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1 CURSO DE GESTÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA E PRIVADA NOÇÕES DE DIREITO 2 Sumário 1. Fontes do Direito .................................................................................................... 3 1.1. Conceitos ........................................................................................................ 4 1.2. Hierarquia Das Leis ......................................................................................... 6 1.3. Normas infraconstitucionais .......................................................................... 13 1.4. Procedimento Legislativo .............................................................................. 17 2. República Federativa do Brasil ............................................................................. 20 2.1. Princípios Fundamentais Da República Federativa Do Brasil ....................... 22 2.2. Origem Do Poder .......................................................................................... 23 2.3. Objetivos Fundamentais da República Federativa do Brasil.......................... 25 2.4. Relações Internacionais ................................................................................ 25 2.5. Forma De Governo Ou Sistema Político ....................................................... 27 2.6. República ...................................................................................................... 31 2.7. Monarquia e República ................................................................................. 33 2.8. Presidencialismo e Parlamentarismo ............................................................ 36 2.9. Pelo Mundo ................................................................................................... 36 2.10. No Brasil .................................................................................................... 39 3. Poderes Da República Federativa Do Brasil ........................................................ 39 3.1. Poder Judiciário ............................................................................................ 40 3.2. Poder Executivo ............................................................................................ 42 3.3. Poder Legislativo ........................................................................................... 43 4. Noções de Direito Empresarial e do Trabalho ...................................................... 44 4.1. Direito Empresarial ........................................................................................ 44 4.2. Fases Do Direito Empresarial ........................................................................ 45 4.3. Novo Código Civil E O Direito Empresarial ................................................... 47 4.4. Fontes Do Direito Comercial ......................................................................... 48 4.5. Características Do Direito Empresarial .......................................................... 50 4.6. Conceito econômico de empresa .................................................................. 51 4.7. Direito Do Trabalho ....................................................................................... 55 4.8. Fontes: Materiais E Formais (Autônomas E Heterônomas) ........................... 55 4.9. Princípios Gerais Do Direito Do Trabalho ...................................................... 57 5. Referências .......................................................................................................... 60 3 1. Fontes do Direito Fonte é onde brota a água, onde vamos buscar a origem de algo. Fonte do Direito é onde o Direito se origina. No Brasil, o ordenamento jurídico é originariamente legalista, ou seja, sua fonte principal é a legislação, mas. em alguns casos, é necessário utilizar-se de outras fontes, para solucionar algumas situações que não estão previstas na lei. Legislação é o conjunto das normas escritas emanadas do poder estatal. Legislação “advém do vocábulo “lei”. Espécies de Normas Jurídicas Escritas • Constituição Federal • Leis complementares • Leis ordinárias • Medidas provisórias • Leis delegadas • Decretos legislativos • Resoluções • Decretos regulamentares, portarias, circulares Administrativo “Entende-se por fontes do Direito o veio (à semelhança de veio d`água) de onde o Direito surge. Fontes são os meios que servem de origem ao Direito, são as formas de manifestação do Direito.”, como ensina o autor Ricardo Teixeira Brancato. As fontes do Direito são divididas em: primárias e secundárias. • Fontes primárias - são as leis, as normas emanadas pelo poder estatal. No caso em tela, o Juiz jamais poderia deixar de resolver a referida situação, alegando não ter lei específica para a solução do problema que se refere à retirada e transplante de um dos rins do comerciante, já que, a legislação vigente, admite a utilização de fontes secundárias. Ademais, essas fontes existem justamente para solucionar lacunas existentes em nossa legislação. 4 Cumpre esclarecer ainda que o Magistrado, não tendo uma lei específica para solucionar o caso em tela, deveria ter recorrido às fontes secundárias, mesmo que contrárias ao pedido realizado pelo advogado do comerciante. • Fontes secundárias – jurisprudência, costumes, doutrina, analogia e princípios gerais do Direito. As fontes secundárias poderemos facilmente visualizar, quando solucionarmos o problema no texto apresentado. Então vejamos: Vamos conhecer um pouco mais sobre as diferentes fontes secundárias? É muito importante saber: 1.1. Conceitos Jurisprudência É o conjunto de decisões do poder judiciário a respeito de um mesmo assunto. Nada impede que num caso isolado seja utilizado a mesma jurisprudência. Todavia, é necessário esclarecer que os juízes não estão subordinados às decisões dos tribunais superiores, devendo decidir, pautado em provas e argumentos do caso concreto. Entenda esta situação que ilustra um caso de jurisprudência: Neste caso, apresentado como exemplo, o empregador ganha em 1ª instância o pedido de alteração da “demissão imotivada” do empregado, para “demissão por justa causa”. No recurso apresentado pelo empregado, o TRT decide, por unanimidade, que a demissão não pode ser alterada para justa causa, uma vez que o empregado não pertence mais ao quadro da empresa, deferindo, ainda, o pagamento ao recorrente dos créditos rescisórios, com a liberação do FGTS, pagamento de multa do parágrafo 8º do artigo 477 da CLT e liberação das guias de seguro-desemprego. Leia a decisão do TRT de 2003 : Demissão imotivada com posterior modificação para justa causa- impossibilidade material. A manifestação da vontade do empregador representada pela dispensa imotivada do empregado, com rompimento 5 imediato, como no caso presente, torna materialmente impossível a transmudação para justa causa, uma vez que o trabalhador não mais pertence ao quadro da empresa. (TRT – 20ª Região; RO nº 303 34-2002-014-20-00-1 Lagarto – SE; ac. Nº 2153/03; Rel. Juíza Rita de Cássia Pinheiro de Oliveira Lima; j. 23/9/2003;v.u). Costumes – é a prática reiterada de atos, em uma dada região, a respeito de um determinado assunto; poderá ser alegada pelo profissional de direito para conduzir a decisão de um caso concreto.Trata-se , portanto, de uma norma não escrita, ou seja, surge da prática reiterada de atos de uma determinada sociedade. Temos como exemplo o cheque pré-datado (texto_chequepredatado.doc). Esse texto encontra-se também em Leituras. Doutrina – são os estudos elaborados pelos juristas a respeito do Direito. Trata-se de publicações especializadas sobre os diversos ramos do Direito. Funcionam como uma fonte de pesquisa para o operador jurídico. Veja algumas doutrinas que poderão enriquecer ainda mais o tema da aula. Doutrinas• Título: Manual de Introdução de Estudo ao Direito Autor: Luiz Antonio Rizzatto Nunes Editora: Saraiva – ano 2002 • Titulo: Introdução ao Estudo do Direito Autor: Tércio Sampaio Ferraz Junior Editora: Saraiva – ano 2003 Obs: As doutrinas, acima citadas, têm como objetivo auxiliar o aluno, e são fonte de pesquisa relacionadas à matéria abordada. Analogia – a palavra significa “semelhança, nivelamento”. Em resumo, analogia é a adaptação de uma situação jurídica que já tenha sido objeto de 6 decisão do Poder Judiciário, para a solução de outra situação jurídica semelhante. Princípios gerais do Direito – “são exigências do ideal de justiça a ser concretizado na aplicação do Direito”. (Instituições de Direito Privado e de Direito Público - Ricardo Teixeira Brancato). Como exemplo, temos o princípio da ampla defesa, de suma importância no mundo Jurídico, pois, é com base nesse princípio que ninguém poderá ser processado/condenado, sem ter o direito de se defender. 