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Estácio de Sá Licenciatura de História Professor: Damião Ferreira da Silva História da Educação Revisitando a História e Projetando Perspectivas Futuras Ademir Antônio Fernandes 202001102663 Brotas-SP, 22 de abril de 2020 Objetivo Identificar as características dos modelos educacionais no decurso da história, bem como suas contribuições para a formação dos sujeitos e das sociedades; Reconhecer a importância do diálogo produtivo entre História e Pedagogia; Enumerar as contribuições dos povos e dos fatos históricos na constituição dos modelos de formação do sujeito e na instituição do conhecimento. Introdução O estudo da História da Educação é importante devido o seu potencial formativo, autor reflexivo e cognitivo. Ou seja, o estudo da história da educação tem a capacidade de fazer com que os alunos raciocinem de forma a compreender o porquê de se estudar determinada matérias e temas. As principais fontes de estudo da História da Educação são: documentos oficiais, como séries legislativas, relatórios, pareceres, projetos de Governo, discursos de autoridades políticas. Há ainda segundo a autora outras fontes como a fotografia, a iconografia, as plantas arquitetônicas, o material escolar, relatos orais, sermões, relatos de viajantes e correspondências, os diários íntimos e as autobiografias, e também outros produtos culturais como a literatura e a imprensa pedagógica. O pesquisador tem se interessado em compreender as ações de educação contidas na sociedade imperial com suas diversas formas e esferas de intervenção, identificando a existência de uma extensa rede de escolas públicas no século XIX, sendo que tais estudos têm apontado a dê importância da educação escolar para grande parte da população. Outros estudos vão de encontro com o sentido de captar as especificidades da formação e do desenvolvimento da instituição escolar observando como este modelo se articula se ao processo de constituição da esfera pública no Brasil, de se sujeitar as leis culturais e de progressiva profissionalização no campo pedagógico. As pesquisas que estudam a relação entre Estado e Movimento Educacional têm se voltado para a análise dos processos educativos que extrapolam a ação institucional das escolas, ampliando a visão acerca das relações complexas existentes em vários movimentos como: políticos, sociais e intelectuais sendo estes associados à educação em sentido “latu sensu”, ou seja, compreendida como política pública, campo de produção de saberes e pratica social. Atualmente alguns pesquisadores tem se empenhado em promover estudos comparativos entre a realidade brasileira e as realidades em outros países, visando compreender as maneiras pelas quais o modelo de escola universal se desenvolveu no mundo, com certa homogeneidade desde o século XIX. A possibilidade da realização deste tipo de estudo histórico comparado de realidades educacionais diferentes daquela encontrada no Brasil, mais que preservam pontos em comum no que diz respeito a “mundialização do modelo escolar” é fator constitutivo de um ponto de destaque entre nos estudos comparados entre em história da educação. O estudo da História da Educação será de suma importância para ajudar a compreender o modelo educacional que possuímos hoje, entender os possíveis erros que ocorreram de forma que possamos preveni-los e evitá-los. Para se compreender o presente e planejar o futuro é necessário entender o passado, que neste caso é a história da educação. O resultado do hoje é a consequência do ontem, ou a escolha de ontem reflete no seu dia hoje. Dentro destas frases é notório a ligação que a atualidade tem com o passado, e é a partir deste aspecto que o texto busca abarcar a importância do contexto histórico para a realidade brasileira. O conteúdo aqui redigido visa comparar a educação feminina oitocentista com dias atuais. A história da educação proporciona uma certa compreensão sobre o porquê da atual situação do país, que de encontro o tema Educação Feminina abordado na disciplina, depreende-se que na era da educação no Brasil, o ensino tinha por principal característica a restrição, característica esta advinda de normas implantadas pela sociedade. Mediante estas restrições vê se a insignificância da mulher perante o homem no século XIX. Segundo os padrões daquela época o papel dá mulher não passava de um modelo doméstico, de acesso privado ao conhecimento, onde sua função não ia além de cuidar da casa, e da família. Para a maioria o conhecimento intelectual e científico não seria útil a classe feminina. Acreditavam que a mulher era incapaz de raciocinar e agir como os homens, pois todos poderes econômicos, políticos e civis eram dominados pela classe masculina desde o princípio. Só o homem tinha o poder de decisão e a mulher deveria ser sempre subordinada a ele, ela só podia fazer o que o homem definisse ser o certo. O trabalho era símbolo masculino, pois estava aliado à sua prática social, diante disso a formação profissional não cabia a realidade feminina, pois a mulher era um símbolo doméstico que não tinha necessidade de estudar. O contato da mulher com o estudo era bem escasso, uma vez que na educação oitocentista o ensino básico bastava, onde só alfabetizar era o necessário. Toda participação dos personagens históricos nas lutas por direitos femininos, estão alcançando seus objetivos, porém ainda há muito o que melhorar, mesmo com todo o avanço existem pontos que a desigualdade permanece. No século XIX as professoras recebiam menos que os professores, mesmos e a atividade e a carga horária fossem igual e hoje em alguns casos esta situação ainda prevalece. Mesmo diante este fato, a mulheres tem passado por cima dos preconceitos. Caminhoneiro, Pedreiro, Mecânico também é profissão de mulher, para aquelas que desafiam seus limites físicos. Mas na grande maioria dos cargos femininos destacam-se os serviços domésticos, serviços coletivos, sociais e pessoais, na área da educação, saúde e serviços pessoais, e também em alojamento e alimentação. O momento presente é reflexo do passado, está aí a importância de conhecer a história da Educação Feminina, que dantes tinha por principal característica a restrição, atualmente expressa progresso. As meninas que no século XIX não podiam estudar com meninos agora são a maioria da sala, mulheres que antes só aprendiam atividades domésticas para zelar de suas casas hoje são quem projetam ou constroem a casa, elas que viam o mundo da janela de casa agora são aeromoças e enxergam o mundo da janela do avião. A visão do homem sobre a mulher se tornou completamente diferente da era oitocentista, devido as conquistas que as mulheres alcançaram em todo processo histórico. Os Jesuítas liderados chegaram ao Brasil por volta 1549, tendo por principal missão evangelizar, catequizar e “transformar em cristãos” os indígenas que aqui habitavam. Os Jesuítas procuraram entender e aprender as línguas faladas pelos índios, e a partir disso começaram a entender de forma mais fácil como esses viviam. As missões sempre davam origem a conflitos, estes foram conhecidos por incentivar guerras entre as várias etnias que atraíssem a maior quantidade de indígenas facilitando assim sua exploração e catequização. O contato inicial entre brancos e índios foi amistoso, fato este que foi narrado na carta de Pero Vaz de Caminha, que descreve momentos descontraídos e de bastante festa, esse contato amigável por aproximadamente 30 anos. Por um lado, tínhamos um povo vindo de uma civilização com fins pacíficos e que possuía um entendimento completamente diferente do que seria o mundo e por outro lado tínhamos outra civilização que acreditava serem os índios inocentes e que serviam apenas como escravos. A questãoda escravização dos índios levantou outro aspecto extremamente controvertido na relação entre o índio e o homem branco, que vinham aqui com a missão de cristianizá-los através dos missionários Jesuítas. Não resta nenhuma dúvida de que ao serem catequisados os índios, tiveram sua cultura original destroçada pelos Jesuítas. Quando da chegada de outros colonizadores os Jesuítas se revoltaram contra a escravização dos índios, enfrentando os colonizadores com os seus preceitos religiosos, sendo que estes eram os meios de que dispunham para este enfrentamento. Os Jesuítas conceberam a organização educacional como instrumento de domínio espiritual e de imposição da sua cultura. Chegando à colônia brasileira, no inicio do século XVI, os Jesuítas construíram os primeiros colégios. Sendo que para tal tinham incentivos e subsídios da coroa de Portugal, sendo que parte da receita era destinada a manutenção destes colégios. Os principais autores Jesuítas responsáveis pela produção literária da época da colonização indígena foram o padre Manuel da Nóbrega, o missionário Fernão Cardim e o padre José de Anchieta. A Metodologia utilizada pelos Jesuítas era a de estimular os Índios a uma serie de novos comportamentos, disseminando ou tentando disseminar os costumes locais, sendo que a oralidade era sempre utilizada como a forma de transmissão de conhecimento. Os Autores Jesuítas escreviam poemas de natureza espiritual, com poucos ou quase sem a presença de elementos da esfera racional e constituídos por uma linguagem simples, de fácil compreensão e simplório. Os Jesuítas enxergavam na América a grande chance da Igreja Católica de expandir o catolicismo, sendo a este continente descoberto recentemente, sendo, portanto, um excelente “espaço” para que esta expansão ocorresse ao mesmo tempo em que precisavam expandir seus domínios. A companhia de Jesus tinha objetivo