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Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE ANÁLISE E MAPEAMENTO DE OCORRÊNCIAS 2 GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ Maria IZOLDA CELA de Arruda Coelho GOVERNADORA DO ESTADO DO CEARÁ SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL - SSPDS SANDRO Luciano CARON de Moraes - DPF SECRETÁRIO DA SSPDS ACADEMIA ESTADUAL DE SEGURANÇA PÚBLICA DO CEARÁ – AESP|CE Antônio CLAIRTON Alves de Abreu – CEL PM DIRETOR-GERAL DA AESP|CE NARTAN da Costa Andrade - DPC DIRETOR DE PLANEJAMENTO E GESTÃO INTERNA DA AESP|CE HUMBERTO Rodrigues Dias – CEL BM COORDENADOR DE ENSINO E INSTRUÇÃO DA AESP|CE José ROBERTO de Moura Correia – TC PM COORDENADOR ACADÊMICO PEDAGÓGICO DA AESP|CE Francisca ADEIRLA Freitas da Silva – CAP PM SECRETÁRIA ACADÊMICA DA AESP|CE ALANA Dutra do Carmo ORIENTADORA DA CÉLULA DE ENSINO A DISTÂNCIA DA AESP|CE CURSO DE FORMAÇÃO DE SOLDADOS POLICIAIS MILITARES - CFSD PM DISICPLINA Análise e Mapeamento de Ocorrências CONTEUDISTAS Leontino Egídio de Queiroz Neto Antônio Matheus Osterno Leitão FORMATAÇÃO JOELSON Pimentel da Silva – 1º SGT PM • 2022 • Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE ANÁLISE E MAPEAMENTO DE OCORRÊNCIAS 3 SUMÁRIO ANÁLISE E MAPEAMENTO DE OCORRÊNCIAS ................................................................................................................................. 4 1. OBJETIVOS .................................................................................................................................................................................. 4 2. ESTRUTURA DE ANÁLISE CRIMINAL NA SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL DO CEARÁ .......................... 4 3. ESTATÍSTICA ................................................................................................................................................................................ 5 3.1 Conceitos Básicos ................................................................................................................................................................. 5 3.2 Séries Estatísticas ................................................................................................................................................................. 5 3.4 Estatística Descritiva............................................................................................................................................................. 8 4. ANÁLISE CRIMINAL ..................................................................................................................................................................... 8 4.1 Análise Criminal ................................................................................................................................................................... 8 4.2 Tipos de análise criminal ...................................................................................................................................................... 9 5. MAPEAMENTO CRIMINAL ........................................................................................................................................................ 11 5.1 Área Integrada de Segurança ............................................................................................................................................. 11 5.2 Sistema Tecnológico para Acompanhamento Territorial de Unidades de Segurança ........................................................ 12 6. PREENCHIMENTO E COLETA DE DADOS ................................................................................................................................... 13 6.1 Meios de Coleta ................................................................................................................................................................. 13 6.2 Tratamento e padronização de dados ................................................................................................................................ 14 7. OCORRÊNCIAS E SEUS TIPOS .................................................................................................................................................... 14 8. INDICADORES DE SEGURANÇA PÚBLICA .................................................................................................................................. 15 8.1 Indicadores da SSPDS ......................................................................................................................................................... 15 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................................................ 16 Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE ANÁLISE E MAPEAMENTO DE OCORRÊNCIAS 4 ANÁLISE E MAPEAMENTO DE OCORRÊNCIAS 1. OBJETIVOS A disciplina administrada tem como objetivo geral proporcionar aos agentes da segurança pública as competências necessárias à prática da comunicação do cotidiano operacional e o uso das principais tecnologias disponíveis. Além disso, a disciplina tem como objetivos específicos promover a compreensão sobre a importância da coleta de dados para o subsídio do planejamento das ações que ocorrerão em determinada área; abordar a coleta de dados de maneira técnica e com ferramentas adequadas, favorecendo, assim, análises mais rápidas e com maior grau de precisão; e, por fim, auxiliar o trabalho dos agentes com relação ao planejamento de operações utilizando os conhecimentos que foram adquiridos durante a disciplina. 2. ESTRUTURA DE ANÁLISE CRIMINAL NA SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL DO CEARÁ A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), antes denominada Secretaria de Segurança Pública e Defesa da Cidadania (SSPDC), foi criada em 16 de Maio de 1997, através da Lei Estadual nº 12.691 e, posteriormente, renomeada como SSPDS pela Lei 13.297 em 7 de Março de 2003. A SSPDS tem a missão de zelar pela ordem pública e pela incolumidade das pessoas e do patrimônio, coordenando, controlando e integrando as ações da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), da Polícia Militar do Ceará (PMCE), do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE), da Perícia Forense do Estado do Ceará (PEFOCE), da Academia Estadual de Segurança Pública (AESP) e da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (SUPESP). A SUPESP é a mais recente vinculada à SSPDS, tendo sido criada em 22 de Maio de 2018, pela Lei de nº 16.562. Essa superintendência possui a missão de realizar pesquisas, estudos, projetos estratégicos e análise criminal para o fortalecimento da formulação das políticas públicas de segurança pública. Em sua estrutura organizacional, a SUPESP conta com a Diretoria de Estratégia de Segurança Pública (DIESP), a Diretoria de Pesquisa e Avaliação de Políticas de Segurança Pública (DIPAS), a Gerência de Estatística e Geoprocessamento (GEESP) e a Gerência Administrativo- Financeira (GEFIN). Sendo, DIESP, DIPAS e GEESP órgãos de execução programática e GEFIN, órgão de execução instrumental. A GEESP tem como principais competências a realização da gestão de dados, realização de geoprocessamento de dados criminais com a produção de mapas e demais cartografias, mapeamento dos locais do território cearense com maior incidência de crimes, entre outras. Além disso, a GEESP é a única instância responsável pela divulgação dos dados estatísticos da SSPDS, de acordo com a portaria nº 1229/2019-GS. Figura 01 – Portaria nº 1229/2019-GS. Fonte: Diário Oficial do Estado do Ceará (DOECE) p.71, 19 de Julho de 2019. A GEESP, ainda, realiza a divulgação interna de dados, para que os gestores possam acompanhar os índices, além de realizar a divulgação pública dos dados de segurança, principalmente,através do site da SSPDS e da SUPESP, onde é possível encontrar dados referentes a Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI), Crimes Violentos Contra o Patrimônio (CVP), furtos, entre outros, organizados em planilhas com publicações diárias, painéis estáticos e dinâmicos. Além de ser possível solicitar dados estatísticos através do Serviço de Informação ao Cidadão (SIC), disponível em: https://www.sspds.ce.gov.br/acesso-a- informacao/. A SSPDS conta com diversas tecnologias úteis em todo o processo de análise e mapeamento criminal, são essas; SPORTAL: Sistema de consulta de ocorrência vinculado diretamente ao banco de dados da Controladoria Integrada de Operações de Segurança (CIOPS), que conta com diversos recursos além informações sobre a situação das viaturas; STATUS: Sistema de elaboração de manchas e bordas criminais a partir de pontos georreferenciados, conta com os indicadores de CVLI, CVP e outras ocorrências de interesse; PLANILHA DE CONTROLE E PREENCHIMENTO CIOPS: Planilha dinâmica de preenchimento manual das ocorrências CIOPS e outra planilha de consulta histórica de ocorrências registradas na planilha, o acesso à planilha de consulta é concedido pela SUPESP por meio de Ofício (Processo Interno); https://www.sspds.ce.gov.br/acesso-a-informacao/ https://www.sspds.ce.gov.br/acesso-a-informacao/ Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE ANÁLISE E MAPEAMENTO DE OCORRÊNCIAS 5 CEREBRUM: Ferramenta de consulta de BIG DATA, ou seja, integra vários bancos de dados e permite consultas interativas simultâneas, incluindo RG, CNH, veículo, cadastro prisional e outros; GALILEU: Sistema de consulta aos laudos da Perícia Forense com os dados da vítima, imagens e laudos técnicos; SIP/SIP3W: Sistema da Polícia Civil de consulta de procedimentos, vítimas e acusados; ROTAS: Ferramenta de auxílio, gerenciamento e monitoramento de viaturas, inclusive das não conectadas; 3. ESTATÍSTICA 3.1 Conceitos Básicos População: é um conjunto de indivíduos ou objetos que apresentam pelo menos uma característica em comum. Exemplo: habitantes de um determinado local (população brasileira); estudantes de uma universidade. Censo: é uma coleção de dados relativos a todos os elementos de uma população. Exemplo: recenseamento demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Amostra: é uma coleção de dados relativos a uma parte da população que representa, ou seja, é uma pequena parte do grupo examinado. É utilizada, na maioria das vezes, por causa da impossibilidade e dos custos de coletar informações de todos os elementos da população. Exemplo: coleta de sangue para realizar exame; pesquisa de intenção de voto. No estudo censitário, as informações sobre a população são exatas, enquanto no estudo amostral, as informações sobre a população são aproximadas. Há perda de precisão neste último caso que está diretamente ligada ao tamanho da amostra tomada. Quanto maior o tamanho amostral, mais próximo o subconjunto estará da população como um todo e, assim, maior a precisão. No entanto, também maiores serão os custos associados a tal coleta. Variáveis: são objetos que servem para guardar informações e permitem dar nomes a cada uma das partes da informação que queremos guardar, ou seja, são características que são medidas, controladas ou manipuladas em uma pesquisa. Uma variável pode assumir qualquer conjunto de valores que lhe são atribuídos. Exemplo: Tipo de crime; escolaridade; gênero; idade; quantos crimes a vítima sofreu. Figura 02 – Tipos de Variáveis. Fonte: https://veterinariaexemplar.wordpress.com/2018/08/23/bioestatistic a-variaveis/. Acessado em: 17/01/2022. Estatística descritiva: são técnicas analíticas utilizadas para resumir e apresentar os dados de uma pesquisa, visando descrevê-las. Exemplo: tabelas; gráficos; mapas; entre outros. O trabalho de análise estatística resulta da execução de quatro etapas dispostas em coleta de dados, crítica de dados, apresentação de dados (através da elaboração de tabelas, gráficos e mapas) e análise dos dados. 3.2 Séries Estatísticas Constitui uma coleção de dados estatísticos referidos a uma mesma ordem de classificação, ou seja, uma sequência de números que se refere a certa variável. Exemplo: Número de CVLI nos últimos 10 anos. Três são os fatores básicos que a constituem: Época – fator temporal ou cronológico que se - refere ao fenômeno analisado. (Exemplo: ano, mês, dia); Local – fator espacial ou geográfico onde o fenômeno acontece. (Exemplo: Estado, cidade, bairro, Área Integrada de Segurança - AIS); Fenômeno – espécie do fator que é descrito (Exemplo: natureza do crime). Citamos aqui, três tipos de séries estatísticas nos subtópicos a seguir. Série temporal (cronológica, histórica, evolutiva): Uma série temporal é um conjunto de observações tomadas em tempos determinados, comumente, em intervalos iguais. Identifica-se pelo caráter variável do fator cronológico. Tem como objetivo verificar a existência de tendências, sazonalidade (ciclos), além da identificação de padrões do fenômeno no tempo (horas, dias, meses, anos). https://veterinariaexemplar.wordpress.com/2018/08/23/bioestatistica-variaveis/ https://veterinariaexemplar.wordpress.com/2018/08/23/bioestatistica-variaveis/ Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE ANÁLISE E MAPEAMENTO DE OCORRÊNCIAS 6 Figura 03 – Vítimas de CVLI por mês no Ceará. Fonte: SIP/CIOPS/CGO/PEFOCE/GEESP/SUPESP/SSPDS Série geográfica (territoriais, espaciais ou de localização): Identifica-se pelo caráter do fator local. Descreve e visualiza distribuições espaciais, descobre padrões de associação espaciais e identifica observações atípicas. Pode avaliar a variação geográfica na ocorrência de um fenômeno, visando identificar diferenciais de risco e orientar a alocação de recursos. Figura 04 - Número de vítimas CVLI em Fortaleza, por