Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
351 F IL O SO F IA - F R E N T E U - C A P ÍT U LO 0 2 FRENTE U | CAPÍTULO 02 FILOSOFIA 2.2 FILOSOFIA CLÁSSICA E 2.3 HELENÍSTICA 2.2 FILOSOFIA CLÁSSICA “Escola de Atenas” pintura renascentista do italiano Rafael Sanzio, foi pintada entre 1509 e 1510 sob encomenda do Vaticano. O século V a.C. foi marcante para os gregos, em especial, para os atenienses. Nesse período, ocorreram transformações nas esferas cultural, intelectual e política. Isso porque, as antigas perspectivas religiosas e aristocráticas já não atendiam mais as necessidades dos gregos. Impulsionados pelo ideal democrático e visando satisfazer as novas demandas e expectativas sociais é que, gradativamente, fora desenvolvido um novo modelo educacional, com o intuito de preparar o cidadão para a vida política, em especial, para o debate público em espaços como a Ágora. Nesse novo modelo de organização do poder político os cidadãos não podiam deixar de expressar habilidades ligadas ao discurso, ou seja, falar bem em público era um pré-requisito para o exercício da cidadania. Essa nova demanda social contribuiu para o surgimento da figura dos sofistas, ou seja, de educadores voltados ao ensino da retórica. “A paideía era a educação como formação cultural completa e sua finalidade era a realização, em cada um, da areté, a excelência das qualidades físicas e psíquicas para o perfeito cumprimento dos valores da sociedade. [...] Ora, numa sociedade urbana, comercial, artesanal e democrática como Atenas, a antiga areté já não fazia sentido, perdera seu lugar [...]. sem dúvida, a cidade precisa de guerreiros belos e bons, mas precisa, antes de tudo e acima de tudo, de bons cidadãos. Para a democracia, a areté aristocrática é inaceitável, pois fora fundada nos privilégios do sangue e das linhagens. Para formá-lo, uma nova paideía com uma nova areté tornara- se necessária.” CHAUÍ, Marilena. Introdução à história da filosofia. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. p. 156-157. Os sofistas O termo “sofista” vem do grego sophos, que significa sábios. Os sofistas, em geral, não eram atenienses, mas oriundos das colônias gregas da Jônia e Magna Grécia. Além disso, defendiam o humanismo e o relativismo, o que contribuiu para que fossem duramente criticados por Sócrates e seus seguidores. Os sofistas eram especialistas em retórica e oratória, costumavam percorrer as cidades-Estados fornecendo seus ensinamentos e sua técnica, por isso, acabaram se destacando na formação educacional, principalmente a dos atenienses (Paideia), pois propiciavam uma preparação para a atuação na vida política. PROTÁGORAS DE ABDERA A obra mais conhecida de Protágoras é “Sobre a verdade” e seu fragmento mais conhecido é “O homem é a medida de todas as coisas, das que são como são e das que não são como não são”. Esse fragmento sintetiza duas ideias do seu pensamento, o humanismo e o relativismo. Segundo Protágoras, as coisas são como nos parecem ser, como se mostram à nossa percepção sensorial. Dessa forma, percebe-se uma aproximação de Protágoras com os mobilistas e um afastamento da visão eleática de verdade única e imutável. Dessa forma, a realidade estaria em constante transformação, de acordo com a variação do discurso proferido pelos homens. “O sentido dos acontecimentos é o efeito do discurso proferido pelo homem sobre esses mesmos acontecimentos. Tudo se reduz, então, às significações produzidas pela linguagem. Poderíamos dizer que, para os sofistas, a verdade de hoje poderá ser a mentira de amanhã, caso o discurso proferido anteriormente fosse substituído por outro. Para os sofistas, tudo é convenção, podendo essas convenções produzidas pelo homem no seio da cultura variar, por meio de seus discursos, de uma cultura para outra.” TOURINHO, Carlos D. C. Saber-fazer filosofia: da antiguidade à Idade Média. São Paulo: Ideias e Letras, 2010. p. 65. 352 FILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 02 2.2 FILOSOFIA CLÁSSICA E 2.3 HELENISMO F IL O SO F IA - F R E N T E U - C A P ÍT U LO 0 2 SÓCRATES: “SÓ SEI QUE NADA SEI” Tudo o que sabemos sobre o pensamento e a vida de Sócrates é oriundo dos textos e comentários dos seus discípulos, pois ele não deixou nada escrito. Sócrates viveu em Atenas entre os séculos V a.C. e VI a.C.. Sócrates costumava utilizar os espaços públicos para expor seus pensamentos e suas ideias. Ele chamava a atenção dos jovens atenienses para o fato de estarem distante da prática de uma verdadeira democracia. Exatamente por isso, foi acusado de não ser religioso e de corromper a juventude. Sócrates acreditava que para se tornar sábio, o indivíduo deve ser capaz de compreender a si mesmo. Isso fi cou evidenciado na frase “uma vida sem refl exão não vale a pena ser vivida” que é atribuída a ele. O exercício fi losófi co de Sócrates tinha como base o diálogo que era dividido em duas etapas. Na primeira, chamada