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Autores: Prof. Edson Mota dos Santos Profa. Maria José Teixeira Colaboradores: Prof. Alexandre Laurindo Fernandes Profa. Christiane Mazur Doi Contabilidade Professores conteudistas: Edson Mota dos Santos / Maria José Teixeira Edson Mota dos Santos Graduado em Ciências Contábeis pela Universidade Ibirapuera em 1989. Pós-graduado em Gerência Financeira em 1992 e mestre em Administração de Empresas em 2000 pela mesma universidade. Cursou doutorado na Florida Christian University em 2011. Professor titular da Universidade Paulista (UNIP). Maria José Teixeira Mestre e graduada em Ciências Contábeis pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e licenciada pela Faculdade de Educação Campos Salles. Experiência nas áreas de contabilidade societária, contabilidade tributária, custos e controladoria. Coordenadora-geral do curso de Ciências Contábeis e professora adjunta I da Universidade Paulista (UNIP). © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. U515.35 – 22 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) S237c Santos, Edson Mota dos Contabilidade / Edson Mota dos Santos. Maria José Teixeira. São Paulo: Editora Sol, 2022. 148 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 1. Patrimônio. 2. Demonstrações. 3. Indicadores. I. Teixeira, Maria José. II. Título. CDU 657 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Profa. Sandra Miessa Reitora em Exercício Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez Vice-Reitora de Graduação Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini Vice-Reitora de Administração Prof. Dr. Paschoal Laercio Armonia Vice-Reitor de Extensão Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades do Interior Unip Interativa Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Vannini Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático Comissão editorial: Profa. Dra. Christiane Mazur Doi Profa. Dra. Angélica L. Carlini Profa. Dra. Ronilda Ribeiro Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista Profa. Deise Alcantara Carreiro Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Ricardo Duarte Ana Fazzio Sumário Contabilidade APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 10 Unidade I 1 CONCEITO, OBJETO E OBJETIVO DA CONTABILIDADE ........................................................................ 13 1.1 Conceito de contabilidade ................................................................................................................ 13 1.2 Objeto da contabilidade .................................................................................................................... 14 1.3 Objetivo da contabilidade ................................................................................................................. 15 2 ESTUDO DA FORMAÇÃO DO PATRIMÔNIO E DO RESULTADO ....................................................... 16 2.1 Introdução ao balanço patrimonial .............................................................................................. 16 2.1.1 Ativo ............................................................................................................................................................. 16 2.1.2 Passivo ......................................................................................................................................................... 16 2.1.3 Patrimônio líquido .................................................................................................................................. 17 2.1.4 Equação fundamental do patrimônio ............................................................................................ 17 2.2 Estudo das contas ................................................................................................................................ 18 2.2.1 Conceito...................................................................................................................................................... 18 2.2.2 Classificação das contas ....................................................................................................................... 19 2.3 Apuração do resultado do exercício ............................................................................................. 20 2.4 Escrituração: registro das operações contábeis ....................................................................... 21 2.4.1 Livros contábeis ....................................................................................................................................... 21 2.4.2 Lançamentos contábeis ........................................................................................................................ 22 2.4.3 Método das partidas dobradas .......................................................................................................... 23 2.4.4 Fórmulas de lançamento contábil ................................................................................................... 24 2.4.5 Lançamento no livro diário de operações que envolvem contas de ativo, passivo e patrimônio líquido ......................................................................................................................... 24 2.4.6 Lançamento no livro-razão de operações que envolvem contas de ativo, passivo e patrimônio líquido ......................................................................................................................... 25 2.4.7 Lançamento no livro diário de operações que envolvem contas de ativo, passivo, patrimônio líquido, receitas e despesas .................................................................................. 26 2.4.8 Exemplo de lançamento no livro diário e no livro-razão de operações que envolvem contas de ativo, passivo, patrimônio líquido, receitas e despesas ................... 28 2.4.9 Regimes contábeis: regime de caixa e regime de competência .......................................... 35 Unidade II 3 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS I ............................................................................................................... 44 3.1 Balanço patrimonial ............................................................................................................................ 46 3.1.1 Conceito e classificação ....................................................................................................................... 46 3.1.2 Estrutura do balanço patrimonial .................................................................................................... 48 3.1.3 Ativo ............................................................................................................................................................ 48 3.1.4 Passivo ......................................................................................................................................................... 52 3.1.5 Patrimônio líquido .................................................................................................................................. 53 3.2 Demonstração do resultado do exercício (DRE) ...................................................................... 56 3.2.1 Conceito da DRE .....................................................................................................................................56 3.2.2 Dispositivo legal da DRE ...................................................................................................................... 57 3.2.3 Estrutura da DRE ..................................................................................................................................... 57 3.2.4 Contas da DRE.......................................................................................................................................... 58 3.3 Demonstração do resultado abrangente (DRA) ....................................................................... 62 3.3.1 Características da DRA ......................................................................................................................... 62 3.3.2 Estrutura da DRA .................................................................................................................................... 63 4 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS II .............................................................................................................. 64 4.1 Demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL) ............................................ 64 4.1.1 Obrigatoriedade ....................................................................................................................................... 64 4.1.2 Conceito e utilidade da DMPL ........................................................................................................... 64 4.1.3 Estrutura da DMPL ................................................................................................................................. 