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Estado de Goiás Secretaria de Educação do Estado de Goiás Superintendência de Ensino Médio 2021 APOSTILA 1º SEMESTRE Volume 1 GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO RONALDO RAMOS CAIADO Governador do Estado de Goiás LINCOLN GRAZIANI PEREIRA DA ROCHA Vice-Governador do Estado de Goiás APARECIDA DE FÁTIMA GAVIOLI SOARES PEREIRA Secretária de Estado da Educação OSVANY DA COSTA GUNDIN CARDOSO Superintendente do Ensino Médio WANDA MARIA DE CARVALHO Gerente de Mediação Tecnológica LUCIANE APARECIDA DE OLIVEIRA Coordenadora Pedagógica HUGO LEANDRO LELES CARVALHO SONIA MARIA LEÃO L. SANTOS Coordenadores de Estúdio LUCIMEIRE MONTEIRO DA ROCHA LINDOMAR MANOEL BORGES JÚNIOR ÊNIO FONSECA Assessoria Técnico-Pedagógica Revisão ortográfica: Daniela Mesquita Diagramação: Dyorge Lucas EQUIPE GOIÁS TEC TELEFONE: 3201-3253 E-MAIL: gmt@seduc.go.gov.br 1ª Edição | 2020 © Copyright 2020 – Goiás Tec Ensino Médio ao Alcance de Todos “Todos os direitos reservados” sumário EDUCAÇÃO FÍSICA ......................................................................................................... 07 Professora Esp. Silvana Tais de Morais FILOSOFIA .......................................................................................................................... 19 Professor Ms. Luci de Sousa Dourado GEOGRAFIA ....................................................................................................................... 41 Professor Esp. Alejandro de Freitas HISTÓRIA ........................................................................................................................... 85 Professor Ms. Pedro Turco Esp. Fernanda de Melo Serbeto e Silva LÍNGUA PORTUGUESA .................................................................................................. 107 Professora Esp. Daniela de Souza Ferreira Mesquita LÍNGUA INGLESA ........................................................................................................... 223 Professora Ms.Ana Christina de Pina Brandão Professora Ms. Lucilélia Lemes de Castro Silva Nascimento SOCIOLOGIA ................................................................................................................... 239 Professora MS. Luci de Sousa Dourado EDUCAÇÃO FÍSICA 8 Secretaria de Educação do Estado de Goiás Superintendência de Ensino Médio EDUCAÇÃO FÍSICA EDUCAÇÃO FISICA EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM Demonstrar autonomia na elaboração e na prática de atividades corporais, assim como capacidade para discutir e modificar regras, utilizando melhor os conhecimentos sobre cultura corporal. - assistir a videoaula https://youtu.be/Fa08peq2tiQ - Sugestão de leitura: - Pesquisar cultura esportiva no link: https://www.efdeportes.com/efd186/constituicao- -da-cultura-esportiva.htm h t tp : / /www. rev i s t a s .u sp .b r / rpe f / a r t i c l e / view/138756 - Sugestão de filme: Jamaica abaixo de zero netflix e youtube que aborda temática cultura esportiva. https://youtu.be/v13geTqlwc8 ATIVIDADE 01 Sobre os objetivos dos jogos e brincadeiras na Educação Infantil, assinale a alternativa INCORRE- TA: a) Estimular no aluno o espírito de competição. b) Oportunizar à criança formas de solucionar problemas práticos, que as situações dos jogos e brincadeiras oferecem. c) Favorecer a autoexpressão. d) Despertar na criança o sentido de gru- po, ensinando-a a conviver com outras crianças, praticando cooperação, lealda- de, cortesia e respeito aos semelhantes. e) propiciar a diversão e o lazer. ATIVIDADE 02 Sobre os esportes escolares mais populares po- demos citar: a) Badminton e queimada b) Squash e basquete c) Tênis e coferbol d) Futsal e Voleibol e) Polo aquático e handebol ATIVIDADE 03 É um esporte coletivo que envolve passes de bola com as mãos. Praticado entre duas equipes, o nome dessa modalidade esportiva é provenien- te da língua inglesa, visto que significa “mão”. A bola é feita de couro ou de outro material e para as equipes masculinas ela possui um diâmetro maior do que a feminina. Após ler o texto po- demos observar que o esporte descrito seria: a) Futebol b) Tênis de mesa c) Atletismo d) Automobilismo e) Handebol ATIVIDADE 04 Faltava para a seleção Brasileira de futebol de campo masculino um título inédito que graças ao bom trabalho de equipe foi conquistado em 2016 com o time sendo liderado pelo grande atleta 9 Secretaria de Educação do Estado de Goiás Superintendência de Ensino MédioEDUCAÇÃO FÍSICA Neymar Júnior e tantos outros craques do futebol. Qual foi este título? Marque a alternativa correta: a) Copa do mundo b) Olimpíadas c) Pan-Americano d) Champions League e) Libertadores EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM Demonstrar autonomia na elaboração e na prá- tica de atividades corporais, assim como capaci- dade para discutir e modificar regras, utilizando melhor os conhecimentos sobre cultura corporal. - assistir a videoaula https://youtu.be/egmxtXykfuE, https://youtu.be/eXZZ4kdclPU https://youtu.be/bbjo6AsNwDQ https://youtu.be/r1wgeYptBUU - Sugestão de leitura: - Pesquisar Regras no link: Disponível em: https://queconceito.com.br/regra https://novaescola.org.br/conteudo/1257/brincan- do-com-regras - Sugestão de filme: netflix e youtube que aborda temática Regras Filme: Quebrando Regras https://assistirfilmes.me/quebrando-regras.html https://youtu.be/OfjoDvGB7Ko O que são normas e regras sociais? Os seres humanos gostam de permanecer delimitados por regras de modo a ter diretri- zes sobre o que não fazer em situações espe- cíficas. As regras são diretrizes escritas que precisam ser adotadas pelas pessoas em um ambiente particular, pois, de outra forma, existem disposições para lidar com violações dessas regras. Se houver regras para orientar ações e comportamentos de indivíduos em uma organização, uma sociedade possui nor- mas que estão em leis não escritas a serem seguidas pelas pessoas. Existem muitas se- melhanças entre regras e normas, o que pode confundir às pessoas. No entanto, apesar da sobreposição, existem diferenças que preci- sam ser destacadas. O que são regras sociais? Se você trabalha em uma fábrica e há uma regra que solicita aos funcionários que não fumem den- tro da fábrica, você sabe que o tabagismo é proibi- do dentro daquele ambiente, e você será punido por violar esta disposição. Da mesma forma, exis- tem leis escritas que orientam o comportamento dos alunos na escola, de modo a manter a disci- plina e a ordem. Existem regras de trânsito que garantem uma movimentação suave de veículos, pois, de outra forma, haverá um caos total. Assim, torna-se claro que as regras são diretrizes provenientes da autoridade e que precisa de ade- são dos membros da organização. As regras desti- nam-se a assegurar o bom funcionamento de uma organização e também a prevenir o caos e contra- tempos. Há disposições para lidar com violações dessas regras, como a punição que é medida para os infratores. O que são normas sociais? As normas são as leis não escritas em uma socie- 10 Secretaria de Educação do Estado de Goiás Superintendência de Ensino Médio EDUCAÇÃO FÍSICA dade que rege as ações e comportamentos dos seus membros. As pessoas conhecem o compor- tamento que se espera delas e também as ações e comportamentos que devem evitar em todas as circunstâncias. Por exemplo, levantar uma mão para apertar a mão de alguém que conhecemos é uma norma social que é uma forma de cumprimentar um in- divíduo. Sabemos que devemos obedecer nossos mais velhos e respeitar nossos pais. Estas são normas sociais que aprendemos a seguir por viver em uma sociedade. Não há leis para pu- nir uma pessoa que viole as normas sociais, em- bora as pessoas que as violem sejam certamente desprezadas pela sociedade e condenadas ao os- tracismo por suas ações. Os relacionamentos ilí- citos são contra as normas sociais e, como tal, as pessoas consideram um tabu. Qual a diferençaentre regras e normas sociais? Tanto as regras quanto as normas governam as ações e os comportamentos das pessoas, mas vio- lar as regras é algo passível de punição, enquan- to não há punição por não seguir uma norma. As regras geralmente são escritas, enquanto as nor- mas são leis não escritas. As regras são feitas pelas autoridades de uma organização para assegurar o bom funcionamento da organização, como por exemplo as leis de trânsito. As regras permitem que as pessoas saibam o que fazer e o que não fazer em uma situação específica. Normas são comportamentos esperados das pessoas quando interagem com outros membros da sociedade Texto extraído do site: https://www.pontorh.com.br/o-que-sao-nor- mas-e-regras-sociais/ Quando falamos de regras e normas é comum es- barrarmos em outa área do conhecimento que é a Sociologia, para que entendamos as nossa socie- dade e saibamos como as regras esportivas foram se desenvolvendo. Tenho certeza que você a partir das diversas ferra- mentas de estudo, vídeos, filmes, texto consegue responder as questões propostas. Beijinho esta- lado! ATIVIDADE 05 “ Quando um burro fala, o outro abaixa a orelha” é uma expressão popular que se refere a forma de se portar quando há um diálogo. Esta expres- são exemplifica: a) Regras b) Normas c) Jeito de ser d) Ação e) Direcionamento ATIVIDADE 06 Aponte a atividade onde na sua execução é uti- lizado normas: a) Basquete 11 Secretaria de Educação do Estado de Goiás Superintendência de Ensino MédioEDUCAÇÃO FÍSICA b) Voleibol c) Badminton d) Futebol Americano e) Amarelinha ATIVIDADE 07 São diretrizes provenientes da autoridade e que precisa de adesão dos membros da organização. a) Combinado b) Modalidade c) Regras d) Boas Maneiras e) Normas ATIVIDADE 08 Tanto as regras quanto as normas governam: a) Guerras e disputas b) Ações e comportamentos c) Guerra e Paz d) Ações de Guerra e) Ações de Paz ATIVIDADE 09 Em tempos de COVID-19 o Governo tem emitido muitos documentos oficiais como decretos e no- tas técnicas. Esse documento tem papel funda- mental em demonstrar a sociedade organizada: a) Normas b) Boas Maneiras c) Punições d) Regras e) Notícias - assistir a videoaula https://www.bing.com/videos/search?view=de- tail& https://youtu.be/qCITlXJjS6M https://youtu.be/x0dvaDU8lJU https://youtu.be/c0asLx57vt4 - Sugestão de leitura: - Pesquisar no link: https://www.coladaweb.com/educacao-fisica/o- -lazer https://www.tuasaude.com/beneficios-da-ativi- dade-fisica/ - Sugestão de filme: netflix e youtube que aborda temática Regras Olá Galerinha do Bem, Espero que vocês tenham assistido ao filme Os Intocáveis e lido os textos e vídeo aulas pro- postas. Agora vamos responder as questões? O filme mostra momentos de lazer do persona- gem principal. Observe bem e crie seu conceito de lazer. 