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Intervenção Precoce do Fonoaudiólogo nas Disfunções Orais do Paciente com Síndrome de Down: Revisão Sistemática Amanda Alves 1 , Beatriz Ribeiro¹, Alana de Souza Paula². 1. Graduando de Fonoaudiologia do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU – São Paulo – SP. 2. Doutoranda em Distúrbios da Comunicação Humana - UNESP; Mestre em Fonoaudiologia - PUSP; Especialista em Motricidade Orofacial, Voz e Neurociência; MBA em Gestão em Saúde; Professora da Graduação de Fonoaudiologia do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU – São Paulo – SP. ABSTRACT Objective: To verify the importance of early intervention by the speech therapist in the oral disorders of patients with Down Syndrome. Research Strategies: This is a systematic literature review in the Virtual Health Library (BVS – BIREME), PubMed and Scielo databases, using the following descriptors identified in the DeCS: “Down Syndrome”, “Speech Therapy”, “Stomatognathic System”, “Myofunctional Therapy”, “Early Stimulation”. Selection Criteria: As inclusion criteria were defined articles published in Portuguese, indexed in the databases in the last 5 years and full texts with an accessible link to the content; as exclusion criteria we defined theses, books, reports, internet texts such as blogs on the main subject, articles that do not meet the objectives of the study and the inclusion criteria. Results: Nine articles were selected, distributed following the recommendations of the Prisma checklist, generally pointing out the main implications in the stomatognathic system, showing the importance and effectiveness of multidisciplinary action. Conclusion: The research corroborates the importance of the speech therapist's early performance in the oral dysfunctions of the patient with Down Syndrome, in individual care and inserted in a multidisciplinary team. RESUMO Objetivo: Verificar a importância da intervenção precoce do fonoaudiólogo nas disfunções orais do paciente com Síndrome de Down. Estratégias de Pesquisa: Trata-se de uma revisão de literatura sistemática nas bases Biblioteca Virtual em Saúde (BVS – BIREME), PubMed e Scielo, usando os seguintes descritores identificados no DeCS: “Síndrome de Down”, “Fonoaudiologia”, “Sistema Estomatognático”, “Terapia Miofuncional”, “Estimulação Precoce”. Critérios de Seleção: Como critérios de inclusão foram definidos artigos publicados em português, indexados nas bases de dados nos últimos 5 anos e textos completos com link acessível ao conteúdo; como critérios de exclusão definimos teses, livros, reportagens, textos da internet como blogs sobre o assunto principal, artigos que não atendem aos objetivos do estudo e aos critérios de inclusão. Resultados: Foram selecionado nove artigos, distribuídos seguindo recomendações do checklist Prisma, de modo geral apontam as principais implicações no sistema estomatognático, mostram a importância e eficácia da atuação multidisciplinar. Conclusão: A pesquisa corrobora a importância da atuação precoce do fonoaudiólogo nas disfunções orais ao paciente com Síndrome de Down, em atendimento individual e inserido em equipe multidisciplinar. INTRODUÇÃO A Síndrome de Down (SD) é descrita na literatura como uma patologia causada por um erro na divisão celular durante a fase embrionária, atingindo o par do cromossomo 21, o menor cromossomo humano. Pessoas com Síndrome de Down apresentam trissomia da banda cromossômica 21q22, referente a 1/3 desse cromossomo, sem que se haja conhecimento do porque da ocorrência1. Dentre os diversos problemas de saúde que podem ocorrer com os indivíduos com SD, temos na literatura a descrição do quadro de hipotonia generalizada acometendo 100% desses indivíduos, o que afeta diretamente a musculatura envolvida no Sistema Estomatognático (SE), alterações orais caracterizadas por redução na força, mobilidade e mudança na postura das estruturas orais que comprometem o crescimento craniofacial, as funções de sucção, mastigação, deglutição, respiração e fala, que podem ocorrer por uso de bicos, imaturidade do recém-nascido, alterações neurológicas ou não ter uma causa conhecida2. Tratamentos e terapias, em especial a estimulação precoce com fonoterapia, mostram extrema contribuição durante o período de desenvolvimento destas estruturas3. Por intervenção precoce, entendemos um conjunto de modalidades e ações que objetivam reduzir danos, favorecer a autonomia, ampliar o