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EA
D
Atendimento 
aos Acidentes
3
1. OBJETIVOS
•	 Conhecer	e	identificar	as	principais	ações	a	serem	feitas	
nas	situações	de	acidente.
•	 Identificar	 a	 sequência	 de	 ações	 para	 exame	 e	 atendi-
mento	da	vítima.
2. CONTEÚDOS
•	 Avaliação	da	cena.
•	 Sequência	ABCDE	para	o	exame	da	vítima	e	procedimen-
tos.
3. ORIENTAÇÃO PARA O ESTUDO DA UNIDADE
Antes	de	 iniciar	o	estudo	desta	unidade,	é	 importante	que	
leia	as	orientações	a	seguir:
© Programas de Saúde e Socorros Urgentes96
1)	 Leia	os	livros	da	bibliografia	indicada	para	que	você	am-
plie	e	aprofunde	seus	horizontes	teóricos.	Esteja	sempre	
com	o	material	didático	à	mão	e	discuta	a	unidade	com	
seus	colegas	e	com	o	tutor.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Não	há	dúvida	de	que	existem	situações	que	estão	no	ima-
ginário	de	todos	como	amedrontadoras:	são	os	acidentes	e	situa-
ções	de	emergência	em	saúde.	Na	maioria	das	vezes,	não	sabemos	
em	que	pensar	nem	em	que	fazer	primeiro.
Prestar	os	primeiros	socorros	a	alguém	que	tenha	sofrido	um	
acidente	ou	que	esteja	sofrendo	um	agravo	à	saúde	requer	alguns	
conhecimentos	 básicos,	 possíveis	 a	 todo	 e	 qualquer	 cidadão,	 o	
que,	na	maioria	das	vezes,	tem	a	ver	com	providenciar	ajuda	pro-
fissional	e	saber,	principalmente,	o	que	não	se	deve	fazer.
Além	 desses	 conhecimentos	 básicos,	 abordaremos,	 nesta	
terceira	unidade,	alguns	outros	saberes	mais	elaborados,	para	que	
o	profissional	de	Educação	Física,	como	docente	e	profissional	da	
saúde,	possa	ter	uma	postura	mais	técnica	e	trabalhada	para	sua	
atuação.
Durante	 muitos	 anos,	 prestar	 primeiros	 socorros	 era	 sim-
plesmente	transportar	a	vítima,	o	mais	rapidamente	possível,	no	
primeiro	veículo	disponível,	sem	maiores	cuidados	.	Com	a	evolu-
ção	da	ciência	ao	longo	dos	anos,	além	da	observação	da	prática	
e	dos	estudos	realizados,	muita	coisa	mudou,	e	cada	vez	mais	são	
definidos	o	que	chamamos	de	protocolos de atendimento.	Esses	
protocolos	são	guias	que	orientam	as	ações	que	devemos	realizar	
nessas	 situações.	O	 transporte	 "mais	 rápido	possível"	 se	 tornou	
coisa	do	passado,	sendo,	hoje	em	dia,	o	chamado	por	socorro	(li-
gar	192,	ou	193)	uma	das	ações	essenciais	no	momento	da	emer-
gência,	seja	em	caso	de	acidente	ou	não.
97
Claretiano - Centro Universitário
© U3 - Atendimento aos Acidentes
Os	protocolos	utilizados	auxiliam-nos	a	ordenar	as	ações	no	
atendimento	de	emergência,	não	nos	deixam	esquecer	atitudes	ou	
procedimentos	 importantes	e	diminuem	a	possibilidade	de	erro.	
São	construídos	por	grupos	de	especialistas,	depois	de	discussões	
que	 acontecem	 em	 congressos	 e	 estudos	 pelo	 mundo	 afora,	 e	
abordam	os	principais	problemas	na	emergência.
Além	dos	protocolos	 internacionais,	existem	problemas	 lo-
cais,	cujos	procedimentos	são	definidos	pelas	autoridades	nacio-
nais,	como	os	acidentes	com	animais	peçonhentos,	que,	no	caso	do	
Brasil,	a	fonte	de	norteamento	das	ações	é	o	Ministério	da	Saúde,	
baseado	nos	seus	especialistas	dos	Institutos	Vital	Brazil	e	Butantã.
Nos	momentos	de	discussão	sobre	esses	temas,	traga	todas	
as	suas	dúvidas,	informações	já	adquiridas	e	conhecimentos	ante-
riores	para	enriquecer	os	trabalhos.	Somente	saberemos	o	que	é	
senso	comum,	conhecimento	científico,	folclore	e	mito	se	conver-
sarmos	a	 respeito,	pois,	 em	primeiros	 socorros,	 folclore	e	mitos	
são	o	que	não	falta.	Como	docente	de	Educação	Física,	você	cum-
pre	um	importante	papel	na	difusão	de	conceitos	adequados	de	
saúde.
5. SEGURANÇA DA CENA
O	conceito	de	segurança	da	cena	é	talvez	o	mais	importan-
te	em	primeiros	socorros.	É	pensando	na	segurança	da	cena	que	
evitamos	ações	intempestivas	que	poderiam	inclusive	colocar	em	
risco	 a	 vida	e	 a	 integridade	do	 socorrista	 (pessoa	que	presta	os	
socorros),	 da	 vítima	e	dos	 circundantes	 (transeuntes,	passantes,	
observadores).
Quando	 estamos	 diante	 de	 uma	 cena	 de	 emergência,	 de-
vemos	nos	fazer	algumas	perguntas,	que	visam	abordar	todos	os	
aspectos	da	cena,	identificando	os	riscos,	necessidade	de	socorro	
especializado	e	limitações	que	os	recursos	imediatos	podem	ter.
© Programas de Saúde e Socorros Urgentes98
Quando	pensamos	na	segurança	da	cena,	fazemos	como	se	
déssemos	um	passo	para	trás,	olhando	para	a	situação	como	um	
quadro	ou	uma	foto.	Esse	distanciamento	imaginário	nos	faz	olhar	
para	o	cenário	geral	e	evita	o	que	se	chama	de	"visão	em	túnel".	
Um	socorrista	que	atravessa	uma	rua	em	desabalada	carreira	para	
alcançar	uma	vítima	de	 colisão	ou	atropelamento	vê	 somente	a	
vítima,	e	não	a	rua.	Pode,	dessa	forma,	com	grande	possibilidade	
de	acerto,	transformar-se	em	mais	uma	vítima.	Portanto,	a	velha	
máxima	faz-se	presente:	"tenha	calma!".
Você	pode	argumentar:	"mas	isso	só	acontece	em	situações	
extremas!".	Ora,	riscos	à	segurança	podem	acontecer	em	qualquer	
lugar:	na	escola	(que,	no	seu	caso,	pode	ser	seu	local	de	trabalho),	
em	casa,	na	rua.	Fios	elétricos	desencapados,	estruturas,	constru-
ções	 ou	 reformas,	 piscinas,	 pisos	 escorregadios,	 cacos	 de	 vidro,	
caixas	 de	 energia	 elétrica,	 animais,	 substâncias	 tóxicas	 (fumaça,	
gases	etc.),	parafernálias	para	uso	de	drogas	(seringas,	cachimbos,	
agulhas),	tráfego	intenso	e,	até	mesmo,	uma	pessoa	em	surto	de	
agressividade,	que	pode	ser	considerada	um	risco	à	segurança	de	
si	e	dos	outros.
Para	dimensionar	esses	riscos	e	saber	o	que	será	necessário,	
faça	estas	três	perguntas:
•	 "O que é isto?":	olhe	para	a	situação	e	defina:	é	um	atro-
pelamento,	colisão	de	veículos,	queda	(de	altura,	da	pró-
pria	 altura),	 acidente	 de	mergulho	 (em	 rio	 ou	 piscina),	
intoxicação	 (por	 drogas,	 medicamentos,	 plantas,	 gases	
etc.).	 É	 um	 desmaio,	 convulsão,	 uma	 pessoa	 passando	
mal?	A	pessoa	não	consegue	respirar?	Está	pálida?	Azu-
lada?	 Suando	 frio?	A	pessoa	não	apresenta	movimento	
de	nenhum	tipo?	A	pessoa	está	com	um	lado	paralisado?
•	 "Que riscos existem nesta cena?":	 procure	 por	 todo	 e	
qualquer	tipo	de	situação	que	possa	oferecer	risco:	eletri-
cidade,	fogo,	altura,	água,	explosão,	movimento	intenso	
de	carros	ou	pessoas,	estruturas	colapsadas,	escadas,	ter-
99
Claretiano - Centro Universitário
© U3 - Atendimento aos Acidentes
reno	escorregadio.	Nessa	pergunta,	pense	nos	riscos	de	
contaminação	 biológica,	 inclusive.	 Você	 pode,	 somente	
olhando	para	a	vítima,	dizer,	com	certeza,	se	essa	pessoa	
é	ou	não	portadora	de	alguma	doença	infecciosa?	Obvia-
mente,	a	resposta	é	não.
•	 "Existe alguma coisa que eu possa fazer para controlar 
esses riscos?":	algumas	vezes,	a	resposta	a	essa	pergun-
ta	também	é	não.	Nesse	caso,	trata-se	de	uma	situação	
em	que	só	profissionais	podem	atuar,	por	terem	treina-
mento	e	equipamentos	adequados.	Situações	como	essas	
pedem	apenas	que	as	pessoas	se	mantenham	afastadas	
e	que	 informem	as	autoridades	competentes:	Corpo	de	
Bombeiros,	SAMU,	Polícia,	concessionária	de	estradas	(de	
acordo	com	o	caso).	Esses	serviços	acionarão	outros,	se	
for	preciso,	como	CETESB,	Companhia	de	Energia	Elétrica	
etc.
Resumindo:	você tem treinamento e equipamento para en-
frentar a situação?	Se	sim,	vamos	lá!	Se	não,	afaste-se,	afaste	as	
pessoas	e	chame	ajuda.
Se,	para	ajudar	a	vítima,	o	único	risco	é	o	de	contaminação	
biológica,	será	necessário	o	uso	de	equipamento	de	proteção	indi-
vidual	para	tal.	Geralmente,	esses	equipamentos	devem	proteger	
o	socorrista	do	contato	com	fluidos,	como	saliva,	escarro,	sangue,	
vômito,	entre	outros.
O	equipamento	mínimo	necessário	para	proteção	individual	
deve	fazer	parte	de	qualquer	"caixinha"	de	primeiros	socorros.
Assim	como	os	profissionais	da	saúde,	verifique	as	vacinas	
que	você	pode	e	deve	tomar	para	se	prevenir,	como	as	de	tétano	e	
hepatite,	que	são	as	mais	comuns	e	estão	disponibilizadas	no	SUS.	
Porém,	estar	imunizado	contra	doenças	como	essas	não	elimina	a	
necessidade	do	uso	de	EPI	(Equipamento	de	Proteção	Individual).
© Programas de Saúde e Socorros Urgentes100
Esses	conceitos	 (uso	de	EPI,	normas	de	proteção	universal	
etc.)	estão	dentro	do	grande	conceito	chamado	de	"biosseguran-ça"	e	compreendem	todos	os	equipamentos	e	atitudes	que	evitam	
ou	minimizam	a	possibilidade	de	contágio	ou	contato	com	agentes	
contaminantes	ou	intoxicantes.
As	normas	de	biossegurança	e	a	avaliação	da	segurança	da	
cena	fazem	parte	de	uma	das	regras	de	ouro	da	emergência:	"a 
primeira preocupação que o socorrista deve ter é consigo mes-
mo".	 Portanto,	novamente,	 tenha	 calma,	olhe	para	a	 situação	e	
não	aja	 intempestivamente.	A	cautela,	nesses	casos,	é	a	melhor	
conselheira.
Algumas	ações	podem	ser	realizadas	no	momento	em	que	
você	fica	a	par	da	situação:
•	 Afaste as pessoas:	 a	 aglomeração	 em	 torno	 da	 vítima	
normalmente	não	ajuda	e	até	atrapalha.	Utilize	o	artifício	
de	que	a	vítima	precisa	de	espaço	para	respirar.	Se	hou-
ver	pessoas	afoitas	demais	em	ajudar,	distribua	tarefas	e	
faça-as	se	sentirem	úteis	de	alguma	forma.	Chame	para	
perto	de	você	somente	quem	e	quantos	precisar.
•	 Isole o local:	providencie	uma	forma	de	visualização	de	
isolamento,	 com	 galhos,	 cavaletes,	 cones,	 lanternas,	 o	
que	for	possível,	principalmente	se	for	local	de	tráfego	de	
veículos,	como	ruas,	avenidas	e	estradas,	ou	outras	situa-
ções,	como	incêndio,	desabamento	de	estruturas	etc.
•	 Peça a alguém que chame ajuda:	solicite	a	alguém	que	
ligue	192	ou	193,	dependendo	da	situação	e	da	estrutura	
que	a	cidade	possui.
