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Anomalias leucocitárias não malignas Alteração congênita autossômica dominante em que os neutrófilos não são segmentados corretamente, como resultado do assincronismo na maturação do núcleo em relação ao citoplasma, resultando na formação de apenas dois lobos (hipossegmentação) e cromatina com aspecto grosseiro. A mutação ocorre no cromossomo 22, sendo a forma heterozigótica associada a alterações no gene da lamina B (LBR) e a hemizigótica (rara) a um amplo espectro de anormalidades clinicas (pode haver malformação óssea). Essa anomalia não afeta a função dos neutrófilos, que continuam capazes de fagocitar e destruir microrganismos. Doença congênita autossômica recessiva, em que ocorre a presença de inclusões citoplasmática anormais e grânulos exageradamente grandes nos leucócitos. Isso ocorre por uma mutação no cromossomo 1q42, mais especificamente no gene da proteína reguladora do tráfico lisossomal (LYST), essa síndrome está frequentemente associada ao albinismo, com desenvolvimento de neutropenia, trombocitopenia e hepatoesplenomegalia Alterações de caráter autossômico dominante (22q12-13) no citoplasma de granulócitos e monócitos, há presença de inclusões de RNA (azul acinzentadas) que pereceram após um estágio de desenvolvimento mais precoce (semelhantes a corpúsculos de Dohler). H • Deficiência de adesão leucocitária ao endotélio → alterações estruturais nas integrinas e selectinas; • Síndrome do leucócito preguiçoso → alteração de polimerização de proteínas contrateis; • Doença Granulomatosa Crônica → deficiência na geração de espécies reativas de oxigênio, como H2O2 e O2- por redução de NADPH ou NADH; • Deficiência de mieloperoxidase; • Deficiência de fatores quimiotáticos → diabetes, artrite reumatoide e corticosteroides; • Deficiência de opsoninas → consumo de fatores docomplemento devido a crises hemolíticas. • Leucocitose: aumento do número de leucócitos acima do normal; • Neutrofilia: infecções bacterianas, leucemias, inflamação; • Eosinofilia: parasitoses, processos alérgicos, leucemias (síndrome hipereosinofílica); • Basofilia: alergias e leucemias; • Monocitose: incomum, mas associada a infecções (mononucleose e tuberculose), leucemias e doença de Hodgkin; • Linfocitose: infecções virais e crônicas, bacterianas e leucemias; • Leucopenia: contagem dos leucócitos abaixo do normal. Podem ser decorrentes de carências nutricionais, ação hormonal, HIV, infiltração da medula por células tumorais, neutropenia medicamentosa (corticoides), doença autoimune ALTERAÇÕES LEUCOCITÁRIAS MALIGNAS As neoplasias hematológicas são um conjunto de doenças com amplo espectro que são resultado de mutações genéticas em uma linhagem hematopoiética da medula óssea (fatores herdados ou influência ambiental), em decorrência de mutações que podem ser: pontuais, translocações, deleção cromossômica parcial, duplicação ou metilação/desacetilação de histonas. As alterações funcionais das células neoplásicas incluem: resistência a sinais inibitórias da proliferação celular, escape da vigilância imunológica, multiplicação indefinida, alteração da resposta inflamatória, aquisição de habilidade invasiva (metástase), angiogênese, instabilidade genômica, resistência a apoptose, comprometimento do metabolismo energético, independência de fatores de crescimento miogênicos exógenos, etc. Leucemias mieloides Um grupo de doenças caracterizada pelo acúmulo de leucócitos malignos na medula óssea e no sangue. As leucemias podem ser agudas ou crônicas e mieloides ou linfoides. → As leucemias agudas são doenças agressivas nas quais a transformação maligna ocorre em células tronco hematopoiéticas ou em progenitores primitivos com bloqueio na diferenciação celular, que