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PP: Quais os possíveis diagnósticos e conduta para Vera e Vânia? OBJ 1: Descrever TDPM (por que mudou? justificar sintomas, orientações) A SPM é o conjunto de sintomas emocionais, comportamentais e físicos recorrentes durante a fase lutea do ciclo menstrual, que diminuem rapidamente com a menstruação A SPM pode ser definida como um conjunto de sintomas físicos, emocionais e comportamentais que aparecem no período pré-menstrual, com resolução rápida após o início da menstruação. Os sintomas são cíclicos e recorrentes1 (A). A SPM difere dos outros problemas médicos, por não se restringir à relação do indivíduo consigo mesmo, mas por refletir também no relacionamento interpessoal e complexo da sociedade, seja promovendo uma deterioração transitória nos contatos familiares, seja predispondo ao número de incidência de delitos, acidentes e baixa produtividade no trabalho2 (A Conforme a manifestação principal, a SPM pode ser definida em quatro grupos: A, se predomina ansiedade, irritabilidade ou tensão nervosa; H, se predominam edema, dores abdominais, mastalgia e ganho de peso; C, com cefaleia, podendo ser acompanhada por aumento de apetite, desejo de doces, fadiga, palpitação e tremores; D, se o quadro depressivo é preponderante, com insônia, choro fácil, esquecimento e confusão. Cada um estaria relacionado a fatores desencadeantes diferentes3 (A). Devemos diferenciar clinicamente essa síndrome da exacerbação pré-menstrual de outras patologias que podem ser agravadas no período pré-menstrual, como as desordens de ansiedade, os transtornos depressivos, as psicoses, as crises epilépticas, a bulimia, os transtornos de personalidade, enxaqueca, asma e algumas alergias4 (A). Sintomas de endometriose, síndrome dos ovários micropolicísticos, desordens tireoidianas, desordens do sistema adrenal, hiperprolactinemia e panhipopituitarismo podem mimetizar os sintomas da SPM5 (A). A utilização dos critérios do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – quarta edição (DSM-IV), em associação ao preenchimento de diários prospectivos por pelo menos dois ciclos menstruais consecutivos, é atualmente reconhecida como o modo prático de confirmação diagnóstica do transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM)6 (A). Para se ter critérios para o diagnóstico do TDPM, deve-se encontrar, pelo menos, 5 de 11 sintomas que devem estar presentes no período pré-menstrual, cessando tão logo a menstrual surja, sendo pelo menos 1 dos sintomas os citados de 1 a 45 (A). 1. Humor deprimido, sentimentos de falta de esperança ou pensamentos autodepreciativos. 2. Ansiedade acentuada, tensão, sentimentos de estar com os “nervos à flor da pele”. 3. Significativa instabilidade afetiva. 4. Raiva ou irritabilidade persistente e conflitos interpessoais aumentados. 5. Interesse diminuído pelas atividades habituais. 6. Dificuldade em se concentrar. 7. Letargia, fadiga fácil ou acentuada falta de energia. 8. Alteração acentuada do apetite (excessos alimentares ou anorexia) 9. Hipersonia ou insônia. 10. Sentimentos subjetivos de descontrole emocional. 11.Outros sintomas físicos6 (A), como a retenção hídrica e outras manifestações como a enxaqueca, aumento da secreção vaginal, dores vagas generalizadas, diarreia, constipação, sudorese, acne, herpes, crises asmáticas, aumento de peso temporário, dores lombares e ciáticas, distúrbios alérgicos, crises cíclicas de hipertrofia da tiroide, aerofagia, estados hipoglicêmicos e crises convulsivas Etiologia Relação com as fases do ciclo, nçao existe diferença hormonal entre mulheres com e sem sintomas Por outro lado a supressçao da funçao ovariana por ooforectomia ou supressão do eixo com uso de analogos de GnRh são capzes de resolver os sintomas da SPM Pacientes com SPM apresentam índices séricos de serotonina e menor captação plaquetária de serotonina Alivio dos sintomas comuns como estresse, irritablidadee e sono inadequado com o exercicio fisico regular Medicações serotoninérgicas , como os inibidores seletivos de recaptação de serotonina são a primeira linha de tratamento de SPM grave ou DDPM, fluoxetina (20 a 60mg por dia, sertralina (50 a 200mg dia) citalopram, escitalopram e venlafaxina, os sintomas indesejados dos medicamnetos podem ser minimizados quando uzados somente na fase lútea Muitos estudos médicos e psicológicos têm proposto diferentes teorias para explicar a etiologia da SPM4 (A). Entre os seus possíveis mecanismos etiopatogênicos estão estreitamente relacionados fatores genéticos, neurobiológicos e endocrinológicos8 (A). Uma das teorias para explicar o mecanismo fisiopatológico da síndrome pré-menstrual é a que os sistemas endócrino, reprodutor e serotoninérgico convergem para efetuar a regulação do comportamento7 (A). Assim como em outros transtornos do humor femininos, o papel dos hormônios sexuais tem importância central; entretanto, os estudos não confirmaram nenhuma correlação entre TDPM e excesso de estrógeno, déficit de progesterona, abstinência de estrógeno ou mudanças nas taxas de estrógeno/ progesterona6 (A). A oscilação normal nos níveis dos estrógenos e da progesterona, no ciclo menstrual, atua sobre a função serotoninérgica, em mulheres mais sensíveis, levando às manifestações da SPM7 (A). Os sintomas pré- menstruais ocorreriam como resultado de uma sensibilidade diferenciada para os efeitos dos esteroides gonadais sobre as flutuações de humor, sendo perturbadores nas mulheres com SPM e TDPM. É provável que a etiologia dessa “sensibilidade diferenciada” seja multifatorial e, em parte, geneticamente determinada5 (A). A surpreendente observação de Schmidt et al.9 (B) de que os sintomas, tanto psíquicos quanto somáticos, continuaram a ocorrer na data projetada mesmo quando a menstruação foi induzida logo após a ovulação, por mifepristona ou luteólise por HCG, sugere que o evento desencadeador aconteça no primeiro período do ciclo. OBJ 2: Explicar o sangramento uterino anormal e as causas (o que é, como manejar cada causa) Definição O sangramento uterino anormal (SUA) é uma queixa ginecológica comum que afeta até 40% das mulheres no mundo. Apresenta um impacto negativo nos aspectos físicos, emocionais, sexuais e profissionais, piorando