6. AVALIAÇÃO DA VÍTIMA
A	avaliação	da	vítima	e	os	procedimentos	relacionados	aos	
achados	clínicos	têm	sofrido	várias	modificações	ao	longo	do	tem-
po.	O	que	era	verdade	há	dois	ou	cinco	anos	hoje	pode	ser	con-
101
Claretiano - Centro Universitário
© U3 - Atendimento aos Acidentes
siderado	procedimento	ineficaz	ou	inadequado.	Portanto,	mante-
nha-se	atualizado!
Os	procedimentos	de	avaliação	da	vítima	podem	ser	dividi-
dos	em	dois	caminhos	diferentes:	se	a	vítima	não	sofreu	"aciden-
te"	e	se	a	vítima	sofreu	"acidente".	Para	fins	didáticos	e	técnicos,	
a	partir	de	agora,	não	usaremos	mais	a	expressão	"acidente"	e	va-
mos	passar	a	chamá-la	de	trauma.	Esse	é	um	nome	técnico	e	mais	
correto	que	se	dá	a	um agente ou força externa que exerce uma 
ação sobre a pessoa.
Todos	os	procedimentos	e	protocolos	de	atendimento	à	ví-
tima	que	traremos	aqui	estão	baseados	nas	últimas	resoluções	de	
comitês	 internacionais,	 sobre	 as	 quais	 podemos	 encontrar	mais	
informações	no	Tópico	Referências Bibliográficas.
Você	verá	que,	a	partir	de	agora,	 juntaremos	conceitos	de	
anatomia,	 fisiologia,	 patologia,	 entre	 outros.	 Será	 um	 bom	mo-
mento	 para	 rever	 os	 estudos	 já	 realizados;	 portanto,	 não	 deixe	
passar	nenhuma	dúvida,	conceitos	ou	ideias.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Para esquentar um pouco nossa discussão, vamos conversar sobre a palavra 
"acidente". Por que a professora de Português escorregou e caiu no corredor? 
Porque alguém deixou o chão molhado? Porque havia uma goteira? A goteira 
existia porque ninguém trocou as telhas quebradas? Ou ela estava usando uma 
sandália velha que quebrou? Por que a pessoa foi atropelada? Porque não olhou 
direito ao atravessar a rua? Porque o motorista estava desatento? Passou o sinal 
vermelho?
Se formos descartar, dos acontecimentos que normalmente chamamos de "aci-
dente", aqueles que, por ação humana, foram determinados ou que poderiam 
não acontecer, pouco nos resta para chamarmos mesmo de "acidente". A ação 
humana acaba, portanto, determinando a maioria dos eventos, por imperícia 
(por exemplo, alguém está trabalhando em um andaime de construção pela pri-
meira vez e deixa escapulir uma ferramenta da mão, e esta cai na cabeça de um 
passante na calçada, ou seja, fazer alguma coisa que você não está plenamente 
capacitado para tal), negligência (o responsável pela obra não colocou a prote-
ção que precisava para que nada caísse na cabeça de quem estava passando, 
ou seja, você sabe o que tem de ser feito e não faz) ou imprudência (o operário 
fica fazendo malabarismos com a ferramenta, que acaba "voando" da mão, ou 
seja, sabe do grau do risco envolvido e, mesmo assim, age além da justa medida 
da prudência, excedendo os limites do bom senso).
Tente lembrar-se de situações ou imaginar possibilidades delas tentando identi-
ficar se foi "acidente" ou se poderia ser classificada como imperícia, negligência 
ou imprudência.
© Programas de Saúde e Socorros Urgentes102
Converse com seus parentes e amigos e faça-os pensar em casos que já ouviram 
falar ou presenciaram. Faça o exercício de avaliar a situação e tente imaginar as 
causas.
É de espantar como, a partir desses conceitos, pouca coisa pode ser determinada 
ao "acaso" ou à sorte. No fundo, alguém "pisou na bola".
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
As	vítimas	que	não	sofreram	trauma	serão	chamadas	de	ví-
timas clínicas.
Avaliação da vítima de trauma
A	grande	maioria	das	vítimas	de	trauma	apresenta	uma	situ-
ação	de	leve	a	média	gravidade.	Estatisticamente,	apenas	aproxi-
madamente	10%	das	vítimas	apresenta	quadros	graves.
No	trauma,	o	processo	fisiopatológico	que	está	por	trás	da	
maioria	das	situações	com	risco	de	morte	é	a	falta	de	oxigenação	
das	 células	 teciduais,	que	 faz	que	o	organismo	passe	a	produzir	
energia	utilizando	o	metabolismo	anaeróbico.
Para	 que	 o	 metabolismo	 normal	 de	 produção	 de	 energia	
ocorra	 (metabolismo	 aeróbico),	 são	 necessários,	 minimamente,	
três	componentes:
•	 Oxigenação dos glóbulos vermelhos nos pulmões.	Para	
isso,	o	ar	precisa	ser	respirável;	o	ar	precisa	chegar	até	os	
pulmões	(vias	aéreas	livres);	os	pulmões	devem	ser	capa-
zes	de	proporcionar	a	troca	de	gases;	e,	por	fim,	precisa	
haver	glóbulos	vermelhos	perfundidos	em	quantidade	na	
área	de	troca	pulmonar.
•	 Oferta de glóbulos vermelhos para os tecidos.	Para	isso,	
é	preciso	haver	volume	de	sangue	suficiente.
•	 Entrega de sangue oxigenado para os tecidos.	O	circuito	
onde	o	sangue	flui	 (artérias	e	veias)	e	o	coração	devem	
estar	plenos	nas	suas	funções.
A	avaliação	 inicial	da	vítima	de	 trauma	tem	como	objetivo	
identificar	e	corrigir	essas	situações.
103
Claretiano - Centro Universitário
© U3 - Atendimento aos Acidentes
O	protocolo	dos	primeiros	socorros	que	rege	a	ação	no	aten-
dimento	da	vítima	de	trauma	é	o	que	chamamos	de	"ABCDE".	Es-
sas	letras	fazem	parte	de	um	método	mnemônico	que	foi	criado	a	
partir	de	palavras	em	inglês	que	nos	ajudam	a	lembrar	o	que	fazer.
Essas	 palavras	 têm	 relação	 com	 a	 dinâmica	 dos	 processos	
que	podem	levar	alguém	à	morte	mais	rapidamente	em	uma	situ-
ação	de	trauma,	como,	por	exemplo,	obstrução	da	via	aérea	(por	
inconsciência	ou	sangue),	parada	respiratória,	parada	cardiorres-
piratória,	sangramento	externo	abundante,	traumatismo	craniano	
e	outras	lesões	ou	ferimentos	graves,	como,	por	exemplo,	fraturas,	
amputações,	ferimentos	por	arma	branca	ou	projétil	de	arma	de	
fogo	em	cabeça,	tórax	ou	abdome,	entre	outros,	que	acabam	por	
levar	a	uma	situação	grave.
Lesões por atividades esportivas –––––––––––––––––––––––
Muitos esportes ou atividades recreativas podem provocar lesões graves. Essas 
lesões podem ser causadas por forças de desaceleração súbita, compressão 
excessiva (como nos saltos, por exemplo), rotação, hiperextensão ou 
hiperflexão. Atletas ocasionais ou sem treinamento, orientação, condicionamento 
ou equipamentos de proteção são mais propensos a lesões. Mesmo atletas 
com treinamento bem orientado e equilibrado podem sofrer lesões. Esportes 
que envolvem atividades potencialmente de alta velocidade, desaceleração, 
colisões e impactos se assemelham a ocorrências com motocicletas ou veículos 
motorizados.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Inicialmente,	de	acordo	com	aquelas	perguntas	feitas	na	se-
gurança	e	avaliação	da	cena,	você	definiu	de	que	tipo	de	situação	
se	trata,	não	definiu?	É	ou	não	é	trauma?	E,	afinal	de	contas,	para	
que	você	precisa	saber	disso?
Um	dos	traumas	que	podem	ocorrer	e	que	não	é	visível	aos	
olhos	é	a	lesão	de	coluna.	Sendo	assim,	a	regra	é	sempre suspeitar	
que	a	vítima	possa	ter	sofrido	traumatismo	raquimedular,tendo	
chance	de	sofrer	lesões	permanentes.
Portanto,	é	por	 isso	que	perguntamos	"o	que	é	 isso",	pois	
precisamos	saber	antes	de	"por	a	mão"	na	vítima:	é	ou	não	é	pos-
sível	 que	 a	pessoa	 tenha	 lesão	de	 coluna?	 Essa	pessoa	pode	 se	
mover?	Pode	ser	movida	de	posição	sem	preocupações?
© Programas de Saúde e Socorros Urgentes104
Situações	que	podem	ser	 consideradas	potencialmente	de	
risco	para	traumatismo	raquimedular	são:
1)	 Queda	acima	de	dois	metros	de	altura.
2)	 Queda	curta	com	velocidade	associada	(saltos).
3)	 Mergulho	(mergulho	em	altura	ou	em	água	rasa).
4)	 Colisões.
5)	 Atropelamento.
6)	 Capotamento.
7)	 Agressão	física.
8)	 Lesões	por	projétil	de	arma	de	fogo	em	cabeça,	pescoço,	
tórax	ou	abdome.
9)	 Ejeção	de	veículo	em	movimento	(carro,	moto,	bicicleta,	
skate,	patins	etc.).
O	ABCDE	primário,	ou	avaliação	primária,	deve	ser	realizado	
em	15-30	segundos,	pois	deve	identificar	apenas	as	condições	de	
risco	de	morte	iminente,	ou	seja,	só	faremos	o	ABCDE	se	a	vítima	
estiver	 inconsciente.	Caso	a	vítima	esteja	consciente,	não	preci-
saremos	ver	se	respira	ou	se	o	coração	está	batendo,	pois	essas	
condições	são	sine qua non	para	manter-se	a	consciência.
Portanto,	 primeiramente,	 vamos	 verificar	 se	 a	 vítima	 está	
consciente	ou	não,	e,	para	isso,	o	primeiro toque	na	vítima	é	para	
segurar	a	cabeça,	antes	que	ela	se	vire	sozinha.	Não	permita	que	
a	vítima	faça	nenhum	movimento	de	rotação	ou	lateralização	da	
cabeça	na	tentativa	de	olhar	para	você.
Essa	primeira	ação	faz	parte	da	letra	A	do	ABCDE.	Vamos	a	
ela	e	às	outras.
A (Airway) – abertura da via aérea com estabilização da cabeça e 
coluna cervical
Posicione-se	 por	 trás	 da	 vítima,	 de	 joelhos	 ou	 deitado	 de	
bruços,	e	assuma	a	posição	de	controle.	As	mãos	 são	colocadas	
uma	de	cada	lado	da	cabeça	da	vítima,	cobrindo	as	orelhas	com	as	
palmas.	Os	dedos	são	espalhados	de	forma	a	estabilizar	a	cabeça,	
105
Claretiano - Centro Universitário
© U3 - Atendimento aos Acidentes
sendo	que	o	quarto	e	o	quinto	dedo	de	cada	mão	devem	envolver	
a	parte	posterior	do	crânio	da	vítima.	Os	cotovelos	podem	ficar	en-
costados	no	chão,	um	de	cada	lado,	ou	apoiados	sobre	os	joelhos	
do	socorrista.	Você	não	deve	soltar	a	cabeça	da	vítima	até	que	o	
socorro	especializado	chegue.
Ao	assumir	essa	posição,	você	imediatamente	vai	perceber	
que	não	poderá	fazer	mais	nada	além	disso,	pois,	ao	estabilizar	a	
cabeça,	não	poderá	mais	 soltá-la.	 Se	você	precisar	 sair	do	 local,	
coloque	outra	pessoa	no	seu	lugar.
Fonte:	Prentice-Hall	(1994,	n.	p.).
Figura1	Controle da coluna cervical.
Na	suposição	de	inconsciência,	outra	pessoa	deve	postar-se	
ao	lado	da	vítima	para	chamá-la	e	conduzir	o	restante	da	avaliação.
Essa	 segunda	 pessoa	 deve	 tocar	 a	 vítima	 levemente	 nos	
ombros	e	chamá-la	em	voz	alta.	A	vítima	que	tem	algum	grau	de	
consciência	deve	esboçar	alguma	 resposta	ou,	então,	 responder	
claramente	ao	chamado.
Na	ausência	de	resposta,	consideramos	a	vítima	inconscien-
te.	Na	inconsciência,	ocorre	o	relaxamento	dos	músculos	voluntá-
rios	que	se	tornam	flácidos.	Um	dos	problemas	desse	relaxamento	
é	o	músculo	da	 língua,	que	acaba	por	"cair",	desabando	sobre	a	
passagem	do	ar,	impedindo-o	de	chegar	aos	pulmões.
© Programas de Saúde e Socorros Urgentes106
Fonte:	Prentice-Hall	(1994,	n.	p.).
Figura	2	Língua bloqueando a passagem do ar.
Para	liberar	a	via	aérea,	o	socorrista	que	assumiu	a	estabili-
zação	manual	deve	posicionar	o	segundo	e	terceiro	dedos	sob	o	
ângulo	da	mandíbula	e	impulsioná-la	para	cima.	Essa	técnica	rece-
be	diversos	nomes:	propulsão da mandíbula,	ou,	em	inglês,	jaw 
thrust.
