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UNIP - Universidade Paulista _ DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. (3)

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MÓDULO 1.
 
Introdução.
Da sucessão em geral
Princípios
Da herança
Da cessão de direitos hereditários
Conceito e fundamento do direito das sucessões.
1. Conceito.
Sucessão é a substituição de outrem, em direitos e obrigações. O termo é usado para a
transmissão de bens e deveres – há um adquirente que substitui o antigo titular.
A sucessão pode ser:
- O título gratuito ou oneroso;
- Inter vivos ou causa mortis.
· Quando se fala em direito das sucessões estuda-se apenas a transmissão em decorrência
da morte, excluindo-se a transmissão de bens por ato entre vivos.
Conceito:
Direito das sucessões é conjunto de princípios jurídicos que disciplinam a transmissão do
patrimônio de uma pessoa que morreu a seus herdeiros e legatários.
E trata-se de transmissão de patrimônio, e não de bens ou valores, porque a secessão
hereditária envolve a transmissão do ativo e do passivo (obrigações/dívidas) - do morto ao
sucessor.
No sentido subjetivo, direito de sucessão (ou de suceder) é o direito de receber o acervo
hereditário do de cujus.
________//_________
2. Evolução histórica e fundamento do direito sucessório.
Etimologicamente, succedere (latim) significa “vir depois”.
A possibilidade de alguém transmitir seus bens por sua morte é instituição muito antiga –
direito egípcio, hindu e babilônico, dezenas de séculos antes da Era Cristã, o consagravam.
Mas as razões pelas quais a lei acata o direito hereditário variaram ao longo do tempo – e
muitos contestam a legitimidade e a conveniência da sucessão hereditária.
No Direito Romano, a regra era a da sucessão testamentária. Havia íntima conexão entre o
direito hereditário e a religião. O culto dos antepassados constitui o centro da vida religiosa
nas antigas civilizações, sendo grave castigo falecer sem deixar quem lhe cultue o altar
doméstico, deixando seu túmulo ao abandono. Cabe ao herdeiro o sacerdócio desse culto.
O filho varão, biológico ou adotado, recebia a herança. A filha só era herdeira a título
provisório, como usufrutuária, e passava a titularidade da herança ao marido, com o
casamento. Carlos Roberto Gonçalves afirma que a filha não recebia herança porque, pelo
casamento, passava a integrar a família do marido, perdendo os laços com a família do seu
pai[1].
Então: herdar não decorria da vontade do pai, mas do culto religioso – daí se falar em herdeiro
necessário. Os filhos herdam porque devem continuar o culto.
Por isso a sucessão durante séculos se transmite apenas pela linha masculina – como o filho
é o sacerdote da religião doméstica, recebe o patrimônio da família.
O direito de primogenitura e varonia, entretanto, se perpetua em muitas civilizações, para
preservar o poder da família e impedir a divisão da fortuna entre a prole numerosa.
O direito hereditário evoluiu – hoje, em quase todos os países, a sucessão legítima se
processa entre os herdeiros que se encontram no mesmo grau e esses recebem quinhões
idênticos.
Obs.: o direito hereditário encontra opositores. Sistemas socialistas negam a legitimidade da
propriedade privada e, portanto, contestam a legitimidade da transmissão de bens causa
mortis. Dizem que o direito hereditário é injusto por criar e ampliar a desigualdade entre os
homens, estimulando o ócio. Acreditam que há prejuízo aos meios de produção, o que é ruim
para a coletividade. Assim, tais autores concluem que o direito sucessório deve ser abolido,
devolvendo-se ao Estado os bens da pessoa que falecer[2].
Em sentido contrário: o direito de propriedade é estímulo ao progresso, e tem como corolário
o direito sucessório. Ao buscar satisfazer interesse pessoal, cada indivíduo se desenvolve
mais, beneficiando a sociedade. Consoante Roberto Senise Lisboa: “Não se buscou um
modelo socialista nem qualquer modelo misto de sucessão, segundo o qual parte do
patrimônio necessariamente seria destinada ao poder público. Pelo contrário, manteve-se um
modelo de transmissão primordial aos familiares, assentado em normas de ordem pública e
em disposição de última vontade limitada por tais normas”[3].
