Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Júlia Figueirêdo – DESORDENS NUTRICIONAIS E METABÓLICAS Tratamento Mecanismo de Ação Efeitos Adversos Contraindicações Sulfonilureias (glicazida e glibenclamida) Promovem o bloqueio de canais de K+ nas células β-pancreáticas, estimulando a LIBERAÇÃO de vesículas de insulina Causa hipoglicemia (minimizada por preparação de liberação prolongada – CUIDADO EM PACIENTES IDOSOS)) e ganho de peso Insuficiência renal crônica, insuficiência hepática grave, hipersensibilidade, gestação e lactação Glinidas (Repaglinidas) Agem como secretagogos de insulina, assim como as sulfonilureias, apresentando pico de ação curto (1h), o que justifica a administração 30 min antes das refeições Provocam hipoglicemia (prescrever com cautela para idosos) e ganho de peso discreto NÃO devem ser associados às sulfonilureias (mesmo mecanismo de ação)! IMPORTANTE: não há contraindicação para pacientes com DRC ou hepatopatia grave Inibidores de DPP-4 (linagliptina, sitagliptina) Provocam a supressão de DPP-4, enzima que degrada o GLP-1 (incretinas), com atividade glicose-dependente (efeito pós- prandial) Faringites, mialgia (autolimitados), náusea, cefaleia e pancreatite (efeito raro) Hipersensibilidade, insuficiência cardíaca (classes III e IV, devido a aumento do risco cardiovascular num ensaio clínico), gestação Análogos do GLP-1 (liraglutida, semaglutida) Ativam os receptores de GLP-1, evitando sua degradação por DPP-4, além de promover perda de peso (induz saciedade e lipólise) Náuseas autolimitadas (redução do esvaziamento gástrico), reações nos locais de aplicação, pancreatite, aumento da FC (uso prolongado) e elevação de TSH (risco de carcinoma) Insuficiência renal crônica (TFG < 30 ml/min_, insuficiência cardíaca, gestação Biguanidas (metformina) Favorece a melhora da sensibilidade periférica à insulina, com maior translocação de receptores de captação de glicose (GLUT-4), estímulo à oxidação de ácidos graxos (reduz TG e colesterol) e aumenta a concentração de incretinas Náusea, vômitos e diarreia transitórios, que melhoram com preparações de longa duração, diminuição na absorção de vit. B12 (uso prolongado) e acidose lática (desfecho raro) Doenças crônicas (ICC, DPOC, etc.) descompensadas e insuficiência renal crônica (se TFG < 30 ml/min, suspender uso; TFG entre 30-45 ml/min, reduzir para ½ dose ou não iniciar uso) Interromper antes de cirurgias e exames contrastados (24 a 48h) Glitazonas ou Tiazolidinedionas (pioglitazona) Antagonizam o receptor PPARγ, auxiliando aumentar a captação de glicose pelos tecidos. Causa adipogênese subcutânea, mas REDUZ GORDURA VISCERAL (melhora a esteatose) Edema e retenção de líquidos, ganho de peso e risco aumentado de fraturas atípicas do antebraço (redução de massa óssea) Insuficiência cardíaca congestiva, insuficiência hepática, abuso de álcool, gestação Inibidores de α- glicosidase (acarbose) Impedem a quebra de dissacarídeos em monossacarídeos, diminuindo a absorção intestinal de glicose. Pode provocar perda de peso (útil em obesos) Flatulência, diarreia e desconforto gastrointestinal, associados ao metabolismo de carboidratos não digeridos pela flora bacteriana local Insuficiência renal grave (TFG < 30 ml/min), doenças crônicas do TGI e gestação Inibidores de SGLT-2 (empaglifozina e dapaglifozina) Tem como ação única o aumento da excreção de glicose na urina, ao inibir o cotransporte de sódio e glicose nos TÚBULOS CONTORCIDOS PROXIMAIS Infecções geniturinárias leves, cetoacidose diabética (resulta da espoliação de glicose sem ação insulínica), , hipotensão ortostática (cuidado em idosos), desidratação Insuficiência renal, gestação DO DIABETES Júlia Figueirêdo – DESORDENS NUTRICIONAIS E METABÓLICAS Fluxogramas terapêuticos para o tratamento da DM2 Júlia Figueirêdo – DESORDENS NUTRICIONAIS E METABÓLICAS Sugestões para indicação clínica de antidiabéticos não insulínicos na DM2 Júlia Figueirêdo – DESORDENS NUTRICIONAIS E METABÓLICAS Insulinoterapia Critérios para Insulinização HbA1C > 9% + Polidipsia, poliúria, polifagia e perda de peso (sinais de descompensação), cetonúria, glicemia ao acaso > 300 mg/dl + sintomas de descompensação, refratariedade à terapia otimizada e longo tempo de diabetes + terapia dupla (2 medicamentos orais) + HbA1C > 8% Terapia Inicial 1) Iniciar com insulina NPH (basal) a 0,1-0,2 Ui/kg/dia em aplicação única OU 10 Ui a noite 2) Em caso de boa resposta glicêmica, aumentar a dose em 2-4 UI na semana, com duas aplicações por dia 3) Caso a dose diária seja maior que 0,5 UI/kg/dia e NÃO HAJA CONTROLE da glicemia, começar o uso de insulina regular (prandial) junto ao café da manhã ou da principal refeição Tipos de Insulina Insulina regular: tem início de ação rápida (efeito por 5 a 8h), indicada para controle de picos glicêmicos pós-prandiais Insulina NPH: início de ação intermediário, com duração de 10 a 18h, administrada para controle basal da glicemia ATENÇÃO: somente é possível misturar, numa mesma seringa, as insulinas regular e NPH, sendo que a primeira a ser aspirada deve ser a regular, sob risco de comprometer sua farmacocinética (contaminação com zinco). Insulina ultrarrápida (lispro, aspart): início de ação em 5 a 12 minutos, porém dura por poucas horas, sendo uma alternativa para a Insulinização prandial Insulina de ação lenta e ultralenta (detemir, glargina e degludeca): apresentam efeito prolongado por até 48h, permitindo aplicação única durante o dia, com bom efeito sobre a glicemia basal Pré-misturas: formulações combinadas de NPH e insulina regular em proporção 70/30 A administração domiciliar é feita ela via subcutânea, reservando as infusões endovenosas para quadros de emergência, devido à disponibilidade imediata. Metabolismo e Efeitos Adversos O metabolismo da insulina ocorre no fígado, rins e músculos, sendo a excreção exclusivamente renal. Como efeitos adversos destacam-se a lipodistrofia (causada por aplicações repetida no mesmo local), hipoglicemia e hipersensibilidade NO DIABETES TIPO 2 Júlia Figueirêdo – DESORDENS NUTRICIONAIS E METABÓLICAS Drogas Mecanismo de Ação Efeitos Adversos Contraindicações Propiltiouracil Inibe a tireoperoxidase (enzima que favorece a oxidação do iodeto) e as desiodases (conversoras de T4 em T3), podendo apresentar efeito imunossupressor – USADO NO 1º TRIMESTRE DE GRAVIDEZ Hipotireoidismo, exantema, nefrite e insuficiência hepática Hepatopatias graves Metimazol De forma semelhante ao PTU, bloqueia a ação da TPO, mas não apresenta efeitos secundários – 1ª ESCOLHA TERAPÊUTICA (conforto posológico) São menos frequentes, havendo relatos de hipotireoidismo, exantema e agranulocitose, efeito grave que requer suspensão do medicamento Gestantes no 1º trimestre (risco de malformações do tubo neural) Betabloqueadores (atenolol, propranolol) Evitam manifestações adrenérgicas sistêmicas na crise tireotóxica e também inibem a conversão de T4 em T3 Bradicardia, náuseas, vômitos, tontura, constipação Lactantes, hipersensibilidade, asmáticos e pacientes com DPOC Iodeto (lugol ou SSKI) Provoca efeito Wolf-Chaikoff, no qual o excesso de iodo suprime a produção hormonal Causa angioedema, iodismo e potencial edema de laringe - Radiodo (Iodo 123 ou 131) Usado em exames de captação de iodo ou radioablação (casos refratários), promovem a degradação de folículos tireoidianos Hipotireoidismo (requer tratamento com levotiroxina) e risco potencial de