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Afiliação e poder familiar - Direito Civil

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Da Afiliação e do Poder Familiar 
 
FILIAÇÃO 
 
Art. 1.596. Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão os mesmos 
direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. 
 
Art. 1.597. Presumem- se concebidos na constância do casamento os filhos: 
I- Nascidos cento e oitenta dias, pelo menos , depois de estabelecida a convivência conjugal; 
II- Nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, 
separação judicial, nulidade e anulação do casamento. 
III- Havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido; 
IV- Havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de 
concepção artificial homóloga; 
V- Havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do 
marido. 
Art. 1.599. A prova da impotência do cônjuge para gerar, à época da concepção, ilide a presunção da 
paternidade. 
 
Art. 1.600. Não basta o adultério da mulher, ainda que confessado, para ilidir a presunção legal da 
paternidade. 
 
Art. 1.601. Cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos nascidos de sua mulher, 
sendo tal ação imprescritível. 
 
Parágrafo único. Contestada a filiação, os herdeiros do impugnante têm direito de prosseguir na 
ação. 
 
Art. 1.602. Não basta a confissão materna para excluir a paternidade. 
 
Art. 1.603. A filiação prova-se pela certidão do termo de nascimento registrada no 
Registro Civil. 
 
Art. 1.604. Ninguém pode vindicar estado contrário ao que resulta do registro de nascimento, salvo 
provando-se erro ou falsidade do registro. 
 
DO PODER FAMILIAR 
 
Podemos conceituar Poder Familiar como sendo complexo de direitos e deveres quanto à pessoa e 
bens do filho, exercidos pelos pais na mais estreita colaboração, e em igualdade de condições (art. 
1634 do CC), visando sempre o interesse do menor. 
 
O poder familiar é 
Indisponível - os pais não pode abrir mão dele; 
Indivisível - dividem-se as incumbências não seu exercício; 
Imprescritível - não decai o direito dos genitores pelo fato de deixarem de exercitá-lo, somente 
podem perdê-lo os pais na forma da lei. 
Incompatível com a tutela, não podendo nomear tutor a menor cujo pai ou mãe não foi suspenso ou 
destituído do poder familiar 
 
 Art. 1.630. Os filhos estão sujeitos ao poder familiar, enquanto menores. 
 
Art. 1.631. Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais; na falta ou 
impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade. 
Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer 
deles recorrer ao juiz para solução do desacordo. 
 
Art. 1.632. A separação judicial, o divórcio e a dissolução da união estável não alteram as relações 
entre pais e filhos senão quanto ao direito, que aos primeiros cabe, de terem em sua companhia os 
segundos. 
 
Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o pleno exercício do 
poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos: 
I - dirigir-lhes a criação e a educação (meios materiais para a sua subsistência, de acordo com sua 
situação econômica, bem como orientação moral e intelectual); 
II - exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art. 1.584 (os pais são civilmente 
responsáveis pelos atos lesivos por eles praticados); 
 III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem; 
IV - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao exterior; 
V - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua residência permanente para 
outro Município; 
VI - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe 
sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder 
VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos atos da vida civil, e 
assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento; 
VIII - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha (Busca e apreensão); 
IX - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição. 
 
EXTINÇÃO, DA SUSPENSÃO, E PERDA DO PODER FAMILIAR: 
 
A EXTINÇÃO DO PODER FAMILIAR pode se dar por causa não imputável 
(voluntariamente) a qualquer dos pais: 
Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar: 
I - pela morte dos pais ou do filho; II - pela emancipação; III - pela maioridade; IV - pela adoção; 
 
No entanto, pode ocorrer que, em virtude de comportamentos (culposos ou dolosos) graves, por 
determinação judicial, após contraditório: 
 
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que: 
I - castigar imoderadamente o filho; II - deixar o filho em abandono; III - praticar atos contrários à 
moral e aos bons costumes; V - entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção. 
 
A SUSPENSÃO (art. 1.637 do CC) impede, temporariamente, o exercício do poder familiar. 
A suspensão do poder familiar é uma sanção que visa preservar os interesses do filho menor, 
privando o genitor, temporariamente, do seu exercício, por prejudicar o direito destes. Nada obsta 
que haja o retorno paterno ou materno ao exercício do poder familiar, uma vez desaparecida a causa 
que originou sua suspensão (medida não definitiva). 
 
Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles inerentes ou 
arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o Ministério Público, 
adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo 
o poder familiar, quando convenha. 
 
Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe condenados 
por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão. 
 
 Nos casos em que há possibilidade de recomposição dos laços de afetividade entre pais e filhos, a 
suspensão do poder familiar deve ser preferida, e não a perda. 
 
Da Lei Federal no 12.318/10 (Lei de Alienação Parental) e sua alteração Lei 14.340/22. 
Art. 2o - Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança 
ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a 
criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que 
cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este 
 
Paragrafo Único - Assegurar-se-á à criança ou ao adolescente e ao genitor garantia mínima de 
visitação assistida no fórum em que tramita a ação ou em entidades conveniadas com a Justiça, 
ressalvados os casos em que há iminente risco de prejuízo à integridade física ou psicológica da 
criança ou do adolescente, atestado por profissional eventualmente designado pelo juiz para 
acompanhamento das visitas.” 
 
Ampliou-se o direito de visita dos genitores, embora o ECA ainda preveja que “a convivência 
somente poderá ser totalmente suspensa quando houver iminente risco à integridade física e/ou 
psíquica da criança ou do adolescente”. 
 
DAS CAUSAS DE PERDA DO PODER FAMILIAR 
 
Esta é considerada a mais grave situação de afastamento do poder familiar determinada por decisão 
judicial. 
 
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que: I - castigar imoderadamente 
o filho (tornando-o vitima de maus-tratos); 
II - deixar o filho em abandono (moral e/ou material, privando-o de meios para sua subsistência; 
saúde e educação; 
III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes; 
IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente. 
 
A suspensão poderá ser imposta liminarmente, enquanto que a destituição demanda decisão 
transitada em julgado. Logo, em ação de destituição é muito usual a suspensão liminar, com a 
posterior destituição em decisão definitiva.

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