12 Secretaria de Educação do Estado de Goiás Superintendência de Ensino Médio EDUCAÇÃO FÍSICA Você cuida do seu corpo? Levar uma vida parada demais aumenta o ris- co de doenças, nosso corpo precisa do des- canso, mas também do movimento, en- tão ter conforto é bom, mas preguiça, não! Estudos de Silva, Silva e Tomasi (2010) obser- varam que, em média, quanto mais ativa a pes- soa é melhor sua qualidade de vida. Além dis- so, dentre as diferenças na qualidade de vida das pessoas que praticam atividades físicas comparadas com as que não praticam, não es- tão apenas os aspectos de saúde física, mas também aspectos psicológicos e cognitivos. Os autores Antunes, Santos, Cassilhas, Santos, Bueno & Mello (2006, p. 108) mostram que pro- gramas de exercícios físicos, indivíduos fisicamen- te ativos possuem um processamento cognitivo mais rápido, embora os benefícios cognitivos do estilo de vida fisicamente ativos pareçam estar relacionados ao nível de atividade física regular, ou seja, exercício realizado durante toda a vida, sugerindo uma “reserva cognitiva”, mas nunca é tarde para se iniciar um programa de exercícios físicos. Esses resultados podem servir de estímu- lo para incentivo a rotinas de atividades físicas. Martins, Mello e Tufik (2010) colocam que o exercício além da melhora do cognitivo, facilita o sono por aumentar o gasto energético duran- te a vigília e isto aumentaria a necessidade de sono de forma que se possa alcançar um balan- ço energético positivo e se restabeleça a con- dição adequada para uma boa noite de sono. Assim, os exercícios podem auxiliar no tratamen- to e prevenção de alguns distúrbios do ciclo so- no-vigília e/ou indiretamente por meio do con- trole de peso e aquisição de hábitos saudáveis. Estudos de Gonçalves e Veigas (2009) encontra- ram diferenças significativas entre o sedentaris- mo e à prática de exercício físico, em que níveis mais baixos de depressão, hostilidade e ansie- dade são associadas à prática de exercício físico, e a falta dessa atividade revela ser um fator im- portante para o aparecimento de depressão e ansiedade. Verifica-se que a atividade física é um excelente meio de descarregar ou libertar tensões, emoções e frustrações, acumuladas pelas pressões e exigências da vida moderna. Godoy (2000), conclui que o impacto do exercício físico poderá possibilitar: a redução da ansiedade e depressão melhora o autoconceito, autoimagem e autoestima, aumenta o vigor, melhora a sensa- ção de bem-estar, melhora o humor, aumenta a capacidade de lidar com os fatores psicossociais de stress e diminui os estados de tensão. Isso ressalva para a busca do bem-estar pessoal e benefícios da influência do exercício físico associados, ao humor, estresse, ansiedade, depressão, sono, entre outros. De acordo com o Ministério da Saúde as vanta- gens da prática de atividade física são numerosas, a prática regular em qualquer idade proporciona benefícios importantes para a saúde como: Con- trole do peso; Controle da Pressão Arterial; Con- trole da glicose (açúcar no sangue); Aumento da resistência contra doenças; Aumento da autoes- tima; Alívio do estresse; Aumento do bem-es- tar; Estímulo a novas amizades; Fortalecimento 13 Secretaria de Educação do Estado de Goiás Superintendência de Ensino MédioEDUCAÇÃO FÍSICA dos ossos; Melhora da força muscular; Melho- ra da resistência física; Melhora da qualidade do sono e Melhora da capacidade respiratória. Esses seriam alguns benefícios acrescentados a sua qualidade de vida, mas se exercitar, ou se movimentar no dia a dia, como, dançar, fazer ati- vidades domésticas, levar o cachorro para pas- sear, andar mais a pé, de bicicleta, cuidar do jar- dim, praticar esportes, caminhar com amigos/ familiares, prefira a escada ao elevador, evite fi- car muito tempo parado, assistindo TV, no com- putador, videogame, faça atividade física 3x por semana (30 min), já seria um começo para deixar o sedentarismo de lado e se movimentar mais. O lazer também entra como uma atividade que traz prazer, ir às vezes ao teatro, assistir um filme no cinema, passear no parque, ler um bom livro, sair com os amigos e familiares, en- tre outras atividades que podem fazer parte de sua rotina que vai te trazer um bem-estar. A prática de atividade física é uma das maneiras mais eficazes de promover saúde e a qualidade de vida em vários aspectos, quando conscien- temente realizado e sempre ter o acompanha- mento de um profissional da área para orientar. ATIVIDADE 10 Tendo como base que a recreação e o lazer são elementos importantes da cultura corporal e que o educador físico necessita/deve conhecer suas características para poder desenvolvê-los em suas ações profissionais, pode-se afirmar que as principais características do lazer são a) descanso e distração. b) livre escolha e prazer. c) relaxamento e autossuperação. d) desafio e repouso. e) Relaxamento e repouso ATIVIDADE 11 A educação do lazer permite ao indivíduo usar seu tempo livre de forma construtiva, conscientizan- do-o de que isso é benéfico para seu bem-estar. Através dolazer, que inclui a recreação, pode-se dizer que o homem estará inserido em diversas atividades que implicam em uma atitude livre, aberta e flexível, permitindo ao cidadão a cons- trução de seu próprio tempo de lazer. Sendo as- sim, os jogos e brincadeiras, nas atividades de re- creação, podem contribuir com a socialização do indivíduo e, também influenciar na preparação para o exercício de sua cidadania. Os jogos que possuem como características o trabalho coleti- vo, a decisão conjunta, a união entre os partici- pantes e o trabalho em grupo, são denominados: a) malabarísticos. b) pré-desportivos. c) esportivos. d) cooperativos. e) sociais. ATIVIDADE 12 A atividade física é definida como qual- quer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que resulta em gas- to energético maior do que os níveis em repouso. Essa afirmação sugere que qual- quer trabalho corporal seja de lazer, espor- te, recreação ou atividades da vida diária, pode ser considerado como atividade física. Com base nisso, assinale a alternativa que apresenta a recomendação de atividade física diária e os parâmetros para que uma pessoa seja considerada sedentária. a) Ativa: 150 minutos na semana de ativida- de vigorosa. Sedentária: menos que 10 mi- nutos contínuos por dia. b) Ativa: 180 minutos na semana de ativida- de moderada. Sedentária: menos que 15 minutos contínuos por semana. c) Ativa: 150 minutos na semana de ativida- de moderada. Sedentária: menos que 10 14 Secretaria de Educação do Estado de Goiás Superintendência de Ensino Médio EDUCAÇÃO FÍSICA minutos contínuos por semana. d) Ativa: 180 minutos por dia de atividade vigorosa. Sedentária: menos que 05 minu- tos contínuos por semana. e) Ativa: 180 minutos por dia de atividade vigorosa. Sedentária: menos que 10 minu- tos contínuos por semana. ATIVIDADE 13 O esporte pode ser considerado o exercício físico mais praticado pelos brasileiros, e este pode apresentar objetivos e características di- ferentes. Dentre algumas vertentes do espor- te, destacamos aquela que o entende como la- zer. O esporte enquanto manifestação de lazer pode proporcionar inúmeras possibilidades aos seus praticantes, principalmente no que tange aos espaços para sua prática, que pode ser em praças, clubes, praias, academias, en- tre outros espaços. Um indivíduo ou um grupo de pessoas quando apresentam objetivos es- pecíficos com essa prática, devem buscar um profissional de Educação Física, haja vista que este tem competência para sugerir, coordenar e supervisionar tais atividades. Analise as afirmativas a seguir a respeito do esporte como prática de lazer: I. o esporte de lazer caracteriza-se pelo não- -profissionalismo, tendo como características principais a busca por prazer e socialização, compensação, recuperação ou manutenção da saúde, equilíbrio psicofísico, restauração e relaxamento, mas também pelo alto rendi- mento e profissionalismo. II. um fator importante na manifestação es- portiva é a competição. Esta é uma caracte- rística inerente ao esporte, que não pode ser excluída. A essência do esporte pauta-se na competição, seja contra um oponente, contra a natureza ou consigo mesmo. III. o espaço do lazer é um campo fértil para a formação de cidadãos autônomos, críticos e independentes. O ensino dessa prática cor- poral pautado nesta perspectiva de esporte propõe um tratamento mais humano e pe- dagógico a esse fenômeno, orientado por va- lores, princípios e significados que não os de alto rendimento, mas sim, os de participação e inclusão. Considerando-se as afirmativas, assinale a al- ternativa CORRETA. a) Apenas a afirmativa III está correta. b) Apenas as afirmativas II e III estão corre- tas. c) Apenas as afirmativas I e II estão corretas. d) Todas as afirmativas estão corretas. e) Nenhuma das afirmativas estão corretas ATIVIDADE 14 A respeito da importância da atividade física na infância, assinale V ou F. ( ) Toda e qualquer criança pode praticar qual- quer tipo de exercício físico, pois a idade não influencia em nenhum aspecto do desenvolvi- mento motor. ( ) A prática bem orientada de atividades físicas impacta positivamente um organismo em formação, pois traz benefícios nos âmbitos físico, psíquico, social e cognitivo. ( ) A partir de 7 anos de idade é necessária orientação profissional na prática de exercí- cios físicos. ( ) Crianças hipertensas não devem praticar esportes como corrida, pois em práticas como está há a elevação dos batimentos cardíacos, o que pode trazer danos a sua saúde. 