a qualidade de vida das mulheres. O SUA é definido como perda menstrual excessiva com repercussões na qualidade de vida da mulher. Pode estar associado a perda menstrual anormal em duração, regularidade, volume e frequência. O SUA também é definido como perda menstrual excessiva com repercussões físicas, emocionais, sociais e materiais na qualidade de vida da mulher, que podem ocorrer isoladamente ou em combinação com outros sintomas Epidemiologia O SUA é uma condição clínica comum, mas a sua prevalência varia de acordo com a sua forma de avaliação. A avaliação subjetiva ou autorrelato, que incluem o impacto global na qualidade de vida, associam-se a taxas de prevalência mais elevadas em comparação às avaliações objetivas. Considerando uma PSM superior a 80 mL por ciclo, a prevalência varia de 9 a 14% das mulheres. Quando são incluídos avaliações subjetivas e autorrelatos, a prevalência varia de 8 a 52%. Uma pesquisa de base populacional dos Estados Unidos com mulheres de 18 a 50 anos relatou uma taxa de prevalência anual de 53 por 1000 mulheres. O SUA é uma condição frequente, de etiologia múltipla, e que pode ocorrer em qualquer fase do período reprodutivo da mulher; a idade da mulher influencia diretamente na orientação das hipóteses diagnósticas. Na adolescência, nos primeiros dois anos após a menarca, a irregularidade pode ser consequência da imaturidade do eixo hipotálamo-hipófise. Mulheres entre 20 e 40 anos de idade geralmente apresentam maturidade do eixo, que se traduz em ciclos menstruais regulares. Sangramento anormal nesse período,excluídas causas obstétricas, podem ocorrer por causas decorrentes de lesão estrutural nos órgãos ou ausência dessas lesões. Já as mulheres com mais de 40 anos até a menopausa comumente apresentam irregularidades no padrão dos ciclos menstruais, decorrentes de flutuações na função do eixo e patologias do endométrio e miométrio. No climatério, na pósmenopausa e na senescência, predominam as causas endometriais Principais causas As etiologias mais comuns são condições associadas à gravidez, patologia uterina estrutural (por exemplo, miomas, pólipos endometriais, adenomiose), disfunção ovulatória, neoplasia, tireodeopatias e utilização contracepção hormonal ou um dispositivo intrauterino. Os distúrbios hemorrágicos, particularmente a doença de von Willebrand (VWD), são comuns em pacientes em idade reprodutiva Deve-se suspeitar de um distúrbio se a menstruação intensa ou prolongada tiver começado na menarca ou estiver associada a uma história familiar de coagulopatia ou outros sinais de diátese hemorrágica (por exemplo, hematomas fáceis ou sangramento prolongado das superfícies mucosas). Além disso, os anticoagulantes podem causar sangramento uterino intenso ou prolongado. Sangramento de escape Um apresentação diferencial importante é o sangramento de escape, mais conhecido pela palavra em inglês “spotting”, que também é queixa frequente em todas as faixas etárias, e corresponde a qualquer sangramento genital fora do período menstrual. Tende a ser menor volume do que o sangramento menstrual e em algumas vezes pode apresentar uma cor diferenciada da menstruação com sangue vivo. A causa mais comum de sangramento de escape acontece nas mulheres que usam anticoncepcionais hormonais orais como sangramento esporádico, em geral em pequena quantidade que surge no meio do ciclo , fora da pausa entre as cartelas. Sinais e sintomas do sangramento uterino anormal O SUA varia da menstruação normal em termos de frequência, regularidade, volume ou duração. Os padrões de sangramento anormais típicos incluem: menstruações regulares que são abundantes ou prolongadas, sangramento intermenstrual, sangramento irregular (geralmente associado à disfunção ovulatória) e amenorréia. O sangramento crônico pode causar anemia ferropriva e nos casos de sangramento intenso e agudo, pode gerar quadro hemorrágico grave. Diagnóstico de sangramento uterino anormal A abordagem inicial para avaliação de pacientes não grávidas em idade reprodutiva com SUA é confirmar se a origem do sangramento é o útero, excluir a gravidez e confirmar se a paciente está na pré-menopausa. Além disso, os pacientes com sangramento agudo devem ser avaliados em um serviço de atendimento de urgência. Uma história clínica deve ser direcionada para identificação da natureza do sangramento, identificação de possíveis causas estruturais ou orgânicas, impacto na qualidade de vida e avaliação das expectativas da mulher, especialmente em relação a necessidade de contracepção ou desejo de gravidez. O exame físico deve ser completo por meio de palpação abdominal, exame especular e toque bimanual. O hemograma completo deve ser solicitado para todas as mulheres com SUA para avaliar anemia ferropriva. O teste de gravidez deve ser solicitado para aquelas pacientes em idade fértil. Testes de coagulação devem ser solicitados nos casos de antecedentes de sangramento menstrual aumentado desde a menarca ou antecedentes pessoais e/ou familiares de sangramento anormal. A dosagem de hormônios tireoidianos deve ser realizada nos casos de suspeita clínica de tireoidopatia. Sangramento intermenstrual e pós-coito, dor pélvica associada e idade superior a 45 anos constituem indicadores de risco para câncer endometrial ou outras doenças estruturais nas mulheres em idade reprodutiva. A ultrassonografia transvaginal (USTV) constitui a primeira linha propedêutica para identificação de anomalias estruturais. A histeroscopia com biópsia dirigida pode ser indicada nos casos de USTV inconclusivos. A biópsia endometrial deve ser realizada no caso de sangramento intermenstrual persistente, falha do tratamento clínico e naquelas mulheres com idade superior a 45 anos. Tratamento do sangramento uterino anormal O objetivo do tratamento é diminuir as repercussões do SUA, por meio da redução da perda de sangue menstrual e melhora da qualidade de vida da paciente. A terapêutica nos casos de SUA ou pode ser medicamentosa ou cirúrgica, a depender da intensidade do sangramento e da característica aguda ou crônica da anormalidade. O manejo da fase aguda dependerá basicamente da faixa etária, do estado geral da paciente e do volume de sangramento. A terapia hormonal é considerada a primeira linha