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Infecções hospitalares

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Geovana Sanches, TXXIV 
INFECÇÕES HOSPITALARES 
 
 Infecção hospitalar é toda infecção 
adquirida dentro do ambiente hospitalar (após 48 
horas da internação), desde que o paciente seja 
submetido a procedimentos médicos invasivos, 
(SVD, cateteres vasculares, tubo endotraqueal, 
procedimentos cirúrgicos), os quais são portas de 
entrada para as bactérias hospitalares. Podem ser 
ocasionadas por diversos vírus, bactérias e fungos 
(não entram infecções parasitárias). 
 Infecções diagnosticadas até 48h de 
internação não são consideradas hospitalares e 
sim da comunidade, mesmo que o diagnóstico 
tenha ocorrido no hospital. 
 Todas as infecções no recém-nascido, 
desde que o parto tenha sido hospitalar, são 
consideradas hospitalares, exceto aquelas 
transmitidas via transplacentária (toxoplasmose, 
rubéola, HIV, hepatite B/C, etc). Caso o bebê tenha 
nascido fora do hospital, a infecção pode ser da 
comunidade. 
HISTÓRICO 
• 1840= Semmelweis: médico; foi o primeiro 
a perceber que as pessoas podiam adquirir 
infecções no ambiente hospitalar. 
o Nesse período, médicos passavam 
mais tempo no necrotério para 
investigar as causas de morte, do 
que no hospital em si cuidando dos 
pacientes. A cada chamada, O 
médico saia do necrotério e ia ao 
hospital atender o paciente, sem 
troca de roupa ou processo de 
higienização. 
o Esse médico verificou que as 
infecções puerperais ocorriam mais 
em partos hospitalares do que os 
em casa. Concomitantemente, 
observou a não troca de roupa, uso 
de luvas ou higienização das mãos 
antes do parto. Assim, associou a 
transmissão das bactérias entre o 
necrotério e o ambiente hospitalar. 
o A partir dessa constatação, foram 
instituídas roupas adequadas para 
cada tipo de atendimento médico, 
além da higienização das mãos. 
• 1854= Florence Nightingale: a partir dos 
conhecimentos divulgados de 
Semmelweis, a enfermeira propôs por 
escrito normas para evitar as infecções. 
 
• Brasil 
o 1970= primeiras CCIHs (comissões 
de controle de infecção hospitalar) 
o 1980= grupo multidisciplinar 
o 1983= Ministério da Saúde 
§ Portaria obrigatória CCIH 
o 1985= morte de Tancredo Neves 
§ Suspeita de infecção 
hospitalar 
o 1987= APECIH (15 de maio) 
§ Associação paulista de 
estudos de controle de 
infecção hospitalar 
o 1992= Ministério da Saúde 
§ Nova portaria (CCIH e SCIH) 
§ Obrigatoriedade que os 
hospitais contenham um 
núcleo de controle de 
infecção hospitalar. 
o 15 de maio= Dia nacional de 
controle de infecção hospitalar 
 
A CCIH, comissão de controle de infecção 
hospitalar é composta por equipe multidisciplinar 
(clínica médica, cirurgia, ginecologia e obstetrícia, 
laboratório, serviço de limpeza, nutrição, etc). Ela 
se reúne 1 vez por mês ou a cada 2 meses para 
propor soluções às infecções hospitalares que vem 
ocorrendo em cada setor. 
 O SCIH, serviço de controle de infecção 
hospitalar é composto por médicos e enfermeiros 
que executam as ações de controle. É um núcleo 
permanente, que trabalha em todo o período 
comercial. O ideal é que tenha 1 médico para cada 
500 leitos e 1 enfermeiro para cada 200 leitos. A 
função desse serviço é fazer busca ativa pelas 
infecções, através de visitar diárias as diferentes 
áreas do hospital, verificando a ocorrência de 
infecções e, em caso positivo, qual o sítio 
acometido. 
 Com isso, temos que o SCIH é responsável 
por fazer o levantamento das infecções 
hospitalares para que o CCIH possa se reunir e 
propor soluções aos acontecimentos daquele 
período. 
PROBLEMAS DECORRENTES DAS IH 
• Aumento do risco de morte 
o Bactérias mais resistentes, pois são 
sempre expostas à antibióticos. 
o Risco de sepse 
Geovana Sanches, TXXIV 
• Sequelas 
• Aumento de custos 
o Diárias extras 
o Exames diagnósticos 
o Intervenções cirúrgicas 
o Medicamentos 
§ Antibióticos de maior 
espectro à drogas de 
custo elevado. 
• Marketing negativo 
OBJETIVOS DO CONTROLE DAS IH 
• Manter as taxas de IH em níveis 
recomendados para a complexidade do 
hospital. 
o Em torno de 3-4%; quanto maior a 
complexidade de hospital, mais IH 
podem ocorrer 
o Hospitais clínicos não devem ter 
infecções hospitalares 
• Educar os funcionários quanto às medidas 
de controle de infecção hospitalar, por 
meio de aulas ou cursos 
• Incentivar à execução das medidas de 
controle de infecção na prática diária: 
lavagem de mãos, uso de equipamentos 
padrão para a realização de procedimentos 
de risco, etc. 
o É essencial a colaboração de todos! 
FATORES PREDISPONENTES À IH 
• Idade 
o Extremos de idade sempre tem 
maiores chances de desenvolver 
infecção 
§ Idosos com mais de 60 anos 
§ Crianças abaixo de 2 anos 
• Doenças de base 
o HAS, DM, DPOC, etc. 
o Caso esteja descompensada, há 
maiores consequências durante a 
infecção. 
• Imunodepressão 
• Procedimentos invasivos 
o Cateteres venosos 
o Sondagem vesical 
o Tubo traqueal 
o Cirurgias 
FERRAMENTAS PARA O CONTROLE DE INFECÇÃO 
HOSPITALAR 
• Os indicadores de IH são um ponto de 
partida para identificação e resolução de 
problemas. Exemplos 
o Taxa de infecção hospitalar 
o Taxa de mortalidade 
o Taxa de morbidade 
• Medidas de controle à toda informação 
deve levar à ação 
• Interação com todos os setores do hospital 
à toda decisão sobre medidas de controle 
deve envolver as equipes 
• Educação continuada em infecção 
hospitalar 
 
FONTES DE INFECÇÃO HOSPITALAR 
Animadas (ou vivas) 
• Paciente à paciente 
• Funcionários à paciente 
Inaminadas 
• Ar 
o Meio de transmissão de diversas 
doenças, podendo percorrer até 
200m. 
o Internação de Tuberculose 
pulmonar ou laríngea à 
isolamento dentro do quarto, de 
porta fechada, a fim de evitar a 
disseminação dos aerossóis. 
o Ar-condicionado de centro 
cirúrgico tem que ser limpo a cada 
30 dias pelo menos, para evitar 
contaminações 
• Superfícies 
o Bancadas, telefone, celular à 
necessário realizar desinfecção 
rigorosamente. 
• Materiais e equipamentos 
o Esfigmomanômetro, estetoscópio 
o Cuidado especial com material 
perfuro-cortante 
TOPOGRAFIAS 
 Topografias se referem aos locais do 
organismo em que ocorrem as infecções 
hospitalares. São elas: 
• Trato urinário 
• Trato respiratório 
• Sítio cirúrgico ou ferida operatória 
Geovana Sanches, TXXIV 
• Relacionada a cateter vascular 
• Escaras (úlceras de pressão) 
o Áreas em que, devido ao apoio, 
acabam ulcerando. 
§ Crescimento extenso de 
microrganismos, em geral 
selecionados devido ao 
ambiente hospitalar. 
§ Ainda não há protocolo 
para trabalho sobre essas 
infecções. 
 
INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO 
 A sondagem vesical é a principal via de 
infecção hospitalar do trato urinário, responsável 
por 90 a 95% dos casos. Sendo assim, é de extrema 
importância que haja indicação precisa e remoção 
precoce para as sondas. 
 Aproximadamente 1/3 de todas as sondas 
vesicais instaladas não tem indicação para tal, 
algumas vezes sendo solicitadas indevidamente 
pela equipe da enfermagem e acatada pelo 
médico sem correta análise. Portanto, é essencial 
uma indicação precisa, como nos casos de 
retenção urinária prolongada, por exemplo. 
 Quanto a porcentagem que há indicação 
correta para inserção, também há problemas, pois 
a remoção da sonda deve ser o mais rápido 
possível. Em muitos casos, a sonda fica por mais 
tempo que o necessário e, quanto maior o tempo 
de instalação, maior o risco de infecção. Portanto, 
também é essencial remoção precoce. 
Passagem da SVD 
 A passagem da sonda vesical é função da 
enfermagem. Antes do início e após o 
procedimento, é essencial que seja feita a 
lavagem das mãos com técnica adequada, em 
tempos, com água e sabão. 
 Após a higienização das mãos, verifica-se o 
kit de passagem da sonda, o qual deve incluir 
todos os utensílios necessários: avental 
descartável, máscara, luvas estéreis, cuba, avental 
estéril, equipo coletor, sonda e cabo fenestrado. 
 Faz-se então a higienização íntima do 
paciente com antisséptico não alcoólico de uso 
tópico, a partir de pinçaadequada, sem utilizar as 
mãos. A partir disso, identifica-se a uretra e aplica-
se anestésico em gel (de uso único) na região. 
Segue-se com a introdução do cateter com 
técnica asséptica. 
 É importante utilizar sistema de drenagem 
fechado e estéril. Além disso, não é adequado 
desconectar o sistema, ou seja, não desconectar o 
saco coletor da sonda vesical, pois isso aumenta o 
risco de infecções 
 Mesmo seguindo todos os passos 
necessários para evitar ou diminuir a chance de 
infecções urinárias, a taxa das mesmas não será 
zerada. Todavia, elas serão baixas. 
Identificação da infecção 
 Os primeiros a suspeitarem de uma 
infecção são os colaboradores, como a equipe de 
enfermagem. A febre pode ser o primeiro sinal, 
podendo estar acompanhada de calafrios. 
Eventualmente, o paciente pode cursar com 
hipotermia (temperaturas < 35,7º). 
 A partir da identificação de algum desses 
sinais, o médico deverá fazer uma visita ao 
paciente para tentar verificar qual o sítio da 
infecção. É importante lembrar que o mesmo 
paciente pode ter passado por vários 
procedimentos invasivos e isso deve ser levado em 
consideração. 
 Ao pensarmos em infecção do trato 
urinário, a investigação deve ser feita em todo o 
trajeto da sonda até o saco coletor, observando-se 
as características da urina. Não é adequado 
verificar apenas o saco coletor, tendo em vista que 
a urina fica lá armazenada, podendo ter suas 
características alteradas. 
O normal é que a urina seja amarela clara, 
com aspecto límpido. Na vigência de infecção, ela 
pode se tornar turva, com coloração amarelada 
mais intensa e apresentar ou não grupos (acúmulo 
de células de defesa). Além disso, pode ser 
verificada piúria franca (eliminação de pus junto à 
urina). Todas as características observadas devem 
ser incluídas no prontuário do paciente. 
 Caso sejam identificadas essas 
características de infecção, o próximo passo é 
tentar confirmar a infecção e detectar qual o 
agente causador. Para tal, solicitamos exame de 
urina I e urocultura com antibiograma. 
 A coleta da urina para o exame não deve 
ser realizada através do saco coletor, mas sim da 
parte proximal da sonda. São necessários 20ml 
para adultos, igualmente divididos em 2 frascos. 
Para crianças, entre 8 e 10ml são suficientes. 
 Tendo em vista que não devemos coletar 
urina do saco coletor (há válvula de retirada para 
esvaziamento do saco) e também não devemos 
desconectar o sistema para coleta, há outro local 
especialmente para isso. 
Entre o sistema coletor e a sonda vesical há 
um ponto específico em que a enfermagem deve 
Geovana Sanches, TXXIV 
fazer a punção, aspirando a urina. Isso impede que 
haja contaminação da urina durante a coleta. 
Após a coleta, os tubos são enviados aos 
laboratórios para realização dos exames. O 
resultado da urina I sai entre 12 e 24h, mas o da 
cultura demora de 3 a 5 dias. Assim, não é 
adequado esperar para o início do tratamento. 
Faz-se tratamento empírico, com base na 
epidemiologia. 
Antibioticoterapia empírica 
Aproximadamente 95% das infecções 
urinárias hospitalares são causadas por bactérias 
Gram negativas, sendo as principais: E. coli; P. 
aeruginosa; K. pneumoniae e Acynetobacter. Os 
5% restantes são causados por bactérias Gram 
positivas e leveduras (candida sp, outros) . 
Assim, a antibioticoterapia empírica deve 
cobrir principalmente bactérias gram negativas: 
• Penicilinas: funcionam apenas para G+, 
tirando exceções. 
• Cefalosporinas 
o 1ª geração: atua apenas sobre G+ 
o 2ª geração: atua sobre G+ e G- 
o 3ª geração: atua bem sobre G- 
§ 2ª e 3ª geração não tem 
ação sobre bactérias 
hospitalares, apenas da 
comunidade. 
o 4ª geração: atua sobre G- 
§ Tem ação sobre bactéria 
hospitalar, podendo ser 
utilizada. 
§ Cefepima, 2g a cada 12h, EV 
• Carbapenêmicos: ação sobre G- e 
anaeróbios. 
o Atua sobre bactéria G- hospitalar 
§ Meropenem 
§ Imipenem 
• Quinolonas 
o 1ª geração: atua sobre G- 
o 2ª geração: espectro duplo 
§ Ciprofloxacina 
o 3ª geração: atua sobre G+, G- e 
bactérias atípicas. 
§ Todas as gerações possuem 
ação apenas sobre bactérias 
da comunidade. 
Conclusão: para a antibioticoterapia 
empírica de infecções hospitalares do trato 
urinário, considerando a epidemiologia, podemos 
utilizar cefalosporinas de 4ª geração ou 
carbapenêmicos. 
 Caso haja piora no quadro do paciente 
após o início do uso da mediação, podemos 
ampliar o espectro do tratamento para bactérias 
gram-positivas e para fungos. 
O tratamento para ITU hospitalar, com ou 
sem comorbidades, dura em torno de 14 dias, 
sendo essencial a retirada do fator causador da 
infecção, como a SVD. 
Caso clínico 
Paciente de 35 anos, vítima de acidente de 
trânsito, com uma contusão cerebral, internando 
na emergência para espera de vaga na UTI. 
Chegou em MEG, com fratura no fêmur, mas sem 
necessidade de cirurgia (185cm, 90kg). Edema 
cerebral. Ficou sete dias na emergência (com SVG 
e entubado) até que foi transferido para a UTI. 
Prescrição 
1. Alimentação: dieta por sonda nasoenteral 
(SNE), com N calorias. Ministrar 200ml de água 
filtrada/destilada nos intervalos da alimentação. 
• Para paciente entubado e sedado, há 
menor risco de broncoaspiração. Pode-se 
fazer alimentação via sonda nasogástrica 
ou sonda nasoenteral, a depender do 
tempo que será necessária: 
o Menos que 7 dias: sonda 
nasogástrica 
§ É mais grossa e mais curta, 
chegando ao estômago 
o Mais que 7 dias: sonda nasoenteral 
§ É mais fina e mais comprida, 
chegando ao duodeno. 
• Tipo de alimentação: na sonda 
nasogástrica pode-se administrar alimento 
normal associado a um líquido, formando 
pasta (mais grossa), enquanto na 
nasoenteral é necessária alimentação mais 
líquida. 
• Nos primeiros dias do quadro desse 
paciente, ainda com edema cerebral, ele 
permaneceu em jejum devido ao risco de 
um estímulo ao reflexo do vômito, com 
broncoaspiração. Após sedação, esse risco 
é muito diminuído. 
2. Soro: pela necessidade do metabolismo basal 
diário, o paciente precisaria de 30ml/kg/dia. 
Todavia, em quadro de infecção e trama, essa 
necessidade aumenta para cerca de 100ml/kg/dia. 
• Soro fisiológico 0,9%: 500mL a cada 8 horas 
3. Medicações: 
• Cefepima 2g EV 12/12h 
o Já se apresenta diluído 
Geovana Sanches, TXXIV 
o Ao prescrever um antibiótico, é 
necessário escrever em conjunto a 
carte de antimicrobiano com dados 
do paciente, qual a droga prescrita, 
motivo da prescrição, entre outros. 
Essa carta é enviada ao serviço de 
controle de infecção hospitalar, 
sendo um dos seus objetivos 
verificar se os antibióticos estão 
sendo corretamente prescritos. 
o Caso o SCIH não concorde com a 
prescrição, isso será informado ao 
médico. Todavia, o médico 
responsável não é obrigado a 
acatar a sugestão de mudança. 
• Dipirona 1 ampola + água destilada 10ml 
EV, caso temperatura > 37,8º 
4. Outras medidas: 
• Alterar angulação da cabeceira da cama 
• Periocidade da aferição de sinais vitais 
 
