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TRIBUTÁRIO - SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL COMENTADO

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SUMÁRIO
Material elaborado por Genesis da Silva Honorato
@materiasdedireito.doc
SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL COMENTADO:
TÍTULO VI
DA TRIBUTAÇÃO E DO ORÇAMENTO
CAPÍTULO I
DO SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL
SEÇÃO I
DOS PRINCÍPIOS GERAIS
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:
I - Impostos;
II - Taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição;
III - Contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
§ 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
§ 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.
O dispositivo começa tratando das competências tributárias. Perceba que o artigo fala de apenas 3 espécies tributárias (Impostos, Taxas e Contribuições de melhoria). 
Cuidado, pois a Constituição não adotou a teoria da tripartição. Até mesmo os doutrinadores que defendem a teoria da tripartição não negam que que as contribuições especiais e os empréstimos compulsórios são impostos, haja vista que se enquadram no conceito estabelecido pelo CTN, Art. 3º. O que acontece é que essas espécies são peculiares (seja pela vinculação de suas receitas ou pela restituição posterior do que fora arrecadado). 
ATENÇÃO: A Constituição no mencionado dispositivo citado está listando as espécies tributárias que todos os entes podem instituir. Isso porque quando falamos, por exemplo, em empréstimos, só a União tem competência parra instituir. 
Vamos falar de cada espécie tributária que podem ser instituídas por todos os entes.
1. IMPOSTOS:
Conforme definição do Art. 16 do CTN:
 Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação INDEPENDENTE de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.
Assim, o fato gerador do imposto é sempre a MANIFESTAÇÃO DE RIQUEZA. 
Perceba que quem pratica o fato gerador do imposto é contribuinte. Ou seja, o sujeito passivo é quem manifesta riqueza e pratica o fato gerador diretamente. O Estado não faz absolutamente nada para que haja o fato gerador. 
Diferente disso é a taxa, já que quem pratica o fato gerador de uma taxa é o ESTADO e não o contribuinte. A taxa depende de uma atuação estatal (exemplo: coleta domiciliar de lixo). Assim, a taxa é caracterizada como tributo contraprestacional. 
Perceba, portanto, que o fato gerador do imposto é um fato do contribuinte. 
ATENÇÃO: Para diferenciarmos os impostos dos empréstimos compulsórios precisamos atentar para a finalidade/destino da arrecadação, não se aplicando, portanto, o Art. 4º do CTN. Assim, para adotarmos a teoria da Pentapartição é necessário entendermos pela derrogação do Art. 4º, como o faz o STF. 
#SELIGANASQUESTÕES: Atenção com as questões que exigem exatamente o texto do CTN no Art. 4º, pois se ela não sinalizar pelo entendimento do STF, deve-se adotar a redação completa do dispositivo. 
TAXAS:
Conforme a Constituição, temos 2 tipos de taxas:
a) Taxa de Polícia; e 
b) Taxa de Serviço.
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a impôsto nem ser calculada em função do capital das emprêsas.
Taxa de Polícia:
Aqui o contribuinte paga para ser fiscalizado. O Estado terá um custo para realizar a fiscalização e esse custo será a diretriz para fixar o valor da taxa. 
ATENÇÃO: Vimos que os impostos é que tributam manifestações de riqueza. Sendo assim, para eles faz mais sentido a aplicação do princípio da capacidade contributiva. No caso da taxa, não olhamos para a riqueza do sujeito, mas para o custo que o Estado tem para exercer a fiscalização. Inclusive, conforme o §1º do dispositivo, sempre que possível o “imposto” levará em consideração a capacidade contributiva do contribuinte. Para a taxa, pelo menos em tese, não há necessidade de graduar as taxas com a capacidade contributiva. 
STF, atualmente vem adotando posição no sentido de mitigar a ausência completa de capacidade contributiva nas taxas, mas com moderação, haja vista que não podemos estipular taxa exclusivamente olhando para a riqueza do contribuinte. É por isso que o §2º do dispositivo afirma que a taxa não pode ter base de cálculo própria de imposto. Assim, não poderia ser instituída taxa com base no valor venal do imóvel. 
Conforme o art. 78 do CTN:
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de intêresse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.  