O direito de propriedade é direito fundamental, assim como o direito sucessório. Se não fosse
admitida a sucessão hereditária, o indivíduo não teria incentivo para amealhar e conservar a
riqueza. Tal comportamento prejudicaria a sociedade. Seriam feitas doações ou liberalidades
simuladas em negócios onerosos, e o titular do direito tentaria transmitir seu patrimônio a
seus herdeiros.
· Fundamentos: art. 5º, XXII e XXX da CF/88.
· Prescreve o art. 5º, XXX da CF:
“XXX – é garantido o direito de herança”.
_________________//___________
Da sucessão em geral;
Trata da sucessão legítima e testamentária.
http://adm.online.unip.br/blank.htm#_ftn1
http://adm.online.unip.br/blank.htm#_ftn2
http://adm.online.unip.br/blank.htm#_ftn3
São regras sobre a administração da herança, sua aceitação e renúncia, sobre a vocação
hereditária e dos legitimados a suceder, da herança jacente, da petição de herança, e sobre a
indignidade: aplicam-se à sucessão decorrente da lei e à sucessão derivada de testamento.
Ainda estudaremos os seguintes Títulos:
Título II - Da sucessão legítima;
Trata da sucessão que opera por força de lei.
No Brasil, é mais comum que a sucessão testamentária.
A lei determina a transmissão da herança às pessoas constantes da ordem de vocação
hereditária, no art. 1829 do CC, mencionando os herdeiros necessários e consagrando o
direito de representação.
Título III. Da sucessão testamentária;
É o maior Título: a lei dá importância à transmissão de bens por ato de última vontade.
A lei traz regras interpretativas da vontade do testador.
Título IV. Do inventário e partilha.
As regras são mais processuais. Tratam das colações e dos sonegados.
_______________//_______________
Da sucessão em geral.
Cap. I – Disposições Gerais.
Da abertura da sucessão.
Art. 1.784, CC/02: A sucessão causa mortis se abre com a morte do autor da herança. O
instante do falecimento é o exato momento da transmissão da herança.
No momento do falecimento, a herança se transmite aos herdeiros legítimos e testamentários
do de cujus[4], quer estes tenham ou não ciência daquela circunstância.
Porque (vimos) a personalidade civil (capacidade da pessoa de ser titular de direitos e
obrigações na órbita do direito) se extingue com sua morte.
Como não há direito subjetivo sem titular, e nem obrigação sem responsável, a titularidade
dos direitos e das obrigações do de cujus se transmite, desde o preciso instante de sua morte,
a seus sucessores.
O art. 1.784 (supra) elimina as dúvidas quanto ao domínio e posse da herança, no intervalo
entre a morte do de cujus e a partilha, esta decorrente de sentença judicial ou de documento
do cartório de notas, se o inventário é extrajudicial.
Consequências da regra do art. 1.784, CC:
a) A capacidade para suceder é averiguada ao tempo da abertura da sucessão. É preciso que
o herdeiro esteja vivo ao tempo da morte do autor da herança. Pode o herdeiro sobreviver ao
de cujus apenas por um instante. Por uma fração de segundo o herdeiro se torna efetivamente
o sucessor e, quando este morre, transmite aos seus próprios herdeiros o patrimônio
adquirido, embora houvesse morrido na ignorância de haver herdado referido patrimônio.
http://adm.online.unip.br/blank.htm#_ftn4
· Por isso é importante saber quem morreu antes e, em caso de comoriência, presumem-se
simultaneamente mortos.
b) A lei aplicável à sucessão é a que está em vigor no instante do falecimento, pois nesse
momento ocorre a transmissão patrimonial (art. 1.787). Assim, serão reguladas pelas normas
do CC/1916 todas as sucessões que se abriram no tempo em que este vigorava. E o atual CC
regerá as sucessões que forem abertas a partir de sua vigência.