desenvolvimento social e melhorar a qualidade de vida4. A estimulação precoce é fundamental para o desempenho futuro de toda criança, seja ela com SD e/ou típica. A estimulação antes dos dois anos é de extrema importância, pois o Sistema Nervoso Central (SNC) está em desenvolvimento, formação, diminuindo a possibilidade de instalação de comportamentos adaptativos5. Neste sentido, a fonoaudiologia pode estar presente durante todas as fases de desenvolvimento da pessoa com SD, estimulando as áreas de cognição, linguagem, motricidade orofacial, voz e audição 6. Em se tratando das alterações da motricidade orofacial, o objetivo deste estudo é verificar a importância da atuação precoce do fonoaudiólogo nas disfunções orais do paciente com Síndrome de Down. MÉTODO Estratégia de Pesquisa Para responder a pergunta de pesquisa o estudo propôs uma revisão de literatura sistemática no período de março a abril de 2022. Para tanto, num primeiro momento foi realizada a localização dos termos da pesquisa usando os Descritores de Ciências da Saúde (DeCS) para o português brasileiro, sendo “Síndrome de Down”, “Fonoaudiologia”, “Sistema Estomatognático”, “Terapia Miofuncional”, e “Estimulação Precoce”, e seus correspondentes para língua inglesa, “Down's Syndrome”, “Speech Therapy”, “Stomatognathic System”, “Myofunctional Therapy” e “Early Stimulation”. Em seguida, foram definidas as bases de dados eletrônicos para a pesquisa, sendo estas a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS – BIREME), PubMed e SciELO. Critérios de Seleção Como critérios de inclusão foram definidos artigos publicados em português, indexados nas referidas bases de dados nos últimos 5 anos, textos completos sobre o assunto principal com link acessível ao conteúdo Como critérios de exclusão foram definidos teses, livros, reportagens, textos da internet como blogs sobre o assunto principal, artigos que não atendem aos objetivos do estudo e aos critérios de inclusão. Estratégia de Busca Utilizando os descritores em português e/ou Inglês, de acordo com a necessidade da plataforma e os critérios de inclusão, sendo as etapas: (1) busca básica do assunto principal Síndrome de Down, resultando em n=134; (2) busca avançada do termo Síndrome de Down em dupla associação com os demais descritores utilizando o boleno and, resultando em n=48 (Fonoaudiologia n=15, Terapia Miofuncional n=2, Sistema Estomatognático n=4 e Intervenção Precoce n=27); (3) Leitura do título do artigo para eliminar duplicidade e artigos que não tem relação com o tema, refinando para n=1; (4) Leitura do resumo dos artigos na íntegra, sendo excluídos os que não correspondem ao tema e elegíveis para o estudo n=9 artigos que atendem aos critérios de inclusão e respondem ao problema da pesquisa (fig.1). Fig. 1 Fluxograma de pesquisa dos artigos selecionados para o estudo que atendem aos critério de inclusão e exclusão e respondem ao problema abordado na revisão de literature. RESULTADOS Processo de coleta de dados. Para compreensão da produção científica dos artigos incluídos nesta revisão sistemática (n=9), os mesmos foram distribuídos entre os autores para extração dos dados em uma ficha documental seguindo recomendações do checklist Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta‐Analyses (Prisma), sendo analisadas asseguintes variáveis: Autor/Ano/Estudo; Título; Objetivo/Amostra; Método e Resultado. Após o fichamento, dois autores realizaram a verificação dos dados e, havendo discordância, um terceiro autor analisou e resolveu a divergência. O fichamento dos artigos pode ser verificado em ordem cronológica no Quadro 1. Busca eletrônica nas bases de dados aplicando os critérios de inclusão para o termo “Síndrome de Down” (n=134) Busca avançada do termo “Síndrome de Down” em dupla associação com o boleano and com os demais descritores (n=48) Fonoaudiologia (n=15) Terapia Miofuncional (n=02) Sistema Estomatognático (n=04) Intervenção Precoce (n=27) Leitura do título e verificação de duplicidade (n=13) Eliminado por título (n=32) Eliminado por duplicidade (n=03) Estudos incluídos na revisão de literatura. (n=09) Identificação dos estudos via base de dados Id e n ti fi c a ç ã o S e le ç ã o In c lu s ã o Eliminado após a leitura do artigo na íntegra. (n=4) E le g ib il id a d e Autor/País Ano/Estudo Nome Artigo Objetivo Amostra Método Resultado Giacchini, Vanessa; Tonial, Aline; Mota, Helena Bolli. (2013) Aspectos de linguagem e motricidade oral observados em crianças atendidas em um setor de estimulação precoce Apresentar os resultados fonoaudiológicos obtidos através da instrumentalização fonoaudiológica à profissional que atua em um Setor de Estimulação Precoce de uma instituição sem fins lucrativos do sul do país. Avaliou-se 11 pessoas com idade entre 12 meses a 4 anos. Destes, apenas 3 apresentavam diagnóstico de Síndrome de Down, 4 de Paralisia Cerebral e 4 crianças apresentavam atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. Através do Protocolo de Observação Comportamental /PROC (2004) e partes do protocolo MBGR (2009), durante 1 ano de pesquisa. 