AIS no 1º semestre de 2021. Fonte: SIP/CIOPS/PEFOCE/GEESP/SUPESP/SSPDS Série Específica (categórica ou por categoria): Identifica-se pelo caráter variável do fator fenômeno, enquanto o tempo e o local são fixos. Figura 05 – Tabela de vítimas de CVLI, por natureza, em 2021. Fonte: CVLI em https://www.supesp.ce.gov.br/painel_dinamico/ Acessado em: 17/01/2022 Quadro 01 - Síntese dos tipos de séries estáticas. SITUAÇÃO TEMPORAL GEOGRÁFICA ESPECÍFICA Parte Variável Época Local Fenômeno Parte Fixa Local e fenômeno Época e fenômeno Época e local 3.3 Apresentação dos dados Tendo posse dos dados, o próximo passo é analisar, perceber padrões e extrair informações. Por vezes não é possível a extração de informações globais do fenômeno analisado devido a extensão do conjunto de dados. Tem-se como principal aliado contra essa perda de visão o uso de tabelas, gráficos e mapas, que sintetizam e organizam os dados a fim de passar a informação desejada, sem grandes prejuízos. Tabelas Uma tabela é uma representação realizada através de linhas e colunas, tantas quantas sejam necessárias. O objetivo da tabela é resumir um conjunto de observações, apresentando uma forma não discursiva de informações, representadas por dados numéricos e codificações, dispostos em uma ordem determinada, segundo as variáveis analisadas de um fenômeno. De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), as tabelas apresentam os seguintes elementos: Título: Conjunto de informações, mais completas possíveis, que respondam às seguintes perguntas: O que? Quando? E onde? Localizado no topo da tabela, além de contar a palavra “Tabela” e sua respectiva numeração. Corpo: Conjunto de linhas e colunas que contêm informações sobre a variável em estudo. A substituição de uma informação da tabela pode ser feita pelos seguintes sinais: (...) informação écoletada, mas não está disponível; (- ) informação não coletada e (?) quando temos dúvida da validade da informação. Rodapé: Elementos complementares da tabela: a) Fonte: identifica o responsável (pessoa física ou jurídica) pela sistematização dos dados numéricos, b) Notas: é o texto que irá esclarecer de forma geral ou específica algum conteúdo da tabela, e c) Chamadas: símbolos remissivos atribuído a algum elemento de uma tabela que necessita de uma nota específica. https://www.supesp.ce.gov.br/painel_dinamico/ Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE ANÁLISE E MAPEAMENTO DE OCORRÊNCIAS 7 Figura 06 – Vítimas de CVLI, por mês, em 2021 em Fortaleza Fonte: SIP/CIOPS/PEFOCE/GEESP/SUPESP/SSPDS Gráficos A construção de gráficos atende as mesmas finalidades da construção das tabelas, representar os resultados de forma simples, clara e verdadeira, demonstrar a evolução do fenômeno em estudo e observar a relação dos valores analisados. Os gráficos representam, dinamicamente, os dados das tabelas, sendo mais eficientes na sinalização de tendências. Deve-se optar por uma forma ou outra de representação dos dados, isto é, não utilizar tabela e gráfico para uma mesma informação. O gráfico bem construído pode substituir de forma simples, rápida e atraente, dados de difícil compreensão na forma tabular. A disposição dos elementos é idêntica à das tabelas. De acordo com a ABNT, os gráficos precisam apresentar os seguintes elementos: Título: Conjunto de informações, mais completas possíveis, que respondam às seguintes perguntas: O que? Quando? E onde? Localizado no topo do gráfico, além de contar a palavra “Gráfico” e sua respectiva numeração. Corpo: Representação gráfica da análise efetuada. Rodapé: Elementos complementares do gráfico: a) Fonte: identifica o responsável (pessoa física ou jurídica) pela sistematização dos dados numéricos, b) Notas: é o texto que irá esclarecer de forma geral ou específica algum conteúdo do gráfico, e c) Chamadas: símbolos remissivos atribuído a algum elemento do gráfico que necessita de uma nota específica. Os principais tipos de gráfico utilizados na análise criminal são: Gráfico de Colunas: Construção de retângulos dispostos verticalmente, separados por um espaço. É utilizado para quantidades pequenas/médias de itens. Os dados são quantitativos sobre diferentes variáveis, lugares ou setores e não dependem de proporções. Esses dados são indicados no eixo vertical, enquanto as divisões qualitativas apresentam-se no eixo horizontal. Figura 07 – Gráfico de CVLI, por gênero, entre 2015 e 2021 em Fortaleza Fonte: CVLI em https://www.supesp.ce.gov.br/painel_dinamico/ Acessado em: 17/01/2022 Gráfico de Barra: conjunto de retângulos dispostos horizontalmente, separados por um espaço. É utilizado para os mesmos dados do gráfico de coluna. Os dados são indicados no eixo horizontal, enquanto as divisões qualitativas apresentam-se no eixo vertical. Figura 08 – Gráfico de CVLI, por dia da semana, de 2015 a 2021 no Ceará Fonte: CVLI em https://www.supesp.ce.gov.br/painel_dinamico/ Acessado em: 17/01/2022 Gráfico em Setores ou Pizza: representação através de um círculo, por meio de setores, sendo muito utilizado quando pretendemos comparar cada valor de uma série com o seu total (proporção), em que todos os dados somados compõem o todo de um dado aspecto da realidade. Não é recomendado o uso de muitas dimensões. https://www.supesp.ce.gov.br/painel_dinamico/ https://www.supesp.ce.gov.br/painel_dinamico/ Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE ANÁLISE E MAPEAMENTO DE OCORRÊNCIAS 8 Figura 09 – Gráfico de CVLI, por turno, de 2021 no Ceará Fonte: CVLI em https://www.supesp.ce.gov.br/painel_dinamico/ Acessado em: 17/01/2022 Gráfico de Linhas: utilizado, principalmente, para representar séries temporais, para demonstrar o dado ao longo do tempo e indicado para demonstrar evoluções (ou regressões) que ocorrem em sequência para que o seu comportamento seja observado. Figura 10 - Gráfico de CVLI por mês/ano 3.4 Estatística Descritiva A análise descritiva envolve técnicas para organizar, resumir e descrever os dados de uma pesquisa. Apresentamos, a seguir, os parâmetros mais usados para descrever os dados na análise criminal. Parâmetros para comparação relativa: proporção obtida a partir do cálculo de uma parte do conjunto sobre o seu total; porcentagem obtida a partir do cálculo das proporções, simplesmente multiplicando-se o quociente obtido por 100; razão obtida pelo resultado de um número A em relação a um número B; Distribuição de Frequência: forma de apresentar as frequências para os dados observados. A frequência pode ser absoluta (é o número de vezes que o valor de uma determinada variável é observado) e/ou relativa (é a razão da frequência absoluta pelo número total de observações e é, geralmente, expressa em percentagem); Figura 11 – Vítimas de CVLI de 2009 a 2021, por AIS, em Fortaleza Fonte: SIP/CIOPS/PEFOCE/GEESP/SUPESP/SSPDS A análise descritiva conta, ainda, com diversas outras medidas, como medidas de tendência central (média, moda e mediana) e medidas de dispersão (variância, desvio padrão e amplitude). Além de medidas de correlação entre duas ou mais variáveis. Sendo todas essas medidas, também, úteis na análise criminal. 