Figura	3	Manobra de propulsão da mandíbula.
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Como	a	maior	parte	da	língua	está	presa	à	mandíbula,	o	mo-
vimento	 de	 elevação	 desse	 osso	movimenta,	 também,	 a	 língua,	
retirando-a	da	passagem	do	ar.	Caso	a	vítima	permaneça	incons-
ciente,	o	socorrista	deve	manter	a	elevação	da	mandíbula.
O	 segundo	 socorrista	 deve	 rapidamente	 olhar	 a	 cavidade	
oral,	 procurando	 sangue,	 próteses	 dentárias	 soltas	 ou	 qualquer	
outra	coisa	que	obstrua	a	passagem	do	ar,	removendo	o	problema.
B (Breathing) – respiração
O	socorrista	postado	ao	lado	da	vítima	deve	aproximar	seu	
rosto	em	direção	ao	nariz	e	boca	da	vítima,	direcionando	seu	olhar	
para	o	tórax.	É	o	que	chamamos	de	"ver,	ouvir	e	sentir"	a	respi-
ração.	Devemos	ver	o	movimento	do	 tórax,	ouvir	a	 respiração	e	
sentir	o	ar	que	sai	da	boca	e	nariz	da	vítima	na	nossa	face.
Esse	segundo	socorrista	deve	observar	se	a	respiração	está	
rápida	ou	lenta,	se	o	tórax	se	move	simetricamente	ou	se	algum	
dos	lados	do	tórax	está	se	movendo	diferentemente	do	seu	opos-
to,	se	a	respiração	é	profunda	ou	superficial.	Essa	avaliação	deve	
ser	rápida,	durando	entre	5	e	10	segundos.	Na	Unidade	4,	estuda-
remos	o	tema	Parada Cardiorrespiratória	para	situações	em	que	a	
vítima	não está respirando.
C (Circulation) – circulação
Como	 já	 abordamos	 anteriormente,	 para	 que	 a	 circulação	
aconteça,	são	necessários	três	componentes:	o	coração,	o	sangue	
e	os	vasos	sanguíneos	(artérias	e	veias).	Portanto,	na	letra	C,	obser-
vamos	todos	esses	componentes,	iniciando	pelo	pulso	carotídeo.
O	 segundo	 socorrista	deve	 colocar	os	dedos	 indicadores	e	
médio	no	meio	do	pescoço	da	vítima,	localizando	a	artéria	carótida	
entre	a	traqueia	e	o	músculo	esternocleidomastoideo.	A	palpação	
do	pulso	deve	demorar,	também,	em	torno	de	dez	segundos.	Se	
não	houver	pulso,	isso	é	uma	parada	cardiorrespiratória	(que	estu-
© Programas de Saúde e Socorros Urgentes108
daremos	mais	detalhadamente	na	Unidade	4).	Observe	se	o	pulso	
está	forte	ou	fraco,	rápido	ou	lento.	Atente-se,	também,	para	a	cor	
da	pele:	se	está	corada	ou	descorada,	pálida	ou	azulada,	quente	
ou	fria.	No	Tópico	Problemas no "C" de Circulação,	abordaremos	
essas	ações,	com	o	tema	choque.
 
Figura	4	Verifique o pulso carotídeo.
Os	sangramentos	externos,	que	também	chamamos	de	"san-
gramentos	óbvios",	são	bastantes	simples	de	se	localizar,	porém,	
devemos	procurar	sangramentos	que	estejam	sendo	contidos	por	
roupas	volumosas.
O	segundo	socorrista	deve	passar	a	mão	sob	a	vítima,	sem	
movimentá-la,	procurando	por	manchas	de	sangue	na	roupa.
Os	sangramentos	internos	não	são	tão	fáceis	de	identificar	e	
serão	abordados	no	tema	choque.
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D (Disability) – avaliação neurológica rápida
Se	a	vítima	está	com	os	olhos	abertos	e	responde	adequada-
mente	às	perguntas,	dizemos,	então,	que	está	alerta	e	consciente.	
Isso	significa,	também,	que	o	cérebro	está	sendo	oxigenado	ade-
quadamente.	Porém,	se	permanece	com	os	olhos	fechados	mesmo	
depois	de	chamada	ou	se	não	está	respondendo	"coisa	com	coisa",	
então,	o	nível	de	consciência	está	alterado.	A	função	cerebral	dá-
-nos	uma	noção	indireta	da	oxigenação	cerebral.	Uma	vítima	agita-
da,	agressiva,	que	não	coopera	ou	que	está	muito	sonolenta	deve	
ser	considerada	como	tendo	oxigenação	cerebral	 ruim	(hipóxia),	
até	prova	em	contrário.
Uma	vítima	com	nível	de	consciência	alterado,	seja	por	agi-
tação,	seja	por	inconsciência,	deve	alertá-lo	para	uma	destas	qua-
tro	possibilidades:	
1)	 Oxigenação	 cerebral	 diminuída	 (hipóxia,	 ou	hipoperfu-
são).
2)	 Lesão	do	Sistema	Nervoso	Central	(SNC).
3)	 Intoxicação	por	drogas	ou	álcool.
4)	 Distúrbio	metabólico	(diabetes,	convulsão).
Ainda	dentro	da	avaliação	neurológica,	as	pupilas	devem	ser	
examinadas,	devendo	ser	observado	seu	tamanho	e	simetria.	Pu-
pilas	 dilatadas	podem	 significar	oxigenação	 cerebral	 ruim	ou	 in-
toxicação	por	determinadas	drogas,	 lícitas	ou	 ilícitas.	Pupilas	de-
masiadamente	contraídas	podem	significar	uso	de	outras	drogas,	
lícitas	ou	ilícitas,	ou,	ainda,	exposição	à	luz	intensa.
Antigamente,	pupilas	dilatadas	significavam	sinal	de	morte.	
Hoje	em	dia,	sabe-se	que	esse	é	um	erro	que	pode	ser	fatal.	Subs-
tâncias	para	dilatar	a	pupila	em	consultas	oftálmicas,	drogas	lícitasou	ilícitas,	entre	outras,	podem	levar	a	erros	de	diagnóstico.
© Programas de Saúde e Socorros Urgentes110
E (Exposure) – exposição
A	vítima	deve	ser	avaliada	por	inteiro,	procurando-se	por	le-
sões	óbvias;	deve	ter	suas	roupas	abertas,	dentro	do	possível,	para	
observar	lesões	localizadas,	e,	ao	final,	deve	ser	protegida	contra	
hipotermia	(mesmo	que	o	tempo	esteja	quente).	A	vítima	de	trau-
ma	perde	 calor	 com	grande	 rapidez,	 e,	 sendo	a	manutenção	da	
temperatura	uma	das	funções	essenciais	para	a	vida,	devemos	evi-
tar	essa	situação,	cobrindo-a	o	mais	rápido	possível.
LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA 
COORDENADOR: PROF. MS. ENGELS CÂMARA 
DISCIPLINA: PROGRAMAS DE SAÚDE E SOCORROS URGENTES 
AUTORAS: PROF CRISTIANE E FLÁVIA 
FORMATAÇÃO: SIMONE RODRIGUES 
REVISÃO: VANESSA VERGANI MACHADO
Algoritmo de Atendimento da Vítima de Trauma 
Observações ................................................................................. 
Se a vítima estiver de bruços, somente a desvire (veja a técnica mais adiante), 
caso seja impossível determinar se há ou não respiração. Caso contrário, 
mantenha-a na mesma posição, sem mexer a cabeça, e aguarde socorro 
especializado. 
Se houver risco ambiental, como incêndio, explosões, contaminação física ou 
química, não entre na cena, ou, se possível, retire a vítima o mais rápido e 
cuidadosamente possível. 
 ....................................................................................................... 
A  avaliação  primária,  ou  ABCDE  primário,  como  já 
dissemos anteriormente, é um processo que deve ser executado 
Segurança de cena:
 Qual é o trauma? Quais os riscos? 
 Isole o local 
 Chame ajuda
Vítima 
Consciente  Inconsciente
Segure a cabeça 
Procure sangramento externo 
Realize avaliação secundária 
Segure a cabeça e faça abertura da via aérea 
Realize avaliação primária – abcde 
Realize avaliação secundária 
Observações ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Se a vítima estiver de bruços, somente a desvire (veja a técnica mais adiante), 
caso seja impossível determinar se há ou não respiração. Caso contrário, 
mantenha-a na mesma posição, sem mexer a cabeça, e aguarde socorro 
especializado.
Se houver risco ambiental, como incêndio, explosões, contaminação física ou 
química, não entre na cena, ou, se possível, retire a vítima o mais rápido e 
cuidadosamente possível.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A	avaliação	primária,	ou	ABCDE	primário,	como	já	dissemos	
anteriormente,	é	um	processo	que	deve	ser	executado	rapidamen-
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© U3 - Atendimento aos Acidentes
te,	tentando	identificar	e	corrigir	os	problemas	prioritários	que	co-
locam	a	vida	em	risco.
É	óbvio	que,	se	a	vítima	está	alerta	e	conversando,	a	priori-
dade	é	 identificar	outras	 lesões	ou	situações	menos	óbvias,	mas	
que	também	podem	levar	a	estados	mais	graves.	Assim,	a	vítima	
estando	sem	problemas	na	avaliação	primária,	passaremos	à	ava-
liação secundária.
Avaliação secundária da vítima de trauma
Antes	de	iniciar	a	avaliação	secundária,	você	deve	certificar-
-se	de	que	observou	todos	os	itens	da	avaliação	primária,	sobre	os	
quais	estudaremos	um	a	um	nos	parágrafos	subsequentes,	 iden-
tificando-os	 e	 corrigindo-os.	 Por	 exemplo,	 você	não	deve	deixar	
sem	controle	um	ferimento	aberto	com	sangramento	abundante	
para	realizar	a	avaliação	secundária.	O	objetivo	dessa	avaliação	é	
identificar	 lesões	ou	problemas	que	não	são	óbvios	e	não	foram	
identificados	na	avaliação	primária	e	que	podem	colocar	a	vida	em	
risco	ou	não.
A	avaliação	secundária	pode	ser	realizada	enquanto	o	socor-
ro	 especializado	não	 chega.	 Você	deve	 aproveitar	 os	momentos	
de	consciência	e	lucidez	da	vítima	para	coletar	dados	importantes,	
como	o	telefone	de	alguém	da	família,	nome	completo,	endereço	
etc.
A	avaliação	secundária	compõe-se	de	três	itens:
•	 Avaliação	da	cabeça	aos	pés,	ou	exame	objetivo.
•	 Entrevista,	ou	exame	subjetivo.
•	 Avaliação	dos	sinais	vitais.
Vamos,	agora,	conhecê-los	um	a	um.
© Programas de Saúde e Socorros Urgentes112
Avaliação da cabeça aos pés, ou exame objetivo
A	avaliação da cabeça aos pés	é	denominada	dessa	forma	
para	que	uma	ordem	na	avaliação	seja	seguida.	É	também	chama-
da	de	"exame	objetivo",	porque	é	a	reunião	de	informações	que	
o socorrista	identifica	objetivamente,	ou	seja,	a	partir	do	que	vê,	
ouve	ou	sente.	Caso	a	vítima	esteja	consciente,	peça	ajuda	para	
que	ela	indique	onde	está	doendo,	ou,	ainda,	que	ela	diga,	de	acor-
do	com	a	região	avaliada,	se	está	doendo	ou	não.	A	dor	é	um	forte	
indicativo	de	problema	ou	de	lesão.	Caso	esteja	inconsciente,	você	
terá	 apenas	 seus	 recursos	 para	 identificar	 lesões.	 Seus	 recursos	
nada	mais	são	do	que	alguns	dos	seus	sentidos:	tato,	audição,	vi-
são	e	olfato.
Aproveite	seus	conhecimentos	de	anatomia	e	fisiologia;	ago-
ra	eles	serão	de	muita	ajuda	para	você.
Palpe,	com	as	mãos	espalmadas,	todas	as	regiões	do	corpo,	
iniciando	pela	cabeça	e	seguindo	até	os	pés.	Procure	por	sinais	de	
sangramento.	Observe	a	presença	de	lesões	na	pele,	como	equi-
moses,	hematomas,	escoriações,	contusões	lacerações,	cortes	ou	
ferimentos	penetrantes	(a	definição	de	cada	tipo	de	ferimento	ve-
remos	no	Tópico	Problemas no "E" de Exposição e proteção con-
tra hipotermia).	Veja	e	sinta	se	há	deformidades	ósseas,	inchaços	
(edema),	abaulamentos	ou	afundamentos	resultados	de	fraturas	
ou	incapacidades	funcionais	agudas.
