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filosofia da religião

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Prévia do material em texto

1
FILOSOFIA DA RELIGIÃO 
WALLISON A. BRANDÃO 
EDUCAÇÃO A 
DISTÂNCIAFACULDADE ÚNICA
1
FILOSOFIA DA RELIGIÃO
WALLISON A. BRANDÃO 
1
Wallison A. Brandão
Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG (2012), mestre 
em Ciências Sociais (2019) e doutorando em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade 
Católica de Minas Gerais - PUC-MINAS (2019-). Atua como professor de Educação Básica na 
Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais desde 2017 até o presente momento, 
lecionando os conteúdos de Filosofia, Sociologia e História. Foi Diretor de Políticas Edu-
cacionais da União Nacional dos Estudantes (2009-2011). Possui grande experiência em 
relações institucionais e governamentais tendo atuado: Assessoria Parlamentar na Assem-
bleia Legislativa do Estado de Minas Gerais (2011-2014); Câmara dos Deputados (2016-2019). 
Também exerceu a mesma função de Assessoria Parlamentar no Ministério do Desenvolvi-
mento Agrário (2015-16). Tem experiência nas áreas de Filosofia, Sociologia, Ciência Política, 
Partidos, Movimentos Sociais e Parlamento.
2
FILOSOFIA DA RELIGIÃO 
1° edição
Ipatinga, MG
Faculdade Única
2021
3
© 2021, Faculdade Única.
 
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autoriza-
ção escrita do Editor.
FACULDADE ÚNICA EDITORIAL
 Diretor Geral:Valdir Henrique Valério
 Diretor Executivo:William José Ferreira
 Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos
Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira
 Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa
 
 Revisão/Diagramação/Estruturação: Bruna Luíza mendes Leite 
 Carla Jordânia G. de Souza
 Guilherme Prado 
 
 Design: Aline De Paiva Alves
 Bárbara Carla Amorim O. Silva 
 Élen Cristina Teixeira Oliveira 
 Taisser Gustavo Soares Duarte
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.
NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA 
Rua Salermo, 299
Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG
Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300
www.faculdadeunica.com.br
4
LEGENDA DE
Ícones
Trata-se dos conceitos, definições e informações importantes nas 
quais você precisa ficar atento.
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do 
conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones 
ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado 
trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a 
seguir:
São opções de links de vídeos, artigos, sites ou livros da biblioteca 
virtual, relacionados ao conteúdo apresentado no livro.
Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade, 
associando-os a suas ações.
Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos 
conteúdos abordados no livro.
Apresentação dos significados de um determinado termo ou 
palavras mostradas no decorrer do livro.
 
 
 
FIQUE ATENTO
BUSQUE POR MAIS
VAMOS PENSAR?
FIXANDO O CONTEÚDO
GLOSSÁRIO
5
SUMÁRIO UNIDADE 1
UNIDADE 2
UNIDADE 3
1.1 Afinal o que é filosofia? ............................................................................................................................................................8
1.2 O que é Religião? .........................................................................................................................................................................9
1.3 O que é Filosofia da Religião? Por quê? ....................................................................................................................12
1.4 Quais são as tarefas da Filosofia da Religião? ......................................................................................................14
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................16
2.1 É possível demonstrar a existencia de Deus racionalmente? Três pensadores a favor da 
existência de Deus: Aristóteles, Santo Anselmo de Aosta be Descartes ...................................................22
2.2 Aristóteles e o primeiro motor: o onus como enteléquia ou ato puro ...............................................22 
2.3 Santo Anselmo de Aosta e prrova ontológica da existência de Deus ................................................25
2.4 Descartes e a filosofia moderna: três argumentos a favor da existência de Deus ....................28
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................31
3.1 Platão e a origem do mal como confusão entre ser e não ser ..................................................................38
3.2 Santo Agostinho e o mal como privação de ser ...............................................................................................40
FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................................................................................44
BREVE INTRODUÇÃO SOBRE FILOSOFIA A RELIGIÃO 
O PROBLEMA DA EXISTÊNCIA DE DEUS - COMO DEMONSTRAR 
RACIONALMENTE SUA EXISTENCIA 
RELIGIÃO E ÉTICA - A CENTRALIDADE DO PROBLEMA DO MAL 
UNIDADE 4
4.1 Benedictus de Spinoza- Deus como causa imanente de todas as coisas ......................................48
4.2 John Locke- Empirismo e existência de Deus como dado da intuição .............................................52
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................58
DEUS NA HISTÓRIA DA FILOSOFIA PARTE 1 - FILOSOFIA MODERNA 
UNIDADE 5
5.1 Georg Wilhelm Friedrich Hegel - Arte, religião e filosofia como manisfestações superiores 
do espirito absoluto .......................................................................................................................................................................66
5.2 A filosofia da existência: introdução Sören Kierkegaard ..............................................................................70
FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................74
DEUS NA HISTÓRIA DA FILOSOFIA PARTE 2 - O SÉCULO XIX
UNIDADE 6
6.1 Martin Heiddeger: Deus além da consição de ser e tempo .....................................................................82
6.2. Jean-Paul Sartre - Liberdade incondicional entre o ser e o nada .......................................................86
FIXANDO O CONTEÚDO ...........................................................................................................................................................93
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO...................................................................................................................98
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................................................99
A FILOSOFIA DA RELIGIÃO NA CONTEMPORANEIDADE 
6
UNIDADE 1
Apresentação dos principais conceitos que norteiam e delimitam a temática da 
filosofia da religião. O que entendemos pela palavra e atividade teórica compreendida 
como filosofia? O que é filosofia da religião? Quais são as principais diferenças entre 
filosofia da religião e ciência da religião.
UNIDADE 2
Neste capítulo é dedicado á exploração do principal temada filosofia da religião: a 
centralidade da ideia de Deus. O principal problema relacionado à temática Deus 
é a tentativa de demonstrar sua existência em bases racionais. Apresentamos os 
argumentos clássicos de Aristóteles, Santo Anselmo e Descartes para que o estudante 
compreenda como esse problema foi pensado filosoficamente por autores de 
trajetórias e períodos distintos na história da filosofia.
UNIDADE 3
Como continuidade lógica do capítulo anterior, neste exploramos outro grande 
problema vinculado à temática de Deus: a existência do mal no mundo. Novamente, 
nossa proposta de abordagem privilegiou o pensamento e a construção teórica de 
dois filósofos clássicos que discutiram esse tema: Platão e Santo Agostinho.
UNIDADE 4
Há um deslocamento claro e intencional para uma navegação em torno da História 
da Filosofia a partir da Modernidade compreendendo os capítulos 4 e 5. Queremos 
apresentar ou relembrar alguns temas e alguns dos mais eminentes filósofos. O tema 
por excelência da Modernidade é o conhecimento e seus limites. Quais são ou seriam 
os limites da Razão humana na busca pelo conhecimento? Podemos conhecer o em-
si? O transcendente?
UNIDADE 5
Na Filosofia, o século XIX é o contexto de triunfo das grandes sistematizações: 
inicia-se com Hegel, com o positivismo de August Comte, e a filosofia de Marx, 
do desenvolvimento da ciência, da Biologia, da evolução das espécies de Charles 
Darwin. Por outro lado, é também o espaço contraditório de dois contestadores 
diametralmente opostos: Friedrich Nietzche e o anúncio da morte de Deus; e por 
outro lado, do nascimento do existencialismo pelas mãos de um fervoroso cristão, 
Soren Kierkegaard.
UNIDADE 6
Neste capítulo apresentaremos de forma introdutória parte dos principais debates 
feitos no campo da filosofia Contemporânea, especialmente o pensamento que 
emerge como consequência e após a Segunda Guerra Mundial. Daremos destaque 
para a principal corrente filosófica emergente no pós guerra: o Existencialismo em 
Heidegger e Sartre. Mas antes de avançarmos até os dois principais pensadores do 
Existencialismo.
C
O
N
FI
R
A
 N
O
 L
IV
R
O
7
BREVE INTRODUÇÃO SOBRE 
FILOSOFIA DA RELIGIÃO 
UNIDADE
01
8
1.1 AFINAL O QUE É FILOSOFIA? 
 Escrever um texto, uma obra, ou melhor, um livro sobre Filosofia sempre será moti-
vo de grandes desafios e questões. Esses desafios aparecem no momento da escrita e se 
estabelecem através dos temas e referências que selecionamos para essa empreitada. Eu 
confesso que quando fui convidado para escrever sobre Filosofia da Religião, o desafio me 
pareceu ainda maior. Primeiro, por se tratar de uma obra filosófica e sempre necessária ca-
pacidade do rigor com os termos e conceitos tão próprios da nossa Filosofia. Depois, pela 
necessidade de produzirmos um texto que seja ao mesmo tempo simples e didático para 
leitura e compreensão (eu diria que não há nada mais chato do que lermos algo que não 
compreendemos).
 Foram com esses dois cuidados acima que mergulhei na tarefa de escrever uma 
obra introdutória sobre Filosofia da Religião. São dois temas apaixonantes, porque mexem 
e estão vinculados diretamente com toda a trajetória da humanidade. A filosofia, diria Pla-
tão, começa no assombro, no espanto, no questionamento sobre o que existe, sobre o que 
algo é. 
 Segundo Reale e Anteseri (2003) o termo filosofia tem como origem o pensamento 
do filósofo e matemático grego Pitágoras por volta do final do século VI.a.C. O termo ex-
pressa em sua origem um forte teor religioso, já que via na sophía (sabedoria dos deuses) 
um ideal de vida, de posse, mas que o julgavam inalcançável. Dessa forma, a busca pela 
sabedoria seria um dos traços marcantes da condição humana. Por isso filosofia ou o amor 
pela sabedoria. Também desde seu nascimento, a filosofia será definida invariavelmente 
por três elementos: seu conteúdo, sua forma e seu método.
 Na obra referencial Dicionário de Filosofia, Abbagnano (2007) aponta para a existên-
cia de vários significados e sentidos para o termo Filosofia ao longo da História. Mas apesar 
dos diferentes sentidos, podemos identificar algumas constâncias nessas definições: o ide-
al da posse de um conhecimento do mundo e das coisas o mais amplo possível; a necessi-
dade de que este conhecimento esteja à serviço da transformação da vida e da condição 
humana. 