de servir aos interesses da fé, pensando em aprontar a escola para servir exclusivamente aos interesses do Estado. Legal seria, se todos fossem vistos da mesma forma, como cidadãos participantes de uma sociedade igualitária, mas infelizmente não é o que presenciamos. A desigualdade social é extensa por todo o mundo, devido a vários fatores e um deles é o processo histórico. A história permite interpretar a razão de a atualidade ser como é. De acordo com o contexto abordado, aliado ao fórum avaliativo e estudos sobre a História da Educação da População Negra pode-se observar que existem várias concepções quanto a implantação da política de cotas para negros no Brasil. A implantação desta política gera polêmica, pois como apresentado no fórum as concepções dos integrantes da sociedade são bem diferenciadas. Dentre as ideias apresentadas no fórum, vale considerar que para muitos esta política traz um ar de equidade para a sociedade, para outros a igualdade é o último objetivo deste sistema de cotas, há quem afirme que o governo beneficia ou privilegia a raça negra, como forma de se desculpar pelo passado histórico, alguns afirmam que este sistema seria desnecessário se a Educação Básica priorizasse o sentido de igualdade, existem posições que vão contra este sistema por acreditar que todos têm a capacidade de ingressar em um curso superior da mesma forma. É notório que uma discussão a este respeito é extensa pois todos pensam de maneira particular e isto é um direito do cidadão (a liberdade de expressão). Mas antes de se posicionar a respeito é necessário compreender a razão pela qual o governo vê a necessidade deste sistema ser implantado. É de extrema importância considerar todo o contexto histórico envolvido no processo de educação da população negra. Uma vez que mediante aos estudos, nota-se que após a abolição dos escravos o governo, fechou os olhos para não dar suporte a educação dos negros libertos. As ações do governo foram incompletas, onde se deve destacar que as exigências escolares também não contribuíam para a integração do negro no espaço escolar e que até o mínimo de educação que lhes era proporcionado os levavam a acreditar que eles, mesmo estudando não seriam iguais aos brancos. O que fomenta o descaso da antiga sociedade para com os negros é o fato deles não serem considerados como componentes da cidadania e trazer um certo custo para seus senhores como no período da implantação da Lei do Ventre Livre, em que as crianças nasciam libertas, porém, os registros destas crianças eram responsabilidade dos senhores de seus pais. A evolução quanto à presença do negro no espaço acadêmico começa a acontecer a partir do momento que o negro se torna sujeito da sua própria história educacional. Mesmo diante a todas as conquistas e o reconhecimento do negro como cidadão brasileiro foi se desenvolvendo de forma paulatina. O Governo atual vê a necessidade de implantar esta política de cotas a fim de ampliar o acesso dos negros e das classes inferiores ao ensino superior considerando a história da educação do país. No ano de 2012, foi sancionada a Lei de Cotas Sociais, a qual determina que até agosto de 2016 todas as instituições de ensino federais deverão reservar 50% das vagas para estudantes de escolas públicas, pobres, negros, pardos ou índios e 50% para ampla concorrência. Procedimentos Metodológicos Com o livro em mãos, comece a observar os seguintes pontos: 1. Características que evidenciam o modelo de formação dos sujeitos e das sociedades; O surgimento da Escrita: Na sociedade suméria, a escrita começou a surgir durante o quarto milênio a.C. Nessa época, os templos e palácios era o centro da vida. Era ali que se armazenava a produção agrícola e se pagavam os tributos. Tudo isso exigia registros, inventários e controles contábeis. Inicialmente, estes era feito em placas de argila úmida, nas quais um funcionário, utilizando uma haste de bamboo, imprimia desenhos representando aquilo que precisava ser registrado: a cabeça de um boi, porco, jumentos, etc. Cozidos no sol, as placas de barro endureciam e podiam ser guardadas. Cerca de 500 anos depois esse Sistema de notação foi substituído por marcas em forma de cunha – daí a expressão “escrita cuneiforme” – feitas com estilete na argila úmida. Ao mesmo tempo, os desenhos – logo –gramas, termo que significa sinais representativos de palavras – tornaram-se cada vez mais abstratos, passando a representar sílabas. Na Mesopotâmia, a escrita nasceu como resultado da necessidade de organização das cidades. E hoje, qual a função da escrita em nossa sociedade? 2. Exemplos de fatos e situações que se destacam da história da educação no Brasil e no mundo. História da Educação no Brasil Os primeiros jesuítas chegaram à colônia portuguesa em 1549. Professavam o voto de pobreza e procuravam converter o maior número de nativos à fé crista. Para pregar o evangelho aos índios, os jesuítas procuravam aprender o tupi-guarani. Como o idioma não era uniforme, eles o padronizaram, eliminando dialetos. Essa versão do tupi recebeu o nome de Nheengatu (língua boa, ou língua geral). Em 1555, o padre José de Anchieta chegou a escrever uma gramática tupi. A língua geral predominou até o século XVIII no sul do Brasil, onde o português é pouco falado. O trabalho de conversão dos nativos era complexo. Os mais velhos se recusavam a aceitar a fé crista; os jesuítas concentraram seus esforços na catequização das crianças, vistas como um “papel em branco” no qual poderia ser impressa a palavra divina. Como as crianças gostavam de música, os missionários utilizavam canções religiosas para transmitir a doutrina crista. Assim, entravam nas aldeias cantando e tocando instrumentos portugueses. A expectativa dos jesuítas era que, uma vez catequizadas, as crianças ajudariam na conversão do pais. Converter os índios ao cristianismo não era a única preocupação dos jesuítas.Eles também queriam educar os filhos dos colonos, visando principalmente formar novos missionários. Para isso, ergueram escolas e colégios. Em meados do século XVIII, havia na colônia 19 colégios jesuítas. Alguns dos mais importantes estavam em Salvador, São Vicente, Olinda, Santos e Rio de Janeiro. A história da educação no Brasil começou em 1549 com a chegada dos primeiros padres jesuítas, inaugurando uma fase que haveria de deixar marcas profundas na cultura e civilização do país. Movidos por intenso sentimento religioso de propagação da fé cristã, durante mais de 200 anos, os jesuítas foram praticamente os únicos educadores do Brasil. Embora tivessem fundado inúmeras escolas de ler, contar e escrever, a prioridade dos jesuítas foi sempre a escola secundária, grau do ensino onde eles organizaram uma rede de colégios reconhecida por sua qualidade, alguns dos quais chegaram mesmo a oferecer modalidades de estudos equivalentes ao nível superior. Em 1759, os jesuítas foram expulsos de Portugal e de suas colônias, abrindo um enorme vazio que não foi preenchido nas décadas seguintes. As medidas tomadas pelo ministro D. José I, o Marquês de Pombal, sobretudo a instituição do Subsídio Literário, imposto criado para financiar o ensino primário, não surtiu nenhum efeito. Só no começo do século seguinte, em 1808, com a mudança da sede do Reino de Portugal e a vinda da família Real para o Brasil-Colônia, a educação e a cultura tomaram um novo impulso, com o surgimento de instituições culturais e científicas, de ensino técnico e dos primeiros cursos superiores, como os de medicina nos estados do Rio de Janeiro e da Bahia. Todavia, a obra educacional de D. João VI, importante em muitos aspectos, voltou-se para as necessidades imediatas da corte portuguesa no Brasil. As aulas e cursos criados, em diversos setores, tiveram o objetivo de preencher demandas de formação profissional. Esta característica haveria de ter uma enorme influência na evolução da educação superior brasileira. Acrescenta-se, ainda, que a política educacional de D. João VI, na medida em que procurou, de modo geral, concentrar-se nas demandas da corte, deu continuidade à marginalização do ensino primário. Com a independência do país, conquistada em 1822, algumas mudanças no panorama sócio-político e econômico pareciam esboçar-se, inclusive em termos de política educacional. De fato, na Constituinte de 1823, pela primeira vez se associou apoio universal e educação popular – uma como base do outro. Também foi debatida a criação de universidades no Brasil, com várias propostas apresentadas. Como resultado desse movimento de idéias, surgiu o compromisso do Império, na Constituição de 1824, em assegurar “instrução primária e gratuita a todos os cidadãos”, confirmado logo depois pela lei de 15 de outubro de 1827, que determinou a criação de escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e vilarejos, envolvendo as três instâncias do Poder Público. Teria sido a “Lei Áurea” da educação básica, caso tivesse sido implementada. Da mesma forma, a idéia de fundação de universidades não prosperou, surgindo em seu lugar os cursos jurídicos em São Paulo e Olinda, em 1827, fortalecendo o sentido profissional e utilitário da política iniciada por D. João VI. Além disso, alguns anos depois da promulgação do Ato Adicional de 1834, delegando às províncias a prerrogativa de legislar sobre a educação primária, comprometeu em definitivo o futuro da educação básica, pois possibilitou que o governo central se afastasse da responsabilidade de assegurar educação elementar para todos. Assim, a ausência de um centro de unidade e ação, indispensável, diante das características de formação cultural e política do país, acabaria por