câncer colorretal (recomenda-se o uso de laxantes após o procedimento) Gestação Tratamento Mecanismo de Ação Efeitos Adversos Necessidade de Aumento da Dose Levotiroxina Desempenha as funções do T4 endógeno (aumento do metabolismo celular e transcrição proteica), com 1/2 vida de 7 dias (intervalo mínimo para reajuste de dose) Hipertireoidismo (emdoses elevadas), fibrilação atrial, aumento da PA, hipertrofia de ventrículo esquerdo, osteoporose e isquemia miocárdica Distúrbios disabsortivos (uso crônico de IBP, doenças intestinais, pós-bariátrica), gestação, uso de fármacos que estimulam a CYP3A4 (rifampicina, fenitoína, carbamazepina, antidiabéticos, amiodarona e estrogênio) ANTITREOIDIANAS DO HIPOTIREOIDISMO Júlia Figueirêdo – DESORDENS NUTRICIONAIS E METABÓLICAS Tratamento Mecanismo de Ação Efeitos Adversos Contraindicações Cabergolina É um antagonista de receptores D2, mas age diminuindo a liberação do ACTH hipofisário, retomando a secreção pelo ciclo circadiano Hipotensão, tontura, alteração de valvas cardíacas Doenças com aumento do intervalo QT, infarto e ICC Cetoconazol Inibe a síntese de esteroides adrenais ao bloquear a ação de CYP17 e CYP3A4, enzimas atuantes em estágios iniciais da produção hormonal Medicamento mais bem tolerado no hipercortisolismo, provoca desconforto gastrintestinal, alterações hepáticas, hipogonadismo, ginecomastia e inibição de vias metabólicas hepáticas Etomidato Provoca inibição de CYP11B1, participando da via final de síntese do cortisol, além de destruir mitocôndrias e induzir necrose de células adrenais. Administrado por via endovenosa, sendo útil na intolerância a medicamentos em VO Dor no local de infusão, alterações respiratórias, mudanças na PA, arritmias, náuseas e vômitos Sedação e analgesia Mifepristona É um antagonista dos glicocorticoides e da progesterona, agindo diretamente sobre seus receptores celulares Causa aborto ao inibir a atividade da progesterona Gestação Tratamento Mecanismo de Ação Efeitos Adversos Contraindicações Bromocriptina É um agonista dopaminérgico para receptores D1 e D2, mimetizando a ação da dopamina ao inibir a liberação de prolactina Hipotensão postural, náuseas, vômitos e cefaleia Gestação (exceto se apresentam macroadenomas, podendo manter o uso de bromocriptina) Cabergolina Apresenta ação similar à bromocriptina, porém são específicos para receptores D2 Também causa hipotensão e tontura, que são melhor tolerados, mas há risco de alterações em valvas cardíacas DOS DISTÚRBIOS ADRENAIS DO HIRSUTISMO Júlia Figueirêdo – DESORDENS NUTRICIONAIS E METABÓLICAS Tratamento Mecanismo de Ação Efeitos Adversos Contraindicações Anticoncepcionais Combinados Promovem a supressão de gonadotrofinas e o aumento da SHBG, diminuindo a presença de LH e de frações livres de testosterona Infertilidade, distúrbios gastrintestinais, sensibilidade nas mamas, cefaleia Mulheres que desejam engravidar Metformina Auxilia a reduzir a resistência insulínica, condição que interfere com a fertilidade e com o estado hiperandrogênico Desconforto gastrintestinal, má absorção de vitamina B12 (uso prolongado) Clomifeno Provoca a inibição do feedback negativo hipofisário sobre a produção de hormônios sexuais (agente anti-estrogênico) Nascimentos múltiplos, cistos ovarianos, fogachos, visão borrada, câncer de ovário e teratogenicidade Suspender uso com a confirmação da gravidez Letrozol Inibe a aromatase, reduzindo a conversão de estrogênio em testosterona Ondas de calor, náusea, mialgia, artrite e afinamento dos cabelos Gestação e lactação Espironolactona Age como antagonista do receptor de androgênios, com ação direta sobre o hirsutismo Feminização do feto masculino, sangramento uterino irregular