Ex.: cf. CC/1916 eram chamados à sucessão, à falta de outros herdeiros, os colaterais até 6º
grau. Pelo CC/02 só conservam este direito os colaterais em até 4º grau.
c) O valor dos bens inventariados é o do momento da morte do de cujus, pois é nesse
momento que se dá a transmissão dos mesmos aos herdeiros(jurispr.).
______________//____________
Transmissão da posse. O princípio da “saisine”.
“Na herança, o sistema da saisine é o direito que os herdeiros têm de entrar na posse dos
bens que constituem a herança”[5].
Embora seja a posse situação de fato, a lei atribui ao herdeiro a condição de possuidor e
determina a sua transferência no instante do falecimento do autor da herança, sem
subordinar a aquisição de tal estado (possuidor) à apreensão material da coisa.
Ainda que a herança se encontre na detenção de terceiros, o herdeiro adquire a qualidade de
possuidor. Ele obtém a posse indireta, a posse de direito.
· É importante a atribuição da qualidade de possuidor ao herdeiro, porque gera efeitos: o
principal é permitir que os herdeiros defendam a posse dos bens herdados, diretamente[6] e
através dos interditos possessórios.
· A transmissão da posse da herança, por força de lei, era desconhecida dos romanos. Entre
eles, a posse só era adquirida pelo herdeiro através da apreensão da coisa[7].
Enquanto é facilmente entendida a transmissão automática do domínio, pois o herdeiro toma
a posição do autor da herança, substituindo-o em todas as relações jurídicas patrimoniais, a
posse, fato, envolve, na concepção tradicional, um ato externo de apreensão da coisa.
O princípio da transmissão ex lege dos bens hereditários aos sucessores universais do de
cujus só foi introduzido no direito português pelo alvará de 9.11.1754, fonte do art. 1.572 do
CC/1916 e do art. 1.784 do CC/02.
Para Silvio Rodrigues[8], a regra deve ser interpretada em consonância com o art. 1.207 do
CC, que determina continuar o sucessor universal a posse de seu antecessor, de modo que o
herdeiro se sub-roga, no que diz respeito à posse da herança, na própria situação que o finado
desfrutava. Se ele era titular de uma posse justa e de boa-fé, o herdeiro adquirirá uma posse
justa e de boa-fé. Se, ao contrário, for injusta a posse do de cujus, a posse de seu sucessor
terá igual defeito, pois ninguém pode transmitir mais do que tem. Mas (vimos) se a posse for
violenta ou clandestina, pode convalescer desses vícios após ano e dia a contar da cessação
da violência ou da clandestinidade.
· Outra questão importante: conciliação do art. 1.784 do CC (em comentário) combinado com
o parágrafo único do art. 1.791, que defere a posse da herança aos herdeiros, com as regras
dos art. 1.797 e 1991 do CC, que conferem às pessoas que mencionam a administração da
herança até o compromisso de inventariante, e ao inventariante, desde a assinatura do
compromisso até a homologação da partilha.
http://adm.online.unip.br/blank.htm#_ftn5
http://adm.online.unip.br/blank.htm#_ftn6
http://adm.online.unip.br/blank.htm#_ftn7
http://adm.online.unip.br/blank.htm#_ftn8
Como conciliar os preceitos, aparentemente contraditórios: um transfere a posse a todos os
herdeiros; e os outros apontam pessoas que, cf. o caso, administrarão a herança?[9]
A conciliação é simples[10]: a contradição se dilui desde que feita a distinção entre posse
direta e indireta. Enquanto o inventariante conserva a posse direta dos bens do espólio, os
herdeiros adquirem a sua posse indireta. Ambos ostentam, simultaneamente, a condição de
possuidores.
______________//___________
Espécies de sucessão: legítima e testamentária.