Figura 1: A Escola de Atenas (Rafael Sanzio)
Disponível em: https://bit.ly/3bAjaav. Acesso em: 20 jan. 2021
A disparidade das Filosofias. tem por reflexo, obviamente, a 
disparidade de significações de “Filosofias.”, o que não im-
pede reconhecer nelas algumas constantes. Destas, a que 
mais se presta a relacionar e articular os diferentes signifi-
cados desse termo é a definição contida no Eutidemo de 
https://bit.ly/3bAjaav
9
a Filosofia é uma humana de relação e busca com e do conhecimento. Ao contrário das mo-
dernas ciências caracterizada pela presença e recorte de um âmbito do saber, a filosofia per-
manece sendo uma atividade racional, instigadora, questionadora a todo e qualquer âmbito 
do conhecimento. Apesar de não possuir um objeto deter-minado, podemos apontar alguns 
temas como prioritários à reflexão filosófica: o homem, a ética, a política, o conhecimento, o 
ser, a existência, entre outros. Na imagem 1 que abre este texto temos uma cópia da lendária 
obra do pintor renascentista Rafael Sanzio, Escola de Atenas. Uma justa e bela homenagem 
aos mestres e sábios da Antiguidade Clássica. Ao centro, as figuras simbólicas e sistemáticas 
de Platão e Aristóteles.
FIQUE ATENTO
Para maiores aprofundamentos sobre a filosofia e a História da Filosofia, veja na 
Biblioteca da Faculdade Única o livro do prof. Antônio Rezende, Curso de Filosofia. 
Disponível em: https://bit.ly/3qRm94X. Acesso em: 19 fev. 2021.
BUSQUE POR MAIS
Platão: F. é o uso do saber em proveito do homem. Pla-
tão observa que de nada serviria possuir a capacidade 
de transformar pedras em ouro a quem não soubesse 
utilizar o ouro, de nada serviria uma ciência que tornas-
se imortal a quem não soubesse utilizar a imortalidade, 
e assim por diante. É necessária, portanto, uma ciência 
em que coincidam fazer e saber utilizar o que é feito, e 
esta ciência é a Filosofia. Segundo esse conceito, a Filo-
sofia. implica: 1º posse ou aquisição de um conhecimen-
to que seja, ao mesmo tempo, o mais válido e o mais am-
plo possível; 2º uso desse conhecimento em benefício do 
homem. Esses dois elementos recorrem frequentemen-
te nas definições de Filosofia em épocas diversas e sob 
diferentes pontos de vista (ABBAGNANO, 2007, p. 442).
1.2 O QUE É RELIGIÃO ? 
https://bit.ly/3qRm94X
10
Figura 2: Vaticano, Capela Sistina (Michelangelo e outros)
Disponível em: https://bit.ly/3qMiZ2e. Acesso em: 20 jan. 2021
 Podemos responder a essa questão inicial de diversas maneiras. Certamente todos 
aqueles que leem nosso texto neste momento já teve algum tipo de experiência religiosa 
na vida: indo a igrejas ou outros centros religiosos de diversas denominações. O que nos 
interessa para definirmos o que a religião é ou qual seria a essência religiosa não é tanto 
saber se o Papa Francisco reza missa na Basílica de São Pedro aos domingos; ou o Pastor 
João prega nos seus cultos numa quinta à noite; ou mesmo um Pai de Santo realização 
suas sessões num certo terreiro. A questão posta para nós é entender o porquê de dife-
rentes manifestações e processos serem compreendidos todos como religião. Para res-
pondermos à questão inicial o que é religião, apresentaremos a visão de três importantes 
pensadores da temática, vejamos. 
 A primeira definição é dada por Cornelis Petrus Tiele (1830-1902) ainda no final do 
século XIX, em 1897. Tiele (nominado a partir deste momento apenas por seu último so-
brenome) é apontado internacionalmente como um dos pioneiros do projeto, formação e 
constituição desse campo como objeto de estudo com rigor científico em cátedras univer-
sitárias. Tendo sido fundador da cátedra de Ciência da Religião na Universidade de Leiden(Holanda). Tendo sua definição e classificação das religiões em naturais e éticas; as éticas 
variando entre universais e nacionais.
 Para Tiele (2018), a religião é um fenômeno social, histórico-psicológico presente na 
trajetória da humanidade e que se diferencia de outros fenômenos sociais, como a ética, 
a estética, a política por exemplo. O que caracterizaria a essência da religião são “as mani-
festações da mente humana por palavras, atos, costumes e instituições que testemunham 
a crença do homem no sobre-humano, e servem para conduzi-lo na relação com ele. Tiele 
prossegue e aponta como objetivo da ciência da religião não a investigação sobre a natu-
reza do sobre-humano, do transcendente, mas a investigação da crença nesse sobre-hu-
mano. Isso é o que ofereceria o escopo e o espaço de investigação do fenômeno histórico-
-psicológico da religião. 
 Tiele (2018) aponta a origem da religião como algo ontológico, parte constituinte da 
natureza humana. Mas determinar o que é religião, de onde veio, só é possível verificar e 
compreender a partir da análise das manifestações fenomênicas da religião. “O que a re-
ligião é, e de onde ela surge, só podemos verificar a partir de fenômenos religiosos. Nosso 
ser mais íntimo só pode ser conhecido por suas manifestações externas. Vagar em nossas 
especulações longe do que foi descoberto e estabelecido pela pesquisa antropológica e 
histórica, é entrar em um caminho falso.” (TIELE, 2018)
 Já para Wach (2018), o objetivo geral da ciência da religião é estudar de forma siste-
mática e empírica as religiões em todos os tempos e lugares. Por essa exigência, há uma 
distinção metodológica entre os estudos empíricos e os estudos sistemáticos da religião. O 
estudo empírico da religião tem como mote o fazer (das Werden em alemão), a prática, o 
cotidiano das religiões. Tendo por isso, a finalidade de apresentar o desenvolvimento delas. 
“De qualquer modo, a principal tarefa do cientista da religião não é estudar ou reconstruirá 
história da alma do religioso; é estudar o desenvolvimento de religiões particulares e das 
formas religiosas”. (WACH, 2018, p. 237).
 Dessa forma, está fora do campo de investigação da ciência da religião a hipótese 
de uma evolução sistemática da religião do ponto de vista de uma única religião empírica 
tomada como absoluto, tais como defenderam os filósofos românticos, como Schleierma-
https://bit.ly/3qMiZ2e
11
cher e Hegel. A questão do progresso em religião não pode ou deve ser posta como um 
problema para investigação da ciência da religião. Devendo cada religião ser pensada de 
forma única e inigualável. E conclui Wach (2018, p. 240): “Posto isso, a tarefa mais importan-
te do estudo empírico das religiões deve continuar sendo entender o “tornar-se” das religi-
ões particulares, entender seu desenvolvimento como o desdobramento dos princípios a 
elas inerentes.
 O estudo empírico da religião obedeceria a cinco critérios: a) classificação formal e 
empírico-sistemática ou o estudo das religiões particulares ou de comunidades religio-
sas particulares (igrejas, seitas, escolas) segundo formas objetivas e particulares de orga-
nização (dogmas, doutrinas, cultos), personalidades particulares (como os líderes e per-
sonalidades); b) classificação por localização (segundo os pontos de vista geográficos, 
antropológicos, etnológicos e genealógicos: continentes, nacionalidades, raças e etnias); c) 
classificação temporal ou a investigação da religião segundo épocas e períodos históricos, 
como história da religião da antiguidade clássica, do mundo antigo, do Oriente, do Império 
Romano ou ainda religiões dos povos originários das Américas, como os Incas, Maias ou 
Astecas; d) classificação por julgamentos de valor, apesar de muito discutível seus funda-
mentos, mas esses tipos de classificações desempenharam relevantes papeis ao longo da 
história. As religiões já foram classificadas como “verdadeiras” e “falsas”, “naturais” e “reve-
ladas” teológicas e dogmáticas; religiões naturais e “éticas”; e) classificação descritiva: são 
vistas como mais importantes e fundamentadas por (WACH, 2018). 
 A classificação descritiva abrange: 1) formalmente objetiva: incluindo as distinções 
entre as religiões mitológicas e dogmáticas, nacionais e globais, baseadas em escrituras 
e orais; 2) formalmente subjetiva: baseada na predominância de uma função psicológi-
ca, por exemplo, religiões de sentimento e religiões de vontade; 3) objetiva com relação 
ao conteúdo: descrever as religiões como ascéticas-soteriológicas ou proféticas-reveladas 
aponta para a distinção do conteúdo, centralidade da doutrina, adoração e instituições; 4) 
subjetiva em relação ao conteúdo: distinção esta que obedece entre tipos de piedade (ale-
gre, melancólica).
 Já os estudos sistemáticos da religião são menos utilizados no atual contexto. Os 
estudos sistemáticos pressupõem um amplo esforço especulativo, mas que desembocava 
geralmente numa forte perspectiva teológica cristã da salvação. São construções com for-
te teor universalista baseado em filosofias especulativas, sistemáticas como a de Hegel. A 
principal característica dessa abordagem sistemática é constituição e elaboração de sínte-
ses universais para identificar ideias e princípios fundamentais, a busca por um espírito ou 
princípio unificador e totalizante da realidade.
 Por fim, uma questão ainda levantada por Wach (2018) é ampla relação de depen-
dência entre religião e cultura. É claro e notório a mútua influência entre religião, fatores 
econômicos (vide a Ética Protestante de Max Weber), fatores políticos, sociais, arte, literatu-
ra, direto e sociedade e outros. É impossível analisar e discutir os fundamentos e origens do 
judaísmo e do cristianismo, sem se ater aos contextos histórico-culturais do Novo e Antigo 
Testamentos.