1.2. Hierarquia Das Leis A hierarquia das leis é compreendida em nosso ordenamento jurídico como uma pirâmide. Constituição Federal Leis complementares, leis ordinárias; medidas provisórias, leis delegadas; decretos legislativos e resoluções; decretos regulamentares; portarias e circulares. A Constituição Federal é a nossa lei maior; é ela que irá estabelecer qual a norma jurídica adequada para cada assunto, bem como será realizada a aprovação de determinada lei. Fonte: http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=19774 http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=19774 7 Todo ordenamento jurídico deve estar em conformidade com a Constituição Federal, ou seja, se alguma lei for aprovada pelo Congresso Nacional e não estiver de acordo com as normas da Constituição Federal, poderá ser declarada inconstitucional, portanto, não produzirá nenhum efeito. Dessa forma, tenho certeza, que você já pôde perceber que a Constituição Federal é o ponto de partida de todo o ordenamento jurídico e de todas as demais normas, que estão abaixo da Constituição Federal, consideradas normas infraconstitucionais. 1ª Constituição Federal Brasileira - 1824 O seu texto foi promulgado por Dom Pedro I. Ficou em vigor por 65 anos e permaneceu até a Proclamação da República (1889). Foi a constituição de mais longa duração em toda a história brasileira. Nessa época, o Poder Executivo era chefiado pelo Imperador que tinha o auxílio dos Ministros de Estado. O Poder Legislativo, exercido pelo sistema bicameral, (duas casas-Câmara - dos Deputados e Senado). A Câmara era constituída por representantes eleitos pelo povo. O mandato era de quatro anos, enquanto o Senado era composto de membros vitalícios de escolha do Imperador (lista tríplice). O Poder Legislativo tinha a função de guarda da Constituição, bem como de interpretador das leis. Mister se faz esclarecer que, nessa época, não havia um sistema judicial de controle de constitucionalidade. O Judiciário era composto por juízes e jurados. E, por fim, o Poder Moderador era delegado ao Imperador, considerado Chefe Supremo da Nação, com amplos poderes políticos. Principais características da 1ª Constituição • Forma unitária de Estado; • Monarquia (forma de governo); • Território brasileiro dividido em províncias; • O catolicismo como religião oficial do Estado; 8 • Sufrágio censitário (para participar do processo eleitoral era exigido renda mínima anual); • Cargos eleitorais: membro do Conselho Geral da Província, Deputado, Senador. • Quatro poderes políticos: Executivo, Legislativo, Judiciário e Moderador. Renda Mínima Anual Nas eleições para Deputados e Senadores do Império, exigia-se, para ser eleitor, a renda anual de 200 mil réis e, para ser eleito, a de 400 mil. Sufrágio: é um direito público de natureza política, que o cidadão tem de eleger, ser eleito e de participar da organização e da atividade do poder estatal. O sufrágio pode ser universal ou restrito (censitário). Sufrágio universal: todos os nativos de um país têm o direito de votar, sem restrições derivadas de condições de nascimento, de fortuna ou de capacidade especial, existem apenas alguns requisitos relacionados à idade mínima e à necessidade de alistamento eleitoral. Sufrágio restrito: é restrito ou qualificado, porque é apenas conferido o direito de votar e ser votado a indivíduos qualificados por condições econômicas ou de capacidades especiais. Um dos tipos desse sufrágio é o Sufrágio Censitário, que concede o direito de votar e ser votado apenas ao indivíduo que preencha determinada qualificação econômica, ou seja, que tenha posse de bens imóveis, de determinada renda ou pagamento de certa importância de imposto. 2ª Constituição Federal Brasileira - 1891 O Poder Executivo passou a ser exercido pelo presidente da República auxiliado por Ministros de sua confiança. O Poder Legislativo, exercido pelo Congresso Nacional, composto por duas casas legislativas, Câmara dos Deputados e Senado. O Poder Judiciário formado por juízes e tribunais. Nessa ocasião, também foi instituído o Supremo Tribunal Federal, composto por quinze juízes nomeados pelo Presidente da República, após aprovação do Senado Federal. 9 Principais características: • Forma federativa de Estado; • República (forma de governo); • As antigas províncias transformaram-se em estados-membros; • Ampla liberdade de culto (o catolicismo deixou de ser a religião oficial do estado brasileiro); • Ampliação dos direito individuais; • Sistema judicial de controle da constitucionalidade; • Tripartição de poderes políticos (Executivo, Legislativo e Judiciário). 3ª Constituição Federal Brasileira - 1934 Principais características: • Manteve a federação como forma de estado; • Manteve a república como forma de governo; • Manteve a tripartição dos poderes políticos; • Instituição da justiça do trabalho; • Extensão constitucional do direito de voto para as mulheres que exerciam individuais (mandado de segurança e ação popular); • Inovações no sistema de controle de constitucionalidade, que tem validade até os dias de hoje; • Implantação da cláusula da reserva de plenário (os tribunais poderão declarar a inconstitucionalidade de uma lei, somente por maioria absoluta). • Função pública remunerada; • Ampliação dos direitos e garantias 4ª Constituição Federal Brasileira - 1937 Principais características: • Manutenção da federação, república e tripartição de poderes; 10 • Concentração de poderes políticos no Poder Executivo. Com essa Constituição, o Presidente da República podia expedir decretos-leis sobre matérias de competência da União. A Câmara dos Deputados ainda era composta por representantes eleitos pelo povo, e o Conselho Federal (antigo Senado) composto de representantes do Estado e de membros nomeados pelo Presidente da República; • Os direitos e garantias fundamentais foram restringidos e houve alteração no controle de constitucionalidade. 5ª Constituição Federal Brasileira - 1946 Principais características: • Autonomia das entidades federadas; • Restabelecimento do cargo de vice-presidente; • Regime democrático; • Retomada dos direitos e garantias individuais; • Manutenção do controle de constitucionalidade e instituição de um sistema duplo de controle (via de ação e de exceção); • Instituição de sistema parlamentar de governo (emenda nº 4); após plebiscito, o povo brasileiro, por maioria absoluta, optou pelo sistema presidencialista de governo (emenda nº 6). 6ª Constituição Federal Brasileira - 1946 Em 1967, o então Presidente da República, João Goulart, foi derrubado por um golpe militar que ocorreu no mês de março. No mês de abril, a JuntaMilitar editou o primeiro Ato Constitucional, mantendo a Constituição de 1946 com algumas alterações. São elas: • Eleição indireta para Presidente da República; • Aprovação de projetos de lei, sugeridos pelo Presidente da República, por decurso de prazo. • Suspensão das garantias individuais; 11 Essa constituição foi imposta pelo Presidente da República, e o Congresso Nacional não mais possuía legitimidade política para representação da vontade nacional. Contudo, perdurou por dois anos, sendo substituída pela Constituição de 1969. • Extinção dos partidos políticos. 7ª Constituição Federal Brasileira - 1969 Principais características: No ano de 1969, uma Junta Militar assumiu o poder sob o pretexto de que, em época de recesso do Congresso Nacional, o Poder Executivo poderia legislar sobre todas as matérias, assim, a Junta Militar promulgou a emenda Constitucional nº 1, cujo propósito era exatamente a inclusão de atos institucionais na própria lei fundamental de organização do Estado. Mister se faz esclarecer que foram tantas as modificações que, praticamente, foi criada uma nova Constituição. O Supremo Tribunal Federal, por votação unânime, reconheceu que a Constituição Federal de 1967 estava revogada (RTJ, 98:952- 63). Nesse momento histórico, observa Jorge Miguel (1) que "A Constituição de 1969 é a anticonstituição", e que o texto constitucional admitia a existência de duas ordens, uma constitucional e a outra institucional, esta subordinada àquela. (1) in PINHO, Rodrigo César Rebello. Da organização do Estado, dos poderes e histórias das Constituições. 5.ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2003, p. 160. 8ª Constituição Federal Brasileira - 1988 - Atual Principais características: 12 • Manteve a federação; • República como forma de estado e presidencialismo como sistema de governo; • Regime democrático; • Valorização dos direitos fundamentais da pessoa; • Surgimento de novos direitos, denominados interesses difusos e coletivos; • Valorização, ampliação e criação dos direitos sociais; • Extensão de direito ao voto aos analfabetos e menores entre 16 e 18 anos; • Autonomia política dos municípios; • Valorização do Poder Executivo; • Ampliação do controle de constitucionalidade; • Realização de plebiscito para que o povo possa escolher a forma e o sistema de governo; • Realização de revisão constitucional após cinco anos da promulgação; permite a reeleição do Presidente da República, Governadores e Prefeitos; • Extinção da figura do Juiz Classista na Justiça do Trabalho; • Reforma econômica; • Reforma previdenciária. Novos direitos • Direitos do meio ambiente e Direitos do consumidor. • Direitos sociais: Como por exemplo: licença paternidade e aviso prévio proporcional. Poder Executivo A partir desse momento, o Presidente da República passa a não legislar por decretos- leis e os atos legislativos passam a ser aprovados por decurso de prazo. 