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EA D Atendimento aos Acidentes 3 1. OBJETIVOS • Conhecer e identificar as principais ações a serem feitas nas situações de acidente. • Identificar a sequência de ações para exame e atendi- mento da vítima. 2. CONTEÚDOS • Avaliação da cena. • Sequência ABCDE para o exame da vítima e procedimen- tos. 3. ORIENTAÇÃO PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que leia as orientações a seguir: © Programas de Saúde e Socorros Urgentes96 1) Leia os livros da bibliografia indicada para que você am- plie e aprofunde seus horizontes teóricos. Esteja sempre com o material didático à mão e discuta a unidade com seus colegas e com o tutor. 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Não há dúvida de que existem situações que estão no ima- ginário de todos como amedrontadoras: são os acidentes e situa- ções de emergência em saúde. Na maioria das vezes, não sabemos em que pensar nem em que fazer primeiro. Prestar os primeiros socorros a alguém que tenha sofrido um acidente ou que esteja sofrendo um agravo à saúde requer alguns conhecimentos básicos, possíveis a todo e qualquer cidadão, o que, na maioria das vezes, tem a ver com providenciar ajuda pro- fissional e saber, principalmente, o que não se deve fazer. Além desses conhecimentos básicos, abordaremos, nesta terceira unidade, alguns outros saberes mais elaborados, para que o profissional de Educação Física, como docente e profissional da saúde, possa ter uma postura mais técnica e trabalhada para sua atuação. Durante muitos anos, prestar primeiros socorros era sim- plesmente transportar a vítima, o mais rapidamente possível, no primeiro veículo disponível, sem maiores cuidados . Com a evolu- ção da ciência ao longo dos anos, além da observação da prática e dos estudos realizados, muita coisa mudou, e cada vez mais são definidos o que chamamos de protocolos de atendimento. Esses protocolos são guias que orientam as ações que devemos realizar nessas situações. O transporte "mais rápido possível" se tornou coisa do passado, sendo, hoje em dia, o chamado por socorro (li- gar 192, ou 193) uma das ações essenciais no momento da emer- gência, seja em caso de acidente ou não. 97 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Atendimento aos Acidentes Os protocolos utilizados auxiliam-nos a ordenar as ações no atendimento de emergência, não nos deixam esquecer atitudes ou procedimentos importantes e diminuem a possibilidade de erro. São construídos por grupos de especialistas, depois de discussões que acontecem em congressos e estudos pelo mundo afora, e abordam os principais problemas na emergência. Além dos protocolos internacionais, existem problemas lo- cais, cujos procedimentos são definidos pelas autoridades nacio- nais, como os acidentes com animais peçonhentos, que, no caso do Brasil, a fonte de norteamento das ações é o Ministério da Saúde, baseado nos seus especialistas dos Institutos Vital Brazil e Butantã. Nos momentos de discussão sobre esses temas, traga todas as suas dúvidas, informações já adquiridas e conhecimentos ante- riores para enriquecer os trabalhos. Somente saberemos o que é senso comum, conhecimento científico, folclore e mito se conver- sarmos a respeito, pois, em primeiros socorros, folclore e mitos são o que não falta. Como docente de Educação Física, você cum- pre um importante papel na difusão de conceitos adequados de saúde. 5. SEGURANÇA DA CENA O conceito de segurança da cena é talvez o mais importan- te em primeiros socorros. É pensando na segurança da cena que evitamos ações intempestivas que poderiam inclusive colocar em risco a vida e a integridade do socorrista (pessoa que presta os socorros), da vítima e dos circundantes (transeuntes, passantes, observadores). Quando estamos diante de uma cena de emergência, de- vemos nos fazer algumas perguntas, que visam abordar todos os aspectos da cena, identificando os riscos, necessidade de socorro especializado e limitações que os recursos imediatos podem ter. © Programas de Saúde e Socorros Urgentes98 Quando pensamos na segurança da cena, fazemos como se déssemos um passo para trás, olhando para a situação como um quadro ou uma foto. Esse distanciamento imaginário nos faz olhar para o cenário geral e evita o que se chama de "visão em túnel". Um socorrista que atravessa uma rua em desabalada carreira para alcançar uma vítima de colisão ou atropelamento vê somente a vítima, e não a rua. Pode, dessa forma, com grande possibilidade de acerto, transformar-se em mais uma vítima. Portanto, a velha máxima faz-se presente: "tenha calma!". Você pode argumentar: "mas isso só acontece em situações extremas!". Ora, riscos à segurança podem acontecer em qualquer lugar: na escola (que, no seu caso, pode ser seu local de trabalho), em casa, na rua. Fios elétricos desencapados, estruturas, constru- ções ou reformas, piscinas, pisos escorregadios, cacos de vidro, caixas de energia elétrica, animais, substâncias tóxicas (fumaça, gases etc.), parafernálias para uso de drogas (seringas, cachimbos, agulhas), tráfego intenso e, até mesmo, uma pessoa em surto de agressividade, que pode ser considerada um risco à segurança de si e dos outros. Para dimensionar esses riscos e saber o que será necessário, faça estas três perguntas: • "O que é isto?": olhe para a situação e defina: é um atro- pelamento, colisão de veículos, queda (de altura, da pró- pria altura), acidente de mergulho (em rio ou piscina), intoxicação (por drogas, medicamentos, plantas, gases etc.). É um desmaio, convulsão, uma pessoa passando mal? A pessoa não consegue respirar? Está pálida? Azu- lada? Suando frio? A pessoa não apresenta movimento de nenhum tipo? A pessoa está com um lado paralisado? • "Que riscos existem nesta cena?": procure por todo e qualquer tipo de situação que possa oferecer risco: eletri- cidade, fogo, altura, água, explosão, movimento intenso de carros ou pessoas, estruturas colapsadas, escadas, ter- 99 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Atendimento aos Acidentes reno escorregadio. Nessa pergunta, pense nos riscos de contaminação biológica, inclusive. Você pode, somente olhando para a vítima, dizer, com certeza, se essa pessoa é ou não portadora de alguma doença infecciosa? Obvia- mente, a resposta é não. • "Existe alguma coisa que eu possa fazer para controlar esses riscos?": algumas vezes, a resposta a essa pergun- ta também é não. Nesse caso, trata-se de uma situação em que só profissionais podem atuar, por terem treina- mento e equipamentos adequados. Situações como essas pedem apenas que as pessoas se mantenham afastadas e que informem as autoridades competentes: Corpo de Bombeiros, SAMU, Polícia, concessionária de estradas (de acordo com o caso). Esses serviços acionarão outros, se for preciso, como CETESB, Companhia de Energia Elétrica etc. Resumindo: você tem treinamento e equipamento para en- frentar a situação? Se sim, vamos lá! Se não, afaste-se, afaste as pessoas e chame ajuda. Se, para ajudar a vítima, o único risco é o de contaminação biológica, será necessário o uso de equipamento de proteção indi- vidual para tal. Geralmente, esses equipamentos devem proteger o socorrista do contato com fluidos, como saliva, escarro, sangue, vômito, entre outros. O equipamento mínimo necessário para proteção individual deve fazer parte de qualquer "caixinha" de primeiros socorros. Assim como os profissionais da saúde, verifique as vacinas que você pode e deve tomar para se prevenir, como as de tétano e hepatite, que são as mais comuns e estão disponibilizadas no SUS. Porém, estar imunizado contra doenças como essas não elimina a necessidade do uso de EPI (Equipamento de Proteção Individual). © Programas de Saúde e Socorros Urgentes100 Esses conceitos (uso de EPI, normas de proteção universal etc.) estão dentro do grande conceito chamado de "biosseguran-ça" e compreendem todos os equipamentos e atitudes que evitam ou minimizam a possibilidade de contágio ou contato com agentes contaminantes ou intoxicantes. As normas de biossegurança e a avaliação da segurança da cena fazem parte de uma das regras de ouro da emergência: "a primeira preocupação que o socorrista deve ter é consigo mes- mo". Portanto, novamente, tenha calma, olhe para a situação e não aja intempestivamente. A cautela, nesses casos, é a melhor conselheira. Algumas ações podem ser realizadas no momento em que você fica a par da situação: • Afaste as pessoas: a aglomeração em torno da vítima normalmente não ajuda e até atrapalha. Utilize o artifício de que a vítima precisa de espaço para respirar. Se hou- ver pessoas afoitas demais em ajudar, distribua tarefas e faça-as se sentirem úteis de alguma forma. Chame para perto de você somente quem e quantos precisar. • Isole o local: providencie uma forma de visualização de isolamento, com galhos, cavaletes, cones, lanternas, o que for possível, principalmente se for local de tráfego de veículos, como ruas, avenidas e estradas, ou outras situa- ções, como incêndio, desabamento de estruturas etc. • Peça a alguém que chame ajuda: solicite a alguém que ligue 192 ou 193, dependendo da situação e da estrutura que a cidade possui. 