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1 Laís Flauzino | PEDIATRIA | 6°P MEDICINA 2M2 DISTÚRBIOS METALÓBICOS NO RECÉM-NASCIDO CÁLCIO: • Os distúrbios metabólicos desempenham importante frequência de internação nas UTI neonatal • Cálcio é íon essencial na integridade funcional dos nervos e músculos (influencia na excitabilidade e produção de neurotransmissores) • Necessário para contração muscular, função cardíaca, manutenção da integridade das membranas e na coagulação sanguínea Aspectos fisiopatológicos: • No último trimestre, a troca materno-fetal atinge aproximadamente 100 a 150 mg/kg de peso fetal ao dia (350 mg/dia no último mês) O bebê acostuma com muito cálcio. o paratormônio tem a função de tirar do osso e colocar no sangue e a calcitonina pega o cálcio do sangue e coloca no osso. Se tem muito cálcio no sangue, a paratireoide vai ser mais inibida e essa inibição faz a criança nascer com a paratireoide preguiçosa. • Nas últimas semanas da gestação, a calcemia do feto é 2 mg% acima dos níveis maternos. • Após o nascimento ocorre uma baixa de cálcio extracelular. • Os níveis de cálcio sérico nos 3 primeiros dias de vida correlacionam-se com a idade gestacional. • Grau de maturação da paratireoide neonatal • Inabilidade da paratireoide para responder ao “stress” hipocalcêmico: hipoparatireoidismo funcional, devido aos altos níveis de íons cálcio no sangue do cordão. Ocorre melhora da função da paratireoide depois de 2 a 4 dias de vida. • Elevados níveis de calcitonina ao nascimento – pois a criança está crescendo • Provável resistência à ação do PTH nos órgãos alvos. é mais comum ter hipocalcemia do que hiper. Geralmente em prematuros já suplementa cálcio pq a criança recebe mais cálcio no final da gestação. Interação do cálcio com o magnésio: Aumento do cálcio no túbulo renal leva a um aumento na excreção do magnésio. Aonde o cálcio vai, o magnésio vai atras. A hipomagnesemia leva a hipocalcemia por vários mecanismos: • Diminuição da produção do PTH • Resistência do órgão alvo ao PTH • Diminuição da absorção intestinal do cálcio com ou sem alteração no metabolismo da vitamina D • Diminuição da troca interiônica do cálcio pelo magnésio do osso. Na hipocalcemia intratável com apenas o uso de cálcio, pensar em hipomagnesemia. A insistência com altas doses de cálcio agrava ainda mais a hipomagnesemia, por haver sítios de absorção comuns ao cálcio e ao magnésio no intestino e túbulos renais; um aumento do cálcio, apresentado a esses sítios, resultará numa diminuição da absorção intestinal de magnésio ou num aumento de sua perda urinária. Interação do cálcio com o equilíbrio ácido-basico: • A acidose (H+) aumenta o fluxo de cálcio do osso para o espaço extracelular, enquanto a alcalose (aumento de bicarbonato) diminui ou reverte este fluxo. Acidose estilo PTH, alcalose estilo calcitonina. Se tenho uma diminuição de cálcio no sangue posso usar bicarbonato. • A calcemia iônica começa a cair 30 a 60 minutos após o uso do bicarbonato de sódio. • Cada aumento do pH de 0,1, a calcemia iônica cai 0,46 mg% HIPOCALCEMIA: Cálcio sérico < 8mg% ou cálcio iônico < 3,0- 4,4mg% A diferenciação da forma precoce é difícil pela presença de fatores que podem estar relacionada às duas formas (hiperparatireoidismo fetal 2ª ao materno). Pode ser pq somente a criança tem cálcio reduzido ou pq a mãe tem hiperparatireoidismo. Se a mãe tem hiperparatireoidismo: muito paratormônio, pouco cálcio no sangue da mãe, consequentemente o bebê não vai receber cálcio, então ele ativa o sistema do paratormônio dele então vai ter um hiperparatiroidismo