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PLANEJAMENTO URBANO - Aula 01 - Diferentes abordagens de planejamento

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PLANEJAMENTO 
URBANO
Vanessa Scopel
Diferentes abordagens 
de planejamento
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Reconhecer o contexto atual do planejamento urbano.
 � Reconhecer a evolução e as tendências do planejamento urbano.
 � Identificar os desafios atuais do planejamento urbano.
Introdução
Neste capítulo, você vai refletir sobre a evolução do planejamento urbano, 
entendendo as suas tendências e o seu contexto atual. Além disso, vai 
reconhecer os desafios que o planejamento urbano tem para enfrentar 
nesse processo de desenvolvimento do território urbano.
Evolução e tendências do planejamento urbano
O urbanismo é uma ciência cujo objetivo é ordenar o espaço urbano; o plane-
jamento é a atividade dessa ciência, ou seja, a ação de programar e organizar 
o território das cidades. Assim como em tantas outras atividades, o processo
de planejamento das cidades, que surgiu na Europa entre os séculos XVIII e
XIX, foi evoluindo para chegar até os dias atuais, e essa evolução conta com
diferentes fases e objetivos.
Em um primeiro momento, as cidades surgiam e se organizavam a partir de 
características e costumes específicos de cada povo. Por exemplo, as cidades 
gregas apresentavam traçados urbanos ortogonais e faziam tentativas de 
melhoramento em suas ruas, que naquela época serviam estritamente para a 
circulação de pessoas e cargas. Os romanos, sendo um povo prático e organi-
zado, aperfeiçoaram as técnicas de engenharia, o que culminou na construção 
de pontes, aquedutos, reservatórios de água, entre outros. Nesse momento, 
começou a surgir a rede de coleta de esgoto e de abastecimento de água.
As cidades da Idade Média eram irregulares e apresentavam diversos 
tipos de traçados. Nessa época, não houve qualquer evolução com relação 
à ordenação e ao melhoramento do território. Com o desenvolvimento da 
navegação e o estabelecimento das relações de troca mais fortes nas cidades, a 
fase do Renascimento e do Barroco trouxe a abertura de novas vias, a criação 
de praças, monumentos e empreendimentos urbanos.
Nessa época, as cidades já haviam evoluído em suas infraestruturas e 
começaram a receber as indústrias de grande porte, que atraiam cada vez mais 
trabalhadores. Dessa maneira, a mudança mais importante e que culminou 
no surgimento do termo “planejamento urbano” foi a Revolução Industrial: 
as cidades dessa época passaram a receber os moradores do campo e, com 
isso, tiveram que melhorar sua rede de transportes. O que aconteceu é que, 
como as cidades não estavam preparadas para receber tantas pessoas oriundas 
do campo, começaram a surgir diversos problemas relacionados à falta de 
saneamento básico, o que originou pestes e doenças.
Pode-se dizer que, até a Revolução Industrial, fazia-se “desenho urbano”, 
algo mais simplificado e pontual; a partir de então, houve a necessidade de 
planejar as cidades com base em aspectos mais globais e inclusivos.
A primeira fase do que se pode chamar de “planejamento urbano” foi a fase 
do urbanismo moderno. Segundo Del Rio e Gallo (2000), as ações urbanas 
modernas se tornaram viáveis mais precisamente após a Primeira Guerra 
Mundial. Esse tipo de planejamento surgiu após a era das indústrias, com o 
intuito maior e utópico de resolver todos os problemas das cidades. A ideia 
deste tipo de urbanismo era:
A substituição da exaurida estética classicista e historicista por uma “estética 
nova” da máquina, de industrialização nas cidades e promoção de uma nova 
classe operária e de transformação de um país de caráter majoritariamente 
rural para majoritariamente urbano. (DEL RIO; GALLO, 2000).
A ideia desse tipo de planejamento era a simplificação funcional com base 
em uma cidade dividida em quatro setores: habitar, trabalhar, lazer e circular. 