4. ANÁLISE CRIMINAL 4.1 Análise Criminal Analisar é averiguar, estudar ou explorar o problema com riqueza de detalhes. No contexto da análise criminal podem ser avaliados os seguintes aspectos: infratores, vítimas, outras pessoas que podem estar envolvidas, quando (tempo) e onde (local) ocorre o problema, características do ambiente, objetos envolvidos, consequências do problema, entre outros. Esta análise tem a finalidade de descobrir os padrões e tendências criminais, que gerem informação e conhecimento na busca de uma solução. A análise criminal não se resume na apresentação de números absolutos de violência e criminalidade de uma determinada região para o conhecimento das autoridades ou gestores. Não se deve confundir Análise Criminal com estatística. A análise criminal utiliza os recursos oferecidos pela estatística e constitui uma metodologia voltada para a compreensão do fenômeno da criminalidade, com vistas à articulação de esforços, devidamente, distribuídos e aplicados, no sentido de favorecer a tomada de decisões, de forma eficaz, para a sua redução e controle. Assim, pode-se conceituar análise criminal como uma metodologia de produção de conhecimento, realizada através do conjunto de atividades de coleta, organização e interpretação de dados, buscando identificar a existência, o https://www.supesp.ce.gov.br/painel_dinamico/ Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE ANÁLISE E MAPEAMENTO DE OCORRÊNCIAS 9 surgimento ou a evolução de padrões e tendências de crimes, objetivando subsidiar o planejamento estratégico e tático/operacional, a investigação criminal, e a pronta resposta dos demais órgãos vinculados à segurança pública no combate à criminalidade. De acordo com Silva (2015), cada parte, dentro do processo de Análise Criminal, prescinde da aplicação de ferramentas para obtenção de resultados. Outro aspecto relevante, contido na Análise Criminal, é a saída de “produtos” para utilização por parte de agentes que dirigem ou executam a atividade de segurança pública. Assim, a análise criminal pode ser compreendida, de forma simplista, como um processo. Bruce (2012) ressalta que a análise criminal informal é realizada por todos os policiais. Bruce (2012) destaca que, eles são capazes de fazer inferências sobre as ocorrências usuais que acontecem no perímetro territorial em que atuam. Cada policial em seu “posto” de serviço ou na sua função de investigação realiza a análise criminal simplificadade um evento criminoso. Por exemplo, é comum policiais que realizam o rádio patrulhamento saberem quais são os pontos onde se tem maior incidência de crimes e qual tipo de crime é mais recorrente. Para Bruce (2012), cada policial representa uma unidade de análise criminal. Potencialmente, cada agente é capaz de perceber o aumento ou diminuição da criminalidade ou saber as mudanças de seu perfil, quando compara as atividades criminosas ocorridas ao longo de sua trajetória de trabalho na Corporação. Segundo Gottleib (1994, apud Dantas e Souza) a análise criminal é um conjunto de processos sistemáticos direcionados para o provimento de informação oportuna e pertinente sobre padrões de crimes e suas correlações. Ainda de acordo com Gottleib (1994, apud Dantas e Souza), tais processos visam apoiar as áreas operacionais e administrativas no planejamento e distribuição de recursos com o objetivo de atuar na prevenção e repressão de atividades criminais, auxiliando no processo investigativo. Para Goldstein (1990), a análise criminal deve ser orientada pelo senso comum e raciocínio lógico, sabendo que, não existe, apenas, uma maneira de realizar análise criminal. Problemas específicos requerem análises específicas e que a análise requer criatividade e inovação, não sendo, necessariamente, complexa. Contudo, apesar da simplicidade, a análise criminal apresenta nuances e dificuldades, tais como: Dificuldade de obtenção de dados; Dificuldade para organizar os dados existentes; Excesso de burocracia, falta de financiamento e atrasos tecnológicos; Resistência da organização; Resistência dos agentes policiais na adoção de táticas de solução de problemas; Falta de suporte da gerência intermediária e superior; Pressões ou interferências políticas; Dados imprecisos, inconsistentes e não confiáveis; Conflitos entre áreas internas; e Ausência de dados disponíveis. Gottlieb (1994) estabelece correspondências relacionadas com análise criminal da seguinte forma: Análise Criminal: quem está fazendo o quê contra quem? Análise de Inteligência: quem está fazendo o que junto com quem? Análise de Operações: como a organização está utilizando seus recursos? Análise Investigativa: por que alguém está fazendo tal coisa? 4.2 Tipos de análise criminal A análise criminal possui a missão de revelar com clareza as características do crime, criminalidade e questões conexas. Com isso, Magalhães (2007), destaca três grandes vertentes básicas do trabalho de análise criminal: Análise criminal estratégica; Análise criminal tática; e Análise criminal administrativa. Análise criminal estratégica (ACE) Trata da atividade de produção do conhecimento voltado para o estudo dos fenômenos e suas influências a longo prazo. Dentre seus principais focos estão: Formulação de políticas públicas; Produção de conhecimento para redução da criminalidade; Planejamento e desenvolvimento de soluções; Interação com outras secretarias na construção de ações de segurança pública; Direcionamento de investimentos; Formulação do plano orçamentário; Controle e acompanhamento de ações e projetos; e Formulação de indicadores de desempenho. Seu principal objetivo é trabalhar na identificação das tendências da criminalidade. Análise criminal tática (ACT) Trata da atividade de produção do conhecimento voltado para o estudo dos fenômenos e suas influências em médio prazo. Essa vertente estuda o fenômeno criminal, visando fornecer subsídios para os operadores de segurança pública que atuam diretamente “nas ruas”. Nesse sentido, o conhecimento é utilizado pelas polícias ostensivas e investigativas. Dentre seus principais focos estão: Produção de conhecimento para orientar as atividades de policiamento ostensivo nas ações preventivas e repressivas. Exemplo: Identificação de pontos quentes, correlacionando dia e horários críticos; e https://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADticas_p%C3%BAblicas https://pt.wikipedia.org/wiki/Criminalidade https://pt.wikipedia.org/wiki/Criminalidade https://pt.wikipedia.org/wiki/Criminalidade Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE ANÁLISE E MAPEAMENTO DE OCORRÊNCIAS 10 Produção de conhecimento para subsidiar a polícia investigativa nas soluções das ocorrências criminais, principalmente, na busca da autoria e materialidade dos delitos. Seu principal objetivo é trabalhar na identificação de padrões das atividades criminais, realizar análises dos padrões encontrados, visando identificar potenciais suspeitos, bem como, as condições de cometimento dos crimes. Análise criminal administrativa (ACA) Trata da atividade de produção do conhecimento voltada para o público-alvo. A atividade, nessa vertente, se assemelha à de um editor-chefe, pois tem o objetivo de selecionar os assuntos divulgados para cada cliente. Dentre seus principais focos estão: Fornecimento de informações sumarizadas para seus diversos públicos – cidadãos, gestores públicos, instituições públicas, organismos internacionais, organizações não-governamentais etc.; Elaboração de estatísticas descritivas; Elaboração de informações gerais sobre tendências criminais; Comparações com períodos similares passados; e Comparações com outras cidades similares. Seu principal objetivo é trabalhar as estatísticas criminais de forma descritiva, visando um público- alvo. Operacionalização da análise criminal A operacionalização da Análise Criminal envolve a formulação de um quadro de compreensão sobre o problema analisado, buscando identificar suas causas. Esse quadro é responsável por criar os subsídios necessários para o processo de tomada de decisão quanto às estratégias adotadas para solucionar o problema. De acordo com fatores determinantes da incidência da criminalidade, estudaremos as correntes mais importantes na estruturação do trabalho a ser feito pelo analista criminal, análise e interpretação dos dados apresentados. Em um trabalho de Análise Criminal pode ser usada a abordagem ecológica ou criminologia ambiental, que é a tentativa de se fazer um mapeamento para visualizar a distribuição espacial de um determinado fenômeno. Visando identificar os padrões de motivação do ofensor, as oportunidades que existem para a ocorrência do crime, os níveis de proteção para as vítimas no evento criminoso, e o meio ambiente no qual o evento ocorreu. A abordagem ecológica apresenta diversas correntes teóricas, contudo nesta apostila serão abordadas as seguintes: A Teoria das Atividades Rotineiras: Foi, inicialmente, proposta por Lawrence Cohen e Marcus Felson os quais estabeleceram que o crime predatório ocorria quando um provável infrator e um alvo adequado convergem no mesmo tempo e lugar, sem a presença de um guardião capacitado (VITO; HOLMES; MAAHS; 2007). Nessa teoria se originou o triângulo de análise do crime em que cada lado representa o infrator, o alvo e o local. Figura 12 – Triângulo do crime A Teoria das janelas quebradas: A teoria das janelas quebradas pode ser sumarizada na ideia de que, se uma janela de um edifício for quebrada e não receber logo reparo, a tendência é que passem a jogar pedras nas outras janelas e, posteriormente, passem a ocupar o edifício e destruí-lo. Suas bases teóricas foram estabelecidas na escola de Chicago por James Q. Wilson e George Kelling. Uma estratégia de êxito para prevenir o vandalismo, dizem os autores do estudo, é resolver os problemas quando são pequenos. Reparar janelas quebradas em pouco tempo, dizem os autores, e ver-se-á que os vândalos terão menos probabilidade de estragar mais. A teoria faz duas afirmações principais: que o crime de pequena escala ou comportamento antissocial é diminuído, e que o crime de grande escala é, como resultado, prevenido. Finalidade da análise criminal Conforme osconceitos acima se pode afirmar que a finalidade da Análise Criminal, de uma forma abrangente, é estabelecer correlações para detecção de padrões criminais, como, data, hora e característica do local onde ocorre o crime, perfil das vítimas de interesse aos criminosos, perfil dos autores, modus operandi, dentre outros fatores significativos que podem contribuir para identificação de um padrão de uma determinada atividade criminosa. Os resultados dessa análise são imprescindíveis para as atividades policiais, pois favorecem a tomada de decisões, o planejamento estratégico e operacional, possibilitando uma melhor distribuição de recursos. https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_de_Chicago https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_de_Chicago https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_de_Chicago https://pt.wikipedia.org/wiki/James_Q._Wilson https://pt.wikipedia.org/wiki/George_Kelling https://pt.wikipedia.org/wiki/Vandalismo Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE ANÁLISE E MAPEAMENTO DE OCORRÊNCIAS 11 5. MAPEAMENTO CRIMINAL O mapeamento criminal é uma estratégia para análise do crime, que surgiu com a necessidade de se identificar graus de incidência e variações de ações violentas, em determinadas áreas. Essa estratégia vem permitindo que as agências de inteligência e de combate às ações criminosas especifiquem medidas de contenção e permitam o desenvolvimento de modelos de simulação, que auxiliam em seus planejamentos de ações estratégicas para combate ao crime. De acordo com Harris (1999 apud NETO, 2014), com o avanço dos anos e criação de órgãos de segurança específicos responsáveis por prover a segurança da população, surgiram novos métodos capazes de auxiliar na prevenção de crimes, seja através do patrulhamento ostensivo de determinada região ou por meio da inteligência policial. Até algum tempo atrás, era comum que as autoridades policiais utilizassem ferramentas rudimentares e pouco usuais, como por exemplo pregar mapas gigantescos nas paredes das delegacias/batalhões e utilizar alfinetes para georreferenciar os pontos de maior ocorrência criminal. De acordo, ainda com Harris (1999), os mapas de alfinetes, embora fossem úteis e capazes de mostrar os locais de ocorrências criminais, apresentavam enormes limitações. Como exemplo de uma das maiores limitações que esse método apresentava, temos o fato de que, na medida em que os dados eram atualizados, os padrões de criminalidade anteriores eram perdidos. Os dados brutos podiam ser arquivados, contudo os mapas, não. O mapeamento feito dessa forma pode ser considerado, então, como estático, ou seja, não eram possíveis de serem manipulados ou investigados. Atualmente, com o avanço da tecnologia, tornou-se possível a criação de mapas de alfinetes virtuais, além do surgimento de outras técnicas de mapeamento mais sofisticadas, capazes de se integrarem. Podemos citar o Sistema de Informação Geográfica (SIG) como um dos grandes marcos da era moderna do mapeamento criminal (HARRIS, 1999). Segundo Keith Harris, em sua obra “Mapeamento Criminal: Princípios e Práticas" (1999), o mapeamento da criminalidade deriva da necessidade do