de tratamento para pacientes com SUA aguda. As opções de tratamento incluem contraceptivos orais combinados (ACOs) e progestagênios orais. Se houver hipovolemia, indica-se o uso de altas doses de estrogênio na paciente jovem e/ou curetagem, se a paciente possuir fatores de risco para câncer de endométrio. Não dispomos de estrogênios endovenosos no Brasil. Além disso, recomenda-se ácido tranexamico 500 mg a cada oito horas, nos dias de maior sangramento, não excedendo cinco dias. Na abordagem inicial do SUA crônico, o primeiro passo é determinar se há ou não desejo de gravidez. Se houver, é preciso realizar abordagem da anovulação e/ou infertilidade porventura existentes. As opções terapêuticas, neste caso, incluem medicações não hormonais como AINES e ácido tranexâmico (TXA). Obviamente, o diagnóstico e tratamento de condições subjacentes que possam interferir no sangramento menstrual como o hipotireoidismo e anemia devem ser imediatamente implementados. A escolha entre tratamento hormonal ou não depende de fatores individuais, mas em casos de o sangramento irregular ou prolongado, o uso de tratamento hormonal regula o ciclo reduzindo a probabilidade de sangramento não programado ou aumentado, além de proteger o endométrio da hiperplasia/ câncer. As opções neste caso são os progestágenos, o sistema intrauterino de levonorgestrel CAUSAS ESTRUTURAIS DO SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL P – Pólipo A prevalência dos pólipos endometriais varia de 7,8% a 34%, em mulheres com SUA, sendo mais comuns em mulheres na peri e pósmenopausa. Causam aumento do volume menstrual, menstruações irregulares, sangramento pós-coito ou sangramento intermenstrual (Clark e Stevenson, 2017). A – Adenomiose A sintomatologia é variável e relaciona-se, essencialmente, com a profundidade do miométrio atingido. Assim, as formas superficiais (quando atinge 0,5 mm abaixo do endométrio) caracterizam-se por SUA, enquanto na adenomiose profunda também há sintomatologia dolorosa, com dismenorreia e dispareunia (Cockerham, 2012). A relação entre adenomiose e SUA ainda não é totalmente esclarecida. As estimativas da prevalência de adenomiose variam amplamente, de 5% a 70%, em parte pela inconsistência do diagnóstico. L – Leiomioma Os sintomas variam de acordo com a localização do mioma. Os miomas são classificados, segundo a FIGO, em submucosos, intramurais e subserosos tipos 0 a 8 (Munro et al., 2011) (Tabela 42.2). Os submucosos são os mais envolvidos com o SUA M – Malignidade e hiperplasia Embora deva ser lembrado em todas as etapas da vida, tem sua incidência aumentada em mulheres perimenopáusicas. Essa maior incidência justifica a avaliação endocavitária e endometrial nessa etapa da vida. Entre os fatores de risco para o adenocarcinoma do endométrio, alinham-se a obesidade, o diabetes e a hipertensão. Ademais, qualquer condição de exposição prolongada aos estrogênios sem oposição de progestagênios deve ser considerada como risco para a doença. Em geral, clinicamente devem ser suspeitados pela presença de sangramento, que ocorre na grande maioria das vezes no período após a menopausa (Van Hanegemet al., 2011). CAUSAS NÃO ESTRUTURAIS DO SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL C – Coagulopatia Qualquer alteração dos mecanismos de coagulação pode se expressar clinicamente por SUA. A causa mais comum é a doença de von Willebrand (DVW), porém também devem ser citadas hemofilia, disfunções plaquetárias, púrpura trombocitopênica e os distúrbios de coagulação associados a doenças como hepatopatias e leucemia (American College of Obstetricians and Gynecologists, 2013). Especial atenção para essa causa para as jovens com história de sangramento abundante desde a menarca e com anemia. Dessa forma, deve-se considerar a presença de coagulopatia congênita ou adquirida quando a história clínica revelar: sangramento aumentado desde menarca; uma das seguintes condições (hemorragia após o parto e/ou hemorragia relacionada a cirurgia e/ou sangramento aumentado associado a tratamento dentário); duas ou mais das seguintes condições (hematoma pelo menos uma vez ao mês e/ou epistaxe pelo menos uma vez ao mês e/ou sangramento gengival frequente e/ou história familiar de sangramento) (Kadir et al., 1998). A menorragia, presente em aproximadamente 93% das mulheres com DVW, pode ser o único sintoma apresentado, iniciando-se mais comumente na menarca (Mikhail e Kouides, 2010). O – Distúrbio ovulatório Os sangramentos anovulatórios podem ocorrer em qualquer época, embora se concentrem nos extremos do período reprodutivo. Devem ser incluídos, além dos sangramentos anovulatórios, os sangramentos irregulares decorrentes de outras disfunções ovulatórias (como a insuficiência do corpo lúteo e o encurtamento da fase folicular da pré-menopausa). No período reprodutivo, a causa mais frequente de anovulação é a síndrome dos ovários policísticos (SOP). É considerada a desordem endócrina mais comum, afetando 5% a 10% das mulheres na menacme (Munro et al., 2011). E – Endométrio Distúrbios primários do endométrio frequentemente se manifestam como alterações de hemostasia endometrial local, decorrente de resposta inflamatória, como na doença inflamatória pélvica (Munro et al., 2011). I – Iatrogenia Entre as causas de iatrogenia responsáveis por SUA, devem ser lembrados os sistemas intrauterinos medicados ou inertes e agentes farmacológicos que alteram diretamente o endométrio, interferindo nos mecanismos de coagulação do sangue ou influenciando a ovulação. Os anticoncepcionais hormonais estão com frequência associados a sangramentos intermenstruais e manchas (spotting). Entre outros medicamentos associados a SUA, estão os anticoagulantes, o ácido acetilsalicílico, os antiepilépticos, os hormônios da tireoide, os antidepressivos, o tamoxifeno e os corticosteroides (Munro et al., 2011). N – Causas não classificadas Incluem lesões locais ou condições sistêmicas raras que podem ser causas de SUA, a exemplo das malformações arteriovenosas, da hipertrofia miometrial, das alterações müllerianas e da istmocele (Munro et al., 2011). OBJ 3: Descrever o a fisiologia do climatério (diagnóstico e investigação, conduta não farmacológica) PONTOS-CHAVE • A síndrome do climatério é um