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83 - APOSTILA - ACESSIBILIDADE, METODOLOGIAS ATIVAS E ASSISTIVAS

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Prévia do material em texto

Acessibilidade, Metodologias 
Ativas e Assistivas
Professora Aline Pedro Feza
AUTORA
Professora Aline Pedro Feza
●	 Mestranda	em	Ciências	da	Educação	pela	FICS	(Facultad	 Interamericana	de	
Ciencias	Sociales	em	São	Paulo).
●	 Licenciatura	em	Pedagogia	pela	UEM	(Universidade	Estadual	de	Maringá).
●	 Especialização	em	Educação	Especial	(Instituto	Paranaense	de	Educação).
●	 Especialização	em	Psicopedagogia	(Faculdade	Eficaz).
●	 Conselheira	Científica	da	Associação	Brasileira	de	Psicopedagogia	ABPp	Nú-
cleo	Paraná	Norte	(Triênio	2020-2023).
●	 Professora	Conteudista	do	UniFCV.
●	 Professora	Conteudista	da	DTCOM	Consultoria.
●	 Professora	Conteudista	e	de	Pós-Graduação	da	Faculdade	Eficaz.
●	 Professora	de	Pós-Graduação	do	UniFCV.
●	 Professora	Bilingue	(português/libras).
Atuações	nas	área	de	Educação,	Educação	Especial	e	Psicopedagogia,	com	ênfase	
em	Métodos	e	Técnicas	de	Ensino	e	Atendimentos	Especializados,	trabalhando	principal-
mente	nos	seguintes	temas:	 língua	brasileira	de	sinais,	salas	de	recursos	multifuncional,	
aquisição	 da	 linguagem,	 inclusão,	 ensino-aprendizagem	 de	 pessoas	 com	 necessidades	
educacionais	especiais,	neurociência,	psicopedagogia,	psicomotricidade,	desenvolvimento	
humano.
Currículo	lattes:	http://lattes.cnpq.br/1028803403946189
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Seja	muito	bem-vindo(a)!
Prezado(a)	aluno(a),	iniciamos	hoje	mais	um	estudo	com	a	disciplina	de	acessibili-
dade,	metodologias	ativas	e	assistivas.	Esse	apresenta	extrema	importância	para	profissio-
nais	da	área	de	humanas,	bem	como	um	tema	atual	na	sociedade,	por	conta	do	momento	
histórico	e	cultural	vigente	devido	à	inserção	da	pessoa	com	deficiência.	
A	Unidade	I	consiste	em	uma	abordagem	sobre	a	acessibilidade.	Discutiremos	o	
conceito	de	acessibilidade,	sobre	o	que	ela	se	trata,	qual	é	a	sua	base	legal	e	quais	são	
suas	dimensões	de	atuação.	Remetemos	você,	aluno(a),	a	uma	contextualização	histórica	
que	ajudará	a	entender	que	a	acessibilidade,	quando	criada,	destinava-se	ao	atendimento	
de	um	único	público,	contudo	sua	abrangência	demonstrou	que	todos	nós	precisamos	de	
acessibilidade.
Na	 Unidade	 II	 abordaremos	 o	 tema	 da	 tecnologia	 assistiva	 e	 inclusão.	 Nesse	
momento	retomaremos	a	contextualização	sobre	a	inclusão,	pois	após	esse	processo	de	
busca	por	uma	sociedade	para	todos,	que	ocorreu	paralelamente	à	globalização	e	avanços	
da	tecnologia,	associou-se	um	ao	outro,	propiciando,	assim,	recursos	que	contribuem	para	
desenvolvimento	humano	da	pessoa	com	deficiência.	
Na	Unidade	 III	 continuaremos	a	explorar	sobre	a	 tecnologia	assistiva	neste	mo-
mento,	a	valorização	e	desenvolvimento	da	vida	e	do	meio	ambiente.	Quais	os	recursos	
tecnológicos	que	facilitariam	o	desenvolvimento	e	a	experimentação	do	sujeito	em	todos	os	
espaços,	são	indagações	que	esclarecemos	nessa	unidade.
Por	fim,	na	Unidade	IV,	discutiremos	modelos	e	a	apresentação	da	classificação	de	
funcionalidade,	incapacidade	e	saúde	e	o	desempenho	universal	nas	perspectivas	médicas	
e	sociais.	
Assim,	encerramos	o	estudo	dessa	disciplina	na	expectativa	de	ter	acrescido	em	
seu	conhecimento,	neste	tema	atual,	contudo,	atemporal,	pois	sempre	teremos	alguém	que	
necessita	ser	incluído	na	sociedade.
Nesta	perspectiva,	desejo	um	bom	aprendizado!
SUMÁRIO
UNIDADE	I	......................................................................................................5
Dimensões de Acessibilidade
UNIDADE	II	................................................................................................... 24
Tecnologia Assistiva e Inclusão
UNIDADE	III	.................................................................................................. 46
Tecnologia Assistiva Aplicada
UNIDADE	IV	.................................................................................................. 67
Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e 
Saúde e o Desenho Universal
5
Plano de Estudo:
●	 Introdução	aos	conceitos;
●	 Contextualizando	acessibilidade;
●	 Legislação	de	acessibilidade;
●	 Compreendendo	as	dimensões	de	acessibilidade.
Objetivos de Aprendizagem:
•	Conceituar	e	contextualizar	conceitos	como	acessibilidade	e	metodologias	ativas	e	
assistivas.
•	Compreender	os	tipos	de	acessibilidade	destinadas	às	pessoas	com	deficiência.
•	Estabelecer	a	importância	da	conscientização	social	sobre	a	necessidade	de	propor	
acessibilidade	em	todos	os	âmbitos.
UNIDADE I
Dimensões de Acessibilidade
Professora Aline Pedro Feza
6UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade
INTRODUÇÃO
Olá	aluno(a),	bem-vindo(a)	à	nossa	primeira	unidade.	Aqui	proponho	a	você	um	
aprofundamento	dos	conhecimentos	e	conceitos	sobre	o	termo	acessibilidade.		Essa	pala-
vra	certamente	já	foi	lida	e	pronunciada	por	você,	aluno(a).	Corriqueiramente	acessibilidade	
é	confundida	como	facilidade	e,	de	imediato,	já	é	utilizada	para	caracterizar	a	pessoa	com	
deficiência.
Pois	bem,	se	você	pensava	assim,	sinto	lhe	informar	que	é	totalmente	o	contrário.	
O	 termo	acessibilidade	surgiu	na	sociedade	com	o	advento	da	 inclusão	da	pessoa	com	
necessidades	especiais,	contudo,	não	se	destina	somente	a	esse	público.	
A	população	pode	usufruir	da	acessibilidade	–	pessoas	com	mobilidade	reduzida	
temporariamente,	 idosos	 e	 crianças	 que	 necessitam	 de	 acessibilidade.	 O	 conceito	 não	
significa	somente	uma	facilitação,	mas	sim	tornar	aquele	espaço,	percurso,	evento	e	comu-
nicação	acessível	e	destinada	a	todos	os	públicos,	independentemente	de	estarem	ou	não	
usufruindo	do	benefício	no	momento.	
É	importante,	aluno(a),	ressaltar	dois	pontos:	a	acessibilidade	não	é	para	ser	propi-
ciada	somente	quando	há	uma	pessoa	com	necessidade	de	tê-la,	ela	deve	ser	uma	prática	
contínua	e	permanente	em	todos	os	âmbitos	sociais.	Por	fim,	é	importante	ressaltar	que	
a	acessibilidade	é	um	 recurso	conquistado	após	muitas	 lutas,	sofrimento	e	segregação,	
principalmente	da	pessoa	com	deficiência.	
Agora,	convido	você	a	aprofundar	seus	conteúdos	e	conceitos	sobre	o	assunto.	
Bons	estudos.
7UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade
1 INTRODUÇÃO E CONCEITOS
Ao	conceituar	acessibilidade	precisamos	pensar	na	pessoa	com	deficiência,	pois	é	
o	público	que	comumente	enfrenta	limitações	em	sua	vida	diária.	Essas	limitações	estão	re-
lacionadas	a	problemas	de	falta	de	acessibilidade,	ou	seja,	falta	de	condições	que	permitam	
o	exercício	da	autonomia,	atuação	e	participação	social	da	pessoa	com	deficiência.	A	falta	
de	acessibilidade	nos	diversos	 âmbitos	 pode	prejudicar	 e	 atrapalhar	 o	 desenvolvimento	
ocupacional,	cognitivo	e	psicológico,	gerando	a	exclusão	social	desse	sujeito.
Foi	por	volta	de	1940	que	o	termo	acessibilidade	surgiu	no	Brasil,	com	o	intuito	de	
abordar	o	acesso	da	pessoa	com	deficiência	em	todos	os	espaços.	Essa	discussão	cresceu	
paralelamente	com	o	surgimento	de	serviços	profissionais	especializados	em	reabilitar	e	
atender	terapeuticamente	esse	público.	Inicialmente	a	acessibilidade	destinava-se	somente	
às	questões	de	“mobilidade	e	eliminação	das	barreiras	arquitetônicas	e	urbanísticas,	numa	
clara	alusão	às	condições	de	acesso	a	edifícios	e	meios	de	transporte”	(ARAÚJO,	2009,	p.	
79).	
Contudo,	muito	além	de	quebrar	barreiras	físicas,	a	acessibilidade	proporciona	a	
capacidade	de	a	pessoa	com	deficiência	ser	cidadã	ativa	e	atuar	na	sociedade	em	geral.	
Assim,	cada	pessoa	passa	a	ter	equiparidade,	ou	seja,	passa	a	ter	as	mesmas	condições	e	
oportunidades	que	todos,	conforme	apresenta	Araújo	(2009).
O	 direito	 à	 acessibilidade	 fundamenta-se	 nos	 direitos	 humanos	 e	 de	 cidadania,	
sendo	regulamentado,	no	Brasil,	pela	Norma	Brasileira	9.050	da	Associação	Brasileira	de	
8UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade
Normas	Técnicas	(ABNT,	2004).	A	Associação	define-se	como	um	direito	universal,	defi-
nido	o	modo	constitucional	de	igualdade,	representando	uma	concretização	dos	objetivos	
determinados	por	Constituições,	Declarações	e	Conferências	de	vários	estados,	desde	aConstituição	de	1988.		
Conforme	Canotilho	(2000,	p.	45),	“a	igualdade	não	deve	ser	compreendida	em	um	
sentido	de	igualdade	formal,	mas	como	uma	isonomia	de	oportunidades	sociais,	acesso	a	
trabalho,	educação	e	lazer”.	Esse	conceito	de	igualdade	veio	com	os	avanços	da	política	
da	inclusão	social,	bem	como	movimentos	em	prol	da	inserção	e	aceitação	dos	deficientes.	
Pensar	sobre	aquele	que	apresenta	limitações	não	consiste	em	uma	prática	social	antiga.	
Carvalho	(2005),	destaca	que	até	a	década	de	90	as	pessoas	com	deficiência	eram	
consideradas	incapazes	de	atuar	socialmente	e	sofriam	com	a	segregação.	Essa	mudança	
implica	 justamente	a	 inclusão	escolar,	que,	a	partir	daí,	começou	a	se	alavancar,	afinal,	
educação	 inclusiva	é	 isso,	mudanças	significativas	na	estrutura	e	no	 funcionamento	das	
escolas,	na	formação	humana	dos	professores	e	nas	relações	família-escola.
	 Para	 alcançar	 esse	 propósito	 da	 inclusão	 escolar,	 desde	 a	 educação	 infantil	 à	
educação	superior,	a	partir	 de	2003	 foram	 implantadas	estratégias	para	 transformar	 “os	
sistemas	educacionais	em	sistemas	educacionais	 inclusivos”	 (CARVALHO,	2005,	p.	56).	
Essas	estratégias,	como,	por	exemplo,	políticas	públicas	e	programas,	são	desenvolvidas	
para	 atender	 as	 necessidades	 de	 aprendizagem	 de	 todas	 as	 crianças,	 disponibilizando	
recursos	à	educação,	de	forma	que	a	inclusão	possa,	de	fato,	acontecer.
9UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade
2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA ACESSIBILIDADE
A	criança	com	necessidades	especiais,	como	qualquer	outra	criança,	tem	o	direito	
de	cursar	uma	escola	e	ter	expectativas	em	relação	ao	seu	futuro.	Mantoan	(2003)	destaca	
que,	infelizmente,	ainda	existe	um	preconceito	exagerado	por	parte	da	sociedade,	e	o	mais	
grave:	por	parte	daqueles	que	deveriam	lutar	e	dar	exemplos	dentro	de	uma	sociedade,	
que	são	os	educadores.	Isto	ocorre	em	todo	o	segmento	educacional	brasileiro.	Mas	ainda	
existem	pessoas	e	profissionais	que	trabalham	para	minimizar	essa	vergonha	que	é	o	pre-
conceito	por	parte	dos	educadores.