comprometer a política imperial de educação. A descentralização da educação básica, instituída em 1834, foi mantida pela República, impedindo o governo central de assumir posição estratégica de formulação e coordenação da política de universalização do ensino fundamental, a exemplo do que então se passava nas nações europeias, nos Estados Unidos e no Japão. Em decorrência, se ampliaria ainda mais a distância entre as elites do País e as camadas sociais populares. Na década de 1920, devido mesmo ao panorama econômico-cultural e político que se delineou após a Primeira Grande Guerra, o Brasil começou a se repensar. Em diversos setores sociais, as mudanças foram debatidas e anunciadas. O setor educacional participou do movimento de renovação. Inúmeras reformas do ensino primário foram feitas em âmbito estadual. Surgiu a primeira grande geração de educadores, Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, Almeida Júnior, entre outros, que lideraram o movimento, tentaram implantar no Brasil os ideais da Escola Nova e divulgaram o Manifesto dos Pioneiros em 1932, documento histórico que sintetizou os pontos centrais desse movimento de idéias, redefinindo o papel do Estado em matéria educacional. Surgiram nesse período as primeiras universidades brasileiras, do Rio de Janeiro em 1920, Minas Gerais em 1927, Porto Alegre em 1934 e Universidade de São Paulo em 1934. Esta última constituiu o primeiro projeto consistente de universidade no Brasil e deu início a uma trajetória cultural e científica sem precedentes. A Constituição promulgada após a Revolução de 1930, em 1934, consignou avanços significativos na área educacional, incorporando muito do que havia sido debatido em anos anteriores. No entanto, em 1937, instaurou-se o Estado Novo concedendo ao país uma Constituição autoritária, registrando-se em decorrência um grande retrocesso. Após a queda do Estado Novo, em 1945, muitos dos ideais foram retomados e consubstanciados no Projeto de Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, enviados ao Congresso Nacional em 1948 que, após difícil trajetória, foi finalmente aprovado em 1961, Lei nº 4.024. No período que vai da queda do Estado Novo, em 1945, até a Revolução de 1964, quando se inaugurou um novo período autoritário, o sistema educacional brasileiro passou por mudanças significativas, destacando-se entre elas o surgimento, em 1951, da atual Fundação CAPES, que é a Coordenação do Aperfeiçoamento do Pessoal do Ensino Superior, a instalação do Conselho Federal de Educação, em 1961, campanhas e movimentos de alfabetização de adultos, além da expansão do ensino primário e superior. Na fase que precedeu a aprovação da LDB/61, ocorreu um admirável movimento em defesa da escola pública, universal e gratuita. O movimento de 1964 interrompeu essa tendência. Em 1969 e 1971, foram aprovadas respectivamente a Lei 5.540/68 e 5.692/71, introduzindo mudanças significativas na estrutura do ensino superior e do ensino de 1º e 2º graus, cujos diplomas vieram basicamente em ardor até os dias atuais. A Constituição de 1988, promulgado após amplo movimento pela redemocratização do País, procurou introduzir inovações e compromissos, com destaque para a universalização do ensino fundamental e erradicação do analfabetismo. Período Primitivo A evolução do hominídeo para o homem apresenta as seguintes fases: Australopithecus (de 5 milhões a 1 milhão de anos atrás), caçador, que lasca a pedra, constrói abrigos; Pitecanthropus (de 2 milhões a 200 mil anos atrás), com um cérebro pouco desenvolvido, que vive da colheita e da caça, se alimenta de modo misto, pule a pedra nas duas faces, é um pronto-artesão e conhece o fogo, mas vive imerso numa condição de fragilidade e de medo; Homem de Neanderthal (de 200 mil a 40 mil anos atrás), que aperfeiçoa as armas e desenvolve um culto dos mortos, criando até um gosto estético (visível nas pinturas), que deve transmitir o seu ainda simples saber técnico; Homo sapiens, que já tem características atuais: possui a linguagem, elabora múltiplas técnicas, educa os seus “filhotes”, vive da caça, é nômade, é “artista”(arte naturalista e animalista), está impregnado de cultura mágica, dotado de cultos e crenças, e vive dentro da “mentalidade primitiva” marcada pela participação mística dos seres e pelo raciocínio concreto, ligado a conceitos- imagens e pré-lógico, intuitivo e não-argumentativo. A educação dos jovens, nesta fase, torna-se o instrumento central para a sobrevivência do grupo e a atividade fundamental para realizar a transmissão e o desenvolvimento da cultura. No filhote dos animais superiores já existe uma disposição para acolher esta transmissão, fixada biologicamente e marcada pelo jogo-imitação. Todos os filhotes brincam com os adultos e nessa relação se realiza um adestramento, se aprendem técnicas de defesa e de ataque, de controle do território, de ritualização dos instintos. Isso ocorre e num nível enormemente mais complexo também com o homem primitivo, que através da imitação, ensina ou aprende o uso das armas, a caça e a colheita, o uso da linguagem, o culto dos mortos, as técnicas de transformação e domínio do meio ambiente. Depois desta fase, entra-se (cerca de 8 ou 10 mil anos atrás) na época do Neolítico, na qual se assiste a uma verdadeira e própria revolução cultural. Nascem as primeiras civilizações agrícolas: os grupos humanos se tornam sedentários, cultivam os campos e criam animais, aperfeiçoam e enriquecem as técnicas (para fabricar vasos, para tecer, para arar), cria-se uma divisão do trabalho cada vez mais nítida entre homem e mulher e um domínio sobre a mulher por parte do homem, depois de uma fase que exalta a feminilidade no culto da Grande Mãe (findo com o advento do treinamento, visto como “conquista masculina”). A revolução neolítica é também uma revolução educativa: fixa uma divisão educativa paralela à divisão do trabalho (entre homem e mulher, entre especialistas do sagrado e da defesa e grupos de produtores); fixa o papel - chave da família na reprodução das infraestruturas culturais: papel sexual, papéis sociais, competências elementares, introjeção da autoridade; produz o incremento dos locais de aprendizagem e de adestramento específicos (nas diversas oficinas artesanais ou algo semelhante; nos campos; no adestramento; nos rituais; na arte) que, embora ocorram sempre por imitação e segundo processos de participação ativa no exercício de uma atividade, tendem depois a especializar-se, dando vida a momentos ou locais cada vez mais específicos para a aprendizagem. Depois, são a linguagem e as técnicas (linguagem mágica e técnicas pragmáticas) que regulam – de maneira cada vez mais separada – os modelos de educação. Período Oriental China Nas civilizações orientais, a educação era tradicional: dividida em classes, opondo cultura e trabalho, organizada em escolas fechadas e separadas para a classe dirigente. O conhecimento da escrita era restrito, devido ao seu caráter esotérico. As preocupações com educação apareceram nos livros sagrados, que ofereceram regras ideais de conduta e enquadramento das pessoas nos rígidos sistemas religiosos. Nesse período surgiu o dualismo escolar, que destina um tipo de ensino para o povo e outro para os filhos dos funcionários, ou seja, grande parte da comunidade foi excluída da escola e restringida à educação familiar informal. Egito As escolas funcionavam como templos e em algumas casas foram frequentadas por pouco mais de vinte alunos. A aprendizagem se fazia por transcrições de hinos, livros sagrados, acompanhada de exortações morais e de coerções físicas. Ao lado da escrita, ensinava-se também aritmética, com sistemas de cálculo, complicados problemas de geometria associados à agrimensura, conhecimentos de botânica, zoologia, mineralogia e geografia. O primeiro instrumento do sacerdote-intelectual é a escrita, que no Egito era hieroglífica (relacionada com o caráter pictográfico das origens e depois estilizada em ideogramas ligados por homofonia e por polifonia, em seguida por contrações e junções, até atingir um cursivo chamado hierático e de uso cotidiano, mais simples, e finalmente o demótico, que era uma forma ainda mais abreviada e se escrevia sobre folha de papiro com um cálamo embebido em carbono). Ao lado da educação escolar, havia a familiar (atribuída primeira à mãe, depois ao pai) e a “dos ofícios”, que se fazia nas oficinas artesanais e que atingia a maior parte da população. Este aprendizado não tinha nenhuma necessidade de “processo institucionalizado de instrução” e “são os pais ou os parentes artesãos que ensinavam a arte aos filhos”, através do observar para depois reproduzir o processo observado. Os populares eram também excluídos da ginástica e da música, reservadas apenas a casta guerreira e colocadas como adestramento para guerra. Babilônia A cultura da poderosa classe sacerdotal destaca-se, bem como a extrema dificuldade que a escrita cuneiforme oferece aos escribas, incumbidos de ler e copiar textos religiosos. Na civilização babilônica, tiveram um papel essencial o templo e as técnicas. O templo era o verdadeiro centro social dessa civilização, o lugar onde se condensa a tradição e onde organizam as competências técnicas, sobretudo as mais altas e complexas, como escrever, contar, medir, que dão vida à literatura, à matemática, à geometria, às quais se acrescenta a astronomia que estuda o céu para fins, sobretudo práticos (elaborar um calendário). Os sacerdotes (verdadeira casta de poder, que levava uma vida separada e se dedicava a atividades diferentes dos outros homens, ligadas aos rituais e à cultura), eram os depositários da