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Tuberculose apg SISTEMAS ORGÂNICOS INTEGRADOS III Entender a fisiopatologia, diagnóstico, quadro clínico, tratamento e forma de transmissão da tuberculose; Entender o mecanismo de resistência bacteriana. OBJETIVOS DE ESTUDO agente etiológico A tuberculose (TB) é causada por bactérias do complexo Mycobacterium tuberculosis (BK). Essa doença acomete mais os pulmões, embora outros órgãos sejam acometidos em um terço dos casos. As micobactérias pertencem à família Mycobacteriaceae e à ordem Actinomycetales. Das espécies patogênicas pertencentes ao complexo do M. tuberculosis, que abrangem oito subgrupos distintos, o agente mais comum e importante da doença humana é de longe o M. tuberculosis (stricto sensu). O M. tuberculosis é uma bactéria aeróbia delgada, em forma de bastonete, não formadora de esporos, frequentemente neutras na coloração de Gram. Na parede celular das micobactérias, os lipídeos (ácidos micólicos) estão ligados a arabinolactanos e peptidoglicanos subjacentes. Essa estrutura resulta em uma permeabilidade muito baixa à parede celular, reduzindo a eficiência da maioria dos antibióticos. Outra molécula na parede celular das micobactérias, a lipoarabinomanana, está envolvida na interação do patógeno com o hospedeiro e facilita a sobrevida do M. tuberculosis no interior dos macrófagos. epidemiologia Em 2016, 6,3 milhões de novos casos de TB (pulmonar e extrapulmonar) foram notificados à Organização Mundial de Saúde (OMS) por seus Estados membros;95% dos casos foram notificados em países em desenvolvimento. a OMS estimou em 10,4 milhões o número de novos casos de TB no mundo inteiro em 2016, dos quais 95% em países em desenvolvimento da Ásia (6,5 milhões), da África (2,6 milhões), do Oriente Médio (0,77 milhão) e da América Latina (0,26 milhão). Sete países foram responsáveis por 64% de todos os novos casos, sendo a Índia, Indonésia, China, Filipinas, Paquistão, Nigéria e África do Sul. dois terços dos casos ocorrem em homens e 1,04 milhão de crianças são acometidas todos os anos. Estima-se que tenha ocorrido 1,7 milhão de mortes por TB em 2016, incluindo 0,37 milhão entre pessoas que vivem com a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), das quais 96% em países em desenvolvimento. Nos Estados Unidos, a TB é incomum entre adultos jovens de descendência europeia. Tuberculose apg SISTEMAS ORGÂNICOS INTEGRADOS III Em contrapartida, devido ao elevado risco de transmissão no passado, a prevalência da infecção latente pelo M. tuberculosis (ILTB) é relativamente alta entre brancos idosos. Dos 10,4 milhões de novos casos estimados para 2016, 10% (1,03 milhão) foram associados à infecção pelo HIV, e 74% desses casos associados ao HIV ocorreram na África. Estima-se que 0,37 milhão de pessoas com TB associada ao HIV morreram em 2016. TB primária TB secundária da infecção à doença Diferente do risco de aquisição da infecção pelo M. tuberculosis, o risco de desenvolver a doença após ter sido infectado depende de fatores endógenos, como as defesas imunológicas inatas e não imunológicas do indivíduo, bem como o nível em que a imunidade mediada por célula isoladamente está funcionando. A doença clínica que ocorre após a infecção. sendo a sua ocorrência comum entre crianças nos primeiros anos de vida e entre indivíduos imunocomprometidos. não está associada a um alto nível de transmissibilidade. Quando a infecção é adquirida mais tarde durante a vida, a probabilidade de que o sistema imune maduro possa contê-la pelo menos temporariamente é maior. os bacilos latentes podem persistir durante anos antes de serem reativados, produzindo tb pós-primária, que, devido à frequente ocorrência de cavitação, é mais comumente infectante do que a doença primária. Fatores de risco para a tuberculose O risco é muito maior entre indivíduos infectados pelo HIV. A reinfecção de um indivíduo previamente infectado pode favorecer o desenvolvimento da doença. A idade representa um importante determinante do risco de doença após a infecção. Entre as pessoas infectadas, a incidência de TB é mais alta no final da adolescência e no início da idade adulta. A incidência