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A sutura diz respeito a aproximação de estruturas teciduais. Faz-se a restauração dos tecidos para permitir que haja cicatrização primária Em relação às diretrizes básicas, a manipulação e apresentação de tecidos deve ser feita com as bordas apresentadas e elevadas, deve-se ter delicadeza na manipulação evitando microtraumas. As pinças sem dente servem para tecidos delicados (mucosa e serosa) e a pinça com dente para estruturas grosseiras (pele, tecido celular subcutâneo). A agulha deve estar presa na parte média do porta agulha para ter maior firmeza no seu manuseio. Em relação a transfixação das bordas, pode ser feita em um ou dois tempos e a extração da agulha deve apontar para cima apenas quando atravessar as duas bordas, deve-se evitar usar os dedos para retirada Uma boa sutura tem afrontamento (proximidade dos tecidos), os pontos são próximos da borda, os nós são firmes, a distância da entrada e da saída do fio são semelhantes, o ideal é pegar uma boa porção de tecido em profundidade e a borda deve ser evertida (a região fica lisa após a retirada dos pontos) e não deve ocorrer bordas aprofundadas • É uma sutura mais trabalhosa e demorada • O afrouxamento ou quebra de um nó não afeta o restante da sutura • Não tão impermeáveis a drenagem, isso permite drenagem de lesões infectadas • Sutura esteticamente muito melhor que a contínua • Pode ser feito no útero, aponeurose e pele • Inicia-se na derme para cima. O ponto fica para baixo • Chamado de ponto justa-dérmico ou intra-dérmico • Pode ser fundo raso ou raso fundo • O ponto justa-dérmico tira a tensão da derme, diminuindo a tendência de alargamento da cicatriz • O objetivo principal é obter o melhor resultado estético • Ponto em U vertical (longe longe perto perto) • Esse ponto consegue um bom afrontamento (boa aproximação das bordas) – as bordas da lesão se beijam • Uma boa sutura para região de estrias ou de camada espessa da epiderme, como regiões plantar e palmar, e costas SUTURA COM PONTOS SEPARADOS SUTURA SIMPLES INVERTIDO PONTO DONATTI • É uma sutura mais rápida e mais hemostática • Normalmente feita em casos de emergência, quando queremos agilidade • É usada, por exemplo, no couro cabeludo Assepsia adequada: infecções podem fazer deiscência da sutura, porque enfraquecem a destroem os tecidos Bordas regulares: facilita a exposição das suturas e sua execução Boa captação das bordas: bordas bem alinhadas e captadas facilitam o processo de cicatrização, reduz formação de queloide e contribui para uma melhor estética Debridamento: remoção de tecido não muito viável e de tecido irregular para facilitar a captação das bordas Hemostasia: hematomas dificultam a cicatrização e favorece infecções. Por vezes, se a área de descolamento for muito grande continua saindo um pouco de secreção, podendo colocar um dreno. Excesso de hemostasia pode fazer isquemia e promover necrose tecidual Material apropriado: a escolha do material deve ser adequada para o tipo de lesão Manuseio adequado: deve ser delicado para evitar microtrauma Confrontamento anatômico: significa deixar o mais próximo da anatomia normal. Realizar por planos para promover bom confrontamento das bordas de tecidos iguais (um lado “beijando” o outro) e evitar espaço morto Técnica perfeita: adequar a sutura ao tecido, com relação a tensão, tipo de fio e espaçamento correto entre os pontos Boa vitalidade tecidual: necessária para que ocorra perfeita cicatrização Boa nutrição e hidratação do paciente: isso também está intimamente associado ao processo de cicatrização • Deve ocorrer o mais breve possível, logo que a cicatriz adquira resistência • Normalmente incisões pequenas (até 4cm) ocorre no 7º dia a retirada de pontos • Já excisões mais extensas ou em articulações ocorre no 10º dia. Regiões de movimentação tem risco de abertura dos pontos, mesmo que seja sutura interna (intra-dérmica) • Em casos de plefaroplastia normalmente é retirado os pontos no 3º ou 4º dia, isso porque a região apresenta pele muito fino, corre o risco de deixar marcas • A