A sucessão se dá por lei (sucessão legítima) ou por disposição de última vontade, expressa
em testamento (sucessão testamentária - art. 1.786).
No Direito Romano, a sucessão ou era legítima, ou testamentária – uma excluía a outra. No
Brasil isto não ocorre – as duas formas podem ocorrer em um só caso. Falecendo uma
pessoa com testamento que não abranja todos os seus bens, a parte de seu patrimônio não
referida no ato de última vontade passa a seus herdeiros legítimos.
Sucessão legítima: decorre da lei. Se o morto não fez testamento, por exemplo, seu
patrimônio por força de lei irá a seus descendentes e, dependendo do regime de bens, aos
descendentes em concorrência com o cônjuge. Inexistindo descendentes, aos seus
ascendentes e cônjuge; não havendo nem descendentes e nem ascendentes, ao seu cônjuge.
Não havendo nem aqueles parentes e nem cônjuge, aos colaterais até o 4º grau.
A transmissão da herança aos sucessores ocorre sem manifestação de última vontade do
falecido; decorre da lei, por isso se fala em sucessão legítima.
A sucessão legítima é o testamento (tácito) presumido do de cujus que não dispôs
expressamente sobre seus bens.
· Ocorre a sucessão legítima quando não existe testamento, ou quando o testamento caducar
ou for anulado ou declarado nulo, pois nesses casos deixa de haver disposição de última
vontade e a lei disciplina a sucessão (art. 1.788, CC).
· Ocorre sucessão simultaneamente legítima e testamentária quando o testamento não
abrange todos os seus bens. Nesse caso, os bens referidos no testamento se transmitem aos
herdeiros testamentários e aos legatários, enquanto os bens não alcançados pelas
disposições testamentárias seguem aos herdeiros legítimos, na ordem de vocação
hereditária.
______________//_______________
Sucessão a título universal e a título singular.
· A título universal: quando o herdeiro é chamado a suceder na totalidade dos bens do de
cujus, ou em uma parte alíquota deles (abstrata e ideal), ou seja: o sucessor se sub-roga na
posição do finado, como titular da totalidade ou de parte da universitas iuris, que é o seu
patrimônio, de modo que, da mesma maneira que se investe na titularidade de seu ativo,
assume a responsabilidade por seu passivo.
Exemplo de sucessão a título universal: cláusula testamentária que defere ao herdeiro todos
os bens do de cujus, ou 1% de seu patrimônio.
Se houver passivo, o herdeiro assume as dívidas na proporção de seus benefícios – se
recebeu 1% da herança, assumirá 1% das dívidas.
http://adm.online.unip.br/blank.htm#_ftn9
http://adm.online.unip.br/blank.htm#_ftn10
· Sucessão a título singular: quando o testador se dispõe a transferir ao beneficiário bens
individuados, determinados. Ex.: deixa a alguém dois imóveis, ou um carro.
O sucessor a título singular é chamado de legatário, e não de herdeiro. E o legatário não
assume obrigações do de cujus, salvo as obrigações propter rem, que acompanham o dono.
A distinção é importante porque o legatário não assume as obrigações do de cujus. As
únicas obrigações que recebe o legatário são as obrigações propter rem.
_______________//__________
Liberdade de testar.
No Direito Romano, originalmente, a liberdade de testar não encontrava limites[11]. As
restrições vêm a partir da República, para proteger os descendentes e ascendentes
injustamente afastados da sucessão, ou preteridos.
Art. 1789 do CC: havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade dos
seus bens, pois a outra metade constitui a legítima ou reserva daqueles herdeiros.
Herdeiros necessários: art. 1.845, CC – descendentes, ascendentes e cônjuge. A lei concede
a esses sucessores direito à metade do ativo patrimonial do de cujus.
Assim, se o testador não tiver descendentes, ascendente ou cônjuge, é irrestrita a sua
liberdade de testar. Pode dispor de todos os seus bens por testamento, afastando, então, de
sua sucessão, os colaterais (art. 1.850, CC).
