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1 Injúria renal ou lesão renal (nome mais correto) • Queda abrupta da filtração glomerular → Elevação da creatinina > ou = 0,3 mg/dL em 48 horas ou > ou = a 50% do valor basal. • Oligúria < 400mL/24h (anúria < 100 mL) • Dificuldade para estimar TFG ✓ Oligúria, anúria ou aumento > 1,0 por dia da Cr → provável TFG < 10 ml/min ✓ Queda da Cr > 1,0 por dia → sugere TFG > 50 ml/min Pacientes com risco de lesão renal aguda precisam de uma maior atenção. Pacientes com edema pode estar aparentemente hipervolêmico, porém pode ter hipovolemia relativa (pouco volume dentro do vaso). IECA ou BRA protegem o rim, mas em algumas situações também podem ser lesivos. Além disso, costumam aumentar o potássio. ↓ Débito urinário: Com a redução do débito urinário, menos líquido sai, portanto, esse líquido vai ficar represado nos vasos aumentando a pressão hidrostática dentro dos vasos e então irá extravasar para o terceiro espaço causando edema. Atenção: Risco de Edema Agudo de Pulmão Essa hipervolemia também pode aumentar a pressão arterial. Desequilíbrio hidroeletrolítico: Os túbulos renais são responsáveis pelo ajuste dos nossos eletrólitos, logo, a injúria renal aguda causa um desequilíbrio hidroeletrolítico (K, Na, Mg, Ca e P). Dentre eles, principalmente o K que no paciente com injúria renal aguda tende a subir porque deixa de ser excretado. Atenção: K alto pode dar arritmia 2 Desregulação da concentração urinária: os túbulos renais regulam a concentração da urina de acordo com as necessidades. Desequilíbrio ácido-básico: a regulação desse equilíbrio depende, principalmente, O organismo acaba liberando várias substâncias para provocar vasoconstrição para tentar aumentar a perfusão. ADH: antidiurético, age no túbulo coletor aumentando a reabsorção. dos pulmões e dos rins. Os rins atuam controlando o bicarbonato. Retenção de escórias nitrogenadas: Principalmente a Ureia e a Creatinina que são produtos do metabolismo das proteínas. Esses produtos tendem a ser eliminados pelos rins. Porém na injúria renal, essas escórias tendem a ficar em excesso. A ureia em excesso causa uremia. Pré-renal (artérias que irrigam o rim): mais comum. Pode evoluir para a renal. Com a depleção do volume, os rins começam a reabsorver água, para isso começam a reabsorver o sódio e junto com ele outros compostos acabam sendo reabsorvidos junto como a Ureia. A Ureia na pré-renal acaba subindo mais que a creatinina devido a essa reabsorção. Esses mecanismos de defesa conseguem resolver o problema a curto prazo, porém essa vasoconstrição piora a isquemia. Características: • Diurese < 400 ml/ • Concentração urinária de sódio muito baixa (< 20 mEq/L) • FENa muito baixa • Osmolalidade urinária elevada • Aumento desproporcional de Ureia Evolução esperada com tto: resposta rápida à hidratação; creatinina volta ao basal em < 72 horas. Transição para IRA renal: → Medula renal: alto consumo de O2, tensão de O2 se reduz em direção à papila renal, redução do fluxo sanguíneo > 80% na região medular externa. Renal (no próprio rim): Dano tecidual. Pode começar como renal ou pode ser evolução de uma pré-renal. Principal causa: Necrose Tubular aguda (NTA). 90% das vezes ocorre por isquemia ou por toxinas. Néfrons não conseguem reabsorver sódio nem concentrar a urina Características: • Aumento proporcional de Cr e U • Concentração urinária de sódio muito ALTA • FENa > 1% • Osmolalidade urinária próxima à plasmática Formas: oligúrica e não-oligúrica 3 Pós-renal (vias coletoras urinárias): menos comum. Problema mecânico. Causada por doenças prostáticas (HPB, neoplasias, infecções), bexigas neurogênica, Tratamento com anticolinérgicos. Normalmente temos a pressão hidrostática que manda o líquido para fora do vaso, a pressão coloidosmótica que coloca o líquido para dentro do vaso e a pressão exercida pela cápsula de Bowman que também coloca o líquido para dentro do vaso. Em situações normais, a pressão hidrostática tende