No urbanismo moderno, o interesse privado passa a ser subordinado ao público, 
de modo que o solo é liberado e tratado como espaço público, incorporando 
o conceito de pilotis nos edifícios. Os conceitos de zoneamento rígido e de 
Diferentes abordagens de planejamento2
setorização extrema são os principais instrumentos do planejamento urbano 
moderno, no qual cada espaço especializado corresponde a uma função.
A intenção dessa fase do planejamento era interessante e diferenciada 
para a época, mas os urbanistas dessa vertente elaboravam planos que tinham 
como propósito substituir o traçado de todas as cidades tradicionais por esses 
esquemas modernistas. Nesse sentido, eles desconsideravam tudo o que já 
havia sido construído nas cidades, não se importando com o existente ou com 
a topografia e as especificidades de cada área urbana.
A fase modernista do planejamento influenciou a construção da capital 
do Brasil, Brasília (Figura 1). Organizou-se um concurso para a cidade e o 
vencedor foi o projeto de Lucio Costa, que propôs o conceito de urbanismo 
modernista baseado em dois eixos que se cruzavam: um monumental, para as 
obras públicas, e outro residencial, fundamentado na ideia das superquadras. 
Essa cidade apresenta todas as características desse momento do planejamento.
Figura 1. Plano piloto da cidade de Brasília.
Fonte: Sant’Anna (2015).
Após essa fase do planejamento modernista, surgiram urbanistas que 
abominavam a ideia moderna, defendendo o ponto de vista de que não existem 
planos ideais que se adéquam a todas as cidades. Esse período foi chamado de 
3Diferentes abordagens de planejamento
urbanismo pós-moderno, que surgiu como uma resposta à ideologia modernista. 
Harvey (2000, p.69) considera o momento pós-modernista como:
[...] uma ruptura com a ideia modernista de que o planejamento e o desenvol-
vimento devem concentrar-se em planos urbanos de larga escala, de alcance 
metropolitano, tecnologicamente racionais e eficientes, sustentados por uma 
arquitetura absolutamente despojada (as superfícies “funcionalistas” austeras 
do modernismo de “estilo internacional”) (HARVEY, 2000, p. 69).
Agora a cidade passa a ser tratada como mercadoria e há uma tendência 
em relação ao adensamento e à ocupação dos vazios. Nesse contexto, surge 
o planejamento estratégico, associado a paisagens urbanas espetaculares, e a
ideia é vender a imagem da cidade.
A cidade da era da globalização está voltada para o comércio. Agora é a 
cidade-empresa, diferentemente da cidade-fábrica da era maquinista. Essa 
cidade que adota o planejamento estratégico vivencia outro fenômeno: o da me-
tropolização, efeito que promove e reforça o surgimento de novas centralidades.
Nesse momento do urbanismo pós-moderno (Figura 2), que tem por ob-
jetivo reconstruir o sentido da cidade, surgem mudanças significativas na 
infraestrutura urbana, como a requalificação do espaço urbano por meio de 
intervenções urbanas pontuais. Assim, os planos urbanos estratégicos passam a 
ser a base para o planejamento e estão indissociavelmente ligados aos projetos 
de revitalização urbana. Nessa fase, produzem quase sempre projetos pontuais, 
de menor escala em relação às intervenções modernas, fragmentando a cidade 
e intervindo, geralmente, em áreas degradadas e obsoletas.
Assim, surgiram planos e projetos estratégicos com fundamentações 
ecológicas e socioeconômicas e atração de capital e de pessoas, principal-
mente nas áreas centrais das cidades, locais caracterizados, muitas vezes, 
pelo abandono. A ideia é passar a imagem de uma cidade empreendedora, 
socialmente integrada, que oferece qualidade de vida e um clima favorável 
aos negócios.