resulta em acúmulo de células blásticas (blastos). As células tumorais ocupam 20%-30% da medula óssea (podendo chegar de 80% a 100%). Assim, há supressão da hematopoiese normal, gerando pancitopenia (anemia, neutropenia e plaquetopenia), além disso, há secreção de blastos na corrente sanguínea causando leucocitose. Forma mais comum de leucemia aguda em adultos, sua incidência aumenta com a idade e começa por volta dos 65 anos. Está associada a fatores ambientais como: benzeno, fumo, vitus, radiação e quimioterapias. Mutações importantes incluem t(8;21), t(15;17)(q22;q12), PML- RARA e inv(16). Aspectos Clínicos Astenia (fraqueza) e cansaço, hemorragia, febre, infecções frequentes, dor óssea, manifestações infiltrativas, Exames Laboratoriais → Hemograma Completo: anemia normocítica, trombocitopenia, leucocitose, presença de blastos (bastões de Auer, inclusões citoplasmáticas eosinofilicas que derivam de grânulos contendo peroxidase e enzimas lisossomas); → Exame de medula óssea (aspiração e biopsia com trefina); → Imunofenotipagem: citometria de fluxo para identificar a presença de marcadores como CD117+ (c-kit),CD33+, CD13+ , etc; → Análise citogenética: analise do cariótipo (Fish); → Análise de mutações: PCR e sequenciamento de genes (FLT3, NPM1, CEBPA, RUNX1, DNMT3A, TET2WT1) → Análise citoquímica: aplicação de Sudan Black-B para identificação da mieloperoxidase (na falta de imunofenotipagem). → Acúmulo lento e gradativo de clones neoplásicos leucocitários na medula óssea, a linhagem neoplásica se origina das células tronco ou de células imaturas, mas não ocorre inibição do processo maturacional, havendo a formação de células maduras. A LMC decorrente da mutação BCR-ABL1+ é um distúrbio clonal de uma célula tronco pluripotente, e é responsável por cerca de 15% das leucemias, podendo ocorrer em qualquer idade (mais frequente entre os 40 e 60 anos). Aspectos Clínicos Hipermetabolismo, perda de peso, lassidão (fadiga), anorexia, suores noturnos, esplenomegalia, sintomas de anemia, hemorragias, insuficiência renal; Exames Laboratoriais → Hemograma Completo: leucocitose com espectro completo de células mieloides no sangue periférico, níveis de neutrófilos e mielócitos excedem blastos e promielócitos. Além disso, há aumento de basófilos, anemia normocítica e normocrômica e contagem de plaquetas variável. Logo, é visto na lâmina uma reação de leucocitose com vários estágios de granulopoese (desvio escalonado); → Exame de medula óssea: medula óssea hipercelular com predominância granulopoética; → Análise citogenética e análise de mutações: presença do gene fusionado BCR-ABL1 por análise RT-PCR e em 98% dos casos o cromossomo Ph (Philadelfia, t(9;22) na análise citogenética ; → Exames Complementares: ácido úrico sérico geralmente aumentado. Distúrbios mieloproliferativos não leucêmicos Grupo de condições que surgem das células tronco hematopoiéticas na medula, caracterizando-se por proliferação clonal de um ou mais componentes hematopoiéticos. Estritamente relacionados e ocorrem formas transacionais com evolução de uma entidade para outra durante o curso da doença. Também chamada de Poliglobulia, acomete mais idosos e é definida como um aumento da concentração de hemoglobina acima dos limites de referência. Nesse sentido, para conter o excesso de Hb o hematócrito se encontra aumentado. O aumento da massa eritroide circulante é causado por transformação maligna (mutação somática) de uma célula tronco a medula óssea. Aspectos Clínicos cefaleia e dispneia, hiperviscosidade sanguínea, hipervolemia, hipermetabolismo, hemorragia e trombose, visão turva e sudorese noturno, aparência pletórica, esplenomegalia, gota. Exames Laboratoriais: → Hemograma completo: aumento na contagem de eritrócitos, de Hb