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1 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 PMSUS- A ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS HOSPITALARES NA RAS 1. COMPREENDER A REGULAÇÃO NO CONTEXTO DO SUS. A regulação no Setor Saúde é compreendida como ação social e abrange ações de regulamentação, fiscalização, controle, auditoria e avaliação de determinado sujeito social sobre a produção de bens e serviços em saúde, sendo o Estado um desses sujeitos e os outros sujeitos não estatais, como segmentos privados lucrativos presentes no setor (planos e seguros de saúde), corporações profissionais, usuários organizados (conselhos de saúde, por exemplo), dentre outros. Regulação da Atenção à Saúde: tem como objeto a produção de todas as ações diretas e finais de Atenção à Saúde, dirigida ao conjunto de prestadores de serviços de saúde públicos e privados. As ações da regulação da atenção à saúde compreendem a contratação, a regulação assistencial, o controle assistencial, a avaliação da Atenção à Saúde, a auditoria assistencial e as regulamentações da Vigilância Epidemiológica e Sanitária Regulação assistencial: definida no Pacto pela Saúde, nas diretrizes do pacto de gestão, como o conjunto de relações, saberes, tecnologias e ações que intermedeiam a demanda dos usuários por serviços de saúde e o acesso a eles. Portanto, requer o estabelecimento de protocolos assistenciais, com base nas evidências, assim como do aporte de recursos humanos, materiais e financeiros para a adequação da oferta conforme as necessidades de saúde da população. Regulação do acesso: estabelecimento de meios e ações para a garantia do direito constitucional de acesso universal, integral e equânime. Embora os conceitos pareçam similares, há uma diferença entre os conceitos de regulação assistencial e regulação do acesso. A regulação assistencial diz respeito a um conjunto de ações e atividades e inclui a regulação do acesso. A regulação assistencial é prerrogativa do gestor e a regulação do acesso é delegada pelo gestor ao regulador. Ao regular o acesso, com base nos protocolos clínicos, linhas de cuidado e fluxos assistenciais definidos previamente, a regulação estará exercendo também a função de orientar os processos de programação da assistência, assim como o planejamento e a implementação das ações necessárias para melhorar o acesso. A diferença aqui determinada é que ao se estabelecer a regulação do acesso, nos termos citados anteriormente, a programação assistencial passa a se basear nas necessidades de saúde da população, e não na disponibilidade de oferta. Os complexos reguladores são considerados uma das estratégias da regulação de acesso, consistindo na articulação e na integração de centrais de Atenção às Urgências, centrais de internação, centrais de consultas e serviços de apoio diagnóstico e terapêutico, implantadas sob a orientação de protocolos clínicos e linhas de cuidado previamente definidos. Os complexos reguladores compõem os sistemas logísticos, um dos componentes das redes de Atenção à Saúde que garantem uma organização racional dos fluxos e contrafluxos de informações, produtos e usuários nas Redes de Atenção à Saúde; A auditoria assistencial ou clínica é definida como o processo que visa aferir e induzir a qualidade do atendimento, amparada em procedimentos, protocolos e instruções de trabalho normatizados e pactuados. Deve acompanhar e analisar criticamente os históricos clínicos com vistas a verificar a execução dos procedimentos e realçar as não conformidades. 2. ELUCIDAR OS DESAFIOS ENFRENTADOS PELO SISTEMA DE REGULAÇÃO DO SUS. São vários os problemas enfrentados pelo setor de regulação no Sistema único de saúde, tais como a influência da oferta, o excesso de pedidos e solicitações, a insuficiência de recursos, a fragmentação do sistema e a dificuldade de protocolos. O sistema de Regulação enfrenta desafios pela racionalização dos recursos do SUS em vários aspectos, e cada vez mais se faz necessária e o fundamental a pactuação entre os gestores de saúde. Temos a visão simplista do problema, onde acreditamos que apenas ajustando a oferta resolveremos todos os problemas da regulação, devemos sim avaliar a ampliação da oferta, mas a regulação é muito mais que uma central de vagas. A regulação é reflexo da organização e desorganização dos serviços, impactada pelas solicitações inadequadas, pela inexistência de contra referência, pelo absenteísmo, pela inadequada utilização dos sistemas de informação, e pela falta de transparência dos prestadores e gestores. 