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.
Discussão relevante tem sido a questão relativa à taxa de renovação de alvará. Vejamos:
No início, tanto o STJ quanto o STF entenderam que não poderia ser cobrada nova taxa de localização e funcionamento se não fosse comprovado um novo exercício do poder de polícia. 
Todavia, o IBAMA cobrava uma taxa de fiscalização ambiental pelo exercício do poder de polícia. Se discutiu se o IBAMA poderia cobrar essa taxa dos proprietários rurais sem comprovar que efetivamente os proprietários específicos. O STF entendeu que se o IBAMA tem órgão com competência para fiscalizar, servidores destinados à fiscalização, há de se presumir que o IBAMA está fiscalizando. Cuidado, pois isso não quer dizer ausência de exercício, mas sim uma presunção de exercício efetivo do poder de polícia. 
Com isso, os tribunais superiores passaram admitir a presunção também quanto aos municípios no caso de taxa de localização e funcionamento. 
Vejamos...
Taxa de Serviço:
Conforme a Constituição, os serviços devem ser serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição
Para entendermos essa definição, atente-se para o seguinte:
Nosso Estado é um grande prestador de serviços públicos, necessitando de receita para que possa subsidiar esses serviços prestados. Ocorre que para alguns serviços, o Estado consegue identificar exatamente quem é o usuário daquele serviço e até mesmo pode quantificar essa utilização (serviço divisível). O serviço específico é aquele prestado em unidades autônomas, ou seja, o usuário consegue identificar qual o serviço que está sendo prestado a ele. Assim, o Estado vê o usuário quando presta o serviço e o usuário por sua vez consegue ver o Estado pelo serviço que está pagando. 
Diante disso, o Estado pode optar por tributar esse serviço já que ele consegue especificar exatamente aquele que está usando. 
Portanto, não sendo possível identificar os usuários de um serviço, então será custeado pela coletividade através do uso da receita dos impostos (são os serviços uti universi). 
OBS: Perceba, todavia, que existem prestações do Estado que são extremamente prioritários e precisam de recurso reservado sem a necessidade de depender da vontade do gestorpúblico com a receita dos impostos, a exemplo da seguridade. Diante dessa necessidade é que foram criadas as contribuições especiais. 
JURISPRUDÊNCIA:
Súmula Vinculante 41: O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa.
Súmula vinculante 19: A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis não viola o art. 145, II, da CF.
OBS1: Não pode ser cobrada taxa pelo serviço de limpeza dos logradouros públicos, uma vez que não é possível identificar os usuários. Perceba que a súmula garante a divisibilidade do serviço justamente quando prevê que são os resíduos provenientes de imóveis. 
OBS2: Perceba que a taxa deve ser cobrada EXCLUSIVAMENTE em razão da coleta dos imóveis, não podendo ser adicionada a essa taxa a limpeza de logradouros.
Súmula 665, STF: É constitucional a taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores mobiliários instituídos pela Lei 7.940/89.
OBS: É possível a taxa de polícia para que o Corpo de Bombeiros fiscalize os requisitos para prevenção de incêndios, pois é diferente do exercício de extinguir o incêndio. 
CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA:
Conforme o CTN:
Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.
Importante a discussão sobre a pavimentação asfáltica:
É justificada a cobrança da contribuição quando da primeira pavimentação, sendo as posteriores pavimentações apenas serviços que não ensejam nova cobrança de contribuição. Além disso, lembre-se que não é possível a cobrança de taxa sobre essa pavimentação. 
ATENÇÃO: Não é qualquer melhoria que justifica a contribuição, pois a melhoria deve ser NECESSARIAMENTE de valor. Ou seja, o imóvel deve aumentar de valor. 
Importante perceber que a responsabilidade civil do Estado em indenizar decorrente do fato da obra e a contribuição de melhoria são duas faces da mesma moeda, baseados no mesmo princípio que é o da equânime distribuição de ônus e bônus. Assim, o fundamento ético da contribuição de melhoria é a vedação do enriquecimento sem causa. 
Como requisitos da Contribuição de melhoria temos:
Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes requisitos mínimos:
I - publicação prévia dos seguintes elementos:
a) memorial descritivo do projeto;
b) orçamento do custo da obra;
c) determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição;
d) delimitação da zona beneficiada;
e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas;
II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior;
III - regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação judicial.