7 Todos apresentaram melhoras, tanto no aspecto de linguagem, quanto em relação a aspectos orofaciais, dentre eles, as crianças com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor foram as que demostraram maiores progressos, tendo em vista também a melhora do tônus das estruturas do sistema estomatognático das crianças com Síndrome de Down. Evidenciando a importância da estimulação precoce e na maturação cerebral de crianças com necessidades especiais, destacando o papel do fonoaudiólogo nesse trabalho. 7 Caroline M. A., Andrean, Cristiane F. Gomes, Fabrício M. de C. Machado, Carla S. A. Ghirello- Pires (2013) Descrição do palato duro em crianças com Síndrome de Dow O estudo teve como objetivo caracterizar as medidas antropométricas faciais e de palato de crianças com Síndrome de Down (SD) e compará-las com amamentação, respiração, hábitos orais e alimentação.8 Estudo descritivo e analítico realizado com 6 crianças com SD tendo entre 3 e 6 anos de idade. Utilizado protocolo de avaliação antropométrica, paquímetro de aço, roteiro de entrevista e protocolo de análise de prontuário.8 Observou-se que as crianças com SD não foram amamentadas exclusivamente, fazendo uso de bicos artificiais levando a alterações nas funções de mastigação, sucção e deglutição e pode levar a alterações na musculatura oral, na formação da arcada dentária e alterações de palato, transição alimentar inadequada com introdução tardia de alimentos sólidos e permanência em consistências pastosas. 8 Deborah Fick Böhm Fraga, Karine da Rosa Pereira, Sílvia Dornelles, Maira Rosenfeld Olchik, Deborah Salle Levy (2015) Avaliação da deglutição em lactentes com cardiopatia congênita e Síndrome de Down: estudo de casos Investigar o processo de deglutição e suas possíveis alterações por meio da avaliação clínica da deglutição em dois lactentes com síndrome de Down e cardiopatia congênita.9 Pesquisa descritiva – qualitativa. Incluídos todos os lactentes com suspeita de dificuldade de deglutição, encaminhados ao serviço de fonoaudiologia, com diagnósticos de cardiopatia congênita e Lactentes com síndrome de Down em idade avançada podem apresentar incoordenação da sucção, deglutição e respiração no período pós-operatório. A avaliação clínica da deglutição demonstrou a presença de disfagia orofaríngea em ambos os casos estudados. O estudo sugere a importância da atuação fonoaudiológica na síndrome de Down, internados no IC/FUC-RS durante os meses de janeiro a outubro de 2012. Utilizou-se um protocolo de perfil da amostra para a coleta de dados sobre histórico clínico e diagnósticos dos prontuários dos pacientes, além do instrumento de avaliação para prontidão do prematuro para alimentação oral proposto por Fujinaga (2002) para avaliação clínica da deglutição.9 população pediátrica cardíaca e sindrômica por meio dos baixos escores apresentados, semelhantes aos de lactentes pré-termo em estudos que utilizaram o mesmo protocolo de avaliação clínica da deglutição, e principalmente pela necessidade do desenvolvimento das habilidades orais e alimentares a fim de proporcionar estabilidade clínica e qualidade de vida aos mesmos.9 F.Javed, Z. Akram, AP Barillas, SV Kellesarian, HB Ahmed, J. Khan, K. Almas (2017) Resultado da terapia ortodôntica com placa palatina para disfunção orofacial em crianças com síndrome de Down: uma revisão sistemática Avaliar os efeitos da terapia ortodôntica com placa palatina (OPPT) no tratamento da disfunção orofacial de crianças com SD.10 Revisão pelo método PRISMA de ensaios clínicos controlados em crianças com SD e acompanhamento dos resultados das intervenções.10 O estudo constata a melhora dos distúrbios orofaciais com o uso da OPPT e seu efeito é alcançado com a atuação conjunta do fonoaudiólogo/fisioterapeuta com estímulos motores e sensoriais orais. A OPPT melhora o vedamento labial, reduz a protusão