2 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 Para seguirmos o princípio da equidade, precisamos qualificar o acesso para garanti-lo combatendo os atravessamentos na regulação e os encaminhamentos equivocados. Há necessidade de profissionais da saúde capacitados e capazes de realizar as atividades pertinentes ao trabalho da regulação, tais como a criação e manutenção de banco de dados estatísticos e a busca de recursos de saúde. Sobretudo a estruturação e implantação de programas de educação permanente, buscando a qualificação dos profissionais envolvidos. Percebo a falta de uma governança regional estabelecida para definição de responsabilidade entre os gestores, e a melhor organização da oferta e efetivação da demanda. Existem vários desafios em fazer regulação em saúde, precisamos realizar a articulação e integração dos equipamentos, a pactuação entre os gestores, o remanejamento de recursos, mas principalmente e mais importante, a valorização do ser humano e o foco no usuário. 3. ANALISAR O DESEQUILIBRIO ENTRE A OFERTA E A DEMANDA DOS LEITOS HOSPITALARES E AS CONSEQUENCIAS DA SUPERLOTAÇÃO HOSPITALAR. 4. DISCUTIR O PERFIL DOS USUARIOS DO SISTEMA DE SAÚDE E SEUS MOTIVOS PELA PROCURA DE UNIDADES HOSPITALARES. Na composição da rede de atenção às urgências, as unidades não-hospitalares, conhecidas como Unidades de Pronto Atendimento (UPA), fazem parte dos serviços disponíveis para a população e devem estar estruturadas para prestar assistência adequada em situações de urgência e emergência de complexidade intermediária entre a rede básica de saúde (unidades básicas de saúde ou unidades de saúde da família) e os serviços hospitalares. Entretanto, as UPA tem atuado como porta de entrada para os usuários com queixas crônicas e sociais, que procuram esses serviços em busca de resolubilidade para demandas que deveriam ser atendidas em outros níveis de atenção à saúde, sobrecarregando assim as equipes multiprofissionais. Há décadas que se observa o crescimento do número de pessoas que buscam atendimento em serviços de atenção às urgências e emergências. Os motivos são diversos, tais como a baixa resolutividade das unidades básicas de saúde (pouca disponibilidade de especialistas, exames e medicamentos), as dificuldades de acesso (demora na marcação de consultas, com meses de espera, filas longas e horários restritos de atendimento) e a utilização dos serviços pela população de municípios menores (por baixo investimento na rede própria ou conveniada). Reduzir o uso inapropriado de serviços de emergência requer ampliação do acesso à Atenção Básica. Entretanto, para que essa substituição ocorra, os usuários precisam ter garantido acesso rápido ao atendimento de urgência no primeiro nível de atenção. Reorganizar o modelo de assistência às urgências e emergências requer ainda o funcionamento adequado das unidades não hospitalares para o acolhimento/atendimento das urgências de baixa gravidade/complexidade. Essa reformulação implica o atendimento aos usuários com quadros de urgência e emergência, prestado por todas as portas de entrada do SUS, de maneira a possibilitar a resolução do problema de saúde ou o encaminhamento para um serviço de maior complexidade, quando necessário.5. DETERMINAR O PAPEL DA ATENÇÃO BÁSICA NA ORGANIZAÇÃO DA REDE DE ATENÇÃO E AS CONSEQUÊNCIAS NA REDE DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA. A Atenção Básica em Saúde tem como objetivos a ampliação do acesso, o fortalecimento do vínculo, a responsabilização e o primeiro atendimento às urgências e emergências, em ambiente adequado, até a transferência/encaminhamento dos pacientes a outros pontos de atenção, quando necessário, mediante implantação de acolhimento com avaliação de riscos e vulnerabilidades. Caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte na situação de saúde e autonomia das pessoas e nos determinantes e condicionantes de saúde das coletividades Neste sentido, a Atenção Básica deve cumprir algumas funções para contribuir com o funcionamento das Redes de Atenção à Saúde. São elas: • Ser base: ser a modalidade de atenção e de serviço de saúde com o mais elevado grau de 3 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 descentralização e capilaridade, cuja participação no cuidado se faz sempre necessária; • Ser resolutiva: identificar riscos, necessidades e demandas de saúde, utilizando e articulando diferentes tecnologias de cuidado individual e coletivo, por meio de uma clínica ampliada capaz de construir vínculos positivos e intervenções clínicas e sanitariamente efetivas, na perspectiva de ampliação dos graus de autonomia dos indivíduos e grupos sociais; • Coordenar o cuidado: elaborar, acompanhar e gerir projetos terapêuticos singulares, bem como acompanhar e organizar o fluxo dos usuários entre os