13 Reeleição Emenda constitucional nº 16 de 1997. Extinção Emenda nº 24 de 1999. Reforma econômica Extinguiu-se a restrição ao capital estrangeiro e abertura de navegação para embarcações estrangeiras. 1.3. Normas infraconstitucionais SEÇAO VIII - DO PROCESSO LEGISLATIVO Subseção I - Disposição geral Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: I - Emendas constitucionais; II - Leis complementares; III- Leis ordinárias; IV- Leis delegadas; V - Medidas provisórias; VI -Decretos legislativos; VII -Resoluções. Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. Leis Complementares - São leis que complementam a Constituição Federal e estão previstas para dar efetividade às suas regras; o próprio legislador disporá que situação será regulamentada pela lei complementar. As leis complementares serão aprovadas mediante maioria absoluta, ou seja, só serão aprovadas se tiverem aprovação da metade e mais um da totalidade dos integrantes de um órgão colegiado. Veja o artigo 69 da CF. SUBSEÇÃO III - DAS LEIS ARTIGO 69 - As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta 14 Emenda Constitucional - é a possibilidade de alterar dispositivos da Constituição Federal. Trata-se de uma manifestação do Poder Constituinte, que foi atribuído ao Poder Legislativo, para efetuar alterações na Constituição Federal, porém, essas emendas são limitadas. Veja o artigo 60, parágrafo 4º da Constituição Federal. SUBSEÇÃO II - DA EMENDA à CONSTITUIÇÃO Artigo 60 - A constituição poderá ser emendada mediante proposta: I- de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II- do presidente da República; III- de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. Parágrafo 1º ... Parágrafo 2º... Parágrafo 3º ... Parágrafo 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - forma federativa de Estado; II- o voto direto, secreto, universal e periódico; III- a separação dos Poderes; IV- os direitos e garantias individuais. Leis Ordinárias - são as leis comuns, como por exemplo: o Código Civil e o Código Penal. Tem previsão constitucional no artigo 47; a sua votação se dá mediante maioria simples, ou seja, a metade mais um dos membros do Congresso Nacional. A maioria simples, ao contrário da maioria absoluta, é calculada em relação aos membros de um órgão colegiado que efetivamente estejam presentes em uma sessão legislativa. Veja o que diz o artigo 47 da CF. TÍTULO IV - DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES Capítulo I Do poder legislativo Seção I - Do Congresso Nacional 15 Artigo 47 - Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada casa e de suas comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros. Leis Delegadas - As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação para o Congresso Nacional, essa delegação que o Congresso Nacional dá ao Presidente da República é feita mediante resolução. Para melhor entendimento podemos dizer que, o Poder Legislativo está delegando poderes ao Chefe do Poder Executivo (Presidente da República) para elaborar determinada lei. Veja o artigo 68 da CF. SUBSEÇÃO III - Das leis Artigo 68 - As Leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. Parágrafo 1º ... I ... II ... III ... Parágrafo 2º - A delegação ao Presidente da República terá forma de resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício. Medidas Provisórias - São atos editados pelo Presidente da República, com força de lei, em casos de urgência e relevância, devendo ser submetidos de imediato ao Congresso Nacional, sob pena de perda da eficácia se não forem convertidas em lei no prazo de 60 dias, que podem ser prorrogadas por uma única vez por igual período. (emenda constitucional 32). A medida provisória substituiu o antigo decreto lei, que tinha validade por 45 dias, e eram aprovados pelo transcurso do prazo, diferentemente da medida provisória, que se não forem apreciadas pelo Congresso nacional pelo prazo acima previsto,serão rejeitadas e não terão nenhum efeito. 16 Conheça o artigo 62 da CF. SUBSEÇÃO III - Das Leis Artigo 62 - Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devem submetê-las de imediato ao Congresso Nacional que, estando em recesso, será convocado extraordinariamente para se reunir no prazo máximo de cinco dias. Decretos Legislativos - essa espécie normativa tem como conteúdo as matérias de competênciaexclusiva do Congresso Nacional. É por decreto legislativo que se referendam os atos do Presidente da República. Em algumas situações, o Presidente da República necessita de prévia autorização do Congresso Nacional para editar alguma norma estabelecida na Constituição Federal. Conheça o artigo 49 da CF. SEÇÃO II - DAS ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL Artigo 49 - é da competência exclusiva do Congresso Nacional: I- resolver definitivamente sobre tratados, acordos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional; II- autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneça temporariamente, ressalvado os casos previstos em lei complementar; III- autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias; IV ........... Decretos Regulamentares - é o veículo de manifestação do Presidente da República, pois, por meio desse instrumento, o Chefe do Poder Executivo exercita suas funções jurídicas. Veja como exemplo o artigo 84, inciso IV da CF. SEÇÃO II - DAS ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA 17 Artigo 84 - Compete privativamente ao Presidente da República: I - ... II- ... III - ... IV- sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; V - .......... Resoluções - "são os atos de competência privativa do Congresso Nacional, Senado Federal e Câmara dos Deputados e, geralmente com efeitos internos, utilizados nos demais casos previstos na Constituição Federal". Veja o artigo 68, parágrafo 2º da CF como exemplo. SUBSEÇÃO III - Das leis Artigo 68 - As Leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. Parágrafo 1º ... I ... II... III... Parágrafo 2º - A delegação ao Presidente da República terá forma de resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício. 1.4. Procedimento Legislativo SUBSEÇÃO III Das Leis Artigo 61 - A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara do Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal 18 Projeto de lei iniciado pela Câmara dos Deputados (casa iniciadora) terá votação no Senado (casa revisora). Projeto de lei iniciado pelo Senado Federal (casa iniciadora) terá a Câmara dos Deputados como casa revisora. Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição. Artigo 61, parágrafo 2º - a iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. Como exemplo de lei elaborada pela iniciativa popular, vamos relembrar do assassinato de Daniela Perez, filha da escritora global Glória Perez. Trata-se de um homicídio que ocorreu em 1992. A vítima foi assassinada pelo colega de trabalho, Guilherme de Pádua, em dezembro do referido ano. Os assassinos foram presos, mas, com menos de dois anos de pena cumprida, um dos autores já estava em liberdade, porque o homicídio qualificado era tido como um crime normal; foi aí que a escritora Glória Perez empreendeu uma campanha pública para implementar o projeto, valendo-se da oportuna participação da Rede Globo. Foi realizado um abaixo assinado por todo o Brasil e, por conta disso, o homicídio, desde 07 de setembro de 1994, pela lei nº 8.930/94, passou a ser caracterizado como crime hediondo. Devido a essa iniciativa popular, a aplicação da lei penal nos casos de homicídio, foi majorada. Majorada: aumentar, tornar maior. Se o projeto de lei teve iniciativa na Câmara dos Deputados (casa iniciadora) terá a votação no Senado Federal, a casa revisora; se o Senado Federal aprovar esse projeto de lei, será encaminhado para sanção ou veto do Presidente da República. 19 Um projeto de lei pode ser iniciado pelo Presidente da República, pelos Tribunais Superiores ou por iniciativa popular. Nesses casos, a Constituição Federal estabelece, em seu artigo 64, que, obrigatoriamente, a Câmara dos Deputados deve ser a casa iniciadora e o Senado, a casa revisora. Após votação e aprovação do projeto de lei por ambas as casas legislativas (Câmara dos Deputados e Senado Federal), o texto encaminhado para o Presidente da República estará sujeito à sanção ou veto. O ato de sancionar ou vetar o projeto de lei, estabelecido constitucionalmente no artigo 84,IV e V, é exclusivo do Presidente da República. SANÇÃO -é a aceitação, concordância do Presidente da República com o projeto de lei. A sanção pode ser expressa ou tácita. Será expressa quando o Presidente da República manifestar a sua concordância por escrito, e tácita quando o Presidente deixar de manifestar-se por escrito a respeito do projeto de lei, já que a Constituição Federal prevê essa situação em seu artigo 66, parágrafo 3º. Consulte a legislação. SUBSEÇÃO III Das Leis Artigo 66 - A casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará. Parágrafo 1º ............. Parágrafo 2º ............. Parágrafo 3º - Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da República importará em sanção. • Aquiescer: Consentir, concordar. • Sanção, Expressa e Tácita 20 • Veto - é o ato pelo qual o Presidente da Republica manifesta a sua discordância com o projeto de lei. O veto poderá ser total ou parcial. O veto é total quando o Presidente não concorda com a integralidade do projeto de lei e parcial, quando o Presidente discorda apenas de parte do projeto de lei; nesse último caso, a parte em que houver concordância será promulgada e, posteriormente, publicada; somente a parte que foi vetada retornará ao Congresso Nacional. Finalizando o sistema de aprovação de um projeto de lei , o texto Constitucional faz referência à promulgação e publicação. Promulgação - é o ato pelo qual o Presidente da República atesta a existência de uma lei, porém, essa lei ainda não tem eficácia. Conheça os artigos de Lei. SUBSEÇÃO III Das Leis Artigo- 66... parágrafo 7º - Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo Presidente da República, nos casos dos parágrafos 3º e 5º, o Presidente do Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice- presidente do Senado fazê-lo. Publicação (vigência) - é a comunicação feita a todos (diário oficial) da existência de uma lei, assim como de seu conteúdo. De acordo com o artigo 1º do Código Civil, a lei passa a vigorar em todo o território nacional, 45 dias após a sua publicação, salvo disposição em contrário. 