palavra, os conhecedores da técnica da leitura e da escrita. A experiência escolar formava o escriba e ocorria em ambientes aparelhados para escrever sobre tabuletas de argila, sob o controle de um mestre (dubsar), pelo uso de silabários e segundo uma rígida disciplina. Fenícios Os fenícios eram povos de origem semita. Por volta de 3000 a.C., estabeleceram-se numa estreita faixa de terra com cerca de 35 km de largura, situada entre as montanhas do Líbano e o mar Mediterrâneo. Com 200 km de extensão, corresponde à maior parte do litoral do atual Líbano e uma pequena parte da Síria. Quanto à cultura, fundamental foi o desenvolvimento dos conhecimentos técnicos (de cálculo, de escrita, mas também ligados aos problemas da navegação). A descoberta mais significativa desse povo foi a do alfabeto, com 22 consoantes (sem as vogais), do qual derivam o alfabeto grego e depois os europeus, e que aconteceu pela necessidade de simplificar e acelerar a comunicação. A primeira produção do alfabeto ocorreu em Biblos (um dos centros da Fenícia), que deu, aliás, nome ao livro (biblos em grego), pelas indústrias de papiro que ali se encontravam. Quanto aos processos educativos, são aqueles típicos das sociedades pré-gregas, influenciados pelos modelos dos grandes impérios e pelas sociedades sem escrita em que predomina a sacralização dos saberes e a organização pragmática das técnicas, e tais processos se desenvolvem, sobretudo na família, no santuário ou nas oficinas artesanais. Os processos de formação coletiva são confiados ao “bardo”, ao “profeta”, ao “sábio”, três figuras-guias das comunidades pré- literárias e que desenvolvem uma ação de transmissão de saberes, de memória histórica e de “educadores de massa”. Hebreus O principal legado que os hebreus deixaram foi no âmbito religioso. Eles foram os primeiros povos a adotar o monoteísmo, ou seja, a crença em um único Deus. Também de destacam na literatura, destacando o Antigo Testamento, que é a primeira parte da Bíblia. Quanto aos profetas, eles eram os educadores de Israel, inspirados por Deus e continuadores do espírito de sua mensagem ao “povo eleito”: devem educar com dureza, castigar e repreender também com violência, já que sua denúncia é em razão de um retorno ao papel atribuído por Deus a Israel. A escola em Israel organizava-seem torno da interpretação da Lei dentro da sinagoga; à qual “era anexa uma escola exegese” que, no período helenístico, se envolveu em sérios contrastes em torno, justamente, da helenização da cultura hebraica. Aos saduceus (helenizantes) opuseram-se os fariseus (antigregos) que remetiam à letra das Escrituras e à tradição interpretativa, salvaguardada de modo formalista. Assim, além de centro de oração e de vida religiosa e civil, a sinagoga se torna também lugar de instrução. A instrução que se professava era religiosa, voltada tanto para a “palavra” quanto para os “costumes”. Os conteúdos da instrução eram “trechos escolhidos da Torá”, a partir daqueles usados nos ofícios religiosos cotidianos. Só mais tarde (no século I d.C.) foi acrescentado o estudo da escrita e da aritmética. Nos séculos sucessivos, os hebreus da diáspora fixaram-se, em geral, sobre este modelo de formação (instrução religiosa), atribuindo também a esta o papel de salvar sua identidade cultural e sua tradição histórica. Período Grego Neste período, as crianças viviam a primeira infância em família, assistidas pelas mulheres e submetidas à autoridade do pai, que poderia reconhecê-las ou abandoná-las, que escolhia seu papel social e era seu tutor legal. A infância não era valorizada em toda a cultura antiga: era uma idade de passagem, ameaçada por doenças, incerta nos seus sucessos; sobre ela, portanto, se fazia um mínimo investimento afetivo. A criança crescia em casa, controlada pelo “medo do pai”, atemorizada por figuras míticas semelhantes às bruxas, gratificada com brinquedos (bonecas) e entretida com jogos (bolas, aros, armas rudimentares), mas sempre era colocada à margem da vida social. Ou então, era submetida à violência, a estupro, a trabalho, até a sacrifícios rituais. O menino – em toda a Antiguidade e na Grécia também – era um “marginal” e como tal era violentado e explorado sob vários aspectos, mesmo se gradualmente – a partir dos sete anos, em geral – era inserido em instituições públicas e sociais que lhe concediam uma identidade e lhe indicavam uma função. A menina não recebia qualquer educação formal, mas aprendia os ofícios domésticos e os trabalhos manuais com a mãe. A educação grega era centrada na formação integral do indivíduo. Quando não existia a escrita, a educação era ministrada pela própria família, conforme a tradição religiosa. A transmissão da cultura grega se dava também, através das inúmeras atividades coletivas (festivais, banquetes, reuniões). A escola ainda permanecia elitizada, atendendo aos jovens de famílias tradicionais da antiga nobreza ou dos comerciantes enriquecidos. O ensino das letras e dos cálculos demorou um pouco mais para se difundir, já que nas escolas a formação era mais esportiva que intelectual. Esparta e Atenas: dois modelos educativos Esparta e Atenas deram vida a dois ideais de educação: um baseado no conformismo e no estatismo, outro na concepção, outro na concepção de Paideia, de formação humana livre e nutrida de experiências diversas, sociais, alimentaram durante séculos o debate pedagógico, sublinhando a riqueza e fecundidade ora de um, ora de outro modelo. Foi o mítico Licurgo quem ditou as regras políticas de Esparta e delineou seu sistema educativo, conforme o testemunho de Plutarco. As crianças do sexo masculino, a partir dos sete anos, eram retiradas da família e inseridas em escolas-ginásios onde recebiam, até os 16 anos, uma formação de tipo militar, que devia favorecer a aquisição da força e da coragem. O cidadão-guerreiro é formado pelo adestramento no uso das armas, reunido em equipes sob o controle de jovens guerreiros e, depois, de um superintendente geral (pai do nomos). Levava-se uma vida comum, favoreciam-se os vínculos de amizade, valorizava-se em particular a obediência. Quanto à cultura – ler, escrever -, pouco espaço era dado a ela na formação do espartano – "o estritamente necessário", diz Plutarco -, embora fizessem aprender de memória Homero e Hesíodo ou o poeta Tirteo. Já em Atenas, após a adoção do alfabeto iônico, totalmente fonético, que se tornou comum a toda Grécia, teve um esplêndido florescimento em todos os campos: da poesia ao teatro, da história à filosofia. No século V, Atenas exercia um influxo sobre toda a Grécia: tinha necessidade de uma burocracia culta, que conhecesse a escrita. Esta se difundiu a todo o povo e os cidadãos livres adquiriram o hábito de dedicar-se à oratória, à filosofia, à literatura, desprezando o trabalho manual e comercial. Todo o povo escrevia como atesta a prática do ostracismo. Afirmou-se um ideal de formação mais culto e civil, ligado à eloquência e à beleza, desinteressado e universal, capaz de atingir os aspectos mais próprios e profundos da humanidade de cada indivíduo e destinado a educar justamente este aspecto de humanidade, que em particular a filosofia e as letras conseguem nele fazer emergir e amadurecer. Assim, a educação assumia em Atenas um papel-chave e complexo, tornava-se matéria de debate, tendia a universalizar-se, superando os limites da polis. Numa primeira etapa, a educação era dada aos rapazes que frequentavam a escola e a palestra, onde eram instruídos através da leitura, da escrita, da música e da educação física, sob a direção de três instrutores: o grammatistes (mestre), o kitharistes (professor de música), o pai do tribes (professor de gramática). O rapaz era depois acompanhado por um escravo que o controlava e guiava: o pai da gogos. Depois de aprender o alfabeto e a escrita, usando tabuinhas de madeira cobertas de cera, liam-se versos ricos de ensinamentos, narrativas, discursos, elogios de homens famosos, depois os poetas líricos que eram cantados. O cuidado com o corpo era muito valorizado, para torná-lo sadio, forte e belo, realizado no gymnasia. Aos 18 anos, o jovem era “efebo” (no auge da adolescência), inscrevia-se no próprio demo (ou circunscrição), com uma cerimônia entrava na vida de cidadão e depois prestava serviço militar por dois anos. A particularidade da educação ateniense é indicada pela ideia harmônica de formação que inspira ao processo educativo e o lugar que nela ocupa a cultura literária e musical, desprovida de valor prático, mas de grande importância espiritual, ligada ao crescimento da personalidade e humanidade do jovem. Paideia: o seu nascimento A partir do século V a. C., exige-se algo mais da educação. Para além de formar o homem, a educação deve ainda formar o cidadão. A antiga educação, baseada na ginástica, na música e na gramática deixa de ser suficiente. Surge então o modelo ideal de educação grega, que aparece como Paideia, que tem como objetivo geral construir o homem como homem e cidadão. Platão define Paideia da seguinte maneira “a essência de toda a verdadeira educação ou Paideia é a que dá ao homem o desejo e a ânsia de se tornar um cidadão perfeito e o ensina a mandar e a obedecer, tendo a justiça como fundamento”. A noção de Paideia se afirma de modo orgânico e independente na época dos sofistas e de Sócrates e assinala a passagem explícita – da educação para a Pedagogia, de uma dimensão teórica, que se delineia segundo as características universais e necessárias da filosofia. Nasce a Pedagogia como saber autônomo, sistemático, rigoroso; nasce o pensamento da educação como episteme, e não mais como éthos e como práxis