conjunto de sinais e sintomas decorrentes da interação entre fatores socioculturais, psicológicos e endócrinos que ocorrem na mulher que envelhece. Seu diagnóstico é clínico nas mulheres com faixa etária esperada para a hipofunção ovariana. O termo “menopausa” se refere à data do último episódio de sangramento menstrual apresentado pela mulher e sua definição é feita retrospectivamente. • Mulheres na transição menopausal apresentam necessidades de prevenção de doenças e de promoção de saúde. O hipoestrogenismo associado ao envelhecimento e à síndrome metabólica pode levar a diminuição da qualidade de vida e maior ocorrência de doença cardiovascular. • A consulta médica da mulher no climatério é uma excelente oportunidade para realizar rastreamento de doenças crônicas e neoplasias. • A propedêutica complementar para mulheres no climatério deve ser realizada de maneira criteriosa. O benefício e o risco de cada exame devem ser observados. Exames complementares sem uma definição específica de plano diagnóstico e terapêutico devem ser evitados. • A terapêutica hormonal (TH) da menopausa pode ser indicada para tratar os sintomas do climatério. História clínica detalhada e propedêutica complementar racional são fundamentais para definição do planejamento terapêutico e acompanhamento da mulher que realiza TH. RECOMENDAÇÕES • Para mulheres com idade superior a 45 anos e sintomas sugestivos de hipoestrogenismo como ondas de calor típicas, o diagnóstico de síndrome do climatério é clínico. A definição da data da menopausa é feita retrospectivamente, após 12 meses de amenorreia em uma mulher com mais de 45 anos. Quando houver dúvida, recomendam-se duas dosagens de hormônio folículo-estimulante (FSH) com intervalo de 4-6 semanas. Valores acima de 25 mUI/mL indicam o início da transição menopausal. Para mulheres com idade inferior a 45 anos que apresentam queixas de sangramento uterino com padrão irregular e ciclos menstruais pouco frequentes, recomenda-se que seja realizada propedêutica complementar para investigação. • O diagnóstico de síndrome geniturinária da menopausa deve ser realizado de forma proativa, com questionamento direcionado aos sintomas urogenitais, associado a exame ginecológico minucioso. • Em mulheres com risco habitual, o rastreamento do câncer de mama deve ser iniciado aos 40 anos. A mamografia é o exame recomendado, com periodicidade anual (se estiver normal). Em mulheres com mamas densas, a ultrassonografia deve ser considerada como complementar à mamografia. O rastreamento do câncer de mama pode ser interrompido quando a expectativa de vida for menor que sete anos ou quando não houver condições clínicas para o diagnóstico ou tratamento. • O rastreamento do câncer do colo uterino é realizado por meio de citologia oncótica periódica. Recomendase que, após a realização de duas citologias negativas consecutivas com intervalo anual, o exame seja realizado a cada três anos. O rastreamento pode ser interrompido após os 64 anos se a paciente tiver dois exames negativos consecutivos nos últimos cinco anos. O exame físico ginecológico deve fazer parte da avaliação ginecológica periódica, independentemente de as mulheres não possuírem mais indicação de rastreamento de câncer do colo uterino. • A solicitação de ultrassonografia pélvica e transvaginal para mulheres (de risco habitual) sem sinais ou sintomas sugestivos de doença não demonstra boa relação custo-benefício. Para mulheres sintomáticas, como aquelas com sangramento uterino anormal, sangramento vaginal na pós-menopausa ou desconforto abdominal, a ultrassonografia pélvica transvaginal apresenta boa relação entre acessibilidade e custo, sendo o exame complementar inicial de escolha para avaliar doenças do útero e ovários. • Para mulheres com risco habitual e idade superior a 50 anos, recomenda-se o rastreamento do câncer colorretal. • O rastreamento de fatores de risco para doença cardiovascular, entre eles, hipertensão, diabetes mellitus, obesidade, tabagismo e dislipidemia, deve ser sempre considerado na consulta da mulher climatérica. É fundamental pesquisar todos os critérios para definição de síndrome metabólica. A transição menopausal é uma janela de vulnerabilidade para o desenvolvimento de alterações do humor, como o transtorno depressivo. Identificar mulheres que apresentam sintomas depressivos é importante para que a terapêutica adequada possa ser instituída. • Recomenda-se a realização de densitometria óssea para o rastreamento de osteoporose em todas as mulheres com 65 anos ou mais. A densitometria também é indicada para mulheres no climatério com idade inferior a 65 anos que apresentem aomenos um fator de risco para osteoporose. O FRAX-Brasil, analisado de acordo com a recomendação do National Osteoporosis Guideline Group (NOGG), também pode ser utilizado para avaliar a necessidade de realização de densitometria. • As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) no climatério e pós-menopausa não podem ser subestimadas. O aconselhamento comportamental e o tratamento da síndrome geniturinária da menopausa são importantes ferramentas para diminuir o risco de ISTs. O rastreamento de ISTs deve ser realizado com base nos dados da história clínica de cada paciente. • As doenças da tireoide são prevalentes em mulheres que envelhecem e podem aumentar a morbimortalidade. A avaliação clínica da tireoide deve ser realizada rotineiramente durante o exame físico da mulher climatérica. Mulheres com idade superior a 60 anos ou com sintomas de disfunção tireoidiana devem ser avaliadas inicialmente com a dosagem de hormônio tireoestimulante (TSH). OBJ 4: Conceituar a epidemiologia, causas, idade, investigação e quadro clinico sugestivo (câncer de ovário, endométrio, intestino, colo, mama) Ovário Epidemiologia O câncer de ovário é silencioso, demorando para apresentar sintomas. Como consequência disso, a maioria dos casos é diagnosticada apenas quando os tumores já cresceram bastante e a doença já está em estágio avançado. Estima-se que 95% das neoplasias ovarianas sejam derivadas de células epiteliais (que revestem o ovário), enquanto o restante está associado a células germinativas e estromais. Estima-se que cerca de 15% dos casos de câncer de ovário possuam um