Um fator importante é que a coleta da 
urina seja realizada antes da administração do 
antibiótico empírico, para que não haja alteração 
na urocultura. 
Urina I normal 
• Aspecto, cor, odor, densidade da urina: 
deve ter aspecto límpido, cor amarelo 
claro, densidade entre 1010 e 1030 osmol/l 
e odor característico. 
o Infecção: coloração amarela 
intensa, alaranjado ou 
amarronzado, turva, com ou sem 
grupos e/ou com piúria franca, 
odor pode estar fétido. A 
densidade não costuma ser 
alterada. 
• Bioquímica: ausência de proteínas, glicose, 
corpos cetônicos e urobilinogênio. Nitrito 
(metabólito de ureia produzido por 
bactéria) normalmente está ausente. 
o Infecção: proteína, glicose, corpos 
cetônicos e urobilinogênio também 
devem estar ausentes. Todavia, o 
nitrito esta positivo em 90% dos 
casos. 
• Sedimento urinário: 1.000 – 10.000 
leucócitos / até 10.000 hemácias / células 
epiteliais podem ou não estar presentes, é 
relativo – na presença de leucorreia pode 
haver uma quantidade maior // cristaisestão presentes em pessoas com 
tendência a desenvolver cálculos urinários 
// bactérias não devem estar presentes. 
o Infecção: leucocitose. 
§ Caso infecção pura, não é 
esperado aumento de 
hemácias. 
Urocultura 
Resultado: P. aeruginosis (cepa produtora 
de beta-lactamase de espectro estendido). 
Antibiograma: 
Sensível Resistente 
Inipenem 
Meropenem 
Ertapenem 
Cefepima 
Ceftriaxona 
Ceftaxidina 
Ciprofloxacina 
Levofloxacina 
Amicacina 
Gentamicina 
Por ser produtora de beta-lactamase de 
espectro estendido (BLEE+), mesmo que não 
tenha sido apresentada resistência ao cefepima 
(cefalosporina de 4ª geração) no antibiograma, o 
medicamento deve ser trocado. 
A melhor opção é administrar um 
carbapenêmico, tendo em vista que a bactéria não 
produz carbapenemase. Todavia, há o risco de 
prescrever a medicação e a bactéria desenvolver 
resistência. Para minimizar os riscos, algumas 
ações devem ser realizadas, como: 
• Uso somente baseado na cultura: só 
prescrever caso a cultura indique BLEE+ 
• Utilizar dose correta, nunca insuficiente 
• Uso por tempo adequado e limitado 
 
Quanto aos carbapenêmicos, teríamos as 
seguintes opções: 
• Imipenem 500mg EV 6/6h 
o O Imipenem foi o primeiro 
medicamento dessa classe a ser 
lançado. É uma molécula complexa, 
associada a cilastatina à não deve 
ser utilizada em RN devido ao alto 
risco de convulsão. 
• Meropenem 1g EV 8/8h 
o O Meropenem pode ser diluído em 
outras substâncias e não contém 
cilastatina, de forma que pode ser 
utilizado em pacientes pediátricos. 
o Para pacientes com epilepsia 
também deve dar preferência ao 
meropenem. 
§ Meropenem não tem a 
silastatina-> mt mais usado 
na área pediátrica 
Geovana Sanches, TXXIV 
§ Paciente c/ epilepsia -> 
evitar inipenem 
Conduta 
Suspender o cefepima e introduzir 
imipenem 500mg EV 6/6h. 
 
INFECÇÃO DO TRATO RESPIRATÓRIO 
 O principal fator de risco para infecção 
hospitalar do trato respiratório é a intubação 
orotraqueal, com passagem da cânula e ligação de 
ventilação mecânica. 
 Esse procedimento nunca será estéril, 
tendo em vista a passagem obrigatória da cânula 
pela boca e pela faringe. Além disso, muitas vezes 
a intubação ocorre em contextos emergenciais, 
como em uma parada cardiorrespiratória, não 
havendo tempo para esterilização caso essa fosse 
possível. 
 Assim como a SVD, é essencial uma 
indicação precisa e remoção precoce. Em cerca de 
99,9% das vezes, a indicação para intubação é 
correta e realizada em situações de urgência, o 
que diminui o risco desnecessário de infecção. 
Quanto ao tempo de utilização, é muito 
variável de acordo com o quadro do paciente. 
Todavia, ele está com cuidados em Unidade de 
Terapia Intensiva e os profissionais devem realizar 
desmame do respirador para estimular a 
respiração endógena do paciente e diminuir o 
tempo de UTI. Esse desmame ocorre 
normalmente a partir do 2º dia de uso e, em casos 
de internação mais longa, a cada 3 dias. É 
importante lembrar que os pacientes intubados 
necessitam de sedação para permanecer nessa 
condição. 
Para o desmame respiratório, a dose do 
sedativo é reduzida gradativamente, estimulando 
que o paciente acorde. Associadamente, a 
fisioterapeuta analisa a respiração e a 
possibilidade de retirada da ventilação mecânica. 
Quando possível, é então realizada a extubação. 
Durante esse processo, é essencial que haja 
esterilização prévia dos circuitos, umidificadores, 
nebulizadores e inaladores. 
 A escassez desse tipo de equipe faz com 
que o tempo de intubação seja prolongado, 
propiciando maior chance do desenvolvimento de 
infecções do trato respiratório. Outro fator que 
aumenta o tempo de intubação e esse risco são as 
doenças pulmonares prévias, como DPOC e 
fibrose pulmonar, nas quais o paciente demanda 
um tempo maior de cuidados, com 
prolongamento para retirada do ventilador. Por 
isso, tenta-se evitar a intubação desses pacientes. 
 Além desses fatores, é necessária a 
aspiração das vias aéreas do paciente, mas esta 
deve ser realizada no menor número de vezes 
possível, tendo em vista que permite comunicação 
entre o ambiente e o trato brônquico do paciente, 
aumentando o risco de infecção. A aspiração é 
necessária pois há produção de secreção mucoide 
induzida pela presença da cânula (estímulo 
inflamatório), a qual é um meio de cultura propicio 
para a multiplicação bacteriana. 
 Apesar de todos os cuidados tomados, a 
infecção ainda pode ocorrer. A partir disso, cabe 
aos profissionais a identificação da infecção. 
Sinais de infecção pulmonar 
Febre (em vários picos), calafrios e 
hipotermia são os primeiros sinais de que há 
alteração no paciente. Paralelamente, há 
aumento da quantidade de secreção brônquica, 
além da mudança de coloração (clara à 
amarelada) e cheiro, o que é visto durante a 
aspiração das vias aéreas. Ao exame físico, 
paciente passa a apresentar estetor creptante em 
bases uni ou bilateralmente, podendo apresentar 
aumento do FTV e broncofonia. 
A partir dessas informações, o médico deve 
ir ao leito do paciente e verificar todas essas 
alterações anteriormente mencionadas. É 
importante olhar o frasco de aspiração (é trocado 
a cada 6h), analisando a cor e odor do catarro. 
Para confirmar o quadro, solicita-se raio-X de 
tórax, no qual será possível verificar área de 
condensação uni ou bilateralmente. 
A partir disso, segue-se para o diagnóstico 
etiológico. A identificação pode ser por 
broncoscopia com lavado broncoalveolar (soro 
fisiológico estéril), a partir da aspiração do líquido 
e secreção pulmonar que são levados para a 
cultura; hemocultura, tendo em vista que 50% das 
pneumonias hospitalares evoluem com 
bacteremia; ou por secreção traqueal coletada 
durante a aspiração das vias aéreas. 
Terapia empírica 
 As infecções hospitalares do trato 
respiratório costumam ser polimicrobianas, com 
acometimento de bactérias gram positivas (S. 
aureus e S. epidermidis) e gram negativas (E. coli, 
P. aeruginosa, K. pneumoniae, Acynobacter...). 
Sendo assim, é necessário que a terapia empírica 
cubra ambas as classes de bactérias. 
 