homem de combater, efetivamente,. Assim, para que o mapeamento criminal possa ser definido faz-se necessário conhecimentos de cartografia e criminologia. Dessa forma, é necessário elencar alguns conceitos básicos: Cartografia: Arte ou ciência de compor cartas geográficas ou mapas (AURÉLIO, 2000). Geoprocessamento: Denota a disciplina do conhecimento que utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento da informação geográfica e que vem influenciando de maneira crescente as áreas de Cartografia, Análise de Recursos Naturais, Transportes, Comunicações, Energia e Planejamento Urbano e Regional (CÂMARA, 2001). Georreferenciamento/Georreferenciação: Codificação da Terra através de referências geográficas passíveis de serem entendidas por computadores, ou seja, “uma informação espacial na forma de texto, como endereços residenciais ou comerciais, pode ser representada em um mapa através da realização deste procedimento, que atribui à informação do endereço as coordenadas geográficas de um elemento no plano cartesiano nos eixos X e Y respectivamente” (PROCHNOW E OLIVEIRA apud NETO, 2014). A conversão desses dados tornou-se extremamente necessária para o mapeamento criminal, pois tornou possível a integração de diferentes informações referentes aos crimes, que são registrados em sistemas policiais específicos. Assim, por meio da utilização de softwares, passou a ser possível pontuar nos mapas, os locais onde ocorrem os fatos criminosos (NETO, 2014). Neto (2014), ainda, atenta que, para uma melhor utilização do mapeamento criminal é necessário saber que os crimes ocorrem, tanto no tempo quanto no espaço. Assim, o analista que, pretenda desenvolver um estudo sobre a delinquência, precisa atentar-se a dados estatísticos que compilem tanto a incidência criminal no espaço geográfico (locais onde o delito ocorreu), quanto o momento em que ocorreu (mês, semana, dia e horário). 5.1 Área Integrada de Segurança Uma das estratégias adotadas pela SSPDS para o aperfeiçoamento de trabalhos policiais, periciais e bombeirísticos em território cearense é a delimitação do Estado em Áreas Integradas de Segurança (AIS), as quais são administradas por meio de uma gestão compartilhada entre as vinculadas da Secretaria. As AIS foram criadas em 2014, a partir do programa Em Defesa da Vida, por meio da Portaria nº 0908/2014-GS. Contando, inicialmente, com 18 AIS, sendo de 1 a 6 localizadas em Fortaleza (capital do Estado), de 7 a 9 na Região Metropolitana de Fortaleza e, de 10 a 18 distribuídas no interior do Estado, estas dispostas em interior Norte e interior Sul. Atualmente, o Estado conta com um número maior de AIS, 25 no caso. Este aumento do número das Áreas Integradas de Segurança reflete uma busca constante das autoridades competentes por prover uma segurança mais eficiente para a população cearense. Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE ANÁLISE E MAPEAMENTO DE OCORRÊNCIAS 12 Figura 13 - Mapa das AIS Fonte: https://www.sspds.ce.gov.br/ais/. Acesso em: 19/01/2022. Uma consulta detalhada sobre cada AIS, pode ser encontrada no site da SSPDS/SUPESP, onde é possível encontrar informações referentes aos bairros/municípios que compõem cada AIS, bem como os seus representantes frente a policia militar, policia civil e corpo de bombeiros. 5.2 Sistema Tecnológico para Acompanhamento Territorial de Unidades de Segurança O Sistema Tecnológico para Acompanhamento Territorial de Unidades de Segurança (STATUS) é uma ferramenta de inteligência analítica para dados criminais com vistas à tomada de decisões de gestores da segurança pública do Ceará. As principais funcionalidades do STATUS consistem no uso de estatísticas qualitativas das ocorrências importadas por semana, mês e ano; uso de cenários a partir de cadastros de indicadores criminais; apresentação visual do ambiente por meio da realização das análises de mapas; análise de estatísticas por principais tipos criminais, entre outros. O sistema foi desenvolvido no contexto do projeto Inteligência Científica e Tecnológica Aplicada à Segurança Pública, fomentado pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP/CE) em parceria com a SSPDS, sob a gestão da SUPESP. Esta solução foi concebida e projetada por José Florêncio de Queiroz Neto, no contexto de sua tese de doutorado, tendo como objetivo principal a realização de análise de dados estatísticos sobre crimes no estado do Ceará, atendendo como público-alvo os gestores e tomadores de decisão da SSPDS. O STATUS é uma ferramenta do Estado do Ceará que possibilita a análise do mapeamento criminal de diferentes formas, como por exemplo a criaçãode Macro e Micro Territórios. O mapeamento do Macro Território consiste em observar os dados criminais em um determinado local, como cidades, regiões e AIS, de modo a aferir dados sobre a atuação criminosa na região analisada, buscando a melhor estratégia de combate à criminalidade no Macro Território. O Micro Território, analogamente ao Macro Território, se debruça a entender a criminalidade dentro de um determinado espaço físico, contudo esse espaço é menor do que no Macro Território, como por exemplo ruas, quadras e bairros. Figura 14 – Macro Território Figura 15 – Micro Território https://www.sspds.ce.gov.br/ais/ Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE ANÁLISE E MAPEAMENTO DE OCORRÊNCIAS 13 Estas análises, para serem realizadas, utilizam técnicas estatísticas, KDE – Kernel Density Estimation (Densidade Estimada de Kernel) e MSKDE – Marching Square Kernel Density Estimation (Densidade Estimada de Kernel via Quadrados Marchantes). Estas técnicas consistem, basicamente, na observação de regiões de maior incidência criminal (zonas quentes/hot spots) e penalizam essas regiões a partir de um raio e uma porcentagem de densidade, definida pelo analista. 6. PREENCHIMENTO E COLETA DE DADOS A produção de estatísticas, voltada à análise e mapeamento criminal, é oriunda da combinação de diferentes fontes de dados. Dessa forma, a SSPDS conta com múltiplas fontes de dados, geridas, principalmente, por suas vinculadas e coordenadorias. 