Diferentes abordagens de planejamento4
Figura 2. A ideia do planejamento pós-moderno de ter a cidade 
como mercadoria.
Fonte: Egali Intercâmbio (c2018?).
Após as ideias pós-modernas surgidas nos anos de 1950 em diante, vive-se, 
atualmente, outro momento do planejamento urbano. A partir dos anos 2000, 
começou-se a compreender que a cidade não deve ser um produto somente 
tecnológico e que atraia investimentos e turistas: ela também precisa ser um 
espaço democrático e saudável, que permita uma vida de qualidadepara todas 
as pessoas. Diante disso, surgem urbanistas que defendem uma “cidade para 
pessoas” (GEHL, 2013), no sentido de que elas devem ser vivas, seguras, 
sustentáveis e saudáveis.
Um grande esforço desses objetivos é uma intervenção política unificada 
por toda a cidade para garantir que os moradores se sintam convidados a cami-
nhar, pedalar ou permanecer nos espaços da cidade. Uma cidade que convida 
as pessoas a caminhar, por definição, deve ter uma estrutura razoavelmente 
coesa que permita curtas distancias a pé, espaços públicos atrativos e uma 
variedade de funções urbanas.
A tendência do planejamento urbano, hoje, é de que ele devolva a cidade 
para as pessoas, garantindo bons espaços urbanos para que todos possam 
vivenciar e sentir a cidade igualitária e conjuntamente.
5Diferentes abordagens de planejamento
Cheonggyecheon é um córrego, localizado na cidade de Seul, na Coreia do Sul. Foi 
construído durante a dinastia Joeson, com a função de dreno para a cidade. Em 1945, 
com a ocupação colonial japonesa, partes do córrego foram cobertas para construir 
edifícios e leitos carroçáveis. Com o nascimento da república, em 1948, Cheonggye-
cheon foi totalmente coberto por uma estrada de concreto (Figura 3). A grande via 
pública tinha uma largura variável entre 50 e 90 m e se estendia por 6 km pelo centro 
da cidade. A ideia de substituir a estrada surgiu em 1999, quando a Câmara Municipal 
de Seul precisou fechar uma das três artérias rodoviárias da cidade.
Partes do córrego foram cobertas para construir edifícios e leitos carroçáveis (Figura 
4). Anos depois, foi construída uma via elevada. No período de pico de utilização, as vias 
chegavam a receber cerca de 120 mil veículos diariamente e a área acabou degradada. 
Estima-se que 40 mil moradores deixaram o centro da cidade e que 80 mil postos de 
trabalho foram fechados. A via foi removida e o córrego foi recuperado.
Figura 3. Imagens da antiga via expressa de Cheonggyecheon.
Fonte: Nosso Ambiente (2018?) e A Cidade (In)visível (2013).
Diferentes abordagens de planejamento6
Figura 4. Parque linear de Cheonggyecheon após a revitalização.
Fonte: TK Kurikawa/Shutterstock.com e khathar ranglak/Shutterstock.com.
Pesquisas mostram, também, uma significativa diminuição do efeito de ilha de calor 
na cidade, que era provocado pela concentração de poluentes e pelo intenso fluxo 
de automóveis. O que antes era uma barreira soterrada entre o norte e o sul da cidade, 
transformou-se em um parque público para uso de 30.000 pessoas a cada fim de 
semana (Figura 4). A maioria das pessoas que visita o novo espaço chega de metrô 
– as linhas e as estações estão sempre a menos de 1 km de distância uma da outra.
Contexto atual do planejamento urbano
Considerando a complexidade da atividade de planejar, é importante refletir 
sobre a evolução e sobre as tendências de planejamento. Atualmente, a ten-
dência de devolver a cidade para as pessoas se consagra por meio do Estatuto 
da Cidade e dos Planos Diretores, instrumentos que asseguram a participação 
das pessoas nas decisões sobre a cidade.
O planejamento urbano no Brasil foi evoluindo e mudando ao longo dos anos. 