· Mas se tiver herdeiros necessários, sua liberdade de testar encontra restrição, pois a lei só
lhe permite dispor da metade de seus bens. A outra metade constitui a reserva, ou legítima,
dos herdeiros necessários (art. 1.846, CC).
· O Direito das Ordenações, anterior ao CC/1916, já consagrava o princípio da relativa
liberdade de testar, ao determinar não poder o testador dispor de mais do que a terça parte
dos seus bens, se tivesse descendentes ou ascendentes.
A Lei Feliciano Penna – Decr. n. 1.839, de 31.12.1907 (art. 2º) – reduziu a legítima de 2/3 para
a metade dos bens do testador, aumentando, então, a quota disponível, de 1/3 para a metade
de seu patrimônio.
Esta regra foi adotada pelo CC/1916 (art. 1.576) e pelo CC/2002 – art. 1.789.
___________//___________
Lugar em que se abre a sucessão:
Art. 1.785,CC: a sucessão se abre no lugar do último domicílio do falecido.
A competência para a ação de inventário é do juiz do último domicílio do de cujus.
· No juízo do inventário serão decididas todas as questões relativas à sucessão (art. 48,
CPC/2015; art. 96 do CPC/1973). O art. 48 do CPC/2015 diz ser competente, para o inventário
e partilha, o foro do domicílio do de cujus, bem como para todas as ações relativas à herança.
Se o de cujus tinha vários domicílios, requerido o processamento de seu inventário em um
deles, fixa-se a competência do juiz requerido, para processá-lo[12].
· Se o cônjuge do de cujus falece no curso do processo, o inventário deste último se
processará conjuntamente com o do anteriormente falecido, em obediência ao princípio da
http://adm.online.unip.br/blank.htm#_ftn11
http://adm.online.unip.br/blank.htm#_ftn12
conexão. A conexão ainda prevenirá a competência, em caso de falecimento de herdeiro sem
outro bem além da quota hereditária no primitivo inventário.
- Haverá um só inventariante para os dois inventários.
- O segundo inventário será distribuído por dependência, processando-se em apenso ao
primeiro.
 
* Na falta de domicílio certo, será competente o foro da situação do imóvel deixado pelo de
cujus; havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes; e não havendo bens
imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio (art. 48, parágrafo único do
CPC/2015).
 
______________________//______________
Da herança e de sua administração:
A morte ocasiona a abertura da sucessão e a transmissão da herança.
Entre coerdeiros, a situação é de condomínio: a propriedade e a posse da herança serão
indivisíveis (art. 1.791, CC).
Até que haja a partilha, nenhum herdeiro tem a propriedade ou a posse exclusiva sobre um
bem certo e determinado do acervo. A partilha é que individualiza o que cabe a cada herdeiro.
Com a partilha, cessa a indivisão e o direito do herdeiro fica restrito ao seu quinhão.
A situação dos coerdeiros da abertura da sucessão até a partilha é de condôminos, titulares
de uma parte ideal do todo, e jamais de bens individuados que compõem o acervo. Aplicam-
se aqui as regras do condomínio. E o condômino, respeitando o direito de preferência, pode
alienar a terceiro sua parte indivisa - a fração ideal de que é titular (pode até alienar uma
alíquota de sua parte), mas não pode alienar um bem do acervo (isto só pode ocorrer com o
consentimento dos demais herdeiros). Se for para alienar um bem do acervo, todos fazem a
venda conjuntamente, e o preço entra no lugar da coisa (sub-rogação real).
Até a partilha, então, cada herdeiro tem a prerrogativa de reclamar a herança inteira, de quem
quer que injustamente a possua, sem que essa pessoa possa defender-se alegando o caráter
parcial do direito do reivindicante. O herdeiro tem tal legitimidade porque é indivisível o direito
de domínio e à posse da herança – art. 1.825, CC. Isto é bom porque é difícil defender apenas
um quinhão não individuado.
Das dívidas do de cujus.