 Para o escritor e teólogo brasileiro Rubem Alves (2003), a religião é a experiência do 
sagrado. E essas marcas do sagrado não está imanente as coisas. A religião nasce com o 
poder dos homens de nominar as coisas; de discriminar as coisas que têm importância 
primordial e as coisas que têm importância secundária. A religião seria um discurso articu-
lado de falas, símbolos, objetos, tempos e espaços do sagrado. A finalidade dessa rede de 
12
símbolos e objetos é contribuir para que haja sentido, significado e finalidade no mundo 
para o homem. “Talvez porque, sem ela, o mundo seja por demais frio e escuro. Com seus 
símbolos sagrados o homem exorciza o medo e constrói diques contra o caos.” (ALVES, 
2003, p. 24). Sendo a grande hipótese e aposta da religião a tese de que todo o universo 
teria uma face humana.
A religião é um fenômeno social, histórico-psicológico presente na trajetória da humanida-
de e que se diferencia de outros fenômenos sociais, como a ética, a estética, a política por 
exemplo. O que caracteriza a essência da religião é a crença do humano no transcendente. 
Nas forças sobrenaturais e divinas que, por meio de símbolos, objetos e tempos instituem o 
sagrado como experiência primordial da condição humana. Na imagem 2 – temos uma re-
presentação da famosa pintura do artista Michelangelo e outros renascentistas no Vaticano. 
O nome da Capela Sistina, escrito em italiano como Cappella Sistina, é uma homenagem ao 
Papa Sisto IV que, entre 1477-1480, iniciou o processo de demolição e restauração da antiga 
Capela Magna, de origem medieval, que originou a nova capela.
FIQUE ATENTO
 Discutimos até aqui os conceitos de Filosofia e Religião, aproxima-se o momento de 
pensarmos numa definição mínima e coerente de uma filosofia da religião. Como todo ob-
jeto filosófico, é necessário começarmos fazendo uma pergunta ao mesmo tempo óbvia 
e básica: o que é Filosofia da Religião? Para responder a essa pergunta, vamos recorrer ao 
pensamento do professor (ZILLES, 2004). Para ele, a Filosofia da Religião tenta esclarecer 
a possibilidade e a essência formal da religião na existência humana. Em outros termos, 
a filosofia da religião tem como foco a consciênciahumana e a capacidade de autocom-
preensão do sobre-humano, do transcendente enquanto atingível pela inteligência. Como 
toda atividade filosófica, a razão é a guia e condutora dessa empreitada.
1.3 O QUE É FILOSOFIA DA RELIGIÃO? POR QUÊ ?
Figura 3: Julgamento Galileu Galilei pelo Tribunal Romano do Santo Ofício da Igreja Ca-
tólica (Cristiano Branti)
Disponível em: https://bit.ly/2ZKbmh5 Acesso em: 20 jan. 2021
https://bit.ly/2ZKbmh5
13
Da mesma maneira que o ato filosófico não fundamenta a 
existência humana, mas tenta esclarecê-la, assim também 
a filosofia da religião não fundamenta, nem inventa a re-
ligião, mas tenta esclarecê-la, servindo-se das exigências 
propriamente filosóficas. A filosofia da religião tematiza a 
abertura do homem para o mistério que o envolve de ma-
neira positiva, aceitando-o, ou de maneira negativa, rejei-
tando-o. Tematiza, pois, a relação do homem com o santo 
ou numinoso no horizonte da autocompreensão humana. 
(ZILLES, 2004, p. 5)
 A filosofia da religião é diferente da Teologia. Nesta, a relação entre homem e o trans-
cendente pode ser pensada, a partir da ação do divino no plano terreno, por meio da cha-
mada “revelação”, para tomarmos o exemplo das religiões reveladas. Filosofia da religião é 
filosofia da mesma forma que dizemos em filosofia da linguagem, filosofia moral ou filo-
sofia política. O que caracteriza o pensamento filosófico é a capacidade de pensar o mun-
do de forma objetiva. O conceito de objetivo é usado para dizer tão somente do mundo 
como matéria de nossa investigação, como objeto de nosso pensamento; não está sendo 
usado como oposto de subjetividade.
 O processo de fundação da Nova Ciência da Modernidade com pensadores do calibre 
de Kepler, Galileu, Descartes e Newton; a constituição e formação dos Estados Nacionais; e 
as ditas revoluções burguesas Inglesa (sec XVII), americana e francesa (séc XVIII) represen-
tam os pontos culminantes do período do Iluminismo. Dessa crença da humanidade de 
superar a si mesma, de saída da minoridade, para deixar no passado, as superstições, mitos 
e crenças da religião, além do dogmatismo típico da Metafísica. Esse processo, do ponto 
de vista da relação do homem com a religião no Ocidente, dará origem a três posturas 
distintas: a) negação total da religião; b) aceitação total da religião; c) descrição empírica e 
análise fenomênica da religião.
 A postura de negação total da religião parece estar muito presente no século XIX e 
nos grandes movimentos filosóficos e científicos desse período como o marxismo, o posi-
tivismo, as Ciências Biológicas surgidas na esteira de Darwin, Hebert Spencer, a Psicanálise 
de Freud e outros. Para tal, a crença na razão e na capacidade de desencantar o mundo 
é chave central desse processo. A religião é vista como uma consciência falsa, como pura 
ideologia para massacrar e esconder a opressão e a divisão da sociedade capitalista entre 
proprietários dos meios de produção e proletários. 
Os representantes dessa crítica esperam, com recurso à 
natureza e com o desmascaramento da alienação religio-
sa, obter a transformação da consciência humana. Veem a 
causa dessa alienação na falta de conhecimento científico 
e na falta de domínio do inconsciente. Enfim, esperam a 
superação ou o fim da religião com base no domínio tecno-
lógico sobre as forças da natureza (ZILLES, 2004, p. 14).
14
Para outras informações sobre a definição e objeto da filosofia da religião, leia 
na Biblioteca virtual Pearson a obra do prof. Adriano Antônio Faria, “Filosofia da 
Religião” (2017). Disponível em: https://bit.ly/3khgyCu. Acesso em: 20 jan. 2021.
BUSQUE POR MAIS
 Já aqueles que defendem uma aceitação total da religião, encontram é claro no lon-
go histórico da tradição judaico-cristã, na filosofia Antiga e Medieval, na Metafísica e au-
tores sistemáticos, como Kant, Hegel, no século XX, a obra do cardeal Newman, Marcel 
Blondel, Jacques Maritain, Karl Rhaner e outros. São pensadores que entendem a religião 
como elemento constitutivo e natural da essência e da condição humana. “Por sua aber-
tura ao ser, a razão conduz necessariamente à religião como expressão de uma dimensão 
transcendente da existência humana” (ZILLES, 2004, p. 16).
 A terceira postura ou vertente filosófica-científica sobre a religião, a chamada descri-
ção empírica e análise das religiões tem nas obras de Max Weber, E. Durkheim, Lévy-Bruhl, 
Levi Strauss e de forma geral na disciplina dos estudos Antropológicos e etnográficos são 
as principais representantes dessa postura. Aliás, neste texto inclusive, quando na seção 
anterior apresentemos definições do que é religião, fizemos a opção metodológica de utili-
zarmos o pensamento de dois autores que são cientistas da religião Tiele e Joaquim Wach. 
A filosofia da religião tenta esclarecer a possibilidade e a essência formal da religião na exis-
tência humana. Em outros termos, a filosofia da religião tem como foco a consciência hu-
mana e a capacidade de autocompreensão do sobre-humano, do transcendente enquanto 
atingível pela inteligência. Como toda atividade filosófica, a razão é a guia e condutora dessa 
empreitada. A filosofia da religião é diferente da Teologia. Nesta, a relação entre homem e 
o transcendente pode ser pensada, a partir da ação do divino no plano terreno, por meio da 
chamada “revelação”, para tomarmos o exemplo das religiões reveladas. A Filosofia da reli-
gião é tão filosófica quanto o são filosofia da linguagem, filosofia moral ou filosofia política. 
O que caracteriza o pensamento filosófico é a capacidade de pensar o mundo de forma ob-
jetiva
Na imagem 3, temos um dos grandes conflitos entre Ciência e Religião representada pela 
pintura do artista italiano Cristiano Banti, o julgamento de Galileu Galilei na primeira metade 
do século XVII pelo Tribunal católico do Santo Ofício. Ali foram condenadas as teses principais 
do sistema filosófico-científico de Galileu.
FIQUE ATENTO
1.4 QUAIS SÃO AS TAREFAS DA FILOSOFIA DA RELIGIÃO?
 O processo de secularização do mundo moderno, tal como apresentado na seção 
anterior, com fatores oriundas de fatores científicos, culturais e filosóficos como Iluminis-
mo; no campo da política a formação dos Estados modernos, as chamadas revoluções bur-
guesas; além é claro do triunfo do capitalismo como sistema hegemônico, no campo da 
economia, são fatores que tensionam e pressionam o espaço e o escopo da filosofia da 
https://bit.ly/3khgyCu
15
religião na atualidade. Ainda assim, parece haver a necessidade de uma filosofia da reli-
gião para fortalecer racionalmente os fundamentos da crença no sobre-humano, oferecer 
novos sentidos e outros argumentos como “provas” da existência de Deus. Mas outros ob-
jetivos e questões se colocam como tarefas da filosofia da religião, Zilles (2004) enxerga 
três desafios: 
a. Repensar o abismo profundo existente atualmente, fruto da tensão entre tradição reli-
giosa e as experiências intersubjetivas. A religião está cada vez mais questionada pela 
proximidade e sancionamento a regimes e instituições políticas indefensáveis do ponto 
de vista dos direitos humanos.
b. A relação entre igrejas monoteístas ocidentais, como o Cristianismo e o Judaísmo, com 
outas religiões no Ocidente e no Oriente. Em função do processo de secularização da 
vida moderna, a religião perde sua centralidade no processo de integração do indivíduo 
à sociedade. Esses desafios de convivência e respeito entre diferentes tradições de fé 
apresenta muitos desafios políticos, pelas crescentes e milenares tensões entre judeus 
e os vários grupos seguidores do Corão no Oriente Médio. Além é claro do respeito e 
convivência entre Cristianismo e religiões de matrizes africanas e indígenas na América 
Latina.
c. O lugar e a função da religião e das igrejas no contexto político-social e cultural atuais. 