Geovana Sanches, TXXIV 
Escolha do antibiótico 
à Gram-positiva 
• Beta-lactâmicos 
o Penicilina: Ampicilina, oxacilina, 
§ Não atuam sobre IH 
o 1ª e 2ª cefalosporina 
§ Não atuam sobre IH 
• Quinolonas: Não atuam sobre IH 
• Glicopeptídeos 
o Vancomicina 
o Teicoplanina (maior custo) 
 
Escolha: vancomicina, a qual ação sobre G+ 
hospitalar. Para pacientes com função renal 
adequada, indica-se 1g a cada 12h, diluída em soro 
fisiológico e passada em 60 minutos (não pode ter 
passagem rápida devido ao risco de Síndrome do 
Pescoço vermelho). Para crianças, indica-se 40 
mg/kg/dia. 
 
à Gram-negativa 
• Cefalosporinas de 2ª, 3ª e 4ª geração 
• Carbapenêmicos 
o Imipenem 
o Meropenem 
• Quinolonas 
 
Escolha: somente cefalosporinas de 4ª 
geração (Cefepime) ou carbapenêmicos tem ação 
são G- hospitalar. 
Administramos as duas drogas de escolha 
ao mesmo tempo para seguir orientação 
epidemiológica até que chegue a cultura para 
adequar o tratamento. 
Caso clínico 
Homem, 67 anos, internado por dor pré-cordial 
associada a hipotensão. Chegou ao PS em parada 
cardiorrespiratória e ECG com supra de ST; foi 
reanimado e entubado. Estava em UTI. Após 5 dias 
de internação, paciente inicia quadro de febre 
precedida de calafrios, com aumento da secreção 
brônquica e mudança de cor + ausculta de 
estertores creptantes na base direita. Fez-se 
coleta da secreção traqueal mediante via aérea. 
Estamos aguardando resultado. 
Prescrição 
1. Dieta: 
• Sonda nasogástrica ou sonda nasoenteral 
o Escolha depende do tempo de 
intubação 
o Para esse paciente, sonda 
nasoenteral pois é provável que ele 
fique mais de 7 dias entubado. 
2. Administração de líquidos via EV 
• 78kg, sendo necessário pelo menos 
30ml/kg/dia = 2340ml em 24h 
• Faz-se tanto EV (1000 mL), quanto pela 
sonda nasoenteral (200 mL a cada 4 horas) 
o Soro fisiológico 500mL a cada 12h 
3. Medicações 
• Vancomicinao 1g 12/12h EV diluído em 250ml de 
soro 
o Administrar em 60 minutos 
• Cefepime 
o 2g a 12/12h 
§ Não precisa diluir 
• Se febre: 
o Paracetamol gotas: 40 gotas por 
sonda nasoenteral, se temperatura 
> 37,8º 
• Se comorbidades, prescrever os 
medicamentos de uso contínuo 
• Para o IAM são indicadas várias drogas 
o Vasodilatadores coronarianos para 
melhor irrigação miocárdica: 
vasodinitrato de isossorbida, 
mononitrato de isossorbida 
o Beta-bloqueadores: propranolol 
o Fibrinólise: clopidrogel para evitar 
formação de novos trombos. 
4. Cuidados especiais 
• Cabeceira a 30º para evitar que secreções 
desçam para o pulmão 
• Aferição dos sinais vitais 
• Aspiração das vias aéreas 
o Ao passar dos dias, tende-se a 
diminuir o número de aspirações 
para diminuir risco de infecção. 
 
É importante que entreguemos a 
enfermagem inicialmente os pedidos de exame e, 
após a coleta, a prescrição do paciente e a carta de 
antibiótico. Isso pois, não é adequado colher o 
material após o início do antibiótico, tendo em 
vista que isso pode alterar o quadro do paciente. 
 Quando há piora no quadro do paciente 
(hipotensão, diminuição do volume urinário, 
hipoxemia), não é necessário esperar o resultado 
da cultura, podendo-se alterar a medicação. 
Todavia, essa mudança não deve ser imediata, 
devendo-se esperar o tempo de resposta: 
• Para G-, se tratamento adequado, 
normalmente o paciente começa a 
melhorar com 72h. Todavia, nas primeiras 
Geovana Sanches, TXXIV 
24h há uma piora inicial devido a liberação 
de grande quantidade de LPS, o qual 
promove liberação de citocinas e 
depressão medular. 
• Para G+, não há LPS e piora inicial, mas 
alguns deles são capsulados, fazendo com 
que a ação do antibiótico demore para 
acontecer. Assim, são necessários de 10 a 
12 dias para estabilizar e parar de fazer 
febre à são mais difíceis de controlar. 
• Quando há as duas bactérias, fazemos 
metas de melhora. Exemplo: deve ter uma 
melhora parcial nas primeiras 72h; caso 
não melhorar nada é porque a cobertura 
para G- não está adequada. O tratamento 
para G+ ainda não será mudado, pois ainda 
não se esperava melhora. 
Cultura (secreção traqueal e hemocultura) 
• Aspirado traqueal: 
o Crescimento de S. epidermidis (G+) 
§ Sensível 
• Vancomicina 
• Teicoplanina 
• Gentamicina 
• Amicacina 
• Linezolida 
§ Resistência 
• Penicilina 
• Clindamicina 
• Ciprofloxacina 
• Levofloxacina 
• Cefalosporinas 
(todas as gerações) 
o K. pneumoniae (G-) 
§ Sensível 
• Imipenem 
• Meropenem 
• Gentamicina 
• Amicacina 
• Polimixina B 
§ Resistente 
• Cefepime 
• Ciprofloxacina 
• Levofloxacina 
• Ceftriaxona 
• Nitrofurantonil 
Conduta 
• Manter a vancomicina 
• Suspende cefepime e troca por 
carbapenêmico 
o Não fazemos monoterapia com 
gentamicina ou amicacina. 
o Polimixina é a última ferramenta, 
caso o carbapanêmico não 
funcione. 
o Prescrição de Imipenem 
§ 500mg EV 6/6h 
• Demais elementos mantidos 
Tempo de tratamento 
 O tratamento de pneumonia hospitalar se 
dá por 14 dias, seja o indivíduo com ou sem 
comorbidades. Associadamente, é necessário 
retirar a porta de entrada da infecção, ou seja, o 
ventilador mecânico e tubo orotraqueal. Caso a 
retirada não seja possível, suspende-se a 
antibioticoterapia no tempo adequado e continua 
a tomar medidas de proteção, como menor 
número de aspirações e desinfecção do circuito. 
Todavia, nesses casos, é possível que entre 1 a 7 
dias após a suspensão do antibiótico, haja uma 
nova infecção. 
 É importante lembrar que toda vez que o 
tratamento é trocado, os dias começam a ser 
contados novamente. Por exemplo: no caso 
clínico, a vancomicina foi mantida e o cefepime 
substituído; assim, a terapia com vancomicina 
acabará antes da terapia com o novo 
carbapenêmico inserido. 
 
