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FMU – Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas MARIA CLARA MASCELLANI AZEVEDO APS – DIREITO DE POSSE,PROPR.E RITOS ESPECIAIS Professor: Adalgisa Pires Falcão São Paulo 2022 Maria Clara Mascellani Azevedo / RA: 6717221 ATIVIDADE: (II) PBL. Análise de case: Aline é proprietária de uma pequena casa situada na cidade de São Paulo, residindo no imóvel há cerca de 5 anos, em terreno constituído pela acessão e por um pequeno pomar. Pouco antes de iniciar obras no imóvel, Aline precisou fazer uma viagem de emergência para o interior de Minas Gerais, a fim de auxiliar sua mãe que se encontrava gravemente doente, com previsão de retornar dois meses depois a São Paulo. Aline comentou a viagem com vários vizinhos, dentre os quais, João Paulo, Nice, Marcos e Alexandre, pedindo que “olhassem” o imóvel no período. Ao retornar da viagem, Aline encontrou o imóvel ocupado por João Paulo e Nice, que nele ingressaram para fixar moradia, acreditando que Aline não retornaria a São Paulo. No período, João Paulo e Nice danificaram o telhado da casa ao instalar uma antena “pirata” de televisão a cabo, o que, devido às fortes chuvas que caíram sobre a cidade, provocou graves infiltrações no imóvel, gerando um dano estimado em R$ 6.000,00 (seis mil reais). Além disso, os ocupantes vêm colhendo e vendendo boa parte da produção de laranjas do pomar, causando um prejuízo estimado em R$ 19.000,00 (dezenove mil reais) até a data em que Aline, 15 dias após tomar ciência do ocorrido, procura você, como advogado. Na qualidade de advogado(a) de Aline, elabore parecer cabível em relação à situação apresentada. (Fonte FGV Projetos Exame XXVI da OAB - Adaptada) O aluno deverá: reconhecer adequadamente sujeitos, interesses e direitos envolvidos; avaliar possibilidades juridicamente viáveis de condução do caso; fundamentar juridicamente a solução adequada. RESOLUÇÃO DO CASO Analisando o caso, podemos reconhecer que Aline, a proprietária do imóvel em questão, precisa se ausentar por algum tempo por questões pessoais de certa urgência. A proprietária deixa a responsabilidade de manter o imóvel em bom estado para seus vizinhos, confiando que estes ficariam apenas “de olho” na casa. Porém, Aline não contava que dois de seus novos vizinhos resolveriam tomar a casa para si, além de causar grandes danos à aquela moradia. A proprietária, voltando para seu imóvel, logo soube do acontecimento e brevemente procurou o auxílio de um advogado, que pudesse ajudá-la a recuperar sua casa e que também pudesse ser ressarcida dos danos causados enquanto esteve ausente. Na condição de advogada da Aline, começo a análise do caso citando a primeira problemática em questão. João Paulo e Nice, sendo os vizinhos que passaram a residir no imóvel logo após a viagem de Aline, não somente se apropriaram da posse sem permissão, como causaram danos e prejuízos à propriedade. Esta inconsequente invasão, trouxe também diversos detrimentos à propriedade de outrem, sendo, portanto, considerada uma posse injusta, que seria aquela que resulta de atos de clandestinidade ou que são exercidos de forma precária. Desta forma, Aline tem o direito da reintegração da posse do imóvel, em razão da posse injusta e de má-fé dos vizinhos. Seguem os Artigos do Código Cível que comprovam a ilegalidade: ▪ Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária. ▪ Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. Ademais, fora constatado que João Paulo e Nice danificaram a propriedade de injusta posse. Trouxeram tais problemas como: danificação ao telhado da casa ao instalar uma antena “pirata” de televisão a cabo, o que, devido às fortes chuvas que caíram sobre a cidade, provocando graves infiltrações no imóvel, gerando um dano estimado em R$ 6.000,00 (seis mil reais). Além disso, os ocupantes vêm colhendo e vendendo boa parte da produção de laranjas do pomar, causando um prejuízo estimado em R$ 19.000,00 (dezenove mil reais). Sendo assim, Aline ainda pode pedir pelo ressarcimento e reparação à título dos danos materiais expostos, segundo o Art. 1218 do CC. • Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante. Em face dos frutos recolhidos e vendidos pelos vizinhos, estes precisam responder pelo fato e reparar qualquer eventual lucro que obtiveram com as vendas. • Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio. Visto todos os Artigos citados, observa-se, por fim, a favorável cumulação objetiva dos pedidos: • Art. 555. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de: I - Condenação em perdas e danos; II - Indenização dos frutos. Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida necessária e adequada para: I - Evitar nova turbação ou esbulho; II - Cumprir-se a tutela provisória ou final. Em vista disso, conclui-se que os vizinhos agiram de má-fé residindo ilicitamente dentro do imóvel, trazendo prejuízos à moradia. Estes serão condenados ao pagamento das indenizações e Aline poderá então ser ressarcida e voltar ao seu imóvel.