entre mulheres atinge o seu valor máximo aos 25 a 34 anos de idade. Nesse grupo etário, as taxas entre mulheres podem ser mais altas que as dos homens, enquanto ocorre o oposto em idades mais avançadas. O risco pode aumentar no indivíduo idoso, possivelmente devido ao declínio da imunidade e a comorbidades. o fator de risco mais potente para a TB entre indivíduos infectados é claramente a coinfecção pelo HIV, que suprime a imunidade celular. O risco de a infecção latente da tuberculose (ILTB) evoluir para a doença ativa está diretamente relacionado com o grau de imunossupressão do paciente. Tuberculose apg SISTEMAS ORGÂNICOS INTEGRADOS III Infecção recente (< 1 ano) Lesões fibróticas (cicatrização espontânea) Comorbidades e causas iatrogênicas Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) Silicose Insuficiência renal crônica ou hemodiálise Diabetes melito Uso de drogas intravenosas Uso excessivo de álcool Tratamento imunossupressor Inibidores do fator de necrose tumoral Gastrectomia Derivação jejunoileal Período pós-transplante (de rim, coração) Tabagismo Desnutrição e peso acentuadamente baixo história natural da doença TB sem tratamento é frequentemente fatal. Com a quimioterapia efetiva, oportuna e correta, os pacientes têm uma probabilidade alta de cura. o uso inadequado dos agentes tuberculostáticos, apesar de reduzir as taxas de mortalidade, pode resultar em grande número de casos infectantes crônicos, frequentemente com bacilos resistentes a fármacos. Infecção e invasão de macrófagos A interação do M. tuberculosis com o hospedeiro humano começa quando núcleos de gotículas que contêm microrganismos viáveis propagados no ar por pacientes infectantes são inalados por um observador próximo. a maioria bacilos são retidos nas vias aéreas superiores e expelidos pelas células mucosas ciliadas, uma fração alcança os alvéolos, Nesse local, macrófagos alveolares que ainda não foram ativados fagocitam os bacilos. Apesar de fagocitarem os bacilos, os macrófagos não os destroem, pois componentes do BK bloqueiam a fusão de fagossomos com lisossomos, por meio de inibição da acidificação e de aumento de Ca++ no citoplasma. Com isso, os bacilos permanecem vivos e proliferam no interior dessas células. Se os bacilos tiverem sucesso na interrupção da maturação do fagossomo, a replicação começa e o macrófago acaba sofrendo ruptura, liberando seu conteúdo bacilar. Tuberculose apg SISTEMAS ORGÂNICOS INTEGRADOS III Outras células fagocíticas não infectadas são então recrutadas para continuar o ciclo da infecção por meio da ingestão dos macrófagos que estão morrendo e de seu conteúdo bacilar, tornando-se, assim, elas próprias infectadas e expandindo a infecção. resposta de ativação dos macrófagos resposta de lesão tecidual resposta do hospedeiro No estágio inicial da interação hospedeiro-bactéria, antes do início de uma resposta imune mediada por células (IMC) adquirida, o M. tuberculosis dissemina-se amplamente através dos vasos linfáticos, espalhando-se para outros locais nos pulmões e outros órgãos e passa por um período de crescimento extenso dentro de macrófagos não ativados imaturos;outros macrófagos imaturos são recrutados para o granuloma inicial. Os monócitos ou células dendríticas infectados começam, então, a transportar os bacilos para o sistema linfático. as quimiocinas e os produtos bacterianos liberados durante as rodadas repetidas de lise celular e infecção de macrófagos de chegada recente possibilitam às células dendríticas ter acesso aos bacilos;essas células migram para linfonodos de drenagem e apresentam antígenos micobacterianos aos linfócitos T. assim, o desenvolvimento de IMC e de imunidade humoral inicia-se. Esses estágios iniciais da infecção são geralmente assintomáticos. Cerca de 2 a 4 semanas após a infecção, surgem duas respostas do hospedeiro ao M. tuberculosis, uma resposta da IMC de ativação dosmacrófagos e uma resposta de lesão tecidual. é um fenômeno mediado por células T que leva à ativação de macrófagos capazes de matar e digerir os bacilos da TB. resulta de uma reação de hipersensibilidade do tipo tardio a vários antígenos bacilares;destrói os macrófagos inativados