§ 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I, pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de valorização.
§ 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que integram o respectivo cálculo.
Com isso, passemos agora a analisar o importantíssimo §1º do Art. 145 da CF...
§ 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
No que tange à capacidade econômica do contribuinte, podemos entende-la como sendo a capacidade contributiva. 
Nessa discussão se insere a análise da regressividade (presente, por exemplo no ICMS) e também das medidas que tentam impedir a regressividade como a seletividade (presente, por exemplo no IPI). Por essa técnica da seletividade, cobra-se alíquotas maiores dos gêneros supérfluos enquanto alíquotas menores dos gêneros essenciais. 
ATENÇÃO: A capacidade contributiva é corolário do princípio da isonomia. 
CUIDADO: A própria Constituição Federal faz uma ponderação entre a necessidade de o Estado graduar o tributo conforme a capacidade econômica do contribuinte e o direito à inviolabilidade de dados. A CF afirma que a fazenda tem o direito de conferir esses dados justamente para que possa conferir efetividade à graduação da capacidade econômica do contribuinte. Esse foi o motivo de o STF ter entendido constitucional a LC 105/2001 que previa a possibilidade de as autoridades fiscais requisitarem dados protegidos pelo sigilo bancário sem a necessidade de autorização do poder judiciário. 
#A CAPACIDADE CONTRIBUTIVA SE APLICA A OUTRAS ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS?
No caso da taxa, lembre-se que o valor dela não deve ter relação com a sua capacidade contributiva, mas sim com o valor relacionado à prestação feita pelo Estado. Essa é a lógica, mas vamos ter que fazer algumas ponderações. 
Para o STF, a constituição não proíbe a graduação conforme a capacidade contributiva. Isso decorre justamente do próprio texto da CF que não exclui as taxas. 
Julgando a taxa de lixo do Município de São Carlos-SP, o STF entendeu que é constitucional a taxa de lixo que utiliza a área do imóvel como base cálculo. Sendo assim, permite-se uma presunção de que imóveis maiores presumem-se maiores geradores de lixo. Ainda, é visível que os imóveis maiores, pelo menos em regra, pertencem a pessoas com mais recursos, ou seja, com maior capacidade contributiva, podendo ser aplicado esse princípio a outras espécies tributárias. 
Da mesma forma, o STF entendeu constitucional a contribuição de iluminação pública. Isso porque a graduação de acordo com o consumo também é utilizar a capacidade econômica. O STF aplicou aqui também o princípio da capacidade contributiva. 
No que tange ao imposto real, temos a EC 29 que permitiu a progressividade das alíquotas para o IPTU além do que já era permitido na CF quanto ao IPTU progressivo para cumprir a função social da propriedade. 
Vejamos:
Agora, vamos verificar o teor do Art. 145, §2º:
§ 2º As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.
Sobre esse dispositivo, lembre-se que o STF tem a súmula vinculante 29:
É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra.
Ainda, a súmula 595 do STF:
É inconstitucional a taxa municipal de conservação de estradas de rodagem cuja base de cálculo seja idêntica à do imposto territorial rural.
· Serviços prestados pelos cartórios são remunerados mediante emolumentos, mas qual a natureza desses emolumentos? 
Os emolumentos possuem natureza de TAXA e se sujeitam, portanto, ao sistema tributário nacional. 
Ainda, importante mencionar que existe também uma taxa de polícia que é paga ao poder judiciário tendo em vista a fiscalização exercida.
Sobre o assunto, temos a Lei 10.169/2000:
Art. 2º: Para a fixação do valor dos emolumentos, a Lei dos Estados e do Distrito Federal levará em conta a natureza pública e o caráter social dos serviços notariais e de registro, atendidas ainda as seguintes regras:
(...)
III – os atos específicos de cada serviço serão classificados em:
(...)
b) atos relativos a situações jurídicas, com conteúdo financeiro, cujos emolumentos serão FIXADOS mediante a observância de faixas que estabeleçam valores mínimos emáximos, nas quais enquadrar-se-á o valor constante do documento apresentado aos serviços notariais e de registro.