INFECÇÕES RELACIONADAS A CATETERES 
VASCULARES 
 Os cateteres vasculares (ou acesso 
venoso) tem como objetivo obter um acesso a veia 
do paciente. Ele pode ser periférico (superficial, 
passado pela enfermagem) ou central (mais 
profundo, sendo necessário a passagem por um 
médico). Os cateteres centrais podem ser de curta 
permanência (14 a 21 dias) ou de longa 
permanência (6 meses a 2 anos). 
 Os cateteres centrais de curta 
permanência, como o intracath, podem ser 
inseridos à beira leito, não sendo necessário levar 
o paciente ao centro cirúrgico. Os dois locais mais 
comuns para sua inserção são as veias jugular, 
subclávia ou femoral. 
Já os cateteres centrais de longa 
permanência são inseridos por cirurgiões 
vasculares, em uma cirurgia eletiva. Há aqueles 
que são totalmente implantados (ficam debaixo 
da pele, não apresentando porção exteriorizada), 
como o permicath e os semi-implantáveis (o 
extremo do cateter fica no meio externo). Ambos 
têm como complicação importante a infecção. 
Geovana Sanches, TXXIV 
 Antes da passagem do cateter é essencial 
verificar se não há uma infecção local prévia, 
tendo em vista que isso pode causar uma infecção 
durante a passagem. Após o procedimento, pode 
ser realizado curativo fechado (coberto por gaze e 
esparadrapo) ou transparente, sendo que o último 
tem a finalidade de permitir a visualização do 
ponto de inserção do cateter. 
Tanto os cateteres centrais como os 
periféricos têm uma chance de infecção muito 
importante, sendo que 90% dos casos ocorrem 
durante a instalação. Sendo assim, é essencial 
respeitar todas as normas existentes para realizar 
o procedimento, tais como a paramentação 
(avental cirúrgico, touca, óculos de proteção, 
máscara cirúrgica), lavagem das mãos e uso de 
luvas estéreis, solicitação do kit de passagem do 
cateter com todos os materiais esterilizados. Os 
10% restantes das infecções por má-manipulação 
de outro profissional ou do próprio paciente. 
 Sendo assim, a passagem do cateter deve 
ocorrer por indicação precisa e com remoção 
precoce. Muitas vezes há dificuldade pelos 
profissionais da enfermagem em conseguirem um 
acesso periférico, e eles acabam solicitando ao 
médico a realização de um acesso central. 
Todavia, isso não é motivo suficiente para realizar 
o procedimento. Dentre as indicações corretas, 
estão: 
• Impossibilidade de realizar acesso venoso 
periférico; 
• Medida das pressões intracavitárias 
• Nutrição parenteral 
Assim que for possível, após o 
cumprimento do objetivo, o cateter deve ser 
retirado, ou seja, o tempo de permanência deve 
ser mínimo, tendo em vista que quanto mais ele 
permanecer no paciente, maiores são as chances 
de infecção (o cateter funciona como uma ponte 
entre o ambiente hospitalar e o átrio direito do 
paciente). 
Suspeita de infecção no cateter 
 A suspeita de infecção no catete se dá 
quando há febre relatada pelo paciente ou aferida 
pela equipe da enfermagem, a qual pode ser ou 
não precedida de calafrios. Em algumas situações, 
o paciente pode cursar com hipotermia. 
 Após esse alerta, deve-se procurar o sítio 
de infecção, sempre lembrando que 
provavelmente o paciente não terá apenas um 
cateter instalado, podendo estar, por exemplo, 
com sonda ou entubado. 
 Quando a suspeita gira em torno de 
infecção no cateter, o ponto de referência para 
análise é o ponto de inserção do cateter, ou seja, 
onde ele penetra, dando acesso a cavidade atrial 
do paciente. Deve-se observar se há hiperemia 
nesse ponto ou secreção purulenta. O pus pode 
estar presente espontaneamente ou sair quando o 
médio espreme o local. Caso seja identificado 
qualquer um desses sinais em associação à febre, 
confirma-se a infecção do cateter central. 
 Após essa confirmação, é necessário 
protocolar o processo de diagnóstico para 
identificação do agente infeccioso. Para tal, faz-se 
um par de hemocultura e análise do cateter. 
 A hemocultura consiste na coleta de 
sangue para análise do agente. É fundamental 
que, para a realização do exame, o material seja 
colhido em sangue periférico e não do próprio 
cateter, tendo em vista que no cateter podem ter 
bactérias colonizadoras que não necessariamente 
estão causando ainfecção encontrada. Além 
disso, deve ser feita a coleta em pares, ou seja, são 
realizadas duas punções periféricas em locais 
diferentes, colhendo um frasco em uma delas e 
após cerca de 1h, outro, no local ainda não 
utilizado. 
Para adultos, são necessários de 8 a 10mL 
de sangue em cada tubo, enquanto para crianças, 
de 2 a 5 mL em cada são suficientes. Esse sangue 
é coletado em frasco próprio para hemocultura, o 
qual já apresenta os nutrientes e temperatura 
necessários para o crescimento da bactéria. 
Para a cultura do próprio cateter, deve-se 
utilizar o extremo distal do mesmo (5 cm da ponta 
que está em contato com o átrio direito do 
paciente). Além disso, é muito importante que a 
retirada do cateter seja muito cautelosa, tendo em 
vista que este não pode ser contaminado (erro na 
análise da identificação do agente etiológico); por 
isso, devem ser utilizados materiais estéreis para 
remoção mais precisa. 
 Diante a suspeita de infecção e retirada do 
cateter para análise, o ideal é que o paciente 
permaneça sem o cateter vascular por ao menos 
24h, solicitando um acesso periférico para 
enfermagem. Após esse período e o início da 
antibioticoterapia empírica, outro cateter pode 
ser inserido. A passagem de novo cateter antes 
disso não é adequada devido a provável 
bacteremia, o que ocasionará a colonização do 
novo cateter por essa bactéria, podendo 
desencadear nova infecção. 
Geovana Sanches, TXXIV 
 Uma vez realizado as coletas para o exame, 
é necessário tomar a conduta terapêutica. Inicia-
se, portanto, o tratamento empírico baseado na 
epidemiologia. 
Conduta terapêutica 
 Cerca de 95% dos casos de infecção de 
cateter venoso são ocasionadas por bactérias 
gram-positivas, especialmente S. aureus ou S. 
epidermidis. Os demais 5% podem ser ocasionados 
por fungos e outras bactérias, mas inicialmente 
não é necessário se preocupar com isso. 
 Para pacientes com função renal normal, é 
utilizado, portanto, Vancomicina 1g EV 12/12h, 
diluído em ao menos 250mL de soro e 
administrado em pelo menos 60 minutos, tendo 
em vista o risco de síndrome do pescoço 
vermelho. Após início do tratamento, é esperado 
que a temperatura do paciente se estabilize, com 
menos picos de febre e calafrios ou melhora da 
hipotermia. 
Exemplo 
 Após 3 dias do início da vancomicina, 
chegam os resultados da cultura: 
• Hemocultura: crescimento de S. aureus 
o Sensível 
§ Vancomicina 
§ Teicoplanina 
§ Gentamicina 
§ Nimesulida 
o Resistente 
§ Oxacilina 
§ Clindamicina 
§ Bactrim 
§ Ciprofloxacina 
§ Levofloxacina 
• Cultura em ponta de cateter: crescimento 
de Acynectobacter baumanni 
o Sensível 
§ Iminepem 
§ Meropenem 
§ Ertapenem 
§ Polimixina 
§ Amicacina 
o Resistente 
§ Cefepime 
§ Ciprofloxacina 
§ Ceftriaxona 
§ Cefoperazona 
§ Ceftazidima 
As bactérias que crescem na ponta do 
cateter normalmente estão apenas colonizando-o, 
não causando infecção. Há relação direta apenas 
quando o mesmo agente etiológico cresce no 
cateter e na hemocultura ao mesmo tempo. 
Sendo assim, há dúvidas se o 
Acynetobacter está causando a infecção ou apenas 
colonizando o local. Caso o paciente já esteja 
estável após o resultado da cultura (72horas), isso 
significa que a vancomicina está funcionando e 
não é necessário realizar tratamento para o 
Acynotobacter (provável só colonização). Caso a 
evolução do paciente não tenha sido boa, ou seja, 
ele mantenha a febre, é preciso também tratar 
esse gram-negativo, pois ele pode estar causando 
infecção. Com isso, vemos que a escolha por tratar 
ou não a bactéria do cateter dependerá da análise 
clínica, caso esta não seja identificada 
conjuntamente na hemocultura. 
Nesse exemplo, consideraremos que o 
paciente estava com evolução irregular, sendo 
necessário realizar também o tratamento para o 
Acynetobacter. 
• Nova conduta 
o S. aureus: manter a vancomicina 
o Acynetobacter baumanni (gram-
negativo) 
§ Imipenem 500mg 6/6h (bag 
pronto para uso, não 
precisa fazer diluição) 
Tempo de tratamento 
 O tempo de tratamento para bacteremia 
dependerá do diagnóstico clínico da infecção da 
corrente sanguínea. 
• Bacteremia: presença de bactéria 
circulando na corrente sanguínea, sem 
repercussão em outros órgãos. Há apenas 
febre e calafrios, ou hipotermia. 
o Tratamento por 10 dias 
• Sepse: hemocultura positiva associada a 
alteração ou instabilidade hemodinâmica, 
ou seja, além de febre e calafrios, o 
paciente apresenta hipotensão, 
hipoperfusão periférica e diminuição da 
taxa de filtração glomerular. 
o Tratamento por 21 dias 
• Endocardite infecciosa: resulta de 
bacteremia que dá lugar a formação de 
vegetação em alguma das valvas cardíacas, 
com alteração de sua função. Resulta em 
infecção sistêmica, com quadro de febre 
prolongada, sopro cardíaco e aumento do 
baço, fígado ou ambos. 
o Tratamento por 4 a 6 semanas se 
causado por bactéria; 
Geovana Sanches, TXXIV 
o 8 a 10 semanas se ocasionado por 
fungo 
 
