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• FÁRMACOS UTILIZADOS NA DOR, FEBRE E INFLAMAÇÃO DOR: Conceito (Associação Internacional P/ o Estudo da Dor): “...uma experiência sensorial e emocional desagradável, relacionada com lesão tecidual real ou potencial, ou descrita em termos deste tipo de dano.” SENSAÇÃO SUBJETIVA “...o tratamento da dor não deve estar limitado a eliminar da sensação dolorosa, mas sim, dar alívio ao paciente que apresenta dor.” Dor e nocicepção: Nocicepção: percepção de estímulos nocivos pelo SNC. Existem duas vias nociceptivas: a) rápida: dor aguda, localizada; b) lenta: dor crônica, indistinta (queimação). TIPOS DE DOR: • Dor rápida (aguda, pontada, dor elétrica, etc); • Dor lenta (queimação, dor surda, dor pulsátil, dor nauseosa, dor crônica). TIPOS DE DOR ✓ Dor aguda: estímulo nocivo excessivo, originando sensação intensa e desagradável. ✓ Dor crônica: dor que dura por mais tempo que a lesão tecidual desencadeante. ✓ Hiperalgesia: maior intensidade de dor associado a um estímulo nocivo leve. Envolve tanto sensibilizaçào de terminações nervosas nociceptivas periféricas (prostaglandinas, bradicinina....) quanto facilitação central da transmissão no nível do corno dorsal e do tálamo (neuroplasticidade). ✓ Dor neuropática: dor crônica provocada por danos nos neurônios nociceptivos (derrame, esclerose múltipla), com fraca resposta aos analgésicos opióides. PRINCIPAIS MEDIADORES NO PROCESSO DA DOR E INFLAMAÇÃO * Substância P (neurônios) * Leucotrienos * Bradicinina (plasma) * Tromboxanos * Prostaglandinas (células) * NO (células) * Serotonina * Acetilcolina * Histamina * Angiotensina PROCESSO INFLAMATÓRIO Sinais característicos do processo iinflamatório: Dor Calor Rubor Edema Perda da Função A inflamação é um mecanismo de defesa natural do organismo a qualquer agressão eventualmente sofrida. A lesão celular associada à inflamação atua sobre as membranas celulares, provocando a liberação de enzimas lisossômicas pelos leucócitos; a seguir, ocorre liberação de ácido araquidônico, a partir de compostos precursores, e vários eicosanóides são sintetizados. A inflamação pode ser definida como a reação do tecido vivo vascularizado à injúria local. De um modo geral, em resposta a um estímulo lesivo (físico, químico ou biológico), o organismo animal reage com a liberação, ativação ou síntese de substâncias conhecidas como mediadores químicos ou farmacológicos da inflamação, que determinam uma série de alterações locais, que manifestam-se inicialmente por dilatação de vasos da microcirculação, aumento do fluxo sangüíneo e da permeabilidade vascular, com extravasamento de líquido plasmático e formação de edema, fagocitose, aumento da viscosidade do sangue e diminuição do fluxo sangüíneo, podendo ocorrer até uma estase. Assim, o processo inicial, agudo, se manifesta localmente de forma uniforme, padronizada ou estereotipada, qualquer que seja a natureza do estímulo lesivo. Manejo sequencial da dor: Analgésicos não opióides Associação de analgésicos opióides e não opioides Analgésicos opióides DROGAS UTILIZADAS PARA O CONTROLE FARMACOLÓGICO DA DOR Deprimem seletivamente o SNC e são empregados para aliviar a dor de moderada a grave (tanto aguda quanto crônica) de etiologias diversas. Esses fármacos atuam ligando-se a receptores específicos para alterar os processos que afetam tanto a percepção da dor quanto a resposta emocional à dor. Estes fármacos são eficazes em aliviar a dor causada por câncer terminal, infarto agudo do miocárdio, pós operatório e cólica biliar, renal e uretral. São úteis também como medicação pré anestésica. Esse fármacos podem causar depressão respiratória (idosos), constipação, vômito, náusea, distúrbios cardiovasculares e outras. 1) ANALGÉSICOS OPIÓIDES Ópio: mistura alcalóide extraída da planta papoula – Papaver somniferum. Opióide: qualquer composto natural, semi-sintético ou sintético que se ligue especificamente aos receptores opióides e possua propriedades similares às dos opióides endógenos. Opiáceo: qualquer opióide natural derivado do ópio (ex. morfina). Narcótico: do grego “torpor”. Termo utilizado como sinônimo de opióides, porém pode referir-se a diversas outras drogas de abuso que não pertencem à classe opióide. Mecanismo de ação: Os receptores opióides são ligados às proteínas G inibitórias. A ativação dessa proteína desencadeia uma cascata de eventos: fechamento de canais de cálcio voltagem dependentes, redução na produção de monofosfato de adenosina cíclico (AMPs) e estímulo ao efluxo de potássio resultando em