inativa da língua e melhora o seu posicionamento. Deve -se levar em consideração individualidade das características que podem ser encontradas na SD. Os métodos utilizados nos ensaios clínicos não são padronizados e seria fundamental que houvesse essa padronização, o desenvolvimento de técnicas precisas, reprodutíveis e confiáveis. Nos estudos a idade das crianças variou de 2 meses a 12 anos e o tempo de tratamento de 4 a 48 meses.10 Denilma Lígia da Silva Alves Pinheiro, Giorvan Ânderson dos Santos Alves, Fernanda Magda Montenegro Fausto, Luciane Spinelli de Figueiredo Pessoa, Lidiane Assis da Silva, Suzana Maria de Freitas Pereira, Larissa Nadjara Alves de Almeida (2017) Efeitos da eletroestimulação associada ao treino mastigatório em pessoas com síndrome de down Investigar e mensurar os efeitos da eletroestimulação na musculatura orofacial e nas funções de mastigação, respiração e deglutição dos indivíduos com síndrome de Down.11 Para o estudo foram selecionados 16 pacientes com Síndrome de Down, sendo seis homens e dez Mulheres com idade entre 9 a 25 anos. Foram realizadas avaliações fonoaudiológicas com uso do protocolo AMIOFE antes e após a intervenção, que consistiu em oito sessões de eletroestimulação semanais. A corrente utilizada foi a Functional Electrical Estimulation (FES), com uma frequência de 10Hz no aquecimento e 30 Hz na aplicação, em um tempo ON de 5s e OFF de 10s comuns nas duas etapas, e com a largura de pulso de 200(μs) no aquecimento e 250(μs) na aplicação.11 Observada melhora em relação ao aspecto das bochechas quando comparadas flacidez/arqueamento pré e pós o estímulo elétrico, diferenças na mobilidade de língua (lateralidade direita e esquerda), no comportamento da musculatura na execução das funções estomatognáticas de respiração, melhoria no comportamento dos lábiosdurante a deglutição e mudanças expressivas no processo de mastigação (mordida e trituração).11 S. Saccomanno, C. Martini, L. D'Alatri,S. Farina, C. Grippaudo (2018) Propõem um protocolo espeíifico de terapia miofuncinal para crianças com síndrome de down, que apresentam problemas na deglutição, respiração e incompetência labial.6 Foram selecionados 10 pacientes, sendo 7 homens e 3 mulheres, com idades entre 9 a 18 anos.6 O protocolo proposto continha sete objetivos: promover consciência da funcionalidade do nariz, promover a respiração nasal, estabelecer a posição de descanso da língua, restaurar a vedação dos lábios, melhorar a função do bucinador e Um protocolo específico de terapia miofuncional em crianças com síndrome de Down. Um estudo piloto masseter, fortalecer palato mole e uma deglutição correta. Ao final do estudo foi possível constatar a eficácia do tratamento onde foi observado a correção da deglutição atípica, restauração da competência labial, melhora da respiração e redução da rinorreia nasal, também houve resultados estéticos.6 Lorena Garcia Evangelista, Renata Maria Moreira Moraes Furlan (2019) Fatores facilitadores, principais dificuldades e estratégias empregadas no aleitamento materno de bebês com síndrome de Down: uma revisão sistemática Elencar as principais dificuldades e estratégias facilitadoras para melhorar a amamentação do bebê com Síndrome de Down12. Revisão sistemática fazendo levantamento na literatura nacional e internacional (português, inglês e espanhol)12. O artigo levanta a questão da importância do aleitamento materno, sobretudo na SD devido as suas características de hipotonia muscular generalizada, maior inclinação para comorbidades associadas. Verificou-se que o aleitamento materno tende a ter uma menor ocorrência ou mesmo diminuição na duração devido a questões emocionais maternas, comorbidades do bebê que levam a internações, hipotonia muscular que afeta a eficiência da sucção. Observou-se a falta de preparo dos profissionais de saúde no auxílio dessas mães, a falta de avaliação da mamada e de estratégias diretas para uma melhora desse quadro.12 Astegiano, Carolina. Boyars, Antonella. Pirera, Maria Agustina. Rafaghelli, Rosario Trissomia do par XXI: características estomatognáticas Avaliar as manifestações clínicas e epidemiológicas do paciente com SD, e como estas afetam o funcionamento e a Estudo clínico descritivo em 80 pacientes com SD detalhando as características odontológicas e estomatognáticas mais Os achados do estudo foram: Dos 80 pacientes, 42 eram do sexo feminino e 38 do sexo masculino sendo 48 menores de 15 anos e 32 maiores de 15 anos. 75 