e, raramente, hipercalemia Gestação Ciproterona Também é um antagonista androgênico, apresentando efeito no hirsutismo e na regularização do fluxo menstrual Fadiga, náuseas, cefaleia, queda da libido, dor nas mamas, ganho de peso, sangramento uterino e depressão Gestação, anemia falciforme, hepatopatias, complicações vasculares da DM e depressão grave Finasterida Causa inibição periférica da 5α-redutase, cessando o nascimento de novos pelos em áreas masculinizadas Mastalgia, depressão, desconforto gástrico, icterícia, queda da libido Gestação ou desejo de engravidar DA SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS Júlia Figueirêdo – DESORDENS NUTRICIONAIS E METABÓLICAS Mecanismo de Ação Efeitos Adversos Contraindicações Estatinas (sinvastatina, atorvastatina) São inibidoras da HMG-CoA redutase, enzima responsável pela síntese hepática de colesterol. Age também estimulando a expressão de SREBP2, que aumenta o número de receptores hepáticos para LDL IMPORTANTE: dosar enzimas hepáticas e CPK ANTES do início do tratamento e na presença de sintomas sugestivos de lesões (degradação da membrana plasmática) Mialgia (SAMS, após 4-6 semanas do início do tratamento, com acometimento bilateral em grandes músculos), hepatotoxicidade, dor abdominal, cefaleia e constipação IMPORTANTE: os efeitos musculares são menos frequente em estatinas hidrofílicas (PRAVASTATINA e ROSUVASTATINA) Uso de genfibrozila, glicocorticoides, antipsicóticos, fluoxetina, inibidores de protease do HIV, abuso de álcool, bloqueadores de canais de cálcio e imunossupressores Ezetimibe Atua na inibição de receptores NPC1L1, implicando na menor absorção intestinal de colesterol. NÃO apresenta efeito sobre o colesterol endógeno (associação benéfica com estatina) Alterações do trânsito gastrintestinal (efeito raro) Uso de colestiramina (afeta a absorção) Fibratos (fenofibrato, genfibrozila) São agonistas dos receptores PPAR-α, que suprimem a expressão de ACAT-1, enzima responsável pela esterificação do coloesterol. Assim, há efluxo de colesterol com HDL e maior β–oxidação de ácidos graxos Risco aumentado de colelitíase (maior concentração de colesterol biliar), lesão muscular (especialmente com a combinação de estatinas e genfibrozila), tromboembolismo venoso e dano hepático Insuficiência renal grave (TFG < 15 ml/min) Fenofibrato: não usar na DRC isolada (aumenta creatinina) – preferido na síndrome metabólica Genfibroliza: associação com estatinas – preferido na DRC Risco de interações com varfarina (aumento do TP) e sulfonilureias (hiperglicemia) Colestiramina Promove o sequestro de ácidos biliares, diminuindo a absorção intestinal e hepática de colesterol (gasto de reservas para produzir mais sais biliares) Distensão abdominal, dispepsia e risco de acidose hiperclorêmica (concentração aumentada de cloro na resina) Hipertrigliceridemia grave EVITAR a administração concomitante de outras medicações para que não afete a absorção desses compostos Inibidor da PCSK9 (alirocumab, evolocumab) Inibem a degradação de receptores de LDL, ampliando a captação hepática de colesterol São indicados na presença de alto risco cardiovascular em dislipidemia refratária Imunossupressão, sintomas influenza-like Gestação, lactação, insuficiência renal e hepatopatia Niacina (ácido nicotínico) Ativa a GPR109A, enzima que inibe a liberação de ácidos graxos nos adipócitos, reduz a depuração de HDL e bloqueia a DGAT-2, atuante na síntese de triglicérides no fígado Rubor facial, dispepsia, hiperglicemia, aumento da uricemia, miosite, hiperpigmentação, prurido, arritmia (rara), teratogênese e amblioplia Pacientes com gota e gestantes Júlia Figueirêdo – DESORDENS NUTRICIONAIS E METABÓLICAS
Compartilhar