que contêm bacilos em multiplicação, mas também provoca necrose caseosa dos tecidos acometidos. com o desenvolvimento da imunidade específica e o acúmulo de grandes números de macrófagos ativados no local da lesão primária, formam-se lesões granulomatosas (tubérculos). Essas lesões consistem em acúmulos de linfócitos e macrófagos ativados que evoluem para morfologias de células epitelioides e células gigantes. essa resposta, mediada por diversos produtos bacterianos, não apenas destrói os macrófagos como também provoca necrose sólida precoce no centro do tubérculo. Embora o M. tuberculosis possa sobreviver, seu crescimento é inibido dentro desse ambiente necrótico pela baixa tensão de oxigênio e pelo pH baixo. Nesse estágio, algumas lesões podem cicatrizar por fibrose, com calcificação subsequente, enquanto ocorrem inflamação e necrose em outras lesões. Granulomas isolados que são formados durante essa fase da infecção podem variar em tamanho e composição celular;alguns podem conter a disseminação de micobactérias, enquanto outros, não. Tuberculose apg SISTEMAS ORGÂNICOS INTEGRADOS III A ILTB começa como resultado desse equilíbrio dinâmico entre o microrganismo e o hospedeiro. resposta de ativação do macrófago A IMC é fundamental nesse estágio inicial. Na maioria dos indivíduos infectados, os macrófagos locais são ativados quando antígenos bacilares processados pelos macrófagos estimulam os linfócitos T a liberarem uma variedade de linfocinas. Esses macrófagos ativados agregam-se ao redor do centro da lesão e neutralizam os bacilos da TB, sem causar destruição tecidual adicional. no centro da lesão, o material necrótico assemelha-se a queijo mole (necrose caseosa). Mesmo quando ocorre cicatrização, bacilos viáveis podem permanecer dormentes no interior dos macrófagos ou no material necrótico durante anos. Essas lesões “cicatrizadas” no parênquima pulmonar e nos linfonodos hilares podem sofrer calcificação. hipersensibilidade do tipo tardia Em uma minoria de casos, a resposta de ativação dos macrófagos é fraca, e o crescimento das micobactérias só pode ser inibido por respostas de hipersensibilidade tardia, as quais levam à destruição do tecido pulmonar. A lesão tende a aumentar mais, e o tecido circundante apresenta lesão progressiva. No centro da lesão, o material caseoso se liquefaz. As paredes brônquicas e os vasos sanguíneos são destruídos com formação de cavidades. O material caseoso liquefeito, que contém grande número de bacilos, é drenado por meio dos brônquios. No interior da cavidade, os bacilos multiplicam-se, espalham-se pelas vias aéreas e são eliminados no ambiente por meio de tosse e o ato de falar. Nos estágios iniciais da infecção, os bacilos são transportados por macrófagos até os linfonodos regionais, a partir dos quais têm acesso ao retorno venoso central e chegam novamente nos pulmões, podendo se disseminar além da vasculatura pulmonar, pelo corpo, por meio da circulação cardíaca. papel dos macrófagos e monócitos a IMC confere proteção parcial contra o M. tuberculosis. dois tipos de células são essenciais. os macrófagos, que fagocitam diretamente os bacilos da TB, e as células T (linfócitos T CD4+), que induzem proteção por meio da produção de citocinas, especialmente y-IFN. Tuberculose apg SISTEMAS ORGÂNICOS INTEGRADOS III Após infecção pelo M. tuberculosis, os macrófagos alveolares secretam diversas citocinas responsáveis por vários eventos (formação de granulomas), bem como por efeitos sistêmicos (febre e perda de peso). Novos monócitos e macrófagos atraídos para o local constituem os componentes-chave da resposta imune. Seu principal mecanismo está relacionado com a produção de oxidantes (óxido nítrico), que possuem atividade antimicobacteriana e aumentam a síntese de citocinas, como TNF-a e IL-1, que regulam a liberação de intermediários de oxigênio reativo e intermediários reativos de nitrogênio. os macrófagos podem sofrer apoptose, um mecanismo de defesa para evitar a liberação de citocinas e bacilos por meio de seu sequestro na célula apoptótica. papel da lifócitos t Os macrófagos alveolares, os monócitos e as células dendríticas são fundamentais no processamento e