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28 Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ
rEsumo
A principal causa de incontinência urinária 
no homem está relacionada ao tratamento do 
câncer de próstata localizado por cirurgia ra-
dical. O câncer de próstata é o mais prevalente 
no homem e o diagnóstico precoce vem sendo 
cada vez mais realizado; o tratamento padrão 
com prostatectomia radical é uma das cirurgias 
mais realizadas pelos urologistas e uma das suas 
consequências é a incontinência urinária. A in-
continência pós-prostatectomia está relacionada 
à lesão esfincteriana na maioria dos pacientes, 
entretanto alterações como a hiperatividade 
do detrusor, a baixa complacência vesical e a 
obstrução infravesical podem ser responsáveis 
isoladamente ou em associação com a lesão 
esfincteriana. O diagnóstico é clínico e con-
firmado por exames complementares como a 
urodinâmica, entretanto deve se esperar um 
tempo determinado, pois a recuperação da 
continência é um processo lento. O tratamento 
depende do diagnóstico preciso e pode ser não 
cirúrgico, através de fisioterapia especializada e 
drogas como os anticolinérgicos ou cirúrgico. O 
esfíncter artificial é o padrão ouro, entretanto 
alternativas mais acessíveis aos nossos pacien-
tes têm surgido com resultados satisfatórios. 
A incontinência urinária tem grande impacto 
negativo na qualidade de vida do homem e deve 
ser sempre tratada e nunca negligenciada
PALAVRAS-CHAVES: Saúde do homem; 
Incontinência urinária; Câncer de próstata.
introdução
A incontinência urinária no homem está 
muito relacionada com a idade e com as alte-
rações que se desenvolvem na próstata sejam 
elas benignas, como a hiperplasia benigna da 
próstata (HPB) ou malignas como o câncer de 
próstata. A principal causa de incontinência 
urinária no homem é a lesão iatrogênica dos 
esfíncteres urinários durante a cirurgia para 
tratamento do câncer da próstata1.
A incontinência urinária causa grande im-
pacto negativo na qualidade de vida do homem 
adulto e idoso. Um recente estudo realizado 
em Nagoya, no Japão, com 7.316 familiares, 
cuidadores de idosos, que preenchiam pela in-
ternet um questionário com 22 questões sobre 
os cuidados com os idosos, observou-se que a 
incontinência urinária era o principal fator de 
impacto psicológico negativo para o familiar 
incontinência urinária
no homEm
Fabrício B. Carrerette
Ronaldo Damião
Ano 9, Suplemento 2010 29 
cuidador e grande impacto negativo na quali-
dade de vida do idoso. Além das dificuldades 
pessoais que sofrem o homem e os cuidadores, 
há os custos com a higiene, isolamento social e 
distúrbios no sono2.
A incontinência urinária também está re-
lacionada ao maior índice de queda e fraturas 
secundárias em pacientes idosos.
Portanto este tema é de extrema importân-
cia e muito significativo para a nossa sociedade 
que passa por mudanças profundas, principal-
mente no que diz respeito à expectativa de vida 
e longevidade da população.
EtioPatogEnia
O adenocarcinoma de próstata é o tumor 
mais frequente no homem adulto e a cirurgia 
de prostatectomia radical é o tratamento padrão 
para esta afecção. A incidência de incontinência 
urinária pós-prostatectomia é alta, variando de 
8 a 77%,3 fazendo desta, a causa mais frequente 
de incontinência urinária no homem adulto. A 
incontinência causada pela cirurgia de prosta-
tectomia radical pode ser decorrente de lesão 
esfincteriana, incontinência de esforço; de 
alteração no funcionamento da bexiga, incon-
tinência de urgência; podem ocorrer as duas 
situações concomitantes, incontinência mista; 
pode ocorrer perda da complacência vesical, 
e por fim, a incontinência pode ser decorrente 
de uma hiperatividade do detrusor secundária 
a uma obstrução infravesical (esclerose do colo 
vesical, área de anastomose entre a uretra e a 
bexiga). Estas situações podem estar associadas, 
levando à incontinência mista com lesão esfinc-
teriana e esclerose de colo vesical.
Em análise retrospectiva de 12 pacientes 
incontinentes após cirurgia de prostatectomia 
radical submetidos a estudo videourodinâmico, 
observamos incontinência de esforço em sete 
(58%), incontinência de urgência por esclerose 
de colo vesical em dois (17%), incontinência 
mista em dois (17%), perda de complacência 
em um (8%) (Fig. 1).
diagnóstico
Nos casos de incontinência pós-prosta-
tectomia radical, devemos considerar o tempo 
necessário para a recuperação espontânea da 
continência, pois é comum a perda imediata 
do controle urinário durante semanas ou me-
ses após a cirurgia. Frequentemente, com seis 
meses de pós-operatório, o controle urinário 
alcança o seu patamar de estabilidade. Após este 
período, o homem que permanece com incon-
tinência deve ser detalhadamente investigado, 
começando com história clínica completa e 
exame físico minucioso, incluindo toque retal 
e exames complementares como a dosagem do 
PSA, função renal e exame de urina para afastar 
infecção urinária.