Repare	na	cor	da	pele,	se	pálida,	azulada	ou	avermelhada.	A	
pele	dá-nos	informações	importantes	caso	esteja	úmida,	pegajosa,	
seca,	 pálida,	 avermelhada	ou	 azulada.	 A	 pele	 pálida	 pode	 signi-
ficar	 pouco	 sangue	 circulante,	 dor	 ou	 reação	 autonômica	 (siste-
ma	nervoso	autônomo),	de	medo	ou	pavor,	por	exemplo.	A	pele	
avermelhada	pode	significar	contusão,	inflamação	ou,	até	mesmo,	
febre.	A	pele	azulada	significa	pouca	oxigenação.	Uma	região	do	
corpo	que	se	apresenta	quente,	inchada	(edema),	dolorida	e	ver-
melha	muito	provavelmente	está	inflamada.	Sinta	a	temperatura,	
se	quente,	 fria	 ou	normal.	Ouça	 ruídos	diferentes	da	 respiração	
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ou	 atente	 para	 gemidos	 da	 vítima	 torporosa.	 Odores	 estranhos	
podem	indicar	doenças	(como	diabetes,	doenças	renais)	ou	into-
xicações	 (álcool,	 produtos	de	 limpeza	etc.).	Ainda	utilizando	 sua	
audição	e	tato,	ossos	fraturados	podem	produzir	o	que	chamamos	
de	"crepitação"	ao	serem	palpados.
Temos	de	ter	muito	cuidado	na	palpação.	Esse	procedimento	
deve	ser	firme,	porém	não	intempestivo,	especialmente	na	palpa-
ção	do	crânio,	da	face	e,	também,	dos	locais	que	a	vítima	informa	
dor	importante.	Nas	extremidades,	caso	a	vítima	esteja	conscien-
te,	peça	para	executar	movimentos	leves,	como	apertar	sua	mão	
ou	mover	o	dedão	do	pé.	Esses	movimentos,	se	executados,	po-
dem	indicar	que,	até	então,	não	há	lesão	raquimedular,	o	que	não	
significa	que	não	há	lesão	de	coluna.
Vá	relacionando	mentalmente	todos	os	seus	achados.	Ao	fi-
nal	 do	 exame,	 você	 vai	 decidir,	 em	ordem	de	prioridade,	 o	 que	
fazer	primeiro,	sempre	seguindo	da	lesão	mais	grave	para	a	mais	
leve.
Por	exemplo,	você	deverá	imobilizar,	primeiramente,	o	qua-
dril,	que	você	suspeita	ter	lesão,	e,	depois,	o	punho,	e	não	o	con-
trário.
Entrevista, ou exame subjetivo
O	procedimento	chamado	de	"entrevista",	ou	"exame	subje-
tivo",	recebe	esse	nome	por	representar	a	reunião	de	informações	
que	 são	 fornecidas	 pela	 vítima.	Obviamente,	 para	 isso,	 a	 vítima	
precisa	estar	consciente	e	lúcida.
Pergunte	a	ela	seu	nome	completo,	idade,	endereço	e	tele-
fones	para	contato.	É	preciso	aproveitar	ao	máximo	esses	momen-
tos	de	consciência	e	lucidez	para	obter-se	essas	informações.	Caso	
a	vítima	se	torne	inconsciente,	será	possível,	com	esses	dados,	o	
contato	com	a	família.
© Programas de Saúde e Socorros Urgentes114
Aqui	também	se	usa	de	um	artifício	para	lembrar-se	do	que	
perguntar,	que	é	 representado	pelas	 letras	da	palavra	em	 inglês"sample".
S (Symptoms) – sintomas
Pergunte	se	a	vítima	está	sentindo	dor	e	em	que	região.	Per-
gunte,	também,	sobre	tontura,	náusea	(ânsia	de	vômito);	se	houve	
perda	da	consciência	(se	ficou	desmaiada);	se	há	perda	de	memó-
ria.	Pergunte,	por	exemplo,	se	a	vítima	se	lembra	de	tudo	o	que	
aconteceu.	Pergunte	se	ela	consegue	sentir	seu	toque	nas	mãos	e	
nos	pés.
A (Alergies) – alergias
Pergunte	se	a	vítima	tem	alergia	a	algum	medicamento	ou	
substância.	 Essa	 informação	 é	muito	 importante	 para	 os	 profis-
sionais	 do	 SAMU	e	 do	 hospital	 que	 receberá	 a	 vítima,	 a	 fim	 de	
que	sejam	evitados	acidentes	de	administração	de	medicação,	por	
exemplo.
M (Medications) – medicações em uso
Pergunte	se	a	vítima	usou	ou	tem	usado	medicações,	sejam	
de	uso	contínuo,	sejam	de	uso	eventual.	Algumas	medicações	po-
dem	"mascarar"	o	estado	da	vítima;	outras	são	incompatíveis	com	
drogas	que	podem	ser	administradas	em	momentos	de	urgência.
P (Past Medical History) – passado clínico
Aqui	 precisamos	 saber	 se	 a	 vítima	é	portadora	de	 alguma	
doença	 preexistente,	 como	 hipertensão,	 insuficiência	 cardíaca,	
epilepsia,	diabetes,	depressão	ou	outras	doenças	mentais,	etc.
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L (Last Meal) – última refeição
Esse	dado	é	importante	para	as	vítimas	que	precisam	ir	para	
cirurgia	de	emergência.	Há	quanto	 tempo	 foi	a	 sua	última	refei-
ção?	O	que	 comeu?	Por	 exemplo,	 se	 a	 vítima	acabou	de	 comer	
uma	feijoada	e	sofreu	um	atropelamento,	o	estômago	estará,	com	
certeza,	bem	cheio,	e	isso	deve	ser	informado	ao	anestesista,	para	
o	caso	de	ser	necessária	uma	cirurgia,	pelo	risco	de	vômito	no	mo-
mento	da	indução	anestésica.	Pelo	mesmo	motivo,	nos	traumas,	
não dê nada para a vítima beber ou comer, mesmo que esta su-
plique por água!
E (Event) – evento desencadeador
O	que	aconteceu?	A	senhora	que	caiu	da	escada	escorregou	
e	caiu?	Ou	teve	um	escurecimento	da	visão,	ou	tontura,	e	depois	
caiu	(isso	significa	que	ela	pode	ter	tido	um	derrame	e,	por	isso,	
caiu	da	escada)?	O	pedreiro	que	estava	no	andaime	da	obra	na	
escola	teve	uma	convulsão	e	depois	caiu	do	andaime?	O	avô	da	
criança	que	veio	buscá-la	na	escola	e	que	bateu	o	carro	no	poste	
teve	algum	sintoma	cardíaco	e	perdeu	os	sentidos	antes	de	bater	
ou	bateu	o	carro	e	depois	perdeu	os	sentidos?	Seu	aluno	está	in-
consciente	no	vestiário.	Ele	tem	alguma	doença?	Tomou	algum	re-
médio?	Usou	drogas?	Tomou	bebida	alcoólica?	Não	se	alimentou?	
Bateu	a	cabeça?
Veja	que	a	avaliação	da	 cabeça	aos	pés	e	a	entrevista	 são	
as	ferramentas	mais	valiosas	para	o	levantamento	de	informações	
sobre	a	vítima,	suas	lesões	e	problemas.
Avaliação dos sinais vitais
Dentro	da	classificação	"sinais	vitais",	estão:	frequência car-
díaca,	ou	pulso;	 frequência respiratória;	temperatura	e	pressão 
arterial.	Outros	dados,	como	pupilas,	pele	etc.,	não	são	conside-
rados	sinais	vitais.	Para	medir	a	pressão	arterial	e	a	temperatura,	
são	necessários	o	esfigmomanômetro	e	o	termômetro,	 respecti-
© Programas de Saúde e Socorros Urgentes116
vamente;	portanto,	pode	ser	difícil	a	obtenção	desses	dados	com	
precisão	sem	o	auxílio	de	tais	instrumentos.	Vamos	aqui	discutir	o	
que	significam	essas	informações	e	alguns	"truques"	que	nos	po-
dem	ser	bastante	úteis.
Temperatura:	 podemos	 simplificar	 e	 apenas	observar	 se	 a	
pele	 está	 quente,	 fria	 ou	 normal.	 A	 pele	 quente	 pode	 significar	
inflamação,	 infecção,	 febre,	 exposição	 ao	 calor	 ou	 reação	 do	
sistema	 nervoso	 autônomo	 (raiva,	 vergonha	 –	 esses	 sinais	 são	
bastante	 fugazes).	 A	 pele	 fria	 pode	 significar	 exposição	 ao	 frio,	
reação	vascular	à	perda	de	 sangue,	 reações	do	 sistema	nervoso	
autônomo	(medo	ou	fuga),	assim	como	dor.
Recomendamos	 que	 você	 pesquise	 sobre	 os	 conceitos	 de	
inflamação	e	infecção	para	que	obtenha	um	melhor	entendimento.
Frequência cardíaca (FC), pulso, ou batimento cardíaco 
(qualquer um dos nomes pode ser usado):	o	pulso	 informa-nos	
sobre	o	status	do	coração	e	da	circulação.	Um	pulso	forte	e	acelerado	
pode	ser	a	resposta	orgânica	ao	exercício,	à	febre	ou	ao	estresse.	
Pulso	 acelerado	e	 fino	pode	 ser	 resposta	 à	perda	de	 sangue	ou	
compensação	de	pressão	baixa;	pode,	também,	ser	resposta	à	dor,	
medo,	angústia.	A	FC	de	um	adulto	normal	pode	variar	de	80	a	100	
batimentos	por	minuto.	Normalmente,	o	coração	dos	atletas	bate	
com	uma	frequência	menor,	pois	o	treinamento	faz	que	esse	órgão	
se	torne	mais	eficiente,	com	contrações	mais	fortes,	mais	efetivas,	
com	 frequências	 entre	 80	 e	 60	 batimentos	 por	minuto,	mesmo	
sob	esforço.	Frequências	abaixo	de	60	ou	acima	de	120	 indicam	
problemas	e	estarão	acompanhadas	de	outros	 sintomas	e	sinais	
indicativos.	 Ausência	 de	 pulso	 na	 artéria	 radial	 (localizada	 junto	
ao	punho)	não	é	bom	sinal,	pois	 significa	que	a	pressão	arterial	
sistólica	está	menor	que	8cm	H2O,	ou	80mmHg.	Ausência	de	pulso	
na	 artéria	 carótida	 (artéria	 do	meio	 do	 pescoço)	 é	 um	péssimo	
sinal,	significando	parada	cardíaca!
Frequência respiratória:	a	respiração,	da	mesma	forma	que	
o	pulso,	responde	fisiologicamente	de	acordo	com	a	solicitação	or-
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gânica,	o	que	significa	que,	no	exercício,	no	estresse,	na	dor,	entre	
outras	situações,	normalmente,	a	frequência	respiratória	(FR)	vai	
sofrer	alterações.	É	também	importante	ouvir	o	ruído	respiratório.	
Na	asma,	nas	bronquites,	por	exemplo,	os	brônquios	estão	cons-
tritos,	fazendo	que	o	ar	passe	fazendo	um	som	de	assobio	(sibilo),	
como	o	vento	forte	passando	na	fresta	da	janela.	Adultos	normais	
apresentam	em	torno	de	12	respirações	por	minuto.	FR	maior	que	
20	ou	menor	que	12	movimentos	por	minuto	é	sinal	de	preocupa-
ção.	O	organismo	pode	solicitar	aumento	da	FR	em	diversas	situ-
ações,	tais	como	contusão	no	tórax,	ferimentos	abertos	no	tórax,	
compensação	de	diabetes,	perda	de	sangue	etc.	A	diminuição	da	
FR	pode	ser	relacionada	ao	uso	ou	abuso	de	drogas,	lícitas	ou	ilíci-
tas,	como	sedativos,	álcool,	éter,	entre	outras,	que	levam	à	depres-
são	do	centro	de	controle	respiratório	no	cérebro.	A	FR	aumentada	
é	um	sinal	de	que	o	corpo	está	lutando,	ao	contrário	da	diminui-
ção,	que	pode	significar	falência	da	respiração.