15 Secretaria de Educação do Estado de Goiás Superintendência de Ensino MédioEDUCAÇÃO FÍSICA a) F- F- V- V. b) F- V- V- F. c) F- V- F- F. d) F- F- V- F. e) F- F- F- F. - Assistir a videoaula https://youtu.be/BBf7AXbYjWU https://youtu.be/Pn0rKB0OgYA https://youtu.be/9nHVuSWjQlM - Sugestão de leitura: https://atletasnow.com/profissao-atleta-conheca- -os-desafios-dos-atletas-profissionais/ https://www.migalhas.com.br/depeso/24663/ diferencas-entre-atleta-profissional-e-atleta-nao- -profissional https://www.revistabeat.com.br/2018/11/21/atle- ta-amador-de-rendimento-e-profissional/ VALORES DO ESPORTE O esporte é um dos grandes aliados da edu- cação de crianças e adolescentes. Por meio dele, valores éticos e morais, como a socialização, a coo- peração, a solidariedade, a disciplina, o espírito de equipe e tantos outros, fundamentais para a for- mação integral de uma pessoa, podem ser traba- lhados e desenvolvidos. A busca de uma melhor compreensão do esporte como marco social para as crianças e os adolescentes, aliada às ideias da Carta Olímpica aos valores e à realidade esporti- va é um princípio para o desenvolvimento de uma abordagem pedagógica acerca do esporte contem- porâneo. 16 Secretaria de Educação do Estado de Goiás Superintendência de Ensino Médio EDUCAÇÃO FÍSICA Em 2005, uma declaração oficial de Kofi An- nan, o secretário-geral das Nações Unidas à época, indicou que “pessoas de todas as nações amam esporte: seus valores – fair play (jogo “limpo” ou honesto), cooperação, busca pela excelência – são universais”. Em documento orientado à campanha Esporte para o Desenvolvimento e a Paz (2005), Annan afirmou que “o esporte é linguagem univer- sal”. Na melhor das hipóteses, ele une as pessoas, não importa qual a sua origem, situação, crença religiosa ou status econômico. Ao participar de esportes ou ter acesso à educação física, os jo- vens podem ter prazer, mesmo quando aprendem os ideais do trabalho em equipe e da tolerância. Adolf Ogi (2005), assessor especial do secretário- -geral à época, reforçou a posição anterior de que “o esporte, com suas alegrias e conquistas, suas dores e derrotas, suas emoções e desafios, é um meio incomparável para a promoção da educação, saúde, desenvolvimento e paz”. Indicou, ainda, que o esporte ajuda a demonstrar, na busca pelo aperfeiçoamento da humanidade que, nesse meio, há mais questões que unem do que questões que dividem. Afinal, pergunta-se: qual é o papel do esporte no desenvolvimento humano? Para trabalhar essa questão, parte-se do pressuposto de que praticar uma atividade física não é apenas importante, mas é necessário para um crescimento sadio e para o desenvolvimento humano, independentemente da modalidade ou da dimensão esportiva escolhi- da. Especialistas de diversas áreas, especialmente da educação física, têm apontado os benefícios da atividade esportiva na infância, e também aler- tam para o aspecto demasiadamente competitivo, muitas vezes imputado a essa prática. No entanto, por acreditar que o esporte favorece o desenvol- vimento humano, ele pode ser considerado como importante elemento da cultura, com relevância nos programas educativos, mas também como um elemento de comparação, seleção e competitivida- de, que conduz, em certas circunstâncias, a exces- sos, submetendo as crianças, durante a atividade esportiva, a assumir responsabilidades de adultos paraas quais elas podem não estar preparadas. Assim, uma criança ou adolescente partici- pante de um campeonato realizado nos moldes de um campeonato adulto, estará competindo com outras da mesma idade cronológica, mas de diferentes idades biológicas, ou seja, a idade que realmente corresponde à fase de crescimento e aprendizagem em que se encontra. Nota-se, assim, que o esporte pode tornar-se inadequadamente seletivo, uma vez que benefi- cia as crianças com crescimento acelerado ou com maior idade biológica em detrimento das demais. Esse fato vem consequentemente, ao encontro das conclusões apontadas por estudos realizados em vários países, conclusões que, invariavelmen- te, são as mesmas: “só uma percentagem muito reduzida de campeões em idade jovem chega a campeão na idade de altos rendimentos”(MAR- QUES, 1997, p. 23). Assim, faz-se necessário referendar um dos princípios fundamentais da Carta Olímpica, que estabelece que um dos objetivos do Movimento Olímpico é educar a juventude por meio do espor- te praticado sem qualquer tipo de discriminação e dentro do espírito olímpico, o que exige compreen- são mútua, amizade, solidariedade e fair play. Nesse contexto, ao compreender o esporte como um fenômeno socialmente construído, su- bentende-se que ele pode contribuir para a saúde, a educação, a socialização e a construção da ima- gem corporal dos seus participantes, assim como da imagem do país representado. A valorização da imagem corporal trouxe ao esporte um novo conceito que o trata com pro- porções espetaculares a partir da segunda metade do século XX (TURINI; DaCOSTA, 2002, p. 17). Essa visão do esporte obteve um crescimento inespe- rado com a demanda evolutiva dos meios de co- municação de massa , que passaram a transmitir via satélite imagens que exaltavam toda a beleza performática dos atletas e, de acordo com o quan- titativo de medalhas e títulos conquistados, a ima- gem positiva ou negativa do país que esses atletas representavam. Para ambas as situações ou áreas anterior- mente mencionadas com as quais o esporte pode contribuir, deve existir comprometimento e dedi- cação dos profissionais e participantes envolvidos, de modo que tenham clareza e consciência das re- lações estabelecidas nesse meio e dos fenômenos socioculturais implícitos no decorrer do processo da sua constituição e construção histórica. Para tanto, parte-se da compreensão de que a competição, como meio de educação, deve ter um sentido mais amplo do que ser apenas um evento em que equipes se confrontam, em que uns ga- nham e outros perdem, em que uns são premia- dos e outros não. Tem-se clareza de que o esporte, 17 Secretaria de Educação do Estado de Goiás Superintendência de Ensino MédioEDUCAÇÃO FÍSICA em uma visão ampla e mais abrangente, quando orientado para o rendimento, não está no nível do esporte profissional, nem os professores que diri- gem as equipes devem ser considerados treinado- res, mas, acima de tudo, educadores. O PAPEL DO ESPORTE Em 2008, Noleto destacou o papel do esporte no processo de formação e de desenvolvimento humano, destacando a seguinte ideia: “Quando você dá uma bola a um menino, incute nele um sentido e uma direção”. Para Noleto (2008), essa simples frase, dita por um professor de educação física, resume os efeitos positivos que as ativida- des esportivas exercem na formação das crianças e dos jovens. Além de integrá-los – bem como as suas comunidades –, a oferta de atividades espor- tivas, artísticas e culturais ajuda na socialização e na reconstrução da cidadania. A atividade espor- tiva contribui para o desenvolvimento de compe- tências cognitivas, afetivas, éticas, estéticas, de relação interpessoal e de inserção social. A distri- buição de papéis, o convívio com as regras, a rela- ção estabelecida entre a vitória e o fracasso e, por fim, a rivalidade e a cooperação, cultivam valores e comportamentos condizentes com as próprias ba- ses democráticas sobre as quais se fundamentam a sociedade contemporânea. Nesse sentido, sem perder de vista suas dimen- sões tradicionais, o esporte é também reconheci- do, atualmente, como essencial para a cidadania, o respeito aos direitos humanos, a inclusão social e o combate à violência, sendo um fator que pode contribuir decisivamente para a formação de uma cultura de paz e de não violência, na perspectiva do objetivo mais geral das Nações Unidas e para o desenvolvimento, tendo como paradigma a sus- tentabilidade. Por fim, acredita-se que a promoção de valo- res por meio do esporte representa uma pequena, mas eficaz forma de desenvolvimento de valores humanos, condizentes com atitudes e ações de uma sociedade mais justa e menos discriminató- ria. Nesse processo, os profissionais de educação física e dos esportes atuam como protagonistas. ATIVIDADE 15 Cite alguns valores éticos e morais que podem ser trabalhados através do esporte? ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ATIVIDADE 16 O que é o fair play? ATIVIDADE 17 Segundo a Carta Olímpica, quais os objetivos do Movimento Olímpico? ATIVIDADE 18 Qual a relação entre a valorização da imagem corporal e o esporte? ATIVIDADE 19 Qual o papel do esporte na formação humana? ATIVIDADE 20 Construa um texto exemplificando o aprendizado de regras nas relações humanas do seu cotidiano. FILOSOFIA 20 Secretaria de Educação do Estado de Goiás Superintendência de Ensino Médio 20 FILOSOFIA GOIÁS TEC – 2021 – FILOSOFIA Luci de Sousa Dourado 1º Bimestre O nascimento da Filosofia: Filosofia grega 1. Introdução A entrada no Ensino Médio inaugura uma nova etapa em sua vida escolar trazendo algu- mas novidades, como por exemplo, a introdu- ção de novas disciplinas, tal como, a Filosofia. Para tentarmos entender um pouco acerca dessa nova matéria, vamos aprender neste bi- mestre: o significado do termo Filosofia, qual o contexto histórico do seu surgimento, a sua especificidade, sua origem e seremos apre- sentados aos primeiros filósofos dentre os quais estão Heráclito de Samos e Parmênides de Eleia. Destacaremos tais pensadores, pois estes, levaram à possibilidade de conheci- mento a um impasse cuja tentativa de solução foi tema do período subsequente da História da Filosofia. É importante saber que a Filosofia Grega (Antiga) tem três períodos distintos: Período Pré-Socrático: fase naturalista; Período Clássico ou Socrático: fase antro- pológica-metafísica; Período Helenístico: fase ética e cética. Veja a representação na figura abaixo: Fonte:https://www.todamateria.com.br/filosofospresocraticos/#:~:- text=Os%20fil%C3%B3sofos%20pr%C3%A9%2Dsocr%C3%A1ti- cos%20fazem,do%20ser20e%20do%20mundo. Acesso em 11 de dezembro de 2020. Assim distribuídos por bimestres: 1º bimestre: Período pré-socrático; 2º bimes- tre: Período Clássico ou Antropológico; 3º bi- mestre: Período Clássico ou Antropológico e 4º bimestre: Período Helenístico. 2. Termo: Filosofia Os gregos distinguiam três tipos de amor: ágape (Ἀγάπη), o amor fraternal, caracteri- zado por uma conexão com a natureza, a hu- manidade e o universo; Eros (Ἔρως), o amor romântico que se caracteriza pelo romance, pela paixão e pelo desejo e philos (φίλος), como amor de amizade, isto é, aquele que se desenvolve por afinidades eletivas cuja carac- terística essencial é o respeito entre iguais. A palavra Filosofia é a união de duas pa- lavras gregas: philos (φίλος), definido como amor de amizade e sophia (σοφία), que sig- nifica sabedoria ou simplesmente saber. A invenção desse termo, pelo filósofo Pitágoras de Samos (séc. V a.C.), é apresentada através da seguinte anedota: por ser considerado um dos sete sábios da Grécia Antiga, foi indagado sobre o que estudava para saber tanto. Ao que ele respondeu, de forma bastante modesta, que a sabedoria plena e perfeita seria atribu- to apenas dosdeuses; cabendo aos homens, venerá-la e amá-la na qualidade de filósofos. Ou seja, a Filosofia consiste numa amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber; e o filósofo, por sua vez, seria aquele que ama e busca a sabedoria, tem amizade pelo saber, deseja saber. Esse “amor à sabedoria” é o que diferencia a Filosofia das demais disciplinas, pois, resulta numa maneira específica de aproximar-se do objeto a ser investigado, sem no entanto, fi- xar-se nele. Enquanto, todas as outras discipli- nas têm um objeto específico, exemplo: Biolo- gia trata dos seres vivos; Geografia tem como objeto a Terra; a Matemática, os números; a Física, o deslocamento dos corpos; a Química, a composição material e etc; a Filosofia abor- da todos os objetos de forma filosófica, isto é, transformando-os num problema, numa questão. Vejamos um exemplo: na maior par- 21 Secretaria de Educação do Estado de Goiás Superintendência de Ensino Médio 21 FILOSOFIA te do tempo nos ocupamos em viver a vida, mas se algo vai mal ou sai de forma inespe- rada, nos questionamos: O que é a vida? De onde viemos? Para onde vamos? Filosofar é problematizar e também pro- por soluções aos problemas elaborados. Você deve estar se perguntando: Como podemos dizer que a Filosofia surgiu na Grécia Antiga entre os séculos VII e VI a.C. se problematizar, propor questões é algo inerente ao ser huma- no? O que a Filosofia Grega tem de especial? Para responder a essa pergunta precisa- mos considerar o contexto histórico em que ela surgiu, pois, embora já houvesse produ- ção de conhecimento no Oriente e na África, esse ainda mantinha fortes vínculos com o sa- ber religioso, e o início da Filosofia, enquanto conhecimento racional e sistemático, marca essa ruptura, a qual veremos mais adiante, sob a terminologia de mito versus logos. Nesse período (VII-VI a.C.), a Grécia Antiga era formada por um conjunto de cidades-Es- tados (pólis) independentes que podiam ser, em alguns casos, até mesmo rivais entre si. A falta de unificação territorial e de pensamen- to, criou um ambiente propício para o flores- cimento cultural: político, religioso, artístico e filosófico. Após longo período de eferves- cência, houve uma mudança na mentalidade grega devido entre outros fatores: ao caráter não dogmático da religião grega; a poesia que buscava sentido para os acontecimentos nar- rados; a política, baseada no discurso e ex- plicação racional das ideias; o comércio que permitia o contato com outras culturas, deri- vando daí a invenção do alfabeto, calendário e a capacidade de pensamento abstrato. Todo esse processo de transformação e de criação envolvido no desenvolvimento de técnicas le- vou ao questionamento a respeito do próprio universo, se ele também não respondia a um processo semelhante. Nesse contexto, numa das colônias gregas, situada na Jônia (atual Turquia), no século VI a.C. nasce Tales de Mile- to, considerado o primeiro filósofo, isto é, o primeiro pensador a propor uma ruptura en- tre mito e logos. 3. Mito versus Logos Para se situar no mundo o ser humano cria narrativas que explicam a realidade, atribuin- do à intervenção direta dos deuses, à causa de tudo que existe, ou seja, o mito descreve o exato instante em que algo passa a existir em nosso mundo por intervenção divina direta. Denominamos tais relatos míticos que expli- cam a origem do universo e o surgimento dos seres humanos de cosmogonia. A palavra mito é, muitas vezes, entendida como falsa crença, mentira ou fantasia. Na realidade, os mitos foram as primeiras formas pelas quais os seres humanos deram sentido à realidade e, ainda, são muito presentes e ne- cessários nos dias de hoje. Imagine o cotidiano dos homens das caver- nas, sem possuir uma explicação racional dos fenômenos da natureza tendia a uma visão mágica daquilo que não conhecia. Tomemos como exemplo os raios e os trovões. Na falta de uma explicação racional os diversos povos que contemplavam estes fenômenos criaram histórias de Deuses que eram responsáveis pelos raios e trovões. Entre os gregos, Zeus, e entre os antigos nórdicos, Thor. Para estes deuses eram feitos ritos para que a ira deles fosse aplacada e nada de mal acontecesse aos seres humanos. O mito nasce do desejo de dominação do mundo, para afugentar o medo e a insegu- rança. O homem, à mercê das forças naturais, que são assustadoras, passa a emprestar-lhes qualidades emocionais. As coisas não são mais matéria morta, nem são independentes do su- jeito que as percebe. Ao contrário, estão sem- pre impregnadas de qualidades e são boas ou más, amigas ou inimigas, familiares ou sobre- naturais, fascinantes e atraentes ou ameaça- doras e repelentes. Nesse sentido são criados ritos para que possa haver harmonia entre es- tas forças e as coisas continuarem funcionan- do como de costume. Existem, entre as diver- sas culturas humanas, ritos para que a chuva continue ocorrendo na medida certa, existem ritos para que as crianças nasçam saudáveis e para que os mortos se despeçam da vida ade- 22 Secretaria de Educação do Estado de Goiás Superintendência de Ensino Médio 22 FILOSOFIA quadamente. Pode-se dizer que o mito foi a primeira ten- tativa de explicação da realidade que os seres humanos produziram. A seguir um exemplo: Com a Filosofia inaugura-se uma nova maneira de tentar explicar a origem do uni- verso (cosmos) através do discurso racional (logos) chamada de cosmologia. Esse perío- do inicial recebe três nomes: período pré- -socrático, cosmológico e fisiológico (physis/ Φύσις=natureza) + (logos=discurso racional). Os filósofos desse período buscavam respon- der à seguinte questão: Qual (is) elemento (s) dão origem (arché) ao universo (cosmos)? Os filósofos que defendiam que um único ele- mento originava o cosmos são chamados de monistas. São exemplos dessa corrente: Tales de Mileto, pois defendia que o princípio origi- nário (arché) do cosmos era a água; Heráclito de Éfeso, (arché) era o fogo e etc. Àqueles que defendem que a origem do cosmos tem mais de um elemento, são chamados de pluralistas como por exemplo, Empédocles de Agrigen- to (teoria dos 4 elementos: terra, fogo, água e ar) e Demócrito de Abdera (multiplicidade dos átomos). Vejamos a representação no quadro a se- guir: 4. Espanto: hipótese aristotélica Segundo Aristóteles, a filosofia, enquanto tentativa de compreender a realidade usando o discurso racional (Logos), vem do espanto (thaumázein, em grego), isto é, da curiosidade insaciável, da capacidade de admirar e de pro- blematizar as coisas. As pessoas indagam para satisfazer seu desejo natural de conhecer. Ou seja, a Filosofia deriva da necessidade de co- nhecer a realidade em seus múltiplos