6. AVALIAÇÃO DA VÍTIMA A avaliação da vítima e os procedimentos relacionados aos achados clínicos têm sofrido várias modificações ao longo do tem- po. O que era verdade há dois ou cinco anos hoje pode ser con- 101 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Atendimento aos Acidentes siderado procedimento ineficaz ou inadequado. Portanto, mante- nha-se atualizado! Os procedimentos de avaliação da vítima podem ser dividi- dos em dois caminhos diferentes: se a vítima não sofreu "aciden- te" e se a vítima sofreu "acidente". Para fins didáticos e técnicos, a partir de agora, não usaremos mais a expressão "acidente" e va- mos passar a chamá-la de trauma. Esse é um nome técnico e mais correto que se dá a um agente ou força externa que exerce uma ação sobre a pessoa. Todos os procedimentos e protocolos de atendimento à ví- tima que traremos aqui estão baseados nas últimas resoluções de comitês internacionais, sobre as quais podemos encontrar mais informações no Tópico Referências Bibliográficas. Você verá que, a partir de agora, juntaremos conceitos de anatomia, fisiologia, patologia, entre outros. Será um bom mo- mento para rever os estudos já realizados; portanto, não deixe passar nenhuma dúvida, conceitos ou ideias. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Para esquentar um pouco nossa discussão, vamos conversar sobre a palavra "acidente". Por que a professora de Português escorregou e caiu no corredor? Porque alguém deixou o chão molhado? Porque havia uma goteira? A goteira existia porque ninguém trocou as telhas quebradas? Ou ela estava usando uma sandália velha que quebrou? Por que a pessoa foi atropelada? Porque não olhou direito ao atravessar a rua? Porque o motorista estava desatento? Passou o sinal vermelho? Se formos descartar, dos acontecimentos que normalmente chamamos de "aci- dente", aqueles que, por ação humana, foram determinados ou que poderiam não acontecer, pouco nos resta para chamarmos mesmo de "acidente". A ação humana acaba, portanto, determinando a maioria dos eventos, por imperícia (por exemplo, alguém está trabalhando em um andaime de construção pela pri- meira vez e deixa escapulir uma ferramenta da mão, e esta cai na cabeça de um passante na calçada, ou seja, fazer alguma coisa que você não está plenamente capacitado para tal), negligência (o responsável pela obra não colocou a prote- ção que precisava para que nada caísse na cabeça de quem estava passando, ou seja, você sabe o que tem de ser feito e não faz) ou imprudência (o operário fica fazendo malabarismos com a ferramenta, que acaba "voando" da mão, ou seja, sabe do grau do risco envolvido e, mesmo assim, age além da justa medida da prudência, excedendo os limites do bom senso). Tente lembrar-se de situações ou imaginar possibilidades delas tentando identi- ficar se foi "acidente" ou se poderia ser classificada como imperícia, negligência ou imprudência. © Programas de Saúde e Socorros Urgentes102 Converse com seus parentes e amigos e faça-os pensar em casos que já ouviram falar ou presenciaram. Faça o exercício de avaliar a situação e tente imaginar as causas. É de espantar como, a partir desses conceitos, pouca coisa pode ser determinada ao "acaso" ou à sorte. No fundo, alguém "pisou na bola". –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– As vítimas que não sofreram trauma serão chamadas de ví- timas clínicas. Avaliação da vítima de trauma A grande maioria das vítimas de trauma apresenta uma situ- ação de leve a média gravidade. Estatisticamente, apenas aproxi- madamente 10% das vítimas apresenta quadros graves. No trauma, o processo fisiopatológico que está por trás da maioria das situações com risco de morte é a falta de oxigenação das células teciduais, que faz que o organismo passe a produzir energia utilizando o metabolismo anaeróbico. Para que o metabolismo normal de produção de energia ocorra (metabolismo aeróbico), são necessários, minimamente, três componentes: • Oxigenação dos glóbulos vermelhos nos pulmões. Para isso, o ar precisa ser respirável; o ar precisa chegar até os pulmões (vias aéreas livres); os pulmões devem ser capa- zes de proporcionar a troca de gases; e, por fim, precisa haver glóbulos vermelhos perfundidos em quantidade na área de troca pulmonar. • Oferta de glóbulos vermelhos para os tecidos. Para isso, é preciso haver volume de sangue suficiente. • Entrega de sangue oxigenado para os tecidos. O circuito onde o sangue flui (artérias e veias) e o coração devem estar plenos nas suas funções. A avaliação inicial da vítima de trauma tem como objetivo identificar e corrigir essas situações. 103 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Atendimento aos Acidentes O protocolo dos primeiros socorros que rege a ação no aten- dimento da vítima de trauma é o que chamamos de "ABCDE". Es- sas letras fazem parte de um método mnemônico que foi criado a partir de palavras em inglês que nos ajudam a lembrar o que fazer. Essas palavras têm relação com a dinâmica dos processos que podem levar alguém à morte mais rapidamente em uma situ- ação de trauma, como, por exemplo, obstrução da via aérea (por inconsciência ou sangue), parada respiratória, parada cardiorres- piratória, sangramento externo abundante, traumatismo craniano e outras lesões ou ferimentos graves, como, por exemplo, fraturas, amputações, ferimentos por arma branca ou projétil de arma de fogo em cabeça, tórax ou abdome, entre outros, que acabam por levar a uma situação grave. Lesões por atividades esportivas ––––––––––––––––––––––– Muitos esportes ou atividades recreativas podem provocar lesões graves. Essas lesões podem ser causadas por forças de desaceleração súbita, compressão excessiva (como nos saltos, por exemplo), rotação, hiperextensão ou hiperflexão. Atletas ocasionais ou sem treinamento, orientação, condicionamento ou equipamentos de proteção são mais propensos a lesões. Mesmo atletas com treinamento bem orientado e equilibrado podem sofrer lesões. Esportes que envolvem atividades potencialmente de alta velocidade, desaceleração, colisões e impactos se assemelham a ocorrências com motocicletas ou veículos motorizados. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Inicialmente, de acordo com aquelas perguntas feitas na se- gurança e avaliação da cena, você definiu de que tipo de situação se trata, não definiu? É ou não é trauma? E, afinal de contas, para que você precisa saber disso? Um dos traumas que podem ocorrer e que não é visível aos olhos é a lesão de coluna. Sendo assim, a regra é sempre suspeitar que a vítima possa ter sofrido traumatismo raquimedular,tendo chance de sofrer lesões permanentes. Portanto, é por isso que perguntamos "o que é isso", pois precisamos saber antes de "por a mão" na vítima: é ou não é pos- sível que a pessoa tenha lesão de coluna? Essa pessoa pode se mover? Pode ser movida de posição sem preocupações? © Programas de Saúde e Socorros Urgentes104 Situações que podem ser consideradas potencialmente de risco para traumatismo raquimedular são: 1) Queda acima de dois metros de altura. 2) Queda curta com velocidade associada (saltos). 3) Mergulho (mergulho em altura ou em água rasa). 4) Colisões. 5) Atropelamento. 6) Capotamento. 7) Agressão física. 8) Lesões por projétil de arma de fogo em cabeça, pescoço, tórax ou abdome. 9) Ejeção de veículo em movimento (carro, moto, bicicleta, skate, patins etc.). O ABCDE primário, ou avaliação primária, deve ser realizado em 15-30 segundos, pois deve identificar apenas as condições de risco de morte iminente, ou seja, só faremos o ABCDE se a vítima estiver inconsciente. Caso a vítima esteja consciente, não preci- saremos ver se respira ou se o coração está batendo, pois essas condições são sine qua non para manter-se a consciência. Portanto, primeiramente, vamos verificar se a vítima está consciente ou não, e, para isso, o primeiro toque na vítima é para segurar a cabeça, antes que ela se vire sozinha. Não permita que a vítima faça nenhum movimento de rotação ou lateralização da cabeça na tentativa de olhar para você. Essa primeira ação faz parte da letra A do ABCDE. Vamos a ela e às outras. A (Airway) – abertura da via aérea com estabilização da cabeça e coluna cervical Posicione-se por trás da vítima, de joelhos ou deitado de bruços, e assuma a posição de controle. As mãos são colocadas uma de cada lado da cabeça da vítima, cobrindo as orelhas com as palmas. Os dedos são espalhados de forma a estabilizar a cabeça, 105 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Atendimento aos Acidentes sendo que o quarto e o quinto dedo de cada mão devem envolver a parte posterior do crânio da vítima. Os cotovelos podem ficar en- costados no chão, um de cada lado, ou apoiados sobre os joelhos do socorrista. Você não deve soltar a cabeça da vítima até que o socorro especializado chegue. Ao assumir essa posição, você imediatamente vai perceber que não poderá fazer mais nada além disso, pois, ao estabilizar a cabeça, não poderá mais soltá-la. Se você precisar sair do local, coloque outra pessoa no seu lugar. Fonte: Prentice-Hall (1994, n. p.). Figura1 Controle da coluna cervical. Na suposição de inconsciência, outra pessoa deve postar-se ao lado da vítima para chamá-la e conduzir o restante da avaliação. Essa segunda pessoa deve tocar a vítima levemente nos ombros e chamá-la em voz alta. A vítima que tem algum grau de consciência deve esboçar alguma resposta ou, então, responder claramente ao chamado. Na ausência de resposta, consideramos a vítima inconscien- te. Na inconsciência, ocorre o relaxamento dos músculos voluntá- rios que se tornam flácidos. Um dos problemas desse relaxamento é o músculo da língua, que acaba por "cair", desabando sobre a passagem do ar, impedindo-o de chegar aos pulmões. © Programas de Saúde e Socorros Urgentes106 Fonte: Prentice-Hall (1994, n. p.). Figura 2 Língua bloqueando a passagem do ar. Para liberar a via aérea, o socorrista que assumiu a estabili- zação manual deve posicionar o segundo e terceiro dedos sob o ângulo da mandíbula e impulsioná-la para cima. Essa técnica rece- be diversos nomes: propulsão da mandíbula, ou, em inglês, jaw thrust. Figura 3 Manobra de propulsão da mandíbula. 