§ 1º Nos casos em que, por força de lei, devam ser utilizados valores decorrentes de avaliação judicial ou fiscal, esses serão os valores considerados para os fins do disposto na alínea “b” do inciso III do caput deste artigo. 
OBS: Assim, nos termos dessa decisão do Supremo, a taxa do cartório não é calculada sobre o valor venal do imóvel, sendo esse apenas um parâmetro utilizado para se enquadrar o imóvel dentro de uma tabela que FIXA o valor do imóvel. 
Ainda, importante observar a súmula 665 do STF:
É constitucional a taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores mobiliários instituída pela Lei 7.940/1989.
Passemos agora ao próximo dispositivo...
Art. 146. Cabe à LEI COMPLEMENTAR:
I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos IMPOSTOS discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas.
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239.    
Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observado que:     
I - será opcional para o contribuinte;         
II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado;     
III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção ou condicionamento;   
IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes. 
OBS1: Certas situações tendem a gerar conflito de competência e, para solucionar esses problemas, deve-se editar Lei Complementar. 
OBS2: Quanto às limitações constitucionais ao poder de tributar, sua regulamentação só pode ser feita mediante Lei Complementar. Atenção, pois conforme o art. 150, VI, c da CF diz que é vedado instituir imposto sobre patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da LEI. Perceba, portanto, que a CF só usa a palavra “LEI” (ou seja, ordinária). Todavia, o STF entendeu que na verdade não podemos entender essa expressão como apenas Lei Ordinária, mas deve ser lei complementar por conta do Art. 146, II da CF. A mesma coisa para o Art. 195, §7º da CF. 
OBS3: NORMAS GERAIS:
A CF estabeleceu algumas matérias que são consideradas normas gerais:
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos IMPOSTOS (CTN – não temos norma geral sobre o IPVA, cabendo aos estados a competência legislativa plena) discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários (CTN);
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas.
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239. 
ATENÇÃO: Só é necessária LC para estabelecer fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes para IMPOSTOS. Perceba também que não temos previsão sobre responsabilidade e alíquota dos impostos. 
OBS4: Sobre a prescrição e decadência, temos que observar ainda Súmula Vinculante 8:
São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-Lei 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/1991, que tratam da prescrição e decadência do crédito tributário.
OBS5: No que tange às cooperativas, temos decisão relevante do STF:
OBS6: SIMPLES NACIONAL:
Temos aqui a Lei Complementar 123.
Perceba que o Simples é nacional, ou seja envolve tributos estaduais e municipais. Há um recolhimento unificado. 
Sobre isso ainda dispõe o parágrafo único:
Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observado que:     
I - será opcional para o contribuinte;         
II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado (o critério adotado para a classificação foi a participação no PIB);     
III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção ou condicionamento;   
IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes. 
Art. 146-A. Lei complementar poderá estabelecer critérios especiais de tributação, com o objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência, sem prejuízo da competência de a União, por lei, estabelecer normas de igual objetivo.
A Lei pode trazer regras de tributação que previna o desequilíbrio da concorrência. 
Atente-se que pode a União editar outros tipos de lei que também objetivem prevenir o desequilíbrio da concorrência por outros meios. Todavia, se a União quer prevenir o desequilíbrio da concorrência com regra sobre TRIBUTAÇÃO, nesse caso deve ser elaborada LEI COMPLEMENTAR. 
Art. 147. Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal cabem os impostos municipais.
Lembre-se que o território federal que vier a existir não será considerado como ente político da federação, mas mesmo assim, por integrar a União, os impostos estaduais serão criados pela União. A depender de ser dividido em município ou não, é possível à União assumir as competências tributárias municipais. Por fim, lembre-se que a Constituição proíbe a divisão em municípios do DF e por isso este ente acumulará as competências tributárias municipais. 
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:
I - Para atender a DESPESAS EXTRAORDINÁRIAS, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;
II - No caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b".
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.
Empréstimo compulsórios. Não tem natureza contratual (já se discutiu isso no passado). 