INFECÇÃO DO SÍTIO CIRÚRGICO (OU FERIDA 
OPERATÓRIA) 
Conceitos em cirurgia 
Todo procedimento cirúrgico é capaz de 
desencadear infecção pós-operatória no paciente. 
Cirurgias em que não há colocação de prótese 
(mama, peniana, válvula, quadril, joelho, entre 
outras) podem ser responsáveis por infecções que 
surgem até 30 dias de pós-operatório. Por outro 
lado, aquelas em que há inserção de prótese 
podem ser responsáveis por infecção pós-
operatória em até 1 ano após a cirurgia. 
Determinadas cirurgias apresentam maior 
ou menor potencial de contaminação (risco de 
infecção), de acordo com o número de camadas 
atravessadas durante o procedimento. 
• Cirurgias limpas: são aquelas em que as 
únicas camadas atravessadas durante o 
procedimento cirúrgico são a pele e o 
tecido celular subcutâneo. 
o Caso haja infecção, esta em geral se 
dá por bactérias Gram positivas 
que colonizam a pele, tais quais 
Streptococcus e Staphylococcus. 
o São passíveis de prevenção, 
utilizando antibiótico com espectro 
para bactérias G+. 
o Exemplos: 
§ Prótese mamária 
§ Herniorrafia 
• Cirurgias potencialmente contaminadas: 
são aqueles em que durante o 
procedimento há corte da pele, tecido 
celular subcutâneo, além do contato com 
mucosas. 
o Caso haja infecção, estas podem 
ser ocasionadas por bactérias G+ 
(colonizadoras da pele e tecido 
celular subcutâneo), G- e 
anaeróbios (colonizadoras das 
mucosas). 
o A profilaxia medicamentosa 
anterior à cirurgia deve apresentar 
espectro contra bactérias gram 
positivas e anaeróbias 
§ Clindamicina 
§ Cefalosporina 2ª geração + 
metronidazol 
o Exemplos: 
§ Procedimentos da otorrino, 
como reconstrução de 
septo 
§ Cabeça e pescoço que 
inclua mucosa oral 
• Cirurgias contaminadas: inclui todas as 
cirurgias em que há risco de perfuração de 
víscera oca. 
o As bactérias envolvidas dependem 
do tipo de órgão perfurado, além 
dos gram positivos da pele e tecido 
celular subcutâneo. Todavia, 
normalmente estão envolvidas 
bactérias G+, G- e anaeróbias, 
sendo necessário utilizar 
antibiótico que cubra as três. 
o No caso dessas cirurgias, não é 
realizado mais a prevenção e sim o 
tratamento da possível infecção. 
o Exemplo: 
§ Histerectomia, caso haja 
falha durante a cirurgia, o 
que é algo frequente. Faz-se 
necessário descolar o útero 
do reto e da bexiga e, 
eventualmente, é feito um 
corte acidental em algum 
dos dois locais, com contato 
direto entre o conteúdo 
desses órgãos e o peritônio. 
• Bexiga: Gram- 
• Reto: Gram- e 
anaeróbios 
§ Colectomia 
§ Apendicectomia 
§ Esofagectomia 
• Cirurgias infectadas: consistem 
principalmente nos pós-operatórios que 
mesmo com procedimentos corretos, há 
infecção. 
o Há participação de bactérias G+, G- 
e anaeróbias conjuntamente, 
sendo necessário antibiótico que 
cubra os três tipos. 
o Faz-se o tratamento e não 
prevenção, tendo em vista que o 
sítio já está contaminado. 
o Exemplos: 
§ Peritonite por perfuração 
de víscera oca 
Geovana Sanches, TXXIV 
§ Acidente automobilístico 
com demorano resgate (> 6 
horas) 
A fim de evitar a infecção do sítio cirúrgico, 
podemos interver em três momentos: pré-
operatório, intra-operatório e pós-operatório. 
Pré-operatório 
 O tempo de internação deve ser 
minimizado ao máximo, sendo comum que para 
cirurgias eletivas, a internação se faça no mesmo 
dia do procedimento ou no máximo no dia 
anterior. Isso pois, quanto menor o tempo que o 
paciente fica exposto aos microrganismos do 
hospital, menor será a chance de ocorrer infecção 
da ferida cirúrgica posteriormente. 
 Isso é importante porque a microbiota dos 
seres humanos pode ser trocada num prazo de 
cerca de 6 dias em geral e em cerca de 14 dias para 
o trato gastrointestinal. Normalmente essa troca 
se faz pelo mesmo microrganismo, porém 
resistente a várias drogas (diferentemente das 
fisiológicas). 
 Além disso, para a realização da cirurgia, o 
paciente deve estar com suas doenças de base 
compensadas, tais como HAS, DM e DPOC. É 
importante que as medicações para o controle 
delas sejam mantidos. 
 Outros fatores importantes são o banho e 
a tricotomia. Antigamente, havia a orientação 
para que o paciente tomasse banho com 
degermante e clorexidine. Todavia, observou-se 
que isso não era eficaz, de forma que a 
recomendação atual é que ele tome banho com 
sabonete comum ou sabão de coco, no mesmo dia 
da cirurgia, cerca de 1h antes do procedimento. 
Isso reduz a quantidade de bactérias em seu 
corpo, mas não há como esterilizar a pele do 
paciente. 
 Quanto a tricotomia, antigamente havia a 
recomendação de depilar todo o corpo um dia 
antes da cirurgia. Hoje em dia, faz-se limitada a 
área cirúrgica, cerca de 30 minutos antes da 
abertura da parede. Não são utilizadas lâminas 
comuns e sim um tricotomizador ou barbeador 
cirúrgico, evitando assim lesões na pele. 
Intra-operatório 
 No intra-operatório, é importante que o 
ambiente seja adequado. As dimensões da sala 
cirúrgica têm como padrão 12m2 de área útil - no 
entanto, no Brasil elas costumam ser menores, 
tendo no máximo 8m2. Além disso, para a sala 
padrão devem estar presentes no máximo 5 
pessoas, incluindo o cirurgião, anestesista, 
circulante, instrumentador e o paciente, mas isso 
também não é uma realidade. Outro ponto é a 
limpeza do local e o ar-condicionado da sala, o 
qual não pode ser de rede – deve ser próprio para 
a cada sala cirúrgica e o filtro trocado / 
desinfectado no mínimo uma vez por mês. 
 Quanto aos profissionais que participarão 
da cirurgia, é essencial a correta lavagem de mãos 
e a paramentação. Faz-se a lavagem com auxílio 
de uma escovinha, a qual retira possíveis detritos. 
O procedimento dura em torno de 10 minutos e, 
caso necessário realizar outra operação na 
sequência, no mesmo ambiente, a escovação 
seguinte dura cerca de 3 minutos. Caso haja troca 
do ambiente, todo o procedimento deve ser 
realizado novamente, com todo o tempo de 
duração. 
 Em seguida a lavagem de mãos, o 
profissional fará a paramentação com material 
esterilizado nas alto-claves do hospital. Para 
verificar se o procedimento de esterilização 
ocorreu de forma adequada, um dos fatores é 
verificar se o avental está completamente seco, o 
que indica que ele passou pelo ciclo completo. Se 
a roupa cirúrgica estiver úmida, ela não está 
adequadamente limpa, sendo necessário realizar 
a troca. 
 Ainda quanto a esterilização, é ideal que o 
médico esteja presente na sala quando ocorre a 
abertura da caixa com o instrumental cirúrgico, 
pois devemos verificar se, ao abrir a tampa, não há 
gotículas de vapor em seu interior. Se isso ocorrer, 
a caixa não foi devidamente esterilizada e também 
deve ser trocada. 
 Por último, é essencial realizar a 
antissepsia da pele com antissépticos adequados 
e prezar por uma técnica cirúrgica apurada, 
diminuindo ao máximo a chance de infecções 
durante o momento da cirurgia. 
Pós-operatório 
 Durante o pós-operatório, deve-se atentar 
para os curativos, sendo que a primeira troca deve 
ser realizada pelo mesmo cirurgião que fechou a 
parede, 24h após a cirurgia. Isso pois ele lembrará 
de como a ferida cirúrgica estava no momento 
pós-cirurgia, sendo mais apto há julgar se ela está 
alterada ou não. Os demais curativos podem ser 
realizados pela equipe da enfermagem. 
 Os drenos podem ser laminares ou 
tubulares, sendo que a escolha por um deles 
dependerá do tempo de permanência necessário. 
Geovana Sanches, TXXIV 
Os drenos laminares podem permanecer no 
indivíduo por até 24 horas, enquanto os tubulares 
têm durabilidade de 5 dias. Não é adequado que 
eles permaneçam por um tempo mais longo do 
que este, pois as bactérias do ambiente hospitalar 
podem adentrar no local que está sendo drenado. 
Suspeita de infecção 
 Do ponto de vista clínico, a infecção pode 
ser local, ao nível da cicatriz, ou sistêmica. 
 Caso a infecção seja local, normalmente há 
hiperemia da ferida operatória, deiscência da 
sutura (abertura espontânea) e saída de secreção 
purulenta (espontânea ou à expressão); apenas 
uma dessas características é suficiente para 
caracterizar a infecção. Em caso de infecção 
sistêmica, o paciente pode apresentar febre, 
acompanhada ou não de calafrios e, menos 
frequentemente, hipotermia. O paciente pode, 
ainda, relatar dor abaixo da ferida operatória. 
 Em caso de suspeita, é necessário 
identificar o foco da infecção e, caso o paciente 
tenha sido submetido a cirurgia, devemos verificar 
as características da ferida cirúrgica, a qual pode 
estar com curativo aberto ou fechado. 
 Para a identificação do agente etiológico 
causador da infecção, pode ser feita a cultura da 
secreção purulenta da ferida operatória, 
utilizando coloração de Gram. Essa é a melhor 
forma para o diagnóstico, tendo em vista que em 
caso de infecção superficial, raramente haverá 
bacteremia associada. Todavia, caso isso ocorra, 
poderá ser realizada uma hemocultura. 
 Em caso de infecção profunda, como por 
exemplo a evolução para um abcesso de cavidade 
(coleção residual), há entre 40 e 50% de 
probabilidade de bacteremia, de forma que, 
nesses casos, a hemocultura é relevante. 
 É importante que antes da coleta da 
secreção purulenta para análise, seja realizada a 
limpeza do local com soro fisiológico e retirada do 
excesso de pus, fazendo a coleta com o swab em 
um plano mais profundo da ferida. Isso pois, se 
não o fizer, bactérias não causadoras da infecção 
podem contaminar a amostra, levando a uma 
conduta errônea. 
 Caso a ferida esteja íntegra e o paciente 
apresente sinais de infecção, devem ser realizados 
exames de imagem (USG ou TC) para identificar 
um possível abcesso. Caso este seja identificado, 
veremos se uma punção é suficiente ou se será 
necessária nova cirurgia. Após a drenagem, 
devemos enviar o material para cultura. 
Tratamento empírico 
 Após a coleta do material para cultura, 
inicia-se o tratamento empírico, o qual dependerá 
do tipo de cirurgia. 
 Para as cirurgias limpas, realiza-se 
tratamento com espectro para G+ hospitalares, 
como a vancomicina. Para as potencialmente 
contaminadas, devemos cobrir G+ e anaeróbios, o 
que pode ser feito com cefepime, imipenem ou 
meropenem. Já para as cirurgias infectadas ou 
contaminadas, utiliza-se: 
• Vancomicina (G+) 
• Metronidazol (anaeróbios) 
• Cefepime 
OU 
• Vancomicina 
• Meropenem (G- e anaeróbios) 
Caso clínico e prescrição 
 Paciente de 25 anos, internado para 
apendicectomia, o qual foi realizado há 3 dias 
atrás com retirada do apêndice. Hoje, febre, 
calafrios, dor abdominal em hipocôndrio direito e 
hipogástrio. O médico verificou que a ferida está 
purulenta, com hiperemia e 2 pontos abriram 
espontaneamente. Foi colhido material para 
análise microbiológica. 
1. Prescrição da dieta 
• Jejum até segunda ordem 
o Paciente normalmente só começa a 
se alimentar após retorno do 
peristaltismo intestinal, o que se dá 
após o 3º ou 4º dia de cirurgia. 
• Soro glicosado a 10%, com adição de 
glicose a 50%; administrar calculando no 
mínimo 30 mL/peso/dia. 
o Reposição de líquido 30a 45 
mL/peso/dia de soro dividido ao 
longo do dia. 
§ Podemos administrar 
apenas o soro glicosado, 
fazendo reposição de 
eletrólitos separadamente 
se necessário. 
2. Antibioticoterapia 
• Potencialmente contaminada – bactérias 
do intestino: 
o Enterococo (Gram+) 
§ Vancomicina 1g 12/12h 
§ Administrar em 60 minutos 
o Gram - 
§ Cefepime 2g EV 12/12h 
o Anaeróbios 
Geovana Sanches, TXXIV 
§ Metronidazol 500 mg EV 
8/8h 
o Pode substituis as duas últimas por 
imipenem ou meropenem 
(cobertura de G- e anaeróbios) 
§ Imipenem 500mg 6/6 
§ Meropenem 1g 8/8h 
4. Antitérmico, analgésico 
• Dipirona: 1 ampola + 8/10mL se dor ou 
temperatura maior que 37,8º. 
5. Cuidados gerais, curativos, aferição dos sinais 
vitais... 
 