a vencer e por isso o líquido sai para ser filtrado na cápsula. Porém, em casos de obstrução, a pressão aumenta e por isso atrapalha a pressão hidrostática. Tratamento: corrigir a obstrução o mais rápido possível. • Até 1 semana: recuperação total • Entre 1 e 12 semanas: aguardar para ver • Até 12 semanas: quadro irreversível Pode ser assintomático (rotina de internação). Sintomas dependem: • Gravidade do quadro • Rapidez da instalação: quanto mais rápido, mais sintomático • Etiologia Oligúria: pouco sensível (50% forma não- oligúrica), mas associada a maior gravidade Anúria: obstrução bilateral? Necrose cortical? Choque grave? Atenção para sintomas de base (choque séptico, ICC) História clínica da IRA, ficar atento para: • Comorbidades: DM, LES< HAS • Medicações: AINES, IECA, BRA, diuréticos, ATB – principalmente os aminoglicosídeos • Depleção volêmica (redução da ingesta oral, débito SNG, diarreia, drenos, poliúria) • História de doença renal crônica • Cirurgias recentes • Uso de contraste • Epidemiologia para doenças infecciosas (leptospirose, febre amarela, malária etc.) • Antecedentes do doenças urológicas (homens idosos) • Cirrose (síndrome hepato-renal) Exame físico 4 Laboratoriais - UREIA elevada - CREATININA elevada - Hipercalemia • Leve (5-6 mEq/L) • Moderada (6-7 mEq/L) • Grave (>7 mEq/L) - Gasometria arterial ou venosa → pH, bicarbonato (acidose metabólica?) - Fósforo e cálcio • Hiperfosfatemia (6-8 mEq/L) • Hipocalcemia pode ocorrer por depósitos Ca+P • Hipercalcemia: relacionada à CAUSA da IRA (mieloma? Metástase óssea?) - Análise do sedimento urinário • Proteinúria: sugere lesão renal • Hematúria dismórfica: sugere origem glomerular • Leucocitúria: infecção ou inflamação renal • Cilindros granulares: sugerem NTA Exames de imagem Investigar obstrução do trato urinário Exame de escolha: ultrassonografia • Solicitar para todos os pacientes com IRA de origem indeterminada • Sugere DRC: rins pequenos, córtex fino • Avaliação da volemia, derrame pericárdico Contrastes: • Evitar o iodado • Gadolíneo (RM): evitar se ClCr < 60 ml/min e contra-indicado se ClCr < 30 ml/min Descobrir a causa para revertê-la Pesquisar pré e pós-renal (tratamento simples) Ajustar doses das medicações em uso pela função renal: atenção para ATB! Coletar amostras de sangue e urina na avaliação inicial (evitar interferentes) Correção da volemia (pré-renal) Preferência : cristaloides Choque: • 20-40 ml/kg nas primeiras horas • Bolus de 300 a 500 mL de cristaloide, em 15 a 30 minutos • Bolus adicionais de acordo com os parâmetros de monitorização • Hipovolêmico: volume 5 • Hemorrágico: transfusão • Traumático: operar Hipotensão persistente • Drogas vasoativas: NORADRENALINA Pós-renal • Pode tentar passar a sonda para tentar desobstruir • Chama o urologista se não resolver Renal • Descobrir a causa: se for medicação, retirar; • Pesquisar doenças • Se preciso, pode fazer biópsia Hipervolemia Tratar a congestão pulmonar Emergência hipertensiva • Vasodilatadores venosos: nitroprussiato ou nitroglicerina (usada mais na doença coronária) • Furosemida – tirar volume e vasodilatar: - Bolus inicial 20-100 mg (1mg/kg) – administração lenta - Sem resposta após 1ª hora: dobrar dose - Possibilidade: infusão contínua Ventilaçãonão-invasiva (VNI): CPAP Morfina: vasodilatador e diminui a sensação de dispneia Hipercalemia Causa metabólica de óbito mais comum na IRA Agressividade do tratamento varia de acordo com: • Alterações ECG - Alterações progressivas à medida que o K sérico aumenta - Onda T alta, pontiaguda, simétrica e com base estreita (“em tenda”) - Achatamento progressivo da onda P até seu desaparecimento - Prolongamento do intervalo PR - Alargamento do QRS com diminuição da sua voltagem - Bloqueios sinoatrial e atrioventricular - Bradiarritmias graves - Fibrilação ventricular - Assistolia Tratamento 6 Diálise: usada em casos que as outras medidas não conseguiram reverter. O gluconato de cálcio não muda o potássio. Ele serve para