É fundamental lembrar que o empréstimo compulsório só pode ser criado nas estritas hipóteses da Constituição Federal. Isso é dito pelo fato de que o art. 15 do CTN temos o inciso III, que trata do empréstimo compulsório para absorção temporária do poder aquisitivo da população. Trata-se de um caso onde temos um empréstimo à União, mas que a União em verdade não está necessitando do dinheiro do contribuinte diversamente das outras hipóteses. 
Esse dispositivo do CTN nãofoi recepcionado pela Constituição Federal de 1988, pois não consta do art. 148. 
OBS1: DESPESAS EXTRAORDINÁRIAS:
Temos as seguintes hipóteses:
a) Calamidade pública;
b) Guerra externa ou sua iminência. 
Cuidado, pois a calamidade pública não permite a edição de empréstimo compulsório por Medida Provisória. Todavia, apesar disso, perceba que não há necessidade de se obedecer a noventena ou anterioridade anual. Isso é dito justamente porque você deve ficar atento ao fato de que a pandemia do COVID-19 foi considerada como calamidade pública pelo Congresso Nacional e poderíamos ter hoje a exploração desses efeitos. 
Assim, poderíamos ter o poder público editando LC para instituir empréstimo compulsório sobre lucros e dividendos ou sobre grandes fortunas, por exemplo, e ao mesmo tempo editar as leis criando os respectivos impostos (estas últimas leis obedecendo a anterioridade, por serem impostos). 
OBS2: INVESTIMENTO PÚBLICO DE CARÁTER URGENTE E RELEVANTE INTERESSE NACIONAL:
Este é o terceiro caso de empréstimo compulsório. 
O que o legislador quis foi separar no primeiro inciso os casos em que a urgência e a relevância são maiores. Assim, nos primeiros casos citados não temos a observância da anterioridade, enquanto no caso de investimento de caráter urgente e relevante interesse temos que observar a anterioridade. 
ATENÇÃO: DEVE-SE OBSERVAR APENAS O ART. 150, III, B?
NÃO! devemos observar tanto a anterioridade anual quanto a noventena. O parágrafo 1º do art. 150 da CF que traz as exceções à noventena aponta apenas o caso do art. 148, I da CF. O que acontece é que quando a CF foi elaborada não existia a alínea “c” do inciso III do art. 150 da CF. Na verdade, só havia a noventena nas contribuições para a seguridade (art. 195, §6º). 
Por fim, deve-se lembrar que os recursos adquiridos com o Empréstimo Compulsório devem ser aplicados para os fins que foram obtidos. Os recursos são vinculados. 
Caso, por exemplo, o empréstimo for instituído para o caso de iminência de guerra e a guerra não acontecer, os recursos serão devolvidos. 
ATENÇÃO: As hipóteses de instituição do Empréstimo Compulsório previstas na CF não são os fatos geradores do empréstimo. Na verdade, é a lei que irá estabelecer os fatos geradores como citamos os exemplos das grandes fortunas e lucros e dividendos. 
Art. 149. COMPETE EXCLUSIVAMENTE À UNIÃO instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico (CIDE ou interventiva) e de interesse das categorias profissionais ou econômicas (corporativa), como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.
§ 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, por meio de lei, contribuições para custeio de regime próprio de previdência social, cobradas dos servidores ativos, dos aposentados e dos pensionistas, que poderão ter alíquotas progressivas de acordo com o valor da base de contribuição ou dos proventos de aposentadoria e de pensões. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) 
§ 1º-A. Quando houver deficit atuarial, a contribuição ordinária dos aposentados e pensionistas poderá incidir sobre o valor dos proventos de aposentadoria e de pensões que supere o salário-mínimo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)  
§ 1º-B. Demonstrada a insuficiência da medida prevista no § 1º-A para equacionar o deficit atuarial, é facultada a instituição de contribuição extraordinária, no âmbito da União, dos servidores públicos ativos, dos aposentados e dos pensionistas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)  
§ 1º-C. A contribuição extraordinária de que trata o § 1º-B deverá ser instituída simultaneamente com outras medidas para equacionamento do deficit e vigorará por período determinado, contado da data de sua instituição. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)    
§ 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo:   
I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; 
II - poderão incidir sobre a importação de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível;  
II - incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços;  
III - poderão ter alíquotas:    
a) ad valorem , tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro;   
b) específica, tendo por base a unidade de medida adotada.   
