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“CAIU NA REDE (NÃO) É PEIXE”: ASPECTOS SOCIAIS E JURÍDICOS ACERCA DO NUDES WAN CAIQUE LESSA PEREIRA1 TERESA CRISTINA FERREIRA DE OLIVEIRA2 Resumo O objetivo do presente artigo é analisar como a evolução da internet alterou as formas de comunicação, bem como identificar os novos aspectos comportamentais advindos dessa globalização da rede. Com a grande aderência às redes sociais novos comportamentos surgiram entre os internautas, principalmente dentre os usuários mais jovens. A prática do selfie e do sexting ganhou proporções inimagináveis, afetando positivamente e negativamente os adeptos e as vítimas dessa realidade. A análise da temática ocorreu através da revisão sistemática da literatura. Palavras-chave: Internet. Selfie. Sexting. Pornografia de Vingança. Redes Sociais. Abstract The aim of this article is to analyze how the evolution of the Internet has altered the forms of communication, as well as to observe the new behavioral aspects resulting from this globalization of the network. With the great adherence to social networks new behaviors appeared among the netizens, mainly among the younger users. The practice of selfie and sexting has gained unimaginable proportions, affecting positively and negatively adherents and victims of this reality. The analysis of the theme was done through the systematic review of the literature. Keywords: Internet. Selfie. Sexting. Pornography of Revenge. Social networks. 1 Bacharelando em Direito do 10º semestre do Centro Universitário UniRuy. 2 Professora, Advogada militante na área dos Direitos de Família e Direitos Humanos, inscrita na Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Estado da Bahia. Especialista em Direito Civil pela Fundação Faculdade de Direito da Bahia/ UFBA. Especialista em Família-Relações Familiares e Contexto Sociais – UCSAL, Mestra em Família na Sociedade Contemporânea e integrante do grupo de pesquisa Família e Subjetividade da Universidade Católica de Salvador/BA e Doutoranda em Família. 1 1. INTRODUÇÃO Em razão do avanço constante da internet pelo mundo novas formas de comunicação surgiram e mudaram totalmente o modo de interação entre os seres humanos. A possibilidade de ter na palma da mão um smartphone que tem as mesmas funções de um computador, e ainda mais veloz, alterou o comportamento humano de tal forma que foi necessário a introdução de novas leis no ordenamento jurídico para regular tais condutas. A criação das redes sociais além de facilitar o diálogo entre amigos – e desconhecidos – de qualquer parte do mundo também criou tendências e novas formas de agir. Práticas como o selfie explodiram na rede mundial de internet e geraram diversos subgêneros, como o nude selfie e a prática do sexting. Dessa forma, essas condutas que já são meros hábitos cotidianos abriram espaço para outras formas de violência. Devido essas novas demandas sociais o direito não poderia ficar inerte e vem ao longo da última década inovando para que todos tenham o seu devido amparo legal. Leis como a “Carolina Dieckmann”, o Marco Civil da Internet, e a mais recente Lei dos Crimes contra a Dignidade Sexual são frutos dessas demandas que surgiram após a internet ter se tornado tão necessária no nosso cotidiano. O presente estudo visa apresentar as evoluções trazidas pela rede mundial de internet, as mais recentes formas de comunicação, os novos comportamentos inseridos na sociedade e as consequências geradas pelo seu mau uso. O que acontece com uma foto pessoal ao ser compartilhada indevidamente? O que é uma vítima do revenge porn? Qual diploma normativo protege sua privacidade? O tema trabalhado é de grande relevância social, visto que a internet quando usada de forma indevida gera consequências imensuráveis. A vítima da pornografia de vingança não fica mais desamparada juridicamente, já que nos últimos anos novas legislações foram promulgadas a fim de dar um amparo legal aos necessitados desse aporte jurídico. Da mesma forma, o direito ao esquecimento ganhou força no ordenamento pátrio, visando proteger a intimidade e a vida privada das vítimas. Desse modo, para atender ao objetivo do trabalho e nortear as indagações, utilizou-se como metodologia a revisão sistemática da literatura. O estudo em questão apresentou alguns pontos peculiares que foram introduzidos no nosso cotidiano nos últimos anos. Por fim, serão apresentadas as evoluções ocasionadas na sociedade devido a essas novas condutas, além de demonstrar como o direito se comportou diante dessas demandas sociais. 2 2. A EVOLUÇÃO DA INTERNET A internet foi criada originalmente para integrar as operações militares norte-americanas durante a Guerra Fria, entre os anos de 1950 e 1960. Em seguida a rede atingiu o uso comum, chegando primeiro nas universidades e logo após permitindo o acesso do público em geral. Em 1991, graças às pesquisas de cientistas europeus, houve o surgimento da “World Wide Web”, que possibilitou a criação de páginas e sites. A facilidade do compartilhamento de dados através de dígitos e da rede de alta velocidade determinou a criação dessa teia de conexões descentralizadas, que se tornou a internet como conhecemos hoje (MARTINO, 2014). Ainda segundo o autor, a rede começou a ganhar espaço no Brasil por voltar de 1994- 1995. Até o começo dos anos 90 ter um computador em casa era praticamente inacessível para grande parte da população, o que acarretou na chamada “barreira cultural”, que consiste na desigualdade de oportunidades de acesso às tecnologias digitais. Desde 1995, com a maior facilidade de se adquirir um computador, o uso da rede no país cresceu consideravelmente, fazendo com que, de modo cada vez mais veloz, a internet e as mídias digitais fizessem parte do nosso cotidiano. A partir dos anos 2000 houve uma grande expansão da web com o advento das redes sociais, o que originou a criação de dois termos referentes às duas fases da internet. Enquanto que a Web 1.0 possuía um caráter mais estável, pois operava em torno de páginas, blogs e sites, a Web. 2.0 apresentava uma conexão mais densa, devido ao alto grau de colaboração e interatividade entre os usuários (MARTINO, 2014). Segundo Primo (2007, p. 02) a Web. 2.0 conceitua-se como “a segunda geração de serviços online e caracteriza-se por potencializar as formas de publicação, compartilhamento e organização de informações”. Trata-se, portanto, não apenas de uma inovação da rede, mas sim, de uma importante mudança social, que possibilita o trabalho em grupo e a rápida troca de informações. 