65 4.2 Demonstração dos fluxos de caixa (DFC).................................................................................... 70 4.2.1 Conceito da DFC ...................................................................................................................................... 70 4.2.2 Estrutura da DFC ..................................................................................................................................... 70 4.2.3 Métodos de elaboração da DFC ........................................................................................................ 73 4.3 Demonstração do valor adicionado (DVA) ................................................................................. 83 4.3.1 Obrigatoriedade ....................................................................................................................................... 83 4.3.2 Conceito e objetivo da DVA ................................................................................................................ 84 4.3.3 Estrutura da DVA .................................................................................................................................... 85 4.4 Notas explicativas ................................................................................................................................ 86 Unidade III 5 ATIVIDADE PRÁTICA: PARTE I ..................................................................................................................... 92 5.1 Enunciado do exercício ...................................................................................................................... 92 5.2 Resolução do exercício ....................................................................................................................... 95 6 ATIVIDADE PRÁTICA: PARTE II ..................................................................................................................101 6.1 Apresentação das demonstrações contábeis ..........................................................................101 Unidade IV 7 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS....................................................................................114 7.1 Objetivos e usuários das demonstrações contábeis .............................................................115 7.1.1 Objetivos ...................................................................................................................................................115 7.1.2 Usuários ....................................................................................................................................................115 7.2 Ajustes das demonstrações contábeis para fins de análise ..............................................116 7.3 Demonstrações (relatórios) contábeis utilizadas para análise .........................................116 7.4 Técnicas de análise das demonstrações contábeis ...............................................................117 7.4.1 Análise vertical: balanço patrimonial ...........................................................................................118 7.4.2 Análise vertical: DRE ............................................................................................................................121 7.4.3 Análise horizontal: balanço patrimonial .................................................................................... 123 7.4.4 Análise horizontal: DRE ..................................................................................................................... 125 8 ANÁLISE POR INDICADORES ....................................................................................................................127 8.1 Indicadores de endividamento ou de estrutura de capitais .............................................128 8.1.1 Participação de capital de terceiros ............................................................................................. 128 8.1.2 Composição do endividamento ..................................................................................................... 129 8.1.3 Imobilização do patrimônio líquido ............................................................................................. 129 8.1.4 Imobilização de recursos não correntes ..................................................................................... 130 8.1.5 Dependência financeira ................................................................................................................... 130 8.1.6 Independência financeira ................................................................................................................ 130 8.2 Indicadores de liquidez ....................................................................................................................131 8.2.1 Liquidez geral .........................................................................................................................................131 8.2.2 Liquidez corrente ..................................................................................................................................131 8.2.3 Liquidez seca .......................................................................................................................................... 132 8.2.4 Liquidez imediata ................................................................................................................................. 132 8.3 Indicadores de atividade ou indicadores de prazos médios .............................................133 8.3.1 Prazo médio de recebimento de vendas (PMRV) .................................................................... 133 8.3.2 Prazo médio de renovação de estoques (PMRE) ..................................................................... 134 8.3.3 Prazo médio de pagamento de compras (PMPC) ................................................................... 134 8.3.4 Ciclos de atividade: ciclo operacional (CO) e ciclo financeiro (CF) .................................. 135 8.4 Indicadores de rentabilidade (retorno sobre o investimento) ..........................................136 8.4.1 Giro do ativo (GA) ................................................................................................................................ 136 8.4.2 Margem líquida (ML) ..........................................................................................................................136 8.4.3 Rentabilidade do ativo total (RAT) ................................................................................................ 137 8.4.4 Rentabilidade do patrimônio líquido (RPL) ............................................................................... 137 9 APRESENTAÇÃO Esta disciplina aborda os conhecimentos contábeis essenciais para a gestão dos negócios. Representa o primeiro contato dos estudantes com a elaboração, análise e interpretação dos relatórios contábeis como importantes instrumentos de informação econômico-financeira para a tomada de decisões, o que é cada vez mais exigido do gestor. Ao contrário do que algumas pessoas possam pensar, a contabilidade não é uma ciência exata, mas sim uma ciência social, por ser capaz de tratar do patrimônio de várias pessoas dentro de uma sociedade. Marion (2018b, p. 6) apresenta o conceito de contabilidade da seguinte forma: A contabilidade é uma ciência social, pois estuda o comportamento das riquezas que se integram no patrimônio, em face das ações humanas (portanto, a contabilidade ocupa-se de fatos humanos). Ainda que a contabilidade se utilize de métodos quantitativos, não podemos confundi-la com as ciências matemáticas (ou exatas), que têm por objeto as quantidades consideradas abstratas, que independem das ações humanas. Na contabilidade, as quantias são simples medidas dos fatos que ocorreram em razão da ação do homem. A contabilidade se traduz numa linguagem técnica e formal, pautada em leis, regulamentos e normas brasileiras em correlação com as normas internacionais de contabilidade. Conhecer a linguagem contábil é de suma importância para os profissionais da área e para os usuários da informação contábil, sejam eles internos (gestores) ou externos (investidores, governo e outros interessados). A inclusão da disciplina de contabilidade nos cursos de gestão tem por objetivo: • capacitar o futuro gestor a entender a função da contabilidade e das diversas situações patrimoniais das organizações; • oferecer conhecimentos que possibilitem o acompanhamento da evolução da ciência contábil; • incentivar a atualização no universo científico e profissional; • apresentar a aplicação dos fundamentos contábeis e propiciar a habilidade de elaborar e interpretar demonstrações contábeis. Neste livro-texto, a partir dos conceitos básicos que revestem a atividade contábil, abordaremos o registro de várias operações que dão origem à formação do patrimônio de uma empresa. Após a contabilização das operações, pode-se extrair as demonstrações contábeis e, em seguida, proceder à analise econômico-financeira da empresa. As informações obtidas por meio da análise das demonstrações contábeis permitem estabelecer um diagnóstico ou conclusões para fins de tomada de decisão. 