apenas. Paideia: nas suas origens e na sua acepção comum, indica o tipo de formação da criança (pais), mais idôneo a fazê-lo crescer e tornar-se homem, assume pouco a pouco nos filósofos o significado de formação, de perfeição espiritual, ou seja, de formação do homem no seu mais alto valor. Portanto, podemos dizer que a Paideia, entendida ao modo grego, é a formação da perfeição humana; Episteme: conhecimento verdadeiro, de natureza científica, em oposição à opinião infundada ou irrefletida; Éthos: conjuntodos costumes e hábitos fundamentais, no âmbito do comportamento e da cultura, característicos de uma determinada época ou região; Práxis: prática. Helenismo e a Educação Trata-se de uma época que se delineia uma cultura cada vez mais científica, mais especializada, mais articulada em formas diferenciadas entre si tanto pelos objetos quanto pelos métodos: é a época em que se desenvolve a ciência física em formas quase experimentais, em que apresentam a filosofia e a historiografia em formas amadurecidas, em que cresce a astronomia tanto quanto a geometria e a matemática, como também a botânica, a zoologia, a gramática, dando vida a uma enciclopédia bastante complexa do saber. Nesta época desenvolvem-se alguns centros de cultura: Rodes, Pérgamo, Alexandria; Alexandria em particular – fundada por Alexandre Magno em 932 a. C. no Egito, com a biblioteca e o museu, afirma-se como o centro de toda cultura helenística, literária, filosófica e científica. A Paideia no período helenístico pode ser compreendida como uma orientação de vida, ou seja, apresentava-se como um conjunto de orientações seguras, que indicavam o caminho da felicidade. Os “novos” educadores, além de ensinar o homem a especular em torna da verdade, buscavam enfatizar que era preciso aprender a viver de forma virtuosa. A vivência das virtudes era a garantia de uma vida feliz, por isso, a transmissão e a prática dos valores tornou-se o conteúdo primordial das escolas nesse período. Período Romano O texto-base da educação romana, como atesta Cícero, foi por muito tempo o das Doze tábuas, fixado em 451 a.C., no bronze e exposto publicamente no fórum, para que todos pudessem vê-lo. Nelas, sublinhava-se o valor da tradição (o espírito, os costumes, a disciplina dos pais) e delineava-se um código civil, baseado na pátria potestas e caracterizado por formas de relação social típicas de uma sociedade agrícola atrasada. Como modelo educativo, as tábuas fixavam à dignidade, a coragem, a firmeza como valores máximos, ao lado, porém, da pietas e da parcimônia. A educação na Roma arcaica teve, sobretudo, caráter prático, familiar e civil, destinada a formar em particular os civis romanus, superior aos outros povos pela consciência do direito como fundamento da própria “romanidade”. Os civis romanus era, porém, formado antes de tudo em família pelo papel central do pai, mas também da mãe, por sua vez menos submissa e menos marginal na vida da família em comparação com a Grécia. A mulher em Roma era valorizada como mater famílias, portanto reconhecida como sujeito educativo, que controlava a educação dos filhos, confiando-os a pedagogos e mestres. Diferente, entretanto, é o papel do pai, cuja auctoritas, destinada a formar o futuro cidadão, é colocada no centro da vida familiar e por ele exercida com dureza, abarcando cada aspecto da vida do filho (desde a moral até os estudos, as letras, a vida social). Para as mulheres, porém, a educação era voltada a preparar seu papel de esposas e mães, mesmo se depois, gradativamente, a mulher tenha conquistado maior autonomia na sociedade romana. O ideal romano da mulher, fiel e operosa, atribui a ela, porém, um papel familiar e educativo. Escola romana Foi a partir do século II a. C. que, em Roma, também se foram organizando escolas segundo o modelo grego, destinadas a dar uma formação gramatical e retórica, ligada à língua grega. Só no século I a. C. é que foi fundada uma escola de retórica latina, que reconhecia total dignidade à literatura e à língua dos romanos. Pouco tempo depois, o espírito prático, próprio da cultura romana, levou a uma sistemática organização das escolas, divididas por graus e providas de instrumentos didáticos específicos (manuais). Quanto aos graus, as escolas eram divididas em: 1. Elementares (ou do litterator ou ludus, dirigidas pelo ludi magister e destinadas a dar a alfabetização primária: ler, escrever e, frequentemente, também calcular. Tal escola funcionava em locais alugados ou na casa dos ricos; as crianças dirigiam-se para lá acompanhadas do paedagogus, escreviam com o estilete sobre tabuletas de cera, aprendiam as letras do alfabeto e sua combinação, calculavam usando os dedos ou pedrinhas – calculi, passavam boa parte do dia na escola e eram submetidas à rígida disciplina do magister, que não excluía as punições físicas); 2. Secundárias ou de gramática (nas quais se aprendia a cultura nas suas diversas formas: desde a música até a geometria, a astronomia, a literatura e a oratória; embora predominasse depois o ensino literário na sua forma gramatical e filosófica, exercido sobre textos gregos e latinos, através da lectio, da enarratio, da emendatio e do judicium); 3. Escolas de retórica - política, forense, filosófica etc. E elaboravam-se as suasoriae ou discursos sobre exemplos morais e as controversiae ou debates sobre problemas reais ou fictícios). Embora mais limitada em comparação à educação grega (eram escassas a gramática, a música, e também a ciência e a filosofia), mais utilitária, a formação escolar romana mantém bem no centro este princípio retórico e a tradição das artes liberais, resumidas no valor atribuído à palavra. Existiam também escolas para os grupos inferiores e subalternos, embora menos organizadas e institucionalizadas. Eram escolas técnicas e profissionalizantes, ligadas à os ofícios e às práticas de aprendizado das diversas artes. As técnicas eram ligadas num primeiro momento, ao exército e à agricultura, depois ao artesanato, e pôr fim ao artesanato de luxo. Período Medival No período medieval a educação era desenvolvida em estreita simbiose com a Igreja, com a fé cristã e com as instituições eclesiásticas que – enquanto acolhiam os oratores (os especialistas da palavra, os sapientes, os cultos, distintos dos bellatores e dos laboratores) – eram as únicas delegadas (com as corporações no plano profissional) a educar, a formar, a conformar. Da Igreja partiram os modelos educativos e as práticas de formação, organizavam-se as instituições ad hoc e programavam-se as intervenções, como também nela se discutiam tanto as práticas como os modelos. Práticas e modelos para o povo, práticas e modelos para as classes altas, uma vez que era típico também da Idade Média o dualismo social das teorias e das práxis educativas, como tinha sido no mundo antigo. Também a escola, como nós conhecemos, é um produto da Idade Média. A sua estrutura ligada à presença de um professor que ensina a muitos alunos de diversas procedências e que deve responder pela sua atividade à Igreja ou a outro poder (seja ele local ou não); as suas práticas ligadas à lectio e aos autores, a discussão, ao exercício, ao comentário, à arguição etc.; as suas práxis disciplinares (prêmios e castigos) e avaliativas vêm daquela época e da organização dos estudos nas escolas monásticas e nas catedrais e, sobretudo nas universidades. Vêm de lá também alguns conteúdos culturais da escola moderna e até mesmo da contemporânea: o papel do latim; o ensino gramatical e retórico da língua; a imagem da filosofia, como lógica e metafísica. Escolas paroquiais As primeiras remontam ao século II. Limitavam-se à formação de eclesiásticos, sendo o ensino ministrado por qualquer sacerdote encarregado de uma paróquia, que recebia em sua própria casa os jovens rapazes. À medida que a nova religião se desenvolvia, passava-se das casas privadas às primeiras igrejas nas quais o altar substitui a tribuna. O ensino era reduzido aos salmos, às lições das Escrituras, seguindo uma educação estritamente cristã. Escolas monásticas Visavam inicialmente, apenas à formação de futuros monges. Funcionando de início apenas em regime de internato, estas escolas abriram mais tarde escolas externas com o propósito da formação de leigos cultos (filhos dos Reis e os servidores também). O programa de ensino erade início, muito elementar - aprender a ler escrever, conhecer a bíblia (se possível de cor), canto e um pouco de aritmética – foi-se enriquecendo de forma a incluir o ensino do latim, gramática, retórica e dialética. Escolas palatinas Carlos Magno fundou ainda, junto da sua corte e no seu próprio palácio, a chamada Escola Palatin. Para apoio do seu plano de desenvolvimento escolar, Carlos Magno chamou o monge inglês Alcuíno. É sob a sua inspiração que, a partir do ano 787, foram emanados o decreto capitular para a organização das escolas. Estes incluíam as sete artes liberais, repartidas no trivium e no quadrivium. O trivium abraçava as disciplinas formais: gramática, retórica, dialéctica, esta última desenvolvendo-se, mais tarde, na filosofia; o quadrivium abraçava as disciplinas reais: aritmética, geometria, astronomia, música, e, mais tarde, a medicina. Escolas catedrais As escolas catedrais (escolas urbanas), saídas das antigas escolas monásticas (que alargaram o âmbito dos seus estudos), tomaram a dianteira em relação às escolas dos mosteiros. Instituídas no século XI por determinação do Concilio de Roma (1079), passam, a partir do século XII (Concilio de Latrão, 1179), a ser mantidas através da criação de benefícios para a remuneração dos mestres, prosperando nesse mesmo