Como as religiões e as igrejas sobreviveram nesse contexto? Se o iluminismo fez triunfar 
a exigência de uma ética universal com princípios seculares, como as liberdades civis 
(como ade crença e opinião), políticas e de acesso aos direitos sociais e a afirmação 
da identidade gênero, étnica, racial, ambiental e outras; a emergência e o domínio das 
contemporâneas tecnologias da informação apresentam outros desafios, como as cha-
madas fake news, triunfo de uma cultura imediatista e individualista. O que do ponto 
de vista político tem sido aproveitado para ascensão política de extremistas na Europa, 
nos Estados Unidos e na América Latina.
d. Por fim, cabe apresentar também a importância de uma filosofia da religião para pen-
sar e discutir as implicações éticas cada vez maiores de um mundo marcado pela pro-
dução e sofisticação de armas com capacidade mortíferas inimagináveis, ou a chamada 
crise ambiental, com mudanças climáticas, falta de água, excesso de chuvas ou ondas 
de calor e frio; além também das implicações éticas das pesquisas com células-troncos 
embrionárias; direitos reprodutivos, o chamado campo da Bioética.
As atuais sociedades contemporâneas marcadas pelo imediatismo, pela busca constante e 
desenfreada pelo sucesso e reconhecimento através de sinais exteriores de riquezas, provoca-
do e intensificado a presença de novas doenças como as diversas e cada vez maiores e diver-
sas doenças mentais. Destas a depressão e a ansiedade são talvez as patologias que atingem 
um maior contingente em todo o mundo. Qual será o papel do conhecimento e da fé diante 
dessas novas patologias? O que poderia ser feito a partir desses campos do saber?
VAMOS PENSAR?
16
1. “O que a religião realmente é na sua essência só pode ser determinado como o resultado 
de toda a nossa investigação. Por religião, queremos dizer, para o presente, nada diferente 
do que geralmente é entendido por esse termo - isto é, o agregado de todos os fenômenos 
invariavelmente chamados religiosos, em contraposição a ética, estética, política e outros. 
Falo daquelas manifestações da mente humana em palavras, atos, costumes e instituições 
que testemunham a crença do homem no sobre-humano, e servem para conduzi-lo na 
relação com ele.” 
(TIELE, Cornelis. Concepção, objetivo e método da Ciência da Religião. REVER, v. 18, n 3, p. 227-238, set-dez. 2018)
Conforme a leitura do trecho acima e outras informações sobre o tema, é correto afirmar 
que a Filosofia da Religião
a) é um conhecimento ilógico e irracional pautado na mística e na crença das forças 
mágicas.
b) é um fenômeno social de mesma origem e natureza que a ética, a estética, a política e 
a arte.
c) surge como manifestação da mente humana e é marcada essencialmente pela crença 
na transcendência.
d) é conhecimento puramente racional, expresso através da investigação lógica e científica.
e) é um fenômeno social que tem origem comum apenas com a ética.
2. “A filosofia da religião toma como objeto de estudo questões relacionadas com a 
transcendência e a existência de Deus, a espiritualidade e o fenômeno religioso do ponto 
de vista filosófico. O que significa dizer que não podemos confundi-la com a teologia, a 
apologética ou a fenomenologia da religião, como veremos a seguir. Também não deve 
ser tomada como uma forma de visão propriamente religiosa, visto que a filosofia da 
religião busca suas respostas por meio de uma metodologia racional e argumentativa, 
sempre com caráter especulativo e não confessional. Podemos afirmar que a filosofia da 
religião, dotada de uma racionalidade crítica, investiga a crença humana em divindades 
e o comportamento das pessoas religiosas, ou seja, daquelas que seguem determinada 
crença. Está centrada, em muitos de seus aspectos, na epistemologia religiosa. 
(FARIA, Adriano. Filosofia da Religião, 2017, p. 31).
Com base na citação acima de Faria (2017) é correto afirmar sobre a filosofia da religião
a) tem como objeto a política, a ética, a estética e a arte enquanto manifestações da 
transcendência.
b) tem como objetivo investigar e conhecer os fenômenos religiosos a partir da fé e da 
Bíblia.
c) não possui o objetivo de investigar os fenômenos religiosos por meio da razão e do senso 
crítico filosófico.
d) tem como objeto investigar as questões relacionadas à transcendência, ao divino e a 
existência de Deus por meio da razão.
FIXANDO O CONTEÚDO
17
e) tem como objetivo divulgar e impulsionar a crença na fé e nas forças divinas.
3. De acordo com Ferrater Mora (1964), a filosofia e a religião podem se relacionar de três 
maneiras distintas: em primeiro lugar, a filosofia e a religião se aproximam mutuamente, 
podendo acontecer que a segunda seja substituída pela primeira; no segundo caso, 
a filosofia se situa à frente da religião, de modo crítico ou, em alguns casos, analítico; e, 
finalmente, a filosofia procede descrevendo o fato religioso como tal, independentemente 
de seu conteúdo específico. No primeiro caso, há uma fusão entre as duas concepções; 
no segundo, a filosofia tenta esclarecer de forma racional e objetiva o conteúdo de uma 
determinada religião; no terceiro caso, se pede o auxílio das diversas ciências para clarificar 
os fenômenos religiosos. Segundo o autor, só nos dois últimos casos, e de um modo 
específico no terceiro caso, é que se pode falar propriamente em filosofia da religião.
(FARIA, Adriano. Filosofia da Religião, 2017, p.32)
Sobre a aproximação entre filosofia e religião, podemos assinalar:
a) A filosofia e a religião se aproximam mutuamente, podendo a primeira ser substituída 
pela segunda.
b) A filosofia e a religião não há aproximação possível entre ambas, já que cada uma tem 
por objeto temas e questões distintas.
c) Filosofia e religião se aproximam de duas formas segundo o trecho acima havendo fusão 
entre ambas nos dois casos de proximidade.
d) Filosofia e religião se relacionam de três formas, mas apenas na situação em que a 
filosofia pode ser substituída pela religião é válido.
e) Filosofia e religião se relacionam de três formas: no primeiro caso há fusão entre os 
dois campos de saber; no segundo a filosofia explica e explicita o conteúdo da religião; no 
terceiro, outras ciências colaboram no processo de compreensão do fenômeno religioso.
4. O objetivo geral da ciência da religião é estudar sistematicamente e empiricamente as 
religiões de todos os tempos e lugares. Primeiro vamos ver como o estudo empírico das 
religiões se estrutura. Seu mote é o fazer (das Werden) das religiões. Seu objetivo é estudar 
e apresentar o desenvolvimento delas. Esse propósito deve estar nitidamente identificado. 
O que é verdadeiro para a cultura como um todo também é verdadeiro para os sistemas 
culturais particulares, para as inter-relações (Wirkungszusammenhange), utilizando o termo 
de Dilthey. Toda religião está intimamente relacionada à lei, à arte e à ordem econômica 
das quais é contemporânea. O estudo empírico das religiões deve desvendar essas relações, 
com base em estudos históricos, e o método sistemático formulará conclusões disso. Mais 
uma vez devo advertir contra a confusão: a filosofia da religião também investiga as inter-
relações entre religião e direito, arte, e economia, mas suas questões são diferentes das da 
ciência da religião. A filosofia da religião investiga o que deveria ser, nesse caso, a relação 
ideal entre esses vários domínios. 
Adaptado de (WACH, Joachim Ernst Adolphe Felix. Os Ramos da Ciência da Religião
. Tradução de Fábio L. Stern. REVER, v. 18, n. 2, p. 233-253, mai/ago 2018). 
O texto acima de Joachim Wach (2018) procura reforçar as distinções entre o que o autor 
chama de estudo empírico das religiões e o estudo sistemático da religião. Sobre essa 
18
distinção feita por Joachim Wach é correto afirmar:
a) A distinção entre estudo empírico e sistemático da religião é apenas teórico-formal, sem 
quaisquer implicações práticas.
b) A distinção entre estudo empírico e sistemático da religião tem como fundamento 
a diferença de objetos e abordagens típicas da ciência no primeiro caso e à filosofia no 
segundo.
c) A distinção entre estudo empírico e sistemático da religião tem como fundamento 
a diferença de objetos eabordagens típicas da filosofia no primeiro caso e à ciência no 
segundo.
d) A distinção entre estudo empírico e sistemático da religião tem como fundamento a 
diferença de objetos e abordagens da ciência e da filosofia. Em que a ciência se preocupa 
com o dever ser e a filosofia com a investigação histórico-empírica.
e) A distinção entre estudo empírico e sistemático da religião tem como fundamento a 
diferença de objetos e abordagens da religião e da filosofia. Em que a religião se preocupa 
com o dever ser e a filosofia com a investigação histórico-empírica.
5. “A filosofia da religião atualmente se encontra em situação precária dentro do conjunto. 
Não deve ser identificada simplesmente com a religião filosófica ou com filosofia religiosa. 
Trata-se de indagação filosófica que usa métodos filosóficos com objetivos filosóficos. Mas 
não é qualquer filosofia capaz de criticar corretamente o mundo humano da fé e da religião. 
As filosofias que pretendem simplesmente explicar a religião ou reduzi-la a elemento não 
religioso como libido ou situação econômica alienada não servem. Da mesma maneira, 
não servem para estabelecer corretamente o sentido da religião hoje, as filosofias que se 
põem diretamente a serviço da fé (São Boaventura, Santo Tomás de Aquino) pois não se 
trata da simples recuperação de certos dogmas, p. ex, transcendência do Absoluto, pela 
filosofia. Cabe investigar se o fenômeno religioso é originário e irredutível no homem, e se 
leva, por sua natureza, a um termo supremo chamado Deus.” 
