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PETIÇÃO INICIAL Na forma do art. 319, do CPC, são requisitos da petição inicial: I. O juízo a quem é dirigida (endereçamento); II. Os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu (qualificação das partes); III. O fato e os fundamentos jurídicos do pedido (causa de pedir); IV. O pedido com as suas especificações (pedido); V. O valor da causa; VI. As provas com que o Autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados (requerimento de provas); VII. A opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. ANÁLISE DOS REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL i. O juízo a quem é dirigida (endereçamento) Qual é a justiça competente? Especializada ou Comum? A competência para julgamento é de Tribunal ou de juiz monocrático? Se não for competente a Justiça Especializada, a competência será da Justiça Comum (estadual ou federal) Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem partes... A justiça comum estadual é residual! A Justiça Federal de 1ª instância é dividida em Seções Judiciárias, de acordo com os Estados da Federação e Distrito Federal, por exemplo: Seção Judiciária do Paraná, de Santa Catarina, do Rio de Janeiro. Assim dispõe o artigo 110, da CRFB/88: “Cada Estado, bem como o Distrito Federal, constituirá uma seção judiciária que terá por sede a respectiva Capital, e varas localizadas segundo o estabelecido em lei”. A Justiça estadual é dividida em Comarcas e Varas. Comarca – divisão territorial, pode representar a área de um Município ou de vários Municípios. Varas – Divisão especializada das Comarcas. Uma Comarca pode ter uma Vara Única ou ser dividida em: Criminais, Fazenda Pública, Cíveis... Obs. Lembrar que o endereçamento é para o juízo, sempre!!! ii. Os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu. Acrescentamos também nacionalidade e RG. EXEMPLOS Nome, nacionalidade..., estado civil (ou existência de união estável) ..., profissão..., portador do RG n°... e do CPF n° ..., endereço eletrônico ..., residente e domiciliado ..., nesta cidade, por seu advogado infra-assinado (ou que esta subscreve), conforme procuração anexa, com escritório ..., nesta cidade, endereço que indica para os fins do art. 77, V, do CPC, com fundamento nos termos do art. ..., vem impetrar (MS) ou ajuizar (AP, ACP...) ... em face de... Nome, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n°..., com sede..., por seu advogado infra-assinado (ou que esta subscreve), conforme procuração anexa, com escritório ..., nesta cidade, endereço que indica para os fins do art. 77, V, do CPC, com fundamento nos termos do art. ..., vem impetrar (MS,) ou ajuizar (AP, ACP...) ... em face de... iii. O fato e os fundamentos jurídicos do pedido (causa de pedir) São uma seção na qual escreve-se a narrativa jurídica dos acontecimentos. A causa de pedir inclui os Fatos e os Fundamentos Jurídicos do Pedido. A fundamentação jurídica é o artesanato intelectual do autor, no qual o autor articula os elementos fornecidos pelo direito, com o propósito de pedir. iv. O pedido com as suas especificações (pedido padrão) Em face do Exposto, requer a V.Exa: a) A citação do réu ou interessado (arts. 238 e 239, caput, do CPC – o requerimento para a citação do réu ou do interessado); b) A procedência do pedido para... (art. 319, IV, do CPC – o pedido, com as suas especificações); c) A condenação do réu no ônus da sucumbência (art. 85, caput, do CPC); d) A produção de todos os meios de prova em direito admitidos (art. 319, VI, do CPC – as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados); e) A juntada dos documentos em anexo (art. 320, do CPC – A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação). v. O valor da causa Art. 291 do CPC: “A toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediatamente aferível.” Art. 319. A petição inicial indicará: (...) V - O valor da causa; Obs. Na Ação Popular, nas Ações de procedimento comum e na Ação Civil Pública – indicar normalmente o valor do contrato, do dano... GRATUIDADE DE JUSTIÇA Somente quando o enunciado da questão indicar que há hipossuficiência! Colocar antes dos Fatos. Ex: “Com base no art. 98 e/ou 99, do CPC o Autor requer a V. Exa. a concessão do benefício da gratuidade de justiça, tendo em vista que está desempregado e sem condições de arcar com as custas processuais sem prejuízo do sustento próprio e de sua família.” TUTELA DE URGÊNCIA A tutela de urgência (art. 300 e seguintes do CPC) é gênero que compreende duas espécies: tutela antecipada e tutela cautelar, que exigem urgência na concessão do Direito e reclamam o preenchimento dos mesmos requisitos: a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. Em se tratando de medida cautelar, podemos substituir por: fumus boni iuris e periculum in mora. Obs. Quanto as tutelas, por razão de estilo colocar antes da