2. República Federativa do Brasil A Constituição, lei maior do País, descreve o que é o Brasil logo no comecinho, no primeiro artigo. Vamos entender o que cada palavra significa? “Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: a soberania; a 21 cidadania; a dignidade da pessoa humana; os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; o pluralismo político.” Somos uma República, ou seja, uma forma de governo onde o chefe de Estado é escolhido pelo povo, normalmente por meio do voto livre e secreto. Em nosso caso, temos o Presidente da República, eleito a cada quatro anos. Somos diferentes, por exemplo, da Monarquia, em que orei é o chefe e fica no trono até morrer, sendo substituído por um filho e assim por diante (regime hereditário). Também somos uma federação, ou seja, a união política de territórios com governo próprio e certa autonomia. O Brasil tem 26 estados e o Distrito Federal, e mais de cinco mil municípios. Todos eles têm seus governantes e suas leis particulares, mas não podem ultrapassar os limites da Constituição Federal. Essa união é indissolúvel. Nenhum estado pode se separar do País. Ah! E apenas o governo federal tem soberania perante os outros países. Somos um Estado Democrático de Direito. Em primeiro lugar, somos uma democracia, um governo do povo. A própria Constituição fala sobre isso: “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente”. Também somos um Estado de Direito. Isso quer dizer que a Constituição e demais leis valem para todos, dos cidadãos comuns às autoridades políticas. Todos devem respeitar os direitos humanos e as garantias fundamentais. Temos soberania. O Brasil é independente dos outros países e tem autoridade própria em seu território. Assim, podemos nos organizar para fazer ou revogar leis, emitir nossa própria moeda, lançar impostos, declarar guerra ou celebrar a paz. A cidadania é um dos nossos fundamentos. O cidadão brasileiro tem direitos e deveres, para que possa participar da vida em sociedade e das decisões do governo, seja como eleitor ou como eleito. A ele, é garantida a liberdade, o direito à justiça e o bem-estar econômico e social. A Constituição também inclui o fundamento do respeito e da consideração de cada cidadão brasileiro por parte do governo e da comunidade, sem discriminação, protegendo-o contra a indignidade, isto é, contra tudo o que for humilhante e desumano. 22 Ao colocar os valores sociais do trabalho como fundamento, a Constituição Federal busca defender os direitos dos trabalhadores, mostrando como eles são importantes para o País. Já a liberdade de iniciativa permite ao cidadão brasileiro realizar qualquer trabalho, ofício, profissão ou atividade econômica que estiver dentro da lei. A palavra “pluralismo” vem de “plural”, que significa “mais de um”. A Constituição brasileira permite que existam vários partidos políticos, com iguais direitos a exercer o poder público, de acordo com a lei. Com isso, grupos diferentes podem mostrar suas ideias e opiniões, respeitando-se uns aos outros. Agora você já está por dentro do que é a República Federativa do Brasil, Plenamigo! O mais legal de entender tudo direitinho é colocar em prática o que está na Constituição. Especialmente o que diz o terceiro artigo: “Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I – construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV – “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.” 2.1. Princípios Fundamentais Da República Federativa Do Brasil A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; 23 III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. 2.2. Origem Do Poder Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos da Constituição. Poderes da União São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Poder Legislativo O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, dispor sobre todas as matérias de competência da União, em especial sobre o sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas, moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal, entre outras atribuições. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro.. Poder Executivo O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado. A eleição do Presidente da República importará a do Vice-Presidente com ele registrado. O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder- lhe, no de vaga, o Vice-Presidente. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice- 24 Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far- se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga. Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional. O mandato do Presidente da República é de quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição. Compete privativamente ao Presidente da República, entre outras atribuições constitucionais: • nomear e exonerar os Ministros de Estado; • exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal; • sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; • vetar projetos de lei, total ou parcialmente; • dispor, mediante decreto, sobre a organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos. Poder Judiciário São órgãos do Poder Judiciário: o Supremo Tribunal Federal; • Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) • o Superior Tribunal de Justiça; • os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; • os Tribunais e Juízes do Trabalho; • os Tribunais e Juízes Eleitorais; • os Tribunais e Juízes Militares; • os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. 25 Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira. 2.3. Objetivos Fundamentais da República Federativa do Brasil Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. 2.4. Relações Internacionais A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; 26 VI - defesada paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político. Bases: Constituição Federal - artigos 1 ao 4, 44 a 57, 76 a 84 e 92 a 99. 3. Sistemas e Formas De Governo "As formas de governo são formas de vida do Estado, revelam o caráter coletivo do seu elemento humano, representam a reação psicológica da sociedade às diversas e complexas influências de natureza moral, intelectual, geográfica, econômica e política através da história." (Darcy Azambuja) Configura-se uma enorme discussão entre formas de governo e formas de estado. Os alemães denominam forma de estado aquilo que os franceses conhecem como forma de governo. Como forma de estado, têm-se a unidade dos ordenamentos estatais; a sociedade de Estados( o Estado Federal, a Confederação, etc) e o Estado simples ou Estado unitário. Como forma de governo, têm-se a organização e o funcionamento do poder estatal, consoante os critérios adotados para a determinação de sua natureza. Os critérios são: a) o número de titulares do poder soberano; b) a separação de poderes e suas relações; c) os princípios essenciais que animam as práticas governativas e o exercício limitado ou absoluto do poder estatal. O primeiro critério tem o prestígio do nome de Aristóteles e sua afamada classificação das formas de governo. Os dois últimos são mais recentes e demonstram a compreensão contemporânea do processo governativo e sua institucionalização social. 