10 Ao término do estudo do conteúdo deste livro-texto, e dentro dos objetivos da disciplina, espera-se que o estudante seja capaz de: • analisar as variações quantitativas e qualitativas ocorridas no patrimônio organizacional; • extrair dos balanços contábeis as informações úteis para a tomada de decisão; • apreender os princípios, técnicas, normas e procedimentos próprios, medindo e interpretando os fatos contábeis da organização. O conteúdo a ser estudado neste livro-texto aplica-se a qualquer empresa, independentemente de porte, ramo de atividade ou tipo de sociedade. Cada vez mais, as empresas exigem agilidade na condução dos seus negócios, e a contabilidade destaca-se por ser uma grande aliada no processo de gestão, fornecendo informações úteis para o planejamento do negócio, a otimização dos resultados e a tomada de decisões acertadas. INTRODUÇÃO Neste livro-texto, iniciaremos a construção do conhecimento contábil de forma gradativa e sequencial. A contabilidade é uma ciência que está permanentemente em desenvolvimento e aperfeiçoamento para atender às necessidades de informação da evolução dos negócios empresariais. Desde a publicação do método das partidas dobradas por Luca Pacioli, em 1494, até a contabilidade internacional, impulsionada pelo fenômeno da globalização, a contabilidade passou por vários estágios de alteração legal e societária. A convergência das normas brasileiras às normas internacionais de contabilidade é uma realidade. Após a criação do International Accounting Standards Board (Iasb), que exigiu a convergência contábil em níveis internacionais, o Brasil criou o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), a fim de elaborar as novas normas brasileiras de contabilidade adaptadas aos padrões internacionais. Saiba mais Para conhecer o CPC, consulte o site da instituição. Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC. Acesso em: 4 abr. 2022. Os usuários da contabilidade sempre se beneficiaram das informações fornecidas por ela, mas as melhoras vieram com a convergência da contabilidade brasileira aos padrões internacionais, o que conferiu maior confiabilidade às demonstrações contábeis ao assegurar a comparabilidade tanto com as demonstrações de períodos anteriores da mesma entidade quanto com as demonstrações de outras entidades. 11 Essa situação nos leva a uma indagação: os gestores utilizam as informações contábeis como fonte segura para tomar decisões? Diante de fatores como crise econômica, concorrência acirrada, disputa de mercados e achatamento de lucros, parece-nos impossível tomar decisões sem a base das informações contábeis. O gestor experiente reconhece que relatórios contábeis alinhados aos padrões internacionais de contabilidade se tornam instrumentos seguros e de grande valia para o processo de tomada de decisão. Deles se extraem informações sobre a real situação econômica e financeira da empresa, que assegurem decisões acertadas e produtivas e, assim, a conquista de vantagens estratégicas e competitivas. A auditoria das demonstrações contábeis também é um fator de segurança. O fato de serem auditadas e legitimadas por auditores independentes reflete uma ação fundamental de confiança. Na unidade I, entraremos em contato com os principais conceitos da contabilidade. Conheceremos o objeto e o objetivo dessa área, passaremos pelo processo de escrituração, e chegaremos ao estudo da formação do patrimônio e do resultado das empresas. Na unidade II, abordaremos as demonstrações contábeis. Concentraremos o estudo nas principais demonstrações contábeis obrigatórias pelo CPC 26 (R1). São elas: balanço patrimonial, demonstração do resultado do exercício, demonstração das mutações do patrimônio líquido, demonstração dos fluxos de caixa e demonstração do valor adicionado. Na unidade III, veremos um exercício de aplicação, ligando a teoria à prática. Na unidade IV, trataremos da análise das demonstrações contábeis. Estudaremos as técnicas de análise frequentemente aplicadas, o cálculo e a interpretação dos índices e indicadores obtidos por essa análise, a fim de ter uma visão geral sobre a situação econômico-financeira e sobre o desempenho da empresa. Esperamos que você aprecie este livro-texto e que, a partir dele, possa não só lidar com os fatos que afetam as situações patrimoniais e causam impacto nas organizações, mas também compreender as demonstrações contábeis como instrumentos relevantes no processo de decisão. Bom estudo! 13 CONTABILIDADE Unidade I 1 CONCEITO, OBJETO E OBJETIVO DA CONTABILIDADE 1.1 Conceito de contabilidade Ao longo dos anos, vários autores da ciência contábil buscaram definir o conceito de contabilidade. No 1º Congresso de Contabilidade, realizado no Rio de Janeiro em 1924, formulou-se o conceito oficial de contabilidade no Brasil: “Contabilidade é a ciência que estuda a prática e as funções de orientação, de controle e de registro relativas aos atos e aos fatos de administração econômica” (CFC, 2016, p. 14). No entanto, mesmo após a definição apresentada no 1º Congresso de Contabilidade, os autores continuaram a propor conceitos próprios. Por exemplo, segundo Iudícibus (2019, p. 1), a contabilidade é umametodologia especialmente concebida para captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer ente, seja pessoa física, entidade de finalidades não lucrativas, empresas, seja mesmo pessoa de direito público, como estado, município, União, autarquia etc. Para entendermos os conceitos aqui mencionados, vamos dividi-los em três funções distintas da contabilidade. • Orientação: elaboração de relatórios contábeis (balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício, por exemplo) por meio dos quais se comunica a situação econômica e financeira da entidade. Podemos dizer que aí está a essência da contabilidade, pois seu objetivo é fornecer informações úteis. • Controle: processos pelos quais a administração é informada de que a entidade está agindo de acordo com os planos e as políticas anteriormente estabelecidas. • Registro: para que possa haver orientação e controle, é necessário que os fatos econômicos e financeiros que acontecem numa entidade sejam registrados. Essa função envolve o registro, a análise e a classificação dos fatos, bem como a escrituração e o arquivo dos documentos gerados pelos fatos. 14 Unidade I 1.2 Objeto da contabilidade Para identificar o objeto da contabilidade, é necessário responder a uma questão: controlar e registrar o quê? A resposta é: o patrimônio das entidades, sejam elas pessoas físicas ou jurídicas, com ou sem fins lucrativos. Portanto, o objeto da contabilidade é o estudo do patrimônio. O patrimônio deve ser entendido como o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma entidade, isto é, o conjunto de meios necessários à existência e à realização de suas finalidades. Devemos entender como bem tudo o que possa ser avaliado em dinheiro, que tenha alguma utilidade e satisfaça uma necessidade. Observação O campo de atuação da contabilidade estende-se às pessoas e entidades que exercem atividades de fundo econômico, tenham propósito de lucro ou não. A contabilidade atua tanto no campo das pessoas físicas como no campo das pessoas jurídicas. Os bens podem ser de dois tipos: • Bens materiais, corpóreos ou tangíveis: são aqueles que têm existência física. Por exemplo, máquinas, dinheiro e caminhões. • Bens imateriais, incorpóreos ou intangíveis: são abstratos, sem existência física. Por exemplo, marcas, patentes e pontos comerciais. Lembrete A classificação mais importante dos bens para a contabilidade é com relação a sua natureza. Como direitos, devemos entender os valores que a empresa tem a receber de terceiros, representados, por exemplo, pelas duplicatas emitidas pela empresa para seus clientes por venda de mercadoria a prazo ou pela prestação de um serviço, também a prazo. As aplicações financeiras feitas pela empresa em certificado de depósito bancário (CDB) também são classificadas como direitos. Devemos compreender como obrigação os valores que a empresa tem a pagar em função de dívidas ou compromissos assumidos com terceiros. 15 CONTABILIDADE Saiba mais Para essa parte introdutória, em que são apresentados diversos conceitos e o alcance da área de contabilidade, sugerimos consultar o site do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Nele, você encontrará grande quantidade de informação pertinente ao assunto. Disponível em: https://www.cfc.org.br/. Acesso em: 4 abr. 2022. Em resumo, os componentes patrimoniais são representados em uma demonstração contábil denominada balanço patrimonial, que de forma simplificada podemos representar assim: Quadro 1 – Modelo de balanço patrimonial Ativo Passivo e patrimônio líquido Bens Obrigações Direitos Patrimônio líquido 1.3 Objetivo da contabilidade O objetivo da contabilidade é fornecer informações úteis sobre a situação patrimonial e financeira da entidade aos diversos usuários das informações contábeis para fins de tomada de decisão. E quem são os usuários das informações contábeis? Qualquer pessoa física ou jurídica, com ou sem fins lucrativos, que tenha patrimônio. Entre eles, podemos destacar: • Sócios, acionistas e proprietários: interesse na rentabilidade e na segurança do capital investido. • Administradores, diretores e executivos: interesse na tomada de decisão com base nas informações contábeis. • Bancos, fornecedores e credores: interesse em analisar o potencial da empresa no retorno e na remuneração dos recursos investidos. • Governo: interesse na arrecadação de impostos. • Pessoas físicas: interesse no controle do patrimônio individual. 