século. A atividade intelectual abre-se ao exterior, ainda que de forma lenta, absorvendo elementos das culturas judaica, árabe e persa, redescobrindo os autores clássicos, como Aristóteles e, em menor escala, Platão. Universidades Supõe-se que a primeira universidade europeia tenha sido na cidade italiana de Salerno, cujo centro de estudos remonta ao século XI. Além desta, antes de 1250, formaram-se no Ocidente a primeira geração de universidades medievais. São designadas de espontâneas porque nascem do desenvolvimento de escolas preexistentes. As universidades de Bolonha e de Paris estão entre as mais antigas. Outros exemplos são a Universidade de Oxford e a de Montpellier. Mais tarde, é a vez da constituição de universidades por iniciativa papal ou real. Exemplo desta última é a Universidade de Coimbra, fundada em 1290. Originalmente, estas instituições eram chamadas de studium generale, agregando mestres e discípulos dedicados ao ensino superior de algum ramo do saber (medicina, direito, teologia). Porém, com a efervescência cultural e urbana da Baixa Idade Média, logo se passou a fazer referência ao estudo universal do saber, ao conjunto das ciências, sendo o nome studium generale substituído por universitas. Período do Renascimento O Renascimento começou na Itália, no século XIV, e difundiu-se por toda a Europa, durante os séculos XV e XVI. Foi um período da história europeia marcado por um renovado interesse pelo passado greco-romano clássico, especialmente pela sua arte. Para se lançar ao conhecimento do mundo e às coisas do homem, o movimento renascentista elegia a razão como a principal forma pela qual o conhecimento seria alcançado. O renascimento deu grande privilégio à matemática e às ciências da natureza. A exatidão do cálculo chegou até mesmo a influenciar o projeto estético dos artistas desse período. Desenvolvendo novas técnicas de proporção e perspectiva, a pintura e a escultura renascentista pretendiam se aproximar ao máximo da realidade. Em consequência disso, a riqueza de detalhes e a reprodução fiel do corpo humano formavam alguns dos elementos correntes nas obras do Renascimento. O Humanismo representou tendência semelhante no campo da ciência. O renascimento confrontou importantes conceitos elaborados pelo pensamento medieval. No campo da astronomia, a teoria heliocêntrica, onde o Sol ocupa o centro do Universo, se contrapunha à antiga ideia cristã que defendia que a Terra se encontrava no centro do cosmos. Novos estudos de anatomia também ampliaram as noções do saber médico dessa época. Os humanistas eram homens letrados profissionais, normalmente provenientes da burguesia ou do clero que, por meio de suas obras, exerceram grande influência sobre toda a sociedade; rejeitavam os valores e a maneira de ser da Idade Média e foram responsáveis por conduzir modificações nos métodos de ensino, desenvolvendo a análise e a crítica na investigação científica. Humanismo: O Humanismo é um movimento filosófico surgido no século XV dentro das transformações culturais, sociais, políticas, religiosas e econômicas desencadeadas pelo Renascimento. Período Moderno Duas instituições educativas, em particular, sofreram uma profunda redefinição e reorganização na Modernidade: a família e a escola, que se tornaram cada vez mais centrais na experiência formativa dos indivíduos e na própria reprodução (cultural, ideológica e profissional) da sociedade. As duas instituições chegaram a cobrir todo o arco da infância – adolescência, como “locais” destinados à formação das jovens gerações, segundo um modelo socialmente aprovado e definido. A família, objeto de uma retomada como núcleo de afetos e animada pelo “sentimento da infância”, que fazia cada vez mais da criança o centro-motor da vida familiar, elaborava um sistema de cuidados e de controles da mesma criança, que tendiam a conformá-la a um ideal, mas também a valorizá-la como mito, um mito de espontaneidade e de inocência, embora às vezes obscurecido por crueldade, agressividade etc. Os pais não se contentavam mais em apenas pôr filhos no mundo. A moral da época impõe que se dê a todos os filhos, não só ao primogênito, e no fim dos anos seiscentos também as filhas, uma preparação para a vida. A tarefa de assegurar tal afirmação é atribuída à escola. Ao lado da família, a escola: uma escola que instruía, formava e ensinava não apenas conhecimentos, mas também comportamentos, que se articulava em torno da didática, da racionalização da aprendizagem dos diversos saberes, e em torno da disciplina, da conformação programada e das práticas repressivas (constritivas, mas por isso produtoras de novos comportamentos). Mas, sobretudo, uma escola que reorganizava suas próprias finalidades e seus meios específicos. Período Moderno Uma escola não mais sem graduação na qual se ensinavam as mesmas coisas a todos e segundo processos de tipo adulto, não mais caracterizada pela “promiscuidade das diversas idades” e, portanto, por uma forte incapacidade educativa, por uma rebeldia endêmica por causa da ação dos maiores sobre os menores e, ainda, marcadas pela “liberdade dos estudantes”, sem disciplina interna e externa. Com a instituição do colégio (no século XVI), porém, teve início um processo de reorganização disciplinar da escola e de racionalização e controle de ensino, através da elaboração de métodos de ensino/educação – o mais célebre foi a Ratio studiorum dos jesuítas que fixavam um programa minucioso de estudo e de comportamento, o qual tinha ao centro a disciplina, o internato e as “classes de idade”, além da graduação do ensino/aprendizagem. Também é dessa época a descoberta da disciplina: uma disciplina constante e orgânica, muito diferente da violência e autoridade não respeitada. A disciplina escolar teve raízes na disciplina religiosa; era menos instrumento de exercício que de aperfeiçoamento moral e espiritual, era buscada pela sua eficácia, como condição necessária do trabalho em comum, mas também por seu valor próprio de edificação. Enfim, a escola ritualizava o momento do exame atribuindo-lhe o papel crucial no trabalho escolar. O exame era o momento em que o sujeito era submetido ao controle máximo, mas de modo impessoal: mediante o controle do seu saber. Na realidade, o exame agia, sobretudo como instrumento disciplinar, de controle do sujeito, como instrumento de conformação. 3. A existência de um diálogo interétnico exposto implícita ou explicitamente nos textos do livro observado. O diálogo interétnico diz respeito às relações e trocasentre os vários povos e etnias diferentes. De maneira geral, podemos ver que o contato entre povos, entre etnias diferentes é marcado pelo estranhamento e pelo conflito e, não raro, pelo conflito violento. O contato interétnico entre, por exemplo, os portugueses e os nativos do “novo mundo” provocou a desagregação social e cultural de boa parte da população indígena, sem contar a eliminação física feita pelos colonizadores, seja pelas armas de fogo, seja pelas doenças por eles disseminadas. Não bastasse a espoliação que sofreu no passado, a situação do índio, no Brasil, atualmente, é bastante precária. O indígena tem sido alijado da condição de cidadania básica, de acesso a formas fundamentais de sobrevivência (terra e seus recursos naturais, saúde básica, entre outros aspectos). Apesar do encontro intercultural entre colonizadores e povos indígenas ter marcado um tempo de dominação daquele sobre este, houve, sem dúvida, uma relação de troca de elementos culturais e de mudança, em que as etnias em contato assimilaram determinados valores e costumes umas das outras, num processo intenso de dinâmica cultural. Diante disso, o que queremos demonstrar é que os povos indígenas, mesmo em uma situação de sujeição, não só receberam influência do “mundo dos brancos”, mas o influenciaram também no que tange aos modos de vida e à visão-de-mundo. Muitos padrões culturais, de um e de outro, foram mudados. A mudança cultural é algo que faz parte da própria constituição essencial da cultura. A mudança pode ocorrer por reações e reajustes endógenos e por motivações exógenas, advindas do contato intercultural, marcadas ou não por pressões e imposições externas. As trocas culturais entre sociedades diferentes é algo bastante comum e importante, pois possibilita que os membros de uma sociedade pensem sobre como organizam sua vida social, sobre seus tabus, interditos e pré-conceitos e revejam seu modus vivendi . A dinâmica cultural significa um dado fundamental para toda e qualquer sociedade e é um sinal de que a cultura está viva, em plena saúde. Ao se falar em relação interétnica, há uma questão que se relaciona diretamente com ela que é a do relativismo cultural. O relativismo cultural é uma teoria que implica a idéia de que é preciso compreender a diversidade cultural e respeitá-la, reconhecendo que todo sistema cultural tem uma coerência interna própria. Originalmente, a concepção de relativismo cultural tinha seu uso relacionado a um princípio operacional, metodológico. Assim pensado, o relativismo cultural é um instrumento metodológico fundamental para que o pesquisador realize, em culturas diferentes da sua, um trabalho antropológico sério, compreendendo que os traços culturais têm um significado e compõem o sistema cultural daquela sociedade ou grupo social. Os problemas começam quando o relativismo cultural é radicalizado, absolutizado, e seu significado é deslocado desse princípio metodológico. Sua radicalização prevê, na maioria das vezes, o não contato entre povos diferentes e a idéia de que se ele ocorrer será, inexoravelmente, ruim, uma imposição cultural de um grupo sobre o outro. Assim, não é raro vermos posições extremadas quanto às possíveis relações entre etnias indígenas, por exemplo, e grupos outros da sociedade envolvente. Elas são vistas como um tipo de intervenção que é necessariamente destrutiva e perigosa desses grupos em relação às etnias indígenas. Desse modo, uma possível relação dialógica entre etnias é obstruída com base na preservação fantasiosa de uma pretensa pureza cultural. 