27 2.5. Forma De Governo Ou Sistema Político Em ciência política, chama-se forma de governo (ou sistema político) o conjunto de instituições políticas por meio das quais um Estado se organiza a fim de exercer o seu poder sobre a sociedade. Cabe notar que esta definição é válida mesmo que o governo seja considerado ilegítimo. Tais instituições têm por objetivo regular a disputa pelo poder político e o seu respectivo exercício, inclusive o relacionamento entre aqueles que o detêm (a autoridade) com os demais membros da sociedade (os administrados). A forma de governo adotada por um Estado não deve ser confundida com a forma de Estado (unitária ou federal) nem com seu sistema de governo (Monarquismo, presidencialismo, parlamentarismo, dentre outros). Outra medida de cautela a ser observada ao estudar-se o assunto é ter presente o fato de que é complicado categorizar as formas de governo. Cada sociedade é única em muitos aspectos e funciona segundo estruturas de poder e sociais específicas. Assim, alguns estudiosos afirmam que existem tantas formas de governo quanto há sociedades. Segundo Aristóteles Aristóteles descreve o governo com critérios de justiça e objetivos que visam o bem comum. Assim, classifica as formas de governo mediante o número e o poder dado ao(s) governante(s). Segundo Aristóteles eram legítimas, puras - porque visavam o interesse comum - as seguintes formas de governo: • Monarquia - Rei tem poder supremo • Aristocracia - Alguns nobres detém o poder • Democracia ou Politeia - Povo detém o controle político Por sua vez, eram ilegítimas - porque visavam interesse próprio - as seguintes formas que deturpavam a concepção de governo do filósofo - as chamadas formas legítimas citadas acima - corrompendo, assim, a sua essência política: • Tirania - Poder supremo obtido de forma corrupta • Oligarquia - Poder detido por um grupo que o exerce de forma injusta • Demagogia ou Olocracia - Poder exercido por facções populares 28 Depois de Aristóteles muitos outros estudos abordaram este assunto, resultando em formas de governo diferentes, tal como as que Maquiavel considerou: República e Principado. Os escritores políticos romanos acolheram com reservas a classificação de Aristóteles. Alguns como Cícero acrescentaram às formas de Aristóteles uma quarta: a forma mista de governo. O governo misto aparece para a redução dos poderes da monarquia, aristocracia e democracia mediante determinadas instituições políticas, tais como um Senado aristocrático ou uma Câmara democrática. Como forma de exemplificação tem-se a Inglaterra, na qual, o quadro político combina três elementos institucionais: a Coroa monárquica, a Câmara aristocrática e Câmara democrática ou popular; tendo assim, um governo misto exercido pelo "Rei e seu Parlamento". De Aristóteles a Cícero, passemos a Maquiavel, o secretário florentino, que se imortalizou na ciência política com o livro "O Príncipe" no qual ele afirmava que "todos os Estados, todos os domínios que exerceram e exercem poder sobre homens, foram e são, ou Repúblicas ou principados." Com essa afirmação, Maquiavel classifica as formas de governo com somente duas vertentes: República e Monarquia. e Maquiavel vamos para Montesquieu, cuja classificação é a mais afamada dos tempos modernos. Montesquieu distingue três espécies de governo: República, Monarquia e Despotismo; em várias passagens de seu livro O Espírito das leis “ele procura achar um fundamento moral que caracterize as três formas clássicas”. Segundo ele, a característica da democracia é o amor à pátria e à igualdade; da monarquia é a honra e da aristocracia é a moderação. A república compreende a democracia e a aristocracia. Das classificações de formas de governo aparecidas modernamente, depois da de Montesquieu, de ressaltar a da autoria do jurista alemão Bluntschli, que distinguiu as formas fundamentais ou primárias das formas secundárias de governo. Como se vê Bluntschli enumera as formas de governo, à luz de Aristóteles, acrescentando, porém uma quarta: a ideologia ou teocracia, em que o poder é exercido por "Deus". Rodolphe Laun, professor da universidade de Hamburgo, em seu livro LA DEMOCRATIE, fornece uma classificação que 29 permite distinguir quase todas as formas de governo, classificando-as quanto à origem, à organização exercício. Quanto à origem - Governos de dominação Governos democráticos ou populares. Quanto à Organização Governos de Direito > Eleição -> Hereditariedade Governos de fato Quanto ao Exercício Constitucionais Absdutos. A ideia de governo, se entrelaça com a de regime e ideologia dominante. Mediante as ideias é que se irá explicar as formas de governo, sendo que esta faz-se secundária e o que realmente deve importar são as ideologias trazidas para os governos, procurando-se então aqualitá-los. O regime representativo é colocado em prática nos Estados modernos sob modalidades diferentes, cada uma constituindo uma variante da democracia e tendo na linguagem corrente a denominação de formas de governo. 5 As formas de governo a partir do momento que a separação de poder deixou de ter um cunho aristotélico. São elas: governo parlamentar, governo presidencial e governo convencional ou governo de assembleia. As formas de governos foram deduzidas por Barthélemy, baseada nas relações entre os poderes Executivos e Legislativos. Ele deduziu que se a Constituição dá ênfase ao Legislativo, há o governo convencional. No entanto, se a Constituição dá predominância ao Executivo, há o governo presidencial, e se manifestação desses dois poderes for equilibrada, temos o governo parlamentar. Na opinião de Darcy Azambuja, podia-se atingir mais diretamente a característica dessas formas de regime representativo derivando-as do modo pelo qual é exercido o poder Executivo. Se ele gozar de plena autonomia em relação ao legislativo, temos o governo presidencial, em que o Executivo é exercido pelo Presidente da República, como um verdadeiro Poder de Estado, sem qualquer subordinação jurídica ou política ao Legislativo. Mas, quando o Executivo está subordinado completamente ao Legislativo, há o governo de assembleia, e quando sem haver subordinação completa, o Executivo depende da confiança do Parlamento, surge o governo parlamentar ou degabinete. O governo parlamentar assenta fundamentalmente na igualdade e colaboração entre o Executivo e o Legislativo. Já o governo presidencial resulta num sistema de separação rígido dos três poderes: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Diferente das outras formas de regime representativo, o governo 30 convencional se toma como um sistema de preponderância da assembleia representativa, em matéria de governo; com isso, surge também a designação de "governo de assembleia". Com a aparição dessas três formas de governo, em substituição habitual das arcaicas classificações pertinente ao número de titulares do poder soberano, se instituiu num considerável progresso tocante à separação histórica do dualismo monarquia-república. O governo de assembleia apareceu durante a Revolução Francesa, com a Convenção Nacional e na atualidade, com o nome de governo diretorial ou colegiado, só existe na Suíça. Neste país, o Legislativo é formado pele Assembleia Federal e o Executivo pelo Conselho Federal (Bundesrat). O Conselho Federal é composto por ministros eleitos pela assembleia por três anos e um deles é o Presidente da República. Esse poder Executivo é simplesmente um corpo de comissários da Assembleia; ela é que dá impulso à administração e governa o Estado. As resoluções do Conselho podem ser modificadas e mesmo anuladas pelo Legislativo. Assim dispõe a Constituição suíça, se bem que na realidade o Conselho goza de certa autonomia e é afinal um governo semelhante aos dos Estados parlamentares. O governo presidencial caracteriza-se pela independência dos Poderes, mas essa independência não no sentido de oposição e separação entre eles e sim no sentido de não haver subordinação de um para o outro. A característica essencial do sistema presidencial é que o Poder Executivo é exercido de maneira autônoma pelo Presidente da República, que é um órgão do Estado, um órgão representativo como o Parlamento, pois, como este, é eleito pelo povo. O sistema presidencialista foi criado pela constituição dos Estados Unidos da América do Norte, em 1787, e depois adotado por todos os Estados do continente, com ligeiras modificações. Nessa forma de governo, o Presidente da República assume uma posição "autoritária" no que diz respeito ao poder de veto, isto é, negar aprovação a leis feitas pelo Legislativo, caso em que este terá de votá-las novamente, só se tornando obrigatórias se aprovadas por dois terços dos membros do Parlamento. O governo parlamentar foi uma criação da história política da Inglaterra. 31 O governo de gabinete, refletiu exatamente, na sua formação e evolução, as vicissitudes e peculiaridades do ambiente jurídico e político daquele país. À margem dos textos constitucionais, o governo de gabinete organizou-se e evoluiu conforme tendências que cada vez mais se acentuaram e precisaram, tornando-se a forma de governo quase unânime na Europa. 