Para	Mantoan	(2003),	a	inclusão	faz	parte	de	um	grande	movimento	pela	melhoria	
do	ensino,	e	o	primeiro	passo	para	que	isso,	de	fato,	aconteça	é	olhando	a	educação	com	
outros	olhos.	É	preciso	entender	que	a	inclusão	não	é	apenas	para	crianças	deficientes,	
mas	para	todos	os	excluídos	ou	discriminados,	para	as	minorias.
Quando	se	pensa	em	que	tipo	de	benefícios	a	inclusão	pode	gerar,	surge	sempre	
aquele	pensamento	de	que	as	pessoas	com	deficiência	têm	mais	chances	de	se	desen-
volver,	mas,	na	verdade,	todos	ganham	com	a	inclusão,	pois	aprendemos	todos	os	dias	a	
exercitar	a	tolerância	e	o	respeito	ao	próximo,	seja	ele	quem	for.
Carvalho	(2005)	destaca	que	existem	muitos	motivos	para	que	uma	criança	com	
Necessidades	 Especiais	 tenha	 uma	 oportunidade	 de	 frequentar	 uma	 escola	 de	 ensino	
regular.	Além	disso,	a	inclusão	traz	benefícios	tanto	acadêmicos	quanto	sociais.	A	inclusão	
10UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade
bem-sucedida	não	acontece	automaticamente,	a	atitude	da	escola	como	um	todo	é	um	fator	
significativo	nesse	processo.
Uma	 das	maiores	 barreiras	 para	 inclusão	 ainda	 é	 o	 preconceito,	 “geralmente	 o	
preconceito	é	gerado	por	falta	de	informação,	e	até	mesmo	por	insegurança	por	parte	das	
pessoas,	o	ser	humano	tende	a	temer	aquilo	que	não	conhece”	(MANTOAN,	2003,	p.	56).	
É	por	esse	motivo	que	a	inclusão	de	crianças	com	deficiência	nas	escolas	de	ensino	regular	
é	tão	importante,	pois	essas	pessoas	serão	introduzidas	da	maneira	mais	natural	possível	
na	vida	das	crianças	tidas	como	“normais”,	assim	criará	um	pensamento	mais	consciente.	
Embora	a	ideia	de	ter	uma	sociedade	mais	consciente	e	com	direitos	iguais	para	
todos	 pareça	 uma	 utopia,	 estamos	 caminhando	 devagar,	 mas,	 aos	 poucos,	 se	 pode	 ir	
alcançando	os	objetivos.	Carvalho	 (2005)	 fala	 que	estamos	passando	por	 um	processo	
de	conscientização	e	 isso	 leva	 tempo.	Mudar	a	ordem	natural	das	coisas	exige	compro-
metimento	e	esse	comprometimento	deve	ser	de	toda	a	sociedade,	a	fim	de	que	todos	se	
beneficiem	por	igual.
Nesse	sentido,	ressalto	que	é	necessário	repensar	o	espaço	escolar.	É	necessário	
haver	conscientização	de	que	para	uma	educação	 inclusiva	não	é	o	aluno	que	 tenta	se	
adaptar	à	escola,	mas	a	escola	que	tem	essa	função	de	se	moldar	para	receber	e	manter	os	
alunos	na	escola,	atendendo	as	necessidades	de	cada	um,	quer	tenha	deficiência	ou	não.	
Quando	as	escolas	respondem	às	diferenças	individuais	dos	seus	alunos,	se	ade-
quando	e	proporcionando	atendimento	especializado	através	de	profissionais	capacitados,	
pode-se	afirmar	que	a	 inclusão	já	está	acontecendo.	A	fim	de	compreender	melhor	esse	
conceito	de	acessibilidade,	propomos	o	mapa	conceitual	a	seguir:
11UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade
Figura 1 -	Mapa	conceitual	sobre	acessibilidade
Fonte:	a	autora.
Conforme	a	Constituição	Brasileira,	publicada	em	1988,	garante-se	direitos	sociais	
à	educação,	moradia	e	cultura	a	todas	as	pessoas,	inclusive	àquelas	com	deficiência.	Foi	
somente	em	24	de	julho	de	1991	que	ocorreu	a	implantação	da	Lei	de	Cotas,	que	prevê	co-
tas	para	pessoas	com	deficiência	no	mercado	de	trabalho.	Esta	lei	destina	que	as	empresas	
e	comércios,	que	possuam	entre	100	e	200	funcionários,	reservem	2%	de	vagas	a	pessoas	
com	deficiência	física,	visual,	auditiva,	intelectual	ou	neuromotora.	
Somente	em	19	de	dezembro	de	2000	tivemos	a	implantação	de	uma	lei	totalmente	
voltada	à	acessibilidade:	a	Lei	10.098,	que	estabelece	“normas	gerais	e	critérios	básicos	para	
a	promoção	das	pessoas	portadoras	de	deficiência	ou	com	mobilidade	reduzida”	(BRASIL,	
2000,	s.p.).	Passados	quatro	anos,	temos	um	complemento	que	consiste	no	Decreto	5.296,	
que	reforça	o	conceito	de	acessibilidade,	dando	maior	legitimidade	à	Lei	10.098	de	2000.	
Conforme	o	Decreto	 5.296	de	2004	 reforça,	 a	 acessibilidade	prevê	a	 legislação	
brasileira	como	um	recurso	que	promove	condição	para	utilização,	com	segurança	e	auto-
nomia,	de	maneira	total	ou	assistida,	dos	“espaços,	mobiliários	e	equipamentos	urbanos,	
das	edificações,	dos	serviços	de	transporte	e	dos	dispositivos,	sistemas	e	meios	de	comu-
12UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade
nicação	e	informação,	por	pessoa	com	deficiência	ou	com	mobilidade	reduzida”	(BRASIL,	
2004,	s.p.).
Dessa	 forma,	 podemos	 definir	 acessibilidade	 sobre	 dez	 dimensões:	 atitudinal,	
arquitetônica,	 comunicacional,	 instrumental,	 metodológica,	 programática,	 instrumental,	
comunicacional,	de	transporte	e	digitais.	Trataremos	mais	a	fundo	sobre	essas	dimensões	
no	tópico	quatro	desta	unidade.
Assim,	terminamos	o	estudo	do	nosso	tópico	temático	sobre	os	conceitos	de	aces-
sibilidade.	Nosso	próximo	tópico	destina-se	a	explicar	e	descrever	os	aspectos	legais	desse	
conceito.
13UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade
3 LEGISLAÇÃO DA ACESSIBILIDADE
Conforme	apontado	no	tópico	anterior,	falar	sobre	a	acessibilidade	é	historicamente	
recente	e	não	é	possível	se	não	falarmos	sobre	inclusão,	pois	um	conceito	surgiu	atrelado	
ao	outro.	A	inclusão,	da	qual	tanto	falamos	e	de	que	tanto	ouvimos	falar,	nada	mais	é	do	que	
o	anseio	pela	democracia,	que	hoje	não	é	nada	inclusiva.	
O	 verdadeiro	 conceito	 de	 inclusão	 é	 dificilmente	 é	 utilizado.	 O	 que	 geralmente	
ocorre	é	que	a	maioria	acredita	ser	um	tipo	de	prêmio,	como,	por	exemplo,	as	cotas	nas	
universidades,	assim,	os	excluídos	acabam	por	se	conformar	e	achar	que	estão	incluídos.
Para	Mantoan	(2003),	as	pessoas	com	necessidades	especiais	recebem	apoio	as-
sistencialista	de	todas	as	formas,	porém	continuam	na	situação	de	excluídos	na	sociedade,	
sem	o	direito	sequer	de	saber	expressar	suas	próprias	opiniões	acerca	de	sua	situação.	
Quando,	no	entanto,	se	fala	em	necessidades	especiais,	as	referências	não	são	apenas	às	
necessidades	físicas	ou	mentais	que	um	indivíduo	pode	vir	a	apresentar.	
É	interessante,	porém,	que	se	tenha	em	mente	que	a	necessidadeespecial,	seja	
ela	por	uma	causa	genética	ou	adquirida,	deve	ser	sempre	trabalhada	de	maneira	que	não	
se	torne	um	empecilho	na	vida	do	sujeito.	Esse	seria,	portanto,	o	verdadeiro	objetivo	do	tão	
discutido	conceito	de	“inclusão	social”,	descrito	por	Mantoan	(2003).	A	inclusão	é	percebida	
como	um	processo	de	ampliação	da	circulação	social	 que	produz	uma	aproximação	de	
seus	diversos	protagonistas,	convocando-os	à	construção	cotidiana	de	uma	sociedade	que	
14UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade
ofereça	oportunidade	variada	a	todos	os	seus	cidadãos,	possibilidades	criativas	a	todas	as	
suas	diferenças.	
Como	 se	 sabe,	 o	 primeiro	 dos	 filósofos	 a	 distinguir	 entre	 diferença	 e	 alteridade	
foi	Aristóteles:	a	diferença	das	coisas	supõe	sempre	uma	determinação	sobre	aquilo	em	
que	diferem.	Alteridade,	ao	contrário,	não	significa	determinação	nenhuma:	há	outro	ser	e	
não	uma	diferença	entre	dois	seres	(lembrando	que,	para	Platão,	a	alteridade	é	o	gênero	
supremo).	
Durante	 a	 década	 de	 80	 esses	 problemas	 dificultam	 os	 avanços	 da	 educação	
básica	em	muitos	países	menos	desenvolvidos.	Em	outros,	o	crescimento	econômico	per-
mitiu	financiar	a	expansão	da	educação,	mas,	mesmo	assim,	milhões	de	seres	humanos	
continuavam	na	pobreza,	privados	de	escolaridade	ou	analfabetos.	E	em	alguns	países	
industrializados	 cortes	 nos	 gastos	 públicos,	 ao	 longo	 dos	 anos	 80,	 contribuíram	 para	 a	
deterioração	da	educação.	Não	obstante,	o	mundo	estava	às	vésperas	de	um	novo	século,	
carregado	de	esperanças	e	de	possibilidades.	
A	partir	da	Lei	de	Diretrizes	e	Bases	da	Educação	Nacional,	nº	9.394,	de	20	de	
dezembro	de	1996,	vigente,	a	Educação	Especial	 foi	definida	como	uma	modalidade	de	
educação	escolar	que	permeia	todas	as	etapas	e	níveis	de	ensino,	permitindo	desvincu-
lar	 “educação	especial”	de	 “escola	especial”,	 tornando	 também	a	educação	especial	um	
conjunto	de	recursos	educacionais	e	de	estratégias	de	apoio	que	estejam	à	disposição	de	
todos	os	alunos,	oferecendo	diferentes	alternativas	de	atendimento.
A	inclusão	ganhou	reforços	com	a	Lei	de	Diretrizes	de	Bases	da	educação	Nacional	
(LDB),	de	1996,	e	com	a	Convenção	da	Guatemala,	de	2001.	Sendo	assim,	manter	crianças	
com	algum	tipo	de	deficiência	fora	do	ensino	regular	é	considerado	exclusão	e	crime.	O	
principal	motivo	das	crianças	irem	para	escola	é	que	vão	encontrar	um	espaço	democrático,	
onde	poderão	compartilhar	o	conhecimento	e	a	experiência	com	o	diferente.
O	Brasil	fez	opção	pela	construção	de	um	sistema	educacional	 inclusivo	ao	con-
cordar	com	a	Declaração	Mundial	de	Educação	para	Todos	e	ao	mostrar	consonância	com	
os	postulados	produzidos	em	Salamanca	(Espanha).	É	preciso	esclarecer	que	o	principal	
documento	sobre	os	princípios	da	Educação	Inclusiva	é	a	Declaração	de	Salamanca,	de	
1994	–	estabelece	que	a	escola	inclusiva	seja	aquela	que	contempla	muitas	outras	neces-
sidades	educacionais	especiais
crianças	que	têm	dificuldades	temporárias	ou	permanentes,	que	repetem	o	
ano,	sofrem	exploração	sexual,	violação	física	ou	emocional,	são	obrigadas	
a	trabalhar,	moram	na	rua	ou	longe	da	escola,	vivem	em	extrema	condição	
de	pobreza,	são	desnutridas,	vítimas	de	guerras	ou	conflitos	armados,	têm	
15UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade
altas	habilidades	(superdotadas)	e	as	que,	por	qualquer	motivo,	estão	fora	da	
escola	(em	atendimento	hospitalar,	por	exemplo)	(BRASIL,	1994,	s.p.).
Sem	esquecer-se	daquelas	que,	mesmo	na	escola,	são	excluídas	por	cor,	religião,	
peso,	altura,	aparência,	modo	de	 falar,	 vestir	ou	pensar.	Tudo	 isso	colabora	para	que	o	
estudante	tenha	cerceado	o	direito	de	aprender	e	crescer.
	A	Declaração	de	Salamanca,	de	1994,	em	seus	pressupostos,	afirma	que
a	tendência	da	política	social	durante	as	duas	últimas	décadas	foi	de	fomen-
tar	a	integração	e	a	participação	e	de	lutar	contra	a	exclusão.	A	integração	
e	a	participação	 fazem	parte	essencial	 da	dignidade	humana	e	do	gozo	e	
exercício	dos	direitos	humanos	(BRASIL,	1994,	s.p.).