6.1 Meios de Coleta Sistema de Informações Policiais O Manual De Procedimentos De Polícia Judiciária do Estado do Ceará, portaria normativa nº 578/2013 – SSPDS/GDGPC, no art 1º traz que, é competência da autoridade policial apurar infrações penais, cumprir os prazos legais e manter atualizados os registros de todas as atividades de polícia judiciária e investigativa. Para se fazer cumprir o art 1, o art 3, do mesmo manual, atenta que, os inquéritos policiais e demais atos procedimentais (termo circunstanciado de ocorrência, ato infracional e boletim de ocorrência) de atribuição da polícia judiciária, deverão ser elaborados no Sistema de Informações Policiais (SIP). O SIP, que se encontra em operação, atualmente, entrou em produção no ano de 2000, e ao longo de sua existência passou por várias atualizações, visando, sempre, atender às alterações conjunturais da Polícia Judiciária. O SIP, conta ainda, com uma versão na plataforma web, SIP3W, que possibilita o acesso remoto e foi desenvolvido pela Coordenadoria de Tecnologia da Informação e Comunicação (COTIC). A versão web do SIP, SIP3W, foi um grande marco para a Polícia Judiciária do Ceará, uma vez que facilita todo o processo de atualização e melhoramento do sistema. No SIP3W, foi possível, ainda, acrescentar o BEO ADMIN (Boletim Eletrônico de Ocorrência da parte Administrativa), que é utilizado pela Delegacia Eletrônica, com uma interface que deixa as informações compactadas, facilitando, assim, a análise das ocorrências e agilizando todo o processo de validação dos boletins. As bases de dados SIP/SIP3W, mantidas pela Polícia Civil, são as fontes oficiais, e primárias, utilizadas na construção de estatísticas e indicadores de segurança do Estado. Contudo, alguns indicadores utilizam, além do SIP/SIP3W, fontes secundárias de dados, como as bases mantidas pela Coordenadoria Geral de Operações (CGO), Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (CIOPS) e da Perícia Forense (PEFOCE). Figura 16 – SIP Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança A Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (CIOPS), faz parte da SSPDS e, tem como, principal, função aprimorar os serviços de atendimento ao cidadão, através de um número único 190, proporcionando a segurança necessária a toda população alencarina, bem como também aqueles que visitam o nosso Estado. Sendo também este órgão responsável direto por toda a comunicação via rádio digital e rastreamento das viaturas operacionais (GPRS – Serviço Geral de Pacotes por Rádio e GPS – Global Position System) de todo o Estado do Ceará. A CIOPS vem durante esses anos integrando diversas instituições de atendimento emergencial, a saber: Polícia Militar do Ceará (PMCE), Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE), incluindo a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Ceará (CEDEC), Polícia Civil do Ceará (PCCE), Perícia Forense do Estado do Ceará (PEFOCE), Guarda Municipal de Fortaleza (GMF), Defesa Civil de Fortaleza, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus), Autarquia de Trânsito e Cidadania de Fortaleza (AMC), Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e Secretaria da Administração Penitenciária (SAP). A CIOPS conta ainda, em sua estrutura organizacional, com diversos núcleos operantes, como: Núcleo de Teleatendimento: Responsável pelo recebimento da ligação e avaliação da necessidade do registro da ocorrência. Este núcleo atende através do canal 190, contudo, os números 911, 112, 192 e 193 redirecionam as ligações ao núcleo; Núcleo de Despacho: Responsável por despachar e gerenciar as viaturas no atendimento das ocorrências, observando a natureza da ocorrência e a proximidade de cada viatura do endereço informado; Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE ANÁLISE E MAPEAMENTO DE OCORRÊNCIAS 14 Núcleo de Estatística: Responsável por disponibilizar informações da CIOPS, como fornecimento de certidões, registros de ocorrências, coordenadas geográficas, entre outras. Núcleo de Comunicação: Todas as informações geradas através do canal de atendimento da CIOPS são armazenadas e, posteriormente, são utilizadas para geração de relatórios estatísticos úteis na análise e mapeamento criminal. A CIOPS conta ainda com o SPORTAL, um sistema de consulta de ocorrências ligado, de maneira direta, à sua base de dados. O SPORTAL fornece relatórios estatísticos, bem como informações sobre a localização e situação de cada viatura conectada. GALILEU A Perícia Forense do Estado do Ceará (PEFOCE) é um órgão técnico-científico vinculado à SSPDS, que possui independência Administrativa, Financeira e Patrimonial e exerce as atividades dos extintos Instituto de Identificação (II), Instituto de Criminalística (IC) e Instituto de Medicina Legal (IML), além de conter um Laboratório de Perícia Forense. A PEFOCE também dispõe de uma base de dados, na qual são armazenadas todas as informações sobre as perícias realizadas pelo órgão. Essa base é denominada Galileu. Com a utilização do Galileu, a custódia dos vestígios fica mais organizada e segura, pois, ao darem entrada na PEFOCE, os vestígios recebem um código identificador, QR code e lacre de segurança que são, facilmente, rastreáveis e monitorados internamente. Esses meios permitem ao gestor identificar, em tempo real, em qual etapa, determinada perícia, está ou se ela já foi concluída. Com o Galileu, ainda, os laudos também são assinados e liberados digitalmente para as delegacias. OUTRAS FONTES A SSPDS conta ainda com outras fontes de dados, internas e externas, como: Coordenadoria Geral de Operações (CGO), que reúne todas as ocorrências da CIOPS com as ocorrências dos interiores onde não há cobertura da CIOPS; SINDIÔNIBUS que contabilizam os roubos a coletivos (quando a empresa é a vítima, e não aos passageiros); Divisão Antissequestro (DAS), que consolida, contabiliza e compartilha as ocorrências de sequestro no estado; Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), que compartilha mensalmente dados específicos referente a ataques a instituições financeiras; Corpo de Bombeiros, que compartilham mensalmente os diversos dados de vistorias, salvamentos, incêndios, resgates e etc; Grupo de Apoioàs Vítimas de Violência (GAVVPM), é um grupo que acompanha vítimas de violência para prevenção e superação do quadro de vulnerabilidade, eles compartilham os dados referentes aos grupos vulneráveis. Além de outras fontes para subsidiar e avaliar estratégias de segurança pública. 6.2 Tratamento e padronização de dados A GEESP, como único órgão responsável pela divulgação dos dados estatísticos, pareceres técnicos e indicadores criminais, condensa, então, todos esses dados de segurança pública, em uma única base de dados, útil em todo o processo de análise criminal. A GEESP, nesse processo de condensar e centralizar toda a informação, conta com o uso de softwares estatísticos e de informação geográfica úteis para dar celeridade e tornar o processo de análise e mapeamento criminal eficiente, são exemplos desses softwares: Excel, R, Python, SPSS, Power Bi, QGIS, ArcGIS, entre outros. 