secundário no bebê pq a mãe tem o primário. Se a mãe tem hipoparatireoidismo: pouco paratormônio, cálcio elevado no sangue, bebe recebe muito cálcio, a paratireoide no bebê vai estar suprimida. Hipocalcemia precoce (primeiras 24 – 48 horas de vida) • 1/3 dos RNPT (50% nos RN MBP) – tem diminuição do cálcio pq não receberam no último trimestre e ainda tem problema na paratireoide. • 1/3 dos RN com asfixia ao nascimento (Secundário à liberação de cortisol e catecolaminas com aumento da calcitonina sérica) Pq quando você tem estresse metabólico, você libera adrenalina e cortisol – provocam hiperglicemia. E também aumenta a calcitonina pq precisa de cálcio para aumentar as reações metabólicas (cardíacas, neuronais etc). 2 Laís Flauzino | PEDIATRIA | 6°P MEDICINA • 20.7 – 60% dos RN FMD (mãe diabética) insulinodependentes (diminui para 12,5% com o melhor controle glicêmico) – quando a mãe melhora o controle glicêmico, tem menos hipocalcemia. • Exsanguíneotransfusão (combinação do citrato com o cálcio iônico) – faz com que o cálcio seja quelado no sangue • Traumatismo obstétrico – é um traumatismo, induz a resposta metabólica ao trauma • Sepse – é estresse, libera adrenalina, cortisol etc. • Hipoparatireoidismo congênito: síndrome de Di George (Cardiopatia, ausência de timo e paratireóides) – a paratireoide não funciona e por isso não tem cálcio. Hipocalcemia tardia (após os primeiros dias de vida a semanas após o nascimento): • Associada a ingestão excessiva de fósforo quando o RN é alimentado com leite de vaca (as relações P/Ca e P/Mg são quatro vezes maiores que as do leite humano) – o fósforo diminui a [] de cálcio no sangue. • Na idade de 2 a 5 anos, essas crianças apresentam severa hipoplasia do esmalte dentário. • Distúrbio da vitamina D: aumento do catabolismo hepático secundário ao uso materno de fenobarbital ou fenitoína – esses medicamentos tem ação na vitamina D e aumenta a degradação da vitamina D, então tem menos absorção de cálcio e fósforo. • Uso de bicarbonato de sódio, hiperventilação (alcalose respiratória) – se usa bicarbonato, tira o cálcio do sangue e coloca no sangue (Estilo calcitonina). Hiperventilação elimina muito CO2. Se o pct está com acidose metabólica e respiratória, uma hiperventilação melhoraria o cálcio. Clínica: Tremores, hiperexcitação, tônus aumentado, abalos, convulsões, cianose, vômitos, intolerância alimentar, choro estridente e insuficiência cardíaca (não tem Ca para fazer a parte elétrica no coração) Os RN com hipocalcemia precoce podem apresentar hipotonia generalizada a estupor (perda da consciência) – então um prematuro que está hipotônico e desmaia, você faz glicemia e se ela estiver boa, você pensa em cálcio. Na hipocalcemia tardia: reflexos profundos hiperreativos, clônus, hipertonicidade, aumento da resposta muscular a estimulação, estado hiperalerta entre as convulsões (frequentemente multifocais e migratórias). Tratamento: Com clínica: “Push” – Gluconato de cálcio a 10% - 2ml/Kg + AguaDestilada (1:1) EV, na velocidade de 1ml/min Interromper a administração quando a frequência cardíaca < 110 a 120 bpm e/ou quando a clínica de hipocalcemia desaparecer. Se a FC começar a reduzir, é hora de parar pq está em excesso. A infusão de gluconato de cálcio causa bradicardia. Ter sempre à mão o Bicarbonato de Sódio e lavar o cateter antes da infusão de Bicarbonato de Sódio – caso a FC abaixe muito, pois o bicarbonato de sódio tira o cálcio do sangue e coloca no osso. Colocou muito cálcio no sangue, a FC cai. Precisa tirar o cálcio, tira com o bicarbonato que age similar à calcitonina. Manutenção: • 2ml/kg dia na perfusão venosa, perfazendo o total de 4ml/Kg/dia. • Manter o cálcio sérico total entre 8 – 10 mg% e o cálcio ionizado entre 3 – 4 mg%. Observação: 1) O “push” só se justifica com clínica evidente, principalmente convulsão, caso contrário, 4 ml/Kg/dia na perfusão venosa e controlar a calcemia 6 a 12 horas depois. 