2.6. República Primeiro período republicano no Brasil, também chamado de I República, e dura de 1889 a 1930. É controlado pelas oligarquias agrárias de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, ligado à cultura cafeeira. De 1889 a 1894, o Brasil é dominado pelos setores militares envolvidos diretamente na proclamação da República. Chefe do governo provisório, o marechal Deodoro da Fonseca assume a Presidência em 1891. Desfavorecido pela oposição do Congresso a sua política econômica, Deodoro renuncia em novembro do mesmo ano. Seu vice, Floriano Peixoto, assume o governo e usa o apoio popular para radicalizar a luta contra os monarquistas. Presidente civil - Republicano histórico, Prudente de Morais, que governa entre 1894 e 1898, inaugura a fase dos governos civis e a sucessão de presidentes eleitos pelo Partido Republicano Paulista (PRP) - Campos Salles (de 1898 a 1902) e Rodrigues Alves (1902 a 1906) - e pelo Partido Republicano Mineiro (PRM) - Afonso pena (1906 a 1909) e Venceslau Brás (1914 a 1918). Formado pelas oligarquias paulistas, mineira e fluminense, o núcleo central do republicanismo controla as eleições, faz presidentes e domina o país. Política dos governadores - Com a intenção de garantir o domínio das grandes oligarquias sobre a república, o paulista Campos Salles monta um esquema de poder que fica conhecido como "política dos governadores": o Presidente da República dá suporte aos candidatos oficiais nas disputas estaduais e os governadores apoiam seu indicado nas eleições presidenciais. Para dar certo, o plano depende do poder dos coronéis sobre o eleitorado local e do controle da comissão de Verificação de Poderes do Congresso Nacional, responsável pelos resultados eleitorais finais e pela 32 diplomação dos eleitos. "Café-com-leite" - Com a política econômica voltada à cafeicultura e os governadores garantindo a sustentação das oligarquias regionais, implanta-se a "república do café-com-leite" - alusão à aliança que alterna paulistas e mineiros no poder. Nem o governo de marechal Hermes da Fonseca (1910 a 1914), dominado pelo senador gaúcho Pinheiro Machado e seu programa de "salvações militares", abala aliança. Na verdade, as "salvações" não passam de intervenções do governo federal nos estados (Bahia, Alagoas, Pernambuco, Ceará) para substituir as oligarquias de oposição por grupos políticos aliados ao poder central. Divisões - As primeiras rachaduras nessa estrutura aparecem no final da década de 1910. Em 1918, o paulista Rodrigues Alves é eleito para suceder o mineiro Venceslau Brás. Rodrigues Alves morre antes da posse e paulistas e mineiros não chegam a um acordo para a substituição. Lançam, então, o paraibano Epitácio Pessoa, que governa de 1919 a 1922. Seu sucessor é mineiro Artur Bernardes (1922 a 1926), que não tem a unanimidade de paulistas e mineiros. Bernardes desperta uma oposição militar que desemboca nas revoltas tenentistas, tendo de governar sob estado de sítio. O paulista Washington Luís (1926 a 1930) também assume a presidência sem a sustentação das lideranças de seu estado. Enfrenta o endividamento interno e externo do país, a retração das exportações e, a partir de 1929, os problemas provocados pela crise econômica mundial. Aliança Liberal - Pela política do "café-com-leite", cabe ao PRM indicar o candidato à sucessão de Washington Luís. O partido já tem um nome, o do governador de Minas Gerais, Antônio Carlos. Sustentado pelo PRP, o presidente lança o nome de Júlio Prestes, governador de São Paulo. O gesto rompe o acordo das oligarquias paulista e mineira. Com o apoio do Rio Grande do Sul e da Paraíba, o PRM compõe a Aliança Liberal, que parte para a disputa tendo o gaúcho Getúlio Vargas para presidente e o paraibano João Pessoa para vice. Em abril de 1930, a chapa de Júlio Prestes vence a eleição. Inconformados, os aliancistas fazem a revolução de 1930, que põe fim à República Velha. 33 2.7. Monarquia e República Monarquia e República são as duas formas de governo que predominam atualmente. Na Monarquia o poder é exercido pelo rei, que é sucedido por descendência. Nessa forma de governo não existe limite temporal, de modo que o seu governante o monarca exerce o cargo até a sua morte ou abdicação. A Monarquia pode ser Absoluta ou Constitucional. Na primeira, o poder é ilimitado, absoluto conforme sugere sua denominação. Quanto à Monarquia Constitucional também chamada de Monarquia Parlamentarista o governo é exercido pelo cargo do primeiro-ministro. No que respeita à República o poder é exercido por um presidente no caso do presidencialismo ou primeiro-ministro no caso do Parlamentarismo eleitos por meio de eleições diretas (diretamente por voto popular) ou indiretas (por representantes escolhidos pelo povo, que compõem o chamado colégio eleitoral). Tanto as funções do presidente como a do primeiro-ministro são desempenhadas por um prazo determinado. Ainda que realmenteMachiavelli não haja reduzido as formas de governo a duas, são a monarquia e a república os dois tipos comuns em que se apresenta o governo nos Estados modernos. Se ainda há aristocracias, não há mais governos aristocráticos, e os outros tipos da classificação de Aristóteles não são formas normais, como o grande filósofo mesmo acentuou. No entanto, são tão complexas as relações que estabelecem entre os órgãos do Estado, são tão sutis às vezes as mudanças que separam uma de outra forma, que não é fácil conceituar rigorosamente a forma republicana e a monárquica. No conceito clássico, e verdadeiro afinal, monarquia é a forma de governo em que o poder está nas mãos de um indivíduo, de uma pessoa física. "Monarquia é o Estado dirigido por uma vontade física. Esta vontade deve ser juridicamente a mais alta, não deve depender de nenhuma outra vontade", disse Jellinek (L'État moderne, vol. II, p. 401.) Substituindo o adjetivo impróprio "física" por "individual", temos a definição corrente de monarquia. Acontece, porém, que somente, nos governos absolutos se encontra o Estado dirigido por uma única vontade individual, que seja a mais alta e não dependa de nenhuma outra. A definição, pois, não se aplica aos Estados modernos. 34 Dir-se-á, então, que não há mais monarquias, de vez que modernamente o órgão supremo do poder não é nunca um indivíduo só, e a vontade dos reis não é nunca a mais alta e independente de qualquer outra? Porque, de fato, nas monarquias modernas, todas limitadas e constitucionais, o rei, ainda quando governe, não governa sozinho, sua autoridade é limitada pela de outros órgãos, coletivos quase sempre, como por exemplo os Parlamentos. E a verdade é que os reis modernos "reinam, mas não governam", segundo o aforismo tradicional, e por isso mesmo são irresponsáveis. De qualquer forma, não dirigem o Estado sozinhos, nem sua vontade é a mais alta e independente. Na melhor das hipóteses, é a sua vontade juntamente com a de outros órgãos criados pela Constitui- ção que dirige o Estado; quase sempre são esses outros órgãos, Ministério e Parlamento, que dirigem o Estado. Muitos escritores têm procurado definir os traços característicos da monarquia e, assim, distingui-la da república, cuja conceituação também é difícil. Artaza entende que "monarquia é o sistema político em que o cargo de chefe do Poder Executivo é vitalício, hereditário e irresponsável, e a república é o sistema em que o citado cargo é temporário, eletivo e responsável". Se nos ativéssemos apenas ao texto das Constituições das monarquias e repúblicas modernas o ponto de vista do autor espanhol seria plenamente satisfatório, pois ali se declara que o rei ou o Presidente da República é o chefe do Poder Executivo. Acontece, porém, que de fato, nas monarquias e repúblicas de governo parlamentar, nem o rei nem o presidente são os chefes do Poder Executivo; essa função na realidade cabe aos Primeiros-Ministros ou Presidentes do Conselho. Desta sorte, a definição harmonizar-se-ia somente com os textos das Constituições e não com a realidade. Parece, pois, que uma noção, ao mesmo tempo formal e material, de monarquia e república seria esta: nas monarquias o cargo de Chefe do Estado é hereditário e vitalício; nas repúblicas, o cargo de Chefe do Estado é eletivo e temporário. A irresponsabilidade não pode ser um caráter distintivo porque, se nas repúblicas de governo parlamentar o Presidente é politicamente irresponsável, não se dá o mesmo nas de governo presidencial, como veremos ao tratar destas novas modalidades. Ao nosso ver, o conceito de república foi resumido 35 pelo grande Rui Barbosa que inspirado nos constitucionalistas americanos, disse ser a forma de governo em que além de "existirem os três poderes constitucionais, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, os dois primeiros derivem, realmente, de eleição popular". É verdade que o Poder Executivo nas repúblicas parlamentares não é exercido pelo Presidente e sim pelo Gabinete, que não é eleito mas nomeado. No entanto, como esse Gabinete, para se manter, depende da confiança do Parlamento, pode-se considerar que ele deriva, pelo menos indiretamente, de eleição popular. O que é certo é que não há uma definição cuja compreensão e extensão se adapte exclusiva e perfeitamente às duas formas de governo. Por isso, a noção que lembramos, de que na monarquia o cargo de Chefe do Estado é hereditário e vitalício e nas repúblicas temporário e eletivo, talvez seja a que melhor satisfaça. Todos os demais traços de ambas as formas são variáveis e nenhum é absolutamente exclusivo a uma delas. Até mesmo a eletividade não é característico exclusivo da república, dado que houve monarquias eletivas. Modalidades de Monarquia e República Costumam os autores distinguir algumas espécies de monarquia e de república. Assim, haveria monarquias eletivas e hereditárias, de que acima falamos; e monarquias absolutas e constitucionais, de que tratamos também na classificação do parágrafo anterior. Quanto à posição do monarca, Jellinek distingue três modalidades: a) o rei é considerado deus ou representante de Deus, como acontecia nas monarquias orientais e mesmo quanto aos monarcas medievais, que se davam como os representantes divinos; b) o rei é considerado proprietário do Estado, como acontecia na época feudal, em que os reis dividiam o Estado entre os herdeiros; c) o rei é o órgão do Estado, é um quarto poder, como acontece nas monarquias modernas em que o monarca representa a tradição, é um elemento moral, um poder moderador entre os demais poderes. Quanto às repúblicas, geralmente são classificadas em aristocráticas e democráticas. Nas primeiras, o direito de eleger os órgãos supremos do poder reside em uma classe nobre ou privilegiada, com exclusão das classes 36 populares. É o que se dava nas Repúblicas italianas de Veneza, Florença, Gênova, etc. Na república democrática o direito de eleger e ser eleito pertence a todos os cidadãos, sem distinção de classe, respeitadas apenas as exigências legais e gerais quanto à capacidade de praticar atos jurídicos. É a democracia propriamente dita. Quanto à distinção entre repúblicas unitárias e federativas, é matéria diversa; não são formas de governo, pois o unitarismo e o federalismo são formas de Estado. 