Embora a incontinência de esforço seja o 
tipo mais frequente após a cirurgia radical da 
próstata, devemos realizar o diagnóstico preciso, 
pois o tratamento para esta alteração requer uma 
nova cirurgia com implante de dispositivos para 
obter a continência. Além do implante de dispo-
sitivo para incontinência ser um procedimento 
cirúrgico complexo, alterações como detrusor 
hiperativo ou baixa complacência vesical podem 
figura 1: gráfico mostrando PErcEntagEm das altEraçõEs Encontradas Em 12 PaciEntEs incon-
tinEntEs Pós ProstatEctomia radical.
30 Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ
afetar o resultado da cirurgia. 
Na figura 2, mostramos o exame de videou-
rodinâmica de um paciente com incontinência 
urinária mista seis meses após cirurgia de 
prostatectomia radical que também apresentava 
perda da complacência vesical. Neste caso, o 
implante de dispositivo ou de esfíncter artificial 
isoladamente não seria capaz de curar a incon-
tinência deste paciente e, pior, a obstrução que 
poderia resultar deste procedimento poderia 
levar a um quadro de deteriorização do trato 
urinário superior podendo culminar com in-
suficiência renal.
Nestes casos, exames complementares mais 
detalhados como a urodinâmica ou até mesmo 
a videourodinâmica podem ser essenciais para 
orientar o tratamento ideal.
Embora menos frequente, a incontinên-
cia urinária no homem adulto ou idoso pode 
estar relacionada com a hiperplasia benigna 
da próstata, esta afecção é tão frequente que 
pode ser encontrada em até 80% dos homens 
octogenários. 
O aumento prostático e a obstrução in-
fravesical causada por este aumento pode 
levar ao quadro de hiperatividade do detrusor 
secundária à obstrução. Esta hiperatividade é 
caracterizada por contrações involuntárias do 
detrusor, às vezes, de forte intensidade, que 
podem provocar incontinência urinária de 
urgência como mostra a figura 3.
Muitos pacientes com HPB mesmo na 
vigência de tratamento clínico com alfa bloque-
adores e inibidores da 5-alfa-redutase podem 
apresentar, como complicação da progressão 
da doença, a incontinência urinária de urgên-
cia como descrito acima. Em situações menos 
frequente, entretanto mais grave, a progressão 
da HPB pode levar à incontinência paradoxal, 
que é aquela decorrente de retenção urinária por 
obstrução infravesical com perda de urina por 
transbordamento. Nestes casos, o tratamento é 
urgente e a simples colocação de cateter vesical 
resolve provisoriamente até o tratamento defi-
nitivo que pode ser a cirurgia.
tratamEnto
Nos casos de incontinência pós-prostatec-
tomia radical, devemos iniciar o tratamento 
precocemente. A fisioterapia com exercícios 
para fortalecimento do assoalho pélvico pode 
diminuir o tempo de recuperação esfincteria-
na, abreviando o período de incontinência e 
também auxiliando na resposta de tratamentos 
futuros que porventura sejam necessários.
Agentes injetáveis, como colágeno e micro 
esferas, podem ser utilizados para provocar obs-
trução uretral nos casos de lesão esfincteriana. 
Osresultados a longo prazo não são animadores, 
principalmente pela absorção do agente injetado 
e recidiva da incontinência4. O agente ideal 
seria aquele que tivesse grande eficácia, fosse 
biocompatível, durável e que não migrasse; este 
agente ainda não existe1.
O esfíncter urinário artificial é o padrão 
ouro para o tratamento da incontinência uri-
nária de esforço no homem. Ele começou a ser 
utilizado em 1973. Até o presente, já passou por 
inúmeras modificações, alcançando o modelo 
atualmente utilizado (AMS 800), desenvolvido 
pela American Medical Systems, Minnetonka, 
Minnesota, EUA. O seu alto custo e a comple-
xidade da sua implantação e manipulação pelo 
paciente são os maiores obstáculos ao uso em 
larga escala deste dispositivo1.
O esfíncter artificial é composto de três 
partes conectadas entre si. Um cuff, que é colo-
cado em torno da uretra bulbar; um reservatório 
implantado na pelve e uma bomba colocada 
no escroto. O cuff fica permanentemente cheio 
de líquido, comprimindo a uretra e formando 
assim o esfíncter artificial. Quando o paciente 
desejar urinar, ele acionará a bomba que fica no 
escroto e o líquido do cuff passa para o reserva-
tório, abrindo-se e permitindo a passagem da 
urina (micção); o líquido volta a retornar para 
o cuff espontaneamente, o que leva cerca de um 
minuto. Se o paciente não conseguir esvaziar 
totalmente a bexiga neste tempo, pode acionar 
imediatamente a bomba e o cuff se abre, por, 
aproximadamente mais um minuto. É muito 
Ano 9, Suplemento 2010 31 
figura 2: vidEourodinâmica mostrando lEsão EsfinctEriana E contraçõEs involuntárias com 
bExiga dE baixa comPlacência Em um PaciEntE incontinEntE sEis mEsEs aPós uma cirurgia dE 
ProstatEctomia radical.
figura 3: vidEourodinâmica EvidEnciado fortE contração involuntária do dEtrusor (alcan-
çando PrEssão dE 170 cmH2o) E Provocando PErda urinária (sEtas vErmElHas) Em um PaciEntE 
com aumEnto Prostático, HbP (sEtas azuis).