No	campo	da	educação,	essa	situação	se	reflete	no	desenvolvimento	de	estratégias	
que	possibilitem	uma	autêntica	igualdade	de	oportunidade.	A	experiência	de	muitos	países	
demonstra	que	a	integração	de	crianças	e	jovens	com	necessidades	educativas	especiais	
é	alcançada	de	forma	mais	eficaz	em	escolas	integradoras	para	todas	as	crianças	de	uma	
comunidade.	
É	nesse	ambiente	 que	 crianças	 com	necessidades	educativas	especiais	 podem	
progredir	no	terreno	educativo	e	no	da	integração	social.	As	escolas	integradoras	constituem	
um	meio	favorável	à	construção	da	igualdade	de	oportunidade	e	da	completa	participação;	
mas,	para	ter	êxito,	requerem	um	esforço	comum,	não	somente	dos	professores	e	do	pes-
soal	restante	da	escola,	mas	também	dos	colegas,	pais,	famílias	e	voluntários.
	Conforme	Carvalho	 (2005,	 p.	 45)	 “as	necessidades	educativas	especiais	 incor-
poram	os	princípios	 já	 comprovados	de	uma	pedagogia	equilibrada	que	beneficia	 todas	
as	crianças”.	Assim,	entende-se	que	ser	diferente	é	normal		e	que,	para	tanto,	precisamos	
“ajustar-se	às	necessidades	de	cada	criança,	ao	 invés	de	cada	criança,	se	adaptar	aos	
supostos	princípios	quanto	ao	ritmo	e	a	natureza	do	processo	educativo	uma	pedagogia	
centralizada	na	criança”	(CARVALHO,	2005,	p.	45).
Retomando	os	apontamentos	do	tópico	anterior,	 temos	várias	 leis	e	documentos	
internacionais	que	estabelecem	os	direitos	das	Pessoas	com	Deficiência	no	nosso	país,	a	
partir	um	caminho	percorrido	até	alcançarmos	tais	leis	destinadas	diretamente	à	acessibili-
dade.	Nesse	referido	percurso	destacamos:
●	 1988	-	CONSTITUIÇÃO	DA	REPÚBLICA	-	Prevê	o	pleno	desenvolvimento	dos	
cidadãos,	sem	preconceito	de	origem,	raça,	sexo,	cor,	idade	e	quaisquer	outras	
formas	de	discriminação;	garante	o	direito	à	escola	para	todos;	coloca	como	prin-
cípio	para	a	Educação	o	“acesso	aos	níveis	mais	elevados	do	ensino,	da	pesquisa	
e	da	criação	artística,	segundo	a	capacidade	de	cada	um”	(BRASIL,	1988).
16UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade
●	 1989	-	LEI	Nº	7.853/89	-	Define	como	crime	recusar,	suspender,	adiar,	cancelar	ou	
extinguir	a	matrícula	de	um	estudante	por	causa	de	sua	deficiência,	em	qualquer	
curso	ou	nível	de	ensino,	seja	ele	público	ou	privado.	A	pena	para	o	infrator	pode	
variar	de	um	a	quatro	anos	de	prisão,	mais	multa.
●	 1990	-	ESTATUTO	DA	CRIANÇA	E	DO	ADOLESCENTE	(ECA)	-	Garante	o	direito	
à	 igualdade	de	condições	para	o	acesso	e	a	permanência	na	escola,	sendo	o	
Ensino	Fundamental	obrigatório	e	gratuito	(também	aos	que	não	tiveram	acesso	
na	idade	própria);	o	respeito	dos	educadores;	atendimento	educacional	especiali-
zado,	preferencialmente	na	rede	regular.
●	 1994	 -	DECLARAÇÃO	DE	SALAMANCA	 -	O	 texto,	que	não	 tem	efeito	de	 lei,	
diz	que	também	devem	receber	atendimento	especializado	crianças	excluídas	da	
escola	por	motivos	como	trabalho	infantil	e	abuso	sexual.	As	que	têm	deficiências	
graves	devem	ser	atendidas	no	mesmo	ambiente	de	ensino	que	todas	as	demais.
●	 1996	-	LEI	DE	DIRETRIZES	E	BASES	DA	EDUCAÇÃO	NACIONAL	(LDB)	 -	A	
redação	do	parágrafo	2º	do	artigo	59	provocou	confusão,	dando	a	entender	que,	
dependendo	da	deficiência,	a	criança	só	podia	ser	atendida	em	escola	especial.	
Na	verdade,	o	texto	diz	que	o	atendimento	especializado	pode	ocorrer	em	classes	
ou	em	escolas	especiais	quando	não	for	possível	oferecê-lo	na	escola	comum.
●	 2000	-	LEIS	Nº	10.048	E	Nº	10.098	-	A	primeira	garante	atendimento	prioritário	
de	pessoas	com	deficiência	nos	locais	públicos.	A	segunda	estabelece	normas	
sobre	acessibilidade	física	e	define	como	barreira	obstáculos	nas	vias	e	no	interior	
dos	edifícios,	nos	meios	de	 transporte	e	 tudo	o	que	dificulte	a	expressão	ou	o	
recebimento	de	mensagens	por	intermédio	dos	meios	de	comunicação,	sejam	ou	
não	de	massa.
●	 2001	DECRETO	Nº	3.956	(CONVENÇÃO	DA	GUATEMALA)	-	Põe	fim	às	interpre-
tações	confusas	da	LDB,	deixando	clara	a	impossibilidade	de	tratamento	desigual	
com	base	na	deficiência.O	acesso	ao	Ensino	Fundamental	é,	portanto,	um	direito	
humano	e	privar	pessoas,	em	idade	escolar,	dele,	mantendo-as	unicamente	em	
escolas	ou	classes	especiais,	fere	a	convenção	a	Constituição.
Mas	 somente	 no	 ano	 2000	 que	 se	 criou	 uma	 lei	 destinada	 diretamente	 para	 a	
acessibilidade.	A	Lei	10.098,	de	19	de	dezembro	de	2000,	que	determina	“normas	gerais	e	
critérios	básicos	para	a	promoção	da	acessibilidade	das	pessoas	portadoras	de	deficiência	
ou	com	mobilidade	 reduzida,	e	dá	outras	providências”	 (BRASIL,	2000,	s.p.).	Essa	 lei	é	
17UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade
constituída	por	27	artigos,	divididos	em	10	capítulos,	estabelecendo	critérios	aos	governos	
para	o	desenvolvimento	da	acessibilidade	nas	instâncias	sociais,	educacionais	e	políticas	
conforme	o	artigo	primeiro	
Art.	1o	Esta	Lei	estabelece	normas	gerais	e	critérios	básicos	para	a	promoção	
da	acessibilidade	das	pessoas	portadoras	de	deficiência	ou	com	mobilidade	
reduzida,	 mediante	 a	 supressão	 de	 barreiras	 e	 de	 obstáculos	 nas	 vias	 e	
espaços	públicos,	no	mobiliário	urbano,	na	construção	e	reforma	de	edifícios	
e	nos	meios	de	transporte	e	de	comunicação.	(BRASIL,	2000,	s.p.).
A	legislação	visa	estabelecer	e	proporcionar	autonomia	para	o	desenvolvimento	do	
sujeito,	para	tanto,	estabelece	obrigatoriedades	em	diversas	áreas	de	atuação.	No	artigo	
segundo	a	lei	prevê	
I	-	acessibilidade:	possibilidade	e	condição	de	alcance	para	utilização,	com	
segurança	 e	 autonomia,	 de	 espaços,	 mobiliários,	 equipamentos	 urbanos,	
edificações,	transportes,	informação	e	comunicação,	inclusive	seus	sistemas	
e	tecnologias,	bem	como	de	outros	serviços	e	instalações	abertos	ao	público,	
de	uso	público	ou	privados	de	uso	coletivo,	tanto	na	zona	urbana	como	na	
rural,	 por	 pessoa	 com	 deficiência	 ou	 com	mobilidade	 reduzida;	 (Redação	
dada	pela	Lei	nº	13.146,	de	2015)	(Vigência)
II	 -	 barreiras:	 qualquer	 entrave,	 obstáculo,	 atitude	 ou	 comportamento	 que	
limite	ou	impeça	a	participação	social	da	pessoa,	bem	como	o	gozo,	a	fruição	
e	o	exercício	de	seus	direitos	à	acessibilidade,	à	liberdade	de	movimento	e	
de	expressão,	à	comunicação,	ao	acesso	à	 informação,	à	compreensão,	à	
circulação	 com	 segurança,	 entre	 outros,	 classificadas	 em:	 (Redação	 dada	
pela	Lei	nº	13.146,	de	2015)	(Vigência)
a)	barreiras	urbanísticas:	as	existentes	nas	vias	e	nos	espaços	públicos	e	
privados	abertos	ao	público	ou	de	uso	coletivo;	(Redação	dada	pela	Lei	nº	
13.146,	de	2015)	(Vigência)
b)	barreiras	arquitetônicas:	as	existentes	nos	edifícios	públicos	e	privados;	
(Redação	dada	pela	Lei	nº	13.146,	de	2015)	(Vigência)
c)	barreiras	nos	transportes:	as	existentes	nos	sistemas	e	meios	de	transpor-
tes;	(Redação	dada	pela	Lei	nº	13.146,	de	2015)	(Vigência)
d)	barreiras	nas	comunicações	e	na	informação:	qualquer	entrave,	obstáculo,	
atitude	 ou	 comportamento	 que	 dificulte	 ou	 impossibilite	 a	 expressão	 ou	 o	
recebimento	de	mensagens	e	de	informações	por	intermédio	de	sistemas	de	
comunicação	e	de	tecnologia	da	informação	(BRASIL,	2000,	s.p.).
Desta	forma,	a	Lei	10.098	apresenta	novas	atitudes	que,	combinadas	com	a	expe-
riência	acumulada	de	reformas,	inovações,	pesquisas,	inclusive	de	leis		que	já	antecederam,	
podem	apresentar	um	notável	progresso	da	promoção	de	acessibilidade	registrado	no	país.	
18UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade
 4 COMPREENDENDO AS DIMENSÕES DA ACESSIBILIDADE
Ao	definir	acessibilidade	foi	possível	entender	que	se	trata	de	um	amplo	conceito	
de	atuação,	contudo,	independente	do	espaço	que	necessita	de	acessibilidade,	todas	ação	
visa	 propor	 uma	 autonomia	 e	 um	 desenvolvimento	 integral	 da	 pessoa.	Dessa	maneira,	
podemos	subdividir	acessibilidade	em	dez	grupos	ou	categorias.	
Conforme	Sassaki	(2002),	a	acessibilidade	por	estar	classificada	em	seis	dimensões	
diferentes.	A	acessibilidade	atitudinal	destina-se	às	relações	humanas	e	à	toda	forma	de	
ver	e	agir	com	o	outro	sem	preconceitos,	estigmas,	estereótipos	e	discriminações,	ou	seja,	
define-se	a	toda	e	qualquer	acessibilidade	relacionada	a	atitudes	sociais	que	impulsionam	
a	remoção	de	barreiras.	
A	acessibilidade	arquitetônica	é	talvez	a	mais	conhecida	e	pensada	pela	comunida-
de	em	geral,	consiste	na	eliminação	das	barreiras	ambientais	físicas	nos	espaços	públicos	e	
particulares	de	locomoção	e	atuação	da	pessoa	com	deficiência	e/ou	mobilidade	reduzida.	
A	 acessibilidade	metodológica	 pode	 ser	 encontrada	 também	 na	 literatura	 como	
acessibilidade	pedagógica,	define-se	pela	ausência	de	barreiras	nas	metodologias	e	práti-
cas	de	estudo,	está	diretamente	ligada	à	prática	docente	em	geral.	Essa	denominação	de	
acessibilidade	é	responsável	pelas	adaptações	curriculares	e	metodológicas	em	todas	as	
modalidades	de	ensino.	
A	 acessibilidade	 programática	 constitui	 na	 eliminação	 de	 barreiras	 das	 políticas	
públicas,	 ou	 seja,	 nas	alterações	e	 reformulações	das	 leis,	 decretos,	 portarias,	 normas,	
19UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade
regulamentos,	 entre	 outras	 leis,	 de	modo	 que	 abrangem	a	 todos	 os	 públicos.	 	 Por	 sua	
vez,	a	acessibilidade	instrumental	destina-se	à	superação	das	barreiras	nos	instrumentos,	
utensílios	e	ferramentas	relacionadas	às	práticas	sociais	e	escolares	em	prol	do	bom	rela-
cionamento	e	desenvolvimento	do	sujeito.	
A	acessibilidade	de	transportes	destina-se	a	eliminar	barreiras	em	qualquer	meio	
de	transporte	particular	ou	públicos,	isso	obriga	montadoras	automobilísticas	a	pensar	em	
modelos	adaptáveis	e	acessíveis	a	pessoas	com	deficiência,	bem	como	a	criação	de	meios	
de	transportes	públicos	para	esse	mesmo	público.	