maioria das vezes, quando pudermos remover o ponto até o 7º dia, é melhor, porque quanto mais tempo a pele ficar com o ponto, maior a chance de ocorrer marca da região • Onde não colocar curativos – lábios, proximidade com os olhos, proximidade com a boca, couro cabeludo Ao escolher o fio ideal para cada tipo de tecido ou região, deve-se observar as seguintes características: tipo de tecido a ser suturado, localização do tecido a ser suturado, espessura do tecido a ser suturado, tamanho da incisão, tempo necessário para a cicatrização do tecido, se há tensão sobre o tecido, condições clínicas e características do paciente (idade, estado nutricional e doenças), necessidade de fio absorvível ou não, preferência do cirurgião SUTURAS CONTÍNUAS BOA SÍNTESE RETIRADA DOS FIOS FIOS Fio ideal: → Maior força tensil → Mole flexível e pouco elástica → Baixa reatividade tecidual → Esteriilização fácil → Absorção lenta → Baixo custo → Estabilidade do seus nós e linha suturada a longo prazo Classificação quanto a estrutura: Monofilamentar: cada fio é composto de um único filamento compacto. Normalmente são mais frágeis, mas isso depende do material (usado em face por causar menos reação tecidual por ter menos zona de contato que o multifilamentar) Multifilamentar: cada fio é composto por vários filamentos trançados ou torcidos entre si. Normalmente são mais resistentes Classificação quanto a capacidade de absorção: • Absorvíveis: o fio é reabsorvido com o passar do tempo, por fagocitose ou hidrólise • Origem animal: categute simples (absorção de 5-7 dias) e cromado (absorção em 10-14 dias) • Origem sintética: ácido poliglicólico (Dexon), poligliconato (Maxon), poliglactina (Vicryl), poliglecaprona 25 (Monocryl) e polidioxanona (PDS) • Inabsorvíveis: o fio não se modifica ou se modifica muito pouco com o tempo. Podem ser de origem orgânica ou biológica (seda – usada na oftalmologia), vegetal (algodão), sintética (Nylon – fio de escolha para pele; Poliéster – usado em aponeurose, tendão e vaso; Polipropileno) ou metálica (prata, cobre e aço – usado em ortopedia) Absorvíveis de origem animal: Categute simples e cromado: é feito a partir de fitas de colágeno da submucosa do intestino delgado de carneiro ou da serosa do gado. O simples mantém a força tênsil por 7 dias e sua absorção ocorre em 10-14 dias por fagocitose. O cromado mantém a força tênsil por 14 dias (no máximo 21 dias) e absorção em 90 dias; • Possui rápida absorção se tratado com calor • Desencadeiam uma reação inflamatória intensa ao seu redor, mais evidente no categute simples • Indicado para suturas gastrointestinais, amarraduras de vasos, na tela subcutânea, suturas ginecológicas e urológicas Absorvíveis de origem sintética: Ácido poliglicólico (Dexon): obtido pela polimerização do ácido glicólico, possui resistência maior que o categute e sua absorção ocorre por hidrólise entre 60-90 dias após sua utilização, a resistência tênsil é perdida em torno da 3ª semana • Muito usado em suturas de músculos, fáscias, tecido celular subcutâneo • Ocasiona pouca reação inflamatória • É multifilamentar Poligliconato (Maxon): é um fio monofilamentar, possui uma absorção lenta com manutenção da resistência tênsil por longo período • Fio de alto custo • Indicado para suturas de tendões, cápsulas articulares e fechamento da parede abdominal Poliglactina (Vycril): o vycril rapide é parcialmente hidrolisado, em 5 dias perde 10% da sua força tênsil e sua absorção se dá em 7-14 dias • Hidrolisa-se e é completamente absorvido em torno de 60-90 dias por hidrólise • Usado em cirurgias gastrointestinais, urológicas, ginecológicas, oftalmológicas e na aproximação de tecido celular subcutâneo TIPOS DE FIOS Poliglecaprona 25 (Monocryl): seu tempo deabsorção é estimado entre 90 a 120 dias por hidrólise e possui pouca reação inflamatória • Indicado para aproximação e/ou ligação de tecidos lisos em geral • Não é indicado para uso em tecidos cardiovasculares ou neurológicos, microcirurgia ou cirurgia oftálmica • Possui menor tendência a cicatriz hipertrófica e reações Polidioxanona (PDS): seu