107 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Atendimento aos Acidentes Como a maior parte da língua está presa à mandíbula, o mo- vimento de elevação desse osso movimenta, também, a língua, retirando-a da passagem do ar. Caso a vítima permaneça incons- ciente, o socorrista deve manter a elevação da mandíbula. O segundo socorrista deve rapidamente olhar a cavidade oral, procurando sangue, próteses dentárias soltas ou qualquer outra coisa que obstrua a passagem do ar, removendo o problema. B (Breathing) – respiração O socorrista postado ao lado da vítima deve aproximar seu rosto em direção ao nariz e boca da vítima, direcionando seu olhar para o tórax. É o que chamamos de "ver, ouvir e sentir" a respi- ração. Devemos ver o movimento do tórax, ouvir a respiração e sentir o ar que sai da boca e nariz da vítima na nossa face. Esse segundo socorrista deve observar se a respiração está rápida ou lenta, se o tórax se move simetricamente ou se algum dos lados do tórax está se movendo diferentemente do seu opos- to, se a respiração é profunda ou superficial. Essa avaliação deve ser rápida, durando entre 5 e 10 segundos. Na Unidade 4, estuda- remos o tema Parada Cardiorrespiratória para situações em que a vítima não está respirando. C (Circulation) – circulação Como já abordamos anteriormente, para que a circulação aconteça, são necessários três componentes: o coração, o sangue e os vasos sanguíneos (artérias e veias). Portanto, na letra C, obser- vamos todos esses componentes, iniciando pelo pulso carotídeo. O segundo socorrista deve colocar os dedos indicadores e médio no meio do pescoço da vítima, localizando a artéria carótida entre a traqueia e o músculo esternocleidomastoideo. A palpação do pulso deve demorar, também, em torno de dez segundos. Se não houver pulso, isso é uma parada cardiorrespiratória (que estu- © Programas de Saúde e Socorros Urgentes108 daremos mais detalhadamente na Unidade 4). Observe se o pulso está forte ou fraco, rápido ou lento. Atente-se, também, para a cor da pele: se está corada ou descorada, pálida ou azulada, quente ou fria. No Tópico Problemas no "C" de Circulação, abordaremos essas ações, com o tema choque. Figura 4 Verifique o pulso carotídeo. Os sangramentos externos, que também chamamos de "san- gramentos óbvios", são bastantes simples de se localizar, porém, devemos procurar sangramentos que estejam sendo contidos por roupas volumosas. O segundo socorrista deve passar a mão sob a vítima, sem movimentá-la, procurando por manchas de sangue na roupa. Os sangramentos internos não são tão fáceis de identificar e serão abordados no tema choque. 109 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Atendimento aos Acidentes D (Disability) – avaliação neurológica rápida Se a vítima está com os olhos abertos e responde adequada- mente às perguntas, dizemos, então, que está alerta e consciente. Isso significa, também, que o cérebro está sendo oxigenado ade- quadamente. Porém, se permanece com os olhos fechados mesmo depois de chamada ou se não está respondendo "coisa com coisa", então, o nível de consciência está alterado. A função cerebral dá- -nos uma noção indireta da oxigenação cerebral. Uma vítima agita- da, agressiva, que não coopera ou que está muito sonolenta deve ser considerada como tendo oxigenação cerebral ruim (hipóxia), até prova em contrário. Uma vítima com nível de consciência alterado, seja por agi- tação, seja por inconsciência, deve alertá-lo para uma destas qua- tro possibilidades: 1) Oxigenação cerebral diminuída (hipóxia, ou hipoperfu- são). 2) Lesão do Sistema Nervoso Central (SNC). 3) Intoxicação por drogas ou álcool. 4) Distúrbio metabólico (diabetes, convulsão). Ainda dentro da avaliação neurológica, as pupilas devem ser examinadas, devendo ser observado seu tamanho e simetria. Pu- pilas dilatadas podem significar oxigenação cerebral ruim ou in- toxicação por determinadas drogas, lícitas ou ilícitas. Pupilas de- masiadamente contraídas podem significar uso de outras drogas, lícitas ou ilícitas, ou, ainda, exposição à luz intensa. Antigamente, pupilas dilatadas significavam sinal de morte. Hoje em dia, sabe-se que esse é um erro que pode ser fatal. Subs- tâncias para dilatar a pupila em consultas oftálmicas, drogas lícitasou ilícitas, entre outras, podem levar a erros de diagnóstico. © Programas de Saúde e Socorros Urgentes110 E (Exposure) – exposição A vítima deve ser avaliada por inteiro, procurando-se por le- sões óbvias; deve ter suas roupas abertas, dentro do possível, para observar lesões localizadas, e, ao final, deve ser protegida contra hipotermia (mesmo que o tempo esteja quente). A vítima de trau- ma perde calor com grande rapidez, e, sendo a manutenção da temperatura uma das funções essenciais para a vida, devemos evi- tar essa situação, cobrindo-a o mais rápido possível. LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA COORDENADOR: PROF. MS. ENGELS CÂMARA DISCIPLINA: PROGRAMAS DE SAÚDE E SOCORROS URGENTES AUTORAS: PROF CRISTIANE E FLÁVIA FORMATAÇÃO: SIMONE RODRIGUES REVISÃO: VANESSA VERGANI MACHADO Algoritmo de Atendimento da Vítima de Trauma Observações ................................................................................. Se a vítima estiver de bruços, somente a desvire (veja a técnica mais adiante), caso seja impossível determinar se há ou não respiração. Caso contrário, mantenha-a na mesma posição, sem mexer a cabeça, e aguarde socorro especializado. Se houver risco ambiental, como incêndio, explosões, contaminação física ou química, não entre na cena, ou, se possível, retire a vítima o mais rápido e cuidadosamente possível. ....................................................................................................... A avaliação primária, ou ABCDE primário, como já dissemos anteriormente, é um processo que deve ser executado Segurança de cena: Qual é o trauma? Quais os riscos? Isole o local Chame ajuda Vítima Consciente Inconsciente Segure a cabeça Procure sangramento externo Realize avaliação secundária Segure a cabeça e faça abertura da via aérea Realize avaliação primária – abcde Realize avaliação secundária Observações –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Se a vítima estiver de bruços, somente a desvire (veja a técnica mais adiante), caso seja impossível determinar se há ou não respiração. Caso contrário, mantenha-a na mesma posição, sem mexer a cabeça, e aguarde socorro especializado. Se houver risco ambiental, como incêndio, explosões, contaminação física ou química, não entre na cena, ou, se possível, retire a vítima o mais rápido e cuidadosamente possível. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– A avaliação primária, ou ABCDE primário, como já dissemos anteriormente, é um processo que deve ser executado rapidamen- 111 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Atendimento aos Acidentes te, tentando identificar e corrigir os problemas prioritários que co- locam a vida em risco. É óbvio que, se a vítima está alerta e conversando, a priori- dade é identificar outras lesões ou situações menos óbvias, mas que também podem levar a estados mais graves. Assim, a vítima estando sem problemas na avaliação primária, passaremos à ava- liação secundária. Avaliação secundária da vítima de trauma Antes de iniciar a avaliação secundária, você deve certificar- -se de que observou todos os itens da avaliação primária, sobre os quais estudaremos um a um nos parágrafos subsequentes, iden- tificando-os e corrigindo-os. Por exemplo, você não deve deixar sem controle um ferimento aberto com sangramento abundante para realizar a avaliação secundária. O objetivo dessa avaliação é identificar lesões ou problemas que não são óbvios e não foram identificados na avaliação primária e que podem colocar a vida em risco ou não. A avaliação secundária pode ser realizada enquanto o socor- ro especializado não chega. Você deve aproveitar os momentos de consciência e lucidez da vítima para coletar dados importantes, como o telefone de alguém da família, nome completo, endereço etc. A avaliação secundária compõe-se de três itens: • Avaliação da cabeça aos pés, ou exame objetivo. • Entrevista, ou exame subjetivo. • Avaliação dos sinais vitais. Vamos, agora, conhecê-los um a um. © Programas de Saúde e Socorros Urgentes112 Avaliação da cabeça aos pés, ou exame objetivo A avaliação da cabeça aos pés é denominada dessa forma para que uma ordem na avaliação seja seguida. É também chama- da de "exame objetivo", porque é a reunião de informações que o socorrista identifica objetivamente, ou seja, a partir do que vê, ouve ou sente. Caso a vítima esteja consciente, peça ajuda para que ela indique onde está doendo, ou, ainda, que ela diga, de acor- do com a região avaliada, se está doendo ou não. A dor é um forte indicativo de problema ou de lesão. Caso esteja inconsciente, você terá apenas seus recursos para identificar lesões. Seus recursos nada mais são do que alguns dos seus sentidos: tato, audição, vi- são e olfato. Aproveite seus conhecimentos de anatomia e fisiologia; ago- ra eles serão de muita ajuda para você. Palpe, com as mãos espalmadas, todas as regiões do corpo, iniciando pela cabeça e seguindo até os pés. Procure por sinais de sangramento. Observe a presença de lesões na pele, como equi- moses, hematomas, escoriações, contusões lacerações, cortes ou ferimentos penetrantes (a definição de cada tipo de ferimento ve- remos no Tópico Problemas no "E" de Exposição e proteção con- tra hipotermia). Veja e sinta se há deformidades ósseas, inchaços (edema), abaulamentos ou afundamentos resultados de fraturas ou incapacidades funcionais agudas. Repare na