9 Em síntese, poderíamos definir a república democrática nestes termos: é uma forma do regime representativo em que o Poder Legislativo é eleito pelo povo, e o Poder Executivo é eleito pelo povo, ou pelo Parlamento ou nomeado pelo Presidente da República mas depende de aprovação do Parlamento. 2.8. Presidencialismo e Parlamentarismo O Presidencialismo e o Parlamentarismo são os principais tipos de Democracia. No Presidencialismo o presidente tem poderes executivos e desempenha os cargos de Chefe de Estado (representa a nação num âmbito internacional) e de Chefe de Governo (administra internamente a nação). No Parlamentarismo, por sua vez, o Chefe de Governo é chamado de primeiro-ministro, todavia os poderes estão a cargo dos Parlamentares (deputados). 2.9. Pelo Mundo O estudo e a reflexão sobre essa matéria fez com que ela se expandisse, de modo que atualmente são adotados pelo mundo diferentes regimes e sistemas políticos. Vejamos: • Arábia Saudita - Monarquia Absoluta – Teocracia Teocracia Das classificações de Formas de Governo aparecidas modernamente é de ressaltar a de autoria do jurista alemão Bluntschli que distinguiu as formas fundamentais ou primárias de governo das secundárias. A primária atendeu à qualidade do regente, ao passo que na secundária o critério a que obedeceu era o da participação que tem no governo os governados. São 37 Formas fundamentais: a monarquia, a aristocracia, a democracia e a ideocracia ou teocracia. Com efeito, assevera esse pensador que há sociedades políticasorganizadas onde a concepção do poder soberano não reside em nenhuma entidade temporal, em nenhum ser humano, singular ou plural, senão que se afirma ter uma soberania por ser uma divindade. Consequentemente, em determinadas formas de sociedade impera uma doutrina teológica da soberania. Não se deve, por conseguinte, menosprezar semelhantes modelos de sociedade, onde a teoria do poder político, debaixo da imperação sobrenatural, forma um sistema governativo de teor sacerdotal. A teocracia como forma de governo, segundo Bluntschli, degenera na idolocracia: a veneração dos ídolos, a práticas de baixos princípios religiosos extensivos à ordem política, consequentemente se perverti. A teocracia é um ordenamento político pelo qual o poder é exercido em nome de uma autoridade divina, por homens que se declaram seus representantes na Terra. Bem característica do Sistema Teocrático, é a posição preeminente reconhecida a hierarquia sacerdotal, que direta ou indiretamente controla toda vida social em seus aspectos sacros e profanos. A subordinação das atividades e dos interesses temporais aos espirituais, justificada pela necessidade assegurar antes de qualquer outra coisa a "salus aninarum" dos fiéis, determina a subordinação do Laicato ao clero: a teocracia que etimologicamente significa "Governo de Deus" traduz-se assim em hierocracia, ou seja, em Governo da casta sacerdotal, à qual, por mandato divino, foi confiada a tarefa de prover, tanto a salvação eterna como o bem estar material do povo. Não faltam na história, exemplos de regimes teocráticos: o TIBETE DE DALAI LAMA, o Japão Imperial, o Egito Faraônico, e em termos bastantes conspícuos a organização política do povo hebreu. Pelo que tange a civilização ocidental, a tentativa mais séria de dar vida a um modelo político-teocrático deu-se entre o final do século XI e o início do século XIV opor obra do papado. A subordinação ratuone fenuim do poder temporal ao poder espiritual dá vida a um sistema de relações entre Igreja e Estado, no qual este último é vedada urgência no que diz respeito às pessoas e aos bens eclesiásticos pertencentes à esfera das realidades espirituais. 38 Dessa forma caem por terra todas às intervenções da autoridade cure na organização interna da Igreja que caracterizam os últimos séculos do Império Romano e mais tarde do Império Carolíngio: a eleição do pontífice, a nomeação dos bispos, a administração dos bens eclesiásticos voltam a ser problemas de exclusiva competência da Igreja. Sempre, pela mesma razão, se afirma o princípio de que as propriedades da Igreja estão isentas se qualquer imposto fiscal a favor do Estado, os eclesiásticos estão isentos da obrigação de prestar serviço militar e, se envolvidos em controvérsias civis ou pessoais, tem o direito de ser julgados por tribunais da Igreja. A Reforma Protestante, ao romper a unidade religiosa europeia, marca o acaso definitivo do sistema teocrático: aos seus princípios está legada a teoria da protestas indireta ecclesia e in temporalibus, foi elaborada no século XVI por Billarmino Suarez e se tornou a doutrina oficial da Igreja em matéria de relações com Estado. Com base nesta teoria, a Igreja conservou o poder de julgar e condenar a atividade do Estado e dos soberanos todas as vezes em que a mesma puser de qualquer maneira em perigo a salvação das almas. • China - República Popular • Estados Unidos da América - República Presidencialista • Japão - Monarquia Constitucional • Líbia - República Parlamentarista • Reino Unido - Monarquia Constitucional http://www.ceap.br/material/MAT0309201392912.pdf http://www.ceap.br/material/MAT0309201392912.pdf 39 2.10. No Brasil Entre 1882 e 1889 o Brasil passou pelo período monárquico. Posteriomente, com o golpe de 15 de Novembro de 1889, a forma de governo em vigor é a República Presidencialista. Entre 1961 e 1963 a forma de governo no nosso país foi o Parlamentarismo. No dia 15 de Novembro é recordada a data histórica da proclamação da república no nosso país, cujo primeiro presidente foi o Marechal Deodoro da Fonseca. 3. Poderes Da República Federativa Do Brasil O Brasil adotou, desde um plebiscito em 1993, o regime de República Constitucional Federativa Presidencialista, que o divide na tripartição de poderes como em qualquer outro país democrático. Porém, na execução, implementação e divisão de atribuições, o Brasil tem as suas particularidades. Dentro do conceito de República Federativa, o Brasil é dividido em 26 estados federativos e um Distrito Federal, onde se situa a capital, Brasília. Cada estado federativo e o Distrito Federal apresenta a divisão de poder em esferas estaduais, que convergem de acordo com as conveniências regionais, de maneira a não ferir a isonomia nacional. No Brasil, acontece uma particularidade em relação aos três poderes, quando se fala de Ministério Público da União, pois esse é um órgão que exerce um poder considerável na estrutura social e política do país, uma vez que age como um órgão regulador e defensor da ordem pública e jurídica da sociedade, dividindo-se em sua estrutura em outros ministérios públicos. Alguns teóricos consideram o Ministério Público como uma espécie de quarto poder na estrutura nacional. Podem-se obter mais informações acerca do MPU na página oficial do órgão. Nos subtópicos a seguir, (canto superior esquerdo da tela), trataremos da estrutura da divisão dos poderes no Brasil. 