fundamentação jurídica. MANDADO DE SEGURANÇA Art. 5o: LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas- data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público; LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; BASE LEGAL- Art. 5o, LXIX, LXX e Lei 12.016/09. FINALIDADE- Atacar ato ilícito de autoridade (comissivo ou omissivo). A celeridade é a principal característica do rito do MS. O art. 20 da Lei 12.016/09 prevê que: Art. 20. Os processos de mandado de segurança e os respectivos recursos terão prioridade sobre todos os atos judiciais, salvo habeas corpus. §1o Na instância superior, deverão ser levados a julgamento na primeira sessão que se seguir à data em que forem conclusos ao relator. §2o O prazo para a conclusão dos autos não poderá exceder de 5 (cinco) dias. Obs. Se houver ação específica não se utiliza o MS. ESPÉCIES: MS preventivo: quando há séria ameaça de lesão a direito líquido e certo. MS repressivo: quando a lesão já ocorreu. Nesse caso, deve ser obedecido o prazo decadencial de 120 dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato que se deseja impugnar, na forma do art. 23, da Lei 12.016/09. MODALIDADES: MS individual - O impetrante é o titular do direito líquido e certo, como por exemplo: a pessoa natural, os órgãos públicos, as universalidades de bens (espólio, massa falida etc.), a pessoa jurídica, nacional ou estrangeira, domiciliada no Brasil ou no exterior... MS Coletivo (art. 5o, LXX, CF) O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: – partido político com representação no Congresso Nacional, ainda que o partido esteja representado em apenas uma das Casas Legislativas. - organização sindical, entidade de classe e associações legalmente constituídas e em funcionamento há pelo menos um ano, emdefesa dos interesses de seus membros ou associados. ENUNCIADOS DO STF Súmula nº 101: o mandado de segurança não substitui a ação popular. Súmula nº 629: A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes. Súmula nº 630: A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria. CONDIÇÕES ESPECÍFICAS A) Direito Líquido e certo, comprovado por prova pré-constituída. B) Ato coator. C) Tempestividade. Direito líquido e certo- A expressão “direito líquido e certo” na realidade está ligada aos fatos nos quais se ampara a pretensão, e não ao direito invocado. Quer dizer que o pedido deve estar amparado em fatos demonstrados de plano, através de prova pré-constituída (EM REGRA, DOCUMENTAL). É requisito específico de cabimento, porque o rito do MS não comporta dilação probatória, não existe fase de provas no MS. Controvérsia sobre fato em MS implica na extinção do feito sem julgamento do mérito. Lei 12.016/09 Art. 6. ° A petição inicial, que deverá preencher os requisitos estabelecidos pela lei processual, será apresentada em 2 (duas) vias com os documentos que instruírem a primeira reproduzidos na segunda e indicará, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições. § 1o No caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em repartição ou estabelecimento público ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão ou de terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) dias. O escrivão extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda via da petição. Súmula 625 STF - Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de segurança. Ato coator- É ato ou omissão de autoridade pública (ato praticado ou omitido por pessoa investida de parcela de poder público), eivado de ilegalidade ou abuso de poder. As expressões “ilegalidade ou abuso de poder” estão previstas na CRFB, no art. 5o, inciso LXIX, mas é certo que ilegalidade é gênero, e abuso de poder é espécie. Isso porque os elementos do ato administrativo (competência, finalidade, forma, motivo e objeto) devem todos ser respeitados, sob pena de ilegalidade, e abuso de poder pode ser vício de competência (excesso de poder) ou finalidade (desvio de finalidade). Súmula 266 - NÃO CABE MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA LEI EM TESE. Súmula 510 STF - “PRATICADO O ATO POR AUTORIDADE, NO EXERCÍCIO DE COMPETÊNCIA DELEGADA, CONTRA ELA CABE O MANDADO DE SEGURANÇA OU A MEDIDA JUDICIAL.” Os atos de pessoas de direito privado tipicamente administrativos também podem ser questionados por MS. Ex: ato de licitação praticado por SEM ou EP. Quando a Petrobrás ou Caixa fazem licitação, por imposição constitucional, os atos da licitação podem ser impugnados por meio de MS. É o que prevê a súmula 333 do STJ: Súmula 333 - Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública. A súmula pode ser aplicada, por analogia, aos concursos públicos. Assim, a inabilitação de candidatos em concurso para ingresso nos quadros de SEM e EP também poderia ensejar a interposição de MS. Também é comum MS em face de dirigentes de estabelecimento de ensino (Reitor, Diretor