16 Unidade I 2 ESTUDO DA FORMAÇÃO DO PATRIMÔNIO E DO RESULTADO 2.1 Introdução ao balanço patrimonial O balanço patrimonial, uma importante demonstração contábil, expressa a posição financeira e patrimonial de uma entidade ao fim de cada exercício social. O exercício social é o período previsto pelo estatuto social para as empresas elaborarem as demonstrações contábeis. Observação A Lei n. 6.404, no art. 175, prevê que o exercício social terá duração de um ano, e a data do término será fixada no estatuto. Na constituição da companhia e nos casos de alteração estatutária, o exercício social poderá ter duração diversa (BRASIL, 1976). O balanço patrimonial é composto pelo ativo, pelo passivo e pelo patrimônio líquido. 2.1.1 Ativo De acordo com o CPC 00 (R2), ativo é um recurso econômico presente controlado pela entidade como resultado de eventos passados (CPC, 2019). O recurso econômico é um direito que tem o potencial de produzir benefícios econômicos, como direitos de receber caixa, direitos de receber produtos ou serviços, e direitos de trocar recursos econômicos com outra parte em condições favoráveis. De forma mais simplificada, podemos dizer que o ativo é representado pelos bens e direitos. Observação A sigla (R2) adicionada ao número do CPC significa que o pronunciamento já passou por duas revisões. A letra R identifica “revisão”, e o número sequencial representa quantas vezes o pronunciamento foi revisado – por exemplo, (R1), (R2), (R3). Essas referências são acrescentadas para identificar qual é o pronunciamento que está em vigor. 2.1.2 Passivo O CPC 00 (R2) afirma que passivo é uma obrigação presente da entidade de transferir um recurso econômico como resultado de eventos passados (CPC, 2019). Para o reconhecimento da existência do passivo, é necessário atender a três critérios: 17 CONTABILIDADE • que haja uma obrigação; • que essa obrigação seja transferir um recurso econômico; • que seja uma obrigação presente como resultado de eventos passados. Podemos, então, dizer que o passivo é representado pelas obrigações. 2.1.3 Patrimônio líquido No CPC 00 (R2), o patrimônio líquido é definido como a participação residual nos ativos da entidade após a dedução de todos os seus passivos (CPC, 2019). Em outras palavras, o patrimônio líquido representa os ativos líquidos dos passivos, ou seja, deriva da expressão ativo (–) passivo. Observação O balanço patrimonial faz parte do conjunto das demonstrações contábeis exigidas pela Lei n. 6.404/1976 e reflete a posição financeira e patrimonial da entidade em determinado momento. 2.1.4 Equação fundamental do patrimônio O balanço patrimonial se baseia na ideia da existência de uma balança com dois pratos, em que o ativo (A) é igual ao passivo (P) mais o patrimônio líquido (PL). Portanto, o balanço patrimonial deve estar sempre em condições de equilíbrio. P+PLA Figura 1 – Equilíbrio patrimonial Disponível em: https://bit.ly/38pjI5n. Acesso em: 4 abr. 2022. 18 Unidade I A equação fundamental do patrimônio é representada pela seguinte expressão: Patrimônio líquido = ativo – passivo Essa equação poderá apresentar três situações líquidas patrimoniais: • Situação líquida positiva: acontece quando o conjunto dos bens e direitos (ativo) é maior que o conjunto das obrigações (passivo). Temos, por conseguinte, um patrimônio líquido maior que zero. • Situação líquida negativa: acontece quando o conjuntodas obrigações (passivo) é maior que o conjunto dos bens e direitos (ativo). Temos, então, um patrimônio líquido menor que zero. • Situação líquida nula: acontece quando o conjunto dos bens e direitos (ativo) é igual ao conjunto das obrigações (passivo), ou seja, ativo = passivo. Em consequência da equação fundamental do patrimônio, o patrimônio líquido é igual a zero. Isso significa que o que a empresa possui ela deve. Entretanto, esse tipo de situação é difícil de acontecer na prática contábil. 2.2 Estudo das contas 2.2.1 Conceito Até o momento, os componentes patrimoniais foram denominados bens, direitos e obrigações. Entretanto, esses componentes patrimoniais são expressos por um nome técnico: conta. Conta é o nome técnico que identifica cada componente patrimonial apresentado no balanço patrimonial, formando o ativo, o passivo e o patrimônio líquido. O quadro a seguir mostra alguns exemplos de conta. Quadro 2 – Exemplos de conta Bens/direitos/obrigações Conta representativa Classificação Dinheiro que a empresa possui Caixa Ativo Investimento feito pelos proprietários da empresa Capital social Patrimônio líquido Automóveis, caminhões, motos Veículos Ativo Mesas, cadeiras, computadores Móveis e utensílios Ativo Valores provenientes de vendas a prazo Duplicatas a receber Ativo Valores provenientes de compras a prazo Duplicatas a pagar Passivo Salários devidos aos funcionários Salários a pagar Passivo Resultado positivo do período Lucros acumulados Patrimônio líquido Cada conta apresenta um valor correspondente ao bem, ao direito ou à obrigação que ela representa. Assim o balanço patrimonial passa a ter a seguinte apresentação. 19 CONTABILIDADE Tabela 1 – Apresentação do balanço patrimonial Ativo Passivo e patrimônio líquido Caixa 100 Fornecedores 250 Duplicatas a receber 300 Salários a pagar 150 Estoques 300 Impostos a pagar 100 Imóveis 400 Patrimônio líquido Veículos 100 Capital social 600 Lucros acumulados 100 Total 1.200 Total 1.200 Lembrete Note que cada conta apresenta valor correspondente a um bem, a um direito ou a uma obrigação. Ao considerar o balanço patrimonial apresentado, verificamos que o total do ativo é igual ao total do passivo mais o patrimônio líquido. Em outras palavras, o total dos bens e direitos é igual ao total das obrigações (passivo) mais o patrimônio líquido. Observação Pela representação do balanço patrimonial, nota-se que o total dos bens e direitos apresentados no lado esquerdo e o total das obrigações e do patrimônio líquido apresentados no lado direito estão em equilíbrio, como determina a equação fundamental do patrimônio. Ativo = passivo + patrimônio líquido 2.2.2 Classificação das contas Existem dois grupos de contas: • Contas patrimoniais: representam os componentes patrimoniais. Formam o ativo, o passivo e o patrimônio líquido. Como o próprio termo sugere, estão associadas ao balanço patrimonial. • Contas de resultado: representam as variações patrimoniais. Formam as receitas e despesas e estão associadas à demonstração do resultado do exercício. 20 Unidade I Cabe aqui apresentar o conceito de receita e de despesa: • Receita: é o aumento do ativo, seja de disponibilidades, bens ou direitos. Corresponde, normalmente, à venda de mercadorias e produtos ou à prestação de serviços. A receita provoca aumento do patrimônio líquido. Alguns exemplos: receita de vendas, receita de serviços prestados, receita de aluguéis e receita de juros. • Despesa: é o uso, o consumo e a utilização de um bem ou serviço que direta ou indiretamente ajuda a produzir uma receita. A despesa provoca redução do patrimônio líquido. Alguns exemplos: despesa de salários, despesa de energia elétrica, despesa de impostos e despesa de aluguéis. 2.3 Apuração do resultado do exercício Uma das funções da contabilidade é relatar as mutações sofridas pelo patrimônio da entidade. Essas mutações são representadas pelo resultado obtido por uma entidade em determinado período. Tal resultado é apurado pela diferença entre as receitas e as despesas do período. O resultado positivo acontece quando as receitas do período são maiores que as despesas. Nesse caso, o resultado é denominado lucro. O resultado negativo acontece quando as despesas de um período são maiores que as receitas. Nesse caso, o resultado é denominado prejuízo. Observação O resultado do exercício, portanto, é apurado por meio do confronto entre as contas de receitas e despesas. Esse confronto acontece em uma demonstração contábil denominada demonstração do resultado do exercício. A demonstração do resultado do exercício é feita observando-se o regime de competência, que considera as receitas ganhas no período, não importando se foram recebidas ou não, e as despesas incorridas, não importando se foram pagas ou não. Ao final do exercício, é necessário apurar o resultado obtido pelo confronto entre as receitas e as despesas. Para a apuração do resultado, deve-se criar uma conta transitória, denominada apuração do resultado do exercício (ARE). Para essa conta, serão encerradas todas as contas de receitas e despesas. A conta ARE será debitada, por um lado, com os créditos feitos para o encerramento das contas de despesas, e creditada, por outro lado, com os débitos feitos para o encerramento das contas de receitas. Tal procedimento faz com que todas as contas de resultado (receitas e despesas) tenham saldo zero no fim do exercício social. O saldo da conta ARE, depois de sua apuração, é encerrado contra a conta lucros ou prejuízos acumulados no patrimônio líquido. Caso a conta ARE tenha saldo credor, indicando lucro (receitas maiores 21 CONTABILIDADE que despesas), ela é encerrada debitando-se o valor do saldo e creditando-se a conta lucros ou prejuízos acumulados. Caso a conta ARE tenha saldo devedor, indicando prejuízo (receitas menores que despesas), ela é encerrada creditando-se o valor do saldo e debitando-se a conta lucros ou prejuízos acumulados. 