A	acessibilidade	de	comunicação	ou	acessibilidade	comunicativa	destina-se,	em	
suma,	a	atender	duas	categorias	de	pessoas:	os	surdos	e	os	cegos.	Ela	destina-se	à	elimi-
nação	de	barreiras	comunicativas	verbais	ou	de	escrita,	por	meio	dessa	acessibilidade	pro-
move-se	a	tradução	de	língua	de	sinais	de	maneira	simultânea	ou	gravada	para	programas	
televisivos	ou	de	palco	(como	teatros,	musicais,	entre	outros)	e	a	tradução	para	o	sistema	
braille	de	revistas,	jornais,	literaturas	e	materiais	impressos	em	geral,	bem	como	a	tradução	
de	placas	de	identificação	pública	e	a	audiodescrição	em	programas	televisivos	e	de	palcos	
(como	teatros,	musicais,	entre	outros)
É	a	acessibilidade	que	elimina	barreiras	na	comunicação	interpessoal	(face	a	face,	
língua	de	sinais),	escrita	(jornal,	revista,	livro,	carta,	apostila	etc.,	incluindo	textos	em	braille,	
uso	do	computador	portátil)	e	virtual	(acessibilidade	digital),	segundo	Sassaki	(2002).
	Por	fim,	temos	a	acessibilidade	digital,	que	disponibiliza	acesso	físico,	de	equipa-
mentos	e	programas	adequados,	de	conteúdo	e	apresentação	da	informação	em	formatos	
alternativos.	A	inclusão	será,	por	sua	própria	característica,	uma	tarefa	complexa,	mas	não	
ameaçadora	a	essa	clientela,	podendo	usufruir	do	direito	de	integração	no	sistema	regular	
de	ensino.
Mantoan	(2003)	diz	que	a	educação	especial	faz	parte	de	“um	todo”	que	é	a	edu-
cação,	e	ter	o	seu	valor	reconhecido	é	de	fundamental	importância	para	que	os	indivíduos	
tenham	seu	crescimento	e	desempenho	educacional	satisfatório.	Dessa	forma,	a	acessi-
bilidade	proporciona	para	que	as	pessoas	se	desenvolvam	de	maneira	integral	nas	suas	
habilidades	e	suas	dificuldades.	Como	afirma	Sassaki	(2002),	é	muito	importante	que	se	
disponham	de	tudo	o	que	for	necessário	para	o	desenvolvimento	cognitivo,	social	e	psico-
lógico	de	cada	pessoa	com	deficiência.
20UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade
SAIBA MAIS
Muita	tecnologia,	pouca	 infraestrutura!	Sobre	o	transporte	público,	a	 lei	de	 inclusão	é	
clara	em	seu	artigo	46,	capítulo	X,	que	define	que	é	direito	da	pessoa	com	deficiência	a	
mobilidade	em	transportes	públicos	de	forma	igualitária.	Em	busca	da	efetivação	desta	
lei,	as	empresas	de	transportes,	da	grande	maioria	das	capitais	e	grandes	metrópoles,	
incluíram	em	sua	frota	ônibus	com	plataforma	para	cadeirantes,assentos	prioritários,	
guias,	 intérpretes,	portões	diferenciados,	rampas	de	acesso	nas	estações	de	metrô	e	
trens.	
Muito	bem,	mas	 isso	se	 faz	necessário	para	promover	acessibilidade	na	mobilidade?	
Eu	já	lhe	adianto	que	não.	Atualmente	a	acessibilidade	no	transporte	público	esbarra	na	
falta	de	infraestrutura	nas	cidades,	boas	calçadas,	sinalização	adequada	nas	ruas,	entre	
outros	fatores.	Desta	maneira,	ter	tecnologia	acessibilizando	o	transporte	não	se	torna	
suficiente	se	não	temos	acessibilidade	nas	ruas,	calçadas.	Ter	mobilidade	no	transporte,	
mas	não	ter	mobilidade	na	estrutura	da	cidade,	não	é	acessibilidade.		
Fonte:	a	autora.
REFLITA 
“Somos	diferentes,	mas	não	queremos	ser	transformados	em	desiguais.	As	nossas	vi-
das	só	precisam	ser	acrescidas	de	recursos	especiais.”
Fonte:	Peça	de	teatro:	Vozes	da	Consciência,	BH.
O	fato	de	uma	pessoa	não	enquadrar-se	no	padrão	de	normalidade	apresentado	
pela	sociedade	significa	que	ela	não	tem	habilidades?
21UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assim	findamos	nossos	estudos	sobre	o	tema	da	acessibilidade,	com	o	intuito	de	
ter	levado	você,	aluno(a),	a	refletir	e	a	entender	melhor	o	conceito	apresentado.	Buscamos	
proporcionar	o	entendimento	de	que	a	acessibilidade	não	é	um	mero	conceito	de	facilitador	
de	espaços,	mas	sim	uma	forma	de	equiparar	as	possibilidades	a	todos.	Conforme	Man-
toan	(2013,	p.	7)	a	“inclusão	é	sair	das	escolas	dos	diferentes	e	promover	a	escola	das	
diferenças”.	Nessa	perspectiva	que	os	estudos	sobre	a	acessibilidade	e	iniciativas	legais	e	
privadas	vêm	avançando.	
A	ligação	do	conceito	de	acessibilidade	às	condições	das	pessoas	com	deficiência	
ou	com	mobilidade	reduzida,	propondo	com	segurança	e	autonomia,	total	ou	assistida,	o	
direito	ao	acesso	dos	espaços	públicos	ou	coletivos.	Contudo,	faz-se	necessário	refletirmos	
que	a	acessibilidade	surge	por	meio	da	preocupação	da	inclusão	de	pessoas	com	deficiên-
cia,	entretanto,	trata-se	de	uma	medida	que	beneficia	a	qualquer	pessoa;	somos	sujeitos	a	
apresentar	necessidade	temporárias	ou	permanentes.
Assim,	concluímos	que	acessibilidade	é	a	qualidade	do	que	é	acessível,	atingível	e	
de	acesso	a	todos.	Esse	fato	torna-se	uma	preocupação,	que	deve	ser	constante	nas	áreas	
de	arquitetura	e	urbanismo.	O	direito	à	acessibilidade	promove,	por	meio	de	órgãos	públi-
cos	ou	privados,	diversas	mudanças	nas	condições	de	acesso	aos	espaços	sociais.	Mas	
as	construções	de	 rampas,	a	adaptação	dos	equipamentos,	do	mobiliário,	do	 transporte	
coletivo	e	dos	sistemas	e	meios	de	comunicação	e	informação	não	surtem	resultados	se	a	
infraestrutura	das	cidades	e	a	aceitação	e	respeito	da	população	forem	também	debatidos,	
para	que	não	só	as	pessoas	com	deficiência,	mas	todos	com	dificuldades	temporárias	ou	
permanentes	possam	acessar	serviços	prestados	à	coletividade	por	espaços	públicos	e	
privados.
22UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade
LEITURA COMPLEMENTAR
VLIBRAS NA TELINHA
As	emissoras	de	TV	têm	prazo	até	2020	para	adotarem,	na	totalidade,	os	recursos	
de	acessibilidade;	cinemas	e	casas	de	espetáculo	aumentam	programação	com	tradução	
em	língua	de	sinais,	audiodescrição	e	presença	de	guias	intérpretes.
Por	enquanto,	ainda	é	raro	assistir	a	um	programa	de	TV	com	aquela	“janelinha”	
que	mostra	a	figura	simpática	do	intérprete	de	Libras.	Hoje,	nos	canais	abertos,	o	recurso	
só	é	obrigatório	no	horário	político	e	em	campanhas	institucionais	do	governo	e	de	utilidade	
pública.	Nas	emissoras	com	sinal	digital,	é	exigida	a	exibição	de	-	parcas	-	duas	horas	por	
semana	com	recurso	de	audiodescrição	na	programação.
Um	quadro	mais	inclusivo	deve	ser	vislumbrado	a	partir	de	2020,	quando,	finalmen-
te,	as	emissoras	de	TV	serão	obrigadas	a	adotar	os	recursos	de	acessibilidade	total,	ou	
seja:	janela	com	intérprete	de	Libras,	dublagem,	audiodescrição	e	closed	caption	(sistema	
de	transmissão	de	legendas	via	sinal	de	televisão	que	permite	às	pessoas	com	deficiência	
auditiva	e	surdos	acompanhar	os	programas	transmitidos).
O	programa	VLibras	será	referência	para	a	transmissão	de	informações	pela	Lín-
gua	Brasileira	de	Sinais	nos	programas	veiculados	pelas	emissoras	de	televisão	no	País.	O	
dicionário	VLibras	foi	desenvolvido	em	parceria	do	Ministério	do	Planejamento,	Orçamento	
e	Gestão	com	a	Universidade	Federal	da	Paraíba	e	está	disponível	no	Portal	do	Software	
Público	Brasileiro.
Quando	o	assunto	é	inclusão,	as	casas	de	espetáculos	e	salas	de	cinema	brasileiras	
parecem	estar	“correndo	mais	rápido”.	De	olho	nos	financiamentos	públicos	para	projetos	
arquitetônicos	e	de	comunicação		de	acordo	com	o	previsto	no	Decreto	5.296,	os	teatros	
e	casas	de	shows	estão	 investindo	em	sistemas	de	sonorização	assistida	para	pessoas	
com	deficiência	auditiva,	meios	eletrônicos	que	permitam	o	acompanhamento	por	meio	de	
legendas	em	tempo	real	e	locais	próprios	para	a	presença	física	de	intérprete	de	Libras	e	de	
guias-intérpretes,	com	a	projeção	em	tela	da	imagem	do	intérprete	de	Libras	sempre	que	a	
distância	não	permitir	sua	visualização	direta.
Desde	2014,	uma	norma	da	Ancine	determina	que	todos	os	projetos	de	produção	
audiovisual	financiados	com	recursos	públicos	federais	geridos	pela	agência	deverão	con-
templar	nos	seus	orçamentos	serviços	de	legendagem	descritiva,	audiodescrição	e	Libras.	
O	objetivo	é	estimular	a	universalização	do	acesso	às	obras	audiovisuais,	em	especial	as	
nacionais.
Serviço:	Conheça	mais	do	projeto	no	www.vlibras.gov.br
Fonte:	AME.	Amigos	dos	Metroviários	dos	Excepcionais.	Vlibras	na	telinha.	Disponível	em:		http://www.ame-
-sp.org.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=623:vlibras-na-telinha&catid=5:acessibilida-
de		Acesso	9	de	Julho	de	2020.
23UNIDADE I Dimensões de Acessibilidade
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 
• Título: O	Município	e	a	Acessibilidade	urbana
• Autora: Janaína	de	Oliveira
• Editora:	Lumen	Juris
• Sinopse: O	livro	realizou	uma	análise	sistematizada	abre	a	atua-
ção	da	municipalidade	para	efetivação	da	acessibilidade	no	meio	
urbano.	Conforme	a	autora,	ofertar	cidades	acessíveis	a	todos	é	
um	dever	dos	municípios,	pois	a	falta	de	acessibilidade	afeta	dire-
tamente	a	dignidade	das	pessoas,	 também	 representa	um	claro	
desrespeito	aos	preceitos	constitucionais	de	igualdade	e	liberdade	
de	locomoção.	Concede	pessoas	com	direito	à	acessibilidade	às	
gestantes,	 idosos,	 pessoas	 com	deficiência	e	demais	 indivíduos	
com	 mobilidade	 reduzida,	 pessoas	 que	 enfrentam	 diariamente	
com	obstáculos	arquitetônicos	e	urbanísticos.	Importante	ressaltar	
que	é	direito	de	todos	de	ir	e	vir	sem	obstáculos,	a	autonomia	na	
locomoção	proporciona	autonomia	na	vida.
FILME/VÍDEO 
• Título: Meu	nome	é	Daniel
• Ano:	2019
• Sinopse: Daniel	Gonçalves	é	cineasta,	tem	35	anos,	lançou	nos	
cinemas	brasileiros	seu	primeiro	longa-metragem,	o	documentário	
Meu Nome é Daniel.	O	filme	é	uma	autobiografia	que	 revela	as	
dificuldades	enfrentadas	pelo	ator	e	produtor.	Produtor	formado,	o	
personagem	do	filme	vai	em	busca	de	emprego	e,	para	além	das	
dificuldades	de	locomoção,	Daniel	depara-se	com	os	preconceitos	
das	 pessoas	 sobre	 suas	 habilidades	 e	 conhecimentos	 na	 sua	
profissão.	Além	 de	 abordar	 a	 falta	 de	 acessibilidade	 como	 uma	
das	dificuldades,	o	filme	faz	uma	crítica	à	postura	de	muitas	pes-
soas	que	enxergam	o	deficiente	como	uma	vítima	e	um	coitado.	O	
filme	é	um	longa-metragem	de	83	minutos	e	está	disponível	nas	
plataformas	 digitais	 com	 comunicação	 acessível,	 com	 legendas	
descritivas	e	janela	em	libras.
•	Link	do	vídeo:		https://youtu.be/ejfKiX0H9Zc		
WEB 
•	Sites	dos	ministérios	públicos	em	geral	apresentam	legislações	
e	artigos	sobre	acessibilidade.	Esses	sites	proporcionam	acesso	
a	informações	legais	e	sociais	sobre	o	direito	à	acessibilidade	no	
contexto	público	e	privado.