2) Ao administrar o cálcio EV pelo cateter umbilical, certificar-se que a ponta do cateter não esteja em localização intracardíaca. Pct pré-termo, 32s de idade gestacional, nasceu com RCIU – tendencia do cálcio é descer (hipocalcemia) e tem quadro de hipotonia, cianose e estupor/desmaia:pede a glicemia está normal (60), pensa em cálcio e faz gluconato de cálcio infundindo devagar. PROGNÓSTICO: Na maioria das vezes, a hipocalcemia por si só não é responsável pelo quadro neurológico, estando quase sempre associada a outras causas. Parece não haver dano neurológico pela hipocalcemia apenas (prognóstico excelente) Hipocalcemia pode causar surdez pq há desequilíbrio da endolinfa. HIPERCALEMIA: Cálcio total > 10,5 a 11 mg% ou cálcio iônico > 4,5 a 5mg% Causas: • Deficiência de fosfato: uso de nutrição parenteral prolongada • RN de baixo peso com aleitamento materno exclusivo (aumenta a dihidroxi-vitamina D, com maior absorção intestinal de cálcio e uma maior reabsorção óssea) • Adiponecrose: devido ao aumento da produção de 1,25 – dihidroxi-vitamina D pelas células granulomatosas da adiponecrose e devido ao aumento da prostaglandina E que aumenta a reabsorção óssea de cálcio Crianças que têm muitas lesões libera adiponecrose que aumenta a produção de vitamina D e isso 3 Laís Flauzino | PEDIATRIA | 6°P MEDICINA aumenta prostaglandina que aumenta a reabsorção de cálcio. Calcitriol – vitamina D ativa (Ajuda absorção de cálcio) • Hiperparatireoidismo primário: hipercalcemia (< 25 mg% de cálcio total), hiperfosfatemia, hiperfosfatasia, hipercalciúria e fosfatúria • Hiperparatireoidismo secundário: devido à crônica estimulação da paratireóide fetal pela hipocalcemia fetal consequente á hipocalcemia materna Clínica: • Hipotonia e letargia (casos Agudos) • Perda de peso ou ganho insuficiente (caso crônico) • Constipação • Vômitos • Convulsões • Poliúria • Apneia Muito parecido com hipocalcemia. Tratamento: • Diminuir a ingesta de cálcio e vitamina D – nos casos crônicos. Casos agudos: • Expansão com soro fisiológico a 0,9%: 10- 20ml/kg + furosemide: 2mg/Kg EV. Quanto mais expandimos, maior a filtração renal e por conta disso, há maior eliminação renal de cálcio. Furosemida ajuda a eliminar, mas tem que ter cuidado com o potássio. • Pode repetir a cada 4-6 horas (monitorizar balanço hídrico e eletrolítico) • Prednisona: 2 mg/kg/dia (inibe a reabsorção de cálcio nos ossos, no intestino e nos rins), principalmente nas adiponecrose e hipervitaminose A e D. MAGNÉSIO: O magnésio desempenha papel importante na excitabilidade cardíaca (intervalo QT, repolarização tardia), na contração muscular (magnésio é liberador da acetilcolina), na irritabilidade neuronal, no controle do tônus vasomotor e canais de cálcio, além da regulação da adenilato-ciclase e proteção da injúria oxidativa. Está relacionado a excitabilidade intestinal – aumenta o peristaltismo. HIPOMAGNESSEMIA: Magnésio total < que 1.6 mg%/ magnésio ionizado < que 0,97 mg% • Somente 41% dos RNs com hipomagnesemia total apresentam magnésio iônico baixo; • O magnésio iônico é dependente de outros fatores, como pH sanguíneo, albumina sérica, concentração sérica de fosfato, cálcio e bicarbonato. Causas: • RN filho de diabética insulino-dependente (aumento da excreção renal