40 3.1. Poder Judiciário O Poder Judiciário do Brasil é o conjunto dos órgãos públicos aos quais a Constituição Federal brasileira atribui a função jurisdicional. O Poder Judiciário é regulado pela Constituição Federal nos seus artigos 92 a 126. Em geral, os órgãos judiciários brasileiros apresentam duas funções. O primeiro é a função jurisdicional, também chamada jurisdição, que é o poder- dever e da prerrogativa de compor os conflitos de interesses em cada caso concreto, através de um processo judicial, com a aplicação de normas gerais e abstratas, transformando os resultados das ações em lei. Uma das manifestações ou espécies da jurisdição se dá no controle de constitucionalidade. Tendo em vista que as normas jurídicas só são válidas se conformarem à Constituição Federal, a ordem jurídica brasileira estabeleceu um método para evitar que atos legislativos e administrativos contrariem regras ou princípios constitucionais. A Constituição Federal adota, para o controle da constitucionalidade, dois sistemas: 1º difuso - todos os órgãos do Poder Judiciário podem exercê-lo e suas decisões a esse respeito são válidas apenas para o caso concreto que apreciam; 2º concentrado em alguns casos, os ocupantes de certos cargos públicos detêm a prerrogativa de arguir a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, federal ou estadual, perante o Supremo Tribunal Federal, por meio de ação direta de inconstitucionalidade. Nesse caso, a decisão favorável ataca a lei ou ato normativo em tese. Analogamente, há outros agentes públicos legitimados à arguição de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo estadual ou municipal, em face de dispositivos da Constituição Estadual, perante o respectivo Tribunal de Justiça. Os seguintes órgãos do Poder Judiciário brasileiro exercem a função jurisdicional: No estudo Ciência Politica o ramo executivo do governo é a única autoridade e responsabilidade para a administração diária da burocracia do Estado. A divisão de poder em diferentes ramos do governo é fundamental para a ideia democracia. Em muitos países o termo "governo" conota apenas o ramo executivo. No entanto, esta ambiguidade não consegue diferenciar entre formas de 41 governo despótica e democrática. Nos sistemas autoritários (como uma ditadura ou monarquia absoluta, onde os diferentes poderes do governo são assumidos por uma única pessoa), o ramo executivo deixa deexistir, pois não existe qualquer outro ramo separado com o qual partilhar mas iguais poderes governamentais. A separação do poder do sistema de poderes é projetada para distribuir autoridade afastada do poder executivo - uma tentativa de preservar liberdade individual, em resposta a liderança tirânica ao longo da história. O executivo não é suposto para fazer leis (o papel da Legislatura), ou interpretá-las (o papel do judiciário). O papel do executivo é o de fazer cumprir a lei, tal como escrito pela Legislatura e interpretado pelo sistema judicial. Os seguintes órgãos do Poder Judiciário brasileiro exercem a função jurisdicional: •Supremo Tribunal Federal •Conselho Nacional de Justiça •Superior Tribunal de Justiça •Superior Tribunal Militar •Tribunal Superior do Trabalho •Tribunal Superior Eleitoral •Tribunais Regionais Federais e juízes federais •Tribunais e juízes do Trabalho •Tribunais e juízes eleitorais •Tribunais e juízes militares •Tribunais e juízes dos estados, do Distrito Federal e dos territórios. 42 3.2. Poder Executivo Poder executivo é o poder do Estado que, nos moldes da constituição de um país, possui a atribuição de governar o povo e administrar os interesses públicos, cumprindo fielmente as ordenações legais. O executivo pode assumir várias diferentes faces, conforme o local em que esteja instalado. No presidencialismo, o líder do poder executivo, denominado Presidente, é escolhido pelo povo, para mandatos regulares, acumulando a função de chefe de estado e chefe de governo. Já no sistema parlamentarista, o executivo depende do apoio direto ou indireto do parlamento para ser constituído e para governar. Este apoio costuma ser expresso por meio de um voto de confiança. Não há, neste sistema de governo, uma separação nítida entre os poderes executivo e legislativo, ao contrário do que ocorre no presidencialismo. O parlamentarismo distingue os papéis de chefe de estado e chefe de governo, ao contrário do presidencialismo, onde os dois papéis são exercidos pela mesma pessoa. No parlamentarismo, o chefe de estado normalmente não detém poderes políticos de muita importância, desempenhando um papel principalmente cerimonial como símbolo da continuidade do Estado. Nas repúblicas parlamentaristas, o chefe de estado é eleito pelo voto popular ou nomeado pelo parlamento, por prazo determinado (geralmente com o título de Presidente da República); nas monarquias parlamentaristas, o chefe de estado é o monarca, geralmente um cargo hereditário. Já o chefe de governo, com o título de primeiro-ministro (ou, em alguns casos, presidente do governo ou chanceler), efetivamente conduz os negócios do governo, em coordenação com os demais ministros membros do gabinete. Há também o semi-presidencialismo, que é uma forma de governo onde o Presidente cuida das relações exteriores, e o Primeiro-Ministro das relações internas, sempre sob observação do Presidente. No estudo ciência política o ramo executivo do governo é a única autoridade e responsabilidade para a administração diária da burocracia do Estado. A divisão de poder em diferentes ramos do governo é fundamental para a ideia democrática da separação de poderes. 43 Em muitos países o termo "governo" conota apenas o ramo executivo. No entanto, esta ambiguidade não consegue diferenciar entre formas de governo despótica e democrática. Nos sistemas autoritários (como uma ditadura ou monarquia absoluta, onde os diferentes poderes do governo são assumidos por uma única pessoa), o ramo executivo deixa de existir, pois não existe qualquer outro ramo separado com o qual partilhar mas iguais poderes governamentais. A separação do poder do sistema de poderes é projetado para distribuir autoridade afastada do poder executivo - uma tentativa de preservar liberdade individual, em resposta a liderança tirânica ao longo da história. O papel do executivo é cumprir a lei, tal como escrito pela Legislatura e interpretado pelo sistema judicial. 3.3. Poder Legislativo O Poder Legislativo federal no Brasil é composto pela Câmara dos Deputados e Senado, que representam respectivamente o povo brasileiro, os Estados e o Distrito Federal e também faz parte do Poder Legislativo, o Tribunal de Contas da União (TCU), responsável pelo controle e fiscalização da administração pública. O Senado representa as unidades federativas. A Câmara dos Deputados discute a aprovação de leis sobre diversos temas, além de fiscalizar o uso dos recursos arrecadados pelo povo. Agora confira alguns significados de termos: Mesa diretora – tem a atribuição de dirigir os trabalhos legislativos e os serviços administrativos da Câmara dos Deputados; • Plenário – é o órgão máximo de boa parte das decisões da Câmara dos Deputados, ou seja, a última instância de grande parte das deliberações; • Comissões – são órgãos colegiados auxiliares do processo legislativo. Destinadas a apreciar tecnicamente a matéria sob deliberação do Poder Legislativo; 44 • Comissões Permanentes – nenhuma pode ter menos de três e meio (17 Deputados) ou mais de doze (61 Deputados). Nenhum Deputado pode ser titular de mais de uma comissão permanente, exceto das Comissões de Segurança Pública e de Legislação Participativa; • Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) – investigam fato determinado que tenha relevante interesse para a vida pública e a ordem jurídica, econômica e social do País. • Comissões Externas – permitem o desempenho de funções parlamentares específicas fora da Câmara dos Deputados; • Proposta de Emenda à Constituição - propõe a alteração do texto original da Constituição Federal; • Projeto de Lei Ordinária - são as leis gerais ou comuns. Necessita da sanção do Presidente da República para ser transformado em lei; • Medidas Provisórias - são normas temporárias, mas com força de lei. São editadas pelo Presidente da República e somente convertem-se em lei a partir da sua aprovação pelo Congresso Nacional; • Projetos de Decretos Legislativos e Projetos de Resoluções - tratam de matérias relacionadas às competências do Congresso Nacional ou de suas Casas e, portanto, não estão sujeitas à sanção ou veto presidencial; • Leis Delegadas – são aquelas emitidas pelo Presidente da República, mas mediante expressa permissão do Poder Legislativo. 4. Noções de Direito Empresarial e do Trabalho 4.1. Direito Empresarial Nos dias atuais, observamos certa estabilidade em torno do conceito de Direito Empresarial. Todavia, ao longo da história, que será mais 45 detalhadamente abordada no próximo item, percebemos que muitas foram as transformações sofridas por esse importante ramo do Direito Privado, inclusive em sua nomenclatura* que deixou de ser Direito Comercial para se chamar Direito Empresarial, esta última mais ampla e concatenada com a moderna noção de “comércio”. Estritamente vinculada à concepção de comércio, suas práticas e seus atores, o Direito Comercial, hoje Empresarial, foi criado e desenvolvido para fomentar, tornar estável e regulamentar as práticas a estes inerentes e, em razão disso existe. Por Direito, dentre tantas definições possíveis, variáveis ao sabor das diversas escolas jurídicas, temos: Direito é o conjunto das regras sociais que disciplinam as obrigações e poderes referentes à questão do meu e do seu, sancionadas pela força do Estado e dos grupos intermediários. (FRANÇA, 1994, p. 7). Evolução Histórica A atividade comercial, mesmo que rudimentar, era baseada no escambo e já existia desde a antiguidade e junto com ela coexistiam institutos pertinentes ao Direito Comercial, como o empréstimo a juros e os contratos: de sociedade, de depósito e de comissão no Código de Hamurabi, ou o empréstimo a risco na Grécia antiga. Só na Idade Média ocorreu a formação e o desenvolvimento
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