•	Link	do	site:	https://www.saude.gov.br/acessibilidade	
24
Plano de Estudo:
●	 Diagnóstico	da	inclusão;
●	 Impactos	causados	pela	deficiência	no	ser	humano;
●	 Tecnologias	assistivas	e	metodologiasativas.
Objetivos de Aprendizagem:
•	Contextualizar	o	processo	histórico	da	inclusão.
•	Compreender	as	etapas	de	aceitação	vividas	pela	pessoa	com	deficiência.
•	Apresentar	a	importância	das	metodologias	ativas	e	tecnologias	assistivas	para	desen-
volvimento	da	pessoa	com	deficiência.
UNIDADE II
Tecnologia Assistiva e Inclusão
Professora Aline Pedro Feza
25UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão
INTRODUÇÃO
Olá	aluno(a),	bem-vindo(a)	à	nossa	segunda	unidade.	Neste	estudo	convido	você	
a	conhecer	um	pouco	mais	sobre	três	conceitos:	inclusão,	tecnologias	assistivas	e	metodo-
logias	ativas.	Atualmente	encontramos	com	facilidade	a	pessoa	com	deficiência	inserida	no	
mercado	de	trabalho	ou	desfrutando	do	convívio	social	em	geral,	mas	será	que	sempre	foi	
assim?	Já	lhe	adianto	que	não.	
A	pessoa	 com	deficiência	passa	a	 ser	 vista	e	 inserida	na	 sociedade	a	partir	 da	
década	de	90,	após	décadas	de	exclusão	e	segregação	social.	Os	deficientes,	antes	mor-
tos	e	denominados	aberrações	da	natureza,	vêm	recentemente	alcançando	espaço	como	
cidadãos,	com	direitos	e	deveres	a	serem	cumpridos.	
Para	Mantoan	(2013),	a	inclusão	é	uma	área	de	conhecimento	que	visa	promover	
o	desenvolvimento	das	potencialidades	das	pessoas	com	deficiências,	da	educação	infantil	
até	a	educação	superior.	Essa	definição	está	relacionada	a	um	movimento	mundial	baseado	
nos	princípios	dos	direitos	humanos	e	da	cidadania,	em	que	o	objetivo	principal	é	eliminar	a	
discriminação	e	a	exclusão,	garantindo	o	direito	à	igualdade	de	oportunidades	e	a	diferença,	
modificando	os	sistemas	educacionais,	de	maneira	a	propiciar	a	participação	de	todos	os	
alunos,	especialmente	aqueles	que	são	vulneráveis	à	marginalização	e	à	exclusão.	
Pensar	na	inclusão	foi	pensar	em	maneiras	de	oportunizar	igualdade	de	acesso	e	
de	direto	a	todas	as	pessoas,	independentemente	de	suas	limitações.	Agora	convido	a	você	
aprofundar	seus	conteúdos	e	conceitos	sobre	o	assunto.	
Bons	estudos.
26UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão
1 DIAGNÓSTICO NA INCLUSÃO
A	inclusão	veio	para	romper	o	paradigma	existente	e	para	romper	com	a	estrutura	
fechada,	bem	como	a	homogeneidade	na	sociedade.	Depois	de	tantos	anos	de	isolamento	
e	segregação,	as	pessoas	com	necessidades	especiais	estão	sendo	reconhecidas	como	
cidadãos	e	aceitas	na	escola	comum.	No	sentido	em	questão,	tomemos	por	definição	Po-
líticas	Públicas	como	um	conjunto	de	ações	do	governo	destinadas	a	atender	determinada	
demanda	ou	problemática.	Em	destaque,	as	políticas	públicas,	cujas	medidas	do	Estado	
garante	recursos	que	contribuem	para	o	desenvolvimento	do	deficiente.	
Assim,	ressaltamos	alguns	dos	principais	documentos	e	legislações	que	embasam	
a	Política	 Inclusiva.	Até	o	século	XIX,	as	necessidades	especiais	estavam	associadas	à	
incapacidade	 e	 não	 havia	 nenhuma	 tendência	 em	mudar	 esse	 quadro.	Dessa	 forma,	 o	
abandono	e	a	eliminação	dessas	pessoas	eram	atitudes	normais	nessa	época.	
A	ideia	de	inclusão	surgiu	a	partir	do	século	XX,	quando	três	grandes	fatores	contri-
buíram	para	que	se	tornasse	uma	realidade.	O	primeiro	fator	foi	o	término	das	duas	grandes	
guerras	mundiais,	evento	que	elevou	o	número	de	indivíduos	debilitados	e	com	deficiên-
cias.	O	segundo	fator	foi	o	fortalecimento	do	movimento	dos	direitos	humanos,	a	criação	
dos	programas	sociais,	tais	como	a	Organização	das	Nações	Unidas	(ONU);	Organização	
das	Nações	Unidas	para	a	Educação,	a	Ciência	e	a	Cultura	(UNESCO),	ambas	criadas	em	
1945.	O	terceiro	e	último	fator	foi	o	avanço	científico	(carros,	escola,	computadores,	aumen-
27UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão
to	do	consumo	de	produtos	industrializados,	cinemas,	supermercados),	que	se	tornou	mais	
acessível	à	população,	dando-lhes	maior	autonomia.	
Em	1948	criou-se	a	Declaração	Universal	dos	Direitos	Humanos,	que	afirma	que	
os	alunos	têm	direitos	iguais,	independente	das	características,	interesses	e	necessidades	
individuais,	que	são	diferentes.	No	Brasil,	somente	a	partir	de	1988	as	políticas	públicas	
foram	implantadas	por	meio	da	Constituição	da	República	Federativa	do	Brasil,	que	esta-
belece	
promover	 o	 bem	 de	 todos,	 sem	 preconceitos	 de	 origem	 ,	 raça,	 sexo,	 cor,	
idade,	e	quaisquer	outras	formas	de	discriminação”	(art.	3°,	inciso	IV).	Define	
ainda,	 no	 artigo	 205,	 a	 educação	 como	 um	direito	 de	 todos,	 garantindo	 o	
pleno	desenvolvimento	da	pessoa,	o	exercício	da	cidadania	e	a	qualificação	
para	o	trabalho.	No	artigo	206,	inciso	I,	estabelece	a	“igualdade	de	condições	
de	acesso	e	permanência	na	escola	como	um	dos	princípios	para	o	ensino	
e	garante,	como	dever	do	Estado,	a	oferta	do	atendimento	educacional	es-
pecializado,	preferencialmente	na	rede	regular	de	ensino	(art.	208)	(BRASIL,	
1988,	s.p.).
Em	1990	foi	 realizada	a	Conferência	Mundial	sobre	a	Educação	para	Todos,	em	
Jomtien,	na	Tailândia,	onde	se	reuniram	cerca	de	1500	participantes,	entre	eles	os	dele-
gados	de	150	países,	 incluindo	especialistas	em	educação	e	autoridades	nacionais	que,	
juntamente	 com	 representantes	 intergovernamentais	e	não-governamentais,	 analisaram,	
em	uma	sessão	plenária,	aspectos	sobre	a	educação.	Ao	término	dessa	conferência	foram	
criados	dez	artigos	que	se	tornaram	um	marco	para	o	movimento	pela	Educação	Inclusiva,	
tendo	como	base	o	art.	3°,	inciso	V,	que	diz:
As	necessidades	básicas	de	aprendizagem	das	pessoas	portadoras	de	defi-
ciências	requerem	atenção	especial.	É	preciso	tomar	medidas	que	garantam	
a	igualdade	de	acesso	à	educação	aos	portadores	de	todo	e	qualquer	tipo	de	
deficiência,	como	parte	integrante	do	sistema	educativo	(UNESCO,	1990,	p.	4).
Tais	mudanças	na	educação	foram	de	grande	valia	para	a	inclusão	social	das	pes-
soas	com	necessidades	especiais,	no	entanto,	não	foi	suficiente	para	que	houvesse	uma	
real	e	total	inclusão,	ou	seja,	ainda	faltavam	políticas	práticas,	necessitava	de	uma	maior	
participação	e	responsabilidade	do	poder	público	para	direcionar	esse	trabalho,	a	fim	de	
proporcionar	um	atendimento	especializado	e	direcionado	para	cada	tipo	de	necessidade	
apresentada.	
No	 intuito	de	amenizar	 tais	problemas	 foi	 realizado	pela	UNESCO,	em	 junho	de	
1994,	em	Salamanca,	na	Espanha,	a	Conferência	Mundial	sobre	Necessidades	Educativas	
Especiais:	acesso	e	qualidade,	que	aprovou	a	Declaração	de	Salamanca.	Essa	declaração	
traz	as	estratégias	nacionais,	 regionais	e	 internacionais	para	a	educação	 inclusiva,	com	
uma	nova	maneira	de	pensar	a	 respeito	das	necessidades	especiais,	escolas,	capacita-
28UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão
ção	 de	 profissionais	 da	 educação	 e	 de	 outros	 aspectos	 educacionais,	 tornando,	 assim,	
um	referencial	para	a	Educação	Inclusiva,	um	marco	na	organização	política	dos	países	
envolvidos,	inclusive	no	Brasil.	Segundo	a	Declaração	de	Salamanca,	
•	Toda	criança	tem	direito	fundamental	à	educação,	e	deve	ser	dada	a	oportu-
nidade	de	atingir	e	manter	o	nível	adequado	de	aprendizagem.	
•	Toda	criança	possui	características,	interesses,	habilidades	e	necessidades	
de	aprendizagem	que	são	únicas.	
•	Sistemas	educacionais	deveriam	ser	designados	e	programas	educacionais	
deveriam	ser	implementados	no	sentido	de	se	levar	em	conta	a	vasta	diversi-
dade	de	tais	características	e	necessidades.	
•	Aqueles	 com	 necessidades	 educacionais	 especiais	 devem	 ter	 acesso	 à	
escola	regular,	que	deveria	acomodá-los	dentro	de	uma	Pedagogia	centrada	
na	criança,	capaz	de	satisfazer	a	tais	necessidades.	
•	Escolas	regulares	que	possuam	tal	orientação	inclusiva	constituem	os	meios	
mais	eficazes	de	combater	atitudes	discriminatórias	criando-se	comunidades	
acolhedoras,	construindo	uma	sociedade	 inclusiva	e	alcançando	educação	
para	todos;	além	disso,	tais	escolas	provêem	uma	educação	efetiva	à	maioria	
das	 crianças	 e	 aprimoram	 a	 eficiência	 e,	 em	 última	 instância,	 o	 custo	 da	
eficácia	de	todo	o	sistema	educacional	(UNESCO,	1994,	p.	1).
Com	a	opção	de	realmente	ser	um	país	que	tem	um	sistema	educacionalinclusivo,	
o	Brasil	passa	a	criar	leis	específicas	que	garantem	o	acesso	direto	e	de	qualidade	ao	ensi-
no.	Instituída	em	1996,	a	Lei	de	Diretrizes	e	Bases	da	Educação	Nacional	(LDB	-	9394/96)	
estabelece	no	art.	4°,	 inciso	 III,	como	dever	do	estado	garantir	atendimento	educacional	
especializado	gratuito	aos	 indivíduos	com	necessidades	especiais,	preferencialmente	na	
rede	regular	de	ensino	e,	ainda,	dedica	o	capítulo	V,	que	compreende	os	artigos	58,	59	e	
60,	para	estabelecer	como	deve	ser	a	educação	especial:
Art.	58	.	Entende-se	por	educação	especial,	para	os	efeitos	desta	Lei,	a	moda-
lidade	de	educação	escolar,	oferecida	preferencialmente	na	rede	regular	de	
ensino,	para	educandos	portadores	de	necessidades	especiais.	§1º	Haverá,	
quando	necessário,	serviços	de	apoio	especializado,	na	escola	regular,	para	
atender	as	peculiaridades	da	clientela	de	educação	especial.	§2º	O	atendi-
mento	educacional	será	feito	em	classes,	escolas	ou	serviços	especializados,	
sempre	que,	em	função	das	condições	específicas	dos	alunos,	não	for	pos-
sível	a	sua	integração	nas	classes	comuns	do	ensino	regular.	§3º	A	oferta	da	
educação	especial,	dever	constitucional	do	Estado,	tem	início	na	faixa	etária	
de	zero	a	seis	anos,	durante	a	educação	 infantil.	Art.	59	 .	Os	sistemas	de	
ensino	assegurarão	aos	educandos	com	necessidades	especiais:	I	–	currícu-
los,	métodos,	técnicas,	recursos	educativos	e	organização	específicos,	para	
atender	às	suas	necessidades;	II	–	terminalidade	específica	para	aqueles	que	
não	puderem	atingir	o	nível	exigido	para	a	conclusão	do	ensino	fundamental,	
em	virtude	de	suas	deficiências,	e	aceleração	para	concluir	em	menor	tempo	o	
programa	escolar	para	os	superdotados;	III	–	professores	com	especialização	
adequada	em	nível	médio	ou	superior,	para	atendimento	especializado,	bem	
como	professores	do	ensino	regular	capacitados	para	a	 integração	desses	
educandos	 nas	 classes	 comuns;	 IV	 –	 educação	 especial	 para	 o	 trabalho,	
visando	a	sua	efetiva	integração	na	vida	em	sociedade,	inclusive	condições	
adequadas	para	os	que	não	revelarem	capacidade	de	inserção	no	trabalho	
competitivo,	mediante	 articulação	 com	os	 órgãos	 oficiais	 afins,	 bem	 como	
para	aqueles	que	apresentam	uma	habilidade	superior	nas	áreas	artística,	
intelectual	 ou	 psicomotora;	 V	 –	 acesso	 igualitário	 aos	 benefícios	 dos	 pro-
gramas	sociais	suplementares	disponíveis	para	o	respectivo	nível	do	ensino	
regular.	Art.	60	.	Os	órgãos	normativos	dos	sistemas	de	ensino	estabelecerão	
29UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão
critérios	 de	 caracterização	 das	 instituições	 privadas	 sem	 fins	 lucrativos,	
especializadas	 e	 com	 atuação	 exclusiva	 em	 educação	 especial,	 para	 fins	
de	apoio	técnico	e	financeiro	pelo	Poder	público.	Parágrafo	único.	O	poder	
Público	adotará,	como	alternativa	preferencial,	a	ampliação	do	atendimento	
aos	educandos	com	necessidades	especiais	na	própria	rede	pública	regular	
de	ensino,	independentemente	do	apoio	às	instituições	previstas	neste	artigo	
(BRASIL,	1996,	s.p.).