cor da pele, se pálida, azulada ou avermelhada. A pele dá-nos informações importantes caso esteja úmida, pegajosa, seca, pálida, avermelhada ou azulada. A pele pálida pode signi- ficar pouco sangue circulante, dor ou reação autonômica (siste- ma nervoso autônomo), de medo ou pavor, por exemplo. A pele avermelhada pode significar contusão, inflamação ou, até mesmo, febre. A pele azulada significa pouca oxigenação. Uma região do corpo que se apresenta quente, inchada (edema), dolorida e ver- melha muito provavelmente está inflamada. Sinta a temperatura, se quente, fria ou normal. Ouça ruídos diferentes da respiração 113 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Atendimento aos Acidentes ou atente para gemidos da vítima torporosa. Odores estranhos podem indicar doenças (como diabetes, doenças renais) ou into- xicações (álcool, produtos de limpeza etc.). Ainda utilizando sua audição e tato, ossos fraturados podem produzir o que chamamos de "crepitação" ao serem palpados. Temos de ter muito cuidado na palpação. Esse procedimento deve ser firme, porém não intempestivo, especialmente na palpa- ção do crânio, da face e, também, dos locais que a vítima informa dor importante. Nas extremidades, caso a vítima esteja conscien- te, peça para executar movimentos leves, como apertar sua mão ou mover o dedão do pé. Esses movimentos, se executados, po- dem indicar que, até então, não há lesão raquimedular, o que não significa que não há lesão de coluna. Vá relacionando mentalmente todos os seus achados. Ao fi- nal do exame, você vai decidir, em ordem de prioridade, o que fazer primeiro, sempre seguindo da lesão mais grave para a mais leve. Por exemplo, você deverá imobilizar, primeiramente, o qua- dril, que você suspeita ter lesão, e, depois, o punho, e não o con- trário. Entrevista, ou exame subjetivo O procedimento chamado de "entrevista", ou "exame subje- tivo", recebe esse nome por representar a reunião de informações que são fornecidas pela vítima. Obviamente, para isso, a vítima precisa estar consciente e lúcida. Pergunte a ela seu nome completo, idade, endereço e tele- fones para contato. É preciso aproveitar ao máximo esses momen- tos de consciência e lucidez para obter-se essas informações. Caso a vítima se torne inconsciente, será possível, com esses dados, o contato com a família. © Programas de Saúde e Socorros Urgentes114 Aqui também se usa de um artifício para lembrar-se do que perguntar, que é representado pelas letras da palavra em inglês"sample". S (Symptoms) – sintomas Pergunte se a vítima está sentindo dor e em que região. Per- gunte, também, sobre tontura, náusea (ânsia de vômito); se houve perda da consciência (se ficou desmaiada); se há perda de memó- ria. Pergunte, por exemplo, se a vítima se lembra de tudo o que aconteceu. Pergunte se ela consegue sentir seu toque nas mãos e nos pés. A (Alergies) – alergias Pergunte se a vítima tem alergia a algum medicamento ou substância. Essa informação é muito importante para os profis- sionais do SAMU e do hospital que receberá a vítima, a fim de que sejam evitados acidentes de administração de medicação, por exemplo. M (Medications) – medicações em uso Pergunte se a vítima usou ou tem usado medicações, sejam de uso contínuo, sejam de uso eventual. Algumas medicações po- dem "mascarar" o estado da vítima; outras são incompatíveis com drogas que podem ser administradas em momentos de urgência. P (Past Medical History) – passado clínico Aqui precisamos saber se a vítima é portadora de alguma doença preexistente, como hipertensão, insuficiência cardíaca, epilepsia, diabetes, depressão ou outras doenças mentais, etc. 115 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Atendimento aos Acidentes L (Last Meal) – última refeição Esse dado é importante para as vítimas que precisam ir para cirurgia de emergência. Há quanto tempo foi a sua última refei- ção? O que comeu? Por exemplo, se a vítima acabou de comer uma feijoada e sofreu um atropelamento, o estômago estará, com certeza, bem cheio, e isso deve ser informado ao anestesista, para o caso de ser necessária uma cirurgia, pelo risco de vômito no mo- mento da indução anestésica. Pelo mesmo motivo, nos traumas, não dê nada para a vítima beber ou comer, mesmo que esta su- plique por água! E (Event) – evento desencadeador O que aconteceu? A senhora que caiu da escada escorregou e caiu? Ou teve um escurecimento da visão, ou tontura, e depois caiu (isso significa que ela pode ter tido um derrame e, por isso, caiu da escada)? O pedreiro que estava no andaime da obra na escola teve uma convulsão e depois caiu do andaime? O avô da criança que veio buscá-la na escola e que bateu o carro no poste teve algum sintoma cardíaco e perdeu os sentidos antes de bater ou bateu o carro e depois perdeu os sentidos? Seu aluno está in- consciente no vestiário. Ele tem alguma doença? Tomou algum re- médio? Usou drogas? Tomou bebida alcoólica? Não se alimentou? Bateu a cabeça? Veja que a avaliação da cabeça aos pés e a entrevista são as ferramentas mais valiosas para o levantamento de informações sobre a vítima, suas lesões e problemas. Avaliação dos sinais vitais Dentro da classificação "sinais vitais", estão: frequência car- díaca, ou pulso; frequência respiratória; temperatura e pressão arterial. Outros dados, como pupilas, pele etc., não são conside- rados sinais vitais. Para medir a pressão arterial e a temperatura, são necessários o esfigmomanômetro e o termômetro, respecti- © Programas de Saúde e Socorros Urgentes116 vamente; portanto, pode ser difícil a obtenção desses dados com precisão sem o auxílio de tais instrumentos. Vamos aqui discutir o que significam essas informações e alguns "truques" que nos po- dem ser bastante úteis. Temperatura: podemos simplificar e apenas observar se a pele está quente, fria ou normal. A pele quente pode significar inflamação, infecção, febre, exposição ao calor ou reação do sistema nervoso autônomo (raiva, vergonha – esses sinais são bastante fugazes). A pele fria pode significar exposição ao frio, reação vascular à perda de sangue, reações do sistema nervoso autônomo (medo ou fuga), assim como dor. Recomendamos que você pesquise sobre os conceitos de inflamação e infecção para que obtenha um melhor entendimento. Frequência cardíaca (FC), pulso, ou batimento cardíaco (qualquer um dos nomes pode ser usado): o pulso informa-nos sobre o status do coração e da circulação. Um pulso forte e acelerado pode ser a resposta orgânica ao exercício, à febre ou ao estresse. Pulso acelerado e fino pode ser resposta à perda de sangue ou compensação de pressão baixa; pode, também, ser resposta à dor, medo, angústia. A FC de um adulto normal pode variar de 80 a 100 batimentos por minuto. Normalmente, o coração dos atletas bate com uma frequência menor, pois o treinamento faz que esse órgão se torne mais eficiente, com contrações mais fortes, mais efetivas, com frequências entre 80 e 60 batimentos por minuto, mesmo sob esforço. Frequências abaixo de 60 ou acima de 120 indicam problemas e estarão acompanhadas de outros sintomas e sinais indicativos. Ausência de pulso na artéria radial (localizada junto ao punho) não é bom sinal, pois significa que a pressão arterial sistólica está menor que 8cm H2O, ou 80mmHg. Ausência de pulso na artéria carótida (artéria do meio do pescoço) é um péssimo sinal, significando parada cardíaca! Frequência respiratória: a respiração, da mesma forma que o pulso, responde fisiologicamente de acordo com a solicitação or- 117 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Atendimento aos Acidentes gânica, o que significa que, no exercício, no estresse, na dor, entre outras situações, normalmente, a frequência respiratória (FR) vai sofrer alterações. É também importante ouvir o ruído respiratório. Na asma, nas bronquites, por exemplo, os brônquios estão cons- tritos, fazendo que o ar passe fazendo um som de assobio (sibilo), como o vento forte passando na fresta da janela. Adultos normais apresentam em torno de 12 respirações por minuto. FR maior que 20 ou menor que 12 movimentos por minuto é sinal de preocupa- ção. O organismo pode solicitar aumento da FR em diversas situ- ações, tais como contusão no tórax, ferimentos abertos no tórax, compensação de diabetes, perda de sangue etc. A diminuição da FR pode ser relacionada ao uso ou abuso de drogas, lícitas ou ilíci- tas, como sedativos, álcool, éter, entre outras, que levam à depres- são do centro de controle respiratório no cérebro. A FR aumentada é um sinal de que o corpo está lutando, ao contrário da diminui- ção, que pode significar falência da respiração. Pressão arterial: a medida da pressão arterial informa-nos sobre a força que o sangue exerce na parede das artérias durante sua passagem. É influenciada pelo volume de sangue circulante, pelo diâmetro e resistência oferecidos pelas artérias e pela força de contração do coração. O valor maior da pressão (que vem sem- pre em primeiro) significa a pressão sistólica (da sístole do cora- ção), chamado também de pressão máxima, e o valor menor (que vem sempre por último) é a pressão da diástole (relaxamento do coração), ou, ainda, pressão mínima. Esse é um dos sinais vitais que tem mais desinformações e folclore ao seu redor. As pessoas costumam dizer que a pressão "normal" é 12 x 8 (dizem "doze por oito"). Na verdade, isso é uma generalização. Para saber qual é a pressão "normal" de uma pessoa, é preciso que se façam várias medidas, em diferentes momentos do dia, por vários dias. Mulhe- res normalmente apresentam pressão dita "mais baixa", principal- mente durante a gravidez. Crianças também apresentam valores pressóricos mais baixos que 12 x 8. É