componente genético e estejam relacionados com a síndrome familial de mama e ovário. Mutações em genes como o BRCA1 e BRCA2 elevam consideravelmente os riscos para desenvolver este tipo de tumor maligno, assim como fatores hereditários como Síndrome de Lynch e mutações nos genes BRIP1, RAD51C e RAD51D. A realização do teste genético é essencial para todas as pessoas que apresentam algum fator de risco para câncer hereditário. Todas as mulheres com diagnóstico de câncer de ovário devem ser encaminhadas para avaliação Oncogenética. Caso seja identificada uma mutação que aponte predisposição hereditária ao câncer, medidas de prevenção e rastreamento de tumores serão implementadas. A identificação de mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 também é importante para direcionar a terapia oncológica mais adequada para o tratamento do câncer de ovário, uma vez que há medicamentos que atuam especificamente em tumores com estas mutações. Familiares de pacientes oncológicos com mutações identificadas também podem se beneficiar de medidas preventivas proporcionadas pela Oncogenética. Causas Idade Investigação As mulheres devem estar especialmente atentas aos fatores de risco, evitando o sobrepeso e consultando-se regularmente com um médico. A detecção precoce só é possível em uma parcela dos casos, uma vez que o ovário é um órgão difícil de rastrear, e os sinais e sintomas costumam se manifestar apenas em fases mais avançadas da doença. No caso de indivíduos que apresentam sinais e sintomas sugestivos para este tipo de câncer, a detecção da doença pode ser feita por meio de exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos. Mulheres que fazem parte dos grupos com maior chance de ter a doença ou apresentam histórico familiar de câncer de ovário, colorretal e de mama, por sua vez, devem fazer o rastreamento por meio dos exames genéticos. O exame de sangue para medir os níveis de CA-125 também pode ajudar no diagnóstico, uma vez que este é um marcador tumoral que pode estar aumentado no câncer de ovário. Porém, ele não é específico para este tipo de tumor maligno, e pode apresentar alterações por outros motivos. Isso significa que apenas o exame de sangue não é suficiente para diagnosticar a doença, sendo mais utilizado para ver se os tratamentos estão funcionando. O aconselhamento genético é outro recurso essencial para proporcionar meios para o diagnóstico precoce da doença, sendo indicado para mulheres com diversos casos de câncer na família ou que possuem fatores de risco significativos. Caso a avaliação do oncogeneticista e os testes solicitados realmente apontem para uma predisposição genética, o especialista irá orientar a paciente sobre as ações preventivas. Quadro Clínico Sugestivo Conforme citado, o câncer de ovário não apresenta sintomas específicos quando está em seus estágios iniciais, sendo que muitos dos sinais manifestados podem https://oncoegenetica.com.br/oncogenetica/brca1-e-brca2/ https://oncoegenetica.com.br/oncogenetica/ https://oncoegenetica.com.br/oncogeneticista-dra-elizabeth-santana/ ser confundidos com um mal-estar comum. Embora possam variar entre uma paciente e outra e se intensificar conforme o tumor cresce, os sintomas mais frequentes são: • Desconforto abdominal, como gases, cólicas e inchaço; • Aumento do volume abdominal; • Alterações intestinais, como náusea, prisão de ventre ou diarreia; • Perda ou ganho de peso inexplicável; • Perda de apetite; • Cansaço incomum; • Sangramento vaginal anormal ou alterações significativas na menstruação; • Dor nas costas; • Dor durante o ato sexual. Endométrio Epidemiologia Causas Patologia do câncer endometrial O câncer de endométrio geralmente é precedido de hiperplasia endometrial. Classifica-se comumente carcinoma endometrial em 2 tipos. Tumores dotipo I são mais comuns, são comumente responsivos ao estrogênio e costumam ser diagnosticados em mulheres na perimenopausa, mais jovens ou obesas. São precedidos por hiperplasia endometrial. Esses tumores geralmente são de baixo grau; o prognóstico é bom. Adenocarcinoma endometrioide (graus 1 e 2) é a histologia mais comum. Esses tumores podem mostrar instabilidade microssatélite e têm mutações no PTEN, PIK3CA, KRAS e CTNNBI. Em geral, tumores tipo II são de alto grau e incluem carcinomas endometrioides de grau 3 e tumores com histologia não endometrioide (p. ex., seroso, de células claras, de células mistas, indiferenciado, carcinossarcoma). Eles tendem a ocorrer em mulheres mais velhas. Cerca de 10 a 30% têm mutações p53. Até 10% dos carcinomas do endométrio são do tipo II. O prognóstico é muito reservado. Adenocarcinomas endometrioides é responsável por cerca de 75 a 80% dos cânceres de endométrio. Carcinomas serosos papilares uterinos (10%), carcinomas de células claras (< 5%), e carcinossarcomas (< 5%) são considerados histologias mais agressivas, de alto risco e, portanto, estão associadas a maior incidência de doença extrauterina na apresentação. Carcinomas mucinosos costumam ser de baixo grau; o prognóstico é bom. Mutações KRAS são comuns nesses tumores. Câncer endometrial pode se disseminar como a seguir: • Da superfície da cavidade uterina ao canal cervical • Do miométrio à serosa e à cavidade peritoneal • Do lúmen das trompas de Falópio ao ovário, ligamento largo e superfícies peritoneais • Pela corrente sanguínea, levando a metástases à distância • Por via linfática Quanto maior (mais indiferenciado) o grau do tumor, maior a probabilidade de invasão miometrial profunda, de metástases para os linfonodos pélvicos ou para- aórticos, ou de que o câncer se espalhe na região extrauterina. Idade O câncer de endométrio afeta principalmente as mulheres na pós-menopausa. A idade média das pacientes no momento do diagnóstico é 61 anos. A maioria dos casos é diagnosticada em mulheres aos 50 a 60 anos de idade; 92% dos casos ocorrem em mulheres > 50 anos. Investigação Diagnóstico do câncer endometrial • Biópsia endometrial • Estadiamento cirúrgico Os seguintes itens sugerem câncer de endométrio: • Sangramento pós-menopausa • Sangramento anormal na pré-menopausa • Um teste de Papanicolau rotineiro, mostrandocélulas endometriais na pós-menopausa. • Um teste de Papanicolau rotineiro mostrando células endometriais