2.1. O advento das redes sociais A internet inovou completamente os modos de comunicação na sociedade, rompendo a barreira tempo-espaço e tornando-se um marco para a globalização. Essa mudança nos meios e formas de se comunicar em tempo integral, e de qualquer parte do mundo, se intensificou com a criação das redes sociais (MARCHERI; NETO, 2014). 3 Para Martino (2014, p. 55), as “redes sociais podem ser entendidas como um tipo de relação entre seres humanos pautada pela flexibilidade de sua estrutura e pela dinâmica entre seus participantes”. Essa relação não se caracteriza apenas pelo conteúdo das mensagens trocadas entre os usuários, mas sim, pelo relacionamento que há entre essas duas pessoas. A rede social é, portanto, uma construção coletiva, que não pode ser pré-determinada ou manipulada de forma unilateral (PRIMO, 2007). Diferentemente da forma que nos relacionamos no “mundo real”, as redes sociais propiciam uma interação que costuma ser mais flexível, visto que os laços são formados com base em temas específicos e interesses em comum, tendo, do seu modo, uma dinâmica diferenciada. Essa dinâmica diz respeito ao modo de interação entre seus usuários e varia de acordo com a rede social (MARTINO, 2014). Quanto maiora semelhança cultural e os gostos similares, maior é a probabilidade de conexão em rede entre dois indivíduos (KIMURA et al., 2008). Em entendimento similar ao dos autores citados, segundo Marteleto (2001), a rede social tornou-se um agrupamento de participantes autônomos, que unem ideias e recursos em torno de interesses e valores em comum. Nesse ambiente há a valorização do elo informal, porém, mesmo que relações surjam dessa esfera descontraída, nada impede que os efeitos das redes sociais possam ser percebidos fora do âmbito virtual. Um aspecto que define claramente as redes sociais é a flexibilidade, pois as relações criadas através delas podem ser modificadas a qualquer tempo. Esses vínculos que ligam os usuários tendem a ser fluídos e são determinados conforme a necessidade do momento, sendo passíveis, por consequência, à extinção no segundo seguinte (MARTINO, 2014). Essa ligação entre os usuários, segundo Kimura et al. (2008), é fácil de ser quebrada, visto que, constantemente, há a interação do indivíduo com diversas outras pessoas, o que ocasiona, naturalmente, a formação de novos vínculos. Ainda de acordo com o autor, a propagação no uso das redes sociais está associada à uma “dinâmica de contágio”, em razão de que, quanto mais pessoas se conectam às redes, maior é a probabilidade de outros indivíduos se tornarem usuários desses meios de comunicação. Esse crescimento em massa decorre da evolução da tecnologia na sociedade, de modo que, quando alguma rede começa a ganhar forças, as pessoas tornam-se adeptas, por mera tendência de mercado. Com o advento das redes sociais no cotidiano da sociedade novos aspectos e conceitos de comportamento têm surgido nos últimos anos. Além de ser usada como uma forma de 4 comunicação, as redes tornaram-se um palco da vida cotidiana, onde, cada vez mais, tem se tornado um lugar para a própria exposição (SCREMIN, 2016). 2.2. Novos aspectos comportamentais A inovação na forma de se comunicar devido às redes sociais causou uma revolução no modo de como as pessoas socializam. Além da exposição da vida privada frente às telas, seja do computador ou smartphone, constantemente os usuários se isolam, sem ao menos perceber, do convívio social, para se comunicar através da internet (SOZO et al., 2014). Segundo Castells (1999), pesquisas acadêmicas apontam que o uso da internet pode aumentar o sentimento de solidão, alienação e até mesmo depressão. Num estudo realizado por uma equipe de psicólogos da Carnegie Mellon University entre 1995 e 1996, ficou demonstrado que o uso intensivo da internet estava a associado à um afastamento do usuário com os membros da sua família, além de haver, também, uma considerável diminuição do seu círculo social. De acordo com Sobrinho (2014), além de ser um espaço de comunicação, essas redes também apresentam certa subjetividade, visto que seus usuários podem se reinventar e apresentar-se da maneira como gostariam de serem vistos. Assim, a identidade do indivíduo na rede social é construída de acordo com suas interações. Ainda conforme a autora, os usuários das redes, possuem uma multiplicidade de identidades, que varia de acordo com os diferentes sistemas sociais. Atualmente, portanto, o indivíduo não mais possui uma personalidade unificada e estável, e é nesse contexto que a internet é considerada a causa dessa fabricação de identidades. A personalidade do sujeito pós-moderno “é definida historicamente, e não biologicamente. O sujeito assume identidades diferentes em diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um ''eu" coerente” (HALL, 2006, p. 13). Entende-se como sujeito pós-moderno, ainda segundo o autor, aquele cuja identidade é modificada de forma contínua, não tendo, portanto, uma permanente. Para Sozo et al. (2014), a internet está tão interligada aos usuários que se tornou, de certo modo, uma complementação da pessoa, visto que o seu comportamento estará sempre atrelado ao que ela curte e posta nas redes sociais. Ademais, conforme já citado anteriormente, 5 o ambiente digital se tornou um meio para a exibição pessoal, e, nesse contexto, um novo item ganhou importância na cibercultura: o selfie3 (SOBRINHO, 2014). 