muito comum, também, o mito de colocar sal debaixo da língua ou fazer a pessoa comer uma © Programas de Saúde e Socorros Urgentes118 azeitona quando pensam que ela está com a pressão baixa, pro- vavelmente relacionando o sal com a retenção de líquido e con- sequente aumento da pressão, porém, esse procedimento é ine- ficaz e incapaz de aumentar a pressão em tempo tão curto (veja o Tópico Desmaio, na Unidade 4). Para saber os valores da pressão arterial, é necessária a utilização de um aparelho para medição, pois não é muito fácil obtermos esse dado. Podemos, no entanto, inferir que, se a vítima apresenta pulso na artéria radial (no pu-nho), significa que o coração está com pressão sistólica suficiente para que o sangue chegue até lá, e isso é um bom sinal. Relate aos profissionais que vieram atender ao seu chamado (192 ou 193) todas as informações que coletar. Vamos então agora discutir alguns dos problemas da avalia- ção primária e secundária. Problemas no "A" da via aérea Neste tópico, vamos discutir alguns dos procedimentos para liberação da via aérea. Porém, o problema específico de engasgo por corpo estranho será discutido na Unidade 4. Como dissemos anteriormente, a inconsciência, ou desmaio, é a situação que intrinsecamente pode levar, com mais frequência, à obstrução da via aérea. Essa situação ocorre com mais facilidade caso a vítima esteja em decúbito dorsal horizontal, ou seja, deita- da de costas, pois, nessa posição, a língua pode "cair" sobre a via aérea. O traumatismo craniano (contusão na cabeça) pode muito frequentemente causar comprometimento da função neurológica, levando ao rebaixamento do nível de consciência. Daí até ocorrer um relaxamento muscular generalizado e, por consequência, o re- laxamento da língua é coisa de pouco tempo. Para liberar a via aérea, o socorrista deve realizar a manobra de elevação da mandíbula, ou jaw thrust, que é uma das manobras 119 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Atendimento aos Acidentes para desobstrução manual da via aérea, descrita, anteriormente, na letra A do ABCDE. Se a vítima não recobrar a consciência ou, no mínimo, su- perficializar o nível de consciência (isto é, passar de inconsciência a torpor ou passar a balbuciar gemidos ou palavras), o socorrista deverá manter a abertura manual da via aérea. Quando o organis- mo recobrar o tônus muscular, não será mais necessária a manu- tenção da manobra. Caso a vítima esteja em decúbito ventral horizontal (de bar- riga para baixo), respirando e consciente, é melhor deixá-la nessa posição até a chegada da ambulância. Na impossibilidade de manter a vítima "de barriga para bai- xo", por inconsciência, sangramento na região anterior do corpo ou outras situações de risco, você vai precisar desvirá-la. Chame ajuda de outras pessoas e desvire a vítima como se rolasse um bloco ou um tronco de árvore. A obstrução da via aérea pode ser causada, também, por sangue ou vômito. Essa é uma situação bem difícil para você lidar sozinho, pois é necessário equipamento de aspiração e sondas es- peciais para desobstruí-la; portanto, esse é um trabalho para um profissional especializado (SAMU ou Corpo de Bombeiros) fazê-lo. Situações como essa são bastante angustiantes para quem está prestando socorro. Por sorte, não são tão comuns, pois trau- mas como esses são resultado de lesões causadas por grande ener- gia cinética, como alta velocidade, grandes quedas, violência etc. Problemas no "B" da respiração Como dito anteriormente, a respiração, tanto na frequência como na profundidade, responde às necessidades do corpo. Por exemplo, para melhorar a oxigenação do sangue nas vítimas com hemorragia, o organismo aumenta automaticamente o número de movimentos respiratórios, até a exaustão. © Programas de Saúde e Socorros Urgentes120 Todo o processo respiratório depende de inúmeros fatores, como, por exemplo: 1) Ar respirável. 2) Vias aéreas livres (desde a boca e nariz até os bronquí- olos). 3) Integridade da caixa torácica (costelas, músculo diafrag- ma, músculos intercostais, pleuras etc.). 4) Integridade do parênquima (tecido) pulmonar. 5) Integridade do Sistema Nervoso Central e Autônomo. 6) Integridade e funcionamento do Sistema Circulatório (sangue, artérias, veias e coração). Como podemos observar, o A, o B e o C dependem muito uns dos outros para que o organismo funcione adequadamente. Problemas em qualquer um deles afetam diretamente os outros. É importante atentar para a vítima de traumatismo craniano, seja por qualquer mecanismo, ou que tenha feito ingestão de be- bida alcoólica, pois esses dois agentes potencializam o efeito de- pressor do centro de controle da respiração. Favoreça a respiração da vítima afastando as pessoas; desa- frouxe ou desabotoe roupas, cintos, gravatas etc. Em caso de intoxicação por gases ou fumaça, retire a fonte de intoxicação de perto da vítima ou a afaste da fonte – obviamen- te, se for seguro para você realizar esse procedimento. A contusão torácica ocasionada por uma força de alta energia cinética (agressão, colisão, queda etc.) pode muito provavelmen- te provocar uma contusão pulmonar, levando ao edema (inchaço) do tecido pulmonar e consequente dificuldade para realização das trocas gasosas. Esse processo é sentido pela vítima como dificul- dade para respirar, angústia respiratória, aumento da frequência respiratória e consequente diminuição da profundidade das respi- rações (respirações mais curtas). 121 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Atendimento aos Acidentes A vítima que está apresentando dificuldade respiratória tem grande dificuldade para permanecer deitada. Isso é verdade tanto no trauma como em situações clínicas (insuficiência respiratória, infarto, insuficiência cardíaca etc.). Nestas, a vítima pode perma- necer sentada ou semissentada, porém, no trauma, há o risco de lesão de medula caso haja movimentação da coluna. Caso a respiração esteja ausente, proceda de acordo com a reanimação cardiopulmonar, que você conhecerá na Unidade 4. Problemas no "C" de circulação Como também já foi dito, na avaliação da circulação, deve- mos procurar se há pulso na artéria carótida (um dos chamados "pulsos centrais") e se há sangramentos externos. Na ausência de pulso carotídeo, você deverá proceder de acordo com o protocolo de reanimação cardiopulmonar que está descrito na Unidade 4. A reanimação deve ser mantida até a che- gada das equipes de emergência. Na presença de pulso, procure os sangramentos externos. Na grande maioria das vezes, diante de um trauma, a vítima estará consciente, respirando, com pulso e, talvez, com algum corte com sangramento. Caso não haja suspeita de lesão de coluna, você pre- cisará então apenas conter esse sangramento, não sendo neces- sária a estabilização da cabeça (como, por exemplo, em casos de cortes sem queda). O sistema circulatório é responsável por levar sangue oxige- nado e em quantidade suficiente para todos os tecidos e células do corpo. Para manter a vida, todas as células necessitam de oxi- gênio e glicose para realização do metabolismo celular. Essas duas substâncias essenciais somente conseguem chegar até as células por meio da circulação. O oxigênio e a glicose entram nas reações químicas conhecidas como "Ciclo de Krebs" para produção de energia. Esse processo é chamado de "metabolismo aeróbico", ou © Programas de Saúde e Socorros Urgentes122 seja, utiliza "ar" para acontecer. Na ausência de oxigênio, as células passam a produzir energia por meio do metabolismo anaeróbico. Esse é um processo bastante ineficiente de produção de energia, quase "desesperado", que, além disso, produz metabólitos tóxicos (ácido láctico e ácido pirúvico) difíceis de serem descartados, di- ferentemente do CO2 e H2O da reação normal. Esses ácidos vão se acumulando no organismo, deixando o ambiente interno do corpo em acidose. Nosso organismo não consegue funcionar em acido- se, e a progressão desse estado leva à morte. A oferta inadequada de oxigênio aos tecidos do corpo é cha- mada de "choque". Portanto, o "estado de choque" ao qual nos referimos aqui não é aquele "trauma psicológico" que estamos acostumados a ouvir e ver em reportagens e filmes. Essa é uma síndrome patológica, que pode levar à morte se não corrigida. O choque pode ser causado por fatores associados à falência do sistema cardiovascular: • Volume (conteúdo). • Vasos sanguíneos (continente). • Coração (bomba). Nas perdas de volume, vamos nos ater às hemorragias, tanto externas como internas, aos vasos sanguíneos, cujos ferimentossão os causadores de problemas, e, por fim, à falência cardíaca, em situações como infarto ou edema agudo de pulmão, que são os principais causadores de choque. Existem outras situações que podem levar ao choque, mas fazem parte mais frequentemente do universo de situações mais difíceis de ocorrer na vida do cidadão comum ou, então, encontradas no ambiente hospitalar. Vamos utilizar o exemplo das hemorragias para discutir o choque. O choque hemorrágico, também denominado "choque hi- povolêmico", ocorre quando há perda significativa de sangue ou desidratação, isto é, quando acontece um desequilíbrio entre o vo- 123 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Atendimento aos Acidentes lume de líquido (conteúdo) e o tamanho do continente (lembra-se de que a pressão arterial é a força que o sangue exerce nas pare- des das artérias?). Nesses casos, o organismo lança mão de alguns mecanismos, chamados de "compensatórios", para tentar manter o fluxo de sangue normal para os tecidos: • Aumento da FC e da força de contração do coração: para manter o mesmo fluxo de sangue para as células, o co- ração bate mais forte e mais