e hematócrito, neutrofilia (50% dos pacientes), basofilia (em alguns pacientes), trombocitose (50% dos pcientes), presença de progenitores eritroides; → Biopsia de medula óssea: medula hipercelular com hiperplasia das três linhagens; → Análise citogenética(cariótipo) → Anáise de mutações: JAK2; V617F e éxon 12, TET-2 → Exames complementares: eritropoetina sérica baixa, ácido úrico plasmática aumentado (quase sempre), desidrogenase lática normal ou pouco aumentada. Aumento sustentado da contagem de plaquetas por excessiva proliferação megacariocítica e superprodução de plaquetas. Mutações de destaque incluem: JAK2 V617F, CALR e MPL. Aspectos Clínicos Trombose, hemorragia, esplenomegalia (40%), síndrome de Budd-Chiari, eritromelagia. Exames Laboratoriais → Hemograma completo: trombocitose persistente (>450x103/µl), plaquetas grandes e anormais (podem haver fragmentos de megacariócitos), serie eritroide normal; → Biopsia de medula óssea: aumento no número de megacariócitos com proeminência de formas grandes e hiperlobuladas; → Análise de mutações: JAK2, CALR, MPL; → Exames complementares: prova de função plaquetária (apresentam resultados anormais, característica da falta de agregação com adrenalina). Tem como característica predominante fibrose generalizada e progressiva da medula óssea. Essa fibrose é secundaria à hiperplasia de megacariócitos anormais. Supõe-se que os fibroblastos sejam estimulados por fatores de crescimento derivados de megacariócitos e plaquetas. Aspectos Clínicos: Sintomas de anemia (comum em idosos), esplenomegalia (desconforto abdominal, dor e indigestão), hipermetabolismo (perda de peso, anorexia, febre e suores noturnos), problemas de sangramento, dor óssea, gota. Exames laboratoriais → Hemograma completo: anemia, no início da doença há leucocitose e trombocitose, posteriormente, ocorre leucopenia e trombocitopenia; → Biopsia de medula óssea: medula hipercelular, fibrótica e frequentemente com aumento de megacariócitos; → Análise de mutações: JAK2, CALR, MPL; → Exames complementares: níveis altos de ácido úrico e LDH refletem o aumento da hematopoese, embora ineficaz. Leucemias Linfoides É causada pelo acumulo de linfoblastos na medula óssea e é a doença maligna mais comum na infância. A incidência é máxima entre os 3 e 7 anos, havendo uma elevação secundária após os 40 anos. Uma proporção de casos de LLA da primeira infância inicia-se de mutações genéticas ocorridas durante o desenvolvimento in utero. Aspectos Clínicos Palidez, letargia, dispneia, equimoses espontâneas, púrpura, sangramento gengival, febre, mal estar, infecções, manifestações infiltrativas, dor óssea, linfonodopatia, esplenomegalia, hepatomegalia, síndrome meníngea. Exames Laboratoriais → Hemograma Completo: anemia normocítica e normocrômica, trombocitopenia, leucocitose em geral, número variado de blastos; → Exame de medula óssea: medula hipercelular com mais de 20% de blastos leucêmicos (coram-se positivamente para TdT com imunoperoxidase) → Imunofenotipagem: presença de marcadores de LLA-B (CD19+, CD10+, etc) e LLA-T (CD7+, CD3+, CD2+, etc) → Análise citogenética; → Análise de mutações: ETV6-RUNX1 e MLL; → Análise citoquímica: coloração com PAS (ácido periódico de Schiff). Caracterizada pelo acúmulo de linfócitos maduros no sangue de tipo B ou T. ❖ Doenças de Célula B A mais comum das LLCs, tendo um pico de incidência entre 60 e 80 anos de idade. Aspectos clínicos Aumento simétrico de linfonodos, anemia, manifestação purpúrica, esplenomegalia, hepatoesplenomegalia, Imunossupressão; Exames Laboratoriais → Hemograma Completo: linfocitose (maioria dos linfócitos são pequenos), anemia normocítica e normocrômica, trombocitopenia (autoimune), presença de Smudge cells; → Exame de medula óssea: aumento