estabilizar as membranas miocárdicas. Por isso ele só é usado se houver Acidose metabólica alterações no ECG. Atualizações recentes sugerem uso de gluconato quando o potássio estiver muito alto afirmando que podem haver alterações não identificadas pelo exame. • Ânion-gap aumentado • Produção diária de ácidos (sulfúrico, fosfórico) que deixam de ser excretados • Redução do pH, redução do bicarbonato • Hiperventilação compensatória • Geralmente não é grave e não necessita de tratamento 7 São os acidentes com cascavel, encontrado no mundo todo. Esse animal é mais perceptível devido a seu barulho, que avisa à presa quando está próximo. São eles: - O animal só ataca quando não tem como fugir do local. A peçonha é complexa e contém alguns íons (Mg+2, Ca+2, Cu+2), cofatores enzimáticos, proteínas com atividade enzimáticas muito semelhantes ao Bothrops: fosfolipase A2, esterases e enzimas proteolíticas. - Os principais elementos que levam a óbito são as proteínas com importante resposta sistêmica: crotoxina, crotamina e convunsina. - Os casos de acidente com cascavel têm muitas particularidades e a sintomatologia é nítida. Deve então, analisar o paciente e observar o seu comportamento, a fim de identificar que se trata de uma cascavel. - Não são em todos os casos que há a necessidade de utilizar o soro. As duas toxinas mais importantes no aspecto toxicológico são: crotoxina e crotamina. a. Crotoxina: Neurotoxina que inibe a liberação de acetilcolina do neurônio pré- sináptico, levando à paralisia neuromuscular, que pode resultar em morte dependendo da quantidade da peçonha injetada. A paralisia motora pode levar à paralisia dos sistemas autônomos, desencadeando a paralisia do sistema respiratório (principal causa de morte associada). Em toda a musculatura respiratória, inclusive no diafragma, há paralisia flácida por falta da acetilcolina e, então, a morte por falência respiratória. b. Crotamina: Ação despolarizante de fibras musculares agindo especificamente por fibras esqueléticas, o que leva à paralisia dessa musculatura e à agressão muscular importante, com degradação de alguns tecidos musculares (alguns são mais sensíveis que os outros). - Ambas as toxinas apresentam ação miotóxica, lesionando o tecido muscular e afetando o sistema renal. O paciente tem muita dor local porque tais toxinas têm ação proteolítica e intensa agressão tecidual. - No entanto, essa dor é menor do que a causada pela ação do Bothrops, cuja agressão tecidual é muito mais intensa. 8 - Também há uma ação coagulante resultante da grande presença de trombina encontrada na corrente sanguínea. Em mais ou menos 40% dos casos é possível observar tais distúrbios de coagulação. Quadro clínico: - Localmente, apesar de existir uma ação proteolítica, não é tão preocupante. Enxerga- se a marca da picada, um pequeno edema e inflamação. - A dor pode ser ausente ou pouco intensa. - Há parestesia local ou regional, que pode persistir por tempo variável, podendo ser acompanhada de edema discreto ou eritema no ponto da picada. Manifestações sistêmicas: Gerais: A toxina causa mal estar, prostração, sudorese, náuseas, vômito, sonolência decorrente da ação neurotóxica, devido à inibição a acetilcolina ou inquietação e secura da boca. Podem aparecer precocemente e estar relacionadas a estímulos de origem diversas, nos quais devem atuar o medo e a tensão emocional pelo acidente. Musculares: Ação miotóxica que causa mialgias generalizadas. A fibra muscular esquelética lesada libera quantidades variáveis de mioglobina, que é excretada pela urina (mioglobinúria) conferindo-lhe uma cor avermelhada e mais escura, até o marrom. A mioglobinúria constitui a manifestação clínica mais evidente da necrose da musculatura esquelética (rabdomiólise). Consequentemente, a mioglobina proveniente da agressão do músculo esquelético tem ação tóxica no túbulo renal, podendo levar à insuficiência renal aguda e necrose tubular. Insuficiência renal aguda (IRA): Necrose tubular pela