Suas transformações mais significativas se deram a partir da Constituição Federal 
de 1988, que, por meio dos artigos 182 e 183, regulamenta a política de desenvolvi-
mento urbano e da função social da propriedade, e da implementação do Estatuto 
da Cidade, que é uma tentativa de democratizar a gestão das cidades brasileiras 
com base em instrumentos, dentre os quais podemos destacar o Plano Diretor.
7Diferentes abordagens de planejamento
No Brasil, o Estatuto da Cidade, em seu em seu art. 2º, inciso I, assegurou o 
direito a cidades sustentáveis, definindo-o como o “[...] direito à terra urbana, à 
moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos 
serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações 
[...]” (BRASIL, 2001). A partir desses instrumentos, houve uma evolução no 
que diz respeito à regularização fundiária e também na implementação de 
Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS), com regras específicas de 
parcelamento, uso e ocupação do solo.
Nesse contexto, destaca-se o debate do direito à cidade. Segundo a Carta 
do Rio de Janeiro, apresentada pelos movimentos sociais durante o V Fórum 
Urbano Mundial (Rio de Janeiro, de 22 a 26 de março de 2010), o direito à 
cidade deve se constituir como um “[...] direito coletivo das presentes e futuras 
gerações a uma cidade sustentável, sem discriminação de gênero, idade, raça, 
condições de saúde, renda, nacionalidade, etnia, condição migratória, orien-
tação política, religiosa ou sexual, assim como de preservarem sua memória 
e identidade cultural [...]” (CARTA DO RIO DE JANEIRO, 2010).
Portanto, o direito à cidade evidencia o direito de todos os cidadãos ao es-
paço público, sem distinções ou privilégios. É dever do poder público assegurar 
a cidade como espaço democrático, que traduz o anseio dos moradores. Essa 
ideia enfatiza a importância da participação da população na definição e na 
implementação de políticas públicas, de modo que “[...] se rompa o mecanismo 
e o modelo de urbanização historicamente excludente e espacialmente segre-
gador, que muitas vezes privilegia interesses econômicos ou sociais de grupos 
não representativos em detrimento daqueles da maioria das pessoas que vive 
nas cidades [...]” (INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA, 
2016). O direito à cidade passou a ser uma questão primordial no planejamento 
urbano; essa atitude condiciona a organização dos centros urbanos para todos, 
garantindo a harmonia entre diferentes classes, grupos sociais e raças.
Esses fatos transformaram o Plano Diretor em um instrumento fundamental 
da política urbana, que é a base de leis, normas e diretrizes para a cidade. 
Além disso, em 2003, foi criado o Ministério das Cidades, que, segundo o 
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (2016),
[...] possibilitou a unificação, em uma mesma instituição pública, da gestão das 
diversas políticas setoriais de desenvolvimento urbano, a saber, planejamento 
urbano, habitação, saneamento ambiental, mobilidade urbana, transporte e 
trânsito, além da criação de instância de gestão participativa em nível nacional: 
o Conselho das Cidades (ConCidades).
Diferentes abordagens de planejamento8
Tanto o Ministério das Cidades quanto o Conselho das Cidades são os 
responsáveis, nesses últimos anos, pela “mobilização, capacitação e formação 
de diversos atores públicos, políticos e da sociedade civil para tratamento da 
temática do planejamento urbano” (INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔ-
MICA APLICADA, 2016).
Considerando esse contexto atual, além da consolidação dos Planos Di-
retores, foram criadas diversas ferramentas que contribuem para a regulação 
das políticas públicas voltadas ao planejamento do território. Conforme o 
Instituto de Pesquisa Econômica do Brasil (2016),
Esses avanços legislativos ocorridos na última década se articulam em torno 
da habitação e da regularização fundiária, do saneamento ambiental e resíduos 
sólidos, do transporte e mobilidade urbana e às áreas suscetíveis à ocorrência 
de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos geo-
lógicos ou hidrológicos. Foram aprovados no Conselho das Cidades, ainda, 
o Plano Nacional de Habitação e o Plano Nacional de Saneamento Básico, 
sendo este aprovado também no Conselho Nacional de Saúde (CNS), no 
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e no Conselho Nacional 
de Recursos Hídricos (CNRH).