Pressão arterial:	a	medida	da	pressão	arterial	 informa-nos	
sobre	a	força	que	o	sangue	exerce	na	parede	das	artérias	durante	
sua	passagem.	É	 influenciada	pelo	volume	de	sangue	circulante,	
pelo	diâmetro	e	resistência	oferecidos	pelas	artérias	e	pela	força	
de	contração	do	coração.	O	valor	maior	da	pressão	(que	vem	sem-
pre	em	primeiro)	significa	a	pressão	sistólica	(da	sístole	do	cora-
ção),	chamado	também	de	pressão máxima,	e	o	valor	menor	(que	
vem	sempre	por	último)	é	a	pressão	da	diástole	(relaxamento	do	
coração),	ou,	ainda,	pressão mínima.	Esse	é	um	dos	sinais	vitais	
que	tem	mais	desinformações	e	folclore	ao	seu	redor.	As	pessoas	
costumam	dizer	que	a	pressão	"normal"	é	12	x	8	(dizem	"doze	por	
oito").	Na	verdade,	isso	é	uma	generalização.	Para	saber	qual	é	a	
pressão	"normal"	de	uma	pessoa,	é	preciso	que	se	 façam	várias	
medidas,	em	diferentes	momentos	do	dia,	por	vários	dias.	Mulhe-
res	normalmente	apresentam	pressão	dita	"mais	baixa",	principal-
mente	durante	a	gravidez.	Crianças	também	apresentam	valores	
pressóricos	mais	baixos	que	12	x	8.	É	muito	comum,	também,	o	
mito	de	colocar	sal	debaixo	da	língua	ou	fazer	a	pessoa	comer	uma	
© Programas de Saúde e Socorros Urgentes118
azeitona	quando	pensam	que	ela	está	com	a	pressão	baixa,	pro-
vavelmente	relacionando	o	sal	com	a	retenção	de	 líquido	e	con-
sequente	aumento	da	pressão,	porém,	esse	procedimento	é	ine-
ficaz	e	incapaz	de	aumentar	a	pressão	em	tempo	tão	curto	(veja	o	
Tópico	Desmaio,	na	Unidade	4).	Para	saber	os	valores	da	pressão	
arterial,	é	necessária	a	utilização	de	um	aparelho	para	medição,	
pois	não	é	muito	fácil	obtermos	esse	dado.	Podemos,	no	entanto,	
inferir	que,	se	a	vítima	apresenta	pulso	na	artéria	 radial	 (no	pu-nho),	significa	que	o	coração	está	com	pressão	sistólica	suficiente	
para	que	o	sangue	chegue	até	lá,	e	isso	é	um	bom	sinal.
Relate	aos	profissionais	que	vieram	atender	ao	seu	chamado	
(192	ou	193)	todas	as	informações	que	coletar.
Vamos	então	agora	discutir	alguns	dos	problemas	da	avalia-
ção	primária	e	secundária.
Problemas no "A" da via aérea
Neste	tópico,	vamos	discutir	alguns	dos	procedimentos	para	
liberação	da	via	aérea.	Porém,	o	problema	específico	de	engasgo	
por	corpo	estranho	será	discutido	na	Unidade	4.
Como	dissemos	anteriormente,	a	inconsciência,	ou	desmaio,	
é	a	situação	que	intrinsecamente	pode	levar,	com	mais	frequência,	
à	obstrução	da	via	aérea.	Essa	situação	ocorre	com	mais	facilidade	
caso	a	vítima	esteja	em	decúbito	dorsal	horizontal,	ou	seja,	deita-
da	de	costas,	pois,	nessa	posição,	a	língua	pode	"cair"	sobre	a	via	
aérea.
O	traumatismo	craniano	 (contusão	na	cabeça)	pode	muito	
frequentemente	causar	comprometimento	da	função	neurológica,	
levando	ao	rebaixamento	do	nível	de	consciência.	Daí	até	ocorrer	
um	relaxamento	muscular	generalizado	e,	por	consequência,	o	re-
laxamento	da	língua	é	coisa	de	pouco	tempo.
Para	liberar	a	via	aérea,	o	socorrista	deve	realizar	a	manobra	
de	elevação	da	mandíbula,	ou	jaw thrust,	que	é	uma	das	manobras	
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para	desobstrução	manual	da	via	aérea,	descrita,	anteriormente,	
na	letra	A	do	ABCDE.
Se	a	vítima	não	 recobrar	a	consciência	ou,	no	mínimo,	 su-
perficializar	o	nível	de	consciência	(isto	é,	passar	de	inconsciência	
a	torpor	ou	passar	a	balbuciar	gemidos	ou	palavras),	o	socorrista	
deverá	manter	a	abertura	manual	da	via	aérea.	Quando	o	organis-
mo	recobrar	o	tônus	muscular,	não	será	mais	necessária	a	manu-
tenção	da	manobra.
Caso	a	vítima	esteja	em	decúbito	ventral	horizontal	(de	bar-
riga	para	baixo),	respirando	e	consciente,	é	melhor	deixá-la	nessa	
posição	até	a	chegada	da	ambulância.
Na	impossibilidade	de	manter	a	vítima	"de	barriga	para	bai-
xo",	por	 inconsciência,	sangramento	na	região	anterior	do	corpo	
ou	outras	situações	de	risco,	você	vai	precisar	desvirá-la.	Chame	
ajuda	de	outras	 pessoas	 e	 desvire	 a	 vítima	 como	 se	 rolasse	um	
bloco	ou	um	tronco	de	árvore.
A	 obstrução	 da	 via	 aérea	 pode	 ser	 causada,	 também,	 por	
sangue	ou	vômito.	Essa	é	uma	situação	bem	difícil	para	você	lidar	
sozinho,	pois	é	necessário	equipamento	de	aspiração	e	sondas	es-
peciais	para	desobstruí-la;	portanto,	esse	é	um	trabalho	para	um	
profissional	especializado	(SAMU	ou	Corpo	de	Bombeiros)	fazê-lo.
Situações	como	essa	são	bastante	angustiantes	para	quem	
está	prestando	socorro.	Por	sorte,	não	são	tão	comuns,	pois	trau-
mas	como	esses	são	resultado	de	lesões	causadas	por	grande	ener-
gia	cinética,	como	alta	velocidade,	grandes	quedas,	violência	etc.
Problemas no "B" da respiração
Como	dito	anteriormente,	a	respiração,	tanto	na	frequência	
como	na	profundidade,	responde	às	necessidades	do	corpo.	Por	
exemplo,	para	melhorar	a	oxigenação	do	sangue	nas	vítimas	com	
hemorragia,	o	organismo	aumenta	automaticamente	o	número	de	
movimentos	respiratórios,	até	a	exaustão.
© Programas de Saúde e Socorros Urgentes120
Todo	o	processo	respiratório	depende	de	inúmeros	fatores,	
como,	por	exemplo:
1)	 Ar	respirável.
2)	 Vias	aéreas	livres	(desde	a	boca	e	nariz	até	os	bronquí-
olos).
3)	 Integridade	da	caixa	torácica	(costelas,	músculo	diafrag-
ma,	músculos	intercostais,	pleuras	etc.).
4)	 Integridade	do	parênquima	(tecido)	pulmonar.
5)	 Integridade	do	Sistema	Nervoso	Central	e	Autônomo.
6)	 Integridade	 e	 funcionamento	 do	 Sistema	 Circulatório	
(sangue,	artérias,	veias	e	coração).
Como	podemos	observar,	o	A,	o	B	e	o	C	dependem	muito	
uns	dos	outros	para	que	o	organismo	funcione	adequadamente.	
Problemas	em	qualquer	um	deles	afetam	diretamente	os	outros.
É	importante	atentar	para	a	vítima	de	traumatismo	craniano,	
seja	por	qualquer	mecanismo,	ou	que	tenha	feito	ingestão	de	be-
bida	alcoólica,	pois	esses	dois	agentes	potencializam	o	efeito	de-
pressor	do	centro	de	controle	da	respiração.
Favoreça	a	respiração	da	vítima	afastando	as	pessoas;	desa-
frouxe	ou	desabotoe	roupas,	cintos,	gravatas	etc.
Em	caso	de	intoxicação	por	gases	ou	fumaça,	retire	a	fonte	
de	intoxicação	de	perto	da	vítima	ou	a	afaste	da	fonte	–	obviamen-
te,	se	for	seguro	para	você	realizar	esse	procedimento.
A	contusão	torácica	ocasionada	por	uma	força	de	alta	energia	
cinética	(agressão,	colisão,	queda	etc.)	pode	muito	provavelmen-
te	provocar	uma	contusão	pulmonar,	levando	ao	edema	(inchaço)	
do	tecido	pulmonar	e	consequente	dificuldade	para	realização	das	
trocas	gasosas.	Esse	processo	é	sentido	pela	vítima	como	dificul-
dade	para	respirar,	angústia	respiratória,	aumento	da	frequência	
respiratória	e	consequente	diminuição	da	profundidade	das	respi-
rações	(respirações	mais	curtas).
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A	vítima	que	está	apresentando	dificuldade	respiratória	tem	
grande	dificuldade	para	permanecer	deitada.	Isso	é	verdade	tanto	
no	trauma	como	em	situações	clínicas	(insuficiência	respiratória,	
infarto,	insuficiência	cardíaca	etc.).	Nestas,	a	vítima	pode	perma-
necer	sentada	ou	semissentada,	porém,	no	trauma,	há	o	risco	de	
lesão	de	medula	caso	haja	movimentação	da	coluna.
Caso	a	respiração	esteja	ausente,	proceda	de	acordo	com	a	
reanimação	cardiopulmonar,	que	você	conhecerá	na	Unidade	4.
Problemas no "C" de circulação
Como	também	já	foi	dito,	na	avaliação	da	circulação,	deve-
mos	procurar	se	há	pulso	na	artéria	carótida	(um	dos	chamados	
"pulsos	centrais")	e	se	há	sangramentos	externos.
Na	 ausência	 de	 pulso	 carotídeo,	 você	 deverá	 proceder	 de	
acordo	com	o	protocolo	de	reanimação	cardiopulmonar	que	está	
descrito	na	Unidade	4.	A	reanimação	deve	ser	mantida	até	a	che-
gada	das	equipes	de	emergência.
Na	presença	de	pulso,	 procure	os	 sangramentos	 externos.	
Na	grande	maioria	das	vezes,	diante	de	um	trauma,	a	vítima	estará	
consciente,	respirando,	com	pulso	e,	talvez,	com	algum	corte	com	
sangramento.	Caso	não	haja	suspeita	de	lesão	de	coluna,	você	pre-
cisará	então	apenas	conter	esse	sangramento,	não	sendo	neces-
sária	a	estabilização	da	cabeça	(como,	por	exemplo,	em	casos	de	
cortes	sem	queda).
O	sistema	circulatório	é	responsável	por	levar	sangue	oxige-
nado	e	em	quantidade	suficiente	para	todos	os	tecidos	e	células	
do	corpo.	Para	manter	a	vida,	todas	as	células	necessitam	de	oxi-
gênio	e	glicose	para	realização	do	metabolismo	celular.	Essas	duas	
substâncias	essenciais	somente	conseguem	chegar	até	as	células	
por	meio	da	circulação.	O	oxigênio	e	a	glicose	entram	nas	reações	
químicas	 conhecidas	 como	 "Ciclo	 de	 Krebs"	 para	 produção	 de	
energia.	Esse	processo	é	chamado	de	"metabolismo	aeróbico",	ou	
© Programas de Saúde e Socorros Urgentes122
seja,	utiliza	"ar"	para	acontecer.	Na	ausência	de	oxigênio,	as	células	
passam	a	produzir	energia	por	meio	do	metabolismo	anaeróbico.	
Esse	é	um	processo	bastante	ineficiente	de	produção	de	energia,	
quase	"desesperado",	que,	além	disso,	produz	metabólitos	tóxicos	
(ácido	láctico	e	ácido	pirúvico)	difíceis	de	serem	descartados,	di-
ferentemente	do	CO2	e	H2O	da	reação	normal.	Esses	ácidos	vão	se	
acumulando	no	organismo,	deixando	o	ambiente	interno	do	corpo	
em	acidose.	Nosso	organismo	não	consegue	funcionar	em	acido-
se,	e	a	progressão	desse	estado	leva	à	morte.
A	oferta	inadequada	de	oxigênio	aos	tecidos	do	corpo	é	cha-
mada	de	"choque".	Portanto,	o	"estado	de	choque"	ao	qual	nos	
referimos	 aqui	 não	 é	 aquele	 "trauma	 psicológico"	 que	 estamos	
acostumados	a	ouvir	e	ver	em	reportagens	e	filmes.	Essa	é	uma	
síndrome	patológica,	que	pode	levar	à	morte	se	não	corrigida.
O	choque	pode	ser	causado	por	fatores	associados	à	falência	
do	sistema	cardiovascular:
•	 Volume	(conteúdo).
•	 Vasos	sanguíneos	(continente).
•	 Coração	(bomba).
Nas	perdas	de	volume,	vamos	nos	ater	às	hemorragias,	tanto	
externas	 como	 internas,	 aos	 vasos	 sanguíneos,	 cujos	 ferimentossão	os	causadores	de	problemas,	e,	por	 fim,	à	 falência	cardíaca,	
em	situações	como	infarto	ou	edema	agudo	de	pulmão,	que	são	
os	principais	causadores	de	choque.	Existem	outras	situações	que	
podem	levar	ao	choque,	mas	fazem	parte	mais	frequentemente	do	
universo	de	situações	mais	difíceis	de	ocorrer	na	vida	do	cidadão	
comum	ou,	então,	encontradas	no	ambiente	hospitalar.
Vamos	 utilizar	 o	 exemplo	 das	 hemorragias	 para	 discutir	 o	
choque.