apresentação de antígenos aos linfócitos T (T CD4+ e CD8+). o resultado consiste na ativação e proliferação de linfócitos T CD4+, podem sofrer diferenciação em células TH1 ou TH2 produtoras de citocinas. As células TH1 produzem y-IFN, um ativador dos macrófagos e monócitos e IL-2. As células TH2 produzem IL-4, IL-5, IL-10 e IL-13, podendo também promover a imunidade humoral. As células T CD8+ foram associadas a atividades protetoras em função de respostas citotóxicas e lise das células infectadas, bem como à produção de y-IFN e TNF-a. Por fim, as células natural killer atuam como correguladoras das atividades líticas das células T CD8+. reatividade do teste cutâneo verifica-se o desenvolvimento de hipersensibilidade tardia ao M. tuberculosis. Essa reatividade constitui a base do teste cutâneo com tuberculina (TCT), utilizado para a detecção da infecção em indivíduos assintomáticos. Os mecanismos celulares estão relacionados principalmente com os linfócitos T CD4+ previamente sensibilizados, que são atraídos ao local do teste cutâneo. Nesse local, proliferam-se e produzem citocinas. Tuberculose pulmonar manifestações clínicas A TB é classificada em pulmonar, extrapulmonar ou ambas. A TB pulmonar pode ser classificada em primária ou pós-primária (do tipo adulto, secundária). Tuberculose apg SISTEMAS ORGÂNICOS INTEGRADOS III Doença primária A TB pulmonar primária ocorre pouco depois da infecção inicial pelo bacilo da TB. Ela pode ser assintomática ou pode estar presente com febre e, as vezes, dor torácica pleurítica. maior parte do ar inspirado se distribui nas regiões média e inferior dos pulmões, áreas mais acometidas na TB primária. A lesão que se forma após a infecção inicial (nódulo de Ghon) é geralmente periférica e acompanhada de linfadenopatia hilar ou paratraqueal transitória, que pode ou não ser visível na radiografia de tórax padrão. Alguns pacientes desenvolvem eritema nodoso nas pernas ou conjuntivite flictenular. Na maioria dos casos, a lesão cicatriza e torna-se evidente apenas na forma de um pequeno nódulo calcificado. A reação pleural sobrejacente a foco subpleural é comum. O nódulo de Ghon, com ou sem reação pleural, espessamento e linfadenopatia regional subjacentes, é chamado de complexo de Ghon. O derrame pleural, observado em até dois terços dos casos, resulta da penetração de bacilos no espaço pleural a partir de um foco subpleural adjacente. Nos casos graves, o sítio primário aumenta rapidamente, sua parte central sofre necrose, e verifica-se o desenvolvimento de cavitação (TB primária progressiva). A TB em crianças pequenas é quase sempre acompanhada de linfadenopatia hilar ou paratraqueal devido à disseminação de bacilos do parênquima pulmonar através dos vasos linfáticos. Os linfonodos aumentados podem comprimir os brônquios, causando obstrução total com colapso distal, obstrução parcial com sibilo de via aérea de grande calibre ou efeito de movimento de válvula com hiperinsuflação segmentar ou lobar. Os linfonodos podem romper-se na via aérea com desenvolvimento de pneumonia, incluindo áreas de necrose e cavitação, distal à obstrução. Bronquiectasia pode se desenvolver em qualquer segmento ou lobo lesionado por pneumonia caseosa progressiva. A disseminação hematogênica oculta acompanha infecção primária. na ausência de uma resposta imune adquirida suficiente, que em geral contém a infecção, pode ocorrer doença disseminada ou miliar. Há desenvolvimento de lesões granulomatosas em múltiplos órgãos e elas podem causar doença localmente progressiva ou resultar em meningite tuberculosa.Doença pós-primária denominada TB de reativação ou secundária. Também chamada de TB do tipo adulto, pois pode resultar da reativação endógena de ILTB distante ou infecção recente (infecção primária ou reinfecção). Localiza-se nos segmentos apicais e posteriores dos lobos superiores, onde a tensão de oxigênio média mais alta (comparação com a das regiões inferiores) favorece o crescimento das micobactérias. Tuberculose apg SISTEMAS ORGÂNICOS INTEGRADOS III sinais e sintomas A extensão do comprometimento do parênquima pulmonar varia, desde infiltrados pequenos até doença cavitária extensa. Com