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(2017), houve um crescimento de instrumentos de planejamento territorial 
adotados pelos municípios nesses últimos anos. De 2008 para 2011, a por-
centagem de municípios que apresentam planos de habitação finalizados ou 
em processo de elaboração aumentou de 10,9% (2008) para 28% (2011). A 
porcentagem de municípios que realizou planos de saneamento cresceu de 
2011para 2013 em cerca de 28,7%. Considerando planos de emergência e 
contingência para área de risco, a Defesa Civil constatou que, em 2013, 83% 
dos municípios localizados nessas áreas contêm planos de gestão de risco. 
Além disso, no ano de 2013, 1865 municípios declararam ter elaborado Planos 
de Gestão Interada de Resíduos conforme a Lei nº 12.305/2010.
Tendo em vista os municípios que respondem ao Sistema Nacional de 
Informações sobre Saneamento (SNIS), com base nos dados de 2013, 92,98% 
deles têm acesso ao abastecimento de água potável, 69,42% contam com o 
tratamento dos efluentes e 56,3% têm coleta de esgoto em suas residências.
Em janeiro de 2015, foi criado outro instrumento, chamado Estatuto da 
Metrópole, sob a Lei Federal nº 13.089/2015, e que foi formulado com o intuito 
de preencher e corrigir falhas deixadas pelo texto constitucional. O Plano de 
Desenvolvimento Urbano Integrado é a principal diretriz desse Estatuto, o 
9Diferentes abordagens de planejamento
qual deverá ser instituído por lei estadual e revisto, pelo menos, a cada 10 
anos. Segundo seu Artigo 1º, esta Lei:
[...] estabelece diretrizes gerais para o planejamento, a gestão e a execução 
das funções públicas de interesse comum em regiões metropolitanas e em 
aglomerações urbanas instituídas pelos Estados, normas gerais sobre o plano 
de desenvolvimento urbano integrado e outros instrumentos de governança 
interfederativa, e critérios para o apoio da União a ações que envolvam go-
vernança interfederativa no campo do desenvolvimento urbano (BRASIL, 
2015, art. 1º).
Percebe-se que o contexto atual do planejamento no Brasil é esperançoso: 
os agentes da sociedade entendem a importância de ordenar o território urbano 
e de garantir, às futuras gerações, espaços democráticos e igualitários nas 
cidades. A criação de variados planos, leis e diretrizes é o pontapé inicial 
para adequar esse processo e torná-lo organizado, garantindo sua eficácia e 
aplicação nas cidades brasileiras.
A Lei nº 12.305/2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), é 
bastante atual e contém instrumentos importantes para permitir o avanço necessário 
ao Brasil no enfrentamento dos principais problemas ambientais, sociais e econômicos 
decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos.
 � Propõe a prevenção e a redução na geração de resíduos, tendo como proposta a 
prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para 
propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos (aquilo que 
tem valor econômico e pode ser reciclado ou reaproveitado) e a destinação ambien-
talmente adequada dos rejeitos (aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado).
 � Institui a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos: fabricantes, 
importadores, distribuidores, comerciantes, cidadãos e titulares de serviços de ma-
nejo dos resíduos sólidos urbanos na Logística Reversa dos resíduos e embalagens 
pós-consumo e o próprio pós-consumo.
 � Cria metas importantes que irão contribuir para a eliminação dos lixões e insti-
tui instrumentos de planejamento nos níveis nacional, estadual, microrregional, 
intermunicipal e metropolitano e municipal, além de impor que os particulares 
elaborem seus Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos.