de magnésio). • Coexistência com a hipocalcemia resistente – magnésio é dependente de cálcio • Exsanguineotransfusão (o citrato forma quelato com o magnésio). • Hiperfosfatemia neonatal (ingesta de grande quantidade de fósforo do leite de vaca está relacionado ao cálcio, então relaciona com o magnésio). • Uso de aminoglicosídeos – age diretamente no magnésio • Hipoparatireoidismo neonatal – hipocalcemia • Síndrome de má-absorção. • RN de baixo peso, especialmente se a mãe teve pré-eclâmpsia (mães com pré-eclâmpsia grave que usaram Mg, podem dar à luz RN com hipermagnesemia + hipercalcemia secundária à troca interiônica de Ca por Mg no osso. Pré-eclampsia - um distúrbio de migração da placenta que dá hipertensão arterial na mãe, aumenta a resistência periférica – convulsão da mãe com hipertensão. É usado sulfato de magnésio para tratar a convulsão. Clínica: Os sinais clínicos estarão mais presentes quando o magnésio sérico estiver abaixo de 1,2 mg%, e são semelhantes à hipocalcemia, mas não responsiva ao cálcio; as convulsões são tônicas, focais ou mesmo generalizadas. Tratamento: • Sulfato de Magnésio a 50%: 0,25 ml/kg/dose IM • Repetir 8 horas após, se persistir a clínica ou a dosagem de mg estiver ainda baixa; há perigo de bloqueio neuromuscular (hipotonia – magnésio pode bloquear a acetilcolina). Pode dar bradicardia também. • Antídoto: Gluconato de Cálcio Se deu sulfato de magnésio, a criança começou a ficar hipotônica e bradicardica, dá gluconato de cálcio. Se estiver hipocalemica, dar muito gluconato e fez bradicardia, o antídoto é bicarbonato. • Nota: Sulfato de Magnésio 50% = 4 mEq/ml. • Sulfato de Magnésio 12,5% = 1 mEq/ml 0,8 ml/kg/dose HIPERMAGNESEMIA: Magnésio sérico > 2,5 mg% CAUSAS: • Administração de sulfato de magnésio à mãe para tratamento da pré-eclâmpsia (devido à supressão da produção do hormônio da paratireóide e da 1,25 (OH) 2 D, cálcio sérico pode estar baixo e inclusive resultar em raquitismo se a terapia materna é prolongada (como na tocólise) • A hipermagnesemia pode deslocar o cálcio do osso (aumento do Ca sérico) 4 Laís Flauzino | PEDIATRIA | 6°P MEDICINA • Administração neonatal de magnésio: nutrição parenteral, antiácidos e enemas. As ações do magnésio são: Gastrintestinal: diminuição do peristaltismo intestinal afetando as células musculares lisas ou diminuindo excitabilidade fibras nervosas musculares. Neuromuscular: inibe a liberação de acetilcolina na junção neuromuscular, levando a fraqueza e hipotonia (hipomagnesemia) e paralisia e hiporreflexia (hipermagnesemia) Causa depressão respiratória por provocar fraqueza ou paralisia dos músculos respiratórios. Cardiovascular: bloqueadora dos canais de cálcio. diminui condução elétrica do coração → Hipotensão. Supressão da produção de paratormônio e da 1,25(OH)2D, levando ao raquitismo e aumento do cálcio sérico. Clínica: • Hipotensão – baixa o débito • Retenção urinária. • Depressão do Sistema Nervoso Central (SNC). • Hiporreflexia e letargia (devido ao bloqueio da produção de acetilcolina nos membros). (crônicos) • Aumento no tempo de condução atrioventricular e ventricular. • Depressão respiratória – pelo bloqueio da acetilcolina • Anormalidades ósseas (RX) em 11,4 %: relacionadas à duração do uso do sulfato de magnésio na mãe. • Diminuição do trânsito intestinal. • Retenção de resíduos gástricos com distensão abdominal. • Atraso na liberação de mecônio (síndrome do tampão meconial). • Perfuração intestinal. • Arritmias Tratamento: • Hidratação adequada. • Gluconato de cálcio 10%: 1 ml/kg EV (dosar cálcio sérico antes): o cálcio é um antagonista direto do magnésio. • Furosemide: (1-2 mg/kg EV): acelera a excreção de magnésio. Casos graves (depressão hipermagnesêmica grave): exsanguineotransfusão com sangue contendo citrato/forma complexo com o magnésio, acelerando a sua remoção. Casos refratários: diálise peritoneal – se não conseguir tirar o magnésio. HIPOGLICEMIA NEONATAL: Qual é a glicemia normal? 