(ZILLES, Urbano, Filosofia da Religião, 5ed. São Paulo 2004, p.17)
Com base na leitura do trecho acima, Zilles (2004) entende que seja tarefa da filosofia da 
religião na atualidade:
a) Repensar a relação entre filosofia da religião e sociedade pós iluminista, de modo 
dialético para afastar certas doutrinas e dogmas filosóficos e religiosos, mas que possa 
fundamentalmente recuperar e revalorizar a centralidade da ideia de Deus.
b) Abrir espaço para concepções filosóficas de inspiração materialista, em função da 
situação socioeconômica e da divisão de classes sociais.
c) Abrir espaço para concepções filosóficas centradas no indivíduo e no seu inconsciente, 
valorizando assim o papel da libido na vida humana, como demonstrado pela Psicanálise.
d) Recuperar e valorizar modelos teóricos que estão historicamente vinculadas à fé, como 
as filosofias dos Santos Padres.
e) Repensar a relação entre filosofia da religião e sociedade pós-iluminista, de modo 
dialético para afastar certas doutrinas e dogmas filosóficos e religiosos, mas que possa 
fundamentalmente não recuperar a centralidade da ideia de Deus.
6. “Muitos perguntam: ‘Afinal, para que filosofia?’ É uma pergunta interessante. Não vemos 
19
nem ouvimos ninguém perguntar, por exemplo, ‘Para que Matemática ou Física?’, ‘Para 
que Geografia ou Geologia?” “Para que Biologia ou Psicologia?’ Mas todo mundo acha 
muito natural perguntar: “Para que filosofia?’. Essa pergunta tem sua razão de ser. Em 
nossa cultura e em nossa sociedade, costumamos considerar que alguma coisa só tem o 
direito de existir se tiver alguma finalidade prática muito visível e de utilidade imediata. Eis 
porque ninguém pergunta ‘Para que as ciências’, pois todo mundo imagina ver a utilidade 
das ciências em produtos da técnica. A pergunta ‘para que filosofia’ costuma receber uma 
resposta irônica, conhecida dos estudantes de filosofia: ‘A filosofia é uma 
ciência com a qual e sem a qual o mundo permanece tal e qual’. Ou seja, a filosofia não 
serviria para nada”. 
Adaptado de: CHAUÍ, Marilena. Iniciação À filosofia: volume único, 3.ed. São Paulo: Ática, 2016, p. 22).
Com base na leitura do trecho acima e outros conhecimentos sobre à temática, é correto 
afirmar que
a) um saber deve ser avaliado conforme sua utilidade prática socialmente.
b) ‘a filosofia é uma ciência com a qual e sem a qual o mundo permanece tal e qual’. Ou 
seja, a filosofia não serviria para nada”.
c) em nossas sociedades, não existe confusão entre ciência e tecnologia, uma vez que os 
resultados científicos estão identificados com a capacidade de gerar novos bens e serviços.
d) a autora critica a visão imediatista e alienada em que um campo do saber é medido por 
sua utilidade e capacidade de produção de bens e serviços sociais.
e) para a autora é lícito indagar “para que serve a filosofia”, já que o saber deve ser avaliado 
por sua utilidade social.
7. “A filosofia não é ciência: é uma reflexão sobre os fundamentos da ciência, isto é, 
sobre procedimentos e conceitos científicos. Não é religião: é uma reflexão sobre os 
fundamentos da religião, isto é, sobre as causas, origens e formas das crenças religiosas. 
Não é arte: é uma reflexão sobre os fundamentos da arte, isto é, sobre os conteúdos, as 
formas, as significações das obras de arte e do trabalho artístico. Não é sociologia nem 
Psicologia, mas a interpretação e avaliação crítica dos conceitos e métodos da Sociologia e 
da Psicologia. Não é política, mas a interpretação, compreensão e reflexão sobre a origem, 
a natureza e as formas do poder e suas mudanças. Não é história, mas a reflexão sobre 
o sentido dos acontecimentos inseridos no tempo e compreensão do que seja o próprio 
tempo. A atividade filosófica é, portanto, uma análise, uma reflexão e uma crítica. Essas três 
atividades são orientadas pela elaboração filosófica de ideias gerais sobre a realidade e os 
seres humanos.
Adaptado de: CHAUÍ, Marilena. Iniciação À filosofia: volume único, 3.ed. São Paulo: Ática, 2016, p.28)
Com base na leitura do trecho acima e outros conhecimentos sobre o tema, é correto 
afirmar sobre a filosofia.
a) É uma ciência, já que se trata de uma reflexão sobre os fundamentos da ciência, isto é, 
sobre procedimentos e conceitos científicos.
b) É religião, uma vez que opera sobre os fundamentos da religião, isto é, sobre as causas, 
origens e formas das crenças religiosas.
c) Está na fronteira entre a Sociologia e a Psicologia, porque é interpretação crítica de 
20
ambos os campos.
d) A atividade filosófica é pautada pela análise, reflexão crítica, orientadas pela elaboração 
filosófica de ideias gerais sobre a realidade e os seres humanos.
e) É História, uma vez que a reflexão não se dar sobre o sentido dos acontecimentos inseridos 
no tempo e compreensão do que seja o próprio tempo.
8. “O estudo da filosofia em cursos de graduação deve revestir-se de algum valor especial 
que o diferencie das atividades educacionais praticadas em muitas outras disciplinas. Ele 
tem de ser mais do que uma simples história intelectual ou cultural ou um mero panorama 
dos grandes livros. Na realidade, cumpre-lhe fazer várias coisas. Ele tem de treinar os alunos 
para ler obras sérias de modo atento e cuidadoso, levando em conta várias perguntas: 1) 
qual o problema ou questão que o autor aborda, e por que é um problema? 2) qual é a 
estratégia do autor para resolver o problema ou a pergunta? 3) Que conclusão é defendida? 
4) As conclusões são verdadeiras ou satisfatórias de alguma outra maneira? 5) Não será 
possível que a questão que deu início a tudo isso tenha sido concebida de maneira errônea? 
É de enorme importância ensinar os alunos a separar o joio do trigo, o verdadeiro do falso, 
o que tem sentido do incompreensível, o valioso do imprestável, em termos intelectuais. 
Se o ponto central do curso de graduação deve ser a leitura das obras originais, para que 
um manual? Este livro não pretende ser um substituto da leitura de Santo Anselmo, Santo 
Tomás, David Hume etc. Seu propósito é, na verdade, ser um auxílio e um guia na leitura 
dos autores e na identificação dos problemas; ele deve ser usado em conjunto com os 
textos originais. 
Adaptado de: TILGHMAN, Benjamin. Introdução à Filosofia da Religião. São Paulo: Loyola, 1996, p.9-10.
Com base na leitura do trecho acima e outras referências sobre o tema, é correto afirmar 
que o objetivo de Tilghman (1996) é
a) demonstrar a utilidade dos compêndios e manuais filosóficoscomo meio de substituição 
dos autores clássicos.
b) identificar um papel relevante para manuais e outros materiais didáticos para a formação 
de estudantes e profissionais da filosofia.
c) identificar como problema para a formação de estudantes nos cursos de graduação em 
filosofia o uso excessivo de manuais.
d) demonstrar a importância do esquecimento e superação das obras clássicas, já que 
foram escritas em contextos culturais muito distintos dos atuais.
e) o estudo da filosofia não deve ser diferenciado em termos educacionais a outros campos 
do saber.
21
O PROBLEMA DA EXISTÊNCIA 
DE DEUS - COMO DEMOSTRAR 
RACIONALMENTE SUA EXISTENCIA 
UNIDADE
02
22
2.1 É POSSÍVEL DEMONSTRAR A EXISTÊNCIA DE DEUS RACIONAL-
MENTE? TRÊS PENSADORES A FAVOR DA EXISTÊNCIA DE DEUS: 
ARISTÓTELES, SANTO ANSELM DE AOSTA ,DESCARTES 
 Um dos grandes problemas da História da Filosofia é sem dúvida alguma a tentativa 
de demonstrar racionalmente a existência de um ser ou inteligência superior, originária do 
mundo físico, natural e humano. Desde a Antiguidade grega, dos primeiros filósofos natu-
ralistas, passando por Sócrates e as grandes sistematizações do mundo helênico, de Platão 
e Aristóteles, essa questão se faz presente. Com o advento do Cristianismo, a questão da 
existência de Deus, ganhou novos contornos especialmente pela relação entre fé e Razão. 
Após esse período, a questão de Deus será novamente recolocada na esteira do desenvol-
vimento da nova ciência na Modernidade assumindo por um lado caráter metafísico, des-
de as grandes construções teóricas de Descartes a Hegel; ou negação a partir das reflexões 
das correntes filosóficas do séc XIX, como o Marxismo e o Positivismo.
 Caso tomemos a iniciativa de interrogar à um indivíduo que frequenta alguma de-
nominação religiosa, como as diversas igrejas cristãs, ele certamente dirá que Deus existe 
porque fez isso ou aquilo em sua vida. Ou porque estava na Igreja e sentiu a presença de 
Deus em seu coração, em sua mente, no irmão que estava ao seu lado. Também mobili-
zando a favor de sua argumentação a presença de incontáveis igrejas ao redor de todo 
mundo para louvar e celebrar a Palavra de Deus. Afinal, temos no caso do Cristianismo, a 
própria palavra de Deus, instruída e revelada na Bíblia como prova dessa demonstração.
E o que dizer da existência de Deus? Adão, se tivesse fei-
to um curso de filosofia da religião, poderia ter dito que a 
questão da existência de Iahweh é uma questão empírica; 
afinal, ele O viu e falou com Ele. Todavia, dados os pressu-
postos da concepção pós-exílica de Deus, a afirmação de 
Adão teria de ser objeto de uma contestação. Deus, na épo-
ca, era concebido como transcendente, não fazendo parte 
do mundo físico; Ele não tem propriedades físicas. Como 
as únicas coisas que os nossos sentidos podem observar 
são coisas do mundo físico, segue-se que não podemos ob-
servar Deus. Se é esse o caso, a questão da existência de 
Deus não é empírica, ao menos em um sentido evidente 
(TILGHMAN, 1996, p. 48-49).
2.2 ARISTÓTELES E O PRIMEIRO MOTOR: O NOUS COMO 
ENTELÉQUIA OU ATO PURO 
23
 Figura 4: Aristóteles (384 a.C – 322 a.C)
Disponível em: https://glo.bo/3aRVkIl Acesso em: 22 jan. 2021.