 � Também coloca o Brasil em patamar de igualdade aos principais países desenvolvidos 
no que concerne ao marco legal e inova com a inclusão de catadoras e catadores de 
materiais recicláveis e reutilizáveis, tanto na Logística Reversa quando na Coleta Seletiva.
Fonte: Brasil (2010).
Diferentes abordagens de planejamento10
Desafios do planejamento urbano
Por mais que o contexto atual do planejamento das cidades seja animador, em 
virtude da criação de diversos instrumentos que regulamentam e projetam 
intervenções nas cidades, existem inúmeros problemas e desafios a serem 
enfrentados nesse processo de desenvolvimento do território urbano.
Uma das grandes preocupações das cidades diz respeito às desigualdades, 
que se manifestam sob os aspectos de mobilidade, renda e, principalmente, de 
acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida. Conforme o Conselho 
de Arquitetura e Urbanismo do Brasil:
Aos déficits setoriais e às diferenças de acesso a serviços e equipamentos 
básicos somam-se outras dimensões da vida: lazer, segurança, saúde, edu-
cação, cultura etc., que, de maneira geral, evidenciam os grandes desafios 
para a efetiva inclusão socioespacial e para a redução das desigualdades 
e da fragmentação urbana. (INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA 
APLICADA, 2016).
Nota-se que o modelo de urbanismo baseado na exclusão de alguns e na 
prioridade para outros cria espaços fragmentados, sem qualquer conexão com 
o todo da cidade. Além disso, as ações políticas e as intervenções do governo 
são vistas como um sistema setorizado, em que se privilegia porções da cidade 
com bens, equipamentos e serviços. Essas questões podem ser consideradas 
empecilhos para o desenvolvimento urbano, de modo que a integração de 
políticas é de fundamental importância para que as cidades atendam por 
completo as necessidades dos cidadãos.
Segundo o Relatório do GT Habitat do Conselho das Cidades, de autoria do 
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2016), dentre os principais 
desafios do planejamento urbano atual, existem alguns primordiais para a 
atualidade, que se destacam por serem importantes para garantir um futuro 
melhor para as cidades e para as pessoas. São eles:
1. Garantir o planejamento e o projeto urbano sustentável a partir da 
implantação dos Planos Diretores de cada município, buscando associar 
o planejamento à questão fundiária, à valorização do espaço público e 
à proteção do meio ambiente, observando diferentes escalas de planeja-
mento territorial. Assegurar a utilização efetiva dos instrumentos para 
o combate à especulação imobiliária, para a ampliação do acesso à terra 
e para o cumprimento da função social da propriedade, articulando ao 
desenho e à execução das políticas públicas e promovendo a ampliação 
11Diferentes abordagens de planejamento
da estrutura técnica e institucional para o planejamento e para gestão 
urbana e territorial nos municípios e estados.
2. Melhorar a gestão da terra, inclusive o tratamento do espraiamento urbano 
por meio do monitoramento dos conflitos fundiários, buscando maximizar 
resultados em termos de prevenção de conflitos e violência, com base 
em mediação e negociações. Instituir a Política Nacional de Prevenção e 
Mediação de Conflitos Fundiários Urbanos, elaborada de maneira ampla 
e participativa pelo Conselho das Cidades. Desenvolver e monitorar pro-
jetos específicos de expansão urbana de maneira participativa. Construir 
políticas específicas de reabilitação de imóveis associadas às políticas 
habitacionais, de mobilidade e de geração de emprego e renda em áreas 
com infraestrutura e serviços, desenvolvendo estratégias e instrumentos 
de ampla participação na concepção e gestão de projetos urbanos, garan-
tindo transparência das ações, construindo identidades e difundindo seus 
potenciais benefícios para distintos territórios das cidades.
3. Aumentar a produção de alimentos urbana e periurbana por meio da 
integração entre a agricultura urbana e periurbana e a gestão de resíduos 
orgânicos, com vistas ao aumento da produção de alimentos nessas áreas.