aspec- tos. Desse espanto/admiração, diante de algo inusitado, inicia-se um processo de questiona- mento que leva à ampliação da compreensão. É essa atitude mental de admiração/espanto constante com o mundo que, não apenas, nos conduz à uma problematização rigorosa como nos serve de antídoto à postura dogmática. Vejamos como Heidegger, um filósofo con- temporâneo sintetiza as perspectivas de dois filósofos clássicos, a saber, Platão e Aristóte- les: Fonte: https://filoinfo.net/node/163 ATOMISTA JÔNICA ITÁLICA ELEÁTICA Empédocles, Anaxágoras, Leucipo e Demócrito. Arché: vários elementos materiais. ESCOLAS PRÉ-SOCRÁTICAS 23 Secretaria de Educação do Estado de Goiás Superintendência de Ensino Médio 23 FILOSOFIA "[...] os pensadores gregos, Platão e Aristóteles, chamaram a atenção para o fato de que a filosofia e o filosofar fazem parte de uma dimensão do homem, que designamos dis-posição (no sentido de uma tonalidade afetiva que nos harmoniza e nos convoca por um apelo). Platão diz (Teeteto, 155 d): mala gar philosophou touto to pathos, to thaumazein, ou gar alle arkhe philosophias he haute. "É verdadeiramente de um filósofo este pathos — o espanto; pois não há outra origem imperanteda filosofia que este." O espanto é, enquanto pathos, a arkhe da filosofia. Devemos compreender, em seu pleno sentido, a palavra grega arkhe. Designa aquilo de onde algo surge. Mas este "de onde" não é deixado para trás no surgir; antes, a arkhe torna-se aquilo que é expresso pelo verbo arkhein, o que impera. O pathos do espanto não está simplesmente no começo da filosofia, como, por exemplo, o lavar das mãos precede a operação do cirurgião. O espanto carrega a filosofia e impera em seu interior. Aristóteles diz o mesmo (Metafísica, 1, 2, 982 b 12 ss.): dia gar to thaumazein hoi anthropoi kai nyn kai proton erxanto philosophein. "Pelo espanto os homens chegam agora e chegaram antigamente à origem imperante do filosofar" (àquilo de onde nasce o filosofar e que constantemente determina sua marcha). Seria muito superficial e, sobretudo, uma atitude mental pouco grega se quiséssemos pensar que Platão e Aristóteles apenas constatam que o espanto é a causa do filosofar. Se esta fosse a opinião deles, então diriam: um belo dia os homens se espantaram, a saber, sobre o ente e sobre o fato de ele ser e de que ele seja. Impelidos por este espanto, começaram eles a filosofar. Tão logo a filosofia se pôs em marcha, tornou-se o espanto supérfluo como impulso, desaparecendo por isso. Pôde desaparecer já que fora apenas um estímulo. Entretanto: o espanto é arkhe — ele perpassa qualquer passo da filosofia. O espanto é pathos. Traduzimos habitualmente pathos por paixão, turbilhão afetivo. Mas pathos remonta a paskhein, sofrer, aguentar, suportar, tolerar, deixar-se levar por, deixar-se con-vocar por. E ousado, como sempre em tais casos, traduzir pathos por dis-posição, palavra com que procuramos expressar uma tonalidade de humor que nos harmoniza e nos con-voca por um apelo. Devemos, todavia, ousar esta tradução porque só ela nos impede de representarmos pathos psicologicamente no sentido da modernidade. Somente se compreendermos pathos como dis-posição (dis-position) podemos também caracterizar melhor o thaumazein, o espanto. No espanto detemo-nos (être en arrêt). E como se retrocedêssemos diante do ente pelo fato de ser e de ser assim e não de outra maneira. O espanto também não se esgota neste retroceder diante do ser do ente, mas no próprio ato de retroceder e manter-se em suspenso é ao mesmo tempo atraído e como que fascinado por aquilo diante do que recua. Assim o espanto é a dis-posição na qual e para a qual o ser do ente se abre, O espanto é a dis-posição em meio à qual estava garantida para os filósofos gregos a correspondência ao ser do ente." Heidegger, GA11, 1999, p. 37-38. Trad. Ernildo Stein HEIDEGGER, M. O que é a Filosofia? In Heidegger, Os Pensadores. São Paulo: Editora Nova Cultura, 2000. 24 Secretaria de Educação do Estado de Goiás Superintendência de Ensino Médio 24 FILOSOFIA 5. Pré-socráticos: Heráclito de Éfeso x Par- mênides de Eleia Os pré-socráticos acreditavam que era possível entender a natureza sem recorrer so- mente a explicações mitológicas. Eles acredi- tavam encontrar na natureza o princípio, ori- gem, arché (ἀρχή) de todas as coisas, isto é, aquilo que está em todos os seres existentes e é comum a tudo. Esta arché, além de estar presente em todas as coisas, daria também origem a todos os fenômenos naturais. Uma vez que as explicações mitológicas vão sendo descartadas e aos poucos substi- tuídas por explicações racionais e naturalistas, surgem muitas indagações. De onde teriam surgido o Sol, as monta- nhas, os homens etc.? Seria possível concluir que as coisas se originaram de algum elemen- to, de algum ser ou substância que sempre existiu? E se esse elemento fosse eterno seria capaz de se transformar em outros? Para tentar responder a estas e outras questões, os filósofos pré-socráticos debate- ram e escreveram textos dos quais restaram somente fragmentos. Sabemos de algumas de suas afirmações por causa dos escritos de filósofos posteriores, como Aristóteles, por exemplo. A seguir faremos um breve resumo sobre o pensamento dos dois principais pré-socrá- ticos. • Heráclito de Éfeso (540-480 a.C.) – é considerado por muitos pensadores o filósofo mais importante dos pré-socráticos. Para ele, o mundo é um eterno fluxo. Tudo o que existe é um processo. Tudo o que existe na natureza se forma e se transforma, as coisas se cons- troem e se dissolvem umas nas outras. Para Heráclito, nada permanece o mesmo nem por um instante. Um dos fragmentos de seus textos dizia: “é impossível se banhar nas mesmas águas de um mesmo rio”, já que o rio não é o mesmo, nem quem se banha é o mesmo. Tudo flui, tudo passa, tudo se move sem cessar. Para Heráclito, tudo o que existe tende a seu contrário. A vida tende a se tornar mor- te. A morte tende a se transformar em vida; o dia tende a se tornar noite; a noite tende a se tornar dia; o quente tende a se tornar frio; o frio tende a se tornar quente. Apesar disso tudo que existe estar em guerra contra o seu contrário, tudo o que existe traz em si o germe de sua aniquilação. • Parmênides (515-450 a.C.) – O pensa- mento de Parmênides é frontalmente oposto ao de Heráclito. Ele argumenta que por meio dos sentidos os seres humanos percebem os fenômenos naturais e concluem que o mun- do está em constante transformação, mas o que é percebido pelos sentidos não permite que os homens conheçam realmente a verda- de. Os sentidos nos enganam. Temos que nos guiar pelo pensamento lógico que nos leva a concluir que “O que é, é e não pode deixar de ser. O não-ser não é. Simplesmente não exis- te. Se digo que as coisas estão em constante transformação estou afirmando que elas são e não são ao mesmo tempo. Nada pode ser e não ser ao mesmo tempo. O ser é único imu- tável e eterno.” Referências: ARANHA, Maria Lucia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filo- sofando introdução à filosofia. 6 ed. São Paulo: Moderna, 2016. REALE, Giovani; ANTISERI, Dario. História da filosofia: filosofia pagã antiga. 3 ed. São Paulo: Paulus, 2007. p.249. v.1. SPINOLA, Siomara Sodré. Filosofia: Leituras, Conceitos e interação. São Paulo: Leya, 2013, p. 138. COTRIM, Gilberto; FERNANDES, Mirna. Fundamentos de Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2013. https://mundoeducacao.uol.com.br/filosofia/origem-filosofia.htm AULA 01 Expectativa de aprendizagem: Entender a impor- tância e as razões do estudo da Filosofia. Questão 01- Sobre as origens da Filosofia, é cor- reto afirmar: a. Surgiu na Grécia, em torno do século VI a.C., quando os gregos perceberam que as explica- ções míticas não eram suficientes para expli- car os fenômenos da natureza. 25 Secretaria de Educação do Estado de Goiás Superintendência de Ensino Médio 25 FILOSOFIA b. Está relacionada com as conquistas gregas do Oriente por Alexandre Magno, em torno do século III a.C., e o fenômeno denominado Helenismo pelos conquistadores. c. Tornou-se uma disciplina de reflexão e crítica proporcionada pela conquista da Grécia pelos romanos, em torno do século II a.C., e a trans- ferências de sábios para a cidade de Roma. d. Está vinculada à publicação do livro a Repúbli- ca de Platão, em torno do século IV a.C., quan- do as diferentes formas de conhecimento fo- ram impressas em pergaminhos. e. Surgiu com os primeiros relatos do historia- dor Heródoto, em torno do século V a.C., ao refletir sobre o significado da vitória contra os persas na Batalha de Maratona. Questão 02- (FEPESE/SJosé) Leia com atenção o texto abaixo: Atribui-se ao grego …………………… a invenção da palavra filosofia. Ele teria afirmado que a sabedo- ria plena pertence aos …………………… e os homens podem desejá-la ou amá-la, tornando-se filósofos. Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas do texto. a) Platão • anjos b) Pitágoras • deuses c) Arquimedes • nobres d) Aristóteles • santos e) Sócrates • sábios Questão 03- (UDESC/2010) Segundo Marilena Chauí, “a filosofia surge quando alguns gregos, admirados e espantados coma realidade, insatis- feitos com as explicações que a tradição lhes dera, começaram a fazer perguntas e buscar respostas para elas”. (Convite a Filosofia. 