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03/10/2022 07:16 Abordagem gestáltica e psicoterapia
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03753/index.html# 1/56
Abordagem gestáltica e psicoterapia
Prof.ª Regina Canedo de Souza
Descrição
O processo de psicoterapia na abordagem gestáltica, o papel do psicoterapeuta, os recursos técnicos
utilizados, o processo de avaliação diagnóstica e alta do cliente.
Propósito
A psicoterapia gestáltica ancora sua prática na relação que é desenvolvida na experiência terapêutica no
aqui-agora, em que o cliente identifica suas formas de contato, que podem ser saudáveis ou não, seus
recursos internos, passando a integrar experiências passadas com a vida atual com abertura para uma vida
mais autêntica, com responsabilidade para fazer novas escolhas e ser o que ele é.
Objetivos
Módulo 1
O terapeuta como instrumento de trabalho
Reconhecer a importância da relação terapêutica como recurso de trabalho.
Módulo 2
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Recursos psicoterapêuticos
Identificar os recursos psicoterapêuticos.
Módulo 3
Diagnóstico processual
Reconhecer o pensamento diagnóstico processual.
Módulo 4
Processo de alta
Analisar os sinais relacionados ao término da psicoterapia.
Introdução
Todos nós sabemos que as relações interpessoais são muito importantes no desenvolvimento do ser
humano, não é? E é justamente disso que trataremos aqui na abordagem gestáltica, também conhecida
como Gestalt-terapia.
A Gestalt se fundamenta nas contribuições da fenomenologia, existencialismo e humanismo e na
Psicologia da Gestalt e da Teoria de Campo, organísmica e holística. Justamente por essa abertura para
várias áreas do conhecimento, recebeu duras críticas; contudo, se consolidou como a conhecida terapia do
contato ou do aqui-agora.
A terapia em Gestalt é um o processo que amplia a awareness (“consciência de”) e do comportamento,
promovendo uma investigação atenta e contínua do cliente em busca de ser quem é. A seguir,
desenvolvemos os pontos principais que caracterizam essa abordagem.

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1 - O terapeuta como instrumento de trabalho
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a importância da relação terapêutica
como recurso de trabalho.
O encontro e o contato
O que é o encontro?
O encontro é o disparador da relação para o processo terapêutico. Isso mesmo, o encontro acontece entre a
pessoa e o terapeuta que recebe, acolhe, ouve e se coloca disponível, de forma ética e amorosa para a
relação acontecer livre e espontaneamente. Assim, para a Gestalt-terapia é fundamental entregar-se ao
encontro, um encontro pleno, tendo como sinônimo o cuidado.
A pessoa vem ao encontro porque sofre, está confusa ou simplesmente não sabe como caminhar em um
determinado período da vida. Envolta em seus conflitos existenciais, precisa ser vista, considerada e
respeitada em todas as suas dimensões, como ser único que é.
Primordial é a aceitação da pessoa, tal como ela se apresenta, mesmo entendendo que essa visão inicial
pode representar uma parte do todo que ainda não é completamente conhecida.
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O olhar será atento para a maneira como ela está naquele momento presente. Nessa relação não cabe
qualquer julgamento, crítica ou mesmo classificação de autoridade, mas reflexões e compartilhamento de
percepções e afetações provenientes do que acontece ali, ensaiando um novo ponto de vista.
Cliente e terapeuta têm funções diferentes no processo, no qual um deles busca auxílio e o outro se coloca
como servidor. Ambos caminharão juntos na verdade, nos mistérios e fantasias, até que a relação
amadureça e surja a confiança necessária, para no tempo oportuno surgir seu ser integral.
Re�exão
O terapeuta está a serviço do cliente. Ele acolhe em todas as dimensões, compreendendo cada expressão
como parte de um todo que possui um sentido de existir no contexto atual da vida da pessoa. Suas
percepções iniciais servirão de base para a formulação de hipóteses e ajudarão nas perguntas iniciais de
exploração para conhecer melhor o outro (o cliente).
Ele cria o espaço terapêutico para funcionar como local experimental, onde o cliente possa (re)iniciar a
investigação de si próprio, para que conquiste consciência e crescimento.
Cabe lembrar que o encontro nem sempre acontece de forma direta pela ação da própria pessoa. Ocorre
com frequência por indicação de alguém que entendeu que uma terapia lhe seja proveitosa, como, por
exemplo, um médico, um colega do trabalho ou um amigo.
De�nindo contato
Para a Gestalt, o contato está intimamente relacionado às relações do indivíduo em todas as esferas e
sistemas, sejam pessoas ou objetos. A forma no estabelecimento de vínculos fornecerá elementos de seu
sistema de funcionamento, e se ele é funcional e criativo (atende às suas necessidades) ou disfuncional
(tem um funcionamento precário, não atendendo às suas necessidades).
O contato se dá pelo corpo, pelos órgãos dos sentidos, mas também por meio do espaço. Conversar e ver,
por exemplo, estão muito mais acessíveis na maioria dos contextos das relações entre as pessoas.
Podemos citar também o movimento e a linguagem verbal. Todos esses processos fazem parte da função
de contato.
O contato é vital para a humanidade, e cada indivíduo desenvolve seu estilo próprio
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de acordo com suas vivências ao longo da vida e as necessidades e/ou
dificuldades que experimentou ao longo do seu desenvolvimento.
Esta já é uma afirmativa importante que embasa o trabalho terapêutico:
É impossível permanecer o mesmo depois do contato.
(POLSTER, 2001)
Aceitação necessária
Aceitar não é sinônimo de concordar, mas acolher a pessoa em entendimento ainda rudimentar. Por isso o
uso de atividades/técnicas para ajudar o cliente a experimentar desempenhar outros papéis e sentimentos,
provocando um movimento ativo nas relações.
Para ajudar alguém, você precisa olhar a pessoa do jeito que contemplaria algo muito importante para você,
se entregar mesmo, para captar a essência da pessoa que está ali. É estar completamente imerso no
momento relacional.
Lembre-se de que o cliente, ao mesmo tempo que sofre, quer manter sua integridade. Ele se apresenta com
o que sabe até então sobre si próprio. Ele pode sentir que está cuidando de si, ou delegando isso ao
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terapeuta, pois ainda não consegue identificar adequadamente suas necessidades.
Vamos falar de satisfação de necessidades!
Pois é, todos nós temos necessidades que precisam ser satisfeitas, não é mesmo? Vejamos: quando você
está com sono, precisa dormir; quando está com sede, precisa beber água. Esses são exemplos de
necessidades básicas de ordem fisiológica; contudo, possuímos outras necessidades de segurança, sociais
e emocionais.
Acontece que nem sempre a necessidade que se apresenta pode ser satisfeita de
imediato, ou porque não percebemos, ou porque não está disponível no meio a
possibilidade para resolvê-la rapidamente, gerando um desconforto.
Imagine uma criança pequena que chora, que não identifica que está se sentindo insegura; ela ainda não
tem conhecimento disso e também não sabe verbalizar. O adulto responsável pelo cuidado precisa perceber
e atendê-la para permitir que ela se sinta segura, ou numa linguagem gestáltica, que ela possa fechar esse
ciclo do contato.
Quando as necessidades são satisfeitas, dizemos que o ciclo foi fechado de forma saudável; mas, quando
não são satisfeitas, essa experiência pode criar bloqueios de contato, principalmente se elasocorrem com
frequência.
Ao identificar uma necessidade, o organismo sinaliza uma sensação que, uma vez
reconhecida (awareness), no momento seguinte mobiliza a energia para solucionar
o problema e fechar esse ciclo. Esse é um processo contínuo, pois, ao solucionar
uma necessidade, outras tantas surgem ou esperam ser atendidas. Esse é o ciclo
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da vida.
Para compreendermos melhor o que foi descrito, observe a figura a seguir:
Quando fechamos um ciclo, abrimos outros tantos e assim vamos atualizando nossa ação no mundo. Esse
é um processo que não tem fim.
Atenção!
É função da terapia restaurar as funções de contato que, por qualquer motivo, foram perdidas ou
interrompidas, na relação terapêutica. As interrupções ou rupturas no ciclo podem ser entendidas como
mecanismos de defesa e afetam o pleno desenvolvimento saudável.
Relação �gura/fundo e sua importância na GT
Esse conceito de figura e fundo foi descrito por Kohler, Koffka e Wertheimer e se refere aos fenômenos
perceptivos e cognitivos que influenciaram a GT (Gestalt-terapia).
Chamamos de figura o tema que se destaca na história trazida pelo cliente, e de fundo o que está no
entorno.
Na imagem, dependendo do que observemos com atenção (parte clara ou escura), veremos dois perfis
humanos ou uma taça.
Qual a importância disso para o crescimento do cliente?