por ele de ironia, atitude dissimulada pela qual levava o interlocutor a expor suas opiniões acerca de determinados temas. Nessa fase, Sócrates procurava falhas nos discursos de seus interlocutores. Na segunda etapa, maiêutica, ele tentava levar o interlocutor a elaborar suas próprias ideias, a buscar em si por meio de um processo refl exivo, as verdades existentes na alma (consciência). Desse modo, ele exerceria uma ação de parteiro da alma, ajudando, assim, a extrair dela os saberes. A condenação de Sócrates Alguns atenienses indignados com as provocações de Sócrates nas assembleias e espaços públicos e, entendendo que elas os colocavam em situação vexatória, acusaram-no de induzir os jovens a se comportar de maneira imprópria. Além disso, também alegavam o seu desrespeito em relação aos deuses atenienses. Sócrates foi levado a julgamento e condenado à morte por envenenamento. Entretanto, ele não pediu clemência. Além disso, ele não reconheceu a autoridade dos que o julgavam. Apesar de existir uma possibilidade caso Sócrates confessasse culpa, ele optou por sua fi losofi a e, consequentemente, pela sua morte. Neste momento, fomos apanhados, eu, que sou um velho vagaroso, pela mais lenta das duas, e os meus acusadores, ágeis e velozes, pela mais ligeira, a malvadez. Agora, vamos partir; eu, condenado por vós à morte; eles, condenados pela verdade a seu pecado e a seu crime. Eu aceito a pena imposta; eles igualmente. Platão. Defesa de Sócrates. IN: Apologia de Sócrates. São Paulo : Nova Cultural, 1987, p. 56. “Um exemplo seria a conversa dele com Eutidemo. Sócrates perguntou-lhe se ser enganador correspondia a ser imoral. ‘É claro que sim’, respondeu Eutidemo, o que parecia uma obviedade. ‘Mas e se um amigo estimado estivesse muito triste e quisesse se matar, e você roubasse-lhe a faca? Não seria este um ato enganador?’, perguntou Sócrates. ‘Sim, com toda a certeza’ ‘Mas fazer isso não seria moral em vez de imoral? Trata-se de uma coisa boa, não ruim – embora seja um ato enganador’, disse Sócrates. ‘Sim’, respondeu Eutidemo, que a essa altura já havia metido os pés pelas mãos. Sócrates, ao usar um contra exemplo, mostrou que o comentário geral de Eutidemo de que ser enganador é imoral não se aplica a todas as situações. Eutidemo não percebera isso antes. WARBURTON, N. Uma breve história da fi losofi a. Porto Alegre: L&PM, 2015. p. 2. PLATÃO Platão nasceu em 429 a.C., portanto, viveu o período fi nal do chamado “século de ouro” da cultura grega, sobretudo a cultura de sua cidade natal, Atenas, o grande centro intelectual das várias cidades gregas. Sua fi losofi a foi escrita em diálogos e abordava temas variados como arte, teatro, ética, conhecimento e política. Platão notabilizou-se na antiguidade por unir as concepções ontológicas dos pré-socráticos, Heráclito (mobilista) e Parmênides (imobilista) em sua “Teoria das Formas”. Segundo a teoria das ideias, existiam dois Mundos, o inteligível e o sensível. O mundo sensível seria o mundo visível, ou seja, feito de imagens e sons(mutável, imperfeito e transitório), já o mundo inteligível, seria o mundo abstrato, conceitual e, portanto, daria sentido e existência ao mundo visível (imutável, perfeito e eterno). O Mito da Caverna O Mito da Caverna é um diálogo entre Sócrates e Glauco, irmão de Platão. Nele, Sócrates apresenta um mundo em que as pessoas estão acorrentadas, observando ilusões como se fossem a realidade. Sócrates continua sua ilustração e diz que um dos prisioneiros foi libertado e, ao voltar e contar para os demais, ele foi rechaçado, 353 FILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 02 2.2 FILOSOFIA CLÁSSICA E 2.3 HELENISMO F IL O SO F IA - F R E N T E U - C A P ÍT U LO 0 2 pois os prisioneiros ofuscados pela luz, optaram por permanecer no mundo das sombras. O homem que se liberta é como o filósofo: ele vê além das aparências. As pessoas comuns não têm muita noção da realidade, porque se contem em olhar o que está diante delas, em vez de refletir profundamente sobre as coisas. Contudo, as aparências são enganosas. O que veem são sombras, não a realidade. WARBURTON, N. Uma breve história da filosofia. Porto Alegre: L&PM, 2015. p. 6. Conforme apontado por Warburton, Platão defendia que o prisioneiro que saiu da caverna foi o filósofo, pois entendeu que o conhecimento adquirido pelos sentidos não seria real, mas uma doxa (opinião) e, portanto, precisaria buscar por meio da razão a episteme (conhecimento verdadeiro). Política No livro A República, Platão descreve uma sociedade perfeita. Nela, os filósofos ocupariam o posto mais alto da sociedade e, também, governariam os cidadãos. Abaixo estavam os soldados, cuja finalidade era defender o país. Na base da sociedade estariam os trabalhadores. “[...] Teoria da Reminiscência. De acordo com esta teoria, a alma – ainda desencarnada em um estágio anterior – foi capaz de percorrer os céus em contemplação das Ideias eternas. Ao