 Dentre os pensadores que apresentam construção teórica a favor da existência de 
Deus, vejamos como o Estagirita Aristóteles o fez. Em primeiro lugar, será necessário avan-
çarmos na compreensão de alguns conceitos fundamentais da doutrina filosófica aristoté-
lica. Aristóteles inicia sua exposição sobre a natureza do divino apresentando uma impor-
tante definição e distinção entre as ciências. No interior do arcabouço do saber, as ciências 
podem ser divididas em três grandes ramos: a) as ciências teoréticas, que tem por finalida-
de a busca do saber por si e em si; b) as ciências práticas, que buscam o saber com vista a 
um fim prático, moral ou ético; c) as ciências poiéticas ou produtivas, aquelas que buscam 
o saber para fazer algo, produzir objetos, bens e serviços. 
 Não é muito difícil localizar quais disciplinas estariam em cada campo: no último 
campo, as ciências produtivas abarcam todo o saber prático relacionados as necessidades 
imediatas, como alimentação, moradia, transporte, comunicação etc. O segundo nível é 
o domínio da ética e da moral. E por fim, no primeiro nível está propriamente aquele tipo 
de saber por excelência, desinteressado voltado para a compreensão e contemplação do 
saber e do ser enquanto ser, a Filosofia Primeira ou teologia. Conhecida também desde o 
século I a.C como Metafísica. São quatros as definições dadas pelo Estagirita para o termo. 
Vejamos inicialmente um trecho da própria Metafísica.
Portanto, é preciso adquirir a ciências das causas primei-
ras. Com efeito, dizemos conhecer algo quando pensamos 
conhecer a causa primeira. Ora, as causas são entendidas 
em quatro diferentes sentidos. (1) Num primeiro sentido, di-
zemos que a causa é a substância e a essência. De fato, o 
porquê das coisas se reduz, em última análise, à forma e o 
primeiro porquê é, justamente, uma causa e um princípio; 
(2) num segundo sentido, dizemos que causa é a matéria e 
o substrato; (3) num terceiro sentido, dizemos que causa é 
o princípio do movimento; (4) num quarto sentido, dizemos 
que causa é o oposto do último sentido, ou seja, é o fim e o 
bem: de fato, este é o fim da geração e de todo movimento 
(ARISTÓTELES, 2002, p. 15).
https://glo.bo/3aRVkIl
24
 Como bem ressaltou Reale (2003), quem busca as causas primeiras necessariamen-
te está em busca e deve encontrar Deus. Porque Deus é a causa e o princípio primeiro de 
todo movimento. Logo, aquele que pensa metafisicamente, faz uma teologia. Aquele que 
pergunta se há apenas substâncias sensíveis ou existem também substâncias imateriais, 
remete outra vez a questão do divino. 
 A Metafísica é por excelência a ciência do divino ou Teologia porque só e tão somen-
te tem como objeto de investigação o ser enquanto ser e suas propriedades constitutivas. 
Ela não está identificada com nenhuma das ciências particulares, já que nenhuma dessas 
outras ciências considera o ser universalmente. Ao contrário da física e da Matemática que, 
apesar de fazerem parte do campo do saber teorético, não podem ser primazes, já que a in-
vestigação destas se realizam sobre o ser resultante da forma e da matéria, como homens 
por exemplo. O divino é eterno, imóvel e separado, cabendo à filosofia primeira estudá-lo 
de forma adequada. 
Ora, se não existisse outra substância além das que cons-
tituem a natureza, a física seria a ciência primeira; se, ao 
contrário, existe uma substância imóvel, a ciência desta 
será anterior [ as outras ciências] e será a filosofia primeira, 
e desse modo, ou seja, enquanto primeira, ela será universal 
e caberá a ela a tarefa de estudar o ser enquanto ser, vale 
dizer, o que é o ser e os atributos que lhe pertencem en-
quanto ser (ARISTÓTELES, 2002, p. 273).
 Pensar o ser enquanto ser necessariamente implica diz o que este ser é. Para Aristó-
teles, o ser se diz de várias formas e jeitos, podemos agrupá-los em quatro grandes grupos: 
a) o ser como categorias (ou em si), num total de dez; b) o ser como ato e potência: trata-se 
de dois pares de fundamentais em Aristóteles, cabendo à potência definição de possibili-
dade de algo; e o ato a efetivação dessa possibilidade; c) o ser como acidente: não neces-
sário, fortuito, ex: é uma acidente eu estar deitado ou sentado; d) o ser como verdadeiro ou 
não-ser como falso, ou seja, o âmbito das proposições lógicas. Mas um único é essencial 
como já antevisto até aqui, o ser substancial. É ele que nos interessa entender e definir.
 Mas então, o que é a substância? Quantas e quais tipos de substâncias existem? Se-
gundo Reale (2003) a substância pode ser entendida tanto como a união de forma e maté-
ria , formando um indivíduo concreto por exemplo, este aqui João Pedro; quanto também 
apenas a forma no sentido essencial ou em seu mais alto grau. Se consideramos apenas 
de forma substancial a junçãode forma e matéria, seria, portanto, impossível advogar a 
existência de substâncias suprassensíveis. O que afastaria a possibilidade da existência de 
Deus e do imaterial.
Em seu significado mais forte, o ser é a substância; a subs-
tância em um sentido (impróprio) é a matéria; em segundo 
sentido (mais próprio é o “sínolo ” e em terceiro sentido (e 
por excelência) é a forma. O ser, portanto, é a matéria; em 
grau mais elevado, o ser é o sínolo; e, no sentido mais forte, 
o ser é a forma. Desse modo, pode-se compreender por que 
Aristóteles chegou a chama a forma até mesmo de “causa 
primeira do ser” (precisamente porque ela “informa” a ma-
téria e funda o sínolo) (REALE; ANTISERI, 2003, p. 200).
25
 Então de que maneira é possível demonstrar a existência de Deus ou da Substância 
primeira? Aristóteles o faz misturando elementos da Física e da Metafísica. As substâncias 
são realidades primazes, mas se todas elas fossem corruptíveis (morrer ou deixar de existir) 
não poderia também existir o divino. Portanto, há do ponto de vista físico duas forças que 
não foram geradas, nem podem estar sujeitas à corrupção, que são tempo e o movimento. 
O tempo precisa ser eterno, caso não fosse, cairíamos no paroxismo de pressupor um “an-
tes” e um depois do “tempo”. Mas admitir que haja um “antes e um depois” outra coisa não 
é do que repor a própria noção de tempo.
 E Aristóteles também estende a mesma justificativa para o movimento, ou seja, algo 
só se move como consequência ou causa de outro ser ou substância. Se se pressupor que 
há uma substância que move todas as outras, essa primeira substância precisa necessa-
riamente ser causa de si mesma, movendo outras substâncias, mas estando parada. Po-
demos exemplificar esse ponto até mesmo na Ciência Contemporânea e a Teoria do Big 
Bang (ou Grande Expansão em português). Se essa grande explosão de energia deu ori-
gem a todas as coisas, uma pergunta básica repõe e fortalece a argumentação aristotélica: 
o que está antes do Big Bang? 
 Por fim, retomando aqui as definições dadas de alguns conceitos fundamentais aris-
totélico de ato e potência, forma e matéria, Deus deve ser inteiramente privado de poten-
cialidade, ou seja, precisa ser ato puro ou enteléquia. Caso possuísse potencialidade, pode-
ria e estaria sujeito a corrupção, ou seja, não seria perfeito, já que lhe faltaria algo, o que é 
absurdo. 
O conceito de substância é um dos principais conceitos legados por Aristóteles para à cultura. 
A substância, tal como compreendida pelo Estagirita, é a união de forma e matéria. A subs-
tância é o ser de forma essencial. As substâncias podem ser divididas entre aquelas que são 
formadas pela união de forma e matéria, e as substâncias divinas e espirituais, compostas 
essencialmente pela forma.
FIQUE ATENTO
Para aprofundar seu conhecimento sobre a metafísica aristotélica, confira na Biblioteca 
Pearson a obra Textos clássicos de filosofia antiga: uma introdução a Platão e Aristóteles, 
de Renata Tavares e Samon. Disponível em: (TAVARES; NOYAMAN, 2017)
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2.3 SANTO ANSELMO DE AOSTA E A PROVA ONTOLÓGICA 
DA EXISTÊNCIA DE DEUS 
26
 Anselmo de Aosta, da Cantuária ou simplesmente Santo Anselmo é o considerado o 
filósofo de maior influência no século XI. Além de representar e singularizar como poucos o 
espírito típico da Idade Média em termos culturais, a tentativa de síntese e harmonia entre 
fé e razão. “Eu não tento, Senhor, mergulhar em teus mistérios, porque minha inteligência 
não é adequada; desejo, porém, entender um pouco da tua verdade, que o meu coração já 
crê e ama. Não procuro compreender-te para crer, mas creio para poder te compreender. “ 
frase atribuída à Santo Anselmo sintetizadora desse espírito.
 A importância de Santo Anselmo para a discussão que apresentamos neste capítulo 
está relacionada com sua primazia como autor de uma longa e profícua trilha filosófica 
para argumentar a favor da existência de Deus: o chamado argumento ontológico. A força 
é de tal magnitude que ele reaparecerá em outros autores medievais como São Boaventu-
ra e São Tomás de Aquino; ou nos modernos como Descartes, Leibiniz, Kant e Hegel.
Figura 5: Santo Anselmo (1033-1109)
Disponível em: https://bit.ly/2NU8M5s Acesso em: 24 jan. 2021.
Comecei a perguntar a mim próprio se, por acaso, poderia 
encontrar-se um único argumento que não necessitasse 
de nenhum outro para se demonstrar, e que bastasse por 
si mesmo para garantir que Deus existe verdadeiramente, 
que ele é o Sumo Bern, sem nada de outra coisa precisar, 
do qual todas as coisas têm necessidade para existir, e bern 
existir, em suma, tudo o que nós acreditamos da substância 
divina. Inúmeras vezes, ardorosamente, voltei meu pensa-
mento para isto [...] E o que procurava, às vezes, parecia-me 
poder ser já captado, outras vezes fugia completamente ao 
olhar da mente. Desesperando, enfim, quis desistir como 
se [se tratasse] de investigar algo impossível de alcançar. 