2.3. Selfie: o culto à própria imagem O termo selfie tem origem na língua inglesa e advém da união do substantivo self (“eu” ou “a própria pessoa”) e do sufixo ie. A prática do selfie consiste em produzir autorretratos com uma câmera fotográfica de mão ou com o uso do celular, com a finalidade de ser compartilhada nas redes sociais através dos próprios aparelhos (MEIRELLES; FORECHI, 2015). Para Sobrinho (2014), após as redes sociais ganharem cada vez mais espaço no cotidiano o usuário parece viver do próprio espetáculo. Uma experiência ou atividade não mais faz sentido a menos que seja registrada ou compartilhada com outras pessoas. A existência do indivíduo passa a depender de visualizações e do seu efeito nas redes sociais. Em uma sociedade cada vez mais construída através de imagens, o selfie demonstra prestígio e de que forma o sujeito gostaria de ser visto pelos outros adeptos da rede online. Meirelles e Forechi (2015) complementam esse entendimento quando ensinam que o sucesso da selfie não está na própria foto, mas sim na possibilidade de compartilhá-la com outras pessoas. O usuário não pensa imediatamente nas consequências dessa exposição constante da vida privada, mas apenas tem como finalidade ser visto e estar no foco do máximo de pessoas possíveis. Sobrinho (2014) afirma que a selfie representa uma imagem, uma personalidade ideal de como a pessoa gostaria de ser vista pelos outros usuários das redes sociais. Há numa simples postagem toda a preocupação de como receber a aprovação alheia. Com a ajuda de aplicativos é possível modelar as fotos para que fiquem com o “corpo perfeito”, deixando-o de acordo com o que seria o ideal estipulado pela sociedade. O dito culto à própria imagem é claramente perceptível com as milhares de selfies expostas nas redes sociais. Sua difusão é causada pelo narcisismo desenfreado da atualidade, que se instaura no indivíduo e causa uma obsessão por si próprio. Os usuários, nas redes sociais como o facebook por exemplo, expõe suas identidades midiáticas, postando imagens perfeitas de si e deixando de lado aquelas mais modestas (SOBRINHO, 2014). 3 Foto tirada de si mesmo, seja através de um celular ou webcam, postada em uma rede social (SOBRINHO, 2014). 6 A prática do selfie tornou-se comum entre pessoas de todas as idades. Junto com isso, a exposição do próprio corpo em mídias sociais, seja por meio de vídeos, fotos e através do uso do celular, também tem se tornado algo corriqueiro. Esse novo hábito, além de propiciar o prazer de receber a aprovação alheia, tem acarretado complicações na vida dos adeptos da prática (WANZINACK; SCREMIN, 2014). 3. NOÇÕES PRELIMINARES ACERCA DO SEXTING Com a tecnologia cada vez mais inserida no cotidiano da sociedade, crianças e adolescentes também acabaram se tornando usuários dos novos utensílios tecnológicos, como computadores e smartphones, e, consequentemente, tornaram-se também adeptos das redes sociais. Os celulares não apenas fazem ligações, como capturam imagens, fazem chamadas de vídeos e pagam contas, dentre outras funcionalidades (WANZINACK; SCREMIN, 2014). Segundo Silva e Sales (2017), a possibilidade de acessar e-mails e redes sociais em tempo integral pelo celular ocasionou novos comportamentos na sociedade. O smartphone, além de possibilitar a prática do selfie também popularizou a prática do nude selfie, que consiste no ato de se auto fotografar nu. Ainda de acordo com as autoras, a prática de fotografar a própria nudez é um comportamento recente e traz novas formas de se abordar a sexualidade e as relaçõesde gênero, porém, com essa grande aderência ao nude selfie ocorre também o envio não consensual dessas imagens. Esse “vazamento” de fotos sem autorização acarreta grandes implicações sociais, podendo inclusive, levar jovens a tirarem a própria vida. Complementando o pensamento acima, de acordo Silva (2018), esse comportamento está intimamente ligado com o avanço da tecnologia digital, visto que após ser possível capturar fotos com o celular houve uma grande proliferação de adeptos ao uso do selfie, bem como do nude selfie. A prática do sexting contribuiu para que o corpo e a nudez passassem a fazer parte das redes sociais e a integrarem a rede mundial de computadores, fazendo com que a sexualidade fosse amalgamada com as tecnologias digitais. Consoante Otero (2013) – tradução nossa – o termo Sexting se originou da junção entre duas palavras da língua inglesa: sex (sexo) e texting (mensagem de texto). Essa prática consiste no envio de mensagens que possuam conotação sexual, seja através do computador ou do smartphone, com a finalidade despertar um interesse sexual no destinatário. O autor também preleciona que há algumas peculiaridades que conferem ao sexting aspectos específicos, sendo eles: a voluntariedade, a utilização de dispositivos tecnológicos, o 7 caráter sexual do conteúdo e a sua produção caseira. O usuário produz e envia tal conteúdo de modo voluntário e livre, sem nenhum tipo de coação ou indução, assim, sua produção é amadora e não visa sair do âmbito privado. Além das redes sociais, novos aplicativos como WhatsApp, Grindr e Tinder surgiram nos últimos anos e servem como subsídios para encontros com pessoas próximas, tendo seu funcionamento baseado de acordo com o GPS. Esses aplicativos propiciam encontros de indivíduos em um raio de distância pré-determinada que estejam à procura de encontros rápidos ou de sexo casual. O corpo nesses aplicativos é retratado como objeto de desejo e exibicionismo e em alguns casos auxilia num processo de autoestima e autoaceitação (WANZINACK; SCREMIN, 2014). Para Silva e Sales (2017), o nude selfie apesar de propiciar a liberdade, autoestima e a vaidade pode também provocar efeitos violentos e relações não consensuais para os remetentes dos ditos nudes. É na internet, mais especificamente nas plataformas de comunicação social, que a figura do pornô de vingança ganha forma, tornando-se um novo modo de violência no mundo digital, que tem como maiores vítimas o público feminino (LINS, 2016). 