 Após 3 dias da terapia empírica, chega o 
resultado da cultura da ferida operatória: 
• Crescimento de E. coli produtora de beta-
lactamases de espectro estendido (IESBL) 
o Sensível 
§ Cefepime 
§ Meropenem 
§ Imipenem 
§ Gentamicina 
§ Amicacina 
§ Polixima 
§ Ceftriaxona 
o Resistente 
§ Ampicilina 
§ Cefuroxima 
§ Ceftazidina 
§ Ciprofloxacina 
• Não houve crescimento de nenhum outro 
microrganismo. 
• Conduta: 
o Retirar vancomicina e metronidazol 
o Tem beta-lactamase de ação 
estendida à inibe a ação do 
cefepime (cefalosporinas de 4ª 
geração). 
o Troca do cefepime por 
carbapenemico 
§ Não adianta usar inibidor de 
beta-lactamase para a de 
espectro estendido. 
Tempo de tratamento 
 Caso a infecção seja superficial, o 
tratamento pode ocorrer por até 7 dias, sendo que 
após esse período o curativo deve manter a ferida 
fechada; ela pode demorar de 3 a 8 semanas para 
fechar completamente, sendo essencial que 
durante e após a antibioticoterapia, sejam 
tomados todos os cuidados com o curativo. 
 Nos casos em que há coleção de pus, caso 
ela seja drenada (via dreno ou nova cirurgia), são 
necessários até 10 dias de antibioticoterapia. 
Nesse caso, é realizado USG a cada semana para 
ver se a coleção foi resolvida. Já para as coleções 
que por algum motivo não foram drenadas, não há 
limite no tempo de tratamento, sendo realizado 
acompanhamento por exame de imagem 
semanalmente; quando não for mais identificada 
a coleção, pode-se retirar o antibiótico, sendo que 
o tempo para tal é extremamente variável. 
 