§ 3º A pessoa natural destinatária das operações de importação poderá ser equiparada a pessoa jurídica, na forma da lei.   
§ 4º A lei definirá as hipóteses em que as contribuições incidirão uma única vez. 
Temos aqui as chamadas contribuições especiais. 
No âmbito da repartição das receitas tributárias, vamos perceber que as receitas que são repartidas são de IMPOSTOS e de apenas uma contribuição que é a CIDE-Combustíveis. Diante disso, a União passou a investir mais em contribuições, pois estas não são repartidas com os demais entes federados. 
No que tange à competência para instituir as contribuições especiais, a CF diz ser apenas da União a competência. Todavia temos 2 exceções:
a) Contribuições de iluminação pública (COSIP – Art. 149-A);
b) Contribuição para previdência dos servidores públicos.
ATENÇÃO: Quando a constituição foi promulgada falava-se em contribuição para previdência e assistência. Todavia, a CF foi emendada para corrigir essa redação, pois só a previdência tem caráter contribuitivo. 
Perceba que pelo caput temos as seguintes contribuições:
1) Sociais:
Se dividem da seguinte forma:
Perceba que as demais áreas sociais de atuação da União são tributadas através de “outras contribuições” (que o STF também chama de contribuições sociais gerais). Assim, além da seguridade temos outros campos de atuação da União. Como exemplo, temos a contribuição para o salário educação. 
Essa classificação é importante porque há diferença no que tange ao regime jurídico. 
Vejamos:
	Contribuição para a Seguridade:
	Contribuições sociais gerais:
	Para essas contribuições aplicamos o art. 195, §6º da CF.
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado (só se aplica quando aumenta a carga tributária - STF), não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b".
· Basta Lei Ordinária para instituir.
	Ao contrário das contribuições da seguridade, as contribuições sociais gerais obedecem a anterioridade anual e a noventena. 
· Basta Lei Ordinária para instituir.
No que tange às contribuições RESIDUAIS para a seguridade, o constituinte estabeleceu que a lei poderá instituir outras fontes que não foram previstas na CF, conforme o art. 195, §4º. Vejamos:
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I.
Perceba que fizemos a divisão no gráfico justamente porque o §4º faz referência ao art. 154, I (impostos residuais) e este dispositivo exige LEI COMPLEMENTAR. Ou seja, se a contribuição para a seguridade estiver prevista na constituição (ver o art. 195 da CF), não é necessária a instituição por meio de Lei Complementar. 
OBS: Lembre-se que, mesmo estando prevista na Constituição, se for editada por LC poderá ser modificada/revogada por lei ordinária. Foi exatamente isso que entendeu o STF no tocante às mudanças feitas em PIS/COFINS por lei ordinária. 
2) CIDE’s;
3) Corporativas:
Aqui temos as contribuições para as autarquias que fiscalizam as profissões, ou seja, os conselhos. 
ATENÇÃO: EMENDA 103/2019 – REFORMA DA PREVIDÊNCIA:
Devemos agora dedicar nossa atenção aos dispositivos modificados pela reforma da previdência. 
Vamos iniciar pelo disposto no §1º:
§ 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, por meio de lei, contribuiçõespara custeio de regime próprio de previdência social, cobradas dos servidores ativos, dos aposentados e dos pensionistas, que poderão ter alíquotas progressivas de acordo com o valor da base de contribuição ou dos proventos de aposentadoria e de pensões.  
Perceba que a redação atual não menciona mais o piso que havia na redação anterior dada pela EC 41/03. Deve-se lembrar que o STF já tinha declarado a constitucionalidade da regra anterior.
É importante também verificar que foi inserida a alíquota progressiva para as contribuições. 
E a alíquota mínima, desapareceu? 
Na verdade, não. O que aconteceu é que foi colocado um regime de alíquotas mínimas provisórias, enquanto ainda não é regulamentado. Assim, a EC 103, no seu art. 9º, §4º diz que:
Art. 9º Até que entre em vigor lei complementar que discipline o § 22 do art. 40 da Constituição Federal, aplicam-se aos regimes próprios de previdência social o disposto na Lei nº 9.717, de 27 de novembro de 1998, e o disposto neste artigo.