No direito romano a responsabilidade dos herdeiros pelas dívidas do de cujus era ilimitada. Os
patrimônios do herdeiro e do de cujus se confundiam: os credores do de cujus passavam a ser
credores do herdeiro. O pior era para os herdeiros necessários, que não podiam repudiar tal
sucessão, enquanto os voluntários podiam repudiar a sucessão.
Com o tempo, a renúncia passa a ser sempre permitida, para não haver que se responsabilizar
pelo passivo do de cujus.
Com Justiniano, em 531, resolve-se que é possível renunciar a herança quando se percebe
que o passivo supera o ativo (aceitação sob benefício de inventário). No Brasil este foi o
regime até o CC/1916. Se não se fizesse a ressalva de aceitar sob benefício de inventário, o
herdeiro assumia integral responsabilidade pelas dívidas do morto, qualquer que fosse o seu
montante.
Art. 1.587 do CC/1916 e 1.792 do CC/2.002: a aceitação é sempre a benefício de inventário.
A responsabilidade do herdeiro não excede as forças da herança.
O inventário é para fazer o levantamento do patrimônio do falecido – das suas vantagens e
débitos. Antes de dividirem os bens, as dívidas devem ser pagas. Essas dívidas são da
herança – é a herança que por elas responde (1.997, CC/2.002). Separam-se o patrimônio da
herança e o patrimônio do herdeiro.
Quando os encargos excederem o valor dos bens que integram o espólio, ocorre a insolvência
da herança, incumbindo ao inventariante requerer a declaração de insolvência.
Cessão de direitos hereditários.
Os direitos de herdeiro à sucessão aberta podem ser transmitidos gratuita ou onerosamente.
A cessão é negócio jurídico inter vivos.
Com a morte do autor da herança e abertura da sucessão pode haver a cessão. Antes, a
cessão é pacto sucessório, contrato que tem por objeto a herança de pessoa viva, que nossa
lei proíbe (art. 426, CC) – e é negócio nulo de pleno direito (art. 166, II e VII, CC). Aberta a
sucessão, é lícita a cessão, mesmo feita antes da abertura do inventário.
Com a partilha e finda a indivisão, não há cessão de direitos hereditários, pois cada herdeiro já
é dono dos seus bens e o que ocorre então é permuta, doação, venda etc.
Ainda que só haja coisas móveis no espólio, a herança é considerada bem imóvel para efeitos
legais – art. 80, II, CC. Exige-se forma solene para a cessão: escritura pública (art. 1.793, caput
do CC). Não se cumprindo a forma, há nulidade (art. 166, IV, CC). E se o herdeiro é casado, é
necessária a anuência do outro cônjuge, salvo se o regime de bens for o da separação
absoluta (art. 1.647, caput e I). Sem autorização do outro cônjuge, o ato é anulável (art. 1.649,
CC).
A cessão pode ser de toda a herança, se o cedente é herdeiro único, ou de parte da herança;
pode ter por objeto todo o quinhão hereditário ou parte deste.
O cessionário se sub-roga em todos os direitos e obrigações do herdeiro cedente, podendo
defender posse e propriedade da herança.
Há situações jurídicas que salvo deliberação expressa das partes não estão compreendidas
na cessão (não beneficiam o cessionário). Se o herdeiro adquiriu direitos em consequência de
substituição (art. 1.947, CC) ou de direito de acrescer (art. 1.941, CC), esses direitos
presumem-se não abrangidos pela cessão feita anteriormente (art. 1.793, §1º).
O herdeiro pode efetuar a cessão gratuita ou onerosamente, equiparando-se à compra e
venda, no 1º caso, e à doação, no 2º - aplicam-se por analogia as normas que regem estes
contratos, no que couber – e se o assunto não estiver diretamente regulado nos art. 1.793 a
1.795, CC.