3.1. “Vazou”: Revenge Porn e os riscos do sexting A prática do sexting entre os usuários das redes sociais normalmente ocorrem numa relação de confiança. Os jovens expõem suas imagens, sem nenhuma coação ou intenção de divulgação, à contatos que consideram íntimos e confiáveis. Contudo, ao compartilhar isso com outro usuário nada impede que seja enviado a um terceiro e que essa terceira pessoa envie à outra, e assim sucessivamente (WANZINACK; SCREMIN, 2014). Os autores ainda pontuam que quando esse tipo de conteúdo “viraliza” sem a concordância do remetente acaba por acarretar sérios problemas psicológicos e emocionais, chegando até mesmo em instâncias judiciais, ou ainda, circunstâncias mais graves, como o suicídio. Em contraposição ao sexting o revenge porn não é consentido e seus fins ultrapassam o mero erotismo (FARIA et al., 2015). Segundo Scremin (2016), alguns dos motivos que leva uma pessoa a se expor de tal maneira é acreditar, principalmente o público mais jovem, em 100% na segurança do smarphone, ter plena confiança no destinatário das imagens, bem como a busca por atenção e popularidade. Outrossim, há também uma grande a influência da mídia e o próprio desconhecimento dos riscos e perigos que podem envolver tal exposição. 8 Além dos danos dos vazamentos indesejados há diversos outros tipos de perigos que podem ocorrer para as vítimas desses casos. A própria exposição de imagens em si pode acarretar riscos como a pedofilia, o grooming4, cyberbullying5, cyberstalking6, além do próprio revenge porn (SCREMIN, 2016). A expressão pornografia de vingança se originou da expressão inglesa revenge porn e é utilizada para definir a divulgação de fotos, vídeos ou qualquer conteúdo gráfico de natureza sexual de alguém sem o seu consentimento (BUZZI, 2015). Para Faria et al. (2015), mais que uma violação de laços de confiança, o revenge porn viola a propriedade e a autonomia sobre o próprio corpo. De acordo com Buzzi (2015), o pornô de vingança tem como objetivo a mera exposição da vítima, de forma rápida, através da internet, a fim de ocasionar danos sociais e emocionais. Sua principal característica consiste na intenção de humilhar a vítima. O conteúdo ao ser publicado em redes sociais e em sites de conteúdo adulto percorre rapidamente o mundo, multiplicando-se e tornando-se cada vez mais difícil de impedir sua propagação (OLIVEIRA; PAULINO, 2016). Apesar de ser erroneamente confundida com a “pornografia não consensual”, a pornografia de vingança na verdade encaixa-se como uma espécie desse gênero. Enquanto que na pornografia não consensual (também chamada de “estupro virtual”) ocorre o registro de fotos/vídeos sem o consentimento do parceiro (a), no pornô de vingança ocorrem registros consensuais, que são, em outro momento, viralizados sem a autorização da outra parte, como uma forma de vingança (BUZZI, 2015). Em concordância e complementando o exposto anteriormente, Oliveira e Paulino (2016) explicam que é utilizada a expressão ‘vingança’ justamente por ser uma produção consensual no âmbito de uma relação privada. O conteúdo é divulgado meramente como uma forma de se vingar. Normalmente as vítimas são mulheres e o criminoso homem, motivado por brigas ou pelo fim do relacionamento. Faria et al. (2015), elucida que há uma forte tendência de culpabilização das vítimas, algo que é fruto de uma cultura sexista presente no Brasil, visto que na maioria dos casos a parte prejudicada é do sexo feminino. Enquanto que o desejo do homem não precisa estar ligado ao 4 Trata-se do ato de sedução e manipulação psicológica em crianças e adolescentes, com o fim de estabelecer uma relação de confiança para que ocorra relações sexuais com os mesmos (SCREMIN, 2016). 5 É a versão virtual do bullying, ocorre da mesma forma que o bullying presencial (agressão física ou verbal), porém, esses ataques acontecem no mundo virtual (SCREMIN, 2016). 6 Consiste na perseguição/assédio a alguém nos seus espaços virtuais privados, como redes sociais e e-mails (SCREMIN, 2016). 9 envolvimento emocional é esperado das mulheres que haja um relacionamento ou algum laço emotivo para que suas práticas sexuais sejam socialmente legitimadas. Isso faz com o que esses tipos de crimes virtuais sejam praticamente legitimados pela sociedade, visto que a mulher, apesar das suas conquistas por direitos, ainda sofre uma forte repressão social da sua sexualidade. Essa culpabilização da vítima gera, de forma indireta, um esquecimento de que ali houve um crime. A sociedade acaba legitimando um ato criminoso, enquanto poda a liberdade sexual feminina (OLIVEIRA; PAULINO, 2016). 3.2. Um aporte jurídico necessário O advento da web 2.0, conforme já citado anteriormente, trouxe grandes transformações no contexto da comunicação mundial, que passou de unidimensional (um só remetente de informações e vários destinatários) para multidimensional (diversos remetentes e destinatários). Em decorrência dessas inovações na forma de se comunicar é muito fácil disseminar qualquer conteúdo, visto que a rede online é um espaço aberto e qualquer pessoa pode ter acesso à essas informações (RODRIGUES et al., 2016). Por se tratar de um espaço “aberto” é muito difícil para o Estado manter um controle a respeito das publicações e dos conteúdos expostos na rede(RODRIGUES et al., 2016). Isto posto, é necessário avaliar como se deve se estabelecer o exercício da cidadania no mundo virtual. De acordo com Faria et al. (2015) apesar de possibilitar maior agilidade nas formas de socialização, a rede também abre espaço para atos de violência, como homofobia, racismo, misoginia e os multicitados vazamentos não consensuais de imagens Para as autoras, a facilidade de se adquirir computadores, smartphones e, por conseguinte, estar online é cada vez mais crescente. As novas redes sociais, como por exemplo o facebook, instagram, whatsapp e youtube, propiciam ao internauta a possibilidade de produzir e divulgar materiais audiovisuais que podem ser facilmente compartilhados. Valendo salientar que na rede nada se perde, pois basta apenas que outro usuário tenha feito o download7 do conteúdo para que o ciclo de infrações se perpetue. É, consequentemente, esse cenário que fornece as condições para a prática do revenge porn, visto que além dessa praticidade do mundo virtual soma-se ainda o anonimato e a possibilidade de criação de contas falsas. Além disso, muitas das vezes, esses vazamentos são 7 Down quer dizer "baixar" enquanto load significa "carregar", portanto, consiste no ato de fazer cópia de uma informação ou de um arquivo via internet (MARIMOTO, 2016). 