O	 choque	 hemorrágico,	 também	denominado	 "choque	 hi-
povolêmico",	ocorre	quando	há	perda	significativa	de	sangue	ou	
desidratação,	isto	é,	quando	acontece	um	desequilíbrio	entre	o	vo-
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lume	de	líquido	(conteúdo)	e	o	tamanho	do	continente	(lembra-se	
de	que	a	pressão	arterial	é	a	força	que	o	sangue	exerce	nas	pare-
des	das	artérias?).	Nesses	casos,	o	organismo	lança	mão	de	alguns	
mecanismos,	chamados	de	"compensatórios",	para	tentar	manter	
o	fluxo	de	sangue	normal	para	os	tecidos:
•	 Aumento da FC e da força de contração do coração:	para	
manter	o	mesmo	fluxo	de	sangue	para	as	células,	o	co-
ração	bate	mais	forte	e	mais	rápido.	O	resultado	disso	é	
um	pulso	rápido	e	ligeiramente	mais	forte,	que	denomi-
namos	como	"taquicardia".
•	 Vasoconstrição periférica:	o	 corpo	 "escolhe"	para	onde	
mandar	o	sangue,	elegendo	os	órgãos	importantes	(cora-
ção,	pulmões,	cérebro	e	rins),	e	deixa	de	mandar	sangue	
para	 a	 pele,	 por	 exemplo.	Além	disso,	 a	 vasoconstrição	
periférica	diminui	o	tamanho	do	continente,	adequando-
-o	ao	volume	de	sangue	disponível.	O	resultado	é	a	pali-
dez.
•	 Aumento da FR e encurtamento da respiração:	o	organis-
mo	tenta	melhorar	a	captação	de	oxigênio	para	aumentar	
a	oferta	para	 as	hemácias.	Além	disso,	 como	as	 células	
estão	 já	 começando	a	 fazer	metabolismo	anaeróbico,	o	
corpo	tenta,	por	meio	da	respiração,	eliminar	os	subpro-
dutos	tóxicos	dessa	reação	química.	O	resultado	é	o	que	
chamamos	de	"taquipneia",	que	é	uma	respiração	rápida	
e	superficial.
Todos	 esses	 recursos	 são	 ativados	 pelo	 corpo	 para	 tentar	
compensar	a	 falta	de	 sangue,	 resultando	em	uma	vítima	pálida,	
sudoreica	(suor	excessivo	causado	por	reflexo	vagal),	com	a	pele	
fria,	com	pulso	e	respirações	mais	rápidos.
Essa	é	a	maneira	de	desconfiarmos	de	uma	hemorragia	que	
não	se	apresenta	externamente.	Junte	a	causa	(agressão,	atrope-
lamento,	colisão,	queda	etc.)	com	esses	sintomas	e	você	poderá	
praticamente	afirmar	que	a	vítima	tem	um	sangramento.	Se	você	
© Programas de Saúde e Socorros Urgentes124
não	vê	esse	sangramento	(hemorragia	externa),	então,	é	um	san-
gramento	interno	(hemorragia	interna).	Esses	recursos,	chamados	
de	 "mecanismos	 compensatórios",	 já	 indicam	que	 a	 vítima	está	
em	choque.	O	choque	compensado	já	quer	dizer	perda	de	sangue	
significativa	e	que	temos	pouco	tempo	para	tentar	reverter	a	situ-
ação,	ou	seja,	a	vítima	tem	de	chegar	rapidamente	a	um	hospital.
À	medida	que	o	sangramento	continua,	esses	mecanismos	
começam	a	entrar	em	falência,	e,	por	fim,	o	corpo	entra	em	colap-
so	e	morre.	Portanto,	nos	primeiros	socorros,	o	objetivo	é	estan-
car	o	sangramento,	no	caso	das	hemorragias	externas,	ou	retardar	
seus	efeitos,	no	caso	das	hemorragias	internas.	Estas,	na	maioria	
das	vezes,	somente	serão	interrompidas	com	procedimentos	cirúr-
gicos.
As	hemorragias externas	 são	 fáceis	 de	 identificar,	 e,	 para	
contê-las,	utilizamos	esta	sequência	de	ações:
1)	 Compressão direta sobre o ferimento:	 utilize	 gazes,	
compressas	ou	panos	limpos,	como	toalhas	ou	guarda-
napos.	Faça	certa	pressão	sobre	o	ferimento.	Não	remo-
va	as	gazes,	compressas	ou	o	pano	já	colocado	sobre	o	
ferimento.	Se	estiverem	encharcados	de	sangue,	não	os	
substitua,	coloque	mais	compressas	sobre	os	primeiros	
(ao	retirar	compressas	que	estão	em	contato	com	o	feri-
mento,	você	remove,	também,	os	coágulos	que	já	estão	
se	 formando	–	não	 se	engane;	 aqui,	 coágulos	não	 são	
ruins,	são,	em	vez	disso,	a	única	coisa	que	vai	fazer	o	san-
gramento	parar).	Exceção:	só	não	fazemos	compressão	
direta	sobre	fraturas	expostas	ou	ferimentos	com	vidro	
encravado.
2)	 Elevação da região afetada:	se	não	houver	fratura	asso-
ciada	na	região,	você	pode	elevá-la	até	que	fique	acima	
da	altura	do	coração.	Obviamente,	essa	ação	só	é	possí-
vel	em	ferimentos	nos	membros	superiores	e	inferiores.
3)	 Compressão de artéria acima do ferimento:	 procure	
pela	artéria	mais	próxima	do	ferimento	e	faça	uma	com-
pressão	média,	a	fim	de	diminuir	o	fluxo	de	sangue	para	
o	ferimento.	Identifique	no	seu	corpo	os	vários	locais	em	
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que	temos	pulsos	palpáveis	 facilmente	alcançáveis	nas	
seguintes	artérias:	braquial,	femoral	e	radial.
4)	 Repouso da vítima e repouso da região afetada:	 faça	
uma	imobilização	para	 impedir	a	movimentação	da	re-
gião	e	não	permita	que	a	vítima	faça	esforço	físico.	Qual-
quer	 esforço	 vai	 aumentar	 o	 batimento	 cardíaco,	 au-
mentando,	também,	o	sangramento.	Nesse	sentido,	faça	
o	possível	para	acalmar	a	vítima.	O	medo	e	a	angústia	
também	aumentam	os	batimentos	cardíacos.
O uso de torniquete é bastante controverso, porém, em situações 
limite, se você estiver diante de um sangramento incontrolável e 
todas as ações anteriores já tiverem sido realizadas sem sucesso 
na contensão da hemorragia, em locais com falta de recurso ou 
onde o atendimento hospitalar está muito distante, você pode 
considerar a aplicação do torniquete – porém, com a possibilidade 
quase certa de perda do membro.
Nas	 hemorragias internas,	 como	 a	 própria	 expressão	 diz,	
não	há	externalização	de	sangue	e,	portanto,	é	mais	difícil	saber	se	
está	acontecendo	ou	não.	Para	desconfiar	de	que	a	vítima	possui	
algum	 sangramento	 interno,	 associamos	 o	 tipo	 de	 lesão	 sofrido	
pela	vítima	aos	sinais	e	 sintomas	de	perda	de	sangue	 já	elenca-
dos	anteriormente.	Além	disso,	algumas	indicações	podem	nos	ser	
úteis,	tais	como:
5)	 Eritemas:	vermelhidão	na	pele	–	indicam	pancada	forte.	
Procure	essas	marcas	no	tórax,	abdome	e	na	pele	sobre	
grandes	conjuntos	musculares,	pois	esses	lugares	podem	
conter	grandes	quantidades	de	sangue	extravasado.
6)	 Equimoses:	 rompimento	de	pequenos	vasos	 sanguíne-
os,	como	os	capilares	–	também	indicam	contusão	forte.
7)	 Hematomas:	rompimento	de	grandes	vasos	sanguíneos,	
formando	um	"lago"	(chamado	de	"loja")	de	sangue	sob	
a	pele	–	a	palpação	desse	local	dá	a	sensação	de	flutu-
ação.
© Programas de Saúde e Socorros Urgentes126
8)	 Fraturas de grandes ossos:	as	fraturas	de	fêmur	e	dos	os-
sos	da	cintura	pélvica,	por	exemplo,	podem	causar	gran-
des	perdas	sanguíneas,	de	1,5l	a	3,0l,	respectivamente.
Como	 já	 dissemos	 anteriormente,	 não	 é	 possível,	 nos	 pri-
meiros	 socorros,	 conter	 a	 hemorragia	 interna,	 isso	 só	 será	 feito	
por	cirurgia.	Porém,	podemos	tentar	retardar	seus	efeitos:
•	 Eleve os membros inferiores:	coloque	um	apoio	alto	sob	
os	joelhos,	elevando	as	pernas	em	30°	a	45°,	se	não	hou-
ver	lesão	de	coluna	associada	–	esse	procedimento	"dre-
na"	o	sangue	das	pernas	para	a	circulação.
•	 Aqueça a vítima:	cubra	a	vítima	evitando	a	perda	de	calor	
–	a	hipotermia	que	acontece	nas	hemorragias	é	bastante	
prejudicial	à	vida.
•	 Não dê nada para a vítima beber ou comer.
Esses	procedimentos	também	devem	ser	feitos	para	vítimas	
com	hemorragia	externa.
Antigamente, havia uma diferenciação de procedimentos para 
sangramentos de origem venosa, capilar ou arterial. Atualmente, 
essa diferenciação não é mais comum em primeiros socorros.
Problemas no "D" de avaliação neurológica rápida
Os	pontos	avaliados	neste	tópico	são	as	pupilas	e	o	estado	
da	 consciência.	 Vamos	 discorrer	 rapidamente	 sobre	 eles,	 mas,	
nos	primeiros	socorros,	não	temos	muitas	ações	para	corrigir	es-
ses	problemas,	restando-nos	apenas	a	constatação	da	gravidade	e	
consequente	informação	para	os	profissionais	da	emergência.
Pupilas:	não	é	à	toa	que	os	antigos	diziam	que	"os	olhos	sãoa	 janela	 da	 alma".	 Em	 emergência,	 dizemos	 que	 as	 pupilas	 nos	
mostram	o	estado	do	cérebro.	As	pupilas,	quando	estão	dilatadas	
(midríase),	não	sendo	ação	de	nenhuma	droga	ou	medicamento,	
indicam	pouca	ou	nenhuma	oxigenação	cerebral.	Nas	lesões	cra-
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nianas	que	afetam	apenas	um	lado	do	cérebro,	uma	das	pupilas	
estará	de	tamanho	diferente,	geralmente	maior,	do	que	a	outra.	
Nas	 lesões	que	atingem	todo	o	cérebro,	as	duas	pupilas	estarão	
dilatadas.	Pupilas	contraídas	(miose)	ocorrem	por	ação	da	luz	forte	
ou	de	drogas	e,	também,	em	algumas	lesões	e	doenças	cerebrais.
Estado de consciência:	 do	 estado	 de	 vigília	 (acordado	 e	
atento)	ao	coma,	são	várias	as	gradações	da	consciência,	passando	
pela	agitação,	confusão	mental,	sonolência	e	torpor.	Para	avaliar	
a	consciência,	usamos	perguntas	simples,	como	qual	o	nome	da	
pessoa,	se	ela	sabe	que	dia	é	e	onde	está.	Se	a	vítima	não	responde	
adequadamente	a	essas	questões,	se	faz	repetidamente	a	mesma	
pergunta	ou	se	diz	coisas	sem	sentido,	dizemos	que	está	confusa	
ou	desorientada.	Essa	situação	indica,	no	mínimo,	contusão	cere-
bral.	Respostas	lentas	(abre	os	olhos	lentamente)	ou	ausência	de	
resposta	indicam	lesões	mais	graves	no	cérebro.
Não	se	esqueça	de	que	existem	várias	drogas,	lícitas	e	ilícitas,	
que	têm	sua	ação	no	Sistema	Nervoso	Central,	lentificando	ou	ace-
lerando	as	respostas	da	vítima	sob	sua	ação.	Tente	identificar	se	a	
vítima	fez	uso	de	alguma	delas,	incluindo	álcool.	Porém,	cuidado!	
Não	atribua	toda	sonolência	ao	uso	de	drogas.
Problemas no "E" de Exposição e proteção contra hipotermia
Na	exposição	da	vítima,	vamos	procurar	por	ferimentos	e,	ao	
mesmo	tempo,	cobrir	a	vítima.	Neste	tópico,	vamos	então	discor-
rer	sobre	vários	tipos	de	ferimentos,	alguns	bem	comuns,	outros	
nem	tanto.
Você	não	verá	aqui	a	indicação	de	nenhuma	substância	para	
limpeza	dos	 ferimentos	além	de	água	e	sabão!	Não	recomenda-
mos	o	uso	de	substâncias	caseiras,	 como	açúcar,	 limão,	vinagre,	
terra,	cinza	de	algodão,	folha	de	bananeira	etc.	ou,	ainda,	gliceri-
nas,	vaselinas,	água	oxigenada	etc.	Repetimos:	use, em primeiros 
socorros, apenas água e sabão!
© Programas de Saúde e Socorros Urgentes128
Vamos	então	à	descrição	desses	ferimentos	e	ações	em	cada	
um	deles.