ação tóxica da mioglobina. Por isso, quando há diagnóstico de picada de cascavel é importante avaliar o funcionamento renal. No acidente crotálico, os rins apresentam concentrações do veneno até 50% maiores do que a concentração plasmática. Como a peçonha é de excreção predominantemente renal, os mecanismos de concentração e transporte tubular favorecem a ocorrência de toxicidade celular direta. Em estudos experimentais utilizando rim isolado, pesquisadores demonstraram que a crotoxina é o principal componente responsável pela toxicidade renal direta da peçonha crotálica, seguida da girotoxina. Além desse efeito tóxico tubular, outros fatores estão certamente envolvidos na patogênese da IRA. A fosfolipase A2 também está presente no veneno crotálico,. demonstrarando que células endoteliais e do sistema imune, como macrófagos, são capazes de produzir mediadores inflamatórios derivados do ácido araquidônico em resposta ao veneno crotálico. Como exposto acima, esses mediadores podem contribuir para IRA através de ações predominantemente hemodinâmicas. Mas talvez seja a rabdomiólise o principal mecanismo de lesão renal no acidente crotálico. A maior frequência de rabdomiólise no acidente crotálico do que no botrópico é um dos fatores que podem explicar a maior nefrotoxicidade do acidente crotálico. 9 Neurológicas: Decorrem da ação neurotóxica e surgem nas primeiras horas após a picada, caracterizando a fáscie miastênica (fáscie neurotóxica de Rosenfeld) evidenciada por ptose palpebral uni ou bilateral, flacidez da musculatura da face, alteração do diâmetro pupilar e incapacidade de movimentação do globo ocular (oftalmoplegia). Exames laboratoriais: a. Sangue: como resultado da miólise há elevação dos valores séricos de creatinoquinase (CK), desidrogenase lática (LDH), aspartase-amino-transferase (AST), aspartase-alanino-transferase (ATL) e aldolase. O tempo de coagulação (TC) frequentemente está alterado. b. Urina: avaliação de possível IRA. Tratamento: - Assim como para qualquer acidente ofídico, o tratamento consiste em lavar o local, avaliar a função renal e manter o paciente hidratado. Seguindo o protocolo, é necessário administração de soroterapia específica. O soro antiofídico é desenvolvido através da inoculação do animal peçonhento em equinos (cavalos). Tratamento: - Assim como para qualquer acidente ofídico, o tratamento consiste em lavar o local, avaliar a função renal emanter o paciente hidratado. Seguindo o protocolo, é necessário administração de soroterapia específica. O soro antiofídico é desenvolvido através da inoculação do animal peçonhento em equinos (cavalos). 10 REFERÊNCIAS: AMARAL, C.F.S.; REZENDE, N.A.; PEDROSA, T.M.G.; SILVA, O.A.; PEDROSO, E.R.P. Afibrinogenemia secundária a acidente ofídico crotálico (Crotalus durissus terrificus). Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v.30, n.4, p.288- 292, 1988. AMARAL, C.F.S.; MAGALHÃES, R.A.; REZENDE, N.A. Comprometimento respiratório secundário a acidente ofídico crotálico (Crotalus durissus). Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v.33, n.4, p.251-255, 1991. ARAÚJO, L.S.; CONCEIÇÃO, A.S.M.M.; CUNHA, D.M.S.; MORAIS, G.B.; SILVEIRA, J.A.M.; JUNIOR, F.A.F.X.; MACAMBIRA, K.D.S.; ARAÚJO, S.L.; PESSOA, N.O.; EVANGELISTA, J.S.A.M. Crotalus durissus venom: biological effects and relevant applications. A Review. Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal, v.10, n.1, p. 9 – 21, 2016. ARGAÉZ, M. A. H. Ecologia da cascavel (Viperidae, Crotalus durissus) no cerrado brasileiro. Dissertação (Mestrado em Biologia Animal) – Programa de pós-graduação em biologia animal -UnB, Brasília, 2006. SILVA, Júlia Maria Moreira et al. Manejo da lesão renal aguda: uma revisão narrativa. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 13, n. 5, p. e7072-e7072, 2021. NUNES, Tiago Ferolla et al. Insuficiência renal aguda. Biblioteca Escolar em Revista, v. 43, n. 3, p. 272-282, 2010.
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