10 feitos de computadores públicos, o que não permite a identificação do autor da postagem, visto que não é possível identificá-lo por meio do IP8 (FARIA et al., 2015). Rodrigues et al. (2016) elucida que não há como o direito ficar inerte diante dessas novas demandas da sociedade, precipuamente no tocante às práticas que ferem os direitos fundamentais. É necessário que haja um devido trâmite legal para punir as infrações no mundo digital, de modo que se assegure uma solução jurídica adequada à essas novas necessidades sociais. Assim, houve um novo posicionamento do direito diante de casos envolvendo violências no âmbito digital. 3.3. O direito à privacidade vs. os novos meios de comunicação O direito à privacidade consiste naquilo que nos preserva da percepção alheia e nos guarda a nossa própria vivência (FARIA et al., 2015). Está intimamente ligado ao direito da personalidade, que passou a ser tutelado com maior vigor após o advento da Constituição de 1988, visto que o princípio da dignidade da pessoa humana é um fundamento necessário para o Estado Democrático de Direito (RODRIGUES et al., 2016). A atual Constituição da República ampara a privacidade, a intimidade e a vida privada como direitos e garantias fundamentais. Verifica-se que, desde que houve essa grande globalização da internet, a tutela constitucional da privacidade e intimidade que eram de exclusivo acesso do indivíduo, passou a ser da rede de computadores, visto que é onde todas as suas informações são armazenadas (MARCHERI; FURLANETO NETO, 2014). A CRFB/889 aduz em seu art. 5º, inciso X, que é inviolável a intimidade, a vida privada, a honra e a imagens das pessoas, sendo assegurado, portanto, a indenização pelo dano material ou moral que decorra da sua violação (BRASIL, 1988). Do mesmo modo, o Código Civil Brasileiro disciplina sobre a intimidade no seu art. 21, ao afirmar que é inviolável a vida da pessoa natural e que o juiz, a requerimento da parte interessada, tomará as medidas cabíveis para coibir ou fazer cessar o ato (BRASIL, 2002). A proteção à privacidade também está exposta no inciso II do art. 3º da Lei 14.965/2014 (Marco Civil da Internet) como um dos princípios inerentes ao uso da internet no país. Essa proteção visa tutelar os limites da sociedade diante do indivíduo, delimitando onde começa e 8 Internet Protocol – Protocolo de internet: número de identificação de um dispositivo em uma rede. Com esse número é possível identificar a rede em que o computador está conectado (MARIMOTO, 2016). 9 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 11 termina a privacidade de cada um. Trata-se, portanto, de uma tutela necessária para a estrutura social, não devendo ser vista com um direito individual (RODRIGUES et al., 2016). Claramente, há uma variação de acordo com cada indivíduo do que pode ou não ferir a sua intimidade. Para a grande maioria, os pormenores relativos à sexualidade de cada um estão inclusos no âmbito essencialmente íntimo do ser humano. Por conseguinte, não é justo que no meio virtual isso seja diferente, visto que o titular do direito não pode perder sua capacidade de determinar aquilo que quer ou não conservar privado (MARCHERI; FURLANETO NETO, 2014). Para Rodrigues et al. (2016), como há muitas demandas acerca do tema no Brasil, a lei não pode determinar de forma taxativa o que consiste ou não em uma violação à privacidade, visto que muitos casos ficariam sem uma resposta jurídica adequada. Essa temática gera um conflito de normas constitucionais entre o direito à vida privada e o direito à informação. Os autores explicam que não há como renunciar um desses direitos em virtude do outro, pois ambos devem ser garantidos. É necessário que haja um limite para aquilo que pode e deve ser informado, de modo que não viole a intimidade e a vida privada de alguém. Valendo ressaltar que essa garantia é estendida a todos, dos anônimos àqueles que possuam uma vida pública. Marcheri e Furlaneto Neto (2014) também tratam desse dito limite, defendendo que deve haver uma avaliação para que seja possível determinar os limites constitucionais da privacidade e intimidade. Além disso, deve ser também levado em consideração o conteúdo das informações, o meio em que foi divulgada, a intensidade da exposição, bem como o tipo de atividade realizada pelo sujeito. 3.4. Pelo direito de recomeçar: Noções acerca do direito ao esquecimento Com a inserção cada vez maior de jovens e adultos no ambiente virtual, é perceptível também o aumento crescente da superexposição na rede. A intimidade violada na internet gera danos insanáveis a honra e a imagem das vítimas. É nessa perspectiva que o direito ao esquecimento ganha força como uma forma reparadora das violações causadas, mesmo que as vezes sejam voluntárias (MARCHERI; FURLANETO NETO, 2014). O direito ao esquecimento foi reconhecido pelo Enunciado nº. 531 da VI Jornada de Direito Civil promovida pelo Conselho de Justiça Federal, elucidando que a tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito ao esquecimento. Essa matéria 12 tem a finalidade de proteger o indivíduo dos fatos públicos referentes ao seu passado (MOREIRA, 2015). Antes de se aprofundar no estudo dessa temática é necessário entender no que consiste a expressão superinformacionismo, visto que é pelo indivíduo estar inserido numa sociedade da informação que se faz necessário e preciso tal direito. O superinformacionismo é uma forma de difusão de dados e informações em que o conhecimento, tanto de baixa ou de suma importância, é difundido de forma excessiva, sem nenhum critério estabelecido (MARCHERI; FURLANETO NETO, 2014). O referido direito é mais visível na seara Penal, onde o sujeito após cumprir sua pena tem a possibilidade de que seus registros e informações sobre o delito não sejam mais utilizados contra ele. Mesmo que tenha errado, não é justo que o indivíduo seja punido duas vezes pelo mesmo delito. Trata-se de um direito inerente à dignidade da pessoa humana e à inviolabilidade da sua vida privada, e, apesar de ser associado ao