etc.), desde que a matéria questionada tenha relação direta com a atribuição delegada (no caso, a atividade de ensino. Ex: negativa de certificado de conclusão, negativa de matrícula etc.). Atos de gestão das PJ de direito privado não são passíveis de MS, tais como: fixação de calendário do ano letivo, questão referente a mensalidades etc. Tempestividade- Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado. Súmula 632 STF - É CONSTITUCIONAL LEI QUE FIXA O PRAZO DE DECADÊNCIA PARA A IMPETRAÇÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA. Com essa súmula também se posicionou o STF quanto à natureza do prazo, que entende ser decadencial. Mas cuidado, porque se trata de decadência sui generis. É uma decadência que não atinge o direito material. O termo inicial é a data em que o prejudicado tomou ciência do ato. No caso de omissão, não há que se falar em prazo decadencial, porque a omissão se perpetua no tempo. Haverá lesão enquanto mantida a omissão. TUTELA DE URGÊNCIA Art. 7°, III, da Lei 12.016/09 e Art. 300 e 301, do CPC. Art. 7o Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica. § 2o Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza. (inconstitucional) O STF, em sessão plenária do dia 09/06/2021, declarou a inconstitucionalidade de dispositivos da Lei do Mandado de Segurança, Lei 12.016/2009, em razão de questionamento do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4296. A maioria dos ministros da Corte reconheceu como inconstitucionais dois dos seis dispositivos questionados na ADI – a saber, os arts. 7o, §2o, e 22, §2o, da Lei. O voto condutor foi redigido pelo Ministro Alexandre de Moraes, que instaurou a divergência pela procedência parcial da ADI. Art. 22, § 2o No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas. COMPETÊNCIA Fixada de acordo com a autoridade coatora Lei 9507/97 Art. 20. O julgamento do habeas data compete: I - Originariamente: a) ao Supremo Tribunal Federal, contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal; b) ao Superior Tribunal de Justiça, contra atos de Ministro de Estado ou do próprio Tribunal; c) aos Tribunais Regionais Federais contra atos do próprio Tribunal ou de juiz federal; d) a juiz federal, contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais; e) a tribunais estaduais, segundo o disposto na Constituição do Estado; f) a juiz estadual, nos demais casos; SÚMULAS DO STF Súmula no 267 - Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição. Súmula no 268 - Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado. MODELO MANDADO DE SEGURANÇA CUSTAS PROCESSUAIS: O MS exige o pagamento de custas, salvo se o impetrante for beneficiário da justiça gratuita (art. 99, §3º, CPC). Como é uma ação tem que ter valor da causa, que deve corresponder ao benefício econômico almejado. O art. 25 da Lei nº 12.016/2009 prevê que não há condenação ao pagamento de honorários advocatícios, conforme previsão da súmula 512 do STF. DA INTERVENÇÃO OBRIGATÓRIA DO MINISTÉRIOPÚBLICO: Por força do art. 12 da Lei 12.016/2009, o MP deverá atuar como fiscal da lei em todos os mandados de segurança. AÇÃO POPULAR: Art. 5o LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; CONCEITO: Remédio constitucional que visa anular/invalidar ato ou contrato administrativo que ameace ou viole o patrimônio público, histórico ou cultural, a moralidade administrativa ou o meio ambiente. O ato pode ser comissivo ou omissivo. LEGAL: Art. 5º, LXXIII e Lei 4717/65. ESPÉCIES: Ação Popular - preventiva Ação Popular repressiva - 5 anos – art. 21 da Lei 4717/65 LESIVIDADE E ILEGALIDADE. BINÔMIO INDISPENSÁVEL? Conforme prevê o Art. 5o LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; Jurisprudência do STJ Ação popular contra concessão da ponte Rio- Niterói terá seguimento independentemente de dano ao erário. A ação popular visa preservar a moralidade administrativa, o meio ambiente e o patrimônio histórico e cultural, bastando para seu cabimento a ilegalidade do ato administrativo. Com esse entendimento, a Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve ação que questiona a concorrência para exploração da ponte Presidente Costa e Silva (Rio-Niterói), realizada em 1993. Para o ministro Mauro Campbell, é dispensável o prejuízo material aos cofres públicos para abertura da ação, sendo suficiente a potencial ilegalidade do ato administrativo que se visa anular. A ação, também movida em 1993, ataca o ato de pré-qualificação da licitação. Lei 4717/65 Art. 2o São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de: a) incompetência; b) vício de forma; c) ilegalidade do objeto; d) inexistência dos motivos; e) desvio de finalidade. Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas: a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou; b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato; c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo; d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido; e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência. Art. 3o Os atos lesivos ao patrimônio das pessoas de direito público ou privado, ou das entidades mencionadas no art. 1o, cujos vícios não se compreendam nas especificações do artigo anterior, serão anuláveis, segundo as prescrições legais, enquanto compatíveis com a natureza deles. Art. 4o São também nulos os seguintes atos ou contratos, praticados ou celebrados por quaisquer das pessoas ou entidades referidas no art. 1o. I - A admissão ao serviço público remunerado, com desobediência, quanto às condições de habilitação, das normas legais, regulamentares ou constantes de instruções gerais. II - A operação bancária ou de crédito real, quando: a) for realizada com desobediência a normas legais, regulamentares, estatutárias, regimentais ou internas; b) o valor real do bem dado em hipoteca ou penhor for inferior ao constante de escritura, contrato ou avaliação. III - A empreitada, a tarefa e a concessão do serviço público, quando: a) o respectivo contrato houver sido celebrado sem prévia concorrência pública ou administrativa, sem que essa condição seja estabelecida em lei, regulamento ou norma geral; b) no edital de concorrência forem incluídas cláusulas ou condições, que comprometam o seu caráter competitivo; c) a concorrência administrativa for processada em condições que impliquem na limitação das possibilidades normais de competição. IV - As modificações ou vantagens, inclusive prorrogações que forem admitidas, em favor do adjudicatário, durante a execução dos contratos de empreitada, tarefa e concessão de serviço público, sem que estejam previstas em lei ou nos respectivos instrumentos. V - A compra e venda de bens móveis ou imóveis, nos casos em que não cabível concorrência pública ou administrativa, quando: a) for realizada com desobediência a normas legais, regulamentares, ou constantes de instruções gerais; b) o preço de compra dos bens for superior ao corrente no mercado, na época da operação; c) o preço de venda dos bens for inferior ao corrente no mercado, na época da operação. VI - A concessão de licença de exportação ou importação, qualquer que seja a sua modalidade, quando: a) houver sido praticada com violação das normas legais e regulamentares ou de instruções e ordens de serviço; b) resultar em exceção ou privilégio, em favor de exportador ou importador. VII - A operação de redesconto quando sob qualquer aspecto, inclusive o limite de valor, desobedecer a normas legais, regulamentares ou constantes de instruções gerais. VIII - O empréstimo concedido pelo Banco Central da República, quando: a) concedido com desobediência de quaisquer normas legais, regulamentares,, regimentais ou constantes de instruções gerias: b) o valor dos bens dados em garantia, na época da operação, for inferior ao da avaliação. IX - A emissão, quando efetuada sem observância das normas constitucionais, legais e regulamentadoras que regem a espécie. LEGITIMIDADE ATIVA. O Cidadão. Brasileiro nato ou naturalizado em gozo dos seus direitos políticos. art. 1o, §3o da lei 4717/65. E o português equiparado? E o cidadão de 16 anos? Não podem ajuizar a ação popular: inalistáveis, inalistados, pessoa jurídica, Ministério Público. POLO PASSIVO Litisconsórcio passivo necessário entre todos os envolvidos: art. 1o, c/c art. 6o da lei 4717/65 , pessoa jurídica de direito público, privado agentes públicos particulares. Art. 6o, § 3o da Lei 4.717/1965, in verbis: “A pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal ou dirigente.” TUTELA DE URGÊNCIA Art. 5o, § 4o, da Lei 4717/65 e art. 300 do CPC. COMPETÊNCIA (IMPORTANTE!) União, Autarquia, Empresa Pública e Fundação Pública Federal – Juiz Federal de 1o grau. Estados, Municípios, suas autarquias e fundações públicas – Juiz Estadual de 1o grau – Vara de Fazenda Pública. "A competência para julgar ação popular contra ato de qualquer autoridade, até mesmo do Presidente da República, é, via de regra, do juízo competente de primeiro grau. Precedentes. Julgado o feito na primeira instância, se ficar configurado o impedimento de mais da metade dos desembargadores para apreciar o recurso voluntário ou a remessa obrigatória, ocorrerá a competência do STF, com base na letra n do inciso I, segunda parte, doart. 102 da CF." (AO 859, Rel. p/ o ac. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 11-10-2001, Plenário, DJ de 1o-8-2003.) SÚMULAS DO STF “Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular.” (Súmula 365) “O mandado de segurança não substitui a ação popular.” (Súmula 101) ALGUMAS HIPÓTESES DE CABIMENTO DE AÇÃO POPULAR Declaração de nulidade do ato de nomeação de pessoa indicada sem concurso público. Art. 37, caput e inciso II. Declaração de nulidade de ato publicitário que promoveu autoridade. Art. 37, § 1º. Declaração de nulidade de ato que determinou a demolição de parques culturais/históricos. Art. 5°, LXXIII. Declaração de nulidade de ato que determina a construção de empreendimento em área situada em reserva ambiental. Art. 225. Declaração de nulidade de contrato administrativo firmado sem procedimento licitatório. Art. 37, XXI. MODELO DE AÇÃO POPULAR AÇÃO CIVIL PÚBLICA É uma ação coletiva, de procedimento comum, que visa defender interesses metaindividuais, segundo preceitua o art. 1º, da Lei 7.347/85: Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011). l - ao meio-ambiente; ll - ao consumidor; III - a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. (Incluído pela Lei nº 8.078 de 1990) V - por infração da ordem econômica; (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011). VI - à ordem urbanística. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001) VII - à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos. (Incluído pela Lei nº 12.966, de 2014) VIII - ao patrimônio público e social. (Incluído pela Lei nº 13.004, de 2014) Possui natureza condenatória, conforme alude o art. 3º, da Lei 7.347/85. Mas, à semelhança da ação popular também pode pleitear a invalidação de ato ou contrato administrativo ilegal, ilegítimo ou ilícito e lesivo ao patrimônio público, cultural, histórico ou ambiental. Art. 3º A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer. DIREITOS METAINDIVIDUAIS Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base; III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum. Direitos difusos são aqueles que se referem a grupos menos determinados de pessoas, entre os quais inexiste um vínculo entre os membros da coletividade, compartilhável por número indeterminado de pessoas. LEGITIMIDADE Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: (Redação dada pela Lei nº 11.448, de 2007). I. o Ministério Público; (Redação dada pela Lei nº 11.448, de 2007). II. a Defensoria Pública; (Redação dada pela Lei nº 11.448, de 2007) III. a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007) IV. a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007) V. a associação que, concomitantemente: (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007). a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007). b) inclua, entre as suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. (Redação dada pela Lei nº 12.966, de 2014) POLO PASSIVO Aplicamos ao polo passivo da ACP, por analogia, os arts. 1º e 6º da Lei 4.717/1965. Os dispositivos determinam que todas as pessoas jurídicas de direito público ou privado, bem como pessoas naturais, beneficiários direto ou indireto da lesão ao direito de todos, deverão configurar no polo passivo da ação. Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo. Obs. Todos os beneficiários do ato ou contrato impugnado são litisconsortes necessários e a falta de citação é causa de nulidade do processo. CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATICIOS E CUSTAS PROCESSUAIS Por força do art. 12 da Lei 4.717/65, pede-se a condenação em honorários advocatícios e custas processuais. PRODUÇÃO DE PROVAS Pede-se a produção de provas, tendo em vista o rito ordinário, previsto no art.7º da Lei 4.717/65. O PAPEL DO MP Art. 5º, § 1º O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei. TUTELA DE URGÊNCIA A tutela de urgência é admitida para julgamento da ACP, conforme o art. 12, da lei 7.347/85 e , na prática, muitas vezes possui natureza de verdadeira tutela antecipada, daí se aplicar o art. 300 do CPC. Por isso é importante comprovar os requisitos do da probabilidade do direito e do perigo de dano ou o risco do resultado útil do processo. COMPETÊCIA A fixação da competência é determinada em razão do local do dano e segue a regra da ação popular, ou seja, será processada em primeira instância (art.2º da Lei 7.347/85). Se o patrimônio lesado for da união, a competência, em regra, será da Justiça Federal, se estadual ou municipal, será da justiça estadual. Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I — as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho. DIFERENÇAS ENTRE A ACP E A AP Enquanto a ação popular pode ser ajuizada por qualquer cidadão que tenha título de eleitor, a ação civil pública somente pode ser proposta pelos entes legitimados, previstos no artigo 5o da Lei 7.347/85. Outra diferença é que na ação popular, somente a administração pública ou seus agentes podem ser réus no processo. Na ação civil pública, o polo passivo é mais abrangente e permite que seja incluído como réu no processo qualquer pessoa física, jurídica ou ente da administração pública que tenha causado danos aos direitos da coletividade descritos na lei. MODELO DE ACP TABELAS DE PEÇAS MANDADO DE SEGURANÇA AÇÃO POPULAR AÇÃO CIVIL PÚBLICA PETIÇÃO INICIAL
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