50mg no RN Hipoglicemia < 50. Ou em casos de RN com sintomas como hipotonia, cianose. A glicose sanguínea é o substrato-chave para a produção de energia durante os períodos perinatal, natal e pós-natal (contribui para quase 80% das necessidades de energia total do feto - desenvolvimento). Durante o período perinatal, o contínuo suplemento de glicose ao feto vem da mãe. No feto normal, não há produção de glicose endógena. Após o nascimento, a passagem contínua de glicose para o feto é interrompida e, nas primeiras horas após o nascimento, há uma fase de transição de níveis baixos de glicose no sangue fisiologicamente normais (hipoglicemia neonatal de transição), que se normaliza em torno de 72 horas após o nascimento. RN a termo AIG: níveismenores de glicose nas primeiras 2-4 horas, porém se amamentar de 3 em 3 horas mantem a glicemia – por isso fala para mãe dar o peito de 3 em 3h. Hipoglicemia neonatal de transição = processo de adaptação fisiológica normal. A queda de glicose parece essencial para facilitar a transição fisiológica para a vida neonatal que inclui: • Aumento na produção de glicose por glicogenólise, gliconeogênese • Estimulação do apetite. Hipoglicemia estimula o cérebro à fome. • Adaptação aos ciclos de jejum e pós-prandial • Promoção de um metabolismo oxidativo da gordura usando lipídios dos depósitos e ingeridos no leite. No entanto, para NR PIG prematuro: este processo de adaptação hormonal e metabólico é imaturo e subdesenvolvido. (seu metabolismo não é bom ainda, então o sistema não supre a hipoglicemia) Por que é difícil definir hipoglicemia neonatal: Forma e local de coleta influenciam nos resultados das dosagens da glicose sérica, principalmente o uso de tiras (fitas reagentes) A glicemia venosa é 10% menor que a arterial. Não confundir com plasmática – a sanguínea é a do dedo, e a plasmática é a que tira da veia. Por outro lado, as concentrações de glicose no sangue venoso são 10% mais baixos do que arterial. 5 Laís Flauzino | PEDIATRIA | 6°P MEDICINA Para medir a glicose no plasma, a amostra de sangue deve ser coletada em um tubo contendo fluoreto, de modo a inibir a glicólise. Hipoglicemia significante é o nível de glicose plasmática ou sanguínea no qual o indivíduo apresenta uma resposta única a uma circunstância anômala causada pela redução do suprimento de glicose para um órgão alvo, no caso o cérebro. Qual é o nível neuroglipênico que leva a sintomas? É impossível estabelecer um simples valor de glicose no sangue que conduz a dano cerebral e este dano está na dependência da gravidade, duração e frequência de hipoglicemia. O que temos considerados níveis normais de glicose Glicose sanguínea > 50mg% que equivale a uma glicemia plasmática de 60mg% (a glicemia plasmática é aproximadamente 10-15% maior que a sanguínea), garantindo um possível nível seguro para prevenir possível comprometimento do SNC. A hipoglicemia aumenta o fluxo sanguíneo cerebral em 2-3 vezes. Fluxo sanguíneo cerebral: • Diminui IR eleva FSC 2 a 3 x (glicemia: 30mg%) • Recrutamento de capilares normalmente não perfundidos – os capilares que estavam fechados vão dilatar e isso pode causar hemorragia por rompê-los. Pacientes de risco para apresentar hipoglicemia: Quaisquer estados