direito criminal, é necessário visualizá-lo associado ao direito em geral (RULLI JÚNIOR; RULLI NETO, 2013). Segundo Marcheri e Furlaneto Neto (2014), esse direito visa proteger o indivíduo que, devido a alguma conduta vexatória ou imoral, ou que teve exposta, de forma involuntária, sua intimidade, não tenha sua imagem associadaperpetuamente ao fato depreciador. O objetivo é que haja a reinserção do sujeito na sociedade, desvinculando-o do fato, seja por meio do impedimento da divulgação do conteúdo desonroso ou pela exclusão do conteúdo arquivado. Os autores explicam que as informações sobre uma determinada pessoa só serão conservadas para fins de identificação do indivíduo ligado a elas, devendo ser mantidas apenas pelo tempo necessário para atender seus propósitos. Esse "tempo necessário" não é estabelecido precisamente, sendo meramente intepretações dos tribunais. As referidas informações não são apenas as das redes sociais, mas sim, informações gerais. Para Moreira (2015), esse direito origina-se de uma interpretação doutrinária do Código Civil. O direito ao esquecimento está presente entre os direitos personalíssimos, pois está intrinsecamente ligado ao direito constitucional à intimidade e à proteção da imagem. O direito do esquecimento tem ganhado bastante importância, principalmente nos debates acerca do Direito Digital. O revenge porn, por exemplo, demonstra, de uma forma particular, a imortalidade da memória no mundo virtual. A dificuldade em apagar algo que "viralizou" nas redes sociais acaba funcionando como uma barragem ao esquecimento. A própria vítima da pornografia de vingança em si sofre um lento processo para esquecer o trauma, um verdadeiro "processo digestivo" (FARIA et al., 2015). 13 Para Rulli Júnior e Rulli Neto (2013), não se trata apenas sobre o esquecimento propriamente dito, mas da fiscalização da sociedade que surge de algo como o vazamento de fotos ou de um vídeo íntimo. Suponha-se a seguinte situação: um empregador ao acessar informações sobre um candidato à vaga de sua empresa descobre, por exemplo, que esse já teve sua imagem exposta na internet e deixa de contratá-lo por considerar tal conduta imoral. Diante de casos como essa suposição é que os autores defendem que há a necessidade de estabelecer limites necessários, observando a proporcionalidade e a razoabilidade. A ideia não é violar a publicidade ou estabelecer critérios de censura, mas sim proteger os princípios da intimidade e da vida privada, caso contrário, estaria, por consequência, violando o próprio direito ao esquecimento. 4. ASPECTOS JURÍDICOS: LEGISLAÇÕES PERTINENTES AO TEMA A disseminação de conteúdos pornográficos e a internet são dois temas frequentemente associados, visto que foi após a globalização da rede que essa forma de ataque se tornou recorrente (OLIVEIRA; PAULINO, 2016). Segundo Otero (2013) – tradução nossa – uma vez que ocorre a exposição na rede, seja de forma involuntária ou não, é necessário se perguntar: Qual diploma normativo protege o protagonista desse conteúdo? Como já sabido, a divulgação de qualquer mídia digital com teor sexual sem a anuência dos envolvidos pode caracterizar diversos tipos de crimes (BUZZI, 2015). Devido ao aumento constante dessas práticas fez-se necessário que o legislador criasse novas leis, a fim de coibir e punir as diversas infrações cometidas no âmbito cibernético. 4.1. Lei 12.737/2012 - Lei Carolina Dieckmann A Lei Carolina Dieckmann, sancionada em 30 de novembro de 2012 pela ex-presidente Dilma Rousseff, tipificou como crime os delitos informáticos, acrescentando os artigos 154-A e 154-B ao Código Penal Brasileiro. A referida lei também modificou a redação dos artigos 266 e 298 do mesmo diploma normativo (BUZZI, 2015). A autora explica que o que impulsionou a criação dessa lei foi o caso da atriz Carolina Dieckmann que em maio de 2012 teve 36 fotos íntimas roubadas do seu computador, que foram espalhadas por diversos sites pornográficos. Um dos investigados no caso tinha apenas 16 anos e chegou a efetuar chantagens ao empresário da atriz, exigindo R$10 mil reais para que as fotos não fossem divulgadas. 14 Após a investigação ser realizada constatou-se que as imagens foram obtidas da caixa de mensagens do e-mail da atriz através da instalação de um programa no seu computador. Ao abrir alguma mensagem do tipo spam na caixa de e-mail, os invasores conseguiram acesso ao computador, porém, foi possível o rastreio do IP, o que fez com a polícia chegassem aos envolvidos (BUZZI, 2015). O objetivo dessa lei é disciplinar o uso da internet no país, trazendo nos seus incisos referências à intimidade e privacidade no âmbito virtual. É aplicada quando há a invasão de algum dispositivo informático com a finalidade de se obter dados pessoais, como imagens, vídeos, e-mails etc (OLIVEIRA; PAULINO, 2016). Buzzi (2015) complementa aduzindo que a invasão à dispositivos informáticos alheios, através de violação da segurança do aparelho, com o fim de obter, modificar ou destruir dados sem a autorização do dono, constitui crime, conforme estabelece o parágrafo único do art. 154- A. Há ainda o aumento da pena de um sexto a um terço se dessa invasão resultar prejuízo econômico e de um a dois terços se houver a divulgação ou transmissão a terceiros dos dados obtidos, conforme determina o parágrafo quarto do mesmo artigo. A autora ainda explica que mesmo que essa lei não trate de forma específica da obtenção de fotos e vídeos íntimos, a legislação tutela os casos da pornografia não consensual, onde as vítimas, após ter sofrido algum tipo de invasão em seu computador, tem suas imagens e vídeos divulgados amplamente na internet. De acordo com Oliveira e Paulino (2016), é também possível que esses casos sejam enquadrados como crime de ameaça, quando ocorre por exemplo de o agressor estar em posse das imagens ou vídeos e ameaça publicá-los. Além disso, a conduta de vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou qualquer tipo de registro de conteúdo sexual também é tipificada no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), quando se tratar de vítimas menores de idade. 