Pois bem, acontece que em vários momentos entramos no “estado de piloto automático”. Ficamos
Sensação
Retração Retração
Ação Contato final e novo inícioAwareness
Mobilização de energia
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dispersos e imersos em tantas questões que não sabemos diferenciar a figura do fundo ou temos
dificuldade de identificar prioridades, dando respostas insuficientes às necessidades emergentes.
Consequentemente, temos dificuldade nos contatos.
A pessoa considerada saudável consegue identificar com mais facilidade o que se destaca nas exigências
do cotidiano e se movimenta na direção daquilo que é importante, ao passo que uma pessoa conturbada
apresenta dificuldade na discriminação da figura e fundo, perdendo tempo e energia em situações
irrelevantes, afetando seu desenvolvimento mais amplo.
Bloqueio, fronteira e awareness
Compreendendo o ciclo de contato
Acontece que nem sempre nossas necessidades são resolvidas, e outras vezes não encontramos aquilo de
que necessitamos, gerando os entraves ou bloqueios de contato. Vamos ver o que é isso?
Para compreendermos melhor, precisamos avaliar a qualidade do contato e se existe algum padrão mais
frequente nas formas de se relacionar do cliente, seja na relação amorosa, familiar, de trabalho, entre outras.
Mas precisamos entender que nem todo bloqueio é ruim, sendo em alguns
momentos necessário para a própria proteção, em situações em que nos sentimos
ameaçados ou em perigo.
Podemos citar o caso de uma pessoa que se sente invadida em sua intimidade, nutrindo a sensação de
medo e constrangimento. Rapidamente ela pode precisar romper o contato para se preservar. Por outro
lado, quando por algum motivo isso não acontece, essa pessoa está com falha nos seus mecanismos de
defesa, mantendo a situação de risco.
Atenção!
Portanto, é muito importante entendermos que os bloqueios de contato ou resistências apresentam uma
função. Sendo assim, o psicoterapeuta não tem o papel de retirar um bloqueio para que haja a mudança. Ele,
contudo, precisa compreender a função que busca atender naquele momento, para que o cliente possa
tomar consciência de, e, no processo, encontrar novas formas de enfrentamento, sem pressa.
Qual é o papel das resistências?
As resistências funcionam como barreiras para o pleno desenvolvimento do ciclo do contato ou de
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satisfação das necessidades.
As principais resistências são:
Aqui você encontra algumas formas sintetizadas para compreender como as resistências funcionam:
Exclusão da fronteira entre o cliente e o meio. Uma mãe e seu bebê estão em confluência sadia, mas
uma criança de 12 anos incapaz de assumir uma posição diferente da mãe sofre de confluência
patológica.
Consiste em “engolir por inteiro" as ideias ou princípios dos outros, sem que tenham sido
assimilados para si. Entende que “deveria” fazer algo baseado na educação recebida.
Consiste em atribuir ao outro algo que é seu. “A culpa é sempre do outro". Apresenta dificuldade em
se perceber.
Confluência
Introjeção
Projeção
Retroflexão
Confluência 
Introjeção 
Projeção 
Retroflexão 
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Consiste em voltar para si a energia mobilizada ou fazer a si o que gostaria que os outros fizessem.
Não fala o que deseja, não chora, não solta para o meio algo que fica contido.
Sabe aquelas situações que vamos deixando passar, deixando de lado e de repente começam a incomodar?
Esse pode ser um exemplo de situações em que não nos debruçamos porque perdemos o contato com
aquilo; contudo, elas vão se avolumando e em algum momento passam a incomodar. Querem ser vistas e
solucionadas.
Os conflitos podem ser saudáveis ou não. Eles podem bloquear ou promover um movimento positivo de
mudança.
Espera-se que o cliente adquira maior flexibilidade para sair do sistema paralisante e consiga ativar a
transformação necessária a partir do trabalho realizado em psicoterapia.
Fronteira de contato
A fronteira de contato é concebida pela Gestalt-terapia como o tempo-lugar do encontro. Ela consiste em:
encontrar a novidade, o outro, o diferente, o estranho a mim e, permanecendo nesta fronteira – de contato –,
viver a experiência do estranhamento, do excitamento e do crescimento por meio da criação. (ALVIM, 2019).
Pensar em fronteira é imaginar um lugar demarcado como num mapa — ela une e separa o organismo e o
meio. Esse lugar só existe para demonstrar didaticamente as divisões, sejam elas a fronteira entre o pensar
e o fazer; entre a criança e o adulto; entre mim e o outro; e assim por diante. A fronteira de contato funciona
como um mapa e delimita o encontro. Nessa fronteira eu posso me identificar (aproximação) com o que é
semelhante, que me é mais fácil lidar (zona de conforto). Eu "escolho", mesmo que de forma não tão
consciente, aquilo que me é familiar e que não vai gerar desconforto.
Mas existe o lugar de alienação (separação), quando eu identifico que algo é novo e que eu não quero me
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relacionar com isso (meio ou pessoa). Eu "escolho" deixar isso fora da minha fronteira. Nesse momento, o
entendimento a priori é evitar o desconforto.
Saiba mais
Quando usamos um padrão repetitivo de funcionamento, podemos criar as cristalizações ou fixações no
padrão de interação e contato. Assim, respondemos sem diferenciação as demandas da vida e nos
fechamos para o novo, empobrecendo nosso crescimento e restringindo nossa atuação na vida.
Com essa forma de funcionamento, é possível que os contatos sejam inviabilizados. O processo terapêutico
busca favorecer a awareness para evitar a cristalização, permitindo novas formas de lidar, para um
movimento de transformação e um ajustamento criativo mais saudável.
Awareness
O termo awareness nos leva à palavra consciência; mais precisamente, ela nos remete à “consciência de” ou
ao “saber da experiência” e continua sendo usada na Gestalt-terapia e mantida em seu formato original na
língua inglesa, também para marcar uma diferença dos termos da Psicanálise.
A awareness, para Ginger é:
A tomada de consciência global no momento presente, atenção ao conjunto da
percepção pessoal,corporal e emocional, interior e ambiental (consciência de si e
consciência perceptiva).
(GINGER, 1995, p. 254)
É algo que flui da experiência imediata, a partir de sentir os estímulos presentes no meio (campo). Essa
experiência corrobora com a criação de perspectivas inovadoras para interagir de forma diferente e que
produzem um saber genuíno, pela experiência adquirida, conseguindo configurar ou reconfigurar seus
contatos.
Já imaginou como seria sua vida com essa função desenvolvida, com grande poder
de discriminação do que acontece, podendo ressignificar situações passadas no
momento presente?
A awareness é o ponto principal para a restauração do equilíbrio do organismo para um funcionamento
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adequado. O desenvolvimento da awareness visa à integração das partes desconhecidas ou
desorganizadas.
Para exemplificar, podemos imaginar uma cena de filme em que não conseguimos distinguir as partes;
quando melhorada a configuração do aparelho, as partes ficam mais nítidas e harmônicas. A falta de
awareness pode ser exemplificada como a falta de clareza para distinguir elementos numa situação.
É um exercício de estar presentes para nós mesmos no ambiente. Inicialmente pode até parecer estranho,
mas é libertador.
Curiosidade
Você sabia que a Gestalt não trabalha apenas com pessoas consideradas doentes e com traumas? Ela
também acolhe pessoas que desejam desenvolver alguma área da vida e buscam ajuda para isso. Você verá
isso mais à frente, quando abordarmos os vários recursos terapêuticos.
Relação dialógica
O que é relação dialógica?
A relação dialógica acontece no diálogo entre cliente e terapeuta; assim, ela é o eixo central da abordagem.
Tudo se inicia na forma de relação estabelecida entre psicoterapeuta e cliente.
De acordo com Friedman (apud HYCHNER, 1995), a psicoterapia dialógica seria
uma terapia centrada no encontro do terapeuta com seu cliente. Por não pertencer
a nenhuma escola específica, seria mais uma abordagem do que uma linha
psicoterapêutica.
Cliente e terapeuta usam suas percepções, sentimentos e sensações sobre o que acontece no momento da
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sessão terapêutica para favorecer a awareness.
Aqui, as intervenções do psicoterapeuta podem auxiliar nas percepções e entendimentos das situações
apresentadas e com isso clarificar o entendimento sobre uma dada situação.
Exemplo
Uma cliente relata na sessão que está muito feliz por ter sido promovida a um cargo importante na empresa
em que trabalha, porém suas expressões faciais são de medo; o terapeuta passa a expressar sua percepção
em palavras. A cliente, com essa "revelação", pode se aperceber sobre outro aspecto, passando a considerar
o receio de não atender às expectativas do seu chefe, o que passam a discutir na sessão.