4. O livro expõe contribuições dos povos e dos fatos históricos na constituição dos modelos de formação do sujeito e na instituição do conhecimento? O processo de educação do homem foi fundamental para o desenvolvimento dos grupos sociais e de suas respectivas sociedades, razão pela qual o conhecimento de sua história e experiências passadas é essencial para a compreensão dos rumos tomados pela educação no presente. Educação na antiguidade Tomando a herança cultural deixada pela antiguidade como a fonte principal sobre a qual a civilização ocidental se ergueu, o legado deixado pelas principais cidades estados da Grécia Antiga – Esparta e Atenas – constitui-se como princípio de organização social e educativa que serviu de modelo para diversas sociedades no decorrer dos séculos. Reconhecida por seu poder militar e caráter guerreiro, o modelo de educação espartano baseava-se na disciplina rígida, no autoritarismo, no ensino de artes militares e códigos de conduta, no estímulo da competitividade entre os alunos e nas exigências extremas de desempenho. Por outro lado, Atenas tinha nos logos (conhecimento) seu ideal educativo mais importante. O exercício da palavra, assim como a retórica e a polêmica, era valorizado em função da prática da democracia entre iguais. Como herança da educação ateniense surgiram os sofistas, considerados mestres da retórica e da oratória, eles ensinavam a arte das palavras para que seus alunos fossem capazes de construir argumentos vitoriosos na arena política. Fruto da mesma matriz intelectual, porém em oposição ao pensamento sofista, o filósofo Sócrates propunha ensinar a pensar – mais do que ensinar a falar - através de perguntas cujas respostas dependiam de uma análise lógica e não simplesmente da mera retórica. Apesar de concepções opostas, tanto o pensamento sofista como o pensamento socrático contribuíram para a educação contemporânea através da valorização da experiência e do conhecimento prévio do aluno enquanto estratégias que se tornaram muito relevantes para o sucesso na aprendizagem do aluno na contemporaneidade. Educação na Idade Média Podemos reconhecer traços da tradição espartana na educação medieval. Os estudantes eram formados de acordo com o pensamento conservador da época e a educação desenvolvida em consonância com os rígidos dogmas da Igreja Católica. Cabe ressaltar que até o século XVII os valores morais e até mesmo os ofícios responsáveis pela garantia da subsistência eram transmitidos em grande parte dentro dos próprios círculos familiares, sendo que esses valores e códigos de conduta eram profundamente influenciados pelo pensamento religioso. Em contrapartida, com as Reformas Religiosas e o Renascimento inicia-se uma nova era para o Ocidente e é marcada pelo ressurgimento dos ideais atenienses nos discursos sobre os objetivos da Educação. O conhecimento era tipo como um corpo sagrado, essa matriz de pensamento permaneceu dominante e foi grande responsável pela concepção do papel da educação desde o desaparecimento do Antigo Regime até a constituição dos Estados Nacionais: o conhecimento passa a ser organizado para ser transmitido pela escola, através da autoridade do professor enquanto sujeito detentor do saber e mantenedor da ordem e da disciplina. Educação moderna Foi esse modelo de educação escolar centrado na figura do professor como transmissor do conhecimento que se expandiu ao longo dos séculos XVIII e XIX, impulsionado pela Revolução Industrial e a consequente urbanização e aumento demográfico. Além disso, o fortalecimento e expansão de regimes democráticos influenciou a reivindicação pelo acesso a escola enquanto direito do cidadão e à educação passa a ser atribuída a tarefa de formar cidadãos, cientes de direitos e deveres e capazes de exercê-los perante a sociedade. A partir de meados do século XIX, portanto, o modelo hierarquizado e autoritário de educação que caracterizou as instituições escolares até então passou a ser questionado por educadores como Maria Montessori, na Europa, e John Dewey, nos Estados Unidos. Impulsionados pelo desenvolvimento dos estudos de psicologia sobre aprendizagem e desenvolvimento humano, e com críticas a pedagogia tradicional e a forma como os conteúdos curriculares eram impostos aos alunos, esses e outroseducadores passaram a reivindicar a participação ativa dos alunos no processo de aprendizagem. Desta forma e como mencionado anteriormente, essas propostas resgataram princípios atenienses de educação ao valorizar a experiência anterior do aluno e seus conhecimentos prévios à aprendizagem escolar. Em função dessa trajetória histórica, cabe salientar que a Educação não atendeu sempre aos mesmos tipos de objetivos e toda a sua análise requer, antes de tudo, um intenso esforço de reflexão e contextualização. Através deste caminho pode-se melhor compreender métodos e teorias educacionais, pois observamos traços presentes nas práticas educativas atuais que remetem a herança deixada pelos modelos educativos analisados até aqui. Se, de um lado, está o valor da disciplina e do conhecimento a ser transmitido pela escola; e, de outro lado, a ideia de que o conhecimento é construído e consequentemente ninguém ensina nada a ninguém de forma definitiva; é importante a constatação de que essas correntes de pensamento não se excluem, uma vez que nos dias atuais é necessário conciliar o valor do conhecimento ao valor do engajamento dos alunos como estratégia para sanar as exigências de um mundo em contínuo desenvolvimento e marcado pelo fluxo constante de informação disponível a uma ampla gama de pessoas situadas em diferentes regiões do mundo. Como salienta Moacir Gadotti, o conhecimento tem presença garantida em qualquer projeção que se faça sobre o futuro; contudo, os sistemas educacionais ainda não conseguiram avaliar de maneira satisfatória o impacto das tecnologias da informação sobre a Educação. Logo, será preciso trabalhar em dois tempos: o tempo do passado e o tempo do futuro. Fazendo de tudo para superar as condições de atraso e, ao mesmo tempo, criando condições para aproveitar as novas possibilidades que surgem através desses novos espaços de conhecimento. Resultados Período Colonial Os padres jesuítas chegaram ao Brasil com a missão dada pelos colonizadores portugueses de domesticar a população indígena. Os “soldados” de Cristo faziam parte de uma ordem religiosa denominada de Companhia de Jesus, sua formação ocorre no século XVI após a Reforma Protestante, movimento religioso liderado por Martinho Lutero que se iniciou a partir da elaboração de um documento contendo 95 teses que denunciam os abusos cometidos pela Igreja Católica. Além de “domesticar” os indígenas facilitando o domínio do colonizador, os jesuítas também foram os responsáveis por implantar a primeira escola no Brasil, fundamentada basicamente em princípios religiosos. Da ordem dos agostinianos, Lutero denunciou através desse documento, os abusos praticados pela Igreja Católica, inclusive a prática da venda de indulgências, que consistia na venda do perdão. Juntamente com a publicação das teses, Lutero foi responsável pela tradução da Bíblia para o idioma alemão, até então as sagradas escrituras eram escritas em latim, o que restringia a leitura de um número maior de pessoas. A atitude de Martinho Lutero gerou uma crise dentro da poderosa Igreja Católica, a princípio sua intenção não era provocar uma divisão dos cristãos, mas sim orientá-los segundo o verdadeiro cristianismo. As teses de Lutero deram origem às primeiras igrejas protestantes na Europa. A denúncia dos crimes praticados pelo Papa, institucionalizadas pela Igreja levou muitos fiéis a abandonarem o catolicismo e seguirem os princípios orientados por Lutero. Essa queda no número de católicos motivou uma ação da igreja conhecida como Contrarreforma. A medida tinha como objetivo reconquistar os fiéis e conquistar novos adeptos nas terras recém-colonizadas pelos europeus. Uma das estratégias adotas pela contrarreforma foi à criação da Companhia de Jesus em 1534, os padres que formavam essa ordem tinham a missão de auxiliar os colonizadores na tarefa de “civilizar” os povos nativos e doutriná-los de acordo com os dogmas da religião católica. Os jesuítas chegaram ao Brasil em 1549 juntamente com o padre Manoel da Nóbrega e o governador geral Tomé de Souza, os religiosos tiveram grande importância no intermédio das relações entre os colonizadores e os indígenas. A ação dos “soldados” de Cristo de certa forma contribuiu para o aculturamento dos nativos, pois, para catequizá-los os padres tiveram que primeiro ensinar o português, no decorrer do processo de doutrinação as práticas religiosas sofreram forte influência dos rituais católicos. A educação ministrada pelos jesuítas era basicamente religiosa e estruturada nos moldes do ensino europeu. Além dos indígenas, os homens brancos e cristãos também estudavam nos colégios fundada pelos religiosos, os negros escravizados estavam excluídos do sistema de ensino. Primeira Instituição A primeira instituição de ensino criada no país foi o Colégio de Salvador da Bahia, fundado pelo padre Manoel da Nóbrega, em 1549 a segunda surgiu no ano seguinte fundada pelo jesuíta