pontos de atenção das RAS. Deve atuar como o centro de comunicação entre os diversos pontos de atenção, responsabilizando-se pelo cuidado dos usuários em qualquer destes pontos por intermédio de uma relação horizontal, contínua e integrada, com o objetivo de produzir a gestão compartilhada da atenção integral. Deve articular também as outras estruturas das redes de saúde e intersetoriais, públicas, comunitárias e sociais; e • Ordenar as redes: reconhecer as necessidades de saúde da população sob sua responsabilidade, organizando as necessidades desta população em relação aos outros pontos de atenção à saúde, contribuindo para que a programação dos serviços de saúde parta das necessidades de saúde dos usuários. Destaca-se o caráter estruturante e estratégico que a Atenção Básica pode e deve ter na constituição da RAS, na medida em que se caracteriza pela grande proximidade com o cotidiano da vida das pessoas e dos coletivos em seus territórios. As equipes da Atenção Básica têm a possibilidade de se vincular, se responsabilizar e atuar na realização de ações coletivas de promoção e prevenção no território, no cuidado individual e familiar, assim como na cogestão dos projetos terapêuticos singulares dos usuários, que, por vezes, requerem percursos, trajetórias e linhas de cuidado que perpassam outras modalidades de serviços para atender as necessidades de saúde de modo integral. No que se refere ao processo de trabalho das equipes com foco na urgência/emergência, os profissionais devem realizar o acolhimento com escuta qualificada, classificação de risco, avaliação de necessidade de saúde e análise de vulnerabilidades, tendo em vista a responsabilidade da assistência resolutiva à demanda espontânea e ao primeiro atendimento às urgências e emergências. Em 2012, foi publicado na série de Cadernos de Atenção Básica (nº 28, vol. II) o Caderno de Acolhimento à Demanda Espontânea: queixas mais comuns na Atenção Básica, que tem como objetivo ampliar a resolutividade das equipes de atenção básica frente à demanda espontânea. Discute temas como a classificação de risco, a identificação de vulnerabilidades e o trabalho em equipe, a fim de ajudar a organizar e a priorizar o atendimento desses casos. Uma alternativa de cuidados nas unidades básicas de saúde (UBS) para o atendimento qualificado da demanda espontânea e das situações de urgência e emergência é a sala de observação, enquanto ambiente da UBS destinado ao atendimento de pacientes em regime ambulatorial, com necessidade de observação em casos de urgência/emergência, no período de funcionamento da unidade. 6. CARACTERIZAR OS CRITERIOS DE PRIORIDADE DA REGULAÇÃO. A Regulação de pacientes é uma ferramenta de democratização do acesso, onde, por exemplo, um paciente do município de Barreiras, oeste da Bahia, tem o mesmo direito a ser internado no Hospital Geral do Estado, localizado na capital Salvador, do que um paciente que está na emergência do hospital. A decisão de internação será pautada na gravidade do caso e não pela proximidade. É um sistema criado para gerir vagas hospitalares e outras necessidades de pacientes dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), utilizando critérios internacionalmente estabelecidos. Antes de ser criada a Regulação, os pacientes rodavam de porta em porta, dentro de ambulâncias ou pessoalmente, buscando uma vaga que, muitas vezes, não era em uma unidade com o perfil adequado para tratar aquela pessoa ou era uma unidade em que não existia a vaga. • Classificação por prioridade 4 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 A classificação de risco é uma ferramenta utilizada nos serviços de urgência e emergência, voltada para avaliar e identificar os pacientes que necessitam de atendimento prioritário, de acordo com a gravidade clínica, potencial de risco, agravos à saúde ou grau de sofrimento. As unidades seguem protocolos internacionais, como o Protocolo de Manchester, no qual classifica o paciente como Emergência (Vermelho), Muito Urgente (Laranja), Urgente (Amarelo), Pouco Urgente (Verde) e Não Urgente (Azul). 