No diálogo genuíno que acontece entre cliente e terapeuta, espera-se que ambos se disponibilizem para o
encontro, com comunicação franca e com abertura necessária para ouvir, falar, sentir, tocar e afetar
simultaneamente.
Cria-se assim uma relação singular e de confiança.
Amorosidade e criatividade
Quem disse que só existe diálogo verbal? Aqui ele se inicia pelas vias sensoriais, pelas sensações corporais
presentes em cada um, terapeuta e cliente; os sentimentos resultam da experiência para depois serem
elaborados cognitivamente.
Para Cardella (1994), o amor é o instrumento e alicerce primeiro do trabalho terapêutico.
O amor terapêutico manifesta-se através de um estado e um modo de ser
caracterizados pela integração e diferenciação da personalidade que nos permite ver,
aceitar e encontrar o outro (cliente) como um ser único, diferenciado e semelhante na
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( ) ,
sua condição de humano.
(CARDELLA, 1994, p. 42)
Zinker (2007) se refere à relação terapêutica como um processo criativo semelhante ao momento em que
estamos apaixonados, cheios de anseios e repletos de alegria. Existe um êxtase no encontro. Uma entrega
desprendida, beneficente, preocupada com o bem-estar do outro, sem me perder. É um momento lindo de
exploração pessoal, carregado de estranheza e dúvidas, mas também de descobertas, produzindo
encantamento e beleza. É um resgate da essência perdida ou desconectada que faz parte da totalidade.
Sabe aquele elo perdido? Dá um sentido enorme à descoberta. Veja agora um exemplo dessa relação.
A GT é uma experiência existencial que oferece uma estrutura e organização de trabalho que favorece o
desabrochar criativo do cliente de forma dinâmica e vibrante, em que ele tenha clareza para assimilar os
ganhos adquiridos e levá-los para sua vida. Essa experiência é uma realidade pessoal, única, que pode ser
contada e provocar algo no outro.
O cliente é convidado a vivenciar uma série de experimentos no espaço terapêutico para que, em seu tempo,
possa tecer uma noção nova de si. É claro que nem sempre tudo é calmo e simples; os entraves e
dificuldades acontecem, o que permite maior profundidade na investigação do seu estado interior.
O terapeuta deve ajudar a focalizar, instigar e modificar essa situação a serviço de um novo comportamento,
mais adaptativo.
A GT busca, por meio do processo terapêutico, alcançar:
O desenvolvimento de mais awareness das sensações, dos sentimentos, no ambiente em que
se está inserido.
Buscar identificar formas de satisfazer as suas necessidades com respeito e consideração
l t
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Eu-tu e Eu-isso
Para compreendermos melhor essa forma de relação, Martin Buber (2008) aponta que ela pode ser de dois
tipos:
pelas outras pessoas.
Estar sensível ao que acontece no meio, sendo capaz de se autorregular de forma
satisfatória.
Experiência de viver plenamente seu momento presente, ativando todos os sentidos
disponíveis.
Assumir as suas escolhas e as consequências decorrentes delas.
Acolher a pessoa com toda sua singularidade na celebração de uma vida mais equilibrada.
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Eu-tu
Refere-se à forma como nos relacionamos com as outras pessoas, de modo autêntico. Aqui cabe lembrar
que a condição humana de cada uma das partes é respeitada. A aceitação e reconhecimento de suas
necessidades e possibilidades são consideradas. Essa relação ocorre em mão dupla, sendo possível
encontrar novas maneiras de sentir, pensar, agir e de fazer escolhas que servirão de "experiências" para
novas vivências de contato com os outros e com o meio.
Eu-isso
Refere-se às relações que aparecem nas questões mais cotidianas, quando a relação acontece, digamos,
de forma operacional, em que um faz uso do outro para um determinado fim específico. Isso mesmo:
trata-se de uma situação na qual, tão logo a necessidade tenha sido satisfeita, o outro é deixado. Em
geral, são relações superficiais e de mão única, não existindo reciprocidade.
Ambos os formatos, eu-tu e eu-isso, apresentam-se em vários momentos da relação, de acordo com o
contexto em que o contato acontece; contudo, a relação eu-tu é a mais esperada, haja vista que, com maior
consciência, teremos condições de construir melhores relações.
Para viver de maneira saudável, devemos buscar uma alternância entre a relação eu-tu e eu-isso,
procurando superar a atitude eu-isso, para possibilitar o diálogo.
Re�exão
Atualmente temos nos deparado com muitas relações eu-isso, desprovidas de consideração e respeito
pelos sentimentos alheios, sendo esse um ponto de alerta para refletirmos sobre como estão acontecendo
as relações na vida contemporânea.
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Nas relações eu-isso, não existe reciprocidade, como no exemplo a seguir :
Compreendendo a relação dialógica
Neste vídeo, a especialista refletirá sobre as fundamentações epistemológicas da relação dialógica e suas
implicações na prática psicoterápica.
Cuidados do terapeuta
Envolvimento controlado
Refere-se à atitude de engajamento e ética na relação terapêutica, preconizada na Gestalt. Espera-se que a
participação seja plena como pessoa dedicada e disponível não para si mesma, mas para o cliente. Espera-
se também uma exploração cuidadosa e atenta para os processos de transferência e contratransferência
que poderão surgir no processo. Agora, vamos ver com mais detalhes estes dois processos de:

Transferência 
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São observados como fenômenos transferenciais espontâneos, devendo ser explorados
constantemente.
É o conjunto de respostas conscientes e inconscientes ou espontâneas do terapeuta, induzidas pelo
cliente, que podem intervir no processo terapêutico. Embora a relação seja pautada na
espontaneidade, o terapeuta deve cuidar e refletir sobre o que foi mobilizado em si, para então
compartilhar o que pode ser produtivo para o cliente apenas, com delicadeza e respeito ao tempo
dele para processar essas novas informações e entendimentos. Esse nível de clareza é fundamental
para que cada um exerça seu papel, não se deixando levar pelas invasões de situações.
Apesar de alguma curiosidade sobre a vida do cliente, afinal, somos humanos, o terapeuta deve ser parceiro
e expectador do fenômeno que acontece na sessão terapêutica, e somente isso importa no momento
presente.
Formação
É esperado que o terapeuta já tenha cumprido sua vivência de terapia pessoal em alguma abordagem;
preferencialmente se tiver sido na mesma que vai desenvolver. Assim, estará mais familiarizado com suas
formas de atuação e desenvolvimento possíveis, o que também poderá ser adquirido por meio de cursos de
formação específica.
É muito importante que ele tenha trabalhado suas vivências para identificar seus limites e possibilidades.
Não se espera, contudo, que ele esteja livre de pendências a resolver, mas que ele tenha condições
suficientes para evitar de assumir casos que ele não tenha condições de sustentar.
Pedido de supervisão e orientação
Ocorrendo qualquer dificuldade no processo, o terapeuta poderá buscar supervisão de um colega para
auxílio ou mesmo retomar seu processo terapêutico.
O terapeuta, com seus conhecimentos técnicos e as orientações da prática clínica, prescrita pelo Conselho
de Psicologia, navega na compreensão de suas necessidades fundamentais pautado na conduta ética.
Busca assim zelar e compreender o cliente de forma integral, considerando suas
Contratransferência 
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formas de contato e repertório de satisfação de seus anseios, sistemas de valores,
interferências conflituosas e geradoras de sofrimento, bem como seus
pensamentos, sentimentos, comportamentos e também suas potencialidades e
formas de gratificações.
Esperar o tempo do cliente
Após o feedback pelo terapeuta, deve-se esperar a resposta, que pode ou não vir imediatamente, pois cada
pessoa tem uma forma própria de lidar, acompanhando padrões específicos e um tempo de reação. O que
estava bloqueado poderá ser percebido e transformado a partir desse acontecimento.
Por vezes, somos impelidos de grande ansiedade em mostrar algo para o paciente que ele ainda não está
pronto para ver.
É claro que é louvável que utilizemos nossos recursos a seu favor, mas lembre-se, o tempo é dele; é preciso
respeitar isso.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Qual é o ponto primordial na abordagem da GT para o estabelecimento da relação terapêutica?
A Os recursos de técnicas que auxiliam na verbalização dos problemas.
B Os recursos internos do próprio cliente que são identificados no processo.
C O estabelecimento do diálogo entre cliente e terapeuta.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
A relação baseada no diálogo espontâneo é a base para iniciar a relação terapêutica,
independentemente da abordagem utilizada e dos recursos e/ou técnicas utilizadas.
D Tudo o que acontece no contexto terapêutico pode ser usado.
E Apenas as formas de relações conflituosas serão avaliadas.
Questão 2
Uma via de acesso para estabelecer aproximação com o cliente, considerado de grande relevância na
abordagem da Gestalt-terapia, é por meio
Parabéns! A alternativa B está correta.