2.4 Escrituração: registro das operações contábeis A contabilidade é responsável pelo registro dos fatos que ocorrem em uma entidade. Esses fatos, como compra, venda, pagamento e recebimento, representam operações praticadas por uma entidade, sendo formalizados por meio de documentos (nota fiscal, fatura, duplicata, recibo) e expressos em valor. A escrituração contábil é obrigatória por força das Normas Brasileiras de Contabilidade, especificamente pela Interpretação Técnica Geral – ITG 2000 (R1), cuja alteração e consolidação data de 2014 e revoga as resoluções anteriores sobre o assunto. Em 2017, o CFC publicou o Comunicado Técnico Geral – CTG 2001 (R3), com o objetivo de estabelecer os procedimentos técnicos e as formalidades para a realização da escrituração contábil de forma digital. Deve-se, entretanto, ressaltar que atualmente a escrituração contábil, por decisão da Receita Federal, é transmitida de forma digital pelo módulo Escrituração Contábil Digital (ECD), incluído no Sistema Público de Escrituração Digital (Sped). Observação O registro dessas operações é feito em livros contábeis, entre os quais destacamos o diário e o razão. 2.4.1 Livros contábeis As operações ocorridas nas entidades são registradas em livros contábeis. Quanto à utilidade, os livros contábeis são classificados em livros principais e auxiliares. Livros principais O livro diário é um livro contábil obrigatório, que contém o registro de todos os fatos que ocorreram no patrimônio da empresa. Esse registro se dá em ordem cronológica de dia, mês e ano. O livro-razão, outro livro contábil obrigatório, registra a movimentação das contas individualmente, quer por meio de uma folha, quer por meio de uma ficha para cada conta. É um livro de fácil visualização, em que se registra a movimentação de cada conta, sendo transcrito do registro de débitos e créditos das contas do diário. 22 Unidade I A escrituração do livro diário e do livro-razão deve obedecer a formalidades exigidas pelas NormasBrasileiras de Contabilidade, emitidas pelo CFC. Saiba mais Para conhecer as formalidades intrínsecas e extrínsecas ao livro diário e ao livro-razão, consulte a ITG 2000 (R1), do CFC. CFC. ITG 2000 (R1): escrituração contábil. Brasília: CFC, 2014. Disponível em: https://bit.ly/3DLymzs. Acesso em: 4 abr. 2022. Outros livros também são obrigatórios para as sociedades por ações, como o livro de registro de ações nominativas, o livro de transferência de ações nominativas e o livro de atas de assembleias gerais. Livros auxiliares São utilizados para o registro de fatos específicos e fornecem à contabilidade maior quantidade de detalhes. Por exemplo, o livro-caixa, o livro registro de inventário e o livro de duplicatas a receber. Os livros fiscais também são enquadrados na classificação dos livros auxiliares. São os livros exigidos pelo fisco: livro de apuração do lucro real, livro de apuração do IPI, livro de registro de entrada de mercadorias etc. 2.4.2 Lançamentos contábeis A escrituração é o registro das operações que provocam variação no patrimônio da entidade. Os lançamentos (ou a contabilização) das operações que ocorrem em uma empresa devem ser registrados nos livros contábeis em ordem cronológica de dia, mês e ano e conter os seguintes elementos e ordem de apresentação: • local em que o registro está sendo efetuado; • data (dia, mês e ano) da ocorrência da operação; • conta debitada; • conta creditada; • histórico, resumo do fato acontecido, com identificação do documento comprobatório; • valor, importância em moeda nacional. 23 CONTABILIDADE 2.4.3 Método das partidas dobradas O método das partidas dobradas é o método de escrituração de uso universal. Até os nossos dias, ninguém conseguiu identificar o autor das partidas dobradas, mas acredita-se ter sido Luca Pacioli o primeiro a publicar uma obra explicando esse método. Em 1494, em Veneza, Pacioli publica a obra intitulada Summa de arithmetica, geometria, proportioni et proportionalita, que tem um capítulo dedicado à contabilidade. Ali, talvez pela primeira vez, o método das partidas dobradas é explicado integralmente a partir do inventário. Essa obra é considerada o marco básico da evolução da contabilidade. Esse método baseia-se no princípio de que o registro de qualquer operação implica que, a um débito em uma ou mais contas, deve corresponder um crédito de igual valor em uma ou mais contas. Logo, podemos concluir que, na contabilidade, não há débito sem o respectivo crédito. Observação Partidas dobradas significam que, ao registrar uma operação por meio de um lançamento em um livro contábil, o valor lançado a débito corresponderá a igual valor lançado a crédito. Mecanismo de débito e crédito A aplicação do método das partidas dobradas consiste em registrar as operações por meio de lançamentos a débito e a crédito. Débito e crédito são termos convencionados que indicam o aumento ou a diminuição de um valor em determinada conta. Considerando-se a natureza das contas, o mecanismo de débito e crédito é o seguinte: • Contas patrimoniais — Débitos: correspondem a aumentos do ativo e diminuições do passivo e do patrimônio líquido. — Créditos: correspondem a diminuições do ativo e aumentos do passivo e do patrimônio líquido. • Contas de resultado — Débitos: correspondem a aumentos de despesa e diminuições de receita. — Créditos: correspondem a diminuições de despesa e aumentos de receita. 24 Unidade I — Saldos: correspondem à diferença entre os valores debitados e creditados em uma conta. O saldo pode ser: - Devedor: quando o valor do débito é maior que o do crédito. - Credor: quando o valor do crédito é maior que o do débito. - Nulo: quando o valor do débito é igual ao valor do crédito. 2.4.4 Fórmulas de lançamento contábil Podemos resumir em quatro as fórmulas de lançamento contábil: • Lançamento de primeira fórmula: é a fórmula de lançamento contábil mais simples. Envolve uma conta debitada e uma conta creditada. • Lançamento de segunda fórmula: encontramos uma conta debitada e diversas contas creditadas. • Lançamento de terceira fórmula: há diversas contas debitadas e apenas uma conta creditada. • Lançamentos de quarta fórmula: aqui, existem duas ou mais contas debitadas e, em contrapartida, duas ou mais contas creditadas. 2.4.5 Lançamento no livro diário de operações que envolvem contas de ativo, passivo e patrimônio líquido Realizada uma operação, é de grande importância que se faça corretamente a determinação da conta a ser debitada e da conta a ser creditada. A determinação da conta a ser debitada e da conta a ser creditada é o ponto inicial de todo o processo contábil de registro pelo método das partidas dobradas. Tudo começa após o entendimento da operação, com a identificação das contas que foram utilizadas na operação (duas contas no mínimo). A seguir, as contas identificadas serão classificadas (ativo = bens e direitos; passivo = obrigações; patrimônio líquido). Após essa fase de classificação, devemos proceder à aplicação do mecanismo de débito e crédito. Quadro 3 – Mecanismo de débito e crédito para contas patrimoniais Contas Para aumentar Para diminuir Saldo Ativo Debita Credita Devedor Passivo Credita Debita Credor Patrimônio líquido Credita Debita Credor O passo seguinte é o lançamento no livro diário, seguindo a ordem já mencionada. 