4. Atender aos desafios da mobilidade urbana, adaptando as cidades à 
acessibilidade universal, qualificando os deslocamentos dos pedestres por 
meio da inserção das calçadas no sistema de transporte. Regular os usos 
do espaço urbano no sentido de possibilitar a redução das distâncias per-
corridas e do tempo de deslocamento. Ampliar a mobilidade da população 
a partir do incentivo aos modos coletivos e não motorizados. Aumentar 
o índice de mobilidade cotidiana dos estratos mais pobres. Ampliar a 
participação, nos deslocamentos urbanos, de modos de transporte mais 
“suaves”, como as bicicletas e a integração entre políticas demobilidade 
e de uso e ocupação do solo urbano, de forma a possibilitar a constituição 
de lugares urbanos diversos (multiuso) em termos funcionais e sociais, 
que contribuam para uma menor demanda por mobilidade e com opções 
sustentáveis de mobilidade e acessibilidade.
5. Aumentar a capacidade técnica para planejar e gerenciar as cidades a 
partir da discussão acerca do Sistema Nacional de Desenvolvimento 
Urbano, a fim de garantir o equilíbrio das responsabilidades entre os 
entes federativos no âmbito da política urbana. Promover a instituciona-
lização da política de desenvolvimento urbano e de seus instrumentos 
(planejamento, fiscalização, regulação, controle social e participa-
ção), aumentando as capacidades dos governos locais para promoção 
do planejamento urbano sustentável e da gestão territorial integrada. 
Diferentes abordagens de planejamento12
Possibilitar a participação social e assegurar o acesso público à infor-
mação, protegendo as liberdades fundamentais. Fomentar a formação 
de consórcios públicos no âmbito do planejamento urbano e gestão do 
território entre municípios e destes com os outros entes federativos.
Diante desses desafios do planejamento urbano atual, percebe-se que 
há muito o que resolver, melhorar e implementar em nossas cidades. Para 
transformar essa realidade, não basta apenas a vontade pública e da popula-
ção, são necessários, além disso, investimentos financeiros, uma sociedade 
civil organizada e mobilizada em prol de cidades mais justas e inclusivas, de 
compromissos políticos de governos nacional, estaduais e municipais, de uma 
maior democratização e acesso ao Judiciário, de maior capacidade e qualidade 
dos gestores públicos e dos organismos governamentais.
De qualquer forma, o planejamento evoluiu e continua evoluindo ao longo dos 
anos, sendo cada vez mais considerado nas políticas do governo e entendido pela 
população como algo que colabora para a qualidade de vida de todos. Assim como 
em tantas outras atividades, os desafios fazem parte do desenvolvimento e da 
evolução dos sistemas e das pessoas e servem como estímulo para a o progresso.
13Diferentes abordagens de planejamento
A CIDADE (IN)VISIVEL. Revitalização urbana: canal Cheonggyecheon, em Seul. 
[S.l.]: A Cidade (In)visível, 2013. Disponível em: <https://acidadeinvisivel.wordpress.
com/2013/04/01/revitalizacao-urbana-canal-cheonggyecheon-em-seul/>. Acesso 
em: 26 jan. 2018.
BRASIL. Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001. Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constitui-
ção Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. 
Brasília: Presidência da República, 2001. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
Ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10257.htm>. Acesso em: 26 jan. 2018.
BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos 
Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. 
Brasília: Presidência da República, 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 26 jan. 2018.
BRASIL. Lei nº 13.089, de 12 de janeiro de 2015. Institui o Estatuto da Metrópole, altera a 
Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001, e dá outras providências. Brasília: Presidência 
da República, 2015. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13089.htm>. Acesso em: 26 jan. 2018.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Política nacional de resíduos sólidos. Brasília: MMA, 
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Diferentes abordagens de planejamento16

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