O terapeuta deve estar atento ao que é produzido em si e no cliente para identificar as sensações,
emoções e afetações, e por meio delas, motivar a percepção e provocar compreensões sobre a
situação apresentada.
A da linguagem verbal produzida.
B das sensações e sentimentos que surgem.
C de atividades diversas aceitas para uso.
D de interpretação do conteúdo presente.
E das ações direcionadas pelo terapeuta.
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2 - Recursos psicoterapêuticos
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os recursos psicoterapêuticos.
O que são recursos psicoterapêuticos?
Qual é o objetivo dos recursos?
Os recursos psicoterapêuticos são atividades ou técnicas utilizadas para aproveitar uma situação que se
apresenta, da melhor forma possível, no momento presente, ou seja, eles visam desenvolver a awareness
(consciência de) do cliente, como na figura a seguir.
A GT se utiliza do espaço terapêutico como um “laboratório” para realizar os experimentos que permitirão
vivenciar uma espécie de ensaio para absorver uma situação e pensar formas alternativas para lidar com
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aquele impasse.
O trabalho terapêutico utiliza fartos recursos para auxiliar na modificação de comportamentos concretos de
maneira adequada e articulada com as necessidades identificadas, dentro da situação terapêutica.
Os experimentos privilegiam as atividades comportamentais para depois, então,
serem explorados cognitivamente e considerados referência do aprendizado vivido.
Eles procuram transformar o que é dito em ação, buscando trazer para o momento presente as recordações
e teorias em suas mais diferentes formas, mobilizando energias, fantasias e imaginação.
Os experimentos podem envolver muitas áreas da vida da pessoa. Sua natureza dependerá das áreas
problemáticas e da experiência sobre seu conteúdo, além de sua prontidão para esse ato criativo.
Você já deve ter sentido uma sensação de euforia ou medo num jogo virtual, ou assistindo a um filme,
lembra?
Exemplo
Por vezes, você foi tomado por uma aflição ou cansaço e pensa: “Eu faria isso ou aquilo nessa situação”. É
exatamente isso que os experimentos provocam. Essa atividade propicia um mergulho nos sentimentos,
emoções, pensamentos e comportamentos que servirão de ponto de partida para a tomada de consciência.
Em certas situações, a awareness é imediata; em outras, será necessário maior aprofundamento para
integração dos conteúdos que apareceram, para que se rompam as respostas automáticas em prol de um
formato de soluções criativas, melhorando a capacidade dos contatos.
As técnicas podem ser utilizadas em atendimento psicoterápico individual ou em grupo, podendo ter outros
atores participando, podendo também utilizar materiaisdiversos como adereços, cadeiras e espelhos etc.
Para que servem e quando usá-los?
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Para que servem e quando usá los?
Ao longo do nosso desenvolvimento, nem sempre conseguimos atender satisfatoriamente às nossas
necessidades. Com isso, podemos adotar atitudes fóbicas, como uma forma de evitação que pode bloquear
nosso pleno funcionamento dos contatos.
Nesse momento, as técnicas entram em cena como formas de auxiliar o processo de desenvolvimento
como um canal facilitador para o surgimento de crenças, discursos de outrem, valores contraditórios, entre
outros.
Todos nós contamos com uma gama de recursos pessoais, que gosto de chamar de “caixa de
ferramentas”; só que nem sempre temos consciência da existência deles, muitas vezes por falta de uso.
Isso também ocorre porque entramos no modo “piloto automático” de fazer as coisas e não nos
desafiamos a viver novas experiências, fazendo mais uso dos bloqueios do que a abertura para o diferente.
As atividades utilizadas são as mais variadas possíveis, pois elas visam integrar essas partes
desconhecidas ou negadas pelo cliente. Elas compõem a totalidade desse ser que está se reconstruindo
diariamente para lidar com as exigências da vida.
Elas também servem para identificar seus bloqueios de contato, suas projeções, criar insights e ampliar a
percepção de si, das outras pessoas e do mundo à sua volta.
Os recursos não visam mudar a pessoa; pelo contrário: incentivam uma experiência
por meio de um caminho natural de elaboração, contribuindo para que as partes,
contraditórias ou conflitivas, possam coexistir em harmonia e respondendo às
demandas existenciais.
Manejo do psicoterapeuta
Para a boa condução do processo terapêutico, é fundamental ter um robusto conhecimento teórico da
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abordagem, para fazer bom uso de si e dos recursos disponíveis.
A condução não é manipulação nem direcionamento, mas acolher o cliente em seu sofrimento, sua dor, seu
vazio interior, falta de sentido, necessidade de ser amado, suas fantasias, espiritualidade, sexualidade. É
preciso sempre compreender que tudo isso reflete o momento atual, pois a Gestalt entende o ser humano
em sua totalidade e grandeza, capaz de se reconstruir e se refazer a partir das experiências vividas.
Estar à frente de um cliente novo é adentrar um território que precisa ser
cuidadosamente respeitado para iniciar a caminhada, para vislumbrar um novo
horizonte, tecendo algum conhecimento sobre sua forma de ser e funcionar.
Principalmente sua capacidade de se refazer ou autorregular, na nossa linguagem.
Nesse momento inicial, é necessário ouvir, não interromper, deixá-lo seguir, embora nem sempre seja muito
fácil.
Alguns gostam de falar, falam e falam sem se conectar com o que é dito; outros não gostam de falar, e nem
sabem por onde começar, necessitando ser estimulados, contudo vão se acostumando em ser ouvidos, a
receber uma atenção especial e atenta.
Só isso já provoca um encontro inimaginável e único.
Esse encontro já marca uma diferença das conversas dentro e fora da Psicoterapia.
Nesse labirinto de sentidos e informações, vão sendo construídas hipóteses e estímulos para novas
conexões e/ou uso de experimentos.
Lembre-se de que não cabe ao terapeuta conduzir a ação. Geralmente a atividade não é planejada, sendo
percebido o fato trazido no momento da terapia; a motivação própria do cliente beneficiará sua tomada de
consciência. Assim, o próprio terapeuta, com seu conhecimento e espontaneidade, pode improvisar para
auxiliar nesse processo. A experiência e criatividade do terapeuta são sempre bem-vindas, e a prontidão e
abertura do cliente também.
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Identi�cando algumas técnicas
Auto-observação
Nessa técnica, buscamos que o cliente preste atenção aos movimentos, pensamentos, sentimentos, tom de
voz e expressão corporal. Já que as expressões dão pistas de algo que precisa ser mais aprofundado, que
pode ser trabalhado. A técnica permite que o cliente aumente a consciência de si mesmo, de maneira que
possa fazer contato com o que está vivenciando aqui e agora. Veja o exemplo na ilustração a seguir.
Representação ou dramatização
É a dramatização de algum aspecto da existência do paciente, que ocorre dentro da
cena da terapia.
(POLSTER, 2001, p. 243)
Ela é uma das preferidas pela maioria dos gestaltistas. Consiste em uma encenação, seguida de
verbalização, permitindo perceber melhor um fenômeno, explicitando o que estava implícito. Essa forma de
trabalho é uma contribuição do Psicodrama desenvolvido por Jacob Levy Moreno.
Ela pode sofrer algumas variações, de acordo com o momento. Pode assumir o formato de:
É a técnica proposta por Moreno e muito utilizada por Perls. No monodrama, o cliente experimenta
representar sucessivamente os diversos papéis da situação trazida por ele. Como um exemplo, é
solicitado que o cliente crie um diálogo com ele e um dos seus pais de forma que permita vivenciar
Monodrama 
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as respostas que receia e as que deseja.
O monodrama permite trabalhar bem claramente as polaridades presentes, permitindo explorar,
conhecer e integrar as situações opostas presentes em uma relação (agressividade/ternura,
aproximação/afastamento). Não cabe valorizar uma mais que outra, mas a integração harmoniosa
que todos nós temos.
Por exemplo: às vezes podemos sentir uma grande raiva e um amor genuíno por outra pessoa. Aqui
será necessário aprofundar e vivenciar esses sentimentos ao máximo, não apenas no plano racional.
É preciso vivenciá-los em todas as possibilidades e dimensões.
Era a técnica preferida de Fritz Perls nas demonstrações que fazia (GINGER, 1995). Ele reservava
uma cadeira ao lado da sua. O cliente que desejasse poderia visualizar nela a presença de alguém
significativo e interagir com esse personagem imaginário.
Aqui também podem ser incluídos quaisquer outros objetos, considerados “objetos transicionais”
(que permitem ligação e conforto, termo utilizado por Winnicott para os objetos utilizados por
crianças na ausência da mãe). Eles podem assumir personagens, partes do corpo, entidades e tudo
o que permita ao cliente visualizar internamente, para comunicar verbalmente e interagir no
momento presente com parceiros imaginários.