Cortes:	ferimentos	abertos,	normalmente	causados	por	ob-
jetos	com	gume,	como	facas,	cacos	de	vidro,	ferramentas	etc.;	têm	
as	bordas	lisas	e	podem	ser	desde	superficiais	a	bem	profundos	e	
extensos.	Devemos	proceder	a	limpeza	somente	com	água	e	sabão	
caso	o	corte	seja	superficial.	Cortes	profundos	precisam	ter	o	san-
gramento	contido	imediatamente.	Proceda	conforme	a	contensão	
de	hemorragias	externas.
Escoriações:	 ferimentos	 abertos,	 causados	 pelo	 atrito	 da	
pele	 com	superfícies.	 Podem	ser	 superficiais,	 como	os	 causados	
por	 galhos,	ou	bastante	extensos,	 como	os	 causados	pelo	atrito	
com	cordas	ou	com	o	asfalto	nas	quedas	de	moto.	São	ferimentos	
extremamente	dolorosos,	pois	o	 sistema	atingido,	que	é	a	pele,	
possui	grandes	quantidades	de	inervação	sensorial.	Devem	ser	la-
vados	com	água	e	sabão.	Dependendo	da	quantidade	de	pele	atin-
gida,	podem	causar	reflexo	vaso	vagal	pela	dor	e	até	perda	consi-
derável	de	líquido	pela	pele	exposta.
O	uso	de	substâncias	para	 limpeza	e	desinfecção	diária	de	
um	ferimento	deve	ser	orientado	por	um	médico	ou	enfermeiro	
especialista.	Não	use	substâncias	à	base	de	iodo,	pois	podem	ser	
tóxicas.	Isso	serve	também	para	líquidos	ou	pomadas.
Contusões:	ferimentos	fechados,	causados	por	objetos	rom-
budos	 (sem	 gume),	 podem	 apresentar	 eritemas,	 equimoses	 ou	
hematomas.	Podem	causar	rompimento	de	órgãos	 internos.	Nas	
contusões	em	membros	(tanto	superiores	como	inferiores),	pode	
ser	aplicado	gelo	(nunca	aplique	gelo	diretamente	sobre	a	pele	e	
por	 não	mais	 do	que	 15	minutos	 em	 cada	 aplicação).	O	uso	de	
gelo	 em	 lesões	 abertas	 ou	 com	 sangramento	 ativo	 (hematomas	
ou	equimoses)	é	contraindicado,	pois	o	efeito	rebote	da	vasocon-
trição	é	bastante	 intenso,	 chegando	 a	 aumentar	 o	 sangramento	
após	a	retirada	do	gelo	(aprenderemos	mais	sobre	o	uso	do	gelo	a	
seguir,	na	explicação	de	amputações).
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Um	objeto,	mesmo	que	 rombudo,	pode,	pela	ação	da	 for-
ça,	causar	o	dilaceramento	dos	tecidos,	como,	por	exemplo,	uma	
pancada	forte	em	um	músculo	com	um	bastão	de	beisebol.	Esse	
ferimento	é	chamado	de	corto-contuso.
Lacerações:	 são	 ferimentos	 abertos	 de	 bordas	 irregulares	
que	rasgam	o	tecido,	órgão,	víscera,	músculo	ou	pele,	normalmen-
te	causados	por	objetos	com	várias	faces,	como	rodas	dentadas,	
portas,	 forças	 de	 arrancamento	 (aceleração	 ou	 desaceleração	
bruscas)	etc.	Os	ferimentos	que	apresentam	sangramento	externo	
devem	ser	tratados	como	qualquer	hemorragia.
Perfurações:	 ferimentos	 causados	 por	 objetos	 punctóricos	
ou	transfixantes,	como	projéteis	de	arma	de	fogo,	tesouras,	flore-
tes,	chaves	de	fenda,	furadores	de	gelo	etc.	Contenha	a	hemorra-
gia	externa.
Ferimentos com objetos encravados:	o	objeto	não	deve	ser	
retirado,	sob	risco	de	aumentar	o	ferimento	e	aumentar	a	hemor-
ragia.	 Faça	 um	 curativo	 volumoso,	 tentando	 criar	 um	 apoio	 em	
volta	do	objeto	que	evite	sua	movimentação.	Esse	curativo	deve	
ser	feito	com	gazes	ou	compressas	estéreis	no	contato	com	a	pele	
aberta	ou	pano	 limpo,	como	toalhas,	pano	de	cozinha	etc.	Deve	
também	sustentar	2/3	(dois	terços)	do	objeto	que	está	para	fora	
do	corpo.
Pessoas	que	 ficam	presas	em	 lanças	ou	outro	 tipo	de	 feri-
mento	dessa	natureza	 somente	devem	 ser	 retiradas	pelo	Corpo	
de	Bombeiros,	que	tem	equipamento	para	efetuar	o	corte	desses	
objetos.
Ferimentos abertos no tórax:	 feche	 o	 ferimento	 com	 um	
quadrado	de	plástico	limpo	e	estéril,	transparente,	sem	cor,	ocluin-
do	três	lados	com	esparadrapo.	O	ferimento	aberto	no	tórax	pode	
causar	o	que	chamamos	de	"ferida	aspirativa".	A	abertura	causada	
pelo	ferimento	facilita	a	entrada	de	ar	por	esse	 local.	O	curativo	
plástico	de	três	pontas	(como	é	chamado	esse	procedimento)	evi-
ta	que	o	ar	entre	no	tórax	pelo	"buraco	errado".
© Programas de Saúde e Socorros Urgentes130
Eviscerações:	ferimentos	que	apresentam	abertura	da	pare-
de	abdominal	com	saída	de	vísceras.	Cubra	as	vísceras	com	plástico	
limpo	e	estéril,	transparente,	sem	cor,	para	evitar	o	ressecamento	
da	víscera.	Não	use	gazes	ou	panos,	mesmo	que	umedecidos	com	
soro	fisiológico.
Amputações:	são	dois	os	procedimentos:	um	com	o	segmen-
to	amputado,	outro	na	ponta	do	corpo	onde	aconteceu	a	amputa-
ção.	No	 corpo,	 a	hemorragia	deve	 ser	 contida	da	mesma	 forma	
que	qualquer	outra	hemorragia;	com	o	segmento	amputado,	este	
deve	ser	envolvido	em	gaze	seca	estéril,	depois,	deve	ser	colocado	
em	saco	plástico	bem	fechado	e	somente	depois	disso	deve	ser	co-
locado	em	gelo.	A	parte	amputada	jamais	deve	entrar	em	contato	
direto	com	o	gelo.
Em	qualquer	grande	ferimento,	existe	o	risco	de	a	vítima	per-
der	muito	 sangue	e	entrar	em	choque	hemorrágico.	Observe	os	
sinais	de	perda	de	sangue	e,	além	do	curativo	do	ferimento,	use	
os	procedimentos	para	 retardar	os	efeitos	do	 choque:	 aqueça	a	
vítima,	eleve	as	pernas	e	não	se	esqueça	de	chamar	ajuda!	Rápido!
Entorses e distensões:	esse	tipo	de	ferimento	pode	atingir	
músculos,	 tendões	 e	 ligamentos.	 Com	 relação	 a	 tendões	 e	 liga-
mentos,	geralmente,	esses	ferimentos	estão	localizados	próximos	
às	articulações.	Existem	vários	graus	de	distensão,	 sendo	alguns	
bastante	graves.	A	dor	é	bastante	 intensa	e	pode	haver	edema,	
equimose	e	hematoma.	Pode	ser	colocado	gelo	no	 local	 (se	não	
houver	sangramento)	e	deve	ser	feita	a	imobilização.
Luxações:	 esse	 ferimento	 se	 caracteriza	 pelo	 rompimento	
total	 ou	 parcial	 dos	 ligamentos	 que	 sustentam	uma	 articulação.	
Pode	haver	também	rompimento	da	cápsula	articular.	Não	é	um	
ferimento	simples	e	não	pode	ser	confundido	com	distensão,	en-
torse	ou	fratura.Normalmente,	está	associado	a	muita	dor	e	des-
vio	 importante	na	articulação.	É	um	ferimento	grave.	Pode	estar	
associado	 à	 fratura,	 e,	 nesse	 caso,	 a	 gravidade	 aumenta.	 A	 ten-
tativa	de	"colocar	no	 lugar"	pode	romper	ainda	mais	as	estrutu-
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ras	e	aumentar	a	gravidade	da	lesão;	portanto,	por	mais	dor	que	
esteja	ocorrendo,	não	 tente	 colocar	no	 lugar	o	membro	 luxado.	
Imobilize-o	na	posição	encontrada	e	encaminhe	a	vítima	o	mais	
rápido	possível	para	um	especialista.	Não	é	raro	saber	de	pessoas	
que	já	tiveram	um	ombro	luxado	e	que	este	sempre	"sai	do	lugar";	
às	vezes,	isso	se	tornando	até	uma	brincadeira.	Na	verdade,	essa	
pessoa	 teve	uma	 luxação	que	 foi	mal	 tratada,	 tanto	nos	primei-
ros	socorros	como	no	tratamento	definitivo,	ficando	a	articulação	
como	se	fosse	uma	dobradiça	de	porta	velha	e	mal	parafusada,	o	
que	não	é	nem	de	perto	motivo	de	graça	ou	brincadeira.
Fraturas fechadas:	em	primeiros	socorros,	somente	dizemos	
com	certeza	que	alguém	tem	uma	fratura	se	a	lesão	for	muito	ób-
via.	Ao	contrário,	dizemos	apenas	que	a	vítima	tem	uma	suspeita	
de	fratura.	As	fraturas	podem	ser	acompanhadas	por	dor,	restri-
ção	ou	incapacidade	de	movimento,	edema	(inchaço),	equimose,	
hematoma.	Pode	ou	não	haver	desvio	anatômico,	principalmente	
em	membros	 com	dois	ou	mais	ossos,	 como	o	antebraço	 (rádio	
e	ulna),	a	perna	 (tíbia	e	 fíbula),	os	ossos	do	carpo	e	do	tarso.	O	
osso	fraturado	sangra	como	qualquer	estrutura	do	organismo,	e,	
quanto	maior	o	osso,	maior	o	sangramento.	Além	disso,	tanto	as	
forças	que	 causaram	o	 ferimento	quanto	 as	próprias	pontas	ós-
seas	podem	causar	 lesões	musculares	e	vasculares,	aumentando	
ainda	mais	o	sangramento.	Pode	haver	lesão	do	nervo	na	região	
da	fratura.	Essas	lesões	podem	apresentar-se	com	dormência,	for-
migamento,	 perda	 da	 capacidade	 de	movimentação	 e	 perda	 de	
pulso	periférico	do	membro	atingido.	O	membro	pode	apresentar-
-se	pálido	e	frio.	Imobilize	a	região	de	acordo	com	os	princípios	de	
imobilização	definidos	mais	adiante.
Fraturas abertas ou expostas:	dizemos	que	a	fratura	é	aber-
ta	ou	exposta	se	houver	comunicação	entre	o	foco	de	fratura	e	o	
meio	externo	 (como,	por	exemplo,	em	uma	 fratura	causada	por	
um	tiro).	Portanto,	necessariamente,	não	é	preciso	haver	exposi-
ção	óssea,	apesar	de	esta	ser	a	apresentação	mais	comum	dessa	
lesão.	Nunca,	jamais,	tente	colocar	as	pontas	ósseas	expostas	para	
© Programas de Saúde e Socorros Urgentes132
dentro	do	ferimento.	Aborde	o	ferimento	como	se	fosse	um	feri-
mento	com	objeto	encravado:	proteja	as	pontas	expostas	e	 faça	
um	curativo	ao	redor	do	ferimento	além	da	própria	imobilização.	
Para	 imobilizar,	siga	as	mesmas	regras	da	 imobilização	de	 lesões	
ósteo-articulares	do	quadro	a	seguir.	Esse	ferimento	tem	um	ris-
co	potencial	de	sangramento,	portanto,	fique	atento	aos	sinais	de	
choque	e	proceda	de	acordo	com	o	protocolo	para	o	choque	he-
morrágico.
Para imobilizar um membro com suspeita de lesão ––––––––
•	 Avalie o membro: observe cor, temperatura, motricidade e sensibilidade. 
Compare com o membro contralateral.
• Se a lesão for num osso, imobilize a articulação acima e a articulação abaixo 
da lesão.
• Se a lesão for numa articulação, imobilize o osso acima e o osso abaixo da 
lesão.
• Acolchoe os espaços entre a vítima e as talas.
• Em membros inferiores, sempre estenda mais a imobilização, devido ao 
peso.
• Em lesões de quadril, estenda a imobilização do meio do tórax aos pés.
É possível a improvisação de materiais para imobilizar, como cabos de vassoura, 
travesseiros, cobertores, jornais ou revistas, porém, não se esqueça de acolchoar 
bem o contato da vítima com esses materiais, de forma que seu uso não provoque 
mais dor. Utilize, para isso, toalhas, lençóis, camisas etc.
• Se for possível o uso de materiais profissionais para imobilização, como 
talas flexíveis e bandagens triangulares, utilize-os conforme os mesmos 
princípios anteriores.