Mas então que eu queria absolutamente excluir de mim 
este pensamento, receando que ele ocupasse futilmente 
a minha mente, impedindo-me de outras ocupações onde 
pudesse progredir, eis que ele começou com alguma im-
portunidade, a impor-se a mim cada vez mais, mau grado 
a minha rejeição e interdição. E, certo dia, enquanto me 
cansava em resistir com veemência a sua importunidade, 
aquilo de que eu desesperara ofereceu-se a mim de tal for-
ma no próprio conflito dos meus pensamentos, que abra-
cei com ardor o pensamento que antes, perturbado, repelia 
(SANTO ANSELMO, 1997, p. 12).
 https://bit.ly/2NU8M5s
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 O longo trecho acima sintetiza nas próprias palavras do filósofo o caminho do nas-
cimento do argumento ontológico da existência de Deus. Podendo guardada as devidas 
proporções compará-lo com a conversão de Paulo ao Cristianismo. Foi com incredulidade 
e hesitação que emergiu a prova a priori da existência de Deus. Ela é chamada de ontológi-
ca simplesmente porque a existência é algo dado ou é consequência natural e necessária 
do se segue na exposição.
 Dentre os argumentos apresentados por Santo Anselmo em favor da existência de 
Deus, podemos dividi-los segundo a ordem da sua própria obra: os argumentos a pos-
teriori presentes no Monologion e o argumento ontológico propriamente do Proslogion. 
Vejamos de forma sintética os quatros argumentos a posteriori do Monologion, ou como o 
próprio qualifica, dos efeitos para a causa. A primeira deriva da consideração da existência 
das coisas boas. A segunda prova derivada da ideia de grandeza entre as coisas. A terceira 
da deriva do simples fato de que nada pode se originar do nada. E a última na constatação 
dos graus de perfeição existentes.
 A primeira prova originária da existência do bem e do bom nas coisas pressupõem 
o problema da multiplicidade ou unicidade do bem. Para Anselmo, seguindo Santo Agos-
tinho e os neoplatônicos, o bem é um só, da qual deriva a bondade de todas as coisas. A 
segunda prova possui semelhança com a primeira, já que ao identificar a presença de 
diferentes grandezas, pressupõe uma infinita. A terceira prova tem um caráter mais meta-
físico, já que indaga e procura demonstrar a impossibilidade de algo derivar do nada. Ou 
em termos filosóficos, o ser não pode originar do não-ser. A última prova também seme-
lhante a demais parte da noção de hierarquia ou graus de perfeição que cada um observa 
no mundo para chegar até o ser perfeito por excelência.
Mesmo o insensato está, pois, convicto de que «alguma 
coisa maior do que a qual nada pode ser pensado» exis-
te pelo menos no intelecto: ele compreende-o quando 
ouve, e tudo o que é compreendido existe no intelecto. 
Mas, sem dúvida, «aquilo maior do que o qual nada pode 
ser pensado» não pode existir unicamente no intelec-
to. Se, na verdade. Existe pelo menos no intelecto, pode 
pensar-se que exista tambern na realidade. O que é ser 
maior. Como tal, se «aquilo maior do que a qual nada 
pode ser pensado» existe apenas no intelecto, então 
«aquilo mesmo maior do que o qual nadapode ser pen-
sado», é algo maior do que o qual algo pode ser pensado. 
Ora, [como e óbvio, isto é, c1aramente impossível. Existe, 
pois, sem a menor dúvida, «alguma coisa maior do que a 
qual nada pode ser pensado»>, tanto no intelecto como 
na realidade (SANTO ANSELMO, 1997, p. 16).
 O trecho acima expõe nas palavras do próprio Santo Anselmo o famoso argumento 
ontológico a favor da existência de Deus. Apesar da aparente simplicidade da argumenta-
ção, trata-se de uma prova forte e de grande envergadura e influência da História da Filoso-
fia, como visto aqui. O centro do argumento é sua universalidade, porque está presente em 
qualquer indivíduo. Mesmos os ateus ou não-crentes na existência de Deus tem na mente 
a ideia de um ser ou algo sumamente perfeito, em bondade, qualidade, grandeza ou qual-
28
O argumento ontológico tal como aqui apresentado e formulado por Santo Anselmo é a prova 
teórica mais utilizada por diferentes filósofos ao longo da História da Filosofia, para demons-
trar a existência de Deus. Havendo uma longa tradição que iniciada por Santo Anselmo chega 
até os românticos alemães no século XIX.
VAMOS PENSAR?
quer outro atributo. Se este ser é tão perfeito, que qualquer um consegue concebê-lo em 
sua mente, como não poderia existir na realidade? É uma contradição absurda pressupor 
um ser perfeito do qual careça o atributo da existência.
O principal argumento teórico a favor da existência de Deus exposto por Santo Anselmo na 
obra Proslogion recebeu o nome de prova ontológica. De simples assimi-lação, mas de pro-
funda agudez, o fundamento dessa demonstração está no estabelecimento da identidade 
entre essência e pensamento em Deus.
FIQUE ATENTO
2.4 DESCARTES E A FILOSOFIA MODERNA: TRÊS ARGUMENTOS
 A FAVOR DA EXISTENCIA DE DEUS 
Figura 6: René Descartes (1596-1650).
Disponível em: https://bit.ly/2P9OjKv Acesso em: 24 jan. 2021
 Dentre os diversos pensadores que discutem e tentam provar racionalmente a exis-
tência de Deus, Descartes é sem dúvida alguma um dos mais proeminentes. Não é difícil 
entender toda a relevância que Descartes assumirá na História da Filosofia: gênio matemá-
tico, um dos principais expoentes e promotor da Ciência na Modernidade tal como conhe-
cemos atualmente. 
 É interessante destacar que, as demonstrações feitas por Descartes para a existência 
de Deus, não atendem aos mesmos objetivos dos pensadores medievais e escolásticos. 
Descartes procura inserir a Metafísica dentro do contexto da Nova Ciência, dando-lhe um 
papel nobríssimo: o de alicerce ou fundamento do novo saber. Demonstrar a existência de 
Deus não tem como fim o atendimento de objetivos e interesses religiosos. A demonstra-
ção de Deus é fundamental para a construção e edificação do novo saber. Descartes apre-
https://bit.ly/2P9OjKv
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senta três argumentos ou provas da existência de Deus. Vejamos em detalhe.
 A primeira demonstração é conhecida como o argumento da ideia inata de Deus. 
Essa prova é elaborada e discutida na Terceira Meditação à Filosofia Primeira. O caminho 
para se chegar até a prova, tem como fio condutor o Eu que se apercebe como ser pen-
sante. Tendo vencido nesse caminhada um certo gênio maligno que poderia tentar nos 
enganar nessa busca para do saber verdadeiro. A certeza representada pelo cogito é esten-
dida também para a investigação sobre Deus. O Eu que se apercebe como ser pensante, 
que entende a si mesmo como um ser essencialmente espiritual, procura reconhecer e 
conhecer pelo mesmo exame metódico e minucioso se haveria outras ideias presentes na 
própria mente. Esse Eu descobre outas duas ideias inatas: a das coisas (res) ou mundo, e a 
ideia de Deus, do ser perfeito.
 Ora pois, Eu que acabei a pouco de me aperceber como um ser finito e imperfeito, ao 
examinar novamente minha mente, percebo que há em mim uma ideia distinta da minha 
natureza. Ou seja, trata-se de uma ideia de que Eu mesmo não posso ser autor, porque 
difere de mim em termos essenciais. Como um ser finito e imperfeito, pode ser causador 
da ideia de um ser infinito e perfeito? Logicamente é impossível. Tendo-se assim o próprio 
Deus o autor dessa ideia. Se quisermos esmiuçar ainda mais este argumento, podemos 
pensar nas espécies animais como exemplo. Do cruzamento entre dois cachorros, é im-
possível nascer um gato; do cruzamento entre dois gatos é impossível nascer um pato; 
e sucessivamente. Sendo assim, como eu que sou um ser reconhecidamente imperfeito, 
poderia originar a ideia de um ser perfeito?
E assim, a ideia de Deus permanece a única em que se 
deve considerar se há algo que não poderia provir de 
mim. Entendo pelo nome Deus certa substância infinita, 
independente, eterna, imutável, sumamente inteligente 
e sumamente poderosa e pela qual eu mesmo fui criado 
e tudo o que mais existente, se existe alguma outra coi-
sa. Todas essas coisas são tais que, quanto mais cuidado-
samente lhes presto atenção, tanto menos parece que 
elas possam provir somente de mim. Por isso, do que foi 
dito deve-se concluir que Deus existe necessariamente. 
Pois, embora haja em mim certa ideia de substância pelo 
fato mesmo de que sou substância, não seria, por isso, no 
entanto, a ideia de substância que fosse deveras infinita 
(DESCARTES, 2004, p. 45).
 A segunda prova da existência de Deus surge como consequência ou extensão di-
reta da primeira prova. Vamos nominá-la como o argumento da inseparabilidade entre 
essência e existência em Deus. Se o Eu pensante é capaz de aperceber uma ideia distinta, 
clara, evidente e perfeita como Deus em seu interior, esse Eu não pode ser origem dessa 
ideia. Essa ideia, como já discutido aqui, é uma ideia perfeita, portanto, a causa dessa ideia 
precisa ser de mesma natureza. Ou seja, a causa da ideia perfeita precisa ter origem um ser 
de igual natureza, um ser perfeito.
 Passamos assim a terceira e última prova da existência de Deus apresentada por 
Descartes nas Meditações. Este argumento é conhecido como a prova ontológica da exis-
tência de Deus. Como já visto aqui nesta obra, um dos primeiros a formulá-la tal como 
30
discutimos no interior da História da Filosofia, foi Santo Anselmo de Aosta durante a Ida-
de Média. A força desse argumento é impressiona porque volta e meia, ele reaparece e é 
reformulado por algum filósofo na discussão desse tema. Apresentemos nas palavras do 
próprio Descartes o núcleo central desse argumento.