4. ed., Ática, 1995, p. 23). É legado da Filosofia grega para o Ocidente euro- peu: a) A aspiração ao conhecimento verdadeiro, `a felicidade e `a justiça, indicando que a huma- nidade não age caoticamente. b) A preocupação com a continuidade entre a vida e a morte através da prática de embalsa- mamento e outros cuidados funerários. c) A criação da dialética, fundamentada na luta de classes, como forma de explicação socioló- gica da realidade humana. d) O nascimento das ciências humanas, impli- cando em conhecimentos autônomos e com- partimentados. e) A produção de uma concepção de história li- near, que tratava dos fins últimos do homem e da realização de um projeto divino. AULA 02 Expectativa de aprendizagem: Entender a impor- tância e as razões do estudo da Filosofia. Questão 04- (UEL – 2004) “Entre os ‘físicos’ da Jô- nia, o caráter positivo invadiu de chofre a totalida- de do ser. Nada existe que não seja natureza, phy- sis. Os homens, a divindade, o mundo formam um universo unificado, homogêneo, todo ele no mes- mo plano: são as partes ou os aspectos de uma só e mesma physis que põem em jogo, por toda parte, as mesmas forças, manifestam a mesma potência de vida. As vias pelas quais essa physis nasceu, diversificou-se e organizou-se são perfei- tamente acessíveis à inteligência humana: a natu- reza não operou ‘no começo’ de maneira diferente de como o faz ainda, cada dia, quando o fogo seca uma vestimenta molhada ou quando, num crivo agitado pela mão, as partes mais grossas se isolam e se reúnem.” (VERNANT, Jean-Pierre. As origens do pensamento grego. Trad. de Ísis Borges B. da Fonseca. 12.ed. Rio de Janeiro: Difel, 2002. p.110.) Com base no texto, assinale a alternativa correta. a) A diversidade de fenômenos naturais pressupõe uma multiplicidade de explica- ções e nem todas estas explicações podem ser racionalmente compreendidas. b) A explicação para os fenômenos naturais pressupõe a aceitação de elementos so- brenaturais. c) Para explicar o que acontece no presente é preciso compreender como a natureza agia “no começo”, ou seja, no momento 26 Secretaria de Educação do Estado de Goiás Superintendência de Ensino Médio 26 FILOSOFIA original. d) O nascimento, a diversidade e a organiza- ção dos seres naturais têm uma explicação natural e esta pode ser compreendida ra- cionalmente. e) A razão é capaz de compreender parte dos fenômenos naturais, mas a explicação da totalidade dos mesmos está além da capa- cidade humana. Questão 05- (UEL- 2003) “Tales foi o iniciador da filosofia da physis, pois foi o primeiro a afirmar a existência de um princípio originário único, causa de todas as coisas que existem, sustentando que esse princípio é a água. Essa proposta é importan- tíssima… podendo com boa dose de razão ser qua- lificada como a primeira proposta filosófica daqui- lo que se costuma chamar civilização ocidental.” (REALE, Giovanni. História da filosofia: Antiguidade e Idade Média. São Paulo: Paulus, 1990. p. 29.) A filosofia surgiu na Grécia, no século VI a.C. Seus primeiros filósofos foram os chamados pré-socrá- ticos. De acordo com o texto, assinale a alternativa que expressa o principal problema por eles inves- tigado. a) A filosofia política, enquanto análise do Es- tado e sua legislação. b) A ética, enquanto investigação racional do agir humano. c) A epistemologia, como avaliação dos pro- cedimentos científicos. d) A cosmologia, como investigação acerca da origem e da ordem do mundo. e) A estética, enquanto estudo sobre o belo na arte. AULA 03 Expectativa de aprendizagem: Compreender a passagem do conhecimento mítico ao pensamen- to filosófico Questão 06- (UEL- 2003) “Zeus ocupa o trono do universo. Agora o mundo está ordenado. Os deu- ses disputaram entre si, alguns triunfaram. Tudo o que havia de ruim no céu etéreo foi expulso, ou para a prisão do Tártaro ou para a Terra, entre os mortais. E os homens, o que acontece com eles? Quem são eles?” (VERNANT, Jean-Pierre. O universo, os deuses, os homens. Trad. de Rosa Freire d’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 56.) O texto acima é parte de uma narrativa mítica. Considerando que o mito pode ser uma forma de conhecimento, assinale a alternativa correta. a) A verdade do mito obedece a critérios empíricos e científicos de comprovação. b) O conhecimento mítico segue um rigoro- so procedimento lógico-analítico para es- tabelecer suas verdades. c) As explicações míticas constroem-se, de maneira argumentativa e autocrítica. d) O mito busca explicações definitivas acer- ca do homem e do mundo, e sua verdade independe de provas. e) A verdade do mito obedece a regras uni- versais do pensamento racional, tais como a lei de não-contradição. Questão 07- (UEL/2009) “Há, porém, algo de fun- damentalmente novo na maneira como os gregos puseram a serviço do seu problema último – da origem e essência das coisas – as observações em- píricas que receberam do Oriente e enriqueceram com as suas próprias, bem como no modo de sub- meter ao pensamento teórico e casual o reino dos mitos, fundado na observação das realidades apa- rentes do mundo sensível: os mitos sobre o nasci- mento do mundo.” Fonte: JAEGER, W. Paidéia. Tradução de Artur M. Parreira. 3.ed. São Paulo: Martins Fontes, 1995, p. 197. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a relação entre mito e filosofia na Grécia, é correto afirmar: a) Filosofia e mito sempre mantiveram uma rela- ção de interdependência, uma vez que o pensa- mento filosófico necessita do mito para se expres- sar. b) O mito já era filosofia, uma vez que buscava respostas para problemas que até hoje são objeto da pesquisa filosófica. 27 Secretaria de Educação do Estado de Goiás Superintendência de Ensino Médio 27 FILOSOFIA c) Apesar de ser pensamento racional, a filosofia se desvincula dos mitos de forma gradual. d) A filosofia representa uma ruptura radical em relação aos mitos, representando uma nova for- ma de pensamento plenamente racional desde as suas origens. e) Em que pese ser considerada como criação dos gregos, a filosofia se origina no Oriente sob o in- fluxo da religião e apenas posteriormente chega à Grécia. Questão 08 - Você se considera uma pessoa ques- tionadora, isto é, que costuma levantar problemas ou dúvidas sore as coisas (explicações, normas, crenças etc.)? Como reagem as pessoas (na esco- la, em casa, entre amigos) quando você expressa suas incertezas? ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ AULA 04 Expectativa de aprendizagem: Compreender a passagem do conhecimento mítico ao pensamen- to filosófico Questão 09- (Ifsp 2011) Comparando-se mito e fi- losofia, é correto afirmar o seguinte: a) A autoridade do mito depende da confiança ins- pirada pelo narrador, ao passo que a autoridade da filosofia repousa na razão humana, sendo inde- pendente da pessoa do filósofo. b) Tanto o mito quanto a filosofia se ocupam da ex- plicação de realidades passadas a partir da intera- ção entre forças naturais personalizadas, criando um discurso que se aproxima do da história e se opõe ao da ciência c) Enquanto a função do mito é fornecer uma ex- plicação parcial da realidade, limitando-se ao uni- verso da cultura grega, a filosofia tem um caráter universal, buscando respostas paraas inquieta- ções de todos os homens. d) Mito e filosofia dedicam-se à busca pelas verda- des absolutas e são, em essência, faces distintas do mesmo processo de conhecimento que culminou com o desenvolvimento do pensamento científico. e) A filosofia é a negação do mito, pois não acei- ta contradições ou fabulações, admitindo apenas explicações que possam ser comprovadas pela ob- servação direta ou pela experiência. Questão 10- Explique por que a filosofia nascente é considerada uma cosmologia, em contraposição aos mitos, chamados cosmogonias. ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ ________________________________________ AULA 05 Expectativa de aprendizagem: Identificar a hipóte- se aristotélica do surgimento da filosofia a partir do espanto. Questão 11- (UEMA/2015) É comum explicar o nascimento da filosofia cronologicamente, dando destaque a seu início entre os gregos antigos. Para um aluno iniciante, isso muitas vezes faz pensar que se trata de uma disciplina sem atualidade. Po- rém, Aristóteles, na abertura da sua Metafísica, faz uma afirmação que pode sugerir que o pensamen- to filosófico possui uma origem não cronológica. Segundo ele: a) Todos os homens, por natureza, buscam um método. b) Todos os homens, por natureza, tendem ao saber. c) Todos os homens, por natureza, experi- 28 Secretaria de Educação do Estado de Goiás Superintendência de Ensino Médio 28 FILOSOFIA mentam a dúvida. d) Todos os homens, por natureza, odeiam as sensações. e) Todos os homens, por natureza, são cria- dores. Questão 12- (SEDUC/CE) 2013 Em O que é isto: a fi- losofia, Heidegger declara: “A palavra philosophia diz-nos que a filosofia é algo que, pela primeira vez e antes de tudo, vinca a existência do mundo grego (...): A filosofia é, nas origens de sua essên- cia, de tal natureza que ela primeiro se apoderou do mundo grego e só dele, usando-o para se de- senvolver”. Esse assenhoreamento ocorreu pelo despertar do espanto ou da admiração (thauma- dzo) com o ser: “precisamente isto, que o ente permaneça recolhido no ser, que no fenômeno do ser se manifesta o ente; isto jogava os gregos, e a eles primeiro unicamente, no espanto. Ente no ser: isto se tornou para os gregos o mais es- pantoso”. O thaumadzo é atestado como princí- pio (arkhé) da filosofia por Platão e Aristóteles. Primeiramente, Platão (no Teeteto 155d) afirma: “É verdadeiramente de um filósofo esse pathos “o espanto (thaumadzein); pois não há outra ori- gem imperante (arkhé) da filosofia do que este”. E Aristóteles (na Metafísica A 2, 982b 12ss) con- firma