cair na terra para nascer em forma humana, consumou-se, então, um esquecimento temporário dessa contemplação. Ainda assim, traços de memória permanecem no espírito, e tal contemplação poderia, segundo essa teoria, ser relembrada (anamnêsis) por uma análise adequada e pelo questionamento dos dados da experiência. Para Platão, ‘aprender é relembrar’”. TOURINHO, Carlos D. C. Saber-fazer filosofia: da antiguidade à Idade Média. São Paulo: Ideias e Letras, 2010. p. 89-90. ARISTÓTELES Aristóteles nasceu na Macedônia, em 384 a.C.. Estudou com Platão e foi preceptor de Alexandre, o Grande. Apesar de ter sido discípulo de Platão, Aristóteles rejeitou a “Teoria das Formas” desenvolvida pelo seu mestre, pois acreditava que a maneira de entender qualquer categoria geral era examinando seus exemplares particulares. Aristóteles é considerado fundador da Lógica Clássica. Para ele, a lógica nos capacita a descobrir erros e estabelecer verdades. Ele foi o formulador do Silogismo. Desta forma, por estabelecer as regras do raciocínio correto, a lógica serve de orientação para as demais ciências. Silogismo: é um tipo de raciocínio em que a conclusão pode ser deduzida com base em premissas e suposições específicas. Exemplo: Todas as pessoas gregas são humanas Todos os humanos são mortais Logo, todos os gregos são mortais. Metafísica Aristóteles acreditava que o mundo era feito de substâncias, que podiam ser tanto forma quanto matéria ou ambos, e que a inteligibilidade estava presente em todas as coisas e em todos os seres. Sendo assim, para ele, a matéria é o princípio de individualização e a forma a maneira como, em cada indivíduo, a matéria se organiza. Aristóteles propõe ainda quatro distinções adicionais acerca do “ser”, em seu livro “Metafísica”: Essência e Acidente; Necessidade e Contingência; Ato e Potência; Causas do Ser. I. Essência e Acidente: A essência é aquilo que faz uma coisa ser o que é. Já o acidente, refere-se às mudanças sofridas pelo ser sem que isso afete sua natureza essencial. Exemplo: Sócrates é um ser humano, o que designa sua essência, Sócrates é calvo, a calvície não altera a natureza essencial de Sócrates. II. Necessidade e Contingente: Necessidade seria a essencial, pois sem elas as coisas não seriam o que são, ou seja, as características essenciais são necessárias. Contingentes são características não essenciais do ser, ou seja, os acidentes. III. Ato e Potência: Ato é a forma do que a substancia expressa, mediante uma dada organização da matéria, naquele exato momento. Potência diz respeito ao conjunto de formas possíveis que a coisa poderá atualizar, ainda que não tenha até o presente momento atualizado. Exemplo: Uma semente é semente em ato e uma árvore em potencial. Já a árvore é arvore em ato e lenha em potencial. IV. Quatro causas dos seres: a. Causa material: explica do que algo é feito; b. Causa formal: explica qual forma algo assume; c. Causa eficiente: explica o processo de como algo vem a ser; d. Causa final: explica o propósito a que algo serve. Política Animal Político Não alimente. Fonte: LAERTE. Classificados. São Paulo: Devir, 2001. p. 25 354 FILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 02 2.2 FILOSOFIA CLÁSSICA E 2.3 HELENISMO F IL O SO F IA - F R E N T E U - C A P ÍT U LO 0 2 Para Aristóteles, “o homem é um animal político”, ou seja, a política nasceu de uma necessidade natural do homem que é inclinado por sua natureza a vida em comunidade. Dessa forma, para ele, a ideia de viver em sociedade é uma condição essencial para o homem. Aristóteles entendia que a política tinha por finalidade o “bem comum”, e os governantes deveriam possuir qualidades excepcionais. Sendo assim, para ele, o bom governante seria aquele que governava para todos e não para uma minoria privilegiada socialmente, nem para uma maioria marcada pela exclusão e pela exploração. Pensando assim, ele apontou três formas justas de governo: Monarquia Governo de uma só pessoa Aristocracia Governo de um grupo de pessoas. Politeia Governo de todos. Ética QUINO, J. S. L. Toda Mafalda: da primeira à última tira. São Paulo: Martins Fontes, 2003. p.217. Aristóteles acreditava que a felicidade (eudaimonia) era o bem supremo e o fim perseguido por todos. Sendo assim, a virtude seria o meio utilizado pelas pessoas para atingir a felicidade. E, a virtude exige, simultaneamente, escolha e hábito. Para ele, uma escolha virtuosa seria o meio-termo entre dois eixos. Entretanto, para que um indivíduo atinja um nível elevado de virtude seria necessário um ambiente adequado, o que exige um governo adequado. Portanto, para esse pensador, ética e política andariam lado a lado e seriam ferramentas para atingir a felicidade/bem comum. AULAS 09 1. ANTIGA APOSTILAS 3 resumos + 15 questões EXERCÍCIOS ONLINE 30 quetões CAIU NO ENEM 31 quetões REVISÃO NA PLATAFORMA 2.3 HELENISMO O período helênico constitui o ultimo dos períodos da filosofia na Antiguidade. Em