A	política	nacional	da	educação	especial,	na	perspectiva	da	educação	inclusiva,	re-
força	os	documentos	nacionais	e	internacionais	e	direciona	a	educação	para	que	a	inclusão	
escolar	realmente	se	concretize,	desde	a	educação	 infantil	até	o	ensino	superior.	Nesse	
sentido,	as	diretrizes	nacionais	para	a	educação	especial	na	educação	básica	 (BRASIL,	
2001b)	asseguram	que	o	atendimento	aos	alunos	com	necessidades	especiais	deve	ser	
realizado	 em	 classes	 comuns	 de	 ensino	 regular,	 em	 qualquer	 etapa	 ou	modalidade	 da	
educação	básica	e	que	as	escolas	podem	criar	extraordinariamente	 “classes	especiais”,	
com	organização	fundamentada	nas	diretrizes	curriculares	para	a	educação	básica.	
Conforme	Mantoan	(2013),	a	educação	inclusiva	implica	na	implementação	de	polí-
ticas	públicas,	na	compreensão	da	inclusão	como	processo	que	não	se	restringe	à	relação	
professor-aluno,	mas	que	seja	 concebido	como	um	princípio	de	educação	para	 todos	e	
valorização	das	diferenças,	que	envolve	toda	a	comunidade	escolar.
Assim	destacamos	 que	 a	 inclusão	 social	 iniciou	 com	políticas	 públicas	 voltadas	
para	o	contexto	educacional,	eliminando	as	classes	especiais	e	posteriormente	as	escolas	
especiais	que	 foram	criadas	com	um	caráter	assistencialistas.	Contudo,	Mantoan	(2013)	
destaca	que	esses	movimentos	não	foram	o	suficiente	para	inserir	o	deficiente	na	socieda-
de.	Precisamos,	até	hoje,	lutar	para	quebrar	um	paradigma	de	que	o	sujeito	com	deficiência	
não	é	capaz	de	compor	a	sociedade	em	sua	totalidade.
30UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão
2 IMPACTOS CAUSADOS PELA DEFICIÊNCIA NO SER HUMANO
Ao	longo	dos	tempos	as	pessoas	com	necessidades	especiais	eram	percebidas	de	
diversos	modos	pela	sociedade,	esses	modos	tinham	ligação	direta	com	as	concepções	de	
homem	e	de	sociedade	de	cada	época	e	estavam	intrinsecamente	ligados	a	valores	éticos,	
religiosos,	morais	e	sociais	de	cada	período.
No	Antigo	Egito	ressaltaram	a	necessidade	de	se	respeitar	as	pessoas	com	nanis-
mo	e	com	outras	deficiências.	O	Egito	também	ficou	conhecido	como	a	terra	dos	cegos,	as	
infecções	nos	olhos	eram	constantes	e	levava	o	povo	à	cegueira.
[…]	a	nossa	história	assinala	políticas	extremas	de	exclusão	em	relação	à	
pessoa	com	deficiência	na	sociedade.	Exemplo	disto	ocorreu	em	Esparta,	na	
antiga	Grécia,	onde	a	beleza	física	e	o	culto	ao	corpo	eram	as	condições	para	
a	participação	social.	As	crianças	com	deficiência	física	eram	colocadas	nas	
montanhas	e,	em	Roma,	atiradas	ao	Rio	Tibre.	Estes	casos	eram	vistos	como	
perigo	para	a	continuidade	da	espécie	(SASSAKI,	1997,	p.	6).
No	 início	 do	 século	XIX	 a	 igreja	 discursava	 sobre	 a	 existência	 do	 bem,	 do	mal	
e	 do	 pecado,	 com	 isso	 realizava	 práticas	 estranhas	 de	 exorcismo,	 tentando	 alcançar	 a	
“cura”.	No	mesmo	período	a	medicina	também	passou	a	estudar	as	deficiências,	porém,	
a	mais	exitosa	conquista	foi	a	descoberta	das	patologias,	a	partir	de	então	o	sujeito	com	
necessidades	especiais	passaram	a	frequentar	os	hospitais	com	o	propósito	de	tratamento.	
Esse	era	o	cenário	até	o	início	do	século	XIX,	em	que	ter	uma	necessidade	especial	era	
sinônimo	de	incapacidade.
31UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão
A	sociedade,	 em	 todas	as	 culturas,	 atravessou	diversas	 fases	no	que	 se	 refere	
às	práticas	sociais.	Ela	começou	praticando	a	exclusão	social	de	pessoas	que,	por	causa	
das	 condições	atípicas,	 não	 lhe	parecia	pertencer	 à	maioria	 da	população.	Em	seguida	
desenvolveu	 o	 atendimento	 segregado	 dentro	 de	 instituições,	 passou	 para	 a	 prática	 da	
integração	social	e	 recentemente	adotou	a	filosofia	da	 inclusão	social	para	modificar	os	
sistemas	sociais	gerais	(SASSAKI,	1997,	p.	16).
Na	década	de	60,	o	Brasil	assistiu	a	uma	explosão	no	número	de	instituições	se-
gregativas	especializadas.	Os	atendimentos	estavam	alinhavados	ao	tratamento	clínico	às	
pessoas	com	necessidades	especiais,	e	as	atividades	eram	de	caráter	filantrópico,	somente	
no	final	dessa	década	aconteceu	um	movimento	para	a	 integração	social	 que	 tinha	por	
intento	“inserir	as	pessoas	com	deficiência	nos	sistemas	sociais	gerais	como	a	educação,	o	
trabalho,	a	família	e	o	lazer”	(SASSAKI,	1999,	p.	31),	no	entanto,	foi	na	década	de	80	que	
esse	processo	foi	melhor	vivenciado.
Assim,	a	integração	social	nasce	de	uma	necessidade:	a	de	inserir	o	sujeito	com	
necessidades	 especiais,	 sem	 cobrar	 da	 sociedade	 uma	 mudança,	 todo	 o	 processo	 de	
integração	escolar	foi	de	grande	valia	para	as	conquistas	da	educação	inclusiva,	mas	não	
atendia	integralmente	os	direitos	das	pessoas	com	necessidades	especiais.
Sabe-se	que	a	história	segregativa	no	mundo	e	no	Brasil	age	como	influenciadora	
das	práticas	 sociais	 vigentes	da	atualidade.	 “A	 ideia	 de	que	poderiam	ser	 ajudadas	em	
ambientes	segregados,	alijadas	do	 resto	da	sociedade,	 fortaleceu	os	estigmas	sociais	e	
a	 rejeição”	 (STAINBACK;	STAINBACK,1999,	 p.	 43).	As	 práticas	 excludentes	 e	 precon-
ceituosas	da	atualidade	 são	 reflexos	dessa	história	 de	aflição	 imposta	 às	 pessoas	 com	
necessidades	especiais.
Em	 pleno	 o	 século	 XXI,	 são	muitos	 os	 desafios	 de	 uma	 sociedade	 para	 todos,	
conforme	é	previsto	na	lei.	A	inclusão	pressupõe	o	conhecimento	de	cada	pessoa,	respeita	
as	diferenças,	assim	como	os	limites	individuais	e	promova	intervenção	para	que	se	tenha	
assim	qualidade	de	vida.	
Para	que,	de	fato,	uma	sociedade	se	torne	inclusiva,	é	necessário	conhecer	todos	
os	fatores	que	possam	afetar	o	cenário,	tanto	no	que	se	refere	à	atuação	das	pessoas	em	
geral	quanto	a	atuação	do	deficiente.	Só	assim	será	possível	uma	intervenção	que	atenda	
a	diversidade,	como	é	apresentada	em	documentos,	por	exemplo,	na	Declaração	Universal	
dos	Direitos	Humanos	das	pessoas	com	Deficiências,	de	1948,	e	Declaração	Universal	dos	
Direitos	Humanos,	de	1999.
32UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão
Verificamos	que,	para	se	chegar	às	atuais	constatações	a	 respeito	das	pessoas	
com	necessidades	especiais,	foi	preciso	passar	por	períodos	históricos	diferentes,	os	quais	
possuíam	diversos	olhares	sociais	em	relação	ao	deficiente.	Por	muito	tempo	o	deficiente	
foi	abandonado	e	rotulado,	foi	segregado	e	excluído	da	sociedade.	
Atualmente	ele	é	reconhecido	como	um	ser	humano	que	necessita	de	cuidados	e	
que,	apesar	das	suas	limitações,	possui	inúmeras	potencialidades	que	precisam	apenas	de	
estímulos	para	que	se	desenvolvam.	Ao	passo	que	essas	potencialidades	são	reconheci-
das,	percebemos	o	quão	importante	é	o	papel	da	sociedade,	quantos	benefícios	ela	pode	
trazer	a	essas	pessoas,	e	só	é	preciso	conhecer	um	pouco	mais	a	respeito	das	deficiências	
e	saber	a	forma	adequada	de	se	trabalhar.
33UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão
3 TECNOLOGIA ASSISTIVAS E METODOLOGIA ATIVAS
Falar	sobre	a	tecnologia	consiste	em	imergir	em	um	amplo	tema	de	discussão,	con-
tudo	dividiremos	essa	etapa	do	nosso	estudo	em	duas	partes,	primeiramente	realizaremos	
uma	abordagem	sobre	a	tecnologia	no	contexto	educacional,	espaço	no	qual	inicialmente	
implantou-se	a	 inclusão	e,	em	um	segundo	momento,	abordaremos	sobre	o	conceito	de	
tecnologia	assistivas	e	metodologias	ativas,	como	ambas	podem	ajudar	no	desenvolvimen-
to	no	processo	de	ensino	e	aprendizagem	de	cada	educando.
A	 implantação	 das	 tecnologias	 no	 ambiente	 escolar	 ocorre	 com	 os	 avanços	 da	
globalização	no	mundo	atual.	A	implantação	da	comunicação	em	rede	e	a	velocidade	da	
circulação	 das	 informações	 foram	 fatores	 que	 caracterizaram	 a	 implantação	 das	 tecno-
logias.	Com	a	inserção	dos	Parâmetros	Curriculares	Nacionais,	em	1998,	a	tecnologia	é	
associada	à	educação	como	um	recurso	educacional,	a	partir	deste	documento	se	inicia	
uma	discussão	acerca	da	preparação	do	professor	para	trabalhar	com	esse	recurso.
A	 implantação	 das	 diversas	mídias	 educacionais,	 das	 chamadas	 tecnologias	 de	
comunicação	 e	 informação,	 as	TICS,	 passou	 a	 ser	 discutida	 pelo	Ministério	 da	 Educa-
ção	e	Cultura	(BRASIL,	1996)	com	a	Lei	de	Diretrizes	e	Bases	da	Educação	Nacional	nº	
9.394/96.	A	necessidade	desse	debate	nasceu	dos	desafios	enfrentados	pelos	docentes	
em	saber	utilizá-las,	de	modo	a	aperfeiçoarem	suas	práticas	pedagógicas.	O	objetivo	é	
somar	conceitos,	além	dos	que	eram	apresentados	pelos	livros	didáticos,	do	quadro,	giz	
e	do	material	didático	para	o	processo	do	aprendizado.		As	transformações	ocorridas	na	
34UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão
sociedade	representam	a	necessidade	de	mudança,	quando	o	professor	tem	conhecimento	
sobre	os	potencias	educacionais	do	computador	e	é	capaz	de	modificar	as	atividades	de	
ensino-aprendizagem,	assim	como	aquelas	em	que	usa	o	computador	apenas	como	meio	
de	transmitir	a	informação.	Caso	contrário,	os	educadores	inibem-se	quanto	ao	uso	e	aca-
bam	por	não	inserir	em	suas	aulas	esta	ferramenta.