RECOMENDAÇÕES PARA ISOLAMENTO E 
PRECAUÇÕES 
 Em janeiro de 1996, o CDC (centro de 
controle de doenças) publicou recomendações e 
normas para prevenir a transmissão das infecções 
intra-hospitalares, dividindo-as em 2 grupos: 
precauções padrão e precauções baseadas no 
modo de transmissão. 
Precauções padrão 
 As precauções padrão são indicadas para 
todos os pacientes, se contato antecipado com 
sangue e todos os líquidos, secreções corporais, 
pele não íntegra ou membranas mucosas. 
Incluem: 
• Lavagem das mãos antes e após contato 
com o paciente; 
• Aventais e luvas ao contato com sangue e 
secreções; 
• Óculos de proteção e máscara caso haja 
risco de respingos; 
• Descarte adequado dos materiais 
utilizados (caixinha amarela), evitando 
acidentes com perfuro-cortantes ou outros 
elementos infectantes. 
 
Precauções baseadas na transmissão 
 As precauções baseadas na transmissão 
são divididas em três categorias: 
• Contato 
• Respiratórias 
o Gotículas 
o Aerossóis 
Precuações de contato 
 As precauções de contato são indicadas 
para pacientes com infecção ou colonização por 
Geovana Sanches, TXXIV 
microrganismos epidemiologicamente 
importantes que são transmitidos por contato 
direto (pele a pele) ou indireto (contato com 
superfícies ambientais ou itens de uso do 
paciente). Essas precauções não se aplicam para 
pacientes domiciliares, apenas para àqueles 
internados no hospital. Incluem: 
• Quarto privativo, no qual pode fazer coorte 
de paciente (ou seja, caso haja pacientes 
com o mesmo microrganismo, eles podem 
ficar juntos) 
• Uso de avental e luva de procedimento ao 
entrar em contato com o paciente 
• Uso individual de estetoscópio, 
esfigmomanômetro e termômetro, os 
quais devem permanecer dentro do quarto 
do paciente. Após a alta, são submetidos a 
procedimento de desinfecção antes de 
serem utilizados novamente 
• Transporte (cadeira de rodas), se 
necessário, deve ocorrer com o paciente 
adequadamente coberto 
o Quando esses pacientes têm algum 
procedimento para realizar, 
normalmente este é realizado ao 
final do expediente, pois após o uso 
é necessário desinfecção total do 
ambiente e dos aparelhos antes do 
uso por outro paciente. 
à Exemplos: 
• Colonização e/ou infecção bactérias 
multirresistentes 
o Por exemplo, KPC 
• Infecções entéricas 
o Clostridium difficile, E. coli, 
enterohemorrágica, Shiguella, 
hepatite A e rotavírus 
• Infecções respiratórias 
o Vírus sincicial respiratório, entero-
vírus, parainfluenza 
• Infecções cutâneas 
o Difteria cutânea, herpes simples, 
impetigo, escabiose, herpes zoster 
localizado, conjuntivite, pediculose 
Precauções para gotículas 
 Indicadas para pacientes portadores de 
microrganismos transmitidos por gotículas de 
tamanho superior a 5 micras, que podem ser 
geradas durante tosse, espirro, conversação, etc. 
Incluem: 
• Quarto privativo 
o Porta aberta ou fechada 
• Máscara cirúrgica comum (uso pelo 
profissional) 
• Não é necessário avental extra, luvas e 
óculos 
• Transporte do paciente: uso de máscara 
cirúrgica pelo paciente. 
à Exemplos: 
• Infecções por H. influenza 
o Meningite, pneumonia, epiglotite e 
sepse 
• Infecções por Neisseria meningitidis 
o Meningite, pneumonia, sepse 
• Infecções respiratórias bacterianas 
o Difteria faríngea, pneumonia por 
Microplasma sp. e coqueluche 
(Pertussis) 
• Infecções virais 
o Vírus influenza, caxumba, rubéola, 
parvovirose e Corona-vírus 
Precauções para aerrosóis 
 São indicadas para pacientes com infecção 
suspeita ou comprovada por microrganismos 
transmitidos por aerossóis, que consistem em 
partículas de tamanho igual ou inferior a 5 micras, 
as quais permanecem suspensas no ar e podem 
ser dispersas a longas distâncias. Incluem: 
• Quarto privativo com porta 
obrigatoriamente fechada 
o Corrente de ar pode fazer com que 
o microrganismo seja transmitido 
• Uso de máscara N-95 pelo profissional da 
saúde (filtra ate 95% das partículas do ar) 
• Caso necessário transporte, uso de 
máscara cirúrgica comum pelo paciente 
à Exemplos: 
• Sarampo 
• Varicela (Herpes Zoster disseminado) 
• Tuberculose pulmonar e/ou laríngea 
Prevenção de contato e para gotículas 
 Indicado, por exemplo, para infecções por 
adenovírus em crianças e adolescentes. 
 
Prevenção de contato e para aerossóis 
 Indicado, por exemplo, para pacientes 
portadores de varicela ou herpes zoster 
disseminado. 
Geovana Sanches, TXXIV 
 
 
Prevenção de acidentes com material biológico 
 Material biológico é todo material orgânico 
proveniente do ser humano (paciente) que 
contenha células (leucócitos, hemácias, plaquetas, 
etc). Exemplos: sangue, líquor, urina, líquido 
pleural e peritoneal, secreção traqueal, vômito, 
entre outros. 
 Os acidentes com material biológico 
podem ser divididos entre: 
• Acidente perfuro-cortante: envolve 
trauma 
o Agulha 
o Bisturi 
o Outros 
• Acidente em mucosas: secreções que 
adentram às mucosas 
o Conjuntiva ocular 
o Boca 
Doenças de transmissão através de material 
biológico e suas respectivas medidas de prevenção 
à Vírus da imunodeficiência humana (HIV) 
O risco de transmissão é de 0,33%, o qual 
teoricamente é extinto caso haja notificação 
precoce e início do tratamento de prevenção: 
• Iniciar esquema antirretroviral baseado 
em: 
o AZT 600 mg/dia VO 
o 3 TC 300 mg/dia VO 
o Tenofovir 300 mg/dia 
• Alternativa: 
o AZT 600 mg/dia VO 
o 3 TC 300 mg/dia VO 
o Kaletra (Lopinavir + Rinonavir) 2 cp 
VO 12/12h 
OU 
o 3 TC 300 mg/dia VO 
o Tenofovir 300 mg/dia + Kaletra 
(Lopinavir + RItonavir) 
O esquema de tratamento deve ser 
realizado por 28 dias (4 semanas), sendo que caso 
o esquema principal não esteja disponível, pode-se utilizar os alternativos. É essencial que no caso 
de uma possível infecção, o profissional mantenha 
a calma e reporte o acidente para o núcleo de 
controle de infecções, o qual solicitará os exames 
para verificar se o paciente em questão é portador 
de HIV, HBV ou HCV. 
 
à Vírus da hepatite B (HBV) 
O risco de infecção é de 10 – 30%, porém a 
doença pode ser prevenida pela vacinação em 3 
doses. Pode ser utilizada, ainda, imunoglobulina 
específica para a hepatite B. 
• 1ª dose 
• 2ª dose (30 dias após a primeira) 
• 3ª dose (180 dias após a primeira) 
 
à Vírus da hepatite C (HCV) 
O risco de infecção é de 1 – 7,5% e não 
existe tratamento de prevenção. Sendo assim, faz-
se seguimento sorológico trimestral durante 1 ano 
em caso de acidente. 
 
Fluxo para atendimento de acidentes perfuro-
cortantes 
 O funcionário acidentado deve comunicar 
a supervisão da enfermagem, a qual em dias úteis 
encaminha o paciente para SCIH para orientação 
de profilaxia e preenchimento de ficha de 
notificação. Em feriados, final de semana e 
durante plantão noturno, inicia-se profilaxia para 
infecção pelo HIV com kit próprio que fica na 
farmácia do hospital e solicita que o funcionário se 
apresente ao SCIH no primeiro dia útil da semana. 
Há encaminhamento para o serviço de medicina 
do trabalho. 
à SCHI 
• Serviço de controle de infecção hospitalar 
• Realiza a orientação da profilaxia para 
infecção pelo HIV, HBV e HCV 
• Prescrição de antirretrovirais, indicação de 
imunoglobulina para HBV e vacina 
específica para HBV 
• Solicitação de sorologias do paciente 
fonte, quando internado no hospital.

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