Todas essas dramatizações expressam sentimentos e situações a resolver ou gestalten abertas, que agora
Cadeira vazia ou hot seat 
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podem ser utilizadas para compreensão dos roteiros repetitivos, impróprios ou antagônicos.
Ginger (1995), destaca que qualquer intervenção psicoterapêutica não visa transformar a situação exterior,
modificando as coisas, os outros ou os acontecimentos, mas modificar a percepção interna que o cliente
tem dos fatos, de suas inter-relações e de seus múltiplos significados possíveis. Favorece uma nova
experiência, uma reelaboração do próprio sistema perceptivo e a representação mental que ele tem.
estalten abertas
De acordo com Perls (1988), a gestalten aberta compreende um fenômeno de algo que ainda está vivo e
interrompido, esperando pra ser assimilado e integrado. Seriam situações, na terapia, que permanecem
inacabadas, sem que o cliente pareça ter consciência disso.
Sonhos
O sonho também têm um lugar de destaque. A técnica consiste em pedir ao sonhador que relate o sonho no
momento presente, favorecendo a conexão com o tema, e não apenas uma narrativa, mas uma experiência
de acessar sua própria existência. Cabe dizer quePerls considerava qualquer personagem ou elemento do
sonho uma projeção do próprio sonhador, propondo então encarnar cada personagem/elemento em
dramatização, seja ele uma árvore, uma janela, um animal etc. Lembramos que na projeção a pessoa
transfere a outro algo que é seu. Aqui, a proposta é a pessoa se apropriar daquilo que projeta.
Técnica de sonhos.
Dever de casa
São atividades realizadas fora do espaço terapêutico. A ideia é ampliar o repertório de ação com exercícios
combinados de comum acordo.
Exemplo
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p
A cliente relatou que descobriu várias roupas compradas sem necessidade em seu armário. A atividade foi
visitar lojas, experimentar e simplesmente não comprar. Foi difícil no início; contudo, a ação contribuiu para
ela se posicionar de forma diferente em várias situações da vida.
Ampli�cação
Na amplificação, o terapeuta buscar estar atento ao que acontece na cena, os “fenômenos de superfície”
que estão de certa forma camuflados, para que sejam expostos. Aqui o recurso é prestar atenção no que
acontece na superfície para que seja aprofundado.
A amplificação é, por assim dizer, uma exploração de algo percebido, que é ampliado à luz da interpretação,
para que o cliente possa ter acesso ao conteúdo pulsante contido nele.
Exemplo
Uma cliente que, ao falar de seu relacionamento amoroso, mexe insistentemente em seu cordão, apertando-
o e afrouxando-o no pescoço. Ao ser solicitada que amplie os movimentos, a cliente se assusta e se dá
conta de que se sente “asfixiada” na relação.
Interpelação direta
Nessa atividade, orientamos o cliente a evitar falar de alguém que esteja presente ou ausente. Ele é
orientado na direção de se dirigir à pessoa diretamente, propiciando passar de uma reflexão interna, de
cunho intelectual, para uma atitude de contato relacional.
Essa atividade também permite a comparação da fantasia com a realidade do outro, sendo possível avaliar
receios e esperanças, evitando a censura e o julgamento do outro, que são projeções do próprio indivíduo,
além de produzir aprendizado para uso nas relações.
Algumas técnicas da Gestalt-terapia e seu uso
Neste vídeo, a especialista explica e reflete sobre a utilidade e os objetivos de algumas das técnicas
utilizadas na Gestalt-terapia.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Quais são as finalidades de uso dos recursos psicoterapêuticos?
Parabéns! A alternativa C está correta.
A Gestalt-Terapia se utiliza dos recursos terapêuticos para promover uma atividade concreta,
modificando a percepção interna sobre um fato, fantasia ou situação-problema e flexibilizando o
entendimento sobre si e sobre as relações.
A
Modificar o pensamento cognitivo, diminuir o sofrimento do cliente e o tempo da
psicoterapia.
B
Facilitar a interpretação e reflexões sobre o comportamento e as relações que precisam
de cuidado.
C
Promover uma vivência que ajude na compreensão do que se passa dentro de si e
também do meio.
D
Aumentar o engajamento e ludicidade para aderência no processo terapêutico de
adultos.
E
Conhecer os processos cognitivos e utilizá-los para compreender o funcionamento das
resistências.
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Questão 2
Estudamos algumas das técnicas que são frequentemente usadas na psicoterapia com enfoque
gestáltico. Identifique o recurso terapêutico no qual é solicitado que a pessoa narre o evento no
momento presente, buscando aumentar a conexão com o tema envolvido.
Parabéns! A alternativa C está correta.
No sonho, é solicitado ao cliente que narre aquilo que sonhou recentemente. O dever de casa
corresponde a atividades solicitadas para serem realizadas fora do espaço terapêutico. A amplificação
representa um aumento do movimento ou comportamento que é percebido pelo terapeuta, que
comunica algo útil para o processo. A cadeira vazia é um convite feito ao cliente para experimentar
ocupar um personagem e interagir com outras sensações e sentimentos. Na interpelação direta,
privilegia-se falar com a pessoa que está relacionada à queixa, em vez de falar dela.
A Interpelação direta.
B Cadeira vazia.
C Sonho.
D Amplificação.
E Dever de casa.
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3 - Diagnóstico processual
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer o pensamento diagnóstico processual.
O pensamento diagnóstico
A Gestalt-terapia recebeu influência de várias outras abordagens teóricas, como a Psicanálise, a
Fenomenologia, Psicologia da Gestalt, existencialismo e o humanismo, assim como de outras áreas do
conhecimento, da filosofia e das artes, tendo sido muito criticada por tamanha abrangência e pouca
sistematização teórica.
Saiba mais
O diagnóstico não foi uma preocupação no início da Gestalt-Terapia, mas, com o avanço e grande
popularidade que ela tomou, foi necessário dar um contorno mais preciso sobre pontos ainda não tão
estruturados da teoria. Assim, vários especialistas e teóricos aprofundaram estudos e desenvolveram
reflexões que contribuíram para a formulação e padronização do diagnóstico.
Pimentel (2003), entende a padronização como uma atividade que tem como objetivo identificar pistas no
movimento cotidiano do paciente que ajudem a entender a estrutura de hábitos, valores e comportamentos
usados na relação consigo e com o mundo.
Então, padronizar é uma forma de organizar nosso olhar em relação àquilo que objetivamos no momento
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em que recebemos uma pessoa e que o diagnóstico se faz necessário.
Gary Yontef (1998, apud PIMENTEL, 2003), ressalta a importância do diagnóstico e destaca que ele não
deve ser compreendido apenas como uma relação de causa e efeito, mas pelo valor da relação horizontal
entre cliente e terapeuta. De certa forma, é um olhar crítico ao modelo médico da época.
A função da investigação diagnóstica é a de identificar o significado das figuras (trazidas pelo cliente) do
fundo (contexto), sempre considerando o momento presente. Identifica-se ainda se existe algum padrão de
comportamento para lidar com os afetos, bem como das formas de se relacionar consigo e com o meio em
que está inserido.
No diagnóstico se enfatiza também a postura dialógica de buscar compreender a estrutura, e não apenas a
dinâmica de personalidade da pessoa, assim como a postura ética e compromissada do terapeuta.
Pimentel (2003), conceitua diagnóstico como
Um processo de prestar atenção, respeitosamente, a quem a pessoa é, tanto como
indivíduo único, como no que diz respeito às características compartilhadas com
outros indivíduos.
(PIMENTEL, 2003, p. 63-64)
Lilian Frazão propõe que a avaliação seja contínua, considerando o momento inicial da procura até o
momento do fechamento, ou seja, quando ele seja um processo. Segundo Frazão, o
Pensamento diagnóstico processual leva em consideração o crescimento do paciente,
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g p ç p ,
suas mudanças ao longo do tempo e na sua relação consigo e com o outro, as de seu
mundo intra e interpessoal.
(FRAZÃO, 1991. In: PIMENTEL, 2003, p. 71)
O psicólogo deve buscar focalizar não apenas expressões verbais e comportamentais, mas as omissões,
repetições, afetos e humor do cliente, assim como estar atento ao que é produzido em si mesmo, como as
associações espontâneas, intuições e fantasias.
A visão deverá ser a mais abrangente possível, buscando entender suas formas deenfrentamento com as
situações, considerando suas potencialidades, e não limitando as dificuldades e conflitos.
O diagnóstico gestáltico é provisório, ou seja, ele se refere ao momento histórico,
buscando uma leitura do que é singular do paciente, correlacionando com o
conhecimento científico e também com outras áreas do saber das relações sociais.
De tal forma, segundo Frazão, o pensamento diagnóstico processual se refere a
uma compreensão do cliente em relação à sua história de vida, relacionando o
presente e passado, mas não de forma causal, apenas fazendo associações.