difuso de linfócitos; → Imunofenotipagem: CD19+, CD5+, CD23+, CD38+ e ZAP70+ (significado prognostico); → Análise citogenética: deleção em 19q14; 11q23 e 17p, trissomia 12; → Análise de mutações: mutações pontuais ATM, NOTCH1, SF3B1, BIRC3 e p53. ❖ Doença de Célula T Leucemia prolinfocíitica de células T → Alta contagem de leucócitos, linfonodopatia mais acentuada, lesões cutâneas, células CD4+. Linfomas Grupo de neoplasias causadas por linfócitos malignos que se acumulam nos linfonodos e produzem um quadro clinico característico de linfonodopatias. As vezes podem invadir o sangue (‘’fase leucêmica’’) ou infiltrar órgãos fora do tecido linfoide, Classificam-se em Linfoma de Hodgkin ou não Hodgkin. Assim como os demais linfomas, surge nos tecidos linfáticos. Pode se apresentar em qualquer idade, mas é rara em crianças e tem pico de indecência em adultos jovens. Aspectos clínicos Aumento simétrico de linfonodos superficiais, discreta esplenomegalia durante a evolução da doença em 50% dos casos, febre, prurido, perda de peso, sudorese profusa, fraqueza. Exames Laboratoriais → Hemograma Completo: anemia normocítica e normocrômica, alterações plaquetárias, neutrofilia, eosinofilia, monocitose e linfopenia; → Biopsia de linfonodo: células Reed-Sterberg multinucleadas típicas e células de Hodgkin; → Imunofenotipagem: células de Hodgkin positivas para CD30 e CD15; → Exames complementares: LDH, PtCR e velocidade de sedimentação globular (VGS) aumentados; → Estadiamento Clínico: TEP/TC. Grande grupo de tumores linfoides clonais, cerca de 85% originados de células B e 15% de células T ou NK. São classificados dentro de um grupo de neoplasias de células B e células T maduras. Caracterizam-se por um padrão de disseminação irregular, com significativa proporção de pacientes desenvolvimento doença extranodal. Agentes infecciosos estão envolvidos com a etiologia de alguns subtipos. Aspectos Clínicos Linfodenopatia superficial, sintomas sistêmicos são menos frequentes que no linfoma de Hodgkin, anemia, infecções, hepatoesplenomegalia. Exames laboratoriais: células linfomatosas podem ser encontradas no sangue periférico, LDH sérica elevada em doença extensa e de proliferação rápida, proteinograma sérico pode mostrar pico de praprotepína ❖ LNH de células B (Subtípos específicos) #Linfoma Difuso de Células B grandes (DLBCL): mais comum; #Linfoma Folicular: 2° mais comum; #Linfoma de células do manto; #Linfoma da zona marginal: MALT (ligado a infecção por H. pylory), LEZM; #Linfoma Burkitt: regiões de exposição crônica a malária, associa-se a infecção pelo EBV, presença de células blásticas com vacuolização; ❖ LNH de células T (Subtípos específicos) #Síndrome de Sézary; #Leucemia/Linfoma de Células T do Adulto (ATLL): relacionada a infecção por HTLV-1, linfócitos com núcleo convoluto (folha de trevo). Mieloma Múltiplo Doença neoplásica caracterizada por acúmulo de plasmócitos clonais na medula óssea, presença de proteína monoclonal no soro e/ou na urina. Há um pico de incidência entre 65 e 70 anos de idade. A célula mielomatosa é um plasmócito de centro pós-germinal que sofreu mudança de classe de Igs e hipermutação somática e que secreta paraproteína (banda de Ig monoclonal) no soro. Aspectos Clínicos Dor óssea, anemia, infecções recorrentes, insuficiência renal., sangramento. Amiloidose, síndrome de hiperviscosidade. Exames laboratoriais: eletroforese de proteínas, hemograma (anemia normocítica e normocrômica – rouleaux -, neutropenia, trombocitopenia, plasmócitos anormais), imunofenotipagem (CD38+, CD54+, CD138+), análise de mutações ( translocações envolvendo o gene da cadeia pesada de Igs), exames complementares (cálcio sérico, creatina sérica).
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