7. CONHECER E DEFINIR O SISREG O Sistema Nacional de Regulação (SISREG) é um sistema de informações online disponibilizado pelo Departamento de Informática do SUS (DATASUS) para o gerenciamento e operação das centrais de regulação. É um programa (software) que funciona por meio de navegadores instalados em computadores conectados à Internet (BRASIL, 2017). O SISREG é composto por dois módulos independentes: a Central de Marcação de Consultas e a Central de Internação Hospitalar. Vilarins (2010) argumenta em sua tese que algumas vantagens práticas do atendimento online podem ser apontadas como dispensa do agendamento de consultas e boa relação custobenefício, com a troca do deslocamento real pelo acesso virtual, estabelecendo, assim, uma ponte para quem mora em lugares distantes. A gestão local deve definir a estratégia de implementação de informação e de informática para as centrais de regulação. Contudo, a opção por utilizar um fluxo informatizado requer atenção especial para o sistema de informações que irá operacionalizar este fluxo. Na manipulação do SISREG, a Regulação apresenta um conceito diferenciado da Fila de Espera, utilizada ainda hoje para procedimentos que não apresentam a necessidade de priorização. Esta trata-se de uma lista em que os encaminhamentos aos serviços especializados são dispostos cronologicamente, e realizados conforme o número de vagas disponibilizado mensalmente. Esta modalidade demonstra a mudança gerada pelo processo de Regulação, que permite a avaliação dos casos e tratamento equânime aos usuários; Este sistema vem sendo implantado em diversas unidades da federação ao longo dos anos e tem sido o grande responsável pela melhoria do acesso aos serviços de saúde através de marcações de consulta e exames on-line, entre outras funcionalidades 8. ESTUDAR AS DIRETRIZES EOS EIXOS DA POLITICA NACIONAL DE ATENÇÃO HOSPITALAR. A política nacional de atenção hospitalar estabelece as diretrizes para a organização do componente hospitalar da Rede de Atenção à Saúde (RAS). São instituição complexas, com densidade tecnológica especifica, de caráter multiprofissional e interdisciplinar, responsável pela assistência aos usuários com condições agudas ou crônicas, que apresentem potencial de instabilização e de complicações de seu estado de saúde, exigindo-se assistência contínua em regime de internação. Missão e perfil assistencial devem ser definidos conforme o perfil demográfico e epidemiológico da população. DIRETRIZES DA PNHOSP Universalidade Continuidade do cuidado Acesso regulado Gestão de tecnologia Efetividade e racionalização (recursos) Atenção à saúde indígena Participação e controle social Regionalização da atenção hosp. Cuidado ao usuário Atenção humanizada (PNH) Qualidade e segurança do paciente Financiamento tripartite Transparência e eficiência (recursos) Monitoramento e avaliação EIXOS ESTRUTURANTES DA PNHOSP 1. Assistência hospitalar Deve ser organizada a partir das necessidades da população, integrada com os demais pontos da RAS, de forma regulada e de acordo com as diretrizes da RENASES e PNR, pactuada na CIB e CIR. A clínica ampliada e a gestão da clínica serão a base do cuidado. Deve haver a horizontalização do cuidado! 2. Gestão Hospitalar Será pautada na: I - garantia do acesso e qualidade da assistência; II - no cumprimento de metas pactuadas na contratualização com o gestor; III - na eficiência e transparência da aplicação dos recursos; e IV - no planejamento participativo e democrático. O gestor estadual, distrital ou municipal de saúde será responsável pela regulação da atenção hospitalar. 3. Formação, desenvolvimento e gestão da força de trabalho. 5 Marcela Oliveira - Medicina UNIFG 2022 Todos os espaços de produção das ações e serviços de saúde no SUS constituem-se em campo de prática para ensino, pesquisa e incorporação tecnológica em saúde. Os hospitais deverão participar de ações de formação de novos profissionais e de educação permanente em saúde, e podem ainda ser campos de graduação e pós-graduação, recebendo o Certificado de Hospital de Ensino (HE). 4. Financiamento O financiamento da assistência hospitalar será realizado de forma tripartite, de acordo com as normas do SUS. A sustentabilidade será uma das bases do custeio dos hospitais. Os recursos que compõem o custeio para a atenção hospitalar constarão em um único instrumento de contratualização. 5. Contratualização A contratualização é a formalização da relação entre o gestor público de saúde e os hospitais integrantes do SUS, públicos e privados, estabelecendo compromissos entre as partes, promovendo a qualificação da assistência,da gestão hospitalar e do ensino/pesquisa. Priorizar: I - Hospitais públicos; II - Hospitais privados sem fins lucrativos (100% SUS); III - Hospitais privados sem fins lucrativos (60% SUS); IV - Demais hospitais privados sem fins lucrativos; V - Hospitais privados com fins lucrativos. 6. Responsabilidades das Esferas de Gestão A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, representados por suas instâncias gestoras do SUS, são responsáveis pela organização e execução das ações da atenção hospitalar nos seus respectivos territórios. 9. DEBATER SOBRE O PROCESSO DE CRIAÇÃO DE LEITOS NOS HOSPITAIS (CRITÉRIOS).
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