patológicos que afetam a produção ou utilização de glicose vai levar a hipoglicemia. • RCIU – restrição do crescimento intrauterino • O menor dos gêmeos discordantes – gêmeos na mesma placenta vão puxar os mesmos vasos, mais sangue para um, menos para outro. • Filhos de mães com pré-eclâmpsia • Prematuros – imaturidade do sistema • Asfixia perinatal – aumento dos hormônios contrarreguladores da insulina para ter hiperglicemia • Hipotermia: o RNs de mães diabéticas – a mãe diabética tem muita glicose, essa glicose vai para o bebê intraútero, se ele tem muita glicose ele vai liberar insulina (anabólico – de crescimento celular) para tirar a glicose do sangue, a criança vai ser GIG, quando o bebê nasce, cortou abruptamente uma glicose que ele recebia em excesso, ele passou a gestação ativando a insulina, e ai ao nascimento ele continua produzindo insulina, mas tem pouca glicemia e ai ocorre a hipoglicemia. Filhos de mãe diabética também tem imaturidade pulmonar – diminuição da produção surfactante – então nascem com falta de ar. • GIG proporcionais – filhos de mãe insulinodependente desde o início da gestação o Erros inatos do metabolismo: deficiência da glicose 6- fostato, frutose 1-6- difosfatase, galactosemia. o Síndrome de Beckwith-Wiedemann (hiperplasia das células beta-pancreáticas). – aumenta a produção de insulina nas células beta-pancreáticas, ou seja não foi induzido pela mãe, o bebê nasceu geneticamente com as células hipertrofiadas o Doença hemolítica pelo sistema Rh (hipoglicemia hiperinsulinêmica). o RNs cujas mães fizeram terapêutica tocolítica com beta-simpaticomimético (salbutamol – ligado a ação da insulina) para inibir o trabalho de parto prematuro (2/3 dos casos). Clínica: • Tremores, convulsões, apatia, recusa alimentar • Apnéia com bradicardia, cianose, hipotonia, hipotermia • Insuficiência cardíaca congestiva no RN-PIG (devido ao insuficiente substrato energético cardíaco) – gastou a glicose até que estava destinada ao coração (caso muito grave) Nos períodos neonatal e infância, hipoglicemia não pode ser definida pelo aparecimento dos sinais e sintomas uma vez que estes tendem a ser inespecíficos e não são fáceis de reconhecer neste grupo etário. Triagem: 6 Laís Flauzino | PEDIATRIA | 6°P MEDICINA Obs: o nível de glicose sanguínea cai 18mg/hora quando o sangue fica em temperatura ambiente. Fita-reagente para os RN de risco Mede a glicemia sanguínea/colhemos na mãozinha • RN PIG/GIG e prematuros: 6 – 12 – 24 horas • RN de Diabética:1 – 2 – 3 – 6 – 12 – 24 horas • RN com Doença Hemolítica pelo fator Rh: 6 – 12 – 24 h e 6 h • Após Exsanguinotransfusão O limiar da dor no calcâneo é menor, se comparado com extremidades fibras inibitórias descendentes da dor: inicialmente na porção cervical da coluna dorsal e mais tardiamente até a porção lombar. Teste do pezinho (feito na mãozinha) Recém nascidos pequenos para a idade gestacional (PIG) PIG simétrico (IP > P10) e PIG assimétrico (IP <P10) Entre P10 e P90 é adequado para IG Pig – pequeno Gig – grande para idade gestacional RN, 40 semanas, peso 2000g, 45 cm RN PIG simétrico – é todo pequeno PIG assimétrico, fora da curva Gig obeso tem mais tendencia à hipoglicemia. HIPERINSULINISMO NEONATAL: Semelhante aos RNs de diabéticas, as crianças com hiperinsulinismo congênito têm excessiva secreção de insulina intrauterina, são frequentemente grandes para a idade gestacional e apresentam hipoglicemia nos primeiros dias de vida. Nos RNs com hiperinsulinismo congênito, este excesso de secreção de insulina não é devido à hiperglicemia. Em vez disso, decorre de defeitos genéticos