Pois, de que não posso pensar um monte sem vale não 
se segue que monte e vale existam em algum lugar, mas 
apenas que, quer exista, quer não, monte e vale não po-
dem dissociar-se um do outro. Ao passo que, por eu não 
poder pensar Deus senão existente segue-se que a exis-
tência é inseparável de Deus e que, por conseguinte, ele 
existe verdadeiramente. Não que meu pensamento te-
nha tal efeito ou imponha alguma necessidade a coisa 
alguma, mas, ao contrário, é a necessidade da própria 
coisa, isto é, a existência de Deus que determina meu 
pensamento: tenho a liberdade de imaginar um cavalo 
com asas ou sem asas, mas não a de pensar um Deus 
sem existência (isto é, um ente sumamente perfeito sem 
a suprema perfeição) (DESCARTES, 2004, p. 139-141).
 O argumento ontológico da existência de Deus tem a mesma essência desde Santo 
Anselmo na filosofia Escolástica. A tese central da inseparabilidade entre essência e exis-
tência no ser de Deus. Pensar na separação entre essência e existência em Deus seria tão 
contraditório quanto pensar num triângulo que não tenha três lados. Descartes aponta 
para a necessidade da existência de Deus, como uma consequência lógica dos atributos 
de perfeição que a ele atribuímos ou julgamos este possuir.
Descartes é conhecido como um pensador dualista, já que o filósofo faz a distinção e a defesa 
da existência de duas realidades separadas e fundamentais: a res cogitans (o EU pensante) 
e a res extensa (o mundo). A realidade pensante tem primazia sobre a realidade extensa, já 
que o conhecimento é percebido essencialmente por um sujeito capaz de conceber as coisas 
como claras,distintas e evidentes.
FIQUE ATENTO
Para aprofundar seu conhecimento sobre a filosofia cartesiana, confira na Bi-
blioteca da Faculdade Única a obra Descartes, (GOMBAY, 2009). Disponível em: 
https://bit.ly/3pMha4d
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31
1. Aristóteles afirma em sua teoria do conhecimento, que cada ser ou objeto tem sua própria 
substância e seus acidentes. Para este filósofo, a substância
Adaptado de Provas - Prova e Gabarito - Professor de Filosofia - Prefeitura Municipal de 
Itumbiara - Goiás - Universidade Estadual de Goiás – 2008.
a) consiste nos elementos físicos que constituem a coisa.
b) é o propósito, o objetivo, a finalidade do ser específico.
c) é aquela que não altera a essência daquilo que um ser ou objeto é.
d) é o conjunto de todas as características fundamentais, como dimensão, qualidade, 
matéria etc.
e) é formada apenas por matéria e potência.
2. Adaptado de (UEM PR) “É, pois, com direito que a filosofia é também chamada a ciência 
da verdade: o fim da [ciência] especulativa é, com efeito, a verdade, e o da [ciência] prática, 
a ação; porque, se os práticos consideram o como, não consideram o eterno, mas o relativo 
e o presente. E nós não conhecemos o verdadeiro sem [conhecer] a causa.” 
ARISTÓTELES, Metafísica (L. II, cap. 1). Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 
1979, p. 39-40.
A partir do texto citado, assinale o que for correto.
(1) Para Aristóteles, a verdade deve ser eterna e imutável.
(2) Segundo Aristóteles, a filosofia é a única ciência verdadeira.
(4) Conhecer a causa de uma ação é conhecer a sua verdade.
(8) Para Aristóteles, a verdade de algo se conhece por meio das causas desse algo.
(16) Para Aristóteles, a ciência prática volta suas atenções para como as coisas estão 
 dispostas e não para as causas destas.
A soma correta é
a) 01.
b) 02.
c) 05. 
d) 16.
e) 25.
3. (UEM PR) “É, pois, manifesto que a ciência a adquirir é a das causas primeiras (pois dizemos 
que conhecemos cada coisa somente quando julgamos conhecer a sua primeira causa); 
ora, causa diz-se em quatro sentidos: no primeiro, entendemos por causa a substância e a 
quididade (essência) (o ‘porquê’ reconduz-se pois a noção última, e o primeiro ‘porquê’ é 
causa e princípio); a segunda [causa] é a matéria e o sujeito; a terceira é a de onde [vem] o 
início do movimento; a quarta [causa], que se opõe à precedente, é o ‘fim para que’ e o bem 
(porque este é, com efeito, o fim de toda a geração e movimento).” (ARISTÓTELES. Metafísica, 
FIXANDO O CONTEÚDO
32
livro I, cap. III. Coleção Os Pensadores, São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 16).
A partir do trecho citado e com base nos conhecimentos da filosofia de Aristóteles, assinale 
o que for correto.
(1) As causas são os princípios dos seres.
(2) Conforme o texto, só há uma única causa de todos os seres.
(4) A terceira causa, também conhecida como gênese ou origem, opõe-se à quarta 
 causa, que é a finalidade ou o fim de algo.
(8) A matéria de algo é causa na medida em que não pode existir ser ou substância sem 
 matéria.
(16) O conhecimento verdadeiro de algo implica o conhecimento de suas causas.
A Soma correta é
a) 4 .
b) 6. 
c) 8.
d) 24.
e) 29.
4. “Isto [que «alguma coisa maior do que a qual nada pode ser pensado» existe tanto no 
intelecto como na realidade], em todo a caso, e tão verdadeiro que nem se pode pensar 
que não exista. Porque pode-se pensar que exista alguma coisa, a qual não se possa pensar 
que não existe; o que é ser maior do que aquela que se pode pensar que não existe. Daí 
que, se se pode pensar que «alguma coisa maior do que a qual nada pode ser pensada» 
não existe, [então] aquilo mesmo «maior do que o qual nada pode ser pensado» não é 
«aquilo maior do que o qual nada pode ser pensado»; o que não pode convir. Deste modo, 
«alguma coisa maior do que a qual nada pode ser pensado» existe tão verdadeiramente 
que não se pode pensar que não existe.” 
(SANTO ANSELMO, Proslogion, 1997, p.17)
No trecho acima, Santo Anselmo faz a descrição de uma importante prova filosófica-
teológica desenvolvida por um filósofo medieval para atestar a existência de Deus. Assinale 
a alternativa correta com o nome do filósofo e do argumento.
a) Santo Tomás de Aquino e o argumento da eternidade de Deus.
b) Santo Agostinho e o argumento da eternidade de Deus.
c) Santo Anselmo e o argumento ontológico.
d) São Boaventura e o argumento da imutabilidade de Deus.
e) São Benedito e o argumento da bondade eterna.
5. “São quatro as provas com as quais Anselmo mostra como, a partir do mundo, se chega 
a Deus. A primeira deriva da consideração de que cada qual tende a se apoderar das 
coisas que julga boas. Mas os bens são múltiplos não espacial, mas qualitativa. A variedade 
dessa grandeza, por nós constatada, exige a suma grandeza, da qual todas as outras são 
participação gradual. A terceira não deriva de um aspecto particular da realidade (bondade 
ou grandeza), mas do ser simplesmente. Eis a formulação de Anselmo: ‘Tudo aquilo que 
33
existe, existe em virtude de alguma coisa ou em virtude de nada. Mas nada existe em 
virtude de nada, isto é, do nada não provem nada. Assim, ou se admite a existência do ser 
em virtude do qual as coisas existem ou nada existe.’ A quarta deriva da constatação dos 
graus de perfeição, apoia-se sobre a hierarquia dos seres e exige que exista uma perfeição 
primeira e absoluta.” 
(REALE, 2003, p. 149-151)
O trecho acima apresenta sinteticamente um resumo das quatros primeiras provas sobre 
a natureza de Deus apresentada por Santo Anselmo no Monologion. É correto afirmar que 
o objetivo de Santo Anselmo nessa obra foi
a) demonstrar a existência de Deus de forma prática ou a posterior.
b) demonstrar a existência de Deus de forma prática e metafísica.
c) demonstrar a existência de Deus a partir da leitura do livro bíblico do Gênesis.
d) demonstrar a existência de Deus de forma prática e a priori.
e) demonstrar a existência de Deus através da fé.
6. Nas Meditações à Filosofia Primeira, o filósofo René Descartes afirma que a essência 
do homem está plenamente expressa em sua capacidade de pensar através do celebre 
enunciado “cogito, ergo, sum”. Diz o filósofo “para fazer conhecer que o eu que pensa é 
uma substância imaterial e não tem nada de corpóreo e são duas coisas muito diferentes. 
De resto, é uma coisa tão simples e tão natural inferir que se existe do fato de duvidar, que 
poderia ter saído da caneta de qualquer um”. Dessa forma, para Descartes o homem é um 
ser que possui duas naturezas extremamente distintas entre si, já que uma é imaterial e a 
outra não o é. 
Tendo por base essas e outras informações, identifique a alternativa correta que caracteriza 
as duas realidades do ser humano segundo Descartes.
a) Segundo Descartes, o homem possui duas substâncias: a res cogitans e a res extensa ou 
seja, a realidade pensante e a realidade corporal.
b) Segundo Descartes, o homem possui duas substâncias: a res matéria e a res animale, ou 
seja, a realidade corporal e a realidade material.
c) Segundo Descartes, o homem possui duas substâncias: a res cogitans e a res anima, ou 
seja, a realidade pensante e a realidade da alma.
d) Segundo Descartes, o homem possui duas substâncias: a res extensa e a res universal, 
ou seja, a realidade corporal e a realidade universal.
e) Segundo Descartes, o homem possui duas substâncias: a res cogitans e res universal, 
realidade da alma e do universo.
7. “E assim, a ideia de Deus permanece a única em que se deve considerar se há algo que não 
poderia provir de mim. Entendo pelo nome Deus certa substância infinita, independente, 
eterna, imutável, sumamente inteligente e sumamente poderosa e pela qual eu mesmo 
fui criado e tudo o que mais existente, se existe alguma outra coisa. Todas essas coisas são 
tais que, quanto mais cuidadosamente lhes presto atenção, tanto menos parece que elas 
possam provir somente de mim. Por isso, do que foi dito deve-se concluir que Deus existe 
necessariamente. Pois, embora

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