna professora, e mais tarde se torna diretora da escola.
Em 1910, com a idade de 20 anos, ele colaborou com o movimento revolucionário liderado por Francisco I. Madero em atividades de propaganda. Após o assassinato de Madero, Torre se envolveu em espionagem contra o líder do golpe Victoriano Huerta em 1913. Quando Venustiano Carranza garantiu o acordo de demissão de Huerta e enviou Salvador Alvarado[2] para reprimir a rebelião em Iucatã, Torre serviu como enfermeira para as tropas de Alvarado. Até março de 1915, Alvarado tinha tomado a cidade de Mérida[3] e Torre entrou na escola do estado para começar seus estudos, na Escuela Normal de Profesores.[4]
Em 1916 o general Salvador Alvarado Rubio[2][3], como governador e comandante chefe do Exército Constitucionalista[5] em Iucatã[6], convocou um congresso para mobilizar as mulheres progressistas feministas do estado. Torre trabalhou como promotora da reunião viajando para Acanceh, Temax e Motul para aumentar a participação de mulheres.[7]
Em 1922, sendo governador Felipe Carrillo Puerto[8], o congresso estadual debateu sobre permitir que as mulheres votassem e ocupassem cargos públicos. Embora a aprovação do Congresso não foi obtida na época, Torre concorreu ao cargo de vereadora da prefeitura de Mérida. Ela ganhou as eleições realizadas em 7 de Novembro. Tornando-se a primeira mulher no México a ocupar um cargo de eleição popular[9], em uma época em que as mulheres ainda não tinham igualdade de direitos políticos.
Torre participou do Primer Congreso Interamericano de Mujeres[10], realizado em 27 de agosto de 1947 na Cidade da Guatemala, que se destinava a discutir a forma de alcançar a igualdade entre homens e mulheres e o sufrágio nas Américas. Torre era delegada da Liga Internacional y People's Mandate de Querétaro e foi acompanhada por Judith Horcasitas de Forgerave representando o Serviço Civil de mulheres mexicanas, Emilia Loyola que representou os professores da cidade do México e Elena Sanchez Valenzuela representando professores e o Secretários de Educação de Coahuila.[11]
María Rosa Torre González morreu na Cidade do México, em 13 de fevereiro de 1973.[12]
Feminismo
Rosa foi uma das pioneiras do feminismo no país. Ela participou da organização do Primeiro Congresso Feminista mexicano realizado em Iucatã. Ele foi celebrado em janeiro de 1916, e foram tratados assuntos como: educação, incluindo a educação sexual; fanatismo religioso; direitos e reformas legais; oportunidade de empregos iguais; e igualdade intelectual, entre outros[13]. No segundo Congresso, comemorado no final do mesmo ano, Torre serviu como presidente.[7]
Ela também ajudou Elvia Carrillo Puerto[14] a estabelecer a Liga Rita Cetina Gutierrez em 1919, e trabalhou como tesoureira e encarregada pela propaganda da mesma. O grupo lutou contra a prostituição, drogas, álcool e superstição. Elas também davam palestras educativas sobre higiene, assistência à infância, economia e controle de natalidade. Também inspecionavam escolas e hospitais, e ainda, ajudaram a fundar o orfanato estatal. [7]
Junto à Elvia, Torre estabeleceu mais de 45 ligas feministas nos anos seguintes e organizou mais de 5500 trabalhadoras.
Eleição
O movimento revolucionário do México chegou a Iucatã tardiamente, até mesmo pelo isolamento geográfico da península. O general Salvador Alvarado[2], governou e foi o comandante militar da entidade, ele representou o exército constitucional comandado por Venustiano Carranza, de 1915 a 1918. Durante os anos do governo alvaradista houve uma profunda transformação das estruturas políticas, econômicas e legais do estado. Em 1922, Felipe Carrillo Puerto[8] chegou ao governo do estado, postulado pelo Partido Socialista do Sudeste, que haveria de continuar a tarefa transformadora de Salvador Alvarado.
Rosa foi eleita pelo PSS. O governador e presidente do Partido Socialista de Sudeste (PSS), Felipe Carrillo Puerto[8], era irmão de Elvia. E foi ele quem lançou sua candidatura ao cargo de regidora de Mérida. A candidatura de Rosa foi peculiar porque a Constituição não reconhecia o direito de voto às mulheres, mas também não proibia expressamente. Na verdade, o Artigo constitucional não distinguia entre sexo, dizia apenas que “os mexicanos” poderiam votar e serem eleitos.
No início de 1922, Elvia enviou ao congresso local um memorando assinado por centenas de mulheres - inclusive da capital do país - aclamando o direito ao sufrágio feminino. Mas os deputados decidiram congelar a iniciativa. Elvia decidiu então ir ao irmão Felipe, e depois de numerosas visitas, Felipe pede um lista de mulheres, para que uma concorresse como vereadora da Câmara de Mérida. E assim, Rosa Torre González, uma professora, concorre às eleições e é eleita vereadora da cidade de Mérida em 7 de novembro de 1922. Em de janeiro de 1923 toma posse de seu cargo, ocupando a Comisíon de Prensa y Beneficencia. Tornando-se a primeira mulher mexicana a ocupar um cargo por meio de eleição popular.