atípicas em qualquer mulher. Se suspeitar-se de câncer endometrial, realizar biópsia endometrial ambulatorial que tem precisão de > 90%. Também recomenda-se amostra endometrial para mulheres com sangramento anormal, particularmente aquelas > 40 anos. Se os resultados são inconclusivos ou sugerem câncer (p. ex., hiperplasia complexa com atipia) realiza-se em ambulatório dilatação e curetagem fracionada, com histeroscopia. Uma alternativa é a ultrassonografia transvaginal, que pode auxiliar no diagnóstico; entretanto, um diagnóstico histológico é necessário. Depois do diagnóstico de câncer de endométrio, a avaliação antes do tratamento é feita com eletrólitos séricos, provas de função renal e hepática, hemograma completo, radiografia de tórax e ECG. Como o câncer endometrial às vezes resulta de uma mutação hereditária, deve-se considerar aconselhamento e/ou exame genético se as pacientes têm < 50 anos ou têm história familiar significativa de câncer endometrial e/ou CCHSP. TC pélvica e abdominal também são feitas para verificar se há câncer extrauterino ou metastático em pacientes com os seguintes: • Massa abdominal ou hepatomegalia detectada durante o exame físico • Resultados do teste de função hepática anormais • Um subtipo histológico de alto risco do câncer (p. ex., carcinoma seroso papilífero, carcinoma de células claras, carcinossarcoma) Quadro Clínico Sugestivo A maioria das mulheres (> 90%) com câncer endometrial tem sangramento uterino anormal (p. ex., sangramento pós-menopausa, metrorragia recorrente na pré-menopausa); um terço das mulheres com sangramento pós-menopausa tem câncer de endométrio. Pode ocorrer corrimento vaginal semanas ou meses antes do sangramento pós-menopausal. Intestino Epidemiologia Para o ano de 2020, são esperados mais de 15 milhões de casos novos de câncer no mundo. Os tumores malignos que acometem o cólon e o reto representam o segundo tipo de neoplasia mais prevalente no mundo, após o câncer de mama, com uma estimativa de 2,4 milhões de casos nos últimos cinco anos, ou seja, a cada ano estimam-se em 945 mil casos novos. Causas Os principais fatores que aumentam o risco de câncer colorretal (CCR) e influenciam as recomendações de triagem são certas formas hereditárias de CCR, idade, história pessoal ou familiar de CCR esporádico (e possivelmente adenomas grandes ou avançados), doença inflamatória intestinal e história de irradiação abdominal. Vários fatores potencialmente modificáveis, incluindo obesidade, diabetes, uso de tabaco, consumo excessivo de álcool, consumo excessivo de carne processada e falta de atividade física, foram consistentemente identificados como fatores de risco em estudos observacionais, mas, no momento, eles não alteram a triagem recomendações. Idade Investigação A colonoscopia é o teste diagnóstico mais versátil em indivíduos sintomáticos. A colonografia por tomografia computadorizada (TC) fornece uma alternativa similarmente sensível e menos invasiva à colonoscopia em pacientes que apresentam sintomas sugestivos de CCR. No entanto, visto que a colonoscopia permite a remoção / biópsia da lesão e de quaisquer cânceres ou pólipos sincrônicos observados durante o mesmo procedimento, a colonoscopia continua sendo o padrão ouro para investigação de sintomas sugestivos de CCR. Uma vez que o diagnóstico é estabelecido, a extensão local e distante da disseminação da doença é determinada para fornecer uma estrutura para a discussão da terapia e do prognóstico. O estadiamento clínico pré-operatório é melhor realizado por exame físico, tomografia computadorizada de abdome e pelve e imagens do tórax. As principais modalidades de rastreio é a colonoscopia a cada 10 anos se a primeira for negativa, colografia por TC a cada 5 anos naqueles que não farão colonoscopia ou teste de sangue oculto nas fezes anualmente. O rastreamento do CCR visa a detecção desse do tumor em estágios iniciais ou a identificação de lesões pré-cancerosas em pessoas assintomáticas. Segundo a Associação Americana de Gastroenterologia, o rastreamento está indicado para pessoas de risco médio (pessoas sem histórico familiar de alto risco de neoplasia colorretal) a partir dos 50 anos, sendo que se pode interromper a triagem quando a expectativa de vida for menor que 10 anos. Em pacientes de alto risco para CCR (história familiar de CCR em parentes de primeiro grau, história pessoal de CCR ou pólipo maior que 1 cm ou múltiplos pólipos de qualquer tamanho e portadores de doença inflamatória), deverão iniciar a triagem aos 40 anos ou 10 anos antes do diagnóstico do CCR no parente de primeiro grau. Quadro Clínico Sugestivo Pacientes com câncer colorretal (CCR) podem se apresentar de três maneiras: pacientes com sintomas e/ou sinais suspeitos, Indivíduos assintomáticos descobertos por triagem de rotina e na admissão de emergência com obstrução intestinal, peritonite ou, raramente, sangramento gastrointestinal agudo. Embora o aumento da captação de triagem de CCR tenha levado a mais casos sendo diagnosticados em um estágio assintomático, a maioria dos CCRs é diagnosticada após o início dos sintomas, mais comumente sangramento retal, dor abdominal, anemia por deficiência de ferro inexplicada e/ou uma alteração no intestino hábitos. Uma mudança nos hábitos intestinais é um sintoma de apresentação mais comum para cânceres do lado esquerdo em comparação com os cânceres do lado direito. A hematoquezia é mais provável com câncer retal do que com câncer de cólon, e o sangramento colônico oculto é mais comum com câncer de cólon cecal e ascendente. Colo Epidemiologia Causas Idade Investigação Quadro Clínico Sugestivo Mama Epidemiologia O câncer da mama é o tipo de câncer que mais acomete as mulheres no Brasil, excluindo o câncer de pele não melanoma. Globalmente, o câncer de mama é a segunda neoplasia maligna mais frequentemente diagnosticada, atrás apenas do câncer de pulmão, sendo responsável por mais de dois milhões de casos a cada ano. As taxas de incidência são mais altas na América do Norte, Austrália / Nova Zelândia e no oeste e norte da Europa e mais baixas na Ásia e na África Subsaariana. Essas diferenças internacionais provavelmente estão relacionadas a mudanças sociais como resultado da industrialização (por