nas vias que regulam a secreção de insulina. A forma mais comum de hiperinsulinismo congênito é devido a mutações nos genes que codificam para a celula B (K-atp) do canal de potássio sensível ao ATP composto pelo receptor de sulfoniluréia I (SUR I) e mutação dos canais de potássio (KIR6.2). Estas mutações podem causar doença difusa (na qual todos as células-B do pâncreas são afetadas) ou doença focal (em que um clone isolado de células-B hipersecreta insulina). Ambas as formas são geralmente resistentes ao tratamento com o agonista do canal Katp diazóxido, e requerem pancreatectomia. 7 Laís Flauzino | PEDIATRIA | 6°P MEDICINA De 68 casos, 58 com pancreatectomia / 10 sensíveis ao diazóxido (inibe a produção de insulina no pâncreas). Se o diazóxido não fazer efeito, a opção é pancreatectomia. Complicação importante miocardiopatia hipertrófica (o uso de corticosteróide agrava) Hipoglicemia neonatal Lesão cerebral Filan pm, 2006: 4 casos de hipoglicemia repetida e prolongada, hiperinsulinismo transitório. Lesão cerebral na região occipital Durante a hipoglicemia: em contraste com outras regiões cerebrais, corre redução do fluxo sanguíneo na região occipital (há alteração visual) Consequências:desabilidade, distúrbio visual, epilepsia (status epilepticus na infÂncia:Montassira H,2010 RN com hipoglicemia resistente, convulsões de difícil controle. TRATAMENTO HIPOGLICEMIA NEONATAL: SINTOMÁTICO < 40 mg/dl sintomáticos geralmente mas pode ser 50mg • Push (clínica: convulsão; apnéia): 200 mg/Kg de Glicose em 1 minuto, que é igual a 2 ml de Glicose a 10% diluído em água destilada.Usar uma linha venosa segura.• Manutenção: com Glicose a 10% 5 a 8 mg/Kg/min: • 0,05 a 0,08 X peso (Kg) X 1440 = quantidade de ml de glicose a 10% que deverá correr em 24 horas. Menino nasceu hipotônico, cianótico, faz glicemia capilar. Menino GIG com sinais de desconforto respiratório, ficou cianótico, hipotônico – fez glicemia capilar, deu 30. Hipoglicemia com sintomas, faz push de glicose. Tratamento assintomática: Obs: < 45 mg/dl sintomáticos em 24 a 48 h de vida Dar o peito • TIG 4-8 mg/Kg/min em RN prematuro: 4- 6mg/Kg/min • Reduzir os gastos energéticos (tratar a septicemia, corrigir a acidose, propiciar ambiente térmico neutro). Se a glicemia persistir menor que 50 mg%, 24-36h após, introduzir: Hidrocortisona (indução das enzimas gliconeogênicas) na dose de 10-15mg/kg/dia –12/12 horas, EV, durante 2 a 3 dias ou Prednisona: 2 mg/kg/dia – VO, podendo ser suspenso abruptamente Glucacon: estimula a glicogenólise. A glicose pode subir muito rapidamente com aumento da produção de insulina e o problema não se resolve. Risco de hiponatremia e trombocitopenia (quase não usado) Persistindo a hipoglicemia: Diazóxido 10 – 15mg/kg/dia – VO – 8/8 h (suprime a sec. pancreática de insulina) - não resolvendo: somatostatina de ação prolongada - pancreatectomia (total / parcial) • Hipoglicemia persistente: Nutrição parenteral Desmame: fazer em 12 a 24 horas, na dependência do risco e de acordo com a aceitação da dieta: sucção ou gavagem sem resíduo gástrico. Para os RN onde a taxa hídrica venosa não esteja influenciando a cota hídrica Menino normal, pode mamar, assintomático: mama. Continua baixa – põe a TIG. Bebe sintomático – faz push. Depois HV com a TIG. Se puder mamar, deixa mamar e desmama HV. Se for prematuro assintomático, não pode mamar – TIG (taxa de infusão de glicose) Prematuro sintomático – push. Se não resolver, faz hidrocortisona. PROGNÓSTICO A convulsão na hipoglicemia é um verdadeiro “divisor de águas” /relacionado com a duração e tempo em hipoglicemia.