32 Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ
importante salientar que os pacientes que neces-
sitam deste procedimento geralmente são idosos 
com comorbidades, assim, se necessitarem de 
algum procedimento de cateterismo vesical após 
o implante do esfíncter, o cuff deve ser desativa-
do durante o tempo de cateterismo para evitar 
isquemia da uretra e complicações decorrentes. 
Esta desativação deve ser feita sempre por pro-
fissional experiente e habituado a lidar com o 
esfíncter. Os resultados do esfíncter artificial são 
muito bons, com índice de cura em torno dos 
80%, entretanto existem falhas e complicações; 
os índices de revisão são em torno de 8 a 45% 
e a retirada pode ser necessária em cerca de 7 a 
17% dos pacientes5.
Devido à complexidade e ao alto custo 
do esfíncter artificial, outras alternativas vêm 
despertando o interesse dos urologistas. O 
sling masculino é uma alternativa, embora não 
funcione como um esfíncter, não possui a dinâ-
mica de se abrir sinergicamente com contração 
do detrusor e posteriormente se fechar. O sling 
nada mais é do que a criação de uma obstrução 
uretral para evitar a perda constante de urina, e 
a micção deve ser realizada com esforço vesical 
para vencer esta obstrução. O sling moderno 
é baseado nos modelos descritos por Barry, 
Kaufman e Kishev 6, 7, 8. Shaeffer e colaboradores 
publicaram resultados animadores com o sling 
sub uretral masculino. Eles conseguiram sucesso 
de 64% em 64 pacientes com incontinência uri-
nária grave com acompanhamento de 18 meses9. 
No nosso meio, não conseguimos reproduzir 
estes resultados.
O constritor periuretral desenvolvido por 
Salvador Vilar e popularizado por João Luiz 
Schiavini, professor de Urologia da UERJ, é uma 
alternativa nacional ao sling. Da mesma forma 
que o sling masculino, o constritor provoca mais 
uma obstrução do que uma ação esfincteriana. 
Em um artigo recentemente publicado com 
30 pacientes acompanhados por 42 meses em 
média, os autores encontraram 73,3% de con-
tinência social. A revisão do dispositivo foi ne-
cessária em 4 casos, 4 pacientes tiveram erosão 
do constritor e 3 casos de infecção necessitaram 
de remoção completa do dispositivo.
conclusão
A incontinência urinária no homem é um 
problema complexo que ainda necessita de 
avanços importantes. Embora o esfíncter artifi-
cial seja o padrão ouro para o tratamento desta 
alteração, alternativas viáveis existem em nosso 
meio para aliviar o sofrimento destes homens.
rEfErências
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Anacleto Dutra de Resende Júnior, Maria 
Cristina Dornas, Danilo Souza Cruz Lima da 
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prostate Surgery Urinary Incontinence With 
the Periurethral Constrictor: A Retrospective 
Analysis. Urology 2010. Volume 75, Issue 6, 
Pages 1488-1492.
Ano 9, Suplemento 2010 33 
abstract:
The main cause of urinary incontinence 
in men is related to the treatment of localized 
prostate cancer performed by every urologist. 
The number of radical prostatectomies is 
increasing as long as early diagnosis is beco-
ming more frequent. One of its consequences 
is urinary incontinence. Incontinence after 
prostatectomy is related to sphincter injury in 
most patients, however changes as detrusor 
overactivity and low compliance bladder con-
tributes to bad continence results. However 
these factors added to outlet obstruction may 
be responsible alone or in combination with 
sphincter injury to post prostatectomy urinary 
incontinence. The diagnosis is made by clinical 
anamnesis and confirmed by additional tests 
such as urodynamics; the urologist should pay 
attention to the fact that there is a time to regain 
continence before the diagnosis of incontinen-
ce is done. Treatment depends on an accurate 
diagnosis and may be surgical or not, by means 
of specialized physiotherapy and drugs such as 
anticholinergics. The artificial sphincter is the 
gold standard treatment, however alternatives 
more accessible to our patients has come up with 
satisfactory results. Urinary incontinence has a 
major impact on the quality of men´s life and 
should always be treated and never neglected.
KEY WORDS: Men’s Health; Prostate Can-
cer; Urinary Incontinence.
Endereço para correspondência:
Setor de Urologia – HU Pedro Ernesto. 
Av. 28 de setembro, 77/5º andar, Vila Isabel 
Rio de Janeiro - RJ. CEP 20551-030 
Telefones: (21) 2587-6223, (21) 2587-6222, 
(21)2587-6242 
E-mail: urologia@uerj.br

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