meados do século IV a.C., Alexandre, o Grande, assumiu o trono macedônico e iniciou um processo expansionista sem precedentes, pelo qual formou um vasto império que incluía Grécia, Egito, Pérsia e Índia. O contato com as culturas orientais corroborou para o surgimento da Cultura Helenística, que era constituída da fusão de elementos da cultura grega e culturas orientais. Esse processo contribuiu para a passagem da noção de coletividade, para a de individualização no que tange à aquisição de uma vida feliz. AS PRINCIPAIS ESCOLAS FILOSÓFICAS DO PERÍODO HELENÍSTICO FORAM: Estoicismo A escola estoica foi fundada em Atenas por Zenão. A escola recebeu esse nome porque os seus membros costumavam reunir- se próximo a pórticos pintados (stoá poikilé). Vale ressaltar que para os estoicos a felicidade consiste na tranquilidade da alma, isto é, na ataraxia. Ataraxia: ausência de perturbação e/ou imperturbabilidade da alma. Segundo os estoicos, o homem deveria resignar-se a aceitar os acontecimentos predeterminados, entretanto, isso não se traduz em inação. Devemosagir de acordo com os preceitos éticos e fazer o que julgamos correto, ou seja, devemos aceitar as consequências de nossa ação e o curso inevitável dos acontecimentos. Epicurismo A escola epicurista foi fundada em Atenas por Epicuro. Também conhecida como filosofia de jardim, pois seus membros costumavam reunir-se em um jardim. Os epicuristas, assim como os estoicos, postulavam como princípio básico a felicidade, obtida pela ataraxia (tranquilidade da alma), porém, para eles, 355 FILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 02 2.2 FILOSOFIA CLÁSSICA E 2.3 HELENISMO F IL O SO F IA - F R E N T E U - C A P ÍT U LO 0 2 ela seria alcançada por meio do prazer, ou seja, acreditavam que a austeridade e moderação seriam fundamentais para atingir a felicidade. “A alma é corpórea, composta de partículas sutis, difusa por toda a estrutura corporal [...]. logo que se dissolve inteiramente o corpo, a alma se dissipa, e dissiminada, perde sua força e os seus movimentos, de tal modo que também ela se torna insensível”. EPICURO. Antologia de textos. São Paulo: Abril Cultural, 1973. Ceticismo A escola cética surgiu a partir das ideias de Pirro. Para ele, para sermos felizes, devemos nos libertar dos desejos e não nos importar com a maneira como as coisas se revelam. Dessa forma, nada afetará nosso estado de espírito, que será de tranquilidade interior (afasia). Afasia: abstenção consciente de qualquer juízo originada pelo reconhecimento da ignorância a respeito de tudo que transcenda as possibilidades cognitivas do ser humano. Por isso, seus seguidores propunham que as pessoas adotassem a suspensão do juízo (postura filosófica da afasia), ou seja, abstenção de fazer qualquer julgamento, já que a busca de uma verdade plena era inútil. Cinismo A escola cínica foi fundada por Antístenes. A palavra cinismo vem do grego kynos, que significa cão. Os cínicos defendiam total desapego aos bens materiais, pois, para eles, a felicidade era um estado de tranquilidade da alma (ataraxia). Diógenes de Sínope, o cínico mais famosos, questionava os valores e as convenções sociais de forma radical e procurava levar uma vida estritamente conforme os princípios que considerava moralmente corretos. O barril e a esmola Zombavam de Diógenes. Além de morar num barril, volta e meia era visto pedindo esmolas às estátuas. Cegas por serem estátuas, eram duplamente cegas porque não tinham olhos -uma das características da estatuária grega. Pela forma é que se penetrava na alma das estátuas, não pelos olhos. Perguntaram a Diógenes porque pedia esmola às estátuas inanimadas, de olhos vazios. Ele respondia que estava se habituando à recusa. Pedindo a quem não o via nem o sentia, ele nem ficava aborrecido pelo fato de não ser atendido. É mais ou menos uma imagem que pode ser usada para definir as relações entre a sociedade e o poder. Tal como as estátuas gregas, o poder tem os olhos vazados, só olha para dentro de si mesmo, de seus interesses de continuidade e de mais poder. A sociedade, em linhas gerais, não chega a morar num barril. Uma pequena minoria mora em coisa mais substancial. A maioria mora em espaços um pouco maiores do que um barril. E há gente que nem consegue um barril para morar, fica mesmo embaixo da ponte ou por cima das calçadas. Morando em coisa melhor, igual ou pior do que um barril, a sociedade tem necessidade de pedir não exatamente esmolas ao poder, mas medidas de segurança, emprego, saúde e educação. [...]