hiperpolarização celular. O efeito final é a redução da excitabilidade neuronal, resultando em redução da neurotransmissão de impulsos nociceptivos Produzem analgesia através de sua ligação a receptores específicos acoplados à proteína G (inibição da adenilil ciclase) , que se localizam principalmente no cérebro e em regiões da medula espinhal envolvidas na transmissão e na modulação da dor. Efeitos • Analgesia • ↓ percepção dolorosa • Outros efeitos no SNC • ↓ ansiedade • Sensação de estar flutuando • Outros: inquietação, mal-estar, nervosismo, tristeza, desorientação • Sonolência e ↓ cognição em idosos Dependência física Necessidade de uso da droga para evitar a síndrome de abstinência Síndrome de abstinência De opióides: rinorréia, lacrimejamento, bocejos, calafrios, náuseas, vômitos, hipertermia, dores generalizadas, rigidez nos membros, ansiedade, irritabilidade, insônia e agressividade FÁRMACOS ANALGÉSICOS OPIÓIDES (CENTRAIS) OU HIPNOANALGÉSICOS. Agonistas opióides puros (morfina, petidina, fentanil) apresentam alta afinidade com os receptores opióides e elevada atividade intrínseca a nível celular. Agonistas parciais (buprenorfina) ao ligarem-se aos receptores opióides produzem efeito submáximo quando comparados aos agonistas puros. Antagonistas opióides (naloxona, naltrexona) possuem afinidade com os receptores, porém nenhuma atividade intrínseca. Buprenorfina Morfina Petidina Tramadol Meperidina Fentanil Metadona Dextropropoxifeno Antagonistas opióides: Naloxona Naltrexona 2) ANTI-INFLAMATÓRIOS São fármacos usados para debelar a inflamação, processo mórbido que afeta alguma parte do organismo e que é caracterizado por calor excessivo, edema, dor, rubor e perda de função. Do ponto de vista químico, podem ser classificados em: 2.1) Antiinflamatórios não-esteroides 2.2) Antiinflamatórios esteroidais, corticoesteróides. 2.1) ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO-ESTERÓIDES (AINE’s) Atuam inibindo a enzima Ciclo-oxigenase (COX), que catalisa a biossíntese das prostaglandinas e tromboxanos a partir do ácido araquidônico. Os AINE, em sua maioria, também manifestam em graus variáveis, atividade analgésica-antipirética. Além disso, todos eles são irritantes gástricos, embora os mais recentes (inibidores seletivos da COX-2), tenham capacidade de irritação gástrica menor do que os anteriores (não seletivos). Todos possuem potencial para nefrotoxicidade e hepatotoxicidade. Metabolismo de Fosfolipídeos - SFA Fosfolipídeos Fosfolipase A2 PAF Ácido Araquîdônico Ciclooxigenases COX-1 COX-2 PGG2 PGH2 PGI2 Tromboxano Sintetase TXA2 Peroxidase Prostaciclina Sintetase PGF2αPGE2 PGD2 LTA4 5-lipooxigenase LTB4 LTC4 LTD4 LTE4 Lipoxinas A e B12-HETE 15-lipooxigenase 12-lipooxigenase Eicosanóides: -Prostaglandinas -Tromboxanos -Leucotrienos Ácido Linoléico 2.1.1) INIBIDORES NÃO SELETIVOS DA COX 2.1) DERIVADOS DO ÁCIDO SALICÍLICO: Ácido Acetilsalicílico (simples/revestido/tamponado) 2.2) DERIVADO DO PARA-AMINOFENOL: Paracetamol 2.3) DERIVADO DA PIRAZOLONA: Fenilbutazona e Dipirona (Metamizol) 2.4) DERIVADO ARIL-PROPIÔNICO: Ibuprofeno, Naproxeno, Cetoprofeno 2.5) DERIVADO ÁCIDO ARIL-ACÉTICO: Diclofenaco, Cetorolaco 2.6) OXICANS: Piroxicam, Tenoxicam, Meloxicam 2.7) OUTROS: Nimesulida, Ácido mefenâmico 2.1.2) INIBIDORES SELETIVOS DA COX-2 Os inibidores seletivos da COX-2 tem efeitos anti-inflamatórios, analgésicos e antipiréticossemelhantes aos dos AINE´s não seletivos. Porém apresentam menores efeitos gastrintestinais. No entanto, os estudos mostraram que o bloqueio das COX-2 provocava um efeito de embolia (tendo relação com infartos). Celecoxib Etoricoxib (em razão dos efeitos adversos, foram proibidos os seguintes fármacos: rofecoxibe, valdecoxibe e lumiracoxibe) 2.2) ANTI-INFLAMATÓRIOS ESTERÓIDES (CORTICOESTERÓIDES) Os corticóides exercem potentes efeitos anti-inflamatórios estimulando a biossíntese da proteína lipomodulina e inibindo a ação enzimática da Fosfolipase A2. Deste modo é impedida a liberação do ácido araquidônico e em consequência, não se formam seus metabólitos, como prostaglandinas, tromboxanos e leucotrienos, que são mediadores da inflamação. As vias de administração dependem da natureza da doença e da condição do paciente. Os anti-inflamatórios esteroides ou corticosteroides exercem potente efeito anti- inflamatório (glicocorticóide). Sua ação mineralocorticoide deve ser considerada na escolha do fármaco, uma vez que pode provocar retenção de água e sal, hipertensão e perda de potássio. Corticosteróides com grande efeito mineralocorticoide são