25 CONTABILIDADE Exemplo de aplicação Operação: depósito feito em dinheiro na conta-corrente bancária no valor de R$ 10.000,00. Passo 1. Identificar as contas. Todo depósito bancário feito pela empresa deve sair da conta caixa. Portanto, as contas utilizadas para o registro desta operação no diário são caixa e banco conta-corrente. Passo 2. Classificar as contas. Caixa – bem → ativo Banco conta-corrente – direito → ativo Passo 3. Entrar com cada conta identificada e classificada no mecanismo de débito e crédito, identificando o efeito da operação sobre o seu saldo. Caixa – ativo – o saldo diminui, pois sai dinheiro do caixa Banco conta-corrente – ativo – o saldo aumenta, pois há entrada de depósito Consequentemente: Caixa – ativo – saldo diminui → crédito Banco conta-corrente – ativo – saldo aumenta → débito O lançamento no diário será o que segue: São Paulo, 30 de março de 20X0. D – Banco conta-corrente R$ 10.000,00 C – Caixa R$ 10.000,00 Pelo depósito efetuado nesta data. 2.4.6 Lançamento no livro-razão de operações que envolvem contas de ativo, passivo e patrimônio líquido O livro-razão, aqui denominado razonete ou conta T, é representado didaticamente da seguinte forma: 26 Unidade I Título da conta Valor do débito Valor do crédito O saldo do razão é apurado pela diferença entre os valores registrados a débito e os valores registrados a crédito. Os lançamentos feitos no diário devem ser transportados para o razão, que destaca uma página para cada conta, demonstrando o seu saldo. Supondo-se que as contas caixa e banco conta-corrente utilizadas antes tivessem, respectivamente, um saldo inicial de R$ 100.000,00 e R$ 30.000,00, teríamos a seguinte representação, partindo-se do lançamento anterior no diário: Caixa Débito Crédito SI 100.000 SF 90.000 10.000 Banco conta-corrente Débito Crédito SI 30.000 10.000 SF 40.000 2.4.7 Lançamento no livro diário de operações que envolvem contas de ativo, passivo, patrimônio líquido, receitas e despesas As contas que formam o balanço patrimonial são denominadas contas patrimoniais, pois, enquanto existir saldo, elas existirão. As contas de receitas e despesas, cujo conceito já vimos, são denominadas contas de resultado. No fim de cada exercício social, elas são encerradas, para que possamos apurar o resultado do exercício. Para o lançamento de uma conta de receita e de uma conta de despesa no diário, seguem-se os mesmos passos já indicados para as contas patrimoniais. O mecanismo de débito e crédito para as contas de receitas e despesas é mostrado no quadro a seguir. Quadro 4 – Mecanismo de débito e créditopara as contas de resultado Conta Para aumentar Para diminuir Saldo Receita Credita Debita Credor Despesa Debita Credita Devedor O lançamento deve ser feito no livro diário segundo a ordem já mencionada para o registro. 27 CONTABILIDADE Exemplo de aplicação Exemplo 1 Operação: prestação de serviço à vista no valor de R$ 5.000,00. Passo 1. Identificar as contas. O recebimento em dinheiro será representado pela conta caixa, e a prestação de serviços, pela conta receita de serviços. Portanto, as contas utilizadas para o registro desta operação são caixa e receita de serviços. Passo 2. Classificar as contas. Caixa – bem → ativo Receita de serviços – venda de serviços → receita Passo 3. Entrar com cada conta identificada e classificada no mecanismo de débito e crédito, identificando o efeito da operação sobre o saldo da conta. Caixa – ativo – saldo aumenta, pois entra dinheiro no caixa pelo recebimento Receita de serviços – receita – saldo aumenta, pois houve venda de serviços Consequentemente: Caixa – ativo – saldo aumenta → débito Receita de serviços – receita – saldo aumenta → crédito O lançamento no diário será o que segue: São Paulo, 30 de março de 20X0. D – Caixa R$ 5.000,00 C – Receita de serviços R$ 5.000,00 28 Unidade I Exemplo 2 Operação: pagamento em dinheiro do aluguel do prédio em que a empresa está instalada, no valor de R$ 1.000,00. Passo 1. Identificar as contas. O pagamento em dinheiro será representado pela conta caixa, enquanto o uso de um imóvel pela empresa será representado pela conta despesa de aluguel. Portanto, as contas utilizadas para o registro desta operação são caixa e despesa de aluguel. Passo 2. Classificar as contas. Caixa – bem → ativo Despesa de aluguel – uso de um bem → despesa Passo 3. Entrar com as contas identificadas e classificadas no mecanismo de débito e crédito, identificando o efeito da operação sobre o saldo da conta. Caixa – ativo – saldo diminui, pois sai dinheiro do caixa para pagamento Despesa de aluguel – despesa – saldo aumenta, pois houve despesa Consequentemente: Caixa – ativo – saldo diminui → crédito Despesa de aluguel – despesa – saldo aumenta → débito O lançamento no diário será o que segue: São Paulo, 30 de março de 20X0. D – Despesa de aluguel R$ 1.000,00 C – Caixa R$ 1.000,00 2.4.8 Exemplo de lançamento no livro diário e no livro-razão de operações que envolvem contas de ativo, passivo, patrimônio líquido, receitas e despesas Diversas pessoas fundam uma sociedade anônima para prestar serviços de jardinagem, integralizando um capital social de R$ 10.000,00 em dinheiro. 29 CONTABILIDADE Compra à vista de mesas, cadeiras e computadores: R$ 3.000,00. Compra a prazo de uma picape para entrega: R$ 4.000,00. Depósito para abertura de uma conta-corrente no banco Beta: R$ 500,00. Pagamento de aluguel referente ao imóvel em que a sede da empresa está situada, em cheque: R$ 200,00. Pagamento de 30% da compra da picape. Prestação de serviços, recebendo a importância de R$ 1.600,00. Pagamento de funcionários pelos serviços prestados: R$ 250,00. Pagamento da conta de energia do mês: R$ 30,00. Prestação de serviços no valor de R$ 2.200,00, cujo recebimento ocorrerá em 30 dias. Lançamentos contábeis no diário: D – Caixa R$ 10.000,00 C – Capital social R$ 10.000,00 D – Móveis e utensílios R$ 3.000,00 C – Caixa R$ 3.000,00 D – Veículos R$ 4.000,00 C – Duplicatas a pagar R$ 4.000,00 D – Banco conta movimento R$ 500,00 C – Caixa R$ 500,00 D – Despesa de aluguel R$ 200,00 C – Banco conta movimento R$ 200,00 D – Duplicatas a pagar R$ 1.200,00 C – Caixa R$ 1.200,00 D – Caixa R$ 1.600,00 C – Receita de serviços R$ 1.600,00 D – Despesa de salários R$ 250,00 C – Caixa R$ 250,00 30 Unidade I D – Despesa de energia R$ 30,00 C – Caixa R$ 30,00 D – Duplicatas a receber R$ 2.200,00 C – Receita de serviços R$ 2.200,00 Lançamentos contábeis nos razonetes: Caixa Capital social Móveis e utensílios (1) 10.000 3.000 (2) 10.000 (1) (2) 3.000 (7) 1.600 500 (4) 10.000 3.000 1.200 (6) 250 (8) Despesa de aluguel Duplicatas a pagar 11.600 30 (9) 4.980 (5) 200 (6) 1.200 4.000 (3) 200 200 (12) 2.800 6.620 Veículos Banco conta movimento Receita de serviços (3) 4.000 (4) 500 200 (5) 1.600 (7) 4.000 300 2.200 (10) (11) 3.800 3.800 Despesa de salários Despesa de energia Duplicatas a receber (8) 250 (9) 30 (10) 2.200 250 250 (13) 30 30 (14) 2.200 ARE Lucros ou prejuízos acumulados (12) 200 3.800 (11) 3.320 (15) (13) 250 3.320 (14) 30 480 3.800 3.320 (15) 3.320 Em seguida à transcrição do diário para o razão, devemos apurar o saldo de todas as contas. Continuando, elaboramos o balancete de verificação após as operações, um importante instrumento que a contabilidade usa para averiguar erros. O balancete de verificação é um papel de trabalho em que são transcritas, para uma coluna, todas as contas com saldo devedor e, para outra coluna, todas as contas com saldo credor. Observe-se que o valor total da coluna de saldos devedores deverá ser igual ao valor total da coluna de saldos credores. 31 CONTABILIDADE Observação Se os valores totais forem diferentes, certamente haverá erro no lançamento. Destacamos que o balancete de verificação jamais deve ser confundido com o balanço patrimonial. Tabela 2 – Balancete de verificação após as primeiras operações Contas Saldo Devedor Credor Caixa 6.620 Capital social 10.000 Móveis e utensílios 3.000 Veículos 4.000 Duplicatas a pagar 2.800 Banco conta movimento 300 Despesa de aluguel 200 Receita de serviços 3.800 Despesa de salários 250 Despesa de energia 30 Duplicatas a receber 2.200 Total 16.600 16.600 Em seguida, devemos encerrar as contas de resultado (despesas e receitas) contra a conta ARE, o que foi realizado por meio dos lançamentos de encerramento no razão de números 11, 12, 13 e 14. Complementando a sequência, foi apurado o saldo da conta ARE, que apresentou um saldo credor de R$ 3.320,00, indicando que o total das receitas (R$ 3.800,00) foi maior que o total das despesas do período (R$ 480,00). Finalmente, a conta ARE foi encerrada contra a conta patrimonial lucros ou prejuízos acumulados, por meio do lançamento de número 15. Os lançamentos de encerramento das contas de resultado também são feitos no diário, a saber: Lançamento no diário de encerramento da conta de receita: D – Receita de serviços R$ 3.800,00 C – ARE R$ 3.800,00 32 Unidade I Lançamento no diário de encerramento das contas de despesas: D – ARE R$ 480,00 C – Despesa de aluguel R$ 200,00 C – Despesa de salários R$ 250,00 C – Despesa de energia R$ 30,00 Lançamento no diário de encerramento da conta de resultado: D – ARE R$ 3.320,00 C – Lucros ou prejuízos acumulados R$ 3.320,00 O próximo passo é a montagem do balanço patrimonial, com as contas patrimoniais, e a demonstração do resultado do exercício, com as contas de resultado. Tabela 3 – Balanço patrimonial Ativo Passivo e patrimônio líquido Caixa 6.620 Duplicatas a pagar 2.800 Móveis e utensílios 3.000 Patrimônio líquido Veículos 4.000 Capital social 10.000 Banco conta movimento 300 Lucros ou prejuízos acumulados 3.320 Duplicatas a receber 2.200 Total 16.120 Total 16.120 Tabela 4 – Demonstração do resultado do exercício Receita de serviços 3.800 Despesa de aluguel (200) Despesa de salários (250) Despesa de energia (30) = Resultado do exercício 3.320 Os conceitos e aplicações aprendidos até agora podem ser sintetizados da seguinte forma: • Patrimônio: conjunto de bens, direitos e obrigações de uma pessoa física ou jurídica. 