O cedente não transfere bem individuado, coisa certa integrante do espólio, mas sim direito
sobre a sua quota ideal na unidade abstrata, indivisível que é a herança. Conforme art. 1.793,
§2º, CC – é ineficaz a cessão de direito hereditário sobre bem da herança considerado
singularmente. A venda de bem individuado da herança, por um dos herdeiros, depende de
acordo dos interessados e autorização do juiz da sucessão (art. 1.793, §3º).
E há também outro tipo de venda, a realizada pelo espólio, por hastas públicas ou mediante
alvará judicial – o preço vai para o acervo e será dividido, no lugar da coisa, entre todos os
herdeiros, na proporção de suas quotas. A venda ocorre para pagar dívidas da herança,
custas, impostos etc., para atender necessidade urgente dos herdeiros, por estar algum
imóvel se deteriorando etc.
Incumbe ao inventariante, ouvidos os interessados e com autorização do juiz, alienar bens de
qualquer espécie.
Conforme regra do condomínio – o herdeiro não pode ceder a sua quota hereditária a
estranho, se outro herdeiro a quiser, pelo mesmo preço (“tanto por tanto”) – preferência do art.
1.794, CC. A razão da lei é evitar que estranho ingresse na comunhão hereditária, que mesmo
sem terceiro já é fonte de briga.
O CC/2.002, no 1.794, firmou o direito de preferência.
*** A preferência só existe na cessão onerosa. Não há preferência do coerdeiro se a cessão
se faz gratuitamente. E não há preferência se o coerdeiro cede o seu quinhão a outrocoerdeiro, que não é pessoa estranha à sucessão.
Se não for dada a preferência, o coerdeiro, a quem não se deu conhecimento da cessão, pode
depositar o preço e haver para si a quota cedida a estranho – até 180 dias após a
transmissão. Art. 1.795, CC (repete art. 504, CC).
Se mais de um coerdeiro quiser a preferência, dividir-se-á entre eles o quinhão cedido, na
proporção de suas respectivas quotas hereditárias (art. 1.795, parágr. único, CC).
Abertura do inventário.
 
Art. 1.796, CC – é matéria de processo: diz que em 30 dias, a contar da abertura da sucessão,
instaurar-se-á inventário do patrimônio hereditário, perante o juízo competente no lugar da
sucessão, para fins de liquidação e, quando for o caso, partilha da herança.
 
Ocorre que a reforma do art. 983, CPC/1973, conferida pela Lei nº 11.441/2007, estabelece
que o processo de inventário e partilha deve ser aberto dentro de 60 dias a contar da abertura
da sucessão, ultimando-se nos 12 meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar tais prazos,
de ofício ou a requerimento das partes.
 
O CPC/2015, em seu art. 611, determina que o processo de inventário e partilha deve
ser aberto dentro de 2 (dois) meses a contar da abertura da sucessão.
 
Desde a assinatura do compromisso até a homologação da partilha, a administração da
herança será exercida pelo inventariante, que representa o espólio, ativa e passivamente, em
juízo e fora dele, tendo por lei outras importantes atribuições (art. 618, CPC/2015; art. 991,
CPC/1973).
 
Art. 617, CPC/2015 (art. 990, CPC/1973):
 
O juiz nomeará inventariante na seguinte ordem – o cônjuge ou companheiro sobrevivente,
desde que estivesse convivendo com o outro ao tempo da morte deste; o herdeiro que se
ache na posse e administração do espólio, se não houver cônjuge ou companheiro
sobrevivente ou que possa ser nomeado; qualquer herdeiro, se nenhum estiver na posse e
administração do espólio; o herdeiro menor, por seu representante legal; o testamenteiro
(pessoa encarregada pelo testador de lhe cumprir as disposições de última vontade), se lhe
foi confiada a administração do espólio ou toda a herança estiver distribuída em legados (é
preciso que não haja cônjuge ou herdeiros necessários. Se houver, ainda que haja
testamenteiro universal, é nomeado ou o cônjuge, ou descendente, ou ascendente); o
cessionário do herdeiro ou legatário; o inventariante judicial, se houver; pessoa estranha e
idônea, se não houver inventariante judicial.