a formação de cavidades, o conteúdo necrótico liquefeito é liberado nas vias aéreas e pode sofrer disseminação broncogênica, resultando em lesões- satélite dentro dos pulmões, que podem sofrer cavitação. O comprometimento maciço de segmentos ou lobos pulmonares, com coalescência das lesões, provoca pneumonia caseosa. pacientes sem tratamento podem sofrer um processo de remissão espontânea ou seguem um curso crônico, progressivamente debilitante. Nessas circunstâncias, algumas lesões pulmonares tornam-se fibróticas e podem sofrer calcificação;entretanto as cavidades persistem em outras partes dos pulmões. Os indivíduos com essa doença crônica continuam eliminando bacilos da TB no meio ambiente. os sinais e sintomas são inespecíficos e insidiosos No início da doença, consistindo em febre diurna e sudorese noturna causada por defervescência, perda de peso, anorexia, mal-estar geral e fraqueza. em até 90% dos casos, surge tosse, inicialmente improdutiva e limitada à manhã e, mais tarde, acompanhada da produção de secreção brônquica purulenta, algumas vezes com sangue. ocorre hemoptise em 20 a 30% dos casos e pode ocorrer hemoptise maciça em consequência da erosão de vaso sanguíneo na parede de uma cavidade. surge dor torácica pleurítica em pacientes com lesões parenquimatosas subpleurais ou doença pleural. A doença extensa pode produzir dispneia e, raramente, síndrome da angústia respiratória aguda. manifestações sistêmicas achados físicos são de valor limitado na TB pulmonar. muitos pacientes não apresentam anormalidades detectáveis ao exame de tórax, enquanto outros exibem estertores nas áreas acometidas durante a inspiração, após a tosse. Em determinadas ocasiões, podem-se auscultar roncos devido à obstrução brônquica parcial, bem como os sopros anfóricos clássicos em áreas com grandes cavidades. febre (frequentemente baixa e intermitente) em até 80% dos casos, emagrecimento, palidez e baqueteamento dos dedos. Os achados hematológicos mais comuns consistem em anemia discreta, leucocitose e trombocitose com velocidade de hemossedimentação e nível de proteína C-reativa ligeiramente elevada. diagnóstico A chave para o diagnóstico precoce de TB é um elevado índice de suspeita. Tuberculose apg SISTEMAS ORGÂNICOS INTEGRADOS III tecnologia de amplificação do ácido nucleico microscopia para baar cultura de micobactérias teste de sensibilidade a fármacos O diagnóstico não é difícil em pessoas pertencentes a populações de alto risco que apresentam sintomas típicos e uma radiografia de tórax clássica que mostra infiltrados no lobo superior com cavidades. o diagnóstico é sugerido pela primeira vez quando a radiografia de tórax de um paciente avaliado para sintomas respiratórios é anormal. Se o paciente não tiver afecções clínicas que produzam imunossupressão, a radiografia de tórax pode mostrar os infiltrados típicos no lobo superior com cavitação. pacientes imunossuprimidos podem apresentar achados “atípicos” na radiografia de tórax, como infiltrados nas regiões inferiores sem formação de cavidades. Além da avaliação clínica e da radiografia, o rastreamento e encaminhamento são as principais tarefas em nível periférico e de comunidade. radiografia de tórax TC procedimentos radiográficos é uma técnica de imagem rápida usada como ferramenta primária para detecção da TB pulmonar. A radiografia de tórax tem alta sensibilidade, mas pouca especificidade. algumas anormalidades vistas na TB estão presentes em várias outras condições pulmonares. A suspeita inicial de TB pulmonar baseia-se, com frequência, em achados anormais na radiografia de tórax de paciente submetido a triagem por sintomas respiratórios. A presença de lesões sugestivas de TB deve levar a investigações bacteriológicas em todos os casos. Embora o quadro “clássico” seja de doença do lobo superior com infiltrados e cavidades, pode-se observar praticamente qualquer padrão radiológico. pode ser útil na interpretação de achados questionáveis na radiografia simples de tórax, bem como no diagnóstico de algumas formas de TB extrapulmonar. fármacos principais tratamento Os dois principais objetivos do tratamento da TB são evitar morbidade e morte ao curar