exemplo, mudanças na ingestão de gordura, peso corporal, idade da menarca e / ou lactação e padrões reprodutivos, como menos gravidezes e idade posterior ao primeiro nascimento). O Brasil tem acompanhado as altas taxas de incidência e mortalidade de câncer de mama dos países desenvolvidos, porém as medidas necessárias à prevenção, ao diagnóstico e ao controle da doença não têm sofrido o mesmo crescimento. Foi estimado, para o ano de 2010, aproximadamente 49.240 novos casos de câncer de mama, com risco de 49 casos a cada 100 mil mulheres, e uma sobrevida mundial de 61% após cinco anos. Os fatores de risco estão relacionados à vida reprodutiva da mulher, como menarca precoce, nuliparidade, idade da primeira gestação a termo acima dos 30 anos, anticoncepcionais orais, menopausa tardia e terapia de reposição hormonal. Além desses, a idade continua sendo um dos mais importantes fatores de risco. O câncer de mama é raro antes dos 35 anos, crescendo rápida e progressivamente com a idade, sendo descoberto, principalmente, entre 40 e 60 anos. Há referência de que a doença vem atingindo um maior número de mulheres jovens. Em relação a hereditariedade, são fatores de risco bem estabelecidos a presença de um ou mais parentes de primeiro grau com câncer de mama antes dos 50 anos, um ou mais parentes de primeiro grau com câncer bilateral ou câncer ovariano em qualquer idade, parente com câncerde mama masculino, câncer e/ou doença mamária benigna prévios. Causas Idade Investigação Os meios mais eficazes para a detecção precoce de câncer de mama são o exame clínico de mamas (ECM) e a mamografia, pois o autoexame de mamas (AEM) detecta a doença geralmente em estádio avançado, sendo responsável por cerca de 80% das descobertas de cânceres de mama. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) preconiza a realização do ECM anualmente, a partir dos 40 anos de idade. É indicado o rastreamento com mamografia, com intervalo máximo de dois anos, após os 50 anos, da combinação dos dois exames anualmente, a partir dos 35 anos, para os grupos com risco elevado, e a garantia de acesso ao diagnóstico, tratamento e seguimento para todas as mulheres com alteração nos exames realizados. Quadro Clínico Sugestivo Oitenta porcento dos cânceres se manifestam como um tumor indolor. Apenas 10% das pacientes queixam-se de dor, sem a percepção do tumor. Quando presente, os principais sinais e sintomas de câncer de mama são nódulo na mama e/ou axila, dor mamária e alterações da pele que recobre a mama, como abaulamentos ou retrações com aspecto semelhante à casca de laranja. Os cânceres de mama localizam-se, principalmente, no quadrante superior externo, e em geral, as lesões são indolores, fixas e com bordas irregulares, acompanhadas- de alterações da pele quando em estádio avançado. OBJ 5: Descrever a fisiopatologia, quadro clínico, epidemiologia e conduta de miomatose, como investiga Definição Leiomioma uterino (também chamado de mioma) é um tipo de tumor benigno que surge no miométrio. Esses tipo de tumor é originado de células musculares lisas do útero e contém quantidade variável de tecido conjuntivo fibroso. Os miomas são costumeiramente descritos de acordo com sua localização. Eles surgem em mulheres em idade reprodutiva e cerca de 75% dos casos são assintomáticos. Quando sintomáticos, geralmente apresentam sintomas de sangramento uterino anormal e / ou dor / pressão pélvica. Miomas uterinos também podem ter efeitos reprodutivos (por exemplo, infertilidade, resultados adversos na gravidez). Epidemiologia Leiomiomas uterinos são o tumor pélvico mais comum em mulheres. A maioria das mulheres sintomáticas apresenta leiomioma na 4° e 5° décadas de vida. A incidência é difícil de determinar uma vez que existem poucos estudos longitudinais, mas varia grandemente – de 5% a 80% –, de acordo com o método diagnóstico utilizado. Uma prevalência de 6% a 34% de miomas submucosos foi observada em mulheres que se submeteram a histeroscopia como parte da investigação de hemorragia anormal e de 2%-7% nas mulheres sob investigação de infertilidade. A prevalência de leiomiomas aumenta com a idade durante os anos reprodutivos. Leiomiomas não foram descritos em meninas pré-púberes, mas ocasionalmente são observados em adolescentes. A maioria dos pacientes, mas não todos, apresenta redução dos leiomiomas após a menopausa. As taxas de incidência de miomas são tipicamente duas a três vezes maiores em mulheres negras do que em mulheres brancas. A epidemiologia dos leiomiomas é paralela à ontogenia e às mudanças do ciclo de vida dos hormônios reprodutivos estrogênio e progesterona. A paridade (ter uma ou mais gestações estendendo-se além de 20 semanas de gestação) diminui a chance de formação de mioma. A exposição pré-natal ao dietilestilbestrol está associada a um risco aumentado de miomas, apoiando o papel da exposição hormonal precoce na patogênese. Patogênese Miomas uterinos (leiomiomas) são neoplasias monoclonais não cancerosas que surgem das células musculares lisas do miométrio. Os leiomiomas podem ser vistos como um processo fibrótico com anormalidades da matriz extracelular em vários níveis. Dois componentes distintos contribuem para o desenvolvimento do leiomioma: transformação de miócitos normais em miócitos anormais e crescimento de miócitos anormais em tumores clinicamente aparentes. Provavelmente, vários fatores desempenham um papel nessa transformação e na aceleração do crescimento dos leiomiomas. Os miomas são costumeiramente descritos de acordo com sua localização: • Intramurais: desenvolvem-se dentro da parede uterina e podem ser grandes o suficiente a ponto de distorcer a cavidade uterina e a superfície serosa; • submucosos: derivam de células miometriais localizadas imediatamente abaixo do endométrio e frequentemente crescem para a cavidade uterina; • subserosos: originam-se na superfície serosa do útero e podem ter uma base ampla ou pedunculada e ser intraligamentares; e • cervicais: localizados na cérvice uterina. Quadro clínico de leiomioma A maioria dos miomas não produz qualquer sintoma (cerca de 75%). Quando possuem sintomas, estes se relacionam com o número, tamanho e localização dos miomas. Os sintomas atribuíveis aos miomas uterinos geralmente podem ser