§ 4º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não poderão estabelecer alíquota inferior à da contribuição dos servidores da União, exceto se demonstrado que o respectivo regime próprio de previdência social não possui deficit atuarial a ser equacionado, hipótese em que a alíquota não poderá ser inferior às alíquotas aplicáveis ao Regime Geral de Previdência Social.
Assim, pela regra do dispositivo citado, enquanto LC não regulamentar, a alíquota mínima poderá ser a do regime geral ou poderá ser a alíquota mínima fixada pela União para os seus servidores no regime próprio. O que vai diferenciar é o fato de haver ou não déficit atuarial. 
Além disso, a EC trouxe outros pontos para o texto permanente da CF para combater o déficit, como o disposto no §1º-A:
§ 1º-A. Quando houver deficit atuarial, a contribuição ordinária dos aposentados e pensionistas poderá incidir sobre o valor dos proventos de aposentadoria e de pensões que supere o salário-mínimo.
Temos aqui uma redução da imunidade aplicável para aposentados e pensionistas. Isso porque os aposentados e pensionistas pagam normalmente a contribuição só sobre o que excede o valor do teto do RGPS (conforme o art. 40, §18, CF), mas, por esse dispositivo, é possível a contribuição sobre os proventos que excedam o SALÁRIO MÍNIMO e não o teto do RGPS. 
Conforme o STF:
Além disso, prossegue a Constituição dizendo que:
§ 1º-B. Demonstrada a insuficiência da medida prevista no § 1º-A para equacionar o deficit atuarial, é facultada a instituição de contribuição extraordinária, no âmbito da União, dos servidores públicos ativos, dos aposentados e dos pensionistas;
§ 1º-C. A contribuição extraordinária de que trata o § 1º-B deverá ser instituída simultaneamente com outras medidas para equacionamento do deficit e vigorará por período determinado, contado da data de sua instituição. 
Atenção com esses últimos dispositivos, pois prevê a possibilidade de o servidor pagar 2 contribuições (Deus nos livre disso!!!! rsrs). Todavia, o texto deixa claro que esta contribuição é extraordinária, não podendo ser permanente. 
Vamos avançar...
Conforme o §2º do art. 149:
§ 2º As CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS e de INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO de que trata o caput deste artigo:     
I - Não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação;        
II - Poderão incidir sobre a importação de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível;   
II - Incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços;  
III - Poderão ter alíquotas:    
a) ad valorem (percentual), tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro; 
b) específica (em reais), tendo por base a unidade de medida adotada.
OBS: RECEITAS DECORRENTES DE EXPORTAÇÃO:
Quando uma empresa exporta um produto, o exportador aqui no Brasil obtém receita. Se for cobrado contribuições sobre a exportação, vamos ter uma oneração sobre elas. Todavia, a CF visa desonerar a exportação dizendo que não incide as contribuições sobre as receitas decorrentes desta. 
Pergunta-se: Incide a CSLL sobre o lucro que é extraído da receita?
Conforme o STF, SIM! Isso pelo fato de que a CF imunizou apenas as RECEITAS e não o lucro. 
No caso da variação cambial ativa, o STF entendeu:
Ainda, recentemente o STF analisou a IN 971/2009, art. 170 da Receita Federal do Brasil. Nesse caso, foi debatida a exportação indireta no caso de contratação de trading companies ou empresas comerciais e exportadoras que atuam como facilitadoras/mediadoras para que uma empresa que não possui conhecimento sobre exportação consiga exportar. 
Para a RFB, não incide PIS e COFINS quando a produção é comercializada diretamente com adquirente domiciliado no exterior. A receita decorrente de comercialização com empresa constituída e em funcionamento no País é considerada receita proveniente do comércio interno e não de exportação, independentemente da destinação que esta dará ao produto. 
Todavia, para o STF:
Art. 149-A: Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III.    
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica.
Quando do estudo das taxas, fizemos referência à jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal
Federal no sentido da impossibilidade da instituição de taxa para o custeio do serviço de
iluminação pública, que mais tarde se materializou na Súmula Vinculante de nº 41.