• A imobilização bem realizada diminui em grande parte a dor e o sangramento.
• Após a imobilização, compare novamente com a avaliação inicial: observe 
cor, temperatura, motricidade e sensibilidade. Qualquer alteração desses 
parâmetros deve levar à reavaliação da imobilização e da vítima.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Queimaduras:	 são	ferimentos	causados	por	diversos	agen-
tes,	com	graduação	na	profundidade	e	na	extensão.	O	cálculo	da	
área	corpórea	queimada	é	um	recurso	para	o	 tratamento	de	hi-
dratação	 realizado	no	hospital,	além	de	medir	a	gravidade.	Para	
os	primeiros	socorros,	é	importante	definir,	mesmo	que	grosseira-
mente,	qual	a	extensão	de	área	corpórea	atingida.	Para	também	
definir	a	gravidade,	além	da	extensão,	usamos	os	parâmetros	da	
profundidade	e	da	área	atingida.
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Para	calcular	a	área,	ou,	ainda,	a	superfície	corpórea	queima-
da	(SCQ),	usamos,	no	ambiente	hospitalar,	a	chamada	"regra	dos	
nove",	porém,	em	primeiros	socorros,	sugerimos	a	regra	da	pal-
ma	da	mão,	que	corresponde	a	1%	de	superfície	corpórea.	Utilize	
como	parâmetro	a	palma da mão da vítima,	e	não	a	sua.
Com	relação	à	profundidade,	são	queimaduras de 1º grau	
aquelas	que	atingem	apenas	a	camada	superficial	da	pele,	causan-
do	vermelhidão,	edema	(inchaço)	e	bastante	dor;	são	queimadu-
ras de 2º grau	aquelas	que	atingem	até	a	camada	média	da	pele,	
chamada	"derme",	causando	bolhas	e	bastante	dor;	são	queima-
duras de 3º grau	aquelas	que	atingem	todas	as	camadas	da	pele,	
incluindo	o	tecido	celular	subcutâneo,	podendo	atingir	músculos,	
vísceras	e	ossos.	As	queimaduras	de	3º	grau	podem	se	apresentar	
carbonizadas	ou	coureáceas	 (com	aparência	de	couro)	e,	apesar	
de	 serem	 consideradas	 indolores	 (pois	 as	 terminações	 nervosas	
também	foram	destruídas),	estão	circundadas	por	áreas	de	2º	e	1º	
graus,	que	são	bastante	dolorosas.
São	consideradas	queimaduras	graves:
1)	 Queimaduras	 de	 1º	 ou	 2º	 grau	 que	 alcançam	 25%	 de	
SCQ.
2)	 Queimaduras	de	3º	grau	que	alcançam	10%	de	SCQ.
3)	 Queimaduras	nas	mãos,	pés,	virilha,	e	face.
4)	 Queimaduras	das	vias	aéreas	(por	inalação	de	ar	quente	
ou	fumaça).
5)	 Queimaduras	circulares	(circundam	uma	área	do	corpo,	
como	braço,	perna,	abdome,	tórax,	pescoço	etc.).
6)	 Queimaduras	 em	 pessoas	 menores	 de	 cinco	 anos	 e	
maiores	de	50	anos.
7)	 Queimaduras	elétricas.
8)	 Queimaduras	associadas	a	outras	lesões	(fraturas,	trau-
matismo	craniano	etc.).
9)	 Queimaduras	associadas	a	outras	doenças	(diabetes,	in-
suficiência	cardíaca	etc.).
© Programas de Saúde e Socorros Urgentes134
Os	agentes	térmicos	são	os	agentes	mais	comuns,	sendo	a	
queimadura	por	escaldo	a	mais	 frequente,	e	as	crianças,	as	víti-
mas	comuns.	Como	o	mecanismo	causador	é	a	 transferência	de	
calor	de	um	objeto	ou	substância	para	o	corpo,	a	melhor	 forma	
de	controlar	a	queimadura	térmica	é	fazer	a	mesma	coisa,	ou	seja,	
transferir	o	calor	da	pele	para	outro	corpo,	que,	nessa	situação,	
o	melhor	remédio	é	a	água!	Portanto,	resfrie	a	queimadura	com	
água	em	temperatura	ambiente.	Ao	passar	pela	pele,	a	água	vai	re-
mover	o	calor	em	excesso.	Essa	ação	vai	restringir	a	área	queimada	
e	controlar	a	dor.
As	queimaduras	por	causas	elétricas	atingem	normalmente	
adultos	 jovens	 em	 ambiente	 de	 trabalho,	 sendo	 que	 a	 corrente	
elétrica,	ao	passar	pelo	corpo,	gera	calor,	causando	necrose	(mor-
te	dos	tecidos),	destruição	dos	tecidos	musculares,	coagulação	do	
sangue	e	 lesão	endotelial	 (parede	dos	vasos).	Além	disso,	a	cor-
rente	elétrica	de	natureza	alternada	interfere	na	fisiologia	elétrica	
cardíaca,	levando	à	arritmia	grave	e	parada	cardíaca.
As	queimaduras	elétricas	produzem	ferimentos	de	entrada	
e	 saída	 da	 corrente,	 indicando,	 com	 grande	 certeza,	 o	 caminho	
percorrido	pela	energia.	O	ferimento	de	entrada	normalmente	é	
menor	em	relação	ao	ferimento	de	saída.
As	 queimaduras	 por	 radiação	 têm,	 na	 queimadura	 de	 sol,sua	 representante	mais	 frequente,	e,	 como	o	próprio	nome	diz,	
não	são	causadas	pelo	calor	do	sol,	mas,	sim,	pela	radiação	(UVA	
e	UVB,	essa	última	a	mais	lesiva).	Casos	leves	e	não	complicados	
de	queimadura	solar	resultam	em	irritação	e	vermelhidão	na	pele.	
A	exposição	grave	e	não	tratada	pode	causar	choque	e	até	morte.	
A	dor	pode	estar	presente	em	quase	todas	as	situações.	Os	sinto-
mas	aparecem	em	torno	de	duas	a	seis	horas	após	a	exposição	e	
têm	seu	pico	com	12	a	24	horas,	podendo	variar	de	bolhas	somen-
te	percebidas	com	a	esfregação	da	pele	a	extensas	áreas	com	se-
questro	de	fluido	do	organismo	(perda	maciça	de	líquido	levando	
à	desidratação);	desequilíbrio	eletrolítico;	infecção;	febre;	náusea	
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Claretiano - Centro Universitário
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e/ou	vômitos	etc.	Nos	casos	leves	e	moderados,	a	pele	começa	a	
se	recuperar	entre	quatro	e	sete	dias.	Mas	não	se	engane!	Não há 
remédio que remova a radiação!	Só	o	tempo.	Portanto,	no	caso	de	
queimadura	solar,	o	melhor	é	não tê-la!
As	queimaduras	químicas,	excetuando	as	situações	que	en-
volvem	agentes	de	limpeza	e	sanitários	domésticos,	ocorrem,	na	
sua	maioria,	em	situações	de	trabalho.	Aqui,	o	remédio	também	
vai	ser	a	água,	que	não	somente	vai	diluir	a	substância	química,	
como	também	vai	"varrê-la"	da	superfície	do	corpo,	devendo	ser	
aplicada	tanto	para	substâncias	ácidas	como	para	álcalis.
Em	toda	situação	de	queimadura,	preste	atenção	no	agente	
causador	e	garanta	 inicialmente	que	você	não	corre	perigo,	 tan-
to	nas	situações	de	incêndio	ou	explosões	como	nas	queimaduras	
elétricas	e	químicas.	Esteja	seguro	de	que	você	não	corre	risco	an-
tes	de	tocar	na	vítima.
Nas queimaduras térmicas:
1)	 Caso	 a	 vítima	 esteja	 em	 chamas,	 você	deve,	 primeira-
mente,	extingui-las.	Cubra	a	vítima	com	um	cobertor	ou	
role-a	até	que	as	chamas	sejam	apagadas.
2)	 Resfrie	 a	 área	 queimada	 com	 água	 em	 abundância.	 O	
resfriamento	da	pele	deve	 ser	 feito	 com	menos	abun-
dância	 no	 caso	 das	 queimaduras	 graves,	 pelo	 risco	 de	
hipotermia.	Não	rompa	as	bolhas.
3)	 Retire	 objetos	 que	 retêm	 calor,	 como	 anéis,	 pulseiras,	
relógios,	colares,	brincos,	cintos,	carteiras	etc.,	mesmo	
que	grudados	na	pele.
4)	 Remova	as	roupas.	Se	houver	roupas	derretidas	aderidas	
à	pele,	estas	não	devem	ser	removidas.	Corte	em	volta	
da	área	aderida.
5)	 Não	use	substâncias	caseiras,	como	manteiga,	pomadas	
(nenhuma!),	 vaselina,	 glicerina,	 pasta	 de	 dente,	 pó	 de	
café	etc.	Como	já	dissemos,	em	primeiros	socorros,	usa-
mos	apenas	água.	O	curativo	que	será	feito	diariamente	
vai	ser	definido	pelo	médico	ou	enfermeiro	especialista.
© Programas de Saúde e Socorros Urgentes136
Nas queimaduras elétricas:
1)	 Corte	a	fonte	de	energia	se	possível.
2)	 Se	não	for	possível	afastar	a	vítima	da	fonte,	ou	a	fonte	
da	vítima,	chame	o	Corpo	de	Bombeiros.
3)	 Avalie	se	a	vítima	está	em	parada	cardíaca	(estudaremos	
mais	profundamente	esse	assunto	na	Unidade	4).
4)	 Identifique	se	há	ferimentos	de	entrada	e	saída	da	cor-
rente	elétrica.	 Isso	fornecerá	ao	médico	uma	noção	de	
que	órgãos	foram	atingidos.
Nas queimaduras químicas:
1)	 Somente	 se	 aproxime	 se	 for	 seguro!	 Toque	 na	 vítima	
usando	proteção:	 luva	de	borracha,	avental,	máscara	e	
gorro.
2)	 Enxágue	a	vítima	com	água	em	abundância.	Não	se	es-
queça	de	remover	os	sapatos	(para	não	empoçar	água	
com	substância	química	nos	pés)	e	roupas.	Cuidado	com	
os	respingos!
3)	 Em	caso	de	substâncias	químicas	ácidas,	enxágue	por	10	
minutos.
4)	 Em	caso	de	substâncias	químicas	básicas	(álcalis),	enxá-
gue	por	15	minutos.
5)	 Em	caso	de	substância	de	categoria	desconhecida,	enxá-
gue	por	20	minutos.
Nas queimaduras por radiação solar:
1)	 Não	 use	 cremes	 com	 anestésicos	 ou	 com	 perfume	 (o	
perfume	contém	álcool,	que	desidrata	mais	a	pele).
2)	 Banhos	frios	podem	ajudar	a	aliviar	os	sintomas.
3)	 Leve	a	vítima	ao	médico	se	for	grave.
7. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira,	a	seguir,	as	questões	propostas	para	verificar	o	seu	
desempenho	no	estudo	desta	unidade:
137
Claretiano - Centro Universitário
© U3 - Atendimento aos Acidentes
1)	 Faça	uma	pesquisa	e	identifique	quais	são	os	equipamentos	de	proteção	in-
dividual	(EPI)	para	risco	biológico	e	quais	deles	teriam	seu	uso	indicado	para	
o	atendimento	a	uma	vítima,	trazendo	essas	informações	para	a	discussão.
2)	 Procure	identificar	na	sua	cidade	de	origem	e/ou	na	cidade	onde	você	traba-
lha	quais	dos	dois	serviços	existentes,	se	os	dois	existem	e	como	funcionam.	
8. CONSIDERAÇÕES
Obviamente,	 existem	 inúmeras	 variações	 dos	 ferimentos	
que	 aqui	 vimos,	 bem	 como	muitos	 outros	 tipos	 de	 ferimentos,	
porém,	não	foi	o	objetivo	desta	unidade	percorrer	todos	eles	ou	
transformá-lo	em	um	profissional	da	emergência.	O	importante	é	
saber	 comportar-se	 na	maioria	 das	 situações	 e,	 principalmente,	
como	chamar	ajuda!
Na	 próxima	 unidade,	 abordaremos	 as	 ocorrências	 e	 situa-
ções	em	que	não	está	envolvido	trauma.
Bons	estudos!
9. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 3	Manobra de propulsão da mandíbula.	Disponível	em:	<www.marimar.com.br>.	
Acesso	em:	17	dez.	2012.
Figura 4	Verifique o pulso carotídeo.	Disponível	em: <http://www.endocardio.med.br/
abc-da-ressuscitacao/>.	Acesso	em:	10	maio	2012.
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1986.	Brasília:	Ministério	da	Saúde,	1987.
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desafios	 e	 reafirmação	 dos	 seus	 princípios	 e	 diretrizes.	 Brasília:	Ministério	 da	 Saúde,	
2002.
© Programas de Saúde e Socorros Urgentes138
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