. CONY, Carlos H. O barril e a esmola. Folha de S. Paulo, 5 de Janeiro de 2000. AULAS 09 1. ANTIGA APOSTILAS 3 resumos + 15 questões EXERCÍCIOS ONLINE 30 quetões CAIU NO ENEM 31 quetões REVISÃO NA PLATAFORMA SEÇÃO VESTIBULARES QUESTÃO 01 (UEPA) Leia o texto para responder a questão. Platão: A massa popular é assimilável por natureza a um animal escravo de suas paixões e de seus interesses passageiros, sensível à lisonja, inconstante em seus amores e seus ódios; confiar-lhe o poder é aceitar a tirania de um ser incapaz da menor reflexão e do menor rigor. Quanto às pretensas discussões na Assembleia, são apenas disputas contrapondo opiniões subjetivas, inconsistentes, cujas contradições e lacunas traduzem bastante bem o seu caráter insuficiente. Citado por: CHATELET, F. História das Ideias Políticas. Rio de Janeiro: Zahar, 1997, p. 17 Os argumentos de Platão, filósofo grego da antiguidade, evidenciam uma forte crítica à: A. oligarquia B. república C. democracia D. monarquia E. plutocracia 356 EXERCÍCIOSFILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 02 QUESTÃO 02 (UFU) Considere o seguinte trecho “No diálogo Mênon, Platão faz Sócrates sustentar que a virtude não pode ser ensinada, consistindo-se em algo que trazemos conosco desde o nascimento, defendendo uma concepção, segundo a qual temos em nós um conhecimento inato que se encontra obscurecido desde que a alma encarnou-se no corpo. O papel da filosofia é fazer-nos recordar deste conhecimento” MARCONDES, Danilo. Textos Básicos de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora. Nesse trecho, o autor descreve o que ficou conhecido como: A. a teoria das ideias de Platão. B. a doutrina da reminiscência de Platão. C. a ironia socrática. D. a dialética platônica. QUESTÃO 03 (UNIOESTE) Segundo a conhecida alegoria da caverna, que aparece no Livro VII da República, de Platão, há prisioneiros, voltados para uma parede em que são projetadas as sombras de objetos que eles não podem ver. Esses prisioneiros representam a humanidade em seu estágio de mais baixo saber acerca da realidade e de si mesmos: a doxa, ou “opinião”. Um desses prisioneiros é libertado à força, num processo que ele quer evitar e que lhe causa dor e enormes dificuldades de visão (conhecimento). Gradativamente, ele é conduzido para fora da caverna, a um estágio em que pode ver as coisas em si mesmas, isto é, os fundamentos eternos de tudo o quê, antes, ele via somente mediante sombras. Esses fundamentos são as Formas. Para além das Formas, brilha o Sol, que representa a Forma das Formas, o Bem, fonte essencial de todo ser e de todo conhecer e unicamente acessível mediante intuição direta. Com base nisso, responda à seguinte questão: se chegamos ao conhecimento das Formas mediante a dialética, que é o estabelecimento de fundamentos que possibilitam o conhecimento das coisas particulares (sombras), é CORRETO dizer: A. para Platão, a dialética é o conhecimento imediato (doxa) dos objetos particulares. B. o Bem é um objeto particular, que pode ser conhecido sensivelmente, de modo imediato e indolor, por todos os seres humanos. C. as Formas são somente suposições teóricas, sem realidade nelas mesmas. D. a dialética, que não é o último estágio do ser e do conhecer, permite chegar, mediante um processo difícil, que exige esforço, às coisas em si mesmas (Formas). E. a dialética, último estágio do ser e do conhecer, permite chegar, mediante um processo difícil, ao conhecimento do Bem. QUESTÃO 04 (UEL) Leia o texto a seguir. Eis com efeito em que consiste o proceder corretamente nos caminhos do amor ou por outro se deixar conduzir: em começar do que aqui é belo e, em vista daquele belo, subir sempre, como que servindo-se de degraus, de um só para dois e de dois para todos os belos corpos, e dos belos corpos para os belos ofícios, e dos ofícios para as belas ciências até que das ciências acabe naquela ciência, que de nada mais é senão daquele próprio belo, e conheça enfim o que em si é belo. PLATÃO. Banquete, 211 c-d. José Cavalcante de Souza. São Paulo: Abril Cultural, 1972. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a filosofia de Platão, é correto afirmar que: A. a compreensão da beleza se dá a partir da observação de um indivíduo belo, no qual percebemos o belo em si. B. a percepção do belo no mundo indica seus vários graus que visam a uma dimensão transcendente da beleza em si. C. a compreensão do queé belo se dá subitamente, quando partimos dele para compreender os belos ofícios e ciências. D. a observação de corpos, atividades e conhecimentos permite distinguir quais deles são belos ou feios em si. E. a participação do mundo sensível no mundo inteligível possibilita a apreensão da beleza em si. QUESTÃO 05 (UFU) “O filósofo natural e o dialético darão definições diferentes para cada uma dessas afecções. Por exemplo, no caso da pergunta “O que é a raiva?”, o dialético dirá que se trata de um desejo de vingança, ou algo deste tipo; o filósofo natural dirá que se trata de um aquecimento do sangue ou de fluidos quentes do coração. Um explica segundo a matéria, o outro, segundo a forma e a definição. A definição é o “o que é” da coisa, mas, para existir, esta precisa da matéria.” Aristóteles. Sobre a alma, I,1 403a 25-32. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2010. Considerando-se o trecho acima, extraído da obra Sobre a Alma, de Aristóteles (384-322 a.C.), assinale a alternativa que nomeia corretamente a doutrina aristotélica em questão. A. Teoria das categorias. B. Teoria do ato-potência. C. Teoria das causas. D. Teoria do eudaimonismo. QUESTÃO 06 (PUC-PR) Na primeira parte da Apologia de Sócrates, escrita por Platão, Sócrates apresenta a sua defesa diante dos cidadãos atenienses, afirmando que: “(...) considerai o seguinte e só prestai atenção a isto: se o que digo é justo ou não. Essa de fato é a virtude do juiz, do orador (...)” PLATÃO, 2000\2003, p.4. A partir da análise do fragmento, qual é, segundo Sócrates, a virtude do juiz, do orador, a que se refere o texto em questão? A. Lidar com a mentira. B. Dizer a verdade. C. Tergiversar a verdade. D. Convencer-se das acusações. E. É deixar-se guiar somente pela defesa. QUESTÃO 07 (UNISC) Aristóteles, na obra Etica a Nicômaco, procura o fim último de todas as atividades humanas, uma vez que tudo o que fazemos visa alcançar um bem, ou o que nos parece ser um bem. Pergunta-se, então, pelo “sumo bem”, aquele que em si mesmo é um fim, e não um meio para o que quer que seja. Para Aristóteles, na Ética a Nicômaco, o sumo bem está: 357 EXERCÍCIOSFILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 02 A. na honra. B. na riqueza. C. na fama. D. na vida feliz. E. na lealdade. QUESTÃO 08 (UEL) Platão A arte de imitar está bem longe da verdade, e se executa tudo, ao que parece, é pelo facto de atingir apenas uma pequena porção de cada coisa, que não passa de uma aparição. PLATÃO. A República. 7.ed. Trad. de Maria Helena da Rocha Pereira. Aristóteles O imitar é congênito no homem e os homens se comprazem no imitado. ARISTÓTELES. Poética. 4.ed. Trad. De Eudoro de Souza. São Paulo: Nova Cultural, 1991. Com base nos textos, nos conhecimentos sobre estética e a questão da mímesis em Platão e Aristóteles, assinale a alternativa correta. A. Para Platão, a obra do artista é cópia de coisas fenomênicas, um exemplo particular e, por isso, algo inadequado e inferior, tanto em relação aos objetos representados quanto às ideias universais que os pressupõem. B. Para Platão, as obras produzidas pelos poetas, pintores e escultores representam perfeitamente a verdade e a essência do plano inteligível, sendo a atividade do artista um fazer nobre, imprescindível para o engrandecimento da pólis e da filosofia. C. Na compreensão de Aristóteles, a arte se restringe à reprodução de objetos existentes, o que veda o poder do artista de invenção do real e impossibilita a função caricatural que a arte poderia assumir ao apresentar os modelos de maneira distorcida. D. Aristóteles concebe a mímesis artística como uma atividade que reproduz passivamente a aparência das coisas, o que impede ao artista a possibilidade de recriação das coisas segundo uma nova dimensão. E. Aristóteles se opõe à concepção de que a arte é imitação e entende que a música, o teatro e a poesia são incapazes de provocar um efeito benéfico e purificador no espectador. QUESTÃO 09 (UEA) O sofista é um diálogo de Platão do qual participam Sócrates, um estrangeiro e outros personagens. Logo no início do diálogo, Sócrates pergunta ao estrangeiro, a que método ele gostaria de recorrer para definir o que é um sofista. Sócrates: – Mas dize-nos [se] preferes desenvolver toda a tese que queres demonstrar, numa longa exposição ou empregar o método interrogativo? Estrangeiro: – Com um parceiro assim agradável e dócil, Sócrates, o método mais fácil é esse mesmo; com um interlocutor. Do contrário, valeria mais a pena argumentar apenas para si mesmo. Platão. O sofista, 1970. Adaptado. É correto afirmar que o interlocutor de Sócrates escolheu, do ponto de vista metodológico, adotar: A. a maiêutica, que pressupõe a contraposição dos argumentos. B. a dialética, que une numa síntese final as teses dos contendores. C. o empirismo, que acredita ser possível chegar ao saber por meio dos sentidos. D. o apriorismo, que funda a eficácia da razão humana na prova de existência de Deus. E. o dualismo, que resulta no ceticismo sobre a possibilidade do saber humano. QUESTÃO 10 (UEA) A sabedoria do amo consiste no emprego que ele faz dos seus escravos; ele é senhor, não tanto porque possui escravos, mas porque deles se serve. Essa sabedoria do amo nada tem, aliás, de muito grande ou de muito elevado; ela se reduz a saber mandar o que o escravo deve saber fazer. Também todos que a ela se podem furtar deixam os seus cuidados a um mordomo, e vão se entregar à política ou à filosofia. Aristóteles. A política, s/d. Adaptado. O filósofo Aristóteles dirigiu, na cidade grega de Atenas, entre 331 e 323 a.C., uma escola de filosofia chamada de Liceu. No excerto, Aristóteles considera que a escravidão: A. é um empecilho ao florescimento da filosofia e da política democrática nas cidades da Grécia. B. permite ao cidadão afastar-se de obrigações econômicas e dedicar-se