rápido. O resultado disso é um pulso rápido e ligeiramente mais forte, que denomi- namos como "taquicardia". • Vasoconstrição periférica: o corpo "escolhe" para onde mandar o sangue, elegendo os órgãos importantes (cora- ção, pulmões, cérebro e rins), e deixa de mandar sangue para a pele, por exemplo. Além disso, a vasoconstrição periférica diminui o tamanho do continente, adequando- -o ao volume de sangue disponível. O resultado é a pali- dez. • Aumento da FR e encurtamento da respiração: o organis- mo tenta melhorar a captação de oxigênio para aumentar a oferta para as hemácias. Além disso, como as células estão já começando a fazer metabolismo anaeróbico, o corpo tenta, por meio da respiração, eliminar os subpro- dutos tóxicos dessa reação química. O resultado é o que chamamos de "taquipneia", que é uma respiração rápida e superficial. Todos esses recursos são ativados pelo corpo para tentar compensar a falta de sangue, resultando em uma vítima pálida, sudoreica (suor excessivo causado por reflexo vagal), com a pele fria, com pulso e respirações mais rápidos. Essa é a maneira de desconfiarmos de uma hemorragia que não se apresenta externamente. Junte a causa (agressão, atrope- lamento, colisão, queda etc.) com esses sintomas e você poderá praticamente afirmar que a vítima tem um sangramento. Se você © Programas de Saúde e Socorros Urgentes124 não vê esse sangramento (hemorragia externa), então, é um san- gramento interno (hemorragia interna). Esses recursos, chamados de "mecanismos compensatórios", já indicam que a vítima está em choque. O choque compensado já quer dizer perda de sangue significativa e que temos pouco tempo para tentar reverter a situ- ação, ou seja, a vítima tem de chegar rapidamente a um hospital. À medida que o sangramento continua, esses mecanismos começam a entrar em falência, e, por fim, o corpo entra em colap- so e morre. Portanto, nos primeiros socorros, o objetivo é estan- car o sangramento, no caso das hemorragias externas, ou retardar seus efeitos, no caso das hemorragias internas. Estas, na maioria das vezes, somente serão interrompidas com procedimentos cirúr- gicos. As hemorragias externas são fáceis de identificar, e, para contê-las, utilizamos esta sequência de ações: 1) Compressão direta sobre o ferimento: utilize gazes, compressas ou panos limpos, como toalhas ou guarda- napos. Faça certa pressão sobre o ferimento. Não remo- va as gazes, compressas ou o pano já colocado sobre o ferimento. Se estiverem encharcados de sangue, não os substitua, coloque mais compressas sobre os primeiros (ao retirar compressas que estão em contato com o feri- mento, você remove, também, os coágulos que já estão se formando – não se engane; aqui, coágulos não são ruins, são, em vez disso, a única coisa que vai fazer o san- gramento parar). Exceção: só não fazemos compressão direta sobre fraturas expostas ou ferimentos com vidro encravado. 2) Elevação da região afetada: se não houver fratura asso- ciada na região, você pode elevá-la até que fique acima da altura do coração. Obviamente, essa ação só é possí- vel em ferimentos nos membros superiores e inferiores. 3) Compressão de artéria acima do ferimento: procure pela artéria mais próxima do ferimento e faça uma com- pressão média, a fim de diminuir o fluxo de sangue para o ferimento. Identifique no seu corpo os vários locais em 125 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Atendimento aos Acidentes que temos pulsos palpáveis facilmente alcançáveis nas seguintes artérias: braquial, femoral e radial. 4) Repouso da vítima e repouso da região afetada: faça uma imobilização para impedir a movimentação da re- gião e não permita que a vítima faça esforço físico. Qual- quer esforço vai aumentar o batimento cardíaco, au- mentando, também, o sangramento. Nesse sentido, faça o possível para acalmar a vítima. O medo e a angústia também aumentam os batimentos cardíacos. O uso de torniquete é bastante controverso, porém, em situações limite, se você estiver diante de um sangramento incontrolável e todas as ações anteriores já tiverem sido realizadas sem sucesso na contensão da hemorragia, em locais com falta de recurso ou onde o atendimento hospitalar está muito distante, você pode considerar a aplicação do torniquete – porém, com a possibilidade quase certa de perda do membro. Nas hemorragias internas, como a própria expressão diz, não há externalização de sangue e, portanto, é mais difícil saber se está acontecendo ou não. Para desconfiar de que a vítima possui algum sangramento interno, associamos o tipo de lesão sofrido pela vítima aos sinais e sintomas de perda de sangue já elenca- dos anteriormente. Além disso, algumas indicações podem nos ser úteis, tais como: 5) Eritemas: vermelhidão na pele – indicam pancada forte. Procure essas marcas no tórax, abdome e na pele sobre grandes conjuntos musculares, pois esses lugares podem conter grandes quantidades de sangue extravasado. 6) Equimoses: rompimento de pequenos vasos sanguíne- os, como os capilares – também indicam contusão forte. 7) Hematomas: rompimento de grandes vasos sanguíneos, formando um "lago" (chamado de "loja") de sangue sob a pele – a palpação desse local dá a sensação de flutu- ação. © Programas de Saúde e Socorros Urgentes126 8) Fraturas de grandes ossos: as fraturas de fêmur e dos os- sos da cintura pélvica, por exemplo, podem causar gran- des perdas sanguíneas, de 1,5l a 3,0l, respectivamente. Como já dissemos anteriormente, não é possível, nos pri- meiros socorros, conter a hemorragia interna, isso só será feito por cirurgia. Porém, podemos tentar retardar seus efeitos: • Eleve os membros inferiores: coloque um apoio alto sob os joelhos, elevando as pernas em 30° a 45°, se não hou- ver lesão de coluna associada – esse procedimento "dre- na" o sangue das pernas para a circulação. • Aqueça a vítima: cubra a vítima evitando a perda de calor – a hipotermia que acontece nas hemorragias é bastante prejudicial à vida. • Não dê nada para a vítima beber ou comer. Esses procedimentos também devem ser feitos para vítimas com hemorragia externa. Antigamente, havia uma diferenciação de procedimentos para sangramentos de origem venosa, capilar ou arterial. Atualmente, essa diferenciação não é mais comum em primeiros socorros. Problemas no "D" de avaliação neurológica rápida Os pontos avaliados neste tópico são as pupilas e o estado da consciência. Vamos discorrer rapidamente sobre eles, mas, nos primeiros socorros, não temos muitas ações para corrigir es- ses problemas, restando-nos apenas a constatação da gravidade e consequente informação para os profissionais da emergência. Pupilas: não é à toa que os antigos diziam que "os olhos sãoa janela da alma". Em emergência, dizemos que as pupilas nos mostram o estado do cérebro. As pupilas, quando estão dilatadas (midríase), não sendo ação de nenhuma droga ou medicamento, indicam pouca ou nenhuma oxigenação cerebral. Nas lesões cra- 127 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Atendimento aos Acidentes nianas que afetam apenas um lado do cérebro, uma das pupilas estará de tamanho diferente, geralmente maior, do que a outra. Nas lesões que atingem todo o cérebro, as duas pupilas estarão dilatadas. Pupilas contraídas (miose) ocorrem por ação da luz forte ou de drogas e, também, em algumas lesões e doenças cerebrais. Estado de consciência: do estado de vigília (acordado e atento) ao coma, são várias as gradações da consciência, passando pela agitação, confusão mental, sonolência e torpor. Para avaliar a consciência, usamos perguntas simples, como qual o nome da pessoa, se ela sabe que dia é e onde está. Se a vítima não responde adequadamente a essas questões, se faz repetidamente a mesma pergunta ou se diz coisas sem sentido, dizemos que está confusa ou desorientada. Essa situação indica, no mínimo, contusão cere- bral. Respostas lentas (abre os olhos lentamente) ou ausência de resposta indicam lesões mais graves no cérebro. Não se esqueça de que existem várias drogas, lícitas e ilícitas, que têm sua ação no Sistema Nervoso Central, lentificando ou ace- lerando as respostas da vítima sob sua ação. Tente identificar se a vítima fez uso de alguma delas, incluindo álcool. Porém, cuidado! Não atribua toda sonolência ao uso de drogas. Problemas no "E" de Exposição e proteção contra hipotermia Na exposição da vítima, vamos procurar por ferimentos e, ao mesmo tempo, cobrir a vítima. Neste tópico, vamos então discor- rer sobre vários tipos de ferimentos, alguns bem comuns, outros nem tanto. Você não verá aqui a indicação de nenhuma substância para limpeza dos ferimentos além de água e sabão! Não recomenda- mos o uso de substâncias caseiras, como açúcar, limão, vinagre, terra, cinza de algodão, folha de bananeira etc. ou, ainda, gliceri- nas, vaselinas, água oxigenada etc. Repetimos: use, em primeiros socorros, apenas água e sabão! © Programas de Saúde e Socorros Urgentes128 Vamos então à descrição desses ferimentos e ações em cada um deles. Cortes: ferimentos abertos, normalmente causados por ob- jetos com gume, como facas, cacos de vidro, ferramentas etc.; têm as bordas lisas e podem ser desde superficiais a bem profundos e extensos. Devemos proceder a limpeza somente com água e sabão caso o corte seja superficial. Cortes profundos precisam ter o san- gramento contido imediatamente. Proceda conforme a contensão de hemorragias externas. Escoriações: ferimentos abertos, causados pelo atrito da pele com superfícies. Podem ser superficiais, como os causados por galhos, ou bastante extensos, como os causados pelo atrito com cordas ou com o asfalto nas quedas de moto. São ferimentos extremamente dolorosos, pois o sistema atingido, que é a pele, possui grandes quantidades de inervação sensorial. Devem ser la- vados com água e sabão. Dependendo da quantidade de pele atin- gida, podem causar reflexo vaso vagal pela dor e até perda consi- derável de líquido pela pele exposta. O uso de substâncias para limpeza e desinfecção diária de um ferimento deve ser orientado por um médico ou enfermeiro especialista. Não use substâncias à base de iodo, pois podem ser tóxicas. Isso serve também para líquidos ou pomadas. Contusões: ferimentos fechados, causados por objetos rom- budos (sem gume), podem apresentar eritemas, equimoses ou hematomas. Podem causar rompimento de órgãos internos. Nas contusões em membros (tanto superiores como inferiores), pode ser aplicado gelo (nunca aplique gelo diretamente sobre a pele e por não mais do que 15 minutos em cada aplicação). O uso de gelo em lesões abertas ou com sangramento ativo (hematomas ou equimoses) é contraindicado, pois o efeito rebote da vasocon- trição é bastante intenso, chegando a aumentar o sangramento após a retirada do gelo (aprenderemos mais sobre o uso do gelo a seguir, na explicação de amputações). 