úteis na insuficiência suprarrenal, mas esta característica impede seu uso para doenças que necessitem de tratamento por tempo prolongado. Neste caso, como nas doenças reumáticas (artrite reumatoide, lupus eritematoso sistêmico, entre outras), prefere-se aqueles com pouco efeito mineralocorticoide. Os principais são os seguintes: Betametasona Deflazacort Dexametasona Prednisona Prednisolona Vale dizer que existem ainda diversos corticóides para uso tópico (e também para uso nas formas nasais) EFEITOS ADVERSOS: O uso prolongado de corticosteroides pode causar imunossupressão, aumentando a possibilidade de infecções e sua gravidade. A utilização, especialmente em altas doses, pode provocar transtornos do humor, distúrbios de comportamento, reações psicóticas e pensamentos suicidas. É necessário cuidado especial em pacientes com história pessoal prévia ou familiar de doenças psiquiátricas. Outros efeitos adversos do uso em longo prazo incluem inibição do crescimento em crianças sem possibilidade de reversão, distúrbios do balanço hidreletrolítico (levando a edema, hipertensão e hipopotassemia), afinamento da pele, osteoporose, fratura espontânea, glaucoma, miopatia, úlcera péptica e diabete melito. Altas doses podem causar também necrólise avascular do colo femoral e síndrome de Cushing, a qual é caracterizada por face de lua, estrias e acne. Esta é usualmente revertida com a descontinuação do tratamento, que deve ser gradual. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE OS ANTI-INFLAMATÓRIOS Ácido acetil salicílico tem sido classificado por alguns autores como droga cardiovascular devido a importante ação antiplaquetária inibindo de forma irreversível a agregação plaquetária (acetila irreversivelmente a enzima cicloxigenase, único AINE que inibe a agregação plaquetária, e, a desgranulação de forma irreversível), diminuindo a incidência de angina pectoris, e, infarto do miocárdio em pacientes predispostos a estas doenças. Devido a possibilidade da trombocitopenia (diminuição da quantidade de plaquetas), e, risco de hemorragia, os salicilatos não devem ser administrados a pacientes que estejam com suspeita de Dengue. Dipirona (Metamizol) Alguns autores não consideram a dipirona como fármaco com potente ação antiinflamatória, referindo-se a este medicamento apenas como bom analgésico e antipirético devido a ação no SNC. Inclusive têm ocorrido casos de agranulocitose com o uso da dipirona com doses baixas, assim como, após diversas semanas de tratamento, ou quando volta a usar a medicação após a suspensão durante algum tempo. Tem sido criticado o uso da dipirona como analgésico, recomendando que somente deve ser utilizado, em convulsões febris em crianças ou em doenças que provoque a febre, e, não seja possível controlar a febre por outro meio ou fármaco. INIBIDORES DA COX-2 No ano de 2004, o fabricante do Rofecoxib (Vioxx) retirou do mercado este medicamento devido à incidência de efeitos adversos tromboembólicos graves (infarto agudo do miocárdio, e, AVC isquêmico), e, estudos recentes têm demonstrado que a COX-2 é a principal geradora da prostaciclina (uma das prostaglandinas) no endotélio que inibe a agregação plaquetária, causa a vasodilatação, e, inibe a proliferação de células do músculo liso vascular (in vitro). Assim, a inibição da síntese da prostaciclina (provocada por estes inibidores da COX-2) pode levar ao aumento da pressão arterial, e, aceleração da aterogênese (devido a ação do tromboxano que tem a produção estimulada enzima COX-1 e que não é inibida pelo coxibe), sendo recomendada cautela com o uso dos demais fármacos deste grupo. A respeito dos anti-inflamatórios, podemos dizer que todos os fármacos abaixo são exemplos de AINES, EXCETO: a) Nimesulida. b) Prednisolona. c) Etoricoxib. d) Cetorolaco. e) Ibuprofeno Um homem com 49 anos de idade procura atendimento odontológico com queixa de dor intolerável, pulsátil, constante e difusa na região de molares inferiores, lado esquerdo. O paciente mostra-se debilitado, com febre alta nos últimos dois dias, dores no corpo e “atrás dos olhos”, apresentando um quadro sistêmico compatível com dengue. Após exame clinico, foi estabelecido diagnostico de pulpite irreversível no dente 36 e realizado o alivio da dor através da abertura coronária. Considerando a opção de prescrição medicamentosa para conforto e controle da dor pós o procedimento, qual é o fármaco de eleição ? a) Ácido acetilsalicílico; b) Ibuprofeno; c) Dipirona; d) Nimesulida; e) Diazepam
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