às atividades próprias dos homens livres. C. facilita a expansão militar das cidades gregas à medida que liberta os cidadãos dos trabalhos domésticos. D. é responsável pela decadência da cultura grega, pois os senhores preocupavam-se somente em dominar os escravos. E. promove a união dos cidadãos das diversas pólis gregas no sentido de garantir o controle dos escravos. QUESTÃO 11 (UNCISAL) Na Grécia Antiga, o filósofo Sócrates ficou famoso por interpelar os transeuntes e fazer perguntas aos que se achavam conhecedores de determinado assunto. Mas durante o diálogo, Sócrates colocava o interlocutor em situação delicada, levando-o a reconhecer sua própria ignorância. Em virtude de sua atuação, Sócrates acabou sendo condenado à morte sob a acusação de corromper a juventude, desobedecer às leis da cidade e desrespeitar certos valores religiosos. Considerando essas informações sobre a vida de Sócrates, assim como a forma pela qual seu pensamento foi transmitido, pode-se afirmar que sua filosofia: A. transmitia conhecimentos de natureza científica. B. baseava-se em uma contemplação passiva da realidade. C. transmitia conhecimentos exclusivamente sob a forma escrita entre a população ateniense. D. ficou consagrada sob a forma de diálogos, posteriormente redigidos pelo filósofo Platão. E. procurava transmitir às pessoas conhecimentos de natureza mitológica. QUESTÃO 12 (UEL) No ethos (ética), está presente a razão profunda da physis (natureza) que se manifesta no finalismo do bem. Por outro lado, ele rompe a sucessão do mesmo que caracteriza a physis como domínio da necessidade, com o advento do diferente no espaço da liberdade aberto pela práxis. Embora, enquanto autodeterminação da práxis, o ethos se eleve sobre a physis, ele reinstaura, de alguma maneira, a necessidade de a natureza fixar- se na constância do hábito. VAZ, Henrique C. Lima. Escritos de Filosofia II. Ética e Cultura. 3ª edição. São Paulo: Loyola. ColeçãoFilosofia - 8, 2000, p.11-12. 358 EXERCÍCIOSFILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 02 Com base no texto, é correto afirmar que a noção de physis, tal como empregada por Aristóteles, compreende: A. A disposição da ação humana, que ordena a natureza. B. A finalidade ordenadora, que é inerente à própria natureza. C. A ordem da natureza, que determina o hábito das ações humanas. D. A origem da virtude articulada, segundo a necessidade da natureza. E. A razão matemática, que assegura ordem à natureza. QUESTÃO 13 (UNISC) Nos livros II e III, Platão, através de Sócrates, discute sobre as artes no contexto da educação dos guardiães. Já no livro X, ele trata de vários tipos de práticas artísticas, que devem ser consideradas na cidade como um todo, não somente nas instituições pedagógicas. Nesse último livro, Sócrates é duro ao afirmar que a poesia (imitativa) deve ser inteiramente excluída da cidade (595a). Em que obra essa recusa de Sócrates está registrada? A. No diálogo “Banquete”, de Platão, em que Sócrates trata dos diversos tipos de arte. B. No diálogo “Teeteto”, de Platão, em que Sócrates e esse personagem discutem sobre a natureza da arte, especialmente da poesia. C. No diálogo “Timeu”, de Platão, em que Sócrates discorre sobre o tema da arte, reportando-se à natureza da pintura e da poesia. D. No diálogo “Político”, de Platão, em que Sócrates apresenta a arte da política aos cidadãos atenienses. E. No diálogo “República”, de Platão, no qual Sócrates afirma que a poesia pode levar à corrupção do caráter humano. QUESTÃO 14 (UFF) Aristóteles considerava que era melhor para a sociedade a soberania política ser entregue ao povo, como ocorre na democracia, do que a alguns homens notáveis, como na oligarquia ou aristocracia. Ele argumentava que, mesmo que um indivíduo isoladamente não fosse muito competente no ato de julgar, quando unido a outros cidadãos, julga melhor, porque a união reúne as qualidades de cada um. A vantagem da democracia, segundo o ponto de vista de Aristóteles, seria a de: A. combinar as qualidades de muitos e neutralizar seus defeitos. B. garantir que os defeitos do povo sejam corrigidos pela elite. C. proporcionar à maioria as vantagens da corrupção. D. permitir que os grandes homens falem em nome de todos. E. promover o anonimato das opiniões e decisões. SEÇÃO ENEM QUESTÃO 01 (ENEM) Alguns pensam que Protágoras de Abdera pertence também ao grupo daqueles que aboliram o critério, uma vez que ele afirma que todas as impressões dos sentidos e todas as opiniões são verdadeiras, e que a verdade é uma coisa relativa, uma vez que tudo o que aparece a alguém ou é opinado por alguém é imediatamente real para essa pessoa. KERFERD, G. B. O movimento sofista.São Paulo: Loyola, 2002 (adaptado). O grupo ao qual se associa o pensador mencionado no texto se caracteriza pelo objetivo de: A. alcançar o conhecimento da natureza por meio da experiência. B. justificar a veracidade das afirmações com fundamentos