129 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Atendimento aos Acidentes Um objeto, mesmo que rombudo, pode, pela ação da for- ça, causar o dilaceramento dos tecidos, como, por exemplo, uma pancada forte em um músculo com um bastão de beisebol. Esse ferimento é chamado de corto-contuso. Lacerações: são ferimentos abertos de bordas irregulares que rasgam o tecido, órgão, víscera, músculo ou pele, normalmen- te causados por objetos com várias faces, como rodas dentadas, portas, forças de arrancamento (aceleração ou desaceleração bruscas) etc. Os ferimentos que apresentam sangramento externo devem ser tratados como qualquer hemorragia. Perfurações: ferimentos causados por objetos punctóricos ou transfixantes, como projéteis de arma de fogo, tesouras, flore- tes, chaves de fenda, furadores de gelo etc. Contenha a hemorra- gia externa. Ferimentos com objetos encravados: o objeto não deve ser retirado, sob risco de aumentar o ferimento e aumentar a hemor- ragia. Faça um curativo volumoso, tentando criar um apoio em volta do objeto que evite sua movimentação. Esse curativo deve ser feito com gazes ou compressas estéreis no contato com a pele aberta ou pano limpo, como toalhas, pano de cozinha etc. Deve também sustentar 2/3 (dois terços) do objeto que está para fora do corpo. Pessoas que ficam presas em lanças ou outro tipo de feri- mento dessa natureza somente devem ser retiradas pelo Corpo de Bombeiros, que tem equipamento para efetuar o corte desses objetos. Ferimentos abertos no tórax: feche o ferimento com um quadrado de plástico limpo e estéril, transparente, sem cor, ocluin- do três lados com esparadrapo. O ferimento aberto no tórax pode causar o que chamamos de "ferida aspirativa". A abertura causada pelo ferimento facilita a entrada de ar por esse local. O curativo plástico de três pontas (como é chamado esse procedimento) evi- ta que o ar entre no tórax pelo "buraco errado". © Programas de Saúde e Socorros Urgentes130 Eviscerações: ferimentos que apresentam abertura da pare- de abdominal com saída de vísceras. Cubra as vísceras com plástico limpo e estéril, transparente, sem cor, para evitar o ressecamento da víscera. Não use gazes ou panos, mesmo que umedecidos com soro fisiológico. Amputações: são dois os procedimentos: um com o segmen- to amputado, outro na ponta do corpo onde aconteceu a amputa- ção. No corpo, a hemorragia deve ser contida da mesma forma que qualquer outra hemorragia; com o segmento amputado, este deve ser envolvido em gaze seca estéril, depois, deve ser colocado em saco plástico bem fechado e somente depois disso deve ser co- locado em gelo. A parte amputada jamais deve entrar em contato direto com o gelo. Em qualquer grande ferimento, existe o risco de a vítima per- der muito sangue e entrar em choque hemorrágico. Observe os sinais de perda de sangue e, além do curativo do ferimento, use os procedimentos para retardar os efeitos do choque: aqueça a vítima, eleve as pernas e não se esqueça de chamar ajuda! Rápido! Entorses e distensões: esse tipo de ferimento pode atingir músculos, tendões e ligamentos. Com relação a tendões e liga- mentos, geralmente, esses ferimentos estão localizados próximos às articulações. Existem vários graus de distensão, sendo alguns bastante graves. A dor é bastante intensa e pode haver edema, equimose e hematoma. Pode ser colocado gelo no local (se não houver sangramento) e deve ser feita a imobilização. Luxações: esse ferimento se caracteriza pelo rompimento total ou parcial dos ligamentos que sustentam uma articulação. Pode haver também rompimento da cápsula articular. Não é um ferimento simples e não pode ser confundido com distensão, en- torse ou fratura.Normalmente, está associado a muita dor e des- vio importante na articulação. É um ferimento grave. Pode estar associado à fratura, e, nesse caso, a gravidade aumenta. A ten- tativa de "colocar no lugar" pode romper ainda mais as estrutu- 131 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Atendimento aos Acidentes ras e aumentar a gravidade da lesão; portanto, por mais dor que esteja ocorrendo, não tente colocar no lugar o membro luxado. Imobilize-o na posição encontrada e encaminhe a vítima o mais rápido possível para um especialista. Não é raro saber de pessoas que já tiveram um ombro luxado e que este sempre "sai do lugar"; às vezes, isso se tornando até uma brincadeira. Na verdade, essa pessoa teve uma luxação que foi mal tratada, tanto nos primei- ros socorros como no tratamento definitivo, ficando a articulação como se fosse uma dobradiça de porta velha e mal parafusada, o que não é nem de perto motivo de graça ou brincadeira. Fraturas fechadas: em primeiros socorros, somente dizemos com certeza que alguém tem uma fratura se a lesão for muito ób- via. Ao contrário, dizemos apenas que a vítima tem uma suspeita de fratura. As fraturas podem ser acompanhadas por dor, restri- ção ou incapacidade de movimento, edema (inchaço), equimose, hematoma. Pode ou não haver desvio anatômico, principalmente em membros com dois ou mais ossos, como o antebraço (rádio e ulna), a perna (tíbia e fíbula), os ossos do carpo e do tarso. O osso fraturado sangra como qualquer estrutura do organismo, e, quanto maior o osso, maior o sangramento. Além disso, tanto as forças que causaram o ferimento quanto as próprias pontas ós- seas podem causar lesões musculares e vasculares, aumentando ainda mais o sangramento. Pode haver lesão do nervo na região da fratura. Essas lesões podem apresentar-se com dormência, for- migamento, perda da capacidade de movimentação e perda de pulso periférico do membro atingido. O membro pode apresentar- -se pálido e frio. Imobilize a região de acordo com os princípios de imobilização definidos mais adiante. Fraturas abertas ou expostas: dizemos que a fratura é aber- ta ou exposta se houver comunicação entre o foco de fratura e o meio externo (como, por exemplo, em uma fratura causada por um tiro). Portanto, necessariamente, não é preciso haver exposi- ção óssea, apesar de esta ser a apresentação mais comum dessa lesão. Nunca, jamais, tente colocar as pontas ósseas expostas para © Programas de Saúde e Socorros Urgentes132 dentro do ferimento. Aborde o ferimento como se fosse um feri- mento com objeto encravado: proteja as pontas expostas e faça um curativo ao redor do ferimento além da própria imobilização. Para imobilizar, siga as mesmas regras da imobilização de lesões ósteo-articulares do quadro a seguir. Esse ferimento tem um ris- co potencial de sangramento, portanto, fique atento aos sinais de choque e proceda de acordo com o protocolo para o choque he- morrágico. Para imobilizar um membro com suspeita de lesão –––––––– • Avalie o membro: observe cor, temperatura, motricidade e sensibilidade. Compare com o membro contralateral. • Se a lesão for num osso, imobilize a articulação acima e a articulação abaixo da lesão. • Se a lesão for numa articulação, imobilize o osso acima e o osso abaixo da lesão. • Acolchoe os espaços entre a vítima e as talas. • Em membros inferiores, sempre estenda mais a imobilização, devido ao peso. • Em lesões de quadril, estenda a imobilização do meio do tórax aos pés. É possível a improvisação de materiais para imobilizar, como cabos de vassoura, travesseiros, cobertores, jornais ou revistas, porém, não se esqueça de acolchoar bem o contato da vítima com esses materiais, de forma que seu uso não provoque mais dor. Utilize, para isso, toalhas, lençóis, camisas etc. • Se for possível o uso de materiais profissionais para imobilização, como talas flexíveis e bandagens triangulares, utilize-os conforme os mesmos princípios anteriores. • A imobilização bem realizada diminui em grande parte a dor e o sangramento. • Após a imobilização, compare novamente com a avaliação inicial: observe cor, temperatura, motricidade e sensibilidade. Qualquer alteração desses parâmetros deve levar à reavaliação da imobilização e da vítima. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Queimaduras: são ferimentos causados por diversos agen- tes, com graduação na profundidade e na extensão. O cálculo da área corpórea queimada é um recurso para o tratamento de hi- dratação realizado no hospital, além de medir a gravidade. Para os primeiros socorros, é importante definir, mesmo que grosseira- mente, qual a extensão de área corpórea atingida. Para também definir a gravidade, além da extensão, usamos os parâmetros da profundidade e da área atingida. 