 
O juiz deve seguir a ordem legal (supra). Só pode deixar de segui-la por razões relevantes. Ex.:
nomeia-se estranho idôneo se os herdeiros estão em litígio. E não pode ser nomeado
inventariante o herdeiro que esteja obrigado a prestar contas à herança.
 
- Para ser inventariante era preciso que o cônjuge estivesse convivendo com o falecido na
época da morte – mas muitos julgados deferiam a inventariança mesmo em caso de
separação se o cônjuge supérstite não era o culpado pela separação. Cabe a quem quer
impedir a nomeação (ou destituir a mulher do cargo de inventariante) provar que a mulher
sobrevivente foi quem deu causa à separação e por isso não pode ser inventariante.
- O art. 226, §3º da CF: reconhece a união estável entre homem e mulher como entidade
familiar, de modo que o companheiro sobrevivente pode requerer a abertura do inventário do
de cujus e pode ser nomeado inventariante.
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Administração provisória da herança.
Até a nomeação do inventariante, que presta compromisso assinando-o, até a homologação
da partilha, o espólio fica na posse do administrador provisório, que representa ativa e
passivamente o espólio (art. 613 e 614 do CPC/2015; art. 985 e 986, CPC).
A administração provisória é conferida pelo juiz às pessoas do art. 1.797, do CC: cônjuge ou
companheiro, se com o outro convivia ao tempo da abertura da sucessão; ao herdeiro que
estiver na posse e administração dos bens, e, se houver mais de um nessas condições, ao
mais velho; ao testamenteiro; a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas
nos incisos antecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo grave levado ao
conhecimento do juiz.
· O administrador provisório pode ser mantido na administração do espólio se, em seguida,
conforme o caso, for nomeado inventariante.
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[1] Direito Civil Brasileiro, vol. 7, pg. 21.
http://adm.online.unip.br/blank.htm#_ftnref1
[2] Silvio Rodrigues, Direito Civil – Direito das Sucessões, vol. 7, 26ª ed. Editora Saraiva, p. 5.
[3] In Manual de Direito Civil 5 – Direito de Família e Sucessões, 5ª ed. reformulada, 2009.
Editora Saraiva, p. 295.
[4] A expressão de cujus é tirada da sentença latina de cujus sucessione agitur - (pessoa) de
cuja sucessão se trata.
[5] Silvio de Salvo Venosa. Código Civil Interpretado, 2ª ed. Editora Atlas, p. 1876.
[6] A lei permite a defesa direta da posse, no art. 1.210, parágrafo 1º, CC/2002.
[7] Silvio de Salvo Venosa. Código Civil Interpretado, 2ª ed. Editora Atlas, p. 1876. Este autor
afirma que o princípio da saisine é de origem germânica, medieval, presente no direito
costumeiro francês (idem, ibidem). Silvio Rodrigues afirma que a ideia surge no direito francês
(Direito Civil – Direito das Sucessões, vol. 7, 26ª ed., Editora Saraiva, p. 14).
[8] Direito Civil, vol. 7, 26ª ed. Editora Saraiva, p. 15.
[9] O CC/02, art. 1.797, I, prescreve que até o compromisso do inventariante a administração
da herança caberá ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao tempo da
abertura da sucessão.
[10] Silvio Rodrigues, Direito Civil, vol. 7, 26ª ed. Editora Saraiva, p. 15.
[11] Silvio de Salvo Venosa, Código Civil Interpretado, 2ª ed. Editora Atlas, p. 1881.
[12] Há jurispr. no sentido de que se só há um imóvel e em outro lugar, este local de situação
do imóvel, e não o lugar onde o morto esteve por último domicílio, fixa o foro competente para
o inventário.
http://adm.online.unip.br/blank.htm#_ftnref2
http://adm.online.unip.br/blank.htm#_ftnref3
http://adm.online.unip.br/blank.htm#_ftnref4
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http://adm.online.unip.br/blank.htm#_ftnref12

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