(PIMENTEL, 2003)
Diagnóstico informal e formal
Veremos agora com mais detalhes os dois tipos de diagnósticos utilizados hoje em dia:
É aquele momento quando recebemos o pedido ainda de forma espontânea. Nesse momento se
inaugura o processo. Esse contato inicial pode acontecer presencialmente, por telefone ou outro tipo
de mídia social, muito comum hoje em dia.
Diagnóstico informal 
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Aqui não se trata de apenas ouvir, mas de perceber a forma de contato, como ela é feita e que
movimento está contido nela, pois essa maneira é fundamental para o entendimento da queixa que é
apresentada. Quem buscou atendimento, qual a sua disponibilidade, o que espera e de que forma
isso é expressado? Qual o significado do diagnóstico ou ganho possível?
À medida que os encontros acontecem, o cliente vai se revelando e se transformando naquilo que
será foco aqui e agora, na relação que se cria. O terapeuta ativo esboça suas fantasias, reflexões e
levanta hipóteses que são possíveis de serem trocadas com o cliente. Também entendemos que
nesse momento inicial cabe fazer um contrato informal de como se dará o processo de avaliação
diagnóstica ou tratamento. Aqui estabelecemos o enquadre de como será, informando dia, hora,
tempo de atendimento, formas de pagamento, marcações e desmarcações de consulta, por
exemplo.
O diagnóstico auxiliará o profissional no entendimento e “condução” do processo, indicando
diretrizes da estrutura e funcionalidade da pessoa.
É aquele em que existe uma solicitação objetiva, um pedido do próprio ou de terceiros. A forma com
que a avaliação psicológica será realizada dependerá da experiência do psicólogo. O diagnóstico
formal sob o olhar da Gestalt empregará o acolhimento respeitoso e amável ao cliente e/ou sua
família, e a todas as informações, dores, percepções, crenças e possibilidades trazidas ou captadas
no fenômeno do encontro.
Na perspectiva gestáltica, o cliente deve estar ativo, não passivo, para poder acessar suas
Diagnóstico formal 
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percepções, compreender suas necessidades e agir sobre cada consciência que adquirir.
Os encontros do processo visam evidenciar o que se apresenta de forma satisfatória, o que flui de
forma saudável e também o que se apresenta disfuncional, aquilo que indica desconforto,
comportamentos repetitivos, somatizações e sofrimento.
Entendemos que os rótulos podem ser limitantes e, por vezes, são sentidos como uma sentença na vida de
uma pessoa; contudo, em vários momentos é necessário fazer a avaliação considerando, por exemplo, a
Classificação Internacional de Doenças – CID10.
Recursos possíveis no diagnóstico
Observação e descrição
Veremos agora com mais detalhes os dois métodos de diagnósticos mais utilizados:
Jogos e simulações
Observação
É muito utilizado na Psicologia e na Gestalt também. A observação se faz presente em todos
os momentos do processo, para assim aproveitarmos as situações da melhor forma possível.
Ela permite aprofundar e identificar omissões ou contradições no verbal ou no gestual — o
repertório utilizado, as expressões mais comuns —, para descortinar caminhos de
entendimento do que se passa e a serviço do quê.
Descrição
É um método em que o cliente passa a ter um papel totalmente ativo. Ela representa outra
forma de trazer maior clareza sobre o cliente. Assim, nesse recurso é pedido ao cliente que
faça a descrição, o mais detalhadamente possível, de sua percepção e seus sentimentos.
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Jogos e simulações
Os jogos, simulações e dramatizações são amplamente utilizados, pois permitem vivenciar situações
inesperadas, possibilitando o surgimento de novos comportamentos, sentimentos, atitudes e percepções
sobre a pessoa e situações.
Eles podem ser usados nos diagnósticos de adultos ou crianças, embora sejam mais conhecidos no caso
de orientação vocacional, terapia de grupos e grupos de desenvolvimento de habilidades.
Testes psicológicos
Existem momentos em que o uso de testes é empregado para compor com informações sobre a estrutura
de personalidade e percepções nas relações. São grandes aliados no pensamento diagnóstico.
Curiosidade
Você sabia que a Psicologia da Gestalt contribuiu na construção dos testes projetivos de personalidade?
Os estudos apontam que, ao percebermos os estímulos por meio dos órgãos dos sentidos, temos a
necessidade de completá-los, transferindo algo nosso, ou seja, algo relativo às nossas experiências é
projetado ali naquele estímulo. Essa percepção aponta as formas de compreensão do mundo e as relações
estabelecidas.
Diagnóstico infantil
A família ou responsável que busca o atendimento traz uma narrativa que, apesar de importante, não deve
ser conclusiva, mas deverá compor o contexto em que a criança está inserida, incluindo a escola e outros
profissionais envolvidos na assistência da criança. Não podemos esquecer que aqui o cliente é a criança.
A criança demanda uma grande disponibilidade do terapeuta para o início do processo. A relação dialógica
poderá se desenvolver pela palavra, pelas brincadeiras e por meio de outros recursos terapêuticos
disponíveis, cuja finalidade será a de fornecer elementos de como ela se relaciona com as outras pessoas e
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com o mundo.
Nesse contexto, dever ser feita a observação da forma como escolhe os objetos de interação, como utiliza a
linguagem falada e escrita, como expressa as emoções e sentimentos positivos ou não, aproximação ou
evitação, colaboração ou fechamento, rivalidades ou amizade, entre outras.
É importante a compreensão de como ocorreram as etapas do seu desenvolvimento, incluindo a concepção,
gestação, desenvolvimento motor, cognitivo, afetivo e social. Todos esses aspectos são úteis para conhecer
como a criança se relaciona com o mundo e de que maneira aconteceram suas primeiras relações, podendo
identificar sentimentos, expectativas e frustrações da família que podem vir a interferir em seu
desenvolvimento saudável.
Comentário
O “sintoma” identificado é a forma de expressar que algo não vai bem, sendo apenas a parte de um todo
dinâmico que busca satisfazer uma necessidade do organismo na tentativa de se organizar. O sintoma não
define o cliente; ele refere-se ao momento presente num contexto específico.
Ajustamento criativo
O que é ajustamento criativo?
Todo ajustamento é criativo, já nos diziam Perls, Hefferline e Goodman (1997, apud FUKUMITSU, 2015); seja
o contato eu e outro ou eu e o meio; pois é por meio desse contato que se vive a possibilidade de perceber
ou não o eu na pessoa do outro com quem me relaciono, criando novas experiências. Nesse movimento de
aproximação e separação, acontece a possibilidade de crescimento.
A Gestalt considera que todo ser tem a necessidade do contato para seu desenvolvimento. Você inclusive já
deve ter ouvido falar que nos constituímos nas relações! Caminhando nesse entendimento, o ajustamento
criativo busca equilibrar, sendo uma forma de organização interna, no aspectobiológico ou emocional.
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Autorregulação foi um termo usado por Kurt Goldstein quando, por meio de estudos, percebeu que o corpo
busca realizar a homeostase para reorganizar áreas que estão precisando de ajustes para um
funcionamento melhor.
Assim, o ajustamento criativo é o processo em que a pessoa precisa se regular para viver de forma
saudável, sendo esse um processo natural e esperado. Isso porque o tempo todo o organismo está sempre
oscilando e buscando restabelecer o equilíbrio.
O ajustamento criativo implica, então, em agressão e destruição, para nos
apoderarmos das velhas estruturas e alterná-las para assimilá-las. Não é negar
estruturas, mas ser capaz de transformá-las, tornando-as singularizadas, vivas e
presenti�cadas”.
(CARDELLA, 2014, p. 105)
Ajustamentos funcionais
Quando uma pessoa diante dos desafios diários consegue, mais facilmente, responder às exigências que
lhe são apresentadas, sejam elas físicas ou emocionais, podemos dizer que ela conseguiu um ajuste
funcional. Ela tem um bom nível de respostas diferenciadas para situações diferentes (criativas), ou seja,
um repertório flexível e adaptável para se mover em direção às demandas da vida de forma personalizada.
Nessa forma de interagir, ela pode fazer uso dos seus recursos e experiências passadas ou pode estar tão
disponível e aberta que encontrará novas formas (boa forma em Gestalt) para atuar na vida, criando uma
disposição para a transformação de si e assim alargar sua forma de atuação no mundo.
Saiba mais
O ajustamento criativo funcional é a capacidade de transitar do conhecido ao desconhecido, fazendo uso
dos seus recursos internos e se apropriando do novo, que surge inesperadamente. Movimento em direção à
independência, à mudança para um olhar com um novo arranjo.