apresentaram respiração DISCUSSÃO Dos 09 artigos (100%) encontrados, a publicação mais antiga é de 2013 e a mais recente é de 2021, sendo 6 (66,7%) revisões de literatura e 3 (33,3%) estudos clínicos. De modo geral os artigos objetivaram apontar as principais características da Síndrome de Down que trazem implicações na musculatura orofacial, no sistema estomatognático e suas funções, mostrar a importância e eficácia da atuação multidisciplinar, de modo particular da fonoaudiologia, na busca de uma melhor qualidade de vida, autonomia e melhor desenvolvimento da criança. Ressaltam a importância da intervenção de forma precoce tendo em vista a plasticidade neural e o conhecimento das características sindrômicas como fator primordial para um bom Nazarena. Turchetta, Alejandro (2019) estrutura do sistema estomatognático.13 prevalentes.13 mista com maior tendência a respiração oral; 70% apresentam erupção dentária tardia; 78 apresentam língua em posição macroglóssica, 47 mordida aberta, 52 mordida cruzada e 76 apresentam classe III de Angle. O estudo das características mais comuns na SD permite o diagnóstico precoce de futuras patologias e assim prevenir complicações. Evidencia-se a necessidade do trabalho interdisciplinar com fonoaudiologia, ortodontia, pediatria e outros.13 André Alexis Dÿ ́az-Quevedo, Katherine Joselyn Atoche- Socola, Luis Ernesto Arriola- Guillen, Hella Maomy Lucero Castillo-Quispe (2021) Avaliação das características craniofaciais e orais de indivíduos com síndrome de Down: uma revisão da literatura Descrever as características craniofaciais e bucais de crianças e adolescentes com e sem Síndrome de Down.14 Revisões sistemáticas de estudos observacionais transversais e longitudinais.14 As pessoas com SD apresentam características craniofaciais e orais específicas, que são encontradas principalmente nas dimensões dos maxilares reduzida, profundidade e largura do palato, oclusão dentária e condição dos dentes. Essas características impactam negativamente na qualidade de vida relacionada às funções de fala, alimentação, respiração oral.14 planejamento, buscando prevenir as possíveis alterações que podem vir a surgir ao longo do desenvolvimento da criança portadora da Síndrome de Down. Dentre os artigos selecionados 02 abordaram sobre aleitamento materno, sucção e deglutição de lactentes9-12, 02 abordam acerca das principais características estomatognáticas/craniofaciais encontradas na SD13-14, 01 trauxe o resultado dos efeitos da eletroestimulação11, 01 apresentou protocolo de terapia miofuncional para problemas na deglutição, respiração e incompetência labial6, 01 mostrou o trabalho interdisciplinar entre fonoaudiologia e odontologia com uso de terapia ortodôntica com placa palatina10, 01 sobre palato duro na SD8 e 01 relacionou aspectos da motricidade orofacial e a linguagem7. O estudo sobre os efeitos da eletroestimulação trouxe informações relevantes acerca do uso na musculatura orofacial de pacientes com Síndrome de Down, onde foi observado, após a eletroestimulação associada ao treino mastigatório nos músculos masseteres, que houve ganhos funcionais na execução da mastigação, respiração e deglutição11. A eletroestimulação é um método não invasivo fundamentado em conceitos fisiológicos que provocam a excitabilidade nos nervos e fibras musculares15. É uma prática que vem aumentando nos últimos anos e ainda há necessidade de estudos relacionando a eletroestimulação e a SD. Com base no exposto, verificamos que os estudos reafirmam as características do sistema estomatognático descritas relacionadas a SD; demonstram que são muitas as alterações que acomentem esta população, impactando do nascimento a velhice, evidenciando a importância da intervenção desde os primeiros dias de vida afim de promover o melhor desenvolvimento, prevenindo o agravamento das alterações inerentes a patologia e aproveitamento o melhor momento da “janela” de plasticidade neural. CONCLUSÃO A pesquisa corrobora a importância da atuação precoce do fonoaudiólogo nas disfunções orais ao paciente com Síndrome de Down, em atendimento individual e inserido em equipe multidisciplinar. Ressaltamos que o fonoaudiólogo é o profissional capacitado para atuação frente as dificuldades de amamentação, alterações de sucção, deglutição, mastigação, respiração, alterações do sistema sensório motor oral e de produção dos sons da fala. BIBLIOGRAFIA 1. Mustacchi Z. et al. 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