133 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Atendimento aos Acidentes Para calcular a área, ou, ainda, a superfície corpórea queima- da (SCQ), usamos, no ambiente hospitalar, a chamada "regra dos nove", porém, em primeiros socorros, sugerimos a regra da pal- ma da mão, que corresponde a 1% de superfície corpórea. Utilize como parâmetro a palma da mão da vítima, e não a sua. Com relação à profundidade, são queimaduras de 1º grau aquelas que atingem apenas a camada superficial da pele, causan- do vermelhidão, edema (inchaço) e bastante dor; são queimadu- ras de 2º grau aquelas que atingem até a camada média da pele, chamada "derme", causando bolhas e bastante dor; são queima- duras de 3º grau aquelas que atingem todas as camadas da pele, incluindo o tecido celular subcutâneo, podendo atingir músculos, vísceras e ossos. As queimaduras de 3º grau podem se apresentar carbonizadas ou coureáceas (com aparência de couro) e, apesar de serem consideradas indolores (pois as terminações nervosas também foram destruídas), estão circundadas por áreas de 2º e 1º graus, que são bastante dolorosas. São consideradas queimaduras graves: 1) Queimaduras de 1º ou 2º grau que alcançam 25% de SCQ. 2) Queimaduras de 3º grau que alcançam 10% de SCQ. 3) Queimaduras nas mãos, pés, virilha, e face. 4) Queimaduras das vias aéreas (por inalação de ar quente ou fumaça). 5) Queimaduras circulares (circundam uma área do corpo, como braço, perna, abdome, tórax, pescoço etc.). 6) Queimaduras em pessoas menores de cinco anos e maiores de 50 anos. 7) Queimaduras elétricas. 8) Queimaduras associadas a outras lesões (fraturas, trau- matismo craniano etc.). 9) Queimaduras associadas a outras doenças (diabetes, in- suficiência cardíaca etc.). © Programas de Saúde e Socorros Urgentes134 Os agentes térmicos são os agentes mais comuns, sendo a queimadura por escaldo a mais frequente, e as crianças, as víti- mas comuns. Como o mecanismo causador é a transferência de calor de um objeto ou substância para o corpo, a melhor forma de controlar a queimadura térmica é fazer a mesma coisa, ou seja, transferir o calor da pele para outro corpo, que, nessa situação, o melhor remédio é a água! Portanto, resfrie a queimadura com água em temperatura ambiente. Ao passar pela pele, a água vai re- mover o calor em excesso. Essa ação vai restringir a área queimada e controlar a dor. As queimaduras por causas elétricas atingem normalmente adultos jovens em ambiente de trabalho, sendo que a corrente elétrica, ao passar pelo corpo, gera calor, causando necrose (mor- te dos tecidos), destruição dos tecidos musculares, coagulação do sangue e lesão endotelial (parede dos vasos). Além disso, a cor- rente elétrica de natureza alternada interfere na fisiologia elétrica cardíaca, levando à arritmia grave e parada cardíaca. As queimaduras elétricas produzem ferimentos de entrada e saída da corrente, indicando, com grande certeza, o caminho percorrido pela energia. O ferimento de entrada normalmente é menor em relação ao ferimento de saída. As queimaduras por radiação têm, na queimadura de sol,sua representante mais frequente, e, como o próprio nome diz, não são causadas pelo calor do sol, mas, sim, pela radiação (UVA e UVB, essa última a mais lesiva). Casos leves e não complicados de queimadura solar resultam em irritação e vermelhidão na pele. A exposição grave e não tratada pode causar choque e até morte. A dor pode estar presente em quase todas as situações. Os sinto- mas aparecem em torno de duas a seis horas após a exposição e têm seu pico com 12 a 24 horas, podendo variar de bolhas somen- te percebidas com a esfregação da pele a extensas áreas com se- questro de fluido do organismo (perda maciça de líquido levando à desidratação); desequilíbrio eletrolítico; infecção; febre; náusea 135 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Atendimento aos Acidentes e/ou vômitos etc. Nos casos leves e moderados, a pele começa a se recuperar entre quatro e sete dias. Mas não se engane! Não há remédio que remova a radiação! Só o tempo. Portanto, no caso de queimadura solar, o melhor é não tê-la! As queimaduras químicas, excetuando as situações que en- volvem agentes de limpeza e sanitários domésticos, ocorrem, na sua maioria, em situações de trabalho. Aqui, o remédio também vai ser a água, que não somente vai diluir a substância química, como também vai "varrê-la" da superfície do corpo, devendo ser aplicada tanto para substâncias ácidas como para álcalis. Em toda situação de queimadura, preste atenção no agente causador e garanta inicialmente que você não corre perigo, tan- to nas situações de incêndio ou explosões como nas queimaduras elétricas e químicas. Esteja seguro de que você não corre risco an- tes de tocar na vítima. Nas queimaduras térmicas: 1) Caso a vítima esteja em chamas, você deve, primeira- mente, extingui-las. Cubra a vítima com um cobertor ou role-a até que as chamas sejam apagadas. 2) Resfrie a área queimada com água em abundância. O resfriamento da pele deve ser feito com menos abun- dância no caso das queimaduras graves, pelo risco de hipotermia. Não rompa as bolhas. 3) Retire objetos que retêm calor, como anéis, pulseiras, relógios, colares, brincos, cintos, carteiras etc., mesmo que grudados na pele. 4) Remova as roupas. Se houver roupas derretidas aderidas à pele, estas não devem ser removidas. Corte em volta da área aderida. 5) Não use substâncias caseiras, como manteiga, pomadas (nenhuma!), vaselina, glicerina, pasta de dente, pó de café etc. Como já dissemos, em primeiros socorros, usa- mos apenas água. O curativo que será feito diariamente vai ser definido pelo médico ou enfermeiro especialista. © Programas de Saúde e Socorros Urgentes136 Nas queimaduras elétricas: 1) Corte a fonte de energia se possível. 2) Se não for possível afastar a vítima da fonte, ou a fonte da vítima, chame o Corpo de Bombeiros. 3) Avalie se a vítima está em parada cardíaca (estudaremos mais profundamente esse assunto na Unidade 4). 4) Identifique se há ferimentos de entrada e saída da cor- rente elétrica. Isso fornecerá ao médico uma noção de que órgãos foram atingidos. Nas queimaduras químicas: 1) Somente se aproxime se for seguro! Toque na vítima usando proteção: luva de borracha, avental, máscara e gorro. 2) Enxágue a vítima com água em abundância. Não se es- queça de remover os sapatos (para não empoçar água com substância química nos pés) e roupas. Cuidado com os respingos! 3) Em caso de substâncias químicas ácidas, enxágue por 10 minutos. 4) Em caso de substâncias químicas básicas (álcalis), enxá- gue por 15 minutos. 5) Em caso de substância de categoria desconhecida, enxá- gue por 20 minutos. Nas queimaduras por radiação solar: 1) Não use cremes com anestésicos ou com perfume (o perfume contém álcool, que desidrata mais a pele). 2) Banhos frios podem ajudar a aliviar os sintomas. 3) Leve a vítima ao médico se for grave. 7. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade: 137 Claretiano - Centro Universitário © U3 - Atendimento aos Acidentes 1) Faça uma pesquisa e identifique quais são os equipamentos de proteção in- dividual (EPI) para risco biológico e quais deles teriam seu uso indicado para o atendimento a uma vítima, trazendo essas informações para a discussão. 2) Procure identificar na sua cidade de origem e/ou na cidade onde você traba- lha quais dos dois serviços existentes, se os dois existem e como funcionam. 8. CONSIDERAÇÕES Obviamente, existem inúmeras variações dos ferimentos que aqui vimos, bem como muitos outros tipos de ferimentos, porém, não foi o objetivo desta unidade percorrer todos eles ou transformá-lo em um profissional da emergência. O importante é saber comportar-se na maioria das situações e, principalmente, como chamar ajuda! Na próxima unidade, abordaremos as ocorrências e situa- ções em que não está envolvido trauma. Bons estudos! 9. E-REFERÊNCIAS Lista de figuras Figura 3 Manobra de propulsão da mandíbula. Disponível em: <www.marimar.com.br>. Acesso em: 17 dez. 2012. Figura 4 Verifique o pulso carotídeo. Disponível em: <http://www.endocardio.med.br/ abc-da-ressuscitacao/>. Acesso em: 10 maio 2012. 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARANHA, M. I. (Org.). Direito sanitário e saúde pública. Brasília: Ministério da Saúde, 2003. BRASIL. Ministério da Saúde. Relatório Final. In: 8º CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE, 1986. Brasília: Ministério da Saúde, 1987. ______. Ministério da Saúde. O desenvolvimento do Sistema Único de Saúde: avanços, desafios e reafirmação dos seus princípios e diretrizes. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. © Programas de Saúde e Socorros Urgentes138 BRAVO, M. I. S. A política de saúde no Brasil: trajetória histórica. In: Capacitação para conselheiros de saúde – textos de apoio. Rio de Janeiro: UERJ/DEPEXT/NAPE, 2001. BUSS, P. M. Saúde e qualidade de vida. In: COSTA, N. R.; RIBEIRO, J. M. Política de saúde e inovação institucional. São Paulo: ENSP, 1996. CATRIB, A. M. F. et al. Promoção da saúde: saber fazer em construção. In: BARROSO, G. T.; VIEIRA, N. F. C.; VARELA, Z. M. V. (Orgs). Educação em Saúde: no contexto da promoção humana. Fortaleza: Demócrito Rocha, 2003. CHAVES, M. Complexidade e transdiciplinaridade: uma abordagem multidimensional do setor saúde. Revista Brasileira de Educação Médica, 22 (1): 7-18, 1998. FEUERWERKER, L. C. M.; COSTA, H. Intersetorialidade na rede unida. Divulg. Saúde para Debate, n. 22, p. 25-35, 2000. FEUERWERKER, L. C. M.; SOUSA, M. F. Em busca de um novo paradigma: a arte de trabalhar em rede. Divulg. Saúde para Debate, n. 21, p. 49-53, 2000. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2000. LUZ, M. F. 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