33 CONTABILIDADE • Bem: do ponto de vista contábil, é tudo aquilo que uma empresa possui – seja para uso, troca ou consumo – e que tem valor monetário. • Direitos: constituem os valores a receber de uma empresa sobre outra ou sobre pessoas físicas. • Obrigações: referem-se às dívidas de umaempresa em relação a terceiros. • Ativo: conjunto de bens e direitos. • Passivo: conjunto de obrigações. • Patrimônio líquido: diferença entre o ativo e o passivo. • Ativo = passivo + patrimônio líquido. • Ativo total = patrimônio bruto. • Passivo = capital de terceiros. • Capital inicial = capital nominal. • Patrimônio líquido = capital próprio. • Passivo + patrimônio líquido = capital total à disposição da entidade. • Ativo bruto = ativo total. • Ativo líquido = patrimônio líquido. • Receitas: representam a entrada de elementos para o ativo na forma de venda de mercadorias, recebimento de aluguéis e juros, ou significam uma redução do passivo sem a correspondente redução do ativo. • Despesas: consumo de um bem ou serviço que direta ou indiretamente gera receitas. Referem-se também a uma redução do ativo sem a correspondente redução do passivo. • Custo: consumo de um bem ou serviço diretamente relacionado com a produção de outros bens e serviços. • Fatos permutativos: apenas alteram (permutam) os valores do patrimônio sem impacto no patrimônio líquido. • Fatos modificativos: modificam o valor do patrimônio líquido. 34 Unidade I • Fatos mistos: além de modificarem o valor do patrimônio líquido, permutam elementos do patrimônio. • Escrituração: registro dos fatos contábeis. • Fatos administrativos: são aqueles que podem modificar ou não os elementos patrimoniais. • Fatos contábeis: são aqueles que provocam alterações nos elementos do patrimônio. • Ativo: aumenta por débito e diminui por crédito. • Passivo: aumenta por crédito e diminui por débito. • Patrimônio líquido: aumenta por crédito e diminui por débito. • Despesa: aumenta por débito e diminui por crédito. • Receita: aumenta por crédito e diminui por débito. • Método das partidas dobradas: obedece a um princípio matemático – a cada débito registrado em uma ou mais contas deve corresponder, obrigatoriamente, um crédito em uma ou mais contas no mesmo valor. • Conta contábil: é o nome ou título representativo de um elemento ou grupo de elementos homogêneos do patrimônio. É por meio da conta que se processam os lançamentos contábeis das modificações patrimoniais. • Lançamentos: são constituídos de cinco elementos essenciais – data, conta devedora, conta credora, histórico e valor. • Classificação teórica das contas: teoria personalista (contas dos proprietários, contas dos agentes consignatários e contas dos agentes correspondentes). • Livro diário: nele, as transações são registradas dia a dia. Deve ser encadernado e numerado tipograficamente, apresentar termos de abertura e encerramento, e ser registrado em órgão competente. Os lançamentos devem ser feitos cronologicamente, sem emendas, borrões ou rasuras. • Livro-razão: também obrigatório segundo a legislação fiscal. Nele, os lançamentos são agrupados por conta. 35 CONTABILIDADE Quadro 5 – Quadro-resumo do mecanismo de débito e crédito Contas Movimentação Aumenta por Diminui por Ativo Débito Crédito Passivo Crédito Débito Patrimônio líquido Crédito Débito Receitas Crédito Débito Despesas Débito Crédito Saiba mais Para se manter atualizado sobre assuntos específicos de contabilidade, acesse o site do Instituto de Auditoria Independente do Brasil (Ibracon). Lá, você encontrará várias informações sobre a área contábil. Disponível em: www.ibracon.com.br. Acesso em: 4 abr. 2022. 2.4.9 Regimes contábeis: regime de caixa e regime de competência Na contabilidade, temos os conceitos de regime de caixa e regime de competência para a contabilização das receitas e das despesas. 2.4.9.1 Regime de caixa Pelo regime de caixa, as receitas devem ser reconhecidas no período em que o valor é efetivamente recebido (entrada de recursos no caixa), e as despesas devem ser reconhecidas no período em que o valor é efetivamente pago (desembolso, saída de recursos do caixa). É um regime de aplicação simples sob a perspectiva do entendimento contábil, mas com restrições de uso, sendo permitido para micro e pequenas empresas e sociedades sem fins lucrativos. Observação As micro e pequenas empresas podem optar pelo regime de caixa, mas não existe nenhum impedimento para que a opção seja pelo regime de competência. Para maior clareza, vejamos um exemplo. 36 Unidade I Exemplo de aplicação Venda de mercadorias a prazo, ocorrida no mês de outubro, com prazo para recebimento em 60 dias. Mês da venda: outubro. Mês do recebimento: dezembro (60 dias). Pelo regime de caixa, a receita de vendas só será contabilizada no mês de dezembro, o mês de recebimento. 2.4.9.2 Regime de competência Pelo regime de competência, as receitas e as despesas devem ser reconhecidas no período em que efetivamente ocorrem, independentemente do recebimento ou do pagamento. As receitas e as despesas são consideradas em função do fato gerador, e não em função do fluxo de caixa. Esse é um regime de uso universal, reconhecido pelas normas internacionais de contabilidade. O CPC 00 (R2) (2019), correlacionado com as normas internacionais de contabilidade, apresenta a seguinte orientação para a adoção do regime de competência: O regime de competência reflete os efeitos de transações e outros eventos e circunstâncias sobre reivindicações e recursos econômicos da entidade que reporta nos períodos em que esses efeitos ocorrem, mesmo que os pagamentos e recebimentos à vista resultantes ocorram em período diferente. A preferência pela aplicação do regime de competência é defendida por oferecer melhor base para medir o desempenho da entidade do que as informações consideradas exclusivamente pelos recebimentos e pagamentos durante determinado período. Para melhor entendimento do conceito, vamos retomar o exemplo usado para o regime de caixa. Exemplo de aplicação Venda de mercadorias a prazo, ocorrida no mês de outubro, com prazo para recebimento em 60 dias. Mês da venda: outubro. Mês do recebimento: dezembro (60 dias). Pelo regime de competência, a receita de vendas deverá ser contabilizada no mês de outubro, mês em que a receita foi concretizada. 37 CONTABILIDADE O quadro a seguir mostra um resumo sobre a contabilização das receitas e despesas pelos dois regimes. Quadro 6 – Resumo da contabilização pelo regime de competência e pelo regime de caixa Contabiliza (registra) Regime de competência Regime de caixa Receitas realizadas (ganhas) e recebidas Sim Sim Receitas realizadas (ganhas) e não recebidas Sim Não Receitas não realizadas (não ganhas) e recebidas Não Sim Receitas não realizadas e não recebidas Não Não Despesas incorridas e pagas Sim Sim Despesas incorridas e não pagas Sim Não Despesas não incorridas e pagas Não Sim Despesas não incorridas e não pagas Não Não Fonte: Montoto (2021, p. 78). Em decorrência do regime de competência, surgem situações que precisam ser analisadas com atenção na época da sua contabilização, pois, por se tratar do reconhecimento de receitas e despesas, causam variação no patrimônio líquido da entidade. Se essas situações não forem corretamente reconhecidas, o resultado da empresa será prejudicado. Receitas a receber Essa operação surge em decorrência de vendas ou prestação de serviços a prazo. Deve-se reconhecer a receita no período em que ocorre, independentemente do recebimento. 15/12/X5 – Prestação de serviços a prazo, no valor de R$ 10.000,00, com vencimento para 15/02/X6 Em dezembro de X5, pela venda D – Clientes/duplicatas a receber R$ 10.000,00 C – Receita de serviços prestados R$ 10.000,00 Em fevereiro de X6, pelo recebimento D – Caixa ou equivalentes de caixa R$ 10.000,00 C – Clientes/duplicatas a receber R$ 10.000,00 38 Unidade I Receitas recebidas antecipadamente Essa operação surge quando ocorre o recebimento antecipado por conta de serviços a serem prestados ou vendas a serem realizadas no futuro. Deve-se reconhecer a receita somente no período em que ela for realizada, independentemente do recebimento. À medida que os serviços forem prestados ou as vendasrealizadas, a empresa irá reconhecer como receita o valor proporcionalmente ao período de realização dessas receitas. 15/12/X5 – Recebimento antecipado referente a serviços a serem executados em janeiro de X6 no valor de R$ 5.000,00 Em dezembro de X5, pelo recebimento D – Caixa ou equivalentes de caixa R$ 5.000,00 C – Adiantamento de clientes R$ 5.000,00 Essa operação gera um passivo, pois a empresa fica com a obrigação de prestar os serviços ao seu cliente. Em janeiro de X6, pela prestação dos serviços D – Adiantamento de clientes R$ 5.000,00 C – Receita de serviços prestados R$ 5.000,00 Se a empresa tivesse prestado somente 50% dos serviços, reconheceria como receita, no mês de janeiro, apenas R$ 2.500,00, deixando o restante para reconhecer em fevereiro de X6. Despesas a pagar Essa operação surge quando uma despesa já incorreu, mas ainda não foi paga. Deve-se reconhecer a despesa no período em que incorreu, independentemente do pagamento. 