classificados em três categorias distintas: sangramento uterino anormal (AUB), dor pélvica e disfunção reprodutiva. Complicações menos comuns incluem prolapso do tumor para a vagina resultando em ulceração ou infecção e policitemia secundária a produção autônoma de eritropoetina. Diagnóstico de leiomioma O diagnóstico de miomas uterinos é usualmente baseado no achado de um útero aumentado, móvel e com contornos irregulares ao exame bimanual ou um achado ultrassonográfico, por vezes casual. Exames de imagem são necessários para confirmação diagnóstica e defi ir localização do tumor. A ultrassonografia transvaginal é a modalidade de imagem mais amplamente utilizada para avaliação de miomas devido à sua disponibilidade e custo- benefício. A ultrassonografia com infusão de solução salina (sonohisterografia) melhora a caracterização da extensão da protrusão na cavidade endometrial por miomas submucosos e permite a identificação de algumas lesões intracavitárias não vistas na ultrassonografia de rotina. Tratamento de leiomioma Mulheres com miomatose assintomática não necessitam tratamento, apenas acompanhamento e exame ginecológico de rotina, exceto aquelas com miomas muito volumosos ou que provoquem compressão ureteral. O tratamento das pacientes com miomas sintomáticos deve ser individualizado, levando-se em consideração a idade da paciente (proximidade da menopausa), o desejo de gestação, os sintomas provocados, o tamanho e a localização dos miomas. O objetivo do tratamento clínico é o alívio dos sintomas. Os análogos do GnRH são medicações efetivas no tratamento clínico, levando à redução de 35-60% do volume dos miomas em três meses. Caso não seja realizada a cirurgia, a interrupção do tratamento com análogos leva ao reaparecimento da doença. Estrógenos, progestágenos e antiprogestágenos são eficazes para correção do sangramento uterino disfuncional. No entanto, não são utilizados para diminuir o volume dos miomas. O tratamento definitivo da miomatose sintomática é cirúrgico. A histerectomia está indicado nos casos de pacientes com presença de sintomas associado a sangramento uterino anormal, com falha no tratamento clínico e com prole constituída ou sem desejo de gestação. A indicação de miomectomia dependerá do desejo da paciente de manter a fertilidade e o útero. É importante ressaltar que a recorrência de miomas é estimada entre 15-30%, sendo que 10% das mulheres necessitam de uma nova intervenção. A miomectomia pode ser laparotômica, por via vaginal, laparoscópica ou histeroscópica, dependendo da localização, do tamanho e do número de miomas a serem retirados. Preventivo O que é? É um teste realizado para detectar alterações nas células do colo do útero. Este exame também pode ser chamado de esfregaço cervicovaginal e colpocitologia oncótica cervical.O nome “Papanicolaou” é uma homenagem ao patologista grego Georges Papanicolaou, que criou o método no início do século. Esse exame é a principal estratégia para detectar lesões precocemente e fazer o diagnóstico da doença bem no início, antes que a mulher tenha sintomas. Pode ser feito em postos ou unidades de saúde da rede pública que tenham profissionais capacitados. É fundamental que os serviços de saúde orientem sobre o que é e qual a importância do exame preventivo, pois sua realização periódica permite que o diagnóstico seja feito cedo e reduza a mortalidade por câncer do colo do útero. O exame preventivo é indolor, simples e rápido. Pode, no máximo, causar um pequeno desconforto que diminui se a mulher conseguir relaxar e se o exame for realizado com boa técnica e de forma delicada. Para garantir um resultado correto, a mulher não deve ter relações sexuais (mesmo com camisinha) nos dois dias anteriores ao exame, evitar também o uso de duchas, medicamentos vaginais e anticoncepcionais locais nas 48 horas anteriores à realização do exame. É importante também que não esteja menstruada, porque a presença de sangue pode alterar o resultado. Mulheres grávidas também podem se submeter ao exame, sem prejuízo para sua saúde ou a do bebê. Como é feito o exame? · para a coleta do material, é introduzido um instrumento chamado espéculo na vagina (conhecido popularmente como “bico de pato”, devido ao seu formato); · o médico faz a inspeção visual do interior da vagina e do colo do útero; · a seguir, o profissional provoca uma pequena escamação da superfície externa e interna do colo do útero com uma espátula de madeira e uma escovinha; · as células colhidas são colocadas numa lâmina para análise em laboratório especializado em citopatologia. Quem deve e quando fazer o exame preventivo? Toda mulher que tem ou já teve vida sexual deve submeter-se ao exame preventivo periódico, especialmente as que têm entre 25 e 59 anos. Inicialmente, o exame deve ser feito anualmente. Após dois exames seguidos (com um intervalo de um ano) apresentando resultado normal, o preventivo pode passar a ser feito a cada três anos. O que fazer após o exame? A mulher deve retornar ao local onde foi realizado o exame (ambulatório, posto ou centro de saúde) na data marcada para saber o resultado e receber instruções. Tão importante quanto realizar o exame é buscar o resultado e apresentá-lo ao médico. Resultado: Se o seu exame acusou: • negativo para câncer: se esse for o seu primeiro resultado negativo, você deverá fazer novo exame preventivo daqui a um ano. Se você já tem um resultado negativo no ano anterior, deverá fazer o próximo exame preventivo daqui a três anos; • infecção pelo HPV ou lesão de baixo grau: você deverá repetir o exame daqui a seis meses; • lesão de alto grau : o médico decidirá a melhor conduta. Você vai precisar fazer outros exames, como a colposcopia; • amostra insatisfatória: a quantidade de material não deu para fazer o exame. Você deve repetir o exame logo que for possível. Além de servir para a detecção de lesões precursoras do câncer do colo do útero e da infecção pelo HPV, o Papanicolaou indica se você tem alguma outra infecção que precisa ser tratada. Siga corretamente o tratamento indicado pelo médico. Muitas vezes é preciso que o seu parceiro também receba tratamento. Nesses casos, é bom que ele vá ao serviço de saúde receber as orientações diretamente dos profissionais de saúde.