Perseguição e “renúncia”
Em 6 de dezembro de 1923, Adolfo de la Huerta levantou-se em armas contra o presidente Álvaro Obregón[15] em Veracruz. Ele então assume o controle do governo estadual, desencadeando uma perseguição furiosa contra socialistas e feministas.[16] Em seu texto Rosa Torre escreveu que sua casa foi revistada várias vezes pelos militares, enquanto a casa de Elvia foi saqueada duas vezes “sem que ninguém o evite”.[17]
Em 1924, Felipe foi destituído do poder e fuzilado, na ocasião da rebelião de Adolfo de la Huerta. Durante o governo de Carrillo Puerto[8], chamado herói do proletariado iucateco, além de consolidar reformas para reduzir a exploração indígena, a transformação social de Iucatã foi promovida. Além disso, em uma reforma educacional de longo alcance, a Universidad del Sureste foi criada, antecedente direto da Universidad Autónoma de Yucatán.[18] O mandato de Rosa é interrompido após o assassinato de Carrillo Puerto.
Em 16 de julho de 1924, quando em uma reunião da câmara, contando com apenas oito dos quatorze conselheiros, onde não estavam presentes Rosa Torre e outros cincos. O Prefeito de Mérida, Javier Erosa, deu conta de uma "solicitação de Rosa", de caráter irrevogável. Em que ele é convidado a aceitar a sua "renúncia" à posição de regidora da Câmara Municipal de Mérida.[18] Porém, em seu escrito[17] Rosa deixa claro que não foi a autora de tal solicitação. Contudo, Torre também deixa claro que estava orgulhosa do trabalho que tinha feito e estava ciente de que seu sucesso representou uma grande conquista para as mulheres.
Referências
1. Ir para cima↑ «Rita Cetina Gutiérrez». Wikipedia, la enciclopedia libre (em espanhol). 15 de julho de 2017
2. ↑ Ir para:a b c «Salvador Alvarado Rubio». Wikipedia, la enciclopedia libre (em espanhol). 20 de agosto de 2017
3. ↑ Ir para:a b Lara Salazar, Óscar (19 de febrero de 2012). «Así murió el general Alvarado». La Voz del Norte. Consultado el 21 de abril de 2016.
4. Ir para cima↑ Buck, Sarah A. (2003). «Rosa Torre González Soldadera and Feminist». En Pilcher, Jeffrey M. The Human Tradition in Mexico (en inglés). Wilmington (Del.): SR Books. pp. 137-148. 
5. Ir para cima↑ «Ejército Constitucionalista». Wikipedia,la enciclopedia libre (em espanhol). 18 de outubro de 2017
6. Ir para cima↑ Francisco Paoli Bolio, Enrique Montalvo; El socialismo olvidado de Yucatán. Siglo XXI, México, 1977.
7. ↑ Ir para:a b c Cervantes, Erika (20 de mayo de 2003). «Derechos políticos femeninos, una lucha de más de un siglo». Ciudad de México: Cimac Noticias.
8. ↑ Ir para:a b c d «Felipe Carrillo Puerto». Wikipedia, la enciclopedia libre (em espanhol). 10 de outubro de 2017
9. Ir para cima↑ Jarquín Soledad, La historia de Rosa Torre debe ser recordada
10. Ir para cima↑ «Primer Congreso Interamericano de Mujeres». Wikipedia, la enciclopedia libre (em espanhol). 28 de novembro de 2017
11. Ir para cima↑ Flores Asturias, Ricardo (6 de junio de 2011). «Las Mujeres no Votan Porque Sí: Congreso Interamericano de Mujeres, 1947». Politica y Sentido Común. Guatemala: Ricardo Flores Asturias.
12. Ir para cima↑ «Rosa Torre González». Wikipedia, la enciclopedia libre (em espanhol). 12 de julho de 2017
13. Ir para cima↑ Foppa, Alaide; de Aguilar, Helene F. (otoño de 1979). «Women in Latin America: The First Feminist Congress in Mexico, 1916». Signs(en inglés) (Chicago, Illinois: The University of Chicago Press) 5 (1): 192–199. doi:10.1086/493701.
14. Ir para cima↑ «Elvia Carrillo Puerto». Wikipedia, la enciclopedia libre (em espanhol). 6 de outubro de 2017
15. Ir para cima↑ «Álvaro Obregón». Wikipedia, la enciclopedia libre (em espanhol). 26 de novembro de 2017
16. Ir para cima↑ «Adolfo de la Huerta». Wikipedia, la enciclopedia libre (em espanhol). 24 de outubro de 2017
17. ↑ Ir para:a b Rosa Torre González. Mi actuación en el H. Ayuntamiento de Mérida en el año de 1923. Mérida, Yucatán, México, março de 1924. Revista de la Uiversidad de Yucatán, Núm. 230, pp. 1-9, Mérida, 2004.
18. ↑ Ir para:a b Piedad Peniche Rivero. Conociendo a Rosa Torre González, la primera mujer electa en Mexico. Sus identidades, actuacion politica y la purga de genero del partido socialista del sureste en 1924.

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