a TB enquanto evita o surgimento de resistência ao fármaco e interromper a transmissão, tornando os pacientes não infecciosos para os outros. Tuberculose apg SISTEMAS ORGÂNICOS INTEGRADOS III Isoniazida, rifampicina, pirazinamida e etambutol são os Quatro fármacos considerados agentes de primeira linha no tratamento da TB. são de administração oral. Adultos Crianças Isoniazida 5 mg/kg, máx. de 300 mg. 10 (7-15) mg/kg, máx. de 300 mg. Adultos crianças Rifampicina 10 mg/kg, máx. de 600 mg. 15 (10-20) mg/kg, máx. de 600 mg. adultos Crianças Pirazinamida 25 mg/kg, máx. de 2 g. 35 (30-40) mg/kg. adultos crianças Etambutol 15 mg/kg. 20 (15-25) mg/kg. esquemas são divididos em uma fase intensiva (bactericida) e uma fase de continuação (esterilizante). Durante a fase intensiva, a maioria dos bacilos da tuberculose é destruída, ocorre resolução dos sintomas, e o paciente geralmente se torna não infectante. A fase de continuação é necessária para eliminar as micobactérias persistentes e evitar a recidiva. Tuberculose apg SISTEMAS ORGÂNICOS INTEGRADOS III O esquema terapêutico de escolha para praticamente todas as formas de TB suscetível ao fármaco em adultos consiste em uma fase inicial de 2 meses (ou intensiva) de isoniazida, rifampicina, pirazinamida e etambutol, seguida de uma fase de continuação de 4 meses de isoniazida e rifampicina. Esse esquema pode curar TB em mais de 90% dos pacientes. Em crianças, a maioria das formas de TB na ausência de infecção pelo HIV ou resistência suspeita à isoniazida pode ser tratada com segurança sem etambutol na fase intensiva. O tratamento deve ser administrado diariamente durante todo o curso. prevenção A maneira primária de prevenir a TB é diagnosticar e isolar rapidamente os casos infectantes, bem como administrar um tratamento apropriado até que o paciente se torne não infectante (em geral 2-4 semanas após o início de tratamento adequado) e a doença seja curada. Outras estratégias consistem na vacinação com BCG e tratamento de indivíduos com ILTB que correm alto risco de desenvolver a doença ativa. degradação enzimática do fármaco modificação do alvo do fármaco permeabilidade reduzida ao fármaco exportação ativa do fármaco resistência a antibióticos existem quatro principais mecanismos de resistência a antibióticos. Na maior parte das vezes, a resistência aos fármacos resulta de uma alteração genética no organismo. mutações cromossômicas aquisição de plasmídeo Bases genéticas da resistência modificam o alvo do fármaco, de modo que o fármaco não se liga mais a este, ou modificam a membrana, de modo que o fármaco não é capaz de penetrar adequadamente na célula. As mutações cromossômicas ocorrem com baixa frequência e, frequentemente, afetam um fármaco ou uma família de fármacos. Os plasmídeos causam resistência a fármacos pela codificação de enzimas que os degradam ou modificam. A resistência mediada por plasmídeo ocorre em frequência maior que as mutações cromossômicas, em geral afetando múltiplos fármacos ou famílias de fármacos. Tuberculose apg SISTEMAS ORGÂNICOS INTEGRADOS III Plasmídeos de resistência transposons plasmídeos R ou fatores R, em geral, carreiam dois conjuntos de genes. Um conjuntocodifica as enzimas que degradam ou modificam os fármacos, ao passo que o outro codifica as proteínas que medeiam a conjugação, o principal processo pelo qual os genes de resistência são transferidos de uma bactéria para a outra. são pequenos segmentos de DNA que se deslocam de um local a outro do cromossomo bacteriano ou a partir do cromossomo bacteriano para o DNA plasmidial. Transposons frequentemente carreiam genes de resistência a fármacos. Muitos plasmídeos R carreiam um ou mais transposons. JAMESON, J L.; FAUCI, Anthony S.; KASPER, Dennis L.; et al. Medicina interna de Harrison - 2 volumes. Grupo A, 2019. E-book. ISBN 9788580556346. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788580556346/. Acesso em: 27 set. 2022. FILHO, Geraldo B. Bogliolo - Patologia. Grupo GEN, 2021. E-book. ISBN 9788527738378. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527738378/. Acesso em: 27 set. 2022. LEVINSON, Warren. 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