tempo de absorção é de 180 dias por hidrólise, tem difícil manuseio e custo aumentado Inabsorvíveis de origem orgânica ou biológica: Seda: produzem pouca reação tecidual, é multifilamentar • Indicado em cirurgia oftálmica e microcirurgia Inabsorvíveis de origem vegetal: Algodão: possui fibras naturalmente torcidas, provoca pouca reação tecidual semelhante à da seda, porém, potencializa infecções • Utilizado em qualquer estrutura • Fácil manuseio, nós seguros e fio muito firme Inabsorvíveis de origem sintética: Poliamida (nylon): fio elástico e resistente à água, pode ser mono ou multifilamentar • Pouca reação tecidual, de difícil manuseio, duro e corrediço, não produz nó firme • Perde resistência tênsil ao longo do tempo, podendo ser degradado e absorvido ao longo de 2 anos • Usado na sutura da pele Poliéster (Ethibond e Mersilene): fio multifilamentar, resistente e de grande durabilidade • Excelente fio para suturas de aponeuroses, tendões e vasos • Requerem, no mínimo, 5 nós para fixação segura • Causam pouca reação tecidual Polipropileno: fio monofilamentar, pouca reação tecidual • Mantém sua resistência tênsil vários anos após sua utilização • Muito usado em sutura vascular e ideal para sutura intradérmica Fios de origem metálica: Aço: composto por ferro, cromo, níquel e molibdênio • Não promove reação inflamatória nos tecidos, possui maior tensão de estiramento de todos os materiais quando implantado nos tecidos • Possui maior segurança nos nós todos os materiais • Recomendado para tecidos com cicatrização lenta • Manuseio pobre, quebra quando torcido muitas vezes no mesmo ponto e promove necrose tecidual pelo movimento dos tecidos contra as pontas não flexíveis • Fio bom para suturar aponeurose Força tênsil: • A força tênsil é determinada dividindo-se a força necessária para romper o fio pelo seu diâmetro • Depende do calibre do fio e do material • Quando se compara fios de mesmo material, quanto maior o calibre do fio, maior sua resistência Absorção de fluídos: • Um fio pode absorver líquidos do corpo • Essa absorção é determinada pela capacidade que o fim tem de absorver fluidos ao ser totalmente imerso • Os multifilamentares, como a seda e o algodão, tem maior capilaridade e absorção de fluídos. Os monofilamentares tem muito pouca capacidade de absorver fluídos Elasticidade: • É a capacidade que o fio tem de retornar à sua forma e tamanho originais após tração • Quando se comparam fios de mesmo material os mais finos são mais elásticos Plasticidade: • É a capacidade de manter-se sob nova forma após tracionado Coeficiente de atrito: • Fios com alto coeficiente de atrito tendem a não deslizar nos tecidos, mas também é mais difícil de desatar o nó cirúrgico espontaneamente Reação tecidual: • É o grau de reatividade do fio • Varia conforme o material e o calibre • Os fios de origem natural geralmente dão mais reatividade, diferente dos sintéticos e minerais Consequências da reação tecidual excessiva: • As consequências de reações teciduais excessivas podem gerar fenômenos precoces e tardios • Fenômenos precoces: corte do tecido (por conta de tecidos excessivamente inflamados e amolecidos ou por excesso de força na confecção do nó), retardo na cicatrização de feridas, formação de bridas intraperitoneais e predisposição a infecções • Fenômenos tardios: abscesso local, formação de cavidades, eliminação espontânea periódica dos fios associada à descarga de material seroso ou purulento, formação de granuloma de corpo estranho CARACTERÍSTICAS DOS FIOS • Existe grande variedade de agulhas cirúrgicas, podendo ser classificadas quanto: o Geometria da secção transversal de corpo e ponta ▪ Traumática (triangular) – para tecidos grosseiros, como pele e tendão ▪ Atraumática (cilíndrica) – para tecidos delicados, como gastrointestinais e artérias o Resistência ▪ Normal, forte ou delicada o Olhos (“bumbum” da agulha) ▪ Fios agulhados ▪ Fios não agulhados, geralmente de algodão o Forma e comprimento ▪ ¼ de círculo ▪ ⅜ de círculo (normalmente usado na pele) ▪ ½ de círculo (outras estruturas) ▪ ⅝ de círculo ▪ Reta AGULHAS