7. OCORRÊNCIAS E SEUS TIPOS Atualmente, existe uma gama enorme de tipos de ocorrências de segurança, sendo todas registradas pela Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (CIOPS), como mostramos na figura a seguir, a coordenadoria faz parte da Polícia Militar do Ceará, que em parceria com as outras vinculadas e demais órgãos públicos. Figura 17 – Fluxograma da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (CIOPS) Fonte: https://www.sspds.ce.gov.br/2018/01/30/coordenadoria- integrada-de-operacoes-de-seguranca-ciops/ O CALL CENTER (Teleatendimento) recebe a ligação e, se for de responsabilidade da polícia militar, a ocorrência é levada ao despachante da região do fato, para que ele repasse para a equipe da região em campo e repasse informações aos operadores do Núcleo de Videomonitoramento (NUVID), para que busquem características dos envolvidos na ocorrência nas câmeras espalhadas na região. Toda ocorrência é registrada no sistema e também preenchida em uma planilha virtual interativa por um controlador de turno. Como vimos no item 6.1, Coleta de dados, cada fonte de dados citada tem uma metodologia de registro de ocorrência diferente, cada órgão define quais dados da ocorrência recolher e alguns órgãos podem gerar a mesma ocorrência. Por exemplo, a vítima é roubada e liga para o 190 Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE ANÁLISE E MAPEAMENTO DE OCORRÊNCIAS 15 para registrar o ocorrido, logo após, vai até a delegacia registrar um Boletim de Ocorrência. Assim, em uma só ocorrência, geramos um registro no banco de dados da CIOPS e um registro no banco de dados do SIP. O exemplo acima citado, mostra como a estruturação dos dados da ocorrência são importantes e pensados para melhor analisar as características contidas, em busca de padrões e futuramente podendo ser evitadas ou amenizadas. Figura 18 - Fluxograma do teleatendimento da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (CIOPS) Cada órgão sabe quais dados da ocorrência tem que recolher, a polícia civil, com o objetivo de investigar e capturar os infratores, busca todas as informações possíveis da vítima, infrator, objetos envolvidos e testemunhas. Já a polícia militar, com o objetivo de montar estratégias para prevenção, vai colher informações locais das testemunhas não compromissadas (as que não querem ir à delegacia), características do ambiente, modus operandi do infrator, local, data, hora, motivação. Os bombeiros, com o objetivo de estarem sempre preparados, buscam colher informações do fato gerador daquela ocorrência, data, hora, características do ambiente e se houve infrator. As demais ocorrências são direcionadas, mas sempre com o objetivo de alimentar um sistema para que se possa extrair dados e interpretá-los, assim, gerar estatísticas para guiar os tomadores de decisão em suas ações. 8. INDICADORES DE SEGURANÇA PÚBLICA 8.1 Indicadores da SSPDS A maioria dos Estados segue um critério de agrupamento de naturezas, como o CVLI e o CVP como citamos no item 1.1, no Ceará, utilizamos as metodologias de Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLI), que agrupa homicídio doloso, lesão corporal seguida de morte, roubo seguido de morte (latrocínio) e feminicídio. Crimes Violentos contra o Patrimônio (CVP), que agrupa todos os tipos roubos com violência, exceto latrocínio, que já é contabilizado no CVLI. Alguns estados contabilizam diferente, como por exemplo, desde 2020 o estado do Piauí deixou de agrupar as naturezas por CVLI e passou a agrupar por Mortes Violentas Intencionais (MVI), nesse grupo contabilizam homicídio doloso, feminicídio, roubo seguido de morte, lesão corporal seguida de morte, estupro seguido de morte, infanticídio, maus tratos qualificados pelo resultado morte, dentre outros nos quais a morte decorre de uma agressão intencional, inclusive a morte a esclarecer com indício de crime. Com Crimes Violentos contra o Patrimônio (CVP) não é diferente, alguns Estados agrupam os tipos de roubo (exceto latrocínio) e outros Estados divulgam as naturezas individualmente. 8.2 Metodologia SENASP A Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) requer uma alimentação de dados no sistema deles mensalmente, esse tipo de colaboração é importante, pois a partir da interpretação desses dados, pode resultar em verba federal aplicada na secretaria do estado. A SENASP também padroniza algumas métricas de contabilidade de crimes, como por exemplo, o Crime Violento contra o Patrimônio (CVP), que são roubos em geral, exceto latrocínio, que são registrados por ocorrência, isso significa que, se 5 pessoas foram vítimas em uma mesma ocorrência, esse crime irá contar uma só vez, pois são 5 vítimas de 1 ocorrência, já se tratando de um Crime Violento Letal e Intencional (CVLI) que é um aglomerado de crimes que envolve Homicídio Doloso, Lesão Corporal Seguida de Morte, Latrocínio, Feminicídio e Roubo seguido de Morte (Latrocínio), são contabilizados por vítimas, se houve uma chacina (ocorrência de CVLI com 4 ou mais vítimas), serão adicionadas 4 vítimas na contagem daquele dia. A alimentação de dados de cada estado, é feita individualmente, optando o estado por colaborar, ou não, com os seus dados da segurança pública, essa alimentação colabora com o acompanhamento nacional de crimes, a partir dos dados das ocorrências de cada estado, eles podem gerar estatísticas mais eficazes. Cada inserção de dados valida o quantitativo do mês publicado, podendo ser retificado no período de até 3 meses. Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE ANÁLISE E MAPEAMENTO DE OCORRÊNCIAS 16 REFERÊNCIAS https://www.pm.ce.gov.br/2021/03/08/o-grupo-de-apoio-as- vitimas-de-violencia-gavv-da-pmce-faz-alusao-ao-dia- internacional-da-mulher/ Acesso em 17/01/2022 https://www.sspds.ce.gov.br/ais/ Acesso em 17/01/2022 https://www.sspds.ce.gov.br/estatisticas-2-3/ Acesso em 10/01/2022 https://www.supesp.ce.gov.br/institucional/ Acesso em 10/01/2022 SILVA, João Apolinário. Análise criminal: teoria e prática – Salvador: Artpoesia, 2015. BRUCE, Chistopher. 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NETO, LUDOVICO SOLAGNA. MAPEAMENTO CRIMINAL: UMA ANÁLISE DA SUA APLICAÇÃO NO PLANEJAMENTO OPERACIONAL E NA INVESTIGAÇÃO POLICIAL PARA A POLÍCIA CIVIL DO DISTRITO FEDERAL. MONOGRAFIA - Faculdade Projeção, 2014 HARRIS, Keith. Mapeamento Criminal: Princípios e Prática. Washington: U.S Department of Justice, 1.999. Traduzido por MEDEIROS, Anderson, Disponível em http://andersonmedeiros.com/mapping-crime/ - Acessado em 17/01/2022 CÂMARA, Gilberto, et al. Introdução a Ciência da Geoinformação. São José dos Campos: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, 2001. https://www.pm.ce.gov.br/2021/03/08/o-grupo-de-apoio-as-vitimas-de-violencia-gavv-da-pmce-faz-alusao-ao-dia-internacional-da-mulher/ https://www.pm.ce.gov.br/2021/03/08/o-grupo-de-apoio-as-vitimas-de-violencia-gavv-da-pmce-faz-alusao-ao-dia-internacional-da-mulher/ https://www.pm.ce.gov.br/2021/03/08/o-grupo-de-apoio-as-vitimas-de-violencia-gavv-da-pmce-faz-alusao-ao-dia-internacional-da-mulher/ https://www.sspds.ce.gov.br/ais/ https://www.sspds.ce.gov.br/estatisticas-2-3/ https://www.supesp.ce.gov.br/institucional/ http://andersonmedeiros.com/mapping-crime/
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