Em reação ao posicionamento do Poder Judiciário, o Congresso Nacional editou a Emenda
Constitucional nº 39, que inseriu o artigo 149-A ao texto da Constituição Federal, para autorizar os
municípios a instituírem contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública.
A hipótese de incidência e a base de cálculo não foram definidas pela Constituição Federal.
Normalmente os municípios utilizam como base imponível um valor fixo ou um valor variável de
acordo com o consumo de energia do sujeito passivo.
Por fim, cumpre enfatizar que, ao julgar o RE 666.404, o Supremo Tribunal Federal firmou
jurisprudência no sentido da possibilidade de os recursos angariados com a contribuição serem
utilizados tanto para as despesas de execução e manutenção do serviço de iluminação pública
quanto para cobrir os custos decorrentes da expansão da rede. Na ocasião, foi aprovada a seguinte
Tese de Repercussão Geral:
Tema 696: É constitucional a aplicação dos recursos arrecadados por meio de contribuição para o custeio da iluminação pública na expansão e aprimoramento da rede.
SEÇÃO II
DAS LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;
III - cobrar tributos:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado;
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;    
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b;  
IV - utilizar tributo com efeito de confisco;
V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público;
VI - instituir impostos sobre: 
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
b) templos de qualquer culto;
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidadessindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.   
§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I.          
§ 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
§ 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.
§ 4º - As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas.
§ 5º - A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.
§ 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g. 
§ 7º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido. 
Começaremos agora a estudar as limitações ao poder de tributar, demonstrando que a relação entre Estado/Fisco e contribuinte não é apenas uma relação de poder, mas sim uma relação jurídica disciplinada e limitada pelo Direito. 
Os Arts. 150, 151 e 152 têm destinatários diferentes, sendo que o 150 inclui todos os entes político. O art. 151 é voltado unicamente a União enquanto que o art. 152 é destinado para os Estados e Municípios, criando o princípio da uniformidade da tributação. 
OBS1: Inicialmente devemos verificar que o caput do dispositivo deixa claro que o rol de garantias previsto não é exaustivo. 
OBS2: Portanto, temos que esse dispositivo, ao menos em sua grande maioria, é considerado uma cláusula pétrea em nosso ordenamento jurídico. 
Vamos agora estudar as garantias e limitações...
1) Legalidade “Suficiente”:
Conforme o inciso I, é vedado ao poder público exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça. Deve-se levar em consideração aqui o princípio do paralelismo das formas, sendo exigida a edição de Lei também para extinguir tributos.
Quanto a criar e a extinguir, não há exceção à Legalidade. Assim, só se cria tributo por lei ou ato com força de lei (medida provisória). 
· JURISPRUDÊNCIA:
Recentemente o STF analisou 2 tributos que envolvem os conselhos de classe (autarquias federais). Esses conselhos cobram tributos chamados de anuidade e taxa pelo exercício do poder de polícia, ART.
Quanto a essa taxa, a Lei 6.994/82, o art. 2º dispunha que:
Art. 2º Cabe às entidades referidas no art. 1º desta Lei a fixação dos valores das taxas correspondentes aos seus serviços relativos e atos indispensáveis ao exercício da profissão, restritas aos abaixo discriminados e observados os seguintes limites máximos:
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às taxas referentes à Anotação de Responsabilidade Técnica - ART, criada pela lei n. 6.496, de 7 de dezembro de 1977, as quais poderão ser fixadas observado o limite máximo de 5 MVR.
Além disso, a Lei 12. 514/11, em seu art. 11 dispõe:
Art. 11. O valor da Taxa de Anotação de Responsabilidade Técnica - ART, prevista na Lei n. 6.496, de 7 de dezembro de 1977, não poderá ultrapassar R$ 150,00 (cento e cinquenta reais).
Assim, a lei posterior estabeleceu um TETO para a taxa que seria fixada pela entidade. 
O STF entendeu que temos aqui a chamada “legalidade suficiente”. Vejamos:
Legalidade INSUFICIENTE: 
JURISPRUDÊNCIA CORRELATA
LEGISLAÇÃO CORRELATA
Sociais
Para a seguridade
Outras (Gerais)
RESIDUAIS PARA A SEGURIDADE

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