Na	educação	especial,	recursos	tecnológicos	como	computadores	e	tablets	–	para	
realizar	escrita	dos	conteúdos	–	são	utilizados	no	atendimento	de	pessoas	com	deficiên-
cias.	Dentro	da	modalidade	de	educação	especial,	muitas	vezes	o	docente	se	depara	com	
alunos	com	 limitações	 reduzidas,	para	estes	o	ato	de	 registrar	o	 conteúdo	por	meio	da	
escrita	é	muito	complexo;	ponteiras	para	boca	ou	para	cabeça	são,	muitas	vezes,	utilizadas	
para	substituir	as	mãos	na	digitação.	
Para	Amaral	(2016),	há	recursos	mais	avançados	e	mais	acessíveis	a	serem	utili-
zados,	como:
-	Recursos	mais	avançados,	como	sistemas	de	identificação	ocular,	que	realizam	
a	seleção	das	letras	por	meio	dos	movimentos	direcionados	aos	olhos,	são	utilizados	para	
pessoas	com	mobilidade	global	comprometida.	
-	Recursos	tecnológicos	mais	acessíveis	são	os	mais	comuns	a	serem	encontrados	
nas	escolas,	como	os	teclados	ou	telas	ampliadas	ou	os	aplicativos	de	leitor	e	tradução.	
Os	 aplicativos	 de	 leitor	 são	 utilizados	 por	 alunos	 com	 visão	 reduzida	 ou	 cegueira	 total,	
podendo	ser	adaptados	em	outros	casos,	pois	esses	aplicativos	realizam	a	leitura	de	textos	
e	atividades.	
Existem	vários	sistemas	e	aplicativos	de	leitor,	mas	o	mais	conhecido	é	o	Dosvox.	
Desenvolvido	pela	Universidade	Federal	 do	Rio	de	 Janeiro,	 o	 sistema	 realiza	 leitura	de	
textos,	estando	disponível	na	versão	de	app	para	celulares.	Ainda,	há	os	aplicativos	de	
tradução	do	português	escrito	para	a	língua	de	sinais.	O	mais	acessível	é	o	HandTalk,	por	
meio	do	personagem	Hugo	é	sinalizado	o	que	está	escrito	em	português	para	a	língua	de	
sinais	brasileira	(Libras).	Esse	app	é	muito	utilizado	nos	ambientes	como	secretarias	das	
escolar	ou	por	membros	das	equipes	pedagógicas	nos	atendimentos	de	pais	ou	alunos	
surdos,	tendo	em	vista	que,	no	interior	da	sala	de	aula,	o	aluno	surdo	tem	o	direito,	previsto	
por	lei,	de	um	tradutor	intérprete	de	língua	de	sinais	(Tils).
Para	Amaral	(2016),	a	escola	é	um	espaço	de	formação	de	conceito	e	de	construção	
do	sujeito	como	agente	ativo	no	contexto	social.	Por	ser	diretamente	ligada	à	sociedade,	
é	 importante	 acompanhar	 os	 avanços	 desta	 instituição,	 o	 que	 faz	 com	 que	 as	 práticas	
pedagógicas	se	associem	a	novas	atividades	constantemente.	
35UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão
Segundo	Moran	(2007),	é	necessário	que	o	professor	perceba	que	o	quadro	negro	
não	é	sua	única	opção	de	recurso.	Não	que	tal	recurso	não	deva	mais	ser	utilizado,	mas	
incorporar	outros	recursos,	como	as	Tecnologias	de	Informação	e	Comunicação	(TICs),	por	
exemplo,	à	sua	aula	faz	com	que	seus	objetivos,	por	meio	deles,	sejam	de	colaborar	com	
o	ensino-aprendizagem	dos	alunos	e,	por	consequência,	colaborar	nos	resultados	de	sua	
prática	pedagógica.
Assim,	a	educação	em	todos	os	níveis	sofre	modificações	e	altera-se	juntamente	
com	o	meio	no	qual	está	inserida.	A	Lei	de	Diretrizes	e	Bases	n.	9.394,	em	vigor	desde	1996,	
estabelece	que	a	tecnologia	como	recurso	deve	ser	associada	a	todas	as	etapas	de	ensino	
(infantil,	fundamental,	médio	e	superior)	e,	além	disso,	define	a	modalidade	educacional	a	
distância,	inserindo	a	tecnologia	no	processo,	pois	as	aulas	conseguem	abranger	um	maior	
número	de	alunos	devido	a	estar	interligada	em	rede.	
Para	corresponder	a	esse	novo	contexto,	com	a	implementação	desse	cenário,	a	
escola	torna-se	mais	acessível	tanto	ao	seu	público	quanto	às	suas	práticas,	descaracte-
rizando	esquemas	tradicionais	e	possibilitando	ações	e	técnicas	que	permitam	aulas	mais	
dinâmicas,	alterando	o	conceito	de	práticas	pedagógicas	e	espaço	escolar,	ao	 torná-los	
mais	flexíveis.
Para	uma	aprendizagem	significativa	o	professor	deve	ter	em	mente	que	exerce	
o	papel	fundamental	no	que	se	refere	ao	planejamento	e	desenvolvimento	das	situações	
didáticas	que	visem	a	apropriação	do	saber	escolar	pelo	aluno.	Em	seguida,	deve	planejar	
também	o	uso	dos	recursos	didáticos	adequados	à	construção	de	saberes	determinados	
pelo	aluno,	haja	vista	que	não	é	o	manuseio	do	materialque	garante	aprendizagem,	mas	a	
reflexão	do	aluno,	orientado	pelo	professor.
Nesse	contexto,	destaca-se	mais	um	aspecto	importante	sobre	as	tecnologias	da	
informação:	a	 importância	de	 romper	com	preconceitos	e	construir	novas	possibilidades	
destinados	a	educadores	e	educandos	para	abrilhantar	o	processo	de	ensino	aprendizagem.	
Assim	como	a	 tecnologia	avança	diariamente,	 acredita-se	que	a	 formação	do	educador	
deve	ser	contínua.	E,	para	isso,	é	necessário	
Possibilitar	um	espaço	em	que	não	aprenda	apenas	a	lidar	com	as	tecnologias,	
mas	que	possa	refletir	e	ao	mesmo	tempo	aprender	a	transpor	esta	aprendi-
zagem	em	uma	linguagem	que	possa	estar	conectada	às	novas	facetas	do	
modo	de	aprender	dos	educandos	nesta	era	das	conexões	(GUERREIRO;	
BATTINI,	2014,	p.	68).
A	inclusão	veio	destinar	um	acesso	à	educação	a	todas	as	pessoas.	As	limitações	
comunicativas	e	de	mobilidade	não	são	mais	barreiras	para	que	as	práticas	pedagógicas,	
36UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão
incorporadas	a	 tecnologias,	cheguem	ao	público	ao	qual	se	destina.	A	tecnologia	é	uma	
prática	que	a	cada	ano	torna-se	disponível	a	todos,	entretanto,	trabalhar	com	a	tecnologia	
ainda	é	uma	barreira,	que	no	caso	dos	professores	pode	tornar-se	um	empecilho	de	apro-
priação	de	conhecimento.
No	âmbito	desta	discussão	surgem	duas	novas	terminologias	que	estão	atreladas	
ao	contexto	da	 tecnologia,	que	sãos	as	 tecnologias	assistivas	e	as	metodologias	ativas.	
Mas	 sobre	 o	 que	 se	 trata	 essa	 terminologia	 e	 quais	 suas	 importâncias	 no	 contexto	 da	
inclusão	é	o	que	discutiremos	agora.
Segundo	Amaral	(2016),	as	tecnologias	assistivas	surgem	primeiramente	nos	Esta-
dos	Unidos,	em	1988,	e	chegam	ao	Brasil	em	1998	com	o	desenvolvimento	da	globalização.	
Estas	tecnologias	aplicam-se	para	definir	todo	recurso	e	serviço	que	contribui	para	propor-
cionar	ou	ampliar	habilidades	funcionais	de	pessoas	com	deficiência	e,	consequentemente,	
propiciar	uma	autonomia	de	vida	e	de	aprendizagem,	 independente	de	políticas	e	ações	
inclusivas.	
A	tecnologia	assistiva	visa	valorizar	as	habilidades	da	pessoa	com	deficiência	e	tor-
nar	a	dificuldade	imperceptível	aos	olhos	da	sociedade	em	geral.	Não	há	modelos	de	tecno-
logias	ou	padrões,	elas	são	desenvolvidas	quase	que	de	maneira	individual	para	equiparar	
cada	necessidade	apresentada	pelo	deficiente.	Diferente	da	acessibilidade,	destinada	ao	
meio,	a	tecnologia	assistiva	destina-se	a	cada	indivíduo	e	ao	seu	desenvolvimento	pessoal.
No	 Brasil,	 o	 Comitê	 de	Ajudas	 Técnicas	 -	 CAT,	 instituído	 pela	 Portaria	 nº	
142	 de	 16	 de	 novembro	 de	 2006,	 que	 propõe	 o	 seguinte	 conceito	 para	 a	
tecnologia	assistiva:	“Tecnologia	Assistiva	é	uma	área	do	conhecimento,	de	
característica	interdisciplinar,	que	engloba	produtos,	recursos,	metodologias,	
estratégias,	 práticas	 e	 serviços	 que	 objetivam	 promover	 a	 funcionalidade,	
relacionada	à	atividade	e	participação	de	pessoas	com	deficiência,	 incapa-
cidades	 ou	 mobilidade	 reduzida,	 visando	 sua	 autonomia,	 independência,	
qualidade	de	vida	e	 inclusão	social”	 (ATA	VII	 -	Comitê	de	Ajudas	Técnicas	
(CAT)	-	Coordenadoria	Nacional	para	Integração	da	Pessoa	Portadora	de	De-
ficiência	(CORDE)	-	Secretaria	Especial	dos	Direitos	Humanos	-	Presidência	
da	República,	p.	1).
Assim,	 essas	 tecnologias	 visam	atuar	 em	 dois	 aspectos	 nos	 serviços	 e	 nos	 re-
cursos.	 No	 âmbito	 de	 serviços	 destina-se	 aos	 profissionais	 que	 auxiliam	 diretamente	 a	
promover	melhorias	no	dia	a	dia	da	pessoa	com	deficiência,	corresponde	a	profissionais	
como	 fisioterapeutas,	 terapeutas	 ocupacionais,	 fonoaudiólogos,	 psicopedagogos,	 psicó-
logos,	arquitetos	engenheiros,	assistentes	sociais,	educadores,	entre	outros	profissionais	
que	atuam	utilizando	um	instrumento	de	tecnologia	assistiva.	Como	exemplo	podemos	citar	
avaliações,	experimentação	e	treinamento	de	novos	equipamentos.	
37UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão
Por	sua	vez,	as	 tecnologias	assistivas	podem	estar	relacionadas	a	recursos	tec-
nológicos	 destinados	 à	 pessoa	 com	 deficiência.	 Consiste	 em	 equipamentos	 realizados	
sob	medida	para	a	dificuldade	específica	daquele	deficiente.	Esses	 recursos	podem	ser	
ponteiras,	próteses	mecânicas,	aplicativos	de	comunicação,	comunicação	ocular,	 roupas	
adaptadas,	computadores,	softwares	e	hardwares	especiais	que	contemplam	questões	de	
acessibilidade,	dispositivos	para	adequação	da	postura	sentada,	recursos	para	mobilidade	
manual	e	elétrica,	equipamentos	de	comunicação	alternativa,	 chaves	e	acionadores	es-
peciais,	aparelhos	de	escuta	assistida,	auxílios	visuais,	materiais	protéticos	e	milhares	de	
outros	itens	confeccionados	ou	disponíveis	comercialmente	(AMARAL,	2016).
Em	 busca	 de	 equiparar	 as	 diferenças	 e	 aplicar	 esses	 recursos	 tecnológicos	 no	
processo	 de	 aprendizagem,	 torna-se	 necessário	 preocupar-se	 também	 com	 as	 práticas	
docentes	nesse	processo.	Nessa	busca	de	propiciar	maior	 interesse	e	participação	dos	
alunos,	 iniciam-se	 discussões	 acerca	 das	metodologias	 ativas,	 que	 consistem	em	 fazer	
com	que	o	aluno	esteja	diretamente	envolvido	em	seu	processo	de	aprendizagem.	
Essa	metodologia	permite	que	o	aluno	trabalhe	com	tecnologias,	com	redes	inter-
ligadas	ou	com	grupos	de	colegas,	entre	outros	recursos	que	promovam	maior	integração	
do	aluno.	Na	metodologia	ativa	o	professor	 toma	o	papel	de	 facilitador	e	o	aluno	passa	
a	ser	quem	conduzirá	as	práticas	no	processo	de	aprendizagem,	conforme	apresentam	
Disel,	Baldez	e	Martins	(2017).	O	professor	deixa	de	ser	visto	como	o	detentor	de	todo	o	
conhecimento	e	o	único	responsável	pelo	processo	de	ensino	e	aprendizagem	e,	assim,	o	
aluno	torna-se	um	agente	ativo	também	desse	processo.	