universais. C. priorizar a diversidade de entendimentos acerca das coisas. D. preservar as regras de convivência entre os cidadãos. E. analisar o princípio do mundo conforme a teogonia. QUESTÃO 02 (ENEM) Uma conversação de tal natureza transforma o ouvinte; o contato de Sócrates paralisa e embaraça; leva a refletir sobre si mesmo, a imprimir à atenção uma direção incomum: os temperamentais, como Alcibíades, sabem que encontrarão junto dele todo o bem de que são capazes, mas fogem porque receiam essa influência poderosa, que os leva a se censurarem. E sobretudo a esses jovens, muitos quase crianças, que ele tenta imprimir sua orientação. BRÉHIER, E. História da filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1977. O texto evidencia características do modo de vida socrático, que se baseava na: A. contemplação da tradição mítica. B. sustentação do método dialético. C. relativização do saber verdadeiro. D. valorização da argumentação retórica. E. investigação dos fundamentos da natureza. QUESTÃO 03 (ENEM) Se, pois, para as coisas que fazemos existe um fim que desejamos por ele mesmo e tudo o mais é desejado no interesse desse fim; evidentemente tal fim será o bem, ou antes, o sumo bem. Mas não terá o conhecimento, porventura, grande influência sobre essa vida? Se assim é, esforcemo-nos por determinar, ainda que em linhas gerais apenas, o que seja ele e de qual das ciências ou faculdades constitui o objeto. Ninguém duvidará de que o seu estudo pertença à arte mais prestigiosa e que mais verdadeiramente se pode chamar a arte mestra. Ora, a política mostra ser dessa natureza, pois é ela que determina quais as ciências que devem ser estudadas num Estado, quais são as que cada cidadão deve aprender, e até que ponto; e vemos que até as faculdades tidas em maior apreço, como a estratégia, a economia e a retórica, estão sujeitas a ela. Ora, como a política utiliza as demais ciências e, por outro lado, legisla sobre o que devemos e o que não devemos fazer, a finalidade dessa ciência deve abranger as das outras, de modo que essa finalidade será o bem humano. ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. In: Pensadores. São Paulo: Nova Gunman 1991 . Para Aristóteles, a relação entre o sumo bem e a organização da pólis pressupõe que: A. o bem dos indivíduos consiste em cada um perseguir seus interesses. B. o sumo bem é dado pela fé de que os deuses são os portadores da verdade. C. a política é a ciência que precede todas as demais na organização da cidade. 359 EXERCÍCIOSFILOSOFIA - FRENTE U - CAPÍTULO 02 D. a educação visa formar a consciência de cada pessoa para agir corretamente. E. a democracia protege as atividades políticas necessárias para o bem comum. QUESTÃO 04 (ENEM) Dado que, dos hábitos racionais com os quais captamos a verdade, alguns são sempre verdadeiros, enquanto outros admitem o falso, como a opinião e o cálculo, enquanto o conhecimento científico e a intuição são sempre verdadeiros, e dado que nenhum outro gênero de conhecimento é mais exato que o conhecimento científico, exceto a intuição e, por outro lado, os princípios são mais conhecidos que as demonstrações, e dado que todo conhecimento científico constitui-se de maneira argumentativa, não pode haver conhecimento científico dos princípios, e dado que não pode haver nada mais verdadeiro que o conhecimento científico, exceto a intuição, a intuição deve ter por objeto os princípios. ARISTÓTELES. Segundos analíticos. In: REALE, G. História da filosofia antiga. Os princípios, base da epistemologia aristotélica, pertencem ao domínio do(a): A. opinião, pois fazem parte da formação da pessoa. B. cálculo, pois são demonstrados por argumentos. C. conhecimento científico, pois admitem provas empíricas. intuição, pois ela é mais exata que o conhecimento científico. prática de hábitos racionais, pois com ela se capta a verdade. QUESTÃO 05 (ENEM) XI. Jamais, a respeito de coisa alguma, digas: “Eu a perdi”, mas sim: “eu a restituí”. O filho morreu? Foi restituído. A mulher morreu? Foi restituída. “A propriedade me foi subtraída”, então também foi restituída. “Mas quem a subtraiu é mau”. O que te importa por meio de quem aquele que te dá a pede de volta? Na medida em que ele der, faz uso do mesmo modo de quem cuida das coisas de outrem. Do mesmo modo como fazem os que se instalam em uma hospedaria. EPICTETO. Encheirídion. In: DINUCCI, A. Introdução ao Manual de Epicteto. São Cristóvão: UFS, 2012 (adaptado). A característica do estoicismo presente nessa citação do filósofo grego Epicteto é: A. explicar o mundo com números. B. identificar a felicidade com o prazer. C. aceitar os sofrimentos com serenidade. D. questionar o saber científico com veemência. E. considerar as convenções sociais com desprezo. GABARITO VESTIBULARES ENEM 1 C 11 D 1 C 2 B 12 B 2 B 3 D 13 E 3 C 4 B 14 A 4 D5 C 15 • 5 C 6 B 16 • 6 • 7 D 17 • 7 • 8 A 18 • 8 • 9 A 19 • 9 • 10 B 20 • 10 •
Compartilhar