Leonardo Nunes em São Vicente, litoral de São Paulo. Basicamente a educação consistia em ensinar a ler, contar e a respeitar os princípios católicos. Com a expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal no século XVIII, o ensino passa a ser laico desvinculado da religião, no entanto a forte influência religiosa predominante na colônia dificultou essa separação. O ensino laico ganharia força no sistema educacional brasileiro apenas no final do século XIX. Família Real A transferência da família real portuguesa para o Brasil em 1808 deu um novo impulso para a educação. João VI promoveu uma série de mudanças na tentativa de tornar o ambiente cultural da sociedade colonial o mais próximo possível da metrópole, a criação das primeiras faculdades de medicina na Bahia e no Rio de Janeiro em 1808 e da Escola de Belas Artes em 1816, impulsionou o desenvolvimento científico no Brasil. Apesar desses avanços, as primeiras universidades brasileiras só foram criadas no início do século XX. Durante o Primeiro Reinado foram criadas as primeiras escolas primárias, a lei sobre o Ensino Elementar foi aprovada em 1827 e determinava a implantação dessas instituições de ensino em todas as províncias e vilas do império. O fracasso da lei pode ser percebido em números, apenas 10% da população em idade escolar estava matriculada nas escolas. Em 1834 a criação de um ato adicional destinava as províncias a organização do ensino primário e ao governo federal o ensino superior. Nesse período surgiram os primeiros liceus e no âmbito das escolas privadas houve um grande crescimento de instituições escolares fundamentadas em princípios religiosos. Período Republicado No início do período republicano, a educação sofreria forte influência da “Escola Nova”, movimento surgido na Europa e que depositava na educação o caminho para a resolução dos problemas sociais. O crescimento urbano e industrial nas primeiras décadas do século XX interferiu na criação de um modelo educacional que atendesse as necessidades do mercado socioeconômico. Para os adeptos da Escola Nova, as reformas educacionais deveriam ser orientadas com base em uma educação capaz de formar profissionais habilitados a trabalhar nos diversos setores da sociedade. Outra inovação nesse período foi à criação de um sistema de ensino seriado, agora os alunos seriam agrupados em turmas de acordo com a idade. No governo de Getúlio Vargas a educação ganha maior destaque, a escola deve ser utilizada como mediadora dos conflitos sociais contribuindo para a criação de novos saberes que sejam capazes de desenvolver o homem com um ser crítico e pensante. Em 1930, foi criado o Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública. Período do Regime Militar Durante o governo militar (1964-1985) a educação ganhou um destaque especial, a formação de agremiações estudantis que contestavam os métodos utilizados pelo regime dos militares motivouo aumento do autoritarismo e da repressão em torno dos educadores e dos estudantes, a dissolução da União Nacional dos Estudantes em 1967 ilustra muito bem esse temor do governo em relação às instituições de ensino. A inserção de disciplinas como Organização Social e Política Brasileira (OSPB) e Educação Moral e Cívica comprova que o governo utilizava o sistema educacional como instrumento para alcançar os seus objetivos. Com o fim do regime militar e a abertura democrática, a Constituição de 1988 demonstrou a preocupação do governo com os rumos da educação, quando delimita um prazo de dez anos para a universalização do ensino e erradicação do analfabetismo. Em 1996 foi promulgada a nova LDB – Lei das Diretrizes Básicas, a lei 9394/96 dita às orientações necessárias para a organização do sistema educacional. A primeira LDB foi criada em 1961, a segunda em 1971 e a terceira de 1996 vigora até os dias de hoje. Um dos grandes avanços é a obrigatoriedade do governo em garantir o atendimento de crianças entre zero e seis anos, a educação infantil passa a ser a primeira etapa da educação básica, seguida pelo ensino fundamental e ensino médio. Apesar de a LDB ditar as normas da educação em todo o território nacional, ela concede ampla liberdade para a organização educacional nos municípios. Um dos desafios da Lei de Diretrizes e Bases está em garantir uma educação de qualidade capaz de contribuir para o desenvolvimento por completo do cidadão e amenizar as desigualdades geradas por questões socioeconômicas. Conclusão Ao propor uma reflexão sobre a educação brasileira, vale lembrar que só em meados do século XX o processo de expansão da escolarização básica no país começou, e que o seu crescimento, em termos de rede pública de ensino, se deu no fim dos anos 1970 e início dos anos 1980. Com isso posto, podemos nos voltar aos dados nacionais: O Brasil ocupa o 53º lugar em educação, entre 65 países avaliados (PISA). Mesmo com o programa social que incentivou a matrícula de 98% de crianças entre 6 e 12 anos, 731 mil crianças ainda estão fora da escola (IBGE). O analfabetismo funcional de pessoas entre 15 e 64 anos foi registrado em 28% no ano de 2009 (IBOPE); 34% dos alunos que chegam ao 5º ano de escolarização ainda não conseguem ler (Todos pela Educação); 20% dos jovens que concluem o ensino fundamental, e que moram nas grandes cidades, não dominam o uso da leitura e da escrita (Todos pela Educação). Frente aos dados, muitos podem se tornar críticos e até se indagar com questões a respeito dos avanços, concluindo que “se a sociedade muda, a escola só poderia evoluir com ela”. Talvez o bom senso sugerisse pensarmos dessa forma. Entretanto, podemos notar que a evolução da sociedade, de certo modo, faz com que a escola se adapte para uma vida moderna, mas de maneira defensiva, tardia, sem garantir a elevação do nível da educação. Logo, agora não mais pelo bom senso e sim pelo costume, a “culpa” tenderia a cair sobre o profissional docente. Dessa forma, os professores se tornam alvos ou ficam no fogo cruzado de muitas esperanças sociais e políticas em crise nos dias atuais. As críticas externas ao sistema educacional cobram dos professores cada vez mais trabalho, como se a educação, sozinha, tivesse que resolver todos os problemas sociais. Já sabemos que não basta, como se pensou nos anos 1950 e 1960, dotar professores de livros e novos materiais pedagógicos. O fato é que a qualidade da educação está fortemente aliada à qualidade da formação dos professores. Outro fato é que o que o professor pensa sobre o ensino determina o que o professor faz quando ensina. O desenvolvimento dos professores é uma precondição para o desenvolvimento da escola e, em geral, a experiência demonstra que os docentes são maus executores das ideias dos outros. Nenhuma reforma, inovação ou transformação – como queira chamar perdura sem o docente. É preciso abandonar a crença de que as atitudes dos professores só se modificam na medida em que os docentes percebem resultados positivos na aprendizagem dos alunos. Para uma mudança efetiva de crença e de atitude, caberia considerar os professores como sujeitos. Sujeitos que, em atividade profissional, são levados a se envolver em situações formais de aprendizagem. Mudanças profundas só acontecerão quando a formação dos professores deixar de ser um processo de atualização, feita de cima para baixo, e se converter em um verdadeiro processo de aprendizagem, como um ganho individual e coletivo, e não como uma agressão. Certamente, os professores não podem ser tomados como atores únicos nesse cenário. Podemos concordar que tal situação também é resultado de pouco engajamento e pressão por parte da população como um todo, que contribui à lentidão. Ainda sem citar o corporativismo das instâncias responsáveis pela gestão – não só do sistema de ensino, mas também das unidades escolares – e também os muitos de nossos contemporâneos que pensam, sem ousar dizer em voz alta, “que se todos fossem instruídos, quem varreria as ruas”; ou que não veem problema “em dispensar a todos das formações de alto nível, quando os empregos disponíveis não as exigem”. Enquanto isso, nós continuamos longe de atingir a meta de alfabetizar todas as crianças até os 8 anos de idade e carregando o fardo de um baixo desempenho no IDEB. Com o índice de aprovação na média de 0 a 10, os estudantes brasileiros tiveram a pontuação de 4,6 em 2009. A meta do país é de chegar a 6 em 2022. Referências Bibliográficas: ALVES, LORENA CASTRO. A História da Educação no Brasil. Disponível em https://escolaeducacao.com.br/historia-da-educacao-no-brasil/. Acessado em: 22/04/2020. AZEVEDO, GISLANE CAMPOS; SERIACOPI, REINALDO. História Volume Único, 1º Edição, São Paulo-SP, Editora Ática, 2009. BRUINI, ELIANE DA COSTA. Educação no Brasil: Espera-se que a educação no Brasil resolva, sozinha, os problemas sociais do país. No entanto, é preciso primeiro melhorar a formação dos docentes, visto que o desenvolvimento dos professores implica no desenvolvimento dos alunos e da escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/educacao/educacao-no-brasil.htm. Acessado em 22/04/2020. PEREIRA, LUCILA CONCEIÇÃ. História da Educação. Disponível em: https://www.infoescola.com/pedagogia/historia-da-educacao/. Acessado em: 14/04/20 PINEZI, ANA KEILA MOSCA. Infanticídio Indígena, relativismo cultural e direitos humanos: elementos para reflexão. Disponível em: https://www.pucsp.br/revistaaurora/ed8_v_maio_2010/artigos/ed/2_artigo.htm. Acessado em: 14/04/20 PORTAL SÃO FRANCISCO. Educação no Brasil. Disponível em: https://www.portalsaofrancisco.com.br/historia-do-brasil/educacao-no-brasil. 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