Ajustamentos disfuncionais
Mas e quando a pessoa não consegue esse ajustamento? Bem, isso pode acontecer quando cristalizamos
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comportamentos e não conseguimos responder adequadamente às nossas necessidades. Ou seja, as
respostas dadas não são adequadas às demandas, gerando sofrimento, e não solução satisfatória. Isso
porque usamos o mesmo repertório de respostas em situações em que elas não estão adequadas;
respostas fixas, sempre repetidas.
Também pode acontecer de não estar disponível no meio (ambiente) o que eu preciso para satisfazer
minhas necessidades; porque nem sempre está disponível no momento em que precisamos.
Mas e quando não se consegue a satisfação das necessidades? Aparecem os sintomas, o adoecimento e
as formas defensivas. Elas são tentativas de se autorregular, porém, sem a devida atualização, são formas
insuficientes. São disfuncionais, tentando um ajustamento, digamos, mínimo.
Pense na seguinte história (adaptada do Rabino Nilton Bonder) e reflita sobre o ajustamento criativo que ela
representa:
Re�exão
Um homem estava perdido na floresta e, ao anoitecer, viu uma luz distante. Indo ao encontro da luz,
encontrou outra pessoa perdida. Na conversa, o homem da lanterna respondeu que também estava perdido.
Diminuindo as esperanças de ter sido encontrado e tentando administrar essa informação, percebeu que o
homem da lanterna era cego e indagou o motivo por que ele usava a lanterna, se não podia enxergar.
Imediatamente o cego responde que não era para ele a lanterna, mas para que as outras pessoas pudessem
vê-lo. (ZINKER, 2007)
O ajustamento criativo e sua importância no diagnóstico
processual
Neste vídeo, a especialista reflete, apresentando exemplos, sobre as formas de ajustamento criativo e sua

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importância no diagnóstico processual.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O pensamento diagnóstico processual tem uma maneira peculiar de entender o cliente que está sendo
avaliado. Quais são os aspectos considerados mais relevantes?
Parabéns! A alternativa D está correta.
O pensamento diagnóstico processual busca compreender a pessoa de uma maneira integral, durante
todo o processo diagnóstico. Suas relações, afetos, humor, comportamento, repetições e tudo que
esteja “expressando” seu conteúdo interno. A relação consigo e com os outros, sua história passada e
suas tentativas de ajustamento no presente, valorizando as dificuldades e suas formas de atender às
exigências de forma mais flexível.
A Identificar as formas de contato e as disfunções nas relações no ambiente do trabalho.
B Concentrar sua atenção no comportamento e tentativas de ajustamento no passado.
C Compreender as tentativas do cliente para se adaptar e não adoecer de novo.
D
Considerar as adaptações e transformações da pessoa ao longo do momento
diagnóstico.
E Responder à solicitação formal de investigação diagnóstica, que é o mais importante.
Questão 2
O processo diagnóstico é muito importante para o estabelecimento da relação. Suas contribuições
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permitem
Parabéns! A alternativa A está correta.
O pedido de diagnóstico pode ser informal e visa compreender as profundezas do cliente, sua
organização intrapsíquica, suas formas de relacionamento, os mecanismos de enfrentamento das
situações, sempre considerando o sujeito ativo e possuidor de recursos que podem ser ativados na
relação terapêutica, mesmo no momento inicial da investigação diagnóstica. Com esse conhecimento,
o terapeuta estrutura sua conduta de trabalhar.
A
compreender a organização interna e funcionamento do cliente, além de orientar a
prática do terapeuta.
B
apenas investigar as partes consideradas adoecidas e sua história de fracassos no
desenvolvimento.
C
usar vários exercícios (recursos) para testar o cliente de forma passiva, pois ele precisa
ser revelado.
D
que o diagnóstico somente seja realizado se existir um pedido formal solicitado pelo
próprio cliente.
E
identificar o que é figura e fundo no contexto da queixa do paciente para intervenção
imediata.
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4 - Processo de alta
Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar os sinais relacionados ao término da
psicoterapia.
Interrupções e afastamentos
Muitas são as circunstâncias envolvidas no processo de interrupção, afastamentos e o processo de alta da
terapia. Ele não é tão claro e deve ser compreendido caso a caso, considerando sua caminhada, sua forma
de estabelecer as relações e seu contexto existencial.
Mas o que o processo de alta ou desligamento comunica?
Primeiramente precisamos entender que o que é interrompido é a relação, não o processo terapêutico. Uma
vez ativado o processo de awareness, ele continua funcionando tanto no cliente quanto no terapeuta, dando
continuidade aos ciclos de ajustamento criativo para ser utilizado nas situações da vida.
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Falar sobre os processos de saída nos remete aos movimentos de aproximação/separação, reaproximação,
ajustamentos e ressignificações, formas de contato, bloqueios e também amadurecimento. Processo que
acontece cotidianamente nas relações de um modo geral, ponto destacado na abordagem.
Podemos dizer que o ensaio para o afastamento se dá quando se buscam desenvolver na terapia os
processos adaptativos entre cliente e terapeuta vivenciados no atendimento. Os encontros facilitam o
processodinâmico da aproximação/separação.
O caminho escolhido é experimentar, gerar mobilizações e percepções internas,
captar impressões do meio, em prol da autonomia, e não dependência. Até o dia em
que o cliente entender que pode trilhar sua estrada sozinho, com vistas a assumir
quem é, com liberdade.
Existem os que avisam que precisam parar por alguma necessidade revelada, por problemas de horário ou
dificuldades financeiras, por exemplo, permitindo que seja digerido o momento e a formação de novas
gestalten.
Há ainda aquelas interrupções que não foram comunicadas, mas estavam implícitas no comportamento ou
no contexto trazido, indicando a possibilidade de parada, como, por exemplo, as faltas não comunicadas, os
atrasos. Os afastamentos também acontecem quando o cliente está insatisfeito, frustrado ou ressentido no
processo, sem conseguir verbalizar e poder ser explorada a análise sobre a situação.
Seja por motivos pessoais da sua forma de contato ou por conduta do próprio terapeuta, a interrupção pode
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ser uma saída necessária, atuando como um mecanismo de defesa de autoproteção ou fuga mesmo.
Existem os clientes que simplesmente “evaporam”; aqueles que não pagam a sessão combinada; os que
informam por e-mail ou WhatsApp, entre tantas outras maneiras. O fato é que nessas situações não há uma
reflexão sobre esse momento e o contato é interrompido, ou melhor dizendo, as gestalten ficaram abertas.
A saída também pode estar relacionada à falta de sentido naquele momento, pois ele pode se ver
incomodado por suas reflexões e incompatibilidade de não mudança no aqui e agora.
Sejam quais forem motivos ou a formas, o processo de alta ou desligamento é um pouco sensível para
cliente e terapeuta; por isso, é necessário o entendimento de que todo o trabalho do gestalt-terapeuta é no
sentido da independência e crescimento do cliente, não cabendo em nenhuma hipótese prolongar o
processo desnecessariamente.
Processo de alta
No entendimento da GT, a pessoa é concebida como plenamente dependente do outro, no caso de precisar
de nutrição, oxigênio e proteção vinda da mãe para sobreviver. Ao longo do seu desenvolvimento, aos
poucos vai se constituindo, amadurecendo pelo seu impulso interno de crescimento e pelos estímulos e
pela interação com as pessoas e o meio ambiente.
O suporte ou apoio é fundamental para o desenvolvimento das formas de contato, assim, quando ele é
funcional, ele leva ao crescimento. Quando ele falha, surgem os comportamentos disfuncionais como:
A baixa autoestima;
Medo;
Ansiedade;
Insegurança;
Dependência.
O evento da alta ou desligamento, de acordo com a abordagem fenomenológica, é compreendido pelo
cliente e pelo terapeuta de formas distintas. Mas esse evento faz parte do processo terapêutico. A forma e
seu significado é que serão particulares.
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A terapia deverá durar até fazer sentido na vida do cliente.
Em linguagem gestáltica, até ele encontrar uma resposta (boa forma) para os motivos que o fizeram buscar
a terapia, sendo as suas necessidades, agora, outras.
Segundo Fukumitsu (2015), o momento para o término pode acontecer quando o cliente se autoriza a
reinventar-se solitariamente e a arcar com sua intervenção de ser tão somente como é.
Heterossuporte
Podemos entender o heterossuporte como um tipo de apoio que vem de fora da pessoa. Seja da mãe que
acolhe, oferece comida, assistência, carinho; ou de outros dispositivos identificados pela própria pessoa
como um ponto de apoio necessário e com função temporária; até o momento em que ela não necessita
mais desse suporte, pois já adquiriu certa autonomia e busca outras formas de satisfazer suas
necessidades.
Contudo, aqui cabe uma ressalva:
Não se trata de renunciar ao conhecimento adquirido completamente, mas de usar
sua própria experiência para se adaptar e criar novas respostas e soluções para
atender às suas necessidades e solucionar problemas.