o dito de Platão: “Pelo espanto, os homens chegaram agora e chegaram antigamente à ori- gem imperante do filosofar”. Acerca do tema abordado no texto acima, assi- nale a opção correta. a) Os primeiros filósofos podem ser consi- derados como primitivos cientistas da na- tureza, cujo thaumadzo decorria da pre- cariedade de sua ciência. b) Para os gregos, o espanto filosófico ocor- ria em relação ao mistério do ser, que abrangia e recolhia a totalidade do ente. c) A filosofia é atemporal e, dessa forma, es- tranha à historicidade do ser humano. d) O pathos que está no princípio da filoso- fia grega é a dúvida. e) Para Platão e Aristóteles, o thaumadzo é apenas o início da filosofia, ou seja, ele deixa de valer em estágios mais avança- dos do filosofar. AULA 06 Expectativa de aprendizagem: Definir o pensa- mento de Heráclito acerca do conhecimento a partir da multiplicidade e da unidade. Questão 13- (UFF/2010) Como uma onda “Nada do que foi será/ De novo do jeito que já foi um dia/ Tudo passa/ Tudo sempre passará/ A vida vem em ondas/ Como um mar/ Num indo e vindo infinito Tudo que se vê não é/ Igual ao que a gente/ Viu há um segundo/ Tudo muda o tempo todo/ No mundo Não adianta fugir/ Nem mentir/ Pra si mesmo agora/ Há tanta vida lá fora/ Aqui dentro sempre/ Como uma onda no mar/ Como uma onda no mar/ Como uma onda no mar” (Lulu Santos e Nelson Motta) A letra dessa canção de Lulu Santos lembra ideias do filósofo grego Heráclito, que viveu no século VI a.C. e que usava uma linguagem poética para exprimir seu pensamento. Ele é o autor de uma frase famosa: “Não se entra duas vezes no mes- mo rio”. Dentre as sentenças de Heráclito a seguir citadas, marque aquela em que o sentido da can- ção de Lulu Santos mais se aproxima. a) O homem tolo gosta de se empolgar a cada palavra. b) Morte é tudo que vemos despertos, e tudo que vemos dormindo é sono. c) Ao se entrar num mesmo rio, as águas que fluem são outras. d) Muita instrução não ensina a ter inteligên- cia. e) O povo deve lutar pela lei como defende as muralhas da sua cidade. 29 Secretaria de Educação do Estado de Goiás Superintendência de Ensino Médio 29 FILOSOFIA Questão 14- No vasto mundo grego, a filosofia teve como berço a cidade de Mileto. Caracteri- zada por múltiplas influências culturais e por um rico comércio, Mileto abrigou os três primeiros pensadores da história ocidental, que tentaram descobrir, com base na razão e não na mitologia, o princípio substancial. Sendo assim, a partir dos conhecimentos sobre a filosofia Pré-socrática, os trechos abaixo se referem respectivamente aos filósofos: “O princípio primordial deveria ser algo que transcendesse os limites do observável, ou seja, não se situaria em uma realidade ao alcance dos sentidos, como a água, seria, portanto, o indeter- minado...”. CHÂTELET, História da filosofia. “A filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matiz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposi- ção enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabu- lação; e, enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de crisália, está conti- do o pensamento: “Tudo é um”.” NIETZSCHE, A filosofia na época trágica dos gre- gos. “Como nossa alma, que é o ar, soberanamente nos mantém unidos, assim também todo o cos- mo, sopro e ar o mantém”. Pré-socráticos. a) Anaxímenes, Tales e Anaximandro. b) Anaxímenes, Anaximandro e Tales. c) Anaximandro, Tales e Parmênides. d) Anaxímenes, Tales e Parmênides. e) Anaximandro, Tales e Anaxímenes. Questão 15- Leia o texto abaixo: “A “descoberta” e o Modelo Padrão da Física O bóson de Higgs é a partícula pela qual su- postamente tudo no universo obtém sua massa, inclusive nós, seres humanos. Sendo assim, a partícula era vista como crucial para que os físicos pudessem dar sentido ao universo. Só que ela nunca tinha sido obser- vada por experimentos. Por conta de sua importância nos blocos de construção básicos do universo, o bóson recebeu o apelido de “partícula de Deus”, apelido que Guzzo não simpatiza. “Não gosto do nome ‘Partí- cula de Deus’, apenas se for pensado como uma espécie de brincadeira. Supondo que tenhamos, de fato, descoberto o Higgs, temos em mãos um quebra-cabeça muito mais completo rumo a uma compreensão das partículas elementares e suas propriedades. Isto é muito bom. Mas outras peças que são igualmente importantes neste quebra-cabeça nunca foram chamadas de ‘Partí- culas de Deus’”, argumenta. O quebra-cabeça maior seria, por assim di- zer, o Modelo Padrão da Física, uma espécie de “livro de instruções” que descreve como as par- tículas e as forças interagem no universo. Sem a existência do bóson de Higgs, ou seja, de uma partícula que dessemassa a todas as outras, todo esse modelo poderia ir por água abaixo.” Fonte: https://hypescience.com/o-que-significa-a-des- coberta-do-boson-de-higgs-particula-de-deus/ Agora escreva um pequeno texto relacionando as pesquisas científicas contemporâneas com a questão que deu origem à Filosofia, que surge como uma cosmologia. _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ 30 Secretaria de Educação do Estado de Goiás Superintendência de Ensino Médio 30 FILOSOFIA AULA 07 Expectativa de aprendizagem: Definir o pensa- mento de Heráclito acerca do conhecimento a partir da multiplicidade e da unidade. Questão 16- Explique, com suas palavras, o frag- mento heracliteano “Tudo flui”. _______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ Questão 17- Dos pensamentos propostos abaixo, qual deles pertence a Heráclito de Éfeso? a) “A matéria é composta por átomos, que são in- destrutíveis e indivisíveis.” b) “Tudo está em tudo.” c) “Das coisas surge a unidade e, da unidade, to- das as coisas.” d) “A proporção em massa das substâncias que reagem e que são produzidas é sempre fixa”. e) “Na natureza, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma.” AULA 08 Expectativa de aprendizagem: O pensamento de Parmênides sobre a imobilidade do ser e a identi- dade entre o ser e o pensar. Questão 18- (UFU – 1999/1) Parmênides de Eléia, filósofo pré-socrático, sustentava que I- o ser é. II- o não-ser não é. III- o ser e o não-ser existem ao mesmo tempo. IV- o ser é pensável e o não-ser é impensável. Assinale a) se apenas I, III e IV estiverem corretas. b) se apenas II, III e IV estiverem corretas. c) se apenas I, II e III estiverem corretas. d) se todas as afirmativas estiverem corre- tas e) se apenas I, II e IV estiverem corretas. Questão 19- …que é e que não é possível que não seja,/ é a vereda da Persuasão (porque acompa- nha a Verdade); o outro diz que não é e que é preciso que não seja,/ eu te digo que esta é uma vereda em que nada se pode aprender. De fato, não poderias conhecer o que não é, porque tal não é fatível /nem poderia expressá-lo. (Nicola, Ubaldo. Antologia ilustrada de Filosofia. Editora Globo, 2005.) O texto anterior expressa o pensamento de qual filósofo? a) Aristóteles, que estabelecia a distinção entre o mundo sensível e o inteligível. b) Heráclito de Éfeso, que afirmava a unidade en- tre pensamento e realidade. c) Tales de Mileto, que afirmava ser a água o prin- cípio de todas as coisas. d) Parmênides de Eleia, que afirmava a imutabi- lidade de todas as coisas e a unidade entre ser e pensar, ser e conhecimento. e) Protágoras, que afirmava que o homem é a medida de todas as coisas, que o ser é e o não ser não é. AULA 09 Expectativa de aprendizagem: O pensamento de Parmênides sobre a imobilidade do ser e a identi- dade entre o ser e o pensar. 31 Secretaria de Educação do Estado de Goiás Superintendência de Ensino Médio 31 FILOSOFIA Questão 20- Explique com suas palavras o frag- mento de Parmênides: “O ser é e o não-ser não é.” _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ GOIÁS TEC – 2021 – FILOSOFIA Luci de Sousa Dourado 2º Bimestre Filosofia grega: Sofistas x Sócrates 1. Introdução Aprendemos anteriormente que a Filosofia tem o espanto/admiração como elemento pri- mordial. Essa admiração ancorada no desejo na- tural de conhecer levou os primeiros filósofos, conhecidos como fisiólogos, cosmólogos ou pré- -socráticos a se indagarem sobre a origem do cos- mos. Eles buscavam a origem (arché) da natureza (physis) ou do cosmos (universo). Daremos início ao segundo período da Filoso- fia grega antiga, o Período Clássico ou Socrático. Em Filosofia, o início de um novo período indica a mudança de indagação. Enquanto no primeiro período a questão girava em torno do elemento primordial que dava origem ao cosmos ou nature- za, nesse a questão agora é antropológica (antro- pós=homem + logos=discurso racional). Ou seja, a pergunta, grosso modo, é “quem é homem?”, o que nos torna plenamente humanos? Enquanto os primeiros filósofos olhavam para fora, para a natureza, os deste período voltam seus olhares para si mesmos. Porém, os filósofos dessa vez não estão sozinhos, eles têm antagonis- tas. Por isso, apresentaremos duas perspectivas opostas, representadas de um lado pelos sofistas e de outro por Sócrates, representando os filó- sofos. É preciso compreender que essa disputa en- tre sofistas e Sócrates fundamenta-se na ques- tão relativa à oposição entre physis (natureza) e nómos (convenção). Os sofistas partem da perspectiva de que há uma ruptura, uma cisão irreconciliável entre ambas e isso, não somente no plano teórico, mas também no que concer- ne à sua atuação enquanto profissionais, pois na distinção entre o natural e o convencional se fundam os limites e as possibilidades da prática educativa e da ação política, para as quais se