As	 metodologias	 ativas	 visam	 levar	 o	 aluno	 a	 desenvolver	 todos	 os	 pilares	 da	
educação	da	UNESCO,	elaborados	pelo	educador	francês	Jacques	Delors,	em	1999,	e	pu-
blicado	em	um	relatório	denominado	Educação: um tesouro a descobrir,	também	conhecido	
como	relatório	Delors.	
Conforme	Delors	(1999),	a	educação	está	pautada	em	quatro	pilares		ligados	ao	
processo	do	aprender,	que	são:	o	aprender	a	conhecer,	o	aprender	a	conviver,	o	aprender	
a	fazer	e	o	aprender	a	ser.	Faz-se	essa	relação	com	as	metodologias	ativas	pois	buscam	
que	o	educando	aprenda	a	ser	e	a	fazer,	que	esse	aluno	passe	a	ser	mais	do	que	um	mero	
agente	captador	de	informações,	mas	sim	seja	atuante	e	questionador	dessas	informações	
e	conhecimento.	A	prática	de	aprendizagem	ativa	visa	levar	o	aluno	a	debater	e	a	ser	crítico	
na	sociedade	que	vive.
Pensar	 em	uma	educação	 igualitária,	 consiste	em	uma	educação	de	qualidade,	
independente	da	condição	física	e	intelectual	do	aluno.	Em	busca	de	defender	este	objetivo	
38UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão
as	 tecnologias	assistivas	visam	desenvolver	 recursos	que	assistem	os	alunos	com	mais	
limitações,	equiparando-os	no	processo	do	aprender.	Por	sua	vez,	as	metodologias	ativas	
visam	estabelecer	autonomia	aos	alunos	nas	práticas	educativas.
Assim	encerramos	nossos	estudos,	na	expectativa	de	instigar	você,	aluno(a),	a	ser	
ativo(a)	nessa	sociedade	que	busca	a	inclusão	e	que	está	permeada	de	tecnologias	que	
precisam	ser	destinadas	a	diminuir	as	diferenças	entre	as	pessoas.
SAIBA MAIS
As	tecnologias	permitem	vários	ambientes	de	aprendizagem	para	a	procura	de	ativida-
des	e	aprimoramento	de	conteúdo	a	serem	realizados	pelo	professor,	como,	por	exem-
plo,	o	Banco	Internacional	de	Recursos	Educacionais,	criado	em	2010	pelo	Instituto	Na-
cional	de	Estudos	e	Pesquisas	Educacionais	Anísio	Teixeira	(INEP/MEC);	Scielo	Books;	
FGV	 on-line;	 e-Aulas	USP;	Domínio	 Público.	 Consistem	 em	 recursos	 como	 sites	 de	
complemento	de	conteúdo	educacional	nas	diversas	disciplinas	do	currículo,	como	fer-
ramentas	de	apoio	pedagógico	para	professores	com	vídeos	e	links	de	curiosidades	e	
complementos	curriculares	e	serviços	(abas)	de	reforços	de	conteúdo,	como	aescola	
Britânica	(https://escola.britannica.com.br/)	consiste	em	uma	enciclopédia	escolar	gra-
tuita	com	os	conteúdos	separados	por	disciplinas.	
Seguindo	 essa	 mesma	 ideia	 de	 recursos	 educacionais	 tecnológicos,	 temos	 Google	
for	 Educaion	 (https://edu.google.com/intl/pt-BR/?modal_active=modal-video-c80cZMz-
0SOw),	também	de	acesso	gratuito.	Consiste	em	um	site	com	ferramentas	de	pesquisa	
e	interação	promovendo	recursos	para	professores	e	alunos	no	processo	de	aprendiza-
gem	na	educação	básica	e	ensino	superior.	O	mesmo	site	promove		ferramentas	como	
G-Suite for Education,	um	conjunto	de	ferramentas	desenvolvido	para	que	professores	
e	alunos	aprendam	e	inovem	juntos,	apresenta	ainda	possibilidades	como:	Google	sala	
de	aula	-	possibilita	organizar	tarefas,	Course	kit	-	permite		a	criar	coletar	e	avaliar	as	
atividades	do	curso,	Chromebooks	-	uma	ferramenta	de	compartilhamento	de	material,	
Google	Cloud	-	tecnologia	de	pesquisa	avançada	na	nuvem	do	Google,	Realidade	vir-
tual	e	realidade	aumentada	-	para	todas	escolas	vivenciarem	o	conteúdo.
Citamos	aqui	dois	exemplos	de	sites	como	recursos	tecnológicos,	entre	tantos	outros	
que	existem.	Pesquise	sobre	eles	e	aprofunde	seus	conhecimentos!
Fonte:	a	autora.
39UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão
REFLITA
As	tecnologias	assistivas	tornam-se	a	voz	de	deficientes	auditivos!	As	mídias	e	tecnolo-
gias	vieram	para	romper	barreiras	e	quebrar	preconceitos.	Com	os	avanços	tecnológi-
cos,	pessoas	com	necessidades	especiais	ganham	a	possibilidade	de	recursos	comuni-
cativos	mais	eficazes.	Um	exemplo	acontece	com	os	surdos	e	os	deficientes	auditivos.	A	
simples	tecnologia	do	telefone	não	se	destinava	a	essas	pessoas,	pois	com	a	ausência	
do	canal	auditivo,	o	uso	do	telefone	tornava-se	inútil.	Com	os	avanços,	esse	aparelho,	
além	de	alcançar	esse	público,	também	se	tornou	importante	para	o	processo	de	co-
municação	deles,	por	meio	de	mensagem	de	SMS	ou	chamadas	por	vídeo,	os	surdos	
somaram	um	recurso	à	eficácia	da	sua	comunicação.
Você,	enquanto	ouvinte,	já	refletiu	sobre	a	dificuldade	da	comunidade	surda	em	comuni-
car-se?	Como	um	surdo	pode	saber	que	seu	filho	se	machucou	na	escola,	por	exemplo,	
quando	muitas	 vezes	esses	avisos	 são	 realizados	por	 ligações	 telefônicas?	Como	o	
surdo	pode	contactar	um	serviço	de	atendimento	ao	cliente	(SAC)	de	uma	loja	ou	banco,	
quando	são	na	grande	maioria	realizados	via	chamada	telefônica?
Essas	entre	outras	são	questões,	muitas	vezes	impensadas	pelos	ouvintes,	são	barrei-
ras	que	vêm	sendo	reduzidas	com	o	acesso	às	tecnologias.
Fonte:	a	autora.
40UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observou-se	que	o	direito	do	aluno	com	necessidades	educacionais	especiais	com	
relação	a	políticas	públicas	tem	caminhado	rumo	à	educação	de	qualidade,	no	entanto,	sa-
bemos	da	dificuldade	que	existe	em	operar	essas	leis	no	contexto	escolar,	devido	a	tantas	
especificidades.	A	inclusão	educacional	exige	que	expliquemos	dificuldades	escolares,	não	
só	tendo	os	alunos	como	foco,	mas	considerando-se	as	limitações	existentes	em	nossos	
sistemas	de	ensino	e	em	nossas	escolas.	O	desafio	implica	numa	nova	visão	de	necessida-
des	educacionais	especiais	que,	além	das	dos	alunos,	traduzem-se	por	necessidades	das	
escolas,	dos	professores	e	de	todos	os	recursos	humanos	que	nelas	trabalham.
A	educação	inclusiva	deve	oportunizar	um	sistema	educacional	que	respeite,	va-
lorize	e	possibilite	o	acesso	e	a	permanência	de	todas	as	pessoas,	garantindo-lhes	uma	
escolarização	 com	 competência	 e	 qualidade	 e	 um	aproveitamento	 do	 processo	 ensino-
-aprendizagem	 no	 seu	 rendimento	 escolar,	 demonstrando	 que	 a	 diversidade	 é	 inerente	
à	construção	de	toda	e	qualquer	sociedade.	Cabe	ao	professor	constante	atualização	de	
conhecimentos	e	competências	na	busca	individual	de	novas	ações	necessárias	para	sua	
formação	tanto	profissional	como	pessoal.	
É	 imprescindível	que	o	professor	busque	novas	alternativas,	como	as	 tecnologias	
assistivas	e	metodologias	ativas	apresentadas	nesta	unidade,	que	visam	fortalecer	dentro	
desse	novo	quadro,	devendo	estar	preparado	para	enfrentar	as	diversas	situações	que	irão	
surgir	durante	o	processo	educacional.	Para	tanto,	o	professor	deve	constituir	e	interpretar	
sua	prática	pensando	e	analisando	suas	crenças,	valores	e	teorias	a	respeito	do	processo	
ensino-aprendizagem,	principalmente	junto	às	crianças	com	necessidades	especiais,	o	que	
lhe	possibilitará	reestruturar	seu	pensamento	alicerçado	numa	base	sólida	de	conhecimentos.
41UNIDADE II Tecnologia Assistiva e Inclusão
LEITURA COMPLEMENTAR
INTRODUÇÃO
Neste	artigo	é	tratado	o	emprego	das	tecnologias	assistivas	nas	metodologias	ativas.	
As	metodologias	ativas	têm	como	objetivo	promover	no	aluno	uma	concepção	mais	reflexiva	
e	crítica	em	que	as	suas	habilidades	e	competências	estarão	sendo	desenvolvidas	para	que	
este	encontre	soluções	adequadas	para	os	problemas	vivenciados	na	sua	formação.	Mas	
também	propor	ao	professor	uma	reflexão	sobre	a	sua	prática	em	sala	de	aula	e	uma	refor-
mulação	dos	métodos	utilizados	para	atender	as	especificidades	dos	alunos	acompanhando	
as	mudanças	sócio-políticas,	financeiras	e	tecnológicas	na	sociedade	moderna.
A	Lei	13.146/16	–	Lei	Brasileira	de	Inclusão	da	Pessoa	com	Deficiência	(Estatuto	da	
Pessoa	com	Deficiência),	é	destinada	a	assegurar	e	a	promover,	em	condições	de	igualdade,	
o	exercício	dos	direitos	e	das	liberdades	fundamentais	por	pessoa	com	deficiência.	tecnologia	
Assistiva	 é	 um	novo	 conceito	 que	 contribui	 para	 proporcionar,	 ampliar	 e	 facilitar	 algumas	
habilidades	funcionais	de	pessoas	com	deficiência	e	logo	promover	maior	independência	e	
Inclusão,	principalmente	a	comunicação	alternativa.
Portanto,	o	objetivo	geral	desta	pesquisa	é	utilizar	das	tecnologias	assistivas	nas	me-
todologias	ativas.	E	para	melhor	desenvolvimento	do	estudo	foram	elencados	como	objetivos	
específicos:	compreender	as	metodologias	ativas;	averiguar	as	tecnologias	assistivas.	
Esta	pesquisa	se	justifica	por	ter	sido	observado	que	algumas	escolas	incluem	os	alu-
nos	por	força	da	lei	e	desta	forma	o	aluno	fica	excluído	e	assim	sendo	através	da	metodologia	
ativa	utilizando	as	tecnologias	assistivas	esta	situação	seria	revertida.
Com	esta	pesquisa	pretende-se	que	 tanto	as	escolas	e	como	os	profissionais	de	
educação	tenham	a	oportunidade	de	apropriar-se	de	um	ambiente	de	aprendizagem	mais	
adequado	aos	alunos	com	necessidades	educativas	especiais,	sejam	elas	físicas,	cognitivas,	
intelectuais,	afetivas	ou	sociais.
A	relevância	do	artigo	se	faz	tanto	para	a	comunidade	escolar,	o	sistema	de	ensino,	
os	educadores	quanto	para	os	alunos	com	necessidades	educativas	especiais,	pois	mostra	
maneiras	de	remover	os	conflitos	que	impedem	e	dificultam	no	processo	ensino	aprendiza-
gem	e	na	participação	dos	alunos	na	escola	e	na	vida	social.	
METODOLOGIAS ATIVAS
As	metodologias	ativas	 (MA)	apresentam-se	como	um	 instrumento	para	a	cons-
trução	do	conhecimento	usando	procedimentos	analíticos	e	dialógicos.	É	uma	concepção	
educativa	 que	 estimula	 processos	 de	 ensino-aprendizagem	 crítico-reflexivos,	 no	 qual	 o	
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educando	 participa	 e	 se	 compromete	 com	 seu	 aprendizado.	As	MA	propõem	uma	edu-
cação	centrada	no	aluno,	em	que	este	é	orientado	por	um	professor	que	irá	proporcionar	
experiências	estimuladoras	que	o	levarão	a	buscar	recursos	interiores	para	interagir	com	
as	situações	desafiadoras	do	cotidiano.	Portanto	segundo	essa	abordagem	as	informações	
só	serão	absorvidas	pelos	alunos	se	tiverem	um	significado.	Assim	realizarão	uma	conexão	
com	 as	 suas	 experiências,	 sofrendo	 a	 influência	 do	meio	 onde	 estes	 estão	 inseridos	 e	
promovendo	mudanças	nas	suas	percepções	sobre	o	mundo.	Nas	bases	teóricas	destas	
metodologias	podemos	identificar	princípios	análogos	defendidos	por	Dewey	e	Freire	nas	
décadas	 precedentes.	 Dewey	 formulou	 um	 ideal	 pedagógico	 (da	 Escola	 Nova)

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