31/12/X5 – Aluguel do prédio onde a empresa está instalada, referente ao mês de dezembro, a ser pago em 15/01/X6, no valor de R$ 2.000,00 Em dezembro de X5, pela apropriação da despesa D – Despesas de aluguel R$ 2.000,00 C – Aluguéis a pagar R$ 2.000,00 39 CONTABILIDADE Em janeiro de X6, pelo pagamento D – Aluguéis a pagar R$ 2.000,00 C – Caixa ou equivalentes de caixa R$ 2.000,00 Despesas pagas antecipadamente São operações de despesa pagas em um período que vão beneficiar os períodos seguintes, o que caracteriza uma despesa paga antecipadamente. No fim do exercício social, deve-se apropriar as despesas proporcionalmente ao período incorrido. 01/11/X5 – Assinatura de um contrato de seguro contra incêndio para o prazo de 1 ano, no valor de R$ 15.000,00, pago na data da assinatura Em novembro de X5, pelo pagamento D – Prêmios de seguros a vencer (ou a apropriar) 15.000,00 C – Caixa ou equivalentes de caixa 15.000,00 A conta prêmios de seguros a vencer, também denominada de seguros a apropriar, é uma conta de ativo, pois a empresa fica com o direito de usar o seguro durante todo o ano, ou seja, o patrimônio fica coberto contra o risco durante os 12 meses. No fim do exercício, a empresa deverá reconhecer as despesas referentes ao período de 2 meses (novembro e dezembro de X5). 15.000,00 ÷ 12 meses = 1.250,00 × 2 meses = 2.500,00 Em 31/12/X5, pela apropriação das despesas do período D – Despesas de seguros 2.500,00 C – Prêmios de seguros a vencer (ou a apropriar) 2.500,00 No encerramento do ano de X5, a empresa apresentará no balanço patrimonial um ativo representado pela conta prêmios de seguros a vencer de R$ 12.500,00 e na demonstração do resultado do exercício constará a conta despesas de seguros no valor de R$ 2.500,00. Em 31/12/X5, a conta do ativo prêmios de seguros a vencer ou seguros a apropriar apresentará um saldo de R$ 12.500,00, que corresponde aos exatos 10 meses de cobertura do seguro. 40 Unidade I Resumo Nesta unidade, apresentamos o conceito de contabilidade como ciência social que estuda o patrimônio, tanto das pessoas físicas como das pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos, com ênfase no principal objetivo, que é o de fornecer informações úteis aos usuários da informação contábil. Identificamos esses usuários e suas reais necessidades em utilizar as informações contábeis para tomar decisões acertadas e prudentes na gestão de seus negócios. Exploramos o estudo do patrimônio e do resultado com a introdução de duas das principais demonstrações contábeis, o balanço patrimonial e a demonstração do resultado do exercício. Como vimos, a contabilidade deriva de uma equação. Entre os elementos que compõem o ativo e os elementos que compõem o passivo, obtém-se o patrimônio líquido, que reflete as várias situações líquidas patrimoniais, essenciais para o conhecimento da riqueza líquida das entidades. Pelo conhecimento das contas, entramos no método das partidas dobradas, defendido pelo italiano Luca Pacioli. Aplicamos o mecanismo de débito e crédito, registramos as operações nos livros contábeis e consideramos a formação do patrimônio e a apuração do resultado do exercício. Ilustramos a formação do patrimônio e a apuração do resultado com a aplicação de procedimentos para os lançamentos no livro diário e no livro-razão. Complementamos a ilustração com um exemplo prático com operações contendo contas de ativo, passivo, patrimônio líquido, receitas e despesas. Apuramos o resultado e levantamos o balanço patrimonial e a demonstração do resultado do exercício. Completamos a unidade com a descrição do regime de caixa e do regime de competência, destacando suas particularidades e consequências. Concluímos com a inclusão de operações sobre o reconhecimento das receitas e despesas e o impacto causado nos resultados das entidades com a aplicação desses regimes. 41 CONTABILIDADE Exercícios Questão 1. Leia o texto a seguir. O que é contabilidade A contabilidade é a ciência que estuda, interpreta e registra os fenômenos que afetam o patrimônio de uma entidade. Ela alcança sua finalidade por meio do registro e da análise de todos os fatos relacionados com a formação, a movimentação e as variações do patrimônio vinculado à entidade, com o fim de assegurar seu controle e fornecer aos seus administradores as informações necessárias à ação administrativa, bem como a seus proprietários e às demais pessoas relacionadas as informações sobre o estado patrimonial e o resultado das atividades desenvolvidas pela entidade para alcançar os seus fins. Diversas técnicas são usadas pela contabilidade para que seus objetivos sejam atingidos: • A escrituração é uma forma própria dessa ciência de registrar as ocorrências patrimoniais. • As demonstrações contábeis são demonstrações expositivas para reunir os fatos de maneira a obter maiores informações. • A análise de balanços é uma técnica que permite decompor, comparar e interpretar o conteúdo das demonstrações contábeis, fornecendo informações analíticas para o processo de tomada de decisão financeira. A contabilidade adquire cada vez maior importância no contexto atual, dado o crescimento das corporações, das entidades e das empresas, que exige grande eficácia dos profissionais contábeis, para que sejam capazes de trabalhar a infinita gama de informações que são necessárias ao estudo e ao controle do patrimônio das entidades. Adaptado de: https://bit.ly/3FYzkcp. Acesso em: 4 abr. 2022. Com base na leitura e nos seus conhecimentos, avalie as afirmativas. I – A contabilidade é a ciência responsável pelo registro metódico dos fenômenos que influenciam o patrimônio de uma organização, e a análise e a interpretação desses fenômenos ficam fora do seu escopo de atuação. II – As demonstrações contábeis são técnicas utilizadas pela contabilidade relativas a relatórios contábeis que visam fornecer informações a respeito da situação patrimonial, financeira e econômica de uma entidade. III – Com o recente fenômeno da globalização, a contabilidade perdeu relevância nas apurações fiscais feitas por corporações, entidades e empresas das mais diversas naturezas. 42 Unidade I É correto o que se afirma apenas em: A) I. B) II. C) III. D) I e II. E) II e III. Resposta correta: alternativa B. Análise das afirmativas I – Afirmativa incorreta. Justificativa: no texto, é dito que a “contabilidade é a ciência que estuda, interpreta e registra os fenômenos que afetam o patrimônio de uma entidade”. Logo, a análise e a interpretação desses fenômenos fazem parte do escopo de atuação da contabilidade. II – Afirmativa correta. Justificativa: segundo o texto, “diversas técnicas são usadas pela contabilidade para que seus objetivos sejam atingidos”, como as demonstrações contábeis, que “são demonstrações expositivas para reunir os fatos de maneira a obter maiores informações”. Tais demonstrações incluem informações a respeito da situação patrimonial, financeira e econômica da entidade em foco. III –Afirmativa incorreta. Justificativa: de acordo com o texto, a “contabilidade adquire cada vez maior importância no contexto atual, dado o crescimento das corporações, das entidades e das empresas”. Isso demanda “grande eficácia dos profissionais contábeis, para que sejam capazes de trabalhar a infinita gama de informações que são necessárias ao estudo e ao controle do patrimônio das entidades”. Questão 2. Vimos, no livro-texto, que as três funções distintas exercidas pela contabilidade são: • orientação; • controle; • registro. 43 CONTABILIDADE Em relação às funções mencionadas, avalie as descrições a seguir. • Descrição 1: refere-se aos processos pelos quais a administração é informada de que a entidade age em conformidade com os planos e as políticas previamente estabelecidos. • Descrição 2: refere-se à elaboração de relatórios contábeis, por meio dos quais é comunicada a situação econômica e financeira da entidade. • Descrição 3: refere-se ao registro, à análise e à classificação dos fatos e, também, à escrituração e ao arquivo dos documentos gerados pelos fatos. Assinale a alternativa que mostra, correta e respectivamente, os princípios relacionados às descrições 1, 2 e 3. A) Orientação, controle e registro. B) Controle, registro e orientação. C) Registro, controle e orientação. D) Controle, orientação e registro. E) Registro, orientação e controle. Resposta correta: alternativa D. Análise da questão No livro-texto, foi dito que as três funções distintas exercidas pela contabilidade são as explicadas a seguir. • Controle: diz respeito aos processos pelos quais a administração é informada de que a entidade atua em conformidade com os planos e as políticas previamente estabelecidos. • Orientação: diz respeito à elaboração de relatórios contábeis (balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício, por exemplo), por meio dos quais é comunicada a situação econômica e financeira da entidade. • Registro: diz respeito ao registro, à análise e à classificação dos fatos, bem como à escrituração e ao arquivo dos documentos gerados pelos fatos.