vol- ta a atividade dos sofistas enquanto mestres de excelência. Por outro lado, os filósofos pré-socrá- ticos apresentam a physis como natureza, sendo aquilo que existe por si, que brota ou surge por si mesma, aquilo que tem em si a potência de geração. Portanto, não é fabricada pelos huma- nos, é algo que preexiste às obras do artifício; os humanos podem ser considerados parte da physis e ela faz parte do que os humanos são, na medida em que são possuidores de uma nature- za própria. O nómos é compreendido como cos- tume, lei ou convenção, é algo que acompanha a existência humana, enquanto produto dessa mesma existência ou como algo que nos é dado por outros, algo que norteia desde o alto nossa vida; o nómos pode tanto ser algo criado pelos humanos como algo estabelecido pela divinda- de. Assim os pré-socráticos apresentam physis e nomos como distintas, mas correlatas enquanto os sofistas contrapõem natureza e convenção de forma tão radical, ao ponto da ética e a justiça parecerem meras convenções humanas. Para compreendermos a magnitude dessa disputa vejamos o contexto histórico. Ao longo dos séculos a Grécia passou por diversas transformações culturais, econômicas e políticas. Para o contexto histórico da disputa entre Sofistas e Sócrates, o aspecto político do Século de Péricles (499-429 a.C.) ou Século de Ouro, isto é, séc. V a.C. é o mais relevante. Se no início do séc. VIII a.C., Atenas ainda se encontra- va sob o regime monárquico, entre os séculos VII e VI a.C., surgem os Reformadores. Eles tinham a função de elaborar leis que pudessem substituira tradição oral na resolução de conflitos e insti- tuir a isonomia, isto é, a igualdade perante a lei. 32 Secretaria de Educação do Estado de Goiás Superintendência de Ensino Médio 32 FILOSOFIA As reformas iniciadas pelos Legisladores Dracon e Sólon são levadas à cabo, por Clístenes promo- vendo a consolidação da democracia em Atenas. Ou seja, o poder antes restrito aos descendentes da aristocracia, os eupátridas (bem nascidos), estende-se ao demais cidadãos maiores de 21, do sexo masculino e nascidos em Atenas. Esses poderiam participar das Assembleias (Eclésia ou Assembleia do Povo), embora as mulheres, es- trangeiros (metecos) e escravos estivessem ex- cluídos. Isso mostra que democracia grega ape- sar de direta, era bastante elitista e excludente. Porém, mesmo àqueles que possuíam todos os requisitos necessários ao exercício da cidadania, ainda precisaria para exercê-la, de fato, saber participar da Assembleia, conseguir expressar-se de tal modo, que convencesse a maioria. Assim, até aproximadamente 404 a.C., quando Atenas é derrotada por Esparta na Guerra do Peloponeso (evento de cerca de 30 anos) algumas habilidades e competências são altamente desejáveis. Quais habilidades são essas? Seriam ensi- náveis? Se sim, por quem? 2. Sofistas Diante da necessidade de desenvolver habilidades argumentativas e dialéticas para con- vencer a maioria nas Assembleias, isto é, para o exercício pleno da cidadania, surgem profissio- nais capazes de ensinar a arte de argumentar, também conhecida como Retórica. Esses profes- sores viajavam por diversas cidades vendendo seus conhecimentos. Por dominarem um vasto conhecimento, prático e teórico, eram chamados de sofistas (em grego, “grande mestre ou sábio”). Entre os sofistas desse período citamos, por exemplo: Protágoras, Hípias, Trasímaco, Gór- gias, Anônimo de Jâmbico e Antifonte. Dentre os citados, destacaremos dois: Protágoras de Abde- ra, considerado o primeiro filósofo e Górgias de Leontinos. Infelizmente, grande parte dos escri- tos deles se perderam, o legado deixado consiste apenas em fragmentos. Protágoras (480-410 a.C.) nasceu em Ab- dera e ensinou durante muito tempo em Atenas. Tinha como princípio básico de sua doutrina a ideia de que o “o homem é a medida de todas as coisas”. A interpretação mais conhecida desta fra- se é a de que não há valores externos ao homem. Isso implica dizer que a justiça é apenas aquilo que pensamos que ela seja. Apesar dos textos de Protágoras não terem chegado até nós a crítica que os filósofos posteriores fizeram dele é bem conhecida. Seu pensamento é visto como relativista, ou seja, para Protágoras não há verdade absolu- ta. Tudo é relativo. O mundo é do jeito que os seres humanos interpretam. Assim, qualquer tese poderia ser encarada como verdadeira ou falsa dependendo de como for construída a sua argumentação. Daí a impor- tância de se ensinar a habilidade argumenta- tiva, a arte da Retórica. Para Protágoras, por exemplo, a beleza não existe em si. O que existe são pessoas que pensam que determi- nada coisa é bonita ou feia. Isto equivale dizer que o ponto de partida dos sofistas é o dado sensível, empírico para analisar a realidade. Para Protágoras qualquer tese é defen- sável. Esse posicionamento de Protágoras foi brutalmente criticado por ameaçar o projeto dos pré-socráticos de conhecer os fundamentos do real e posteriormente ser frontalmente contrário à busca do conhecimento da essência das coisas, tal como veremos em Sócrates, Platão e Aristó- teles. Górgias (487-380) nasceu em Leontinos, atual Lentini (localizada na província italiana de Siracusa) foi considerado um dos grandes orado- res da Grécia antiga. Ele aprofundou o pensamen- to de Protágoras a ponto de defender o ceticismo absoluto. Na obra intitulada “Sobre o que não é”, Fonte: https://www.biogra- fiasyvidas.com/biografia/p/ protagoras.htm 33 Secretaria de Educação do Estado de Goiás Superintendência de Ensino Médio 33 FILOSOFIA já se evidencia uma crítica à Parmênides. Nessa obra afirma que mesmo que se algo existisse, não poderíamos conhecê-lo e não se pode comunicar o que não é conhecido. Com base em sua tese de que a virtude não é ensinável, não é classificado por Sócrates como um sofista. Podemos entender o ceticismo como sendo a concepção de que não é possível ter um conhecimento indubitável das coisas. Para o céti- co é impossível obter provas de que qualquer co- nhecimento seja absolutamente verdadeiro. Em relação às tentativas de se conhecer o Ser Górgias afirmava que: 1. O ser não existe; 2. Se existisse, não poderia ser co- nhecido; 3. Mesmo que o ser fosse conheci- do não poderia ser comunicado a ninguém. Para Górgias o discurso é a única coisa que temos. Mais importante do que o que é ver- dadeiro é aquilo que pode ser provado ou defen- dido por meio da argumentação. Os filósofos opõem-se a essa perspectiva pois, buscam um fundamento último para suas questões. Tentam encontrar a essência das coisas investigadas. 3. Sócrates Sócrates, embora contemporâneo dos filósofos cosmólogos, ao propor uma nova ques- tão, dá início ao nascimento da filosofia clássica que vai ser desenvolvida por Platão e Aristóteles, seus herdeiros. Apesar de ser um marco na histó- ria do pensamento ocidental, não deixou nenhum escrito. Tudo que sabemos a respeito do seu pen- samento nos chegou pelos escritos de seus dis- cípulos, principalmente Platão, que redigiu obras sob a forma de diálogos e colocou Sócrates como o personagem principal deles. Nascido em Atenas (469-399 a.C.), Sócrates tinha um estilo de vida semelhante ao dos sofistas, embora não cobrasse por seus en- sinamentos. Discutia com os cidadãos em praça pública levantando problemas e fa- zendo com que as pessoas questionassem o fundamento de suas afirmações. Este fi- lósofo ficou conhecido por afirmar “Só sei que nada sei” e aconselhar a todos o que viu escrito, na entrada do Oráculo de Delfos: “Conhece-te a ti mesmo”. Neste local, de- dicado a Apolo (na mitologia grega, o deus da luz e do sol, da verdade e da profecia), buscava-se o conhecimento do presente e do futuro por intermédio de sacerdotisas. Sócrates travou uma polêmica profunda com os sofistas e ao contrário deles procurava um fundamento último para as interrogações huma- nas (O que é o bem? O que é a virtude? O que é a justiça?). Segundo esse filósofo era possível chegar à resposta definitiva destas questões por meio do diálogo crítico ou dialética. Este diálogo crítico era dividido em duas etapas sucessivas. Na primeira delas o filósofo insistindo que nada conhecia levava o interlocu- tor a apresentar suas opiniões para, em seguida, envolvê-lo na estrutura confusa de suas próprias afirmações, terminando por trazer à tona toda a ignorância a respeito daquilo que afirmava saber. Esta primeira etapa ficou conhecida como ironia. Na segunda etapa o interlocutor era leva- do a tentar elaborar as suas próprias ideias a par- tir do estímulo e das provocações que Sócrates fazia. Esta segunda fase foi denominada maiêu- tica, que do grego significa “parto”. Sócrates afir- mava que partejava homens, ou seja, fazia com que deles brotassem ideias novas. Um exemplo disso pode ser conferido no diálogo intitulado Laques, no qual Sócrates Fonte: http://kitpedagogicogt. blogspot.com/2012/06/socra- tes-o-mestre-em-busca-da- -verdade.html 34 Secretaria de Educação do Estado de Goiás Superintendência de Ensino Médio 34 FILOSOFIA pergunta ao seu interlocutor “O que é coragem?” Laques acha fácil responder e diz: “Aquele que enfrenta o inimigo e não foge do campo de batalha é corajoso”. Para contrapor esta posição Sócrates dá exemplos de guerreiros cuja a tática consistia em recuar e forçar o inimigo a uma posição desvantajosa, estratégia que não fazia com que os guerreiros deixassem de ser cora- josos. Cita também exemplos de guerreiros cuja coragem ultrapassa os atos de guerra, como a dos marinheiros
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