Caminhar para o novo é incerto, gera ansiedade, desconforto e representa um risco, pois nunca sabemos
como será. Por isso, algumas pessoas ficam de certa forma agarradas a seus hábitos de forma a manter
certo padrão de ações, consolidando comportamentos rígidos e repetitivos.
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Há ainda os que se colocam em riscos desnecessários, não analisando ou percebendo o ambiente ou as
pessoas. Essa também é uma resposta padrão fixa.
Pode acontecer também de haver falha no heterossuporte, ou seja, o suporte não atendeu às exigências da
pessoa, ou não estava disponível ou não foi suficiente para as suas necessidades.
Quando a pessoa consegue transitar entre o novo e o velho, entre o conhecido e o desconhecido, significa
que foi adquirido um aprendizado em que ela se sente capaz de aguentar uma certa ansiedade até resolver
espontaneamente a situação com seus próprios recursos.
Autossuporte
O processo psicoterápico possibilita a experiência por meio da relação, o contato mais profundo consigo. À
medida que o sujeito consegue olhar para si, consegue também perceber o outro, do jeito que ele é, e não
mais de acordo com suas fantasias ou somente com as suas necessidades. Com isso, adquire a
possibilidade de integrar fantasia e realidade, crenças e valores, medos e aspirações, desenvolvendo uma
nova forma de agir na vida e nas relações.
A dificuldade do cliente em direção ao autossuporte é o princípio da caminhada, pois
O impasse de até onde o apoio ambiental ou o obsoleto apoio interno não é mais
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su�ciente, e o autoapoio autêntico ainda não foi obtido.
(PERLS, 1977a, p. 50)
É uma nova fase, desconhecida, que, ao mesmo tempo em que gera insegurança, desafia a conquistar.
Nessa etapa, o cliente conseguiu atingir um nível de crescimento que pode ser também o momento do
desfecho da terapia.
A outra possibilidade de escolha pessoal é continuar manipulando tudo e ficar onde está, com receio de
enfrentar o mundo e as pessoas, e se libertar para si mesmo, pois teme não ser algo muito bom.
Atenção!
O terapeuta deve tomar cuidado quando se deparar com o tipo de cliente que assume o comportamento de
delegar sua vida aos outros e até mesmo ao terapeuta, permanecendo na dependência, bloqueando seu
pleno desenvolvimento. Por isso é tão importante investigar suas formas de contato ao longo do processo
terapêutico, pois a tendência é ele repetir essas formas de relação e, com isso, usar o terapeuta,
permanecendo ainda dependente de heterossuporte.
O processo no terapeuta
Para os terapeutas iniciantes, esse momento é tenso e gerador de incertezas; mas pode ser um ponto de
aprofundamento e reflexão aos mais experientes no ofício também.
Nos processos dos terapeutas, podemos destacar o medo do abandono e a dúvida sobre sua competência
na condução do tratamento. As interrupções e términos nem sempre significam falha de uma das partes da
relação.
O processo não deve estar fundamentado nas expectativas do terapeuta, nem na dependência do cliente a
ele, como preconiza Etchegoyen:
Não pode haver crescimento mental, nem integração, nem saúde mental que só se
alcancem a partir do outro, e não de si próprio. Há aqui, pois, uma incompatibilidade
que não é só fática, mas também lógica: para ser independente, não se pode
depender de outro até a eternidade.
(ETCHEGOYEN, 1987, p. 368)
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Perls, Hefferline e Goodman (1987, p. 89, apud FUKUMITSU, 2015) afirmam que o objetivo da terapia é
superar a solidão, restaurar a autoestimae realizar a comunicação sintáxica. A solução da solidão não é
resolvida na manutenção da terapia, mas na qualidade das relações que se estabelecem.
A saída do cliente também pode ser sentida como uma perda, e o luto passará a ser parte do processo.
Cada uma das partes envolvidas viverá essa fase. O afastamento, a pedido ou não do cliente, deve ser
respeitado, considerando que não podemos assumir as responsabilidades pela escolha dele.
Desprendimento criativo
Perls, Hefferline e Goodman (1997, apud FUKUMITSU, 2015), por meio do conceito de desprendimento
criativo, asseguram que, na despedida de algo antigo, a pessoa tem a oportunidade de adquirir novos
conhecimentos e vivências, deixando o conhecido e permitindo seu crescimento no diferente. É a partir
desse processo de desprendimento criativo que alcançamos a consciência dos recursos pessoais e
chegamos a um nível de crescimento.
Crescer é estar cada vez mais consciente de si mesmo, de suas possibilidades, de ser quem se é de
verdade.
Re�exão
Para alcançar o objetivo de andar com as próprias pernas de modo autêntico, a pessoa precisa adquirir o
conhecimento necessário sobre si, aceitar seu potencial, conquistando confiança, pois já conhece seus
recursos e reconhece suas sensações e sentimentos predominantes e frequentes para utilizá-los ou
bloqueá-los. Também sabe reconhecer quando necessita buscar suporte externo (heterossuporte).
O desprendimento criativo e o crescimento em
psicoterapia
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psicoterapia
Neste vídeo, a especialista reflete sobre como o crescimento em psicoterapia pode resultar no
desprendimento criativo e sua importância.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O entendimento do que está sendo comunicado, por meio das formas de afastamento ou interrupção
da psicoterapia, envolve a compreensão de que
Parabéns! A alternativa E está correta.
Reconhecer as formas do cliente lidar com as relações consigo e com o meio, considerando sua
aproximação/separação, gratificação e afastamento, seus afetos e bloqueios, o processo de tomar
consciência nas experiências, desde o momento inicial da terapia até o momento presente, permitem
compreender o que existe por trás da interrupção ou afastamento da psicoterapia.
A o cliente não é capaz de evoluir, não sendo mais interessante pagar pela terapia.
B não há capacidade de se libertar do passado, sendo melhor não mexer nisso.
C é melhor romper a relação terapêutica para o cliente não se tornar dependente.
D as necessidades do cliente não podem ser resolvidas no momento.
E existem formas de contato, níveis de awareness e contexto importantes do cliente.
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Considerações �nais
As contribuições da Gestalt-terapia para o entendimento da pessoa integral deixam um legado de grande
importância para a modificação do comportamento e desenvolvimento de melhores formatos para as
relações da sociedade contemporânea.
Questão 2
Para a Gestalt-terapia, o desligamento deve ser considerado parte do processo. Consideramos um bom
fechamento em Gestalt quando o cliente
Parabéns! A alternativa B está correta.
Podemos considerar que o desligamento representa uma boa forma no processo psicoterápico quando
o cliente adquire novos entendimentos sobre seu funcionamento interno, por meio da experiência
dentro e fora da terapia, permitindo um novo olhar sobre si, assumindo sua forma de ser única com
flexibilidade para responder de forma inovadora às exigências.
A
finaliza as consultas acordadas no início do processo terapêutico e decide o
desligamento.
B se vê capaz de reformular sua forma de se relacionar e ser como é, autêntico e criativo.
C melhora sua forma de conversar, sendo essa a figura em destaque na queixa inicial.
D
entende sozinho que já adquiriu um bom conhecimento de si e agora precisa agir na
prática.
E interrompe o processo no entendimento de exercer sua liberdade e decisão.
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Como vimos, cada pessoa vivencia suas formas de ser no mundo a partir da experiência, que podem ser
atualizadas para o momento presente com o uso de recursos psicoterapêuticos simples e de fácil manuseio
na terapia, ampliando um repertório de respostas saudáveis.
Percebemos a importância da formação e preparo do terapeuta e de sua disponibilidade para se colocar
como recurso facilitador do processo da awareness.
Por fim, a Gestalt-terapia se consolida como um convite para celebrar a autonomia do ser e da vida, por
meio da reconfiguração das formas de contato e da aceitação de si pela reativação dos processos de
ensaios criativos.
Podcast
Neste podcast, a especialista refletirá sobre a importância da relação terapêutica como recurso de trabalho,
identificando alguns dos recursos terapêuticos e considerando a forma como é construído o pensamento
diagnóstico processual, o trabalho psicoterápico, até chegar ao término da psicoterapia.

Referências
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ETCHEGOYEN, R. H. Fundamentos da técnica psicanalítica. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.
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ZINKER, J. Processos criativos em Gestalt-terapia. Tradução de Maria Silvia Mourão Neto. 2. ed. São Paulo:
Summus, 2007.
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Para maior aprofundamento da prática do psicólogo, Leia o livro Cartas a um jovem terapeuta: reflexões
para psicoterapeutas, aspirantes e curiosos, no qual o autor Contardo Calligaris aborda uma variedade
sobre as reflexões e prática da terapia.
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