4.2. Lei 12.965/2014 - Marco Civil da Internet A Lei 12.965/2014, popularmente conhecida como o Marco Civil da Internet, se afamou como a constituição do mundo virtual. A lei fixou princípios para nortear o uso da internet no Brasil, como por exemplo a proteção de dados privados e a liberdade de expressão. Além disso, impõe diversas normas, tanto aos usuários quanto aos provedores de internet (SCREMIN, 2016). De acordo com Buzzi (2015) a lei começou a ser elaborada em 2009 e teve como base os dez princípios sugeridos pelo Conselho Gestor da Internet. Durante todo o seu processo de 15 elaboração houve a participação popular por meio de consultas online. No referido ano da criação o Marco Civil recebeu mais de 800 contribuições, como comentários, e-mails e sugestões na própria plataforma digital que fora criada exclusivamente para debates acerca dessa lei. Ainda segundo a autora, em 2010 houve uma nova consulta ao público online a respeito do anteprojeto elaborado com as contribuições do ano de 2009. Dessa vez, mais de 2.000 novas contribuições e comentários online surgiram para dar corpo ao que é hoje a Lei 12.965/14. Entre os anos de 2012 e 2014 houveram diversas audiências públicas para aprimorar o projeto, sendo finalmente aprovado pela Câmara dos Deputados em 25 de março de 2014 e pelo Senado Federal em 23 de abril do mesmo ano. O Marco Civil da Internet regulamenta as obrigações e responsabilidade dos sites hospedeiros e dos mecanismos de busca na internet. Nos casos de revenge porn por exemplo, essa lei não se destina ao agressor, mas sim aos servidores, que devem remover imediatamente as imagens quando for solicitado pelas vítimas. Diante de fatos como esse, após o servidor deletar o conteúdo da rede os registros de conexão dos usuários ficam salvos, para que haja uma maior facilidade para identificar quem iniciou o compartilhamento do conteúdo indevido (OLIVEIRA; PAULINO, 2016). Segundo dados da ONG Safernet, sites como o Google, Facebook e Twitter tendem a ser mais amistosos e removem as imagensou vídeos indevidos com presteza (LINS, 2016). Para Scremin (2016), essa agilidade para remover os conteúdos da rede é necessária, visto que efetiva de fato o princípio da privacidade estabelecido na lei, tornando-o mais eficaz. Conforme se infere do art. 21 da Lei 12.965/14 é direito da vítima solicitar aos sites que removam conteúdos indevidos com sua imagem, sob pena de ser responsabilizado, de forma subsidiária, pela violação da intimidade decorrente da divulgação. O pedido deve conter elementos precisos que ajudem a identificar especificamente o conteúdo indicado como violador da intimidade do participante (BRASIL, 2014). O grande problema são os sites pornográficos amadores, que muitas vezes são hospedados em servidos estrangeiros e tornam o processo de retirada moroso e insuficiente, visto que devido a demasiada lentidão o conteúdo acaba se espalhando por outros sites. Outrossim, aplicativos de celular como o WhatsApp dificultam o controle dos compartilhamentos, vez que os conteúdos estão nos celulares de cada um e dessa forma são espalhados mais rapidamente (LINS, 2016). Buzzi (2015) elucida que há ainda muitas críticas em relação ao Marco Civil da Internet, principalmente em relação aos princípios constitucionais da Presunção de Inocência e da 16 Proporcionalidade. Os críticos à essa lei não concordam que esses os servidores online possam deter indiscriminadamente dados de todos os usuários, pois tal medida é desproporcional e coloca toda a sociedade como suspeita. Para a autora, outro lado que deve ser visto é o benefício de as redes armazenarem todos esses dados, principalmente para as vítimas de crimes virtuais. Com o registro de dados de compartilhamento é mais fácil chegar a primeira pessoa que divulgou o conteúdo indevido, bem como as que propagaram à divulgação. Com isso, permite-se que a investigação seja mais célere e que tenha maior chance de sucesso. 4.3. Lei 13.718/2018 - Lei dos Crimes contra a Dignidade Sexual A Lei nº 13.718 foi promulgada no dia 24 de setembro de 2018 e tem como finalidade tipificar os crimes de importunação sexual e de divulgação de cena de estupro. Além disso, torna pública incondicionada a natureza da ação penal nos crimes contra a liberdade sexual e dos crimes contra vulnerável (BRASIL, 2018). Sydow (2018) explica que com a promulgação da Lei 13.718 houve a alteração dos artigos 215, 217, 225, 226 e 234 do Código Penal Brasileiro de 1940. Além disso, a referida lei também alterou o art. 61 do Decreto Lei nº 3.688/41, que trata das chamadas Contravenções Penais. No referido diploma normativo é possível encontrar diversos erros de natureza formal e material, o que o faz ser questionado acerca da sua aplicabilidade na prática. O autor explica que além das alterações realizadas no Código Penal a lei também criou o crime de "Importunação Sexual", que foi inserido no art. 215-A no aludido diploma e revogou a contravenção penal de importunação ofensiva ao pudor. Com isso, a natureza da ação penal foi modificada para crimes contra a dignidade sexual e passou a ser pública incondicionada. Da mesma forma, a nova lei tipificou a exposição pornográfica não consentida, conforme se verifica no art. 218-C. As penas são de um a cinco anos para quem oferecer, transmitir, vender, publicar ou divulgar por qualquer meio - inclusive através de sistemas de informática - imagens, vídeos ou qualquer tipo de registro audiovisual que contenha cena de estupro, que faça apologia à sua prática ou que seja sem o consentimento da vítima, cena de nudez ou sexo (BRASIL, 2018). Apesar de ser inovadora, Sydow (2018) faz diversas críticas a Lei 13.718, visto que o legislador ao invés de reprimir um maior número de situações de exposição pornográfica não consentida acabou limitando-se, reduzindo sua aplicabilidade a situações muito restritas. Tais 17 erros são ocasionados pelo mau uso do vernáculo e pela falta de compreensão das próprias expressões constantes do texto da lei. Ainda segundo o autor, o legislador tentou adequar, sem sucesso, a legislação à realidade social, que se encontra influenciada pela informática. Para ele a lei nasceu com grandes defeitos, visto que foram esquecidos diversos gêneros de crimes cibernéticos e outros tipos de exposição pornográfica. Aduz por fim que o referido diploma normativo necessita de reformas imediatas. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Retomando o objetivo geral do presente trabalho, ao analisar os novos comportamentos e aspectos introduzidos no nosso cotidiano devido ao advento da internet é possível compreender a necessidade de o direito atualizar-se constantemente e tentar acompanhar os passos da sociedade. Diante de todo o exposto, pode-se concluir ter havido um avanço significativo nesta direção, sem, entretanto, ter-se esgotado tal propósito. A seguir serão resgatados os objetivos específicos procurando-se indicar os principais dados obtidos que podem esclarecê-los. Sobre o objetivo específico de identificar as mudanças comportamentais com o uso das redes sociais, constatou-se que os adeptos – e as vítimas – de práticas como o sexting demonstram uma nova perspectiva da sociedade contemporânea. As novas formas de comunicação advindas da globalização da internet mostram-se úteis nos mais diversos aspectos, tais como: praticidade, velocidade e eficiência. Contudo, apesar dos múltiplos benefícios, essas inovações também trouxeram “armadilhas”, variadas formas de violência que estão presentes no mundo virtual. A prática da conversação em rede nos distancia da nossa própria realidade. Devido aos inúmeros de casos envolvendo vazamentos de conteúdos íntimos fez-se necessário que o legislador criasse novos diplomas normativos para atender as demandas sociais que surgiram após a globalização da rede. Adicionar, deletar, curtir ou bloquear são algumas das funcionalidades que nos são oferecidas nas redes sociais. A possibilidade de “controlar” as pessoas com quem nos relacionamos acaba por sabotar nossas habilidades sociais. É mais fácil evitar uma conversa indesejada do que se permitir ter um diálogo razoável com alguém que não concordamos, por exemplo. Dessa forma, as redes sociais ao invés de serem usadas para unir acabam por criar uma “bolha” em torno do próprio “eu”. 18 Outrossim, após a sua chegada no mundo virtual, as redes sociais geraram novos comportamentos, como o selfie e, consequentemente, o nude selfie. Tais práticas que a princípio pareciam inofensivas acabaram por ocasionar novas formas de violência online. Por conseguinte, esses comportamentos originaram os mais diversos subgêneros, dentre eles o estupro virtual e a pornografia de vingança. As novas modalidades de violência no âmbito virtual ocasionaram a criação da Lei “Carolina Dieckmann”, do Marco Civil da Internet, e, mais recentemente, da Lei nº 13.718/2018 (Lei dos Crimes contra a Dignidade Sexual), que tipificou os crimes de importunação sexual. Tais dispositivos fizeram-se necessários devido ao grande aumento de casos envolvendo vazamentos de imagens íntimas, ferindo diretamente o direito à privacidade e a honra das vítimas. Juntamente com esses novos diplomas normativos, o direito ao esquecimento ganhou forças no ordenamento pátrio, visando livrar a vítima de quaisquer tipos de estigmas advindos de uma conduta passada, considerada vexatória. Apesar da morosidade, tal direito vem ganhando forma em outros ramos jurídicos, como nos casos que envolvem a intimidade e a vida privada, porém, ainda continua mais presente na seara criminal. Apesar de inovadoras, as legislações pátrias referentes aos crimes cometidos na internet ainda não são suficientes para coibir as práticas de vazamentos não consensuais de imagens. A Lei Carolina Dieckmann, por exemplo, tipificou como crime a invasão de dispositivo informático alheio com a finalidade de usurpar dadospessoais. Da mesma forma, também se enquadra nas hipóteses dessa lei caso a invasão tenha como fim a destruição de dados alheios. Nesse mesmo diapasão, o Marco Civil da Internet também trouxe sua contribuição, visto que auxilia no processo de remoção dos conteúdos indesejáveis da rede, ao estabelecer as regras e os princípios que norteiam o uso da internet no Brasil, bem como ao determinar as obrigações dos servidores online. Entretanto, a Lei 12.965/14 ainda não consegue abranger com a mesma agilidade os sites estrangeiros, o que ocasiona um maior tempo para que o conteúdo indevido seja removido da rede. Por sua vez, a Lei 13.718/2018, que tipifica os crimes contra a dignidade sexual, trouxe diversas alterações ao Código Penal Brasileiro. Apesar das modificações serem necessárias, há diversas críticas ao conteúdo, principalmente com sua redação equivocada em alguns pontos, o que ocasionou o esquecimento de diversos tipos de exposições pornográficas. Com isso, a necessidade de reforma é indispensável, visto que cada vez mais novos comportamentos surgem na sociedade, cobrando do direito uma atualização constante. 19 As estratégias metodológicas utilizadas como a revisão sistemática da literatura permitiram identificar e analisar os resultados obtidos, entretanto não possibilitaram, porém, uma análise aprofundada de todos os resultados identificados. Diante dos resultados encontrados, certas implicações práticas podem ser consideradas: que haja mais campanhas educacionais voltadas para as atuações profissionais, familiares e para as políticas públicas relacionadas sobre o tema investigado. Além disso, que seja constante a atualização do número de vítimas dos crimes praticados no âmbito virtual. Tais dados são necessários visto que o número de vítimas cresce cada vez mais em diversas partes do país. Essas informações são necessárias, uma vez que com em posse de dados precisos é possível que o legislador adeque de melhor forma a legislação às necessidades da população. Diante do que foi constatado no presente estudo, identificou-se a necessidade de pesquisas futuras que aprofundem o tema com resultados qualitativos e quantitativos. 20 REFERÊNCIAS BRASIL. Código Civil de 2002. Promulgado em 10 de janeiro de 2002. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm> Acesso em 26 out. 2018. BRASIL. 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