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Avaliação de A valiação de Im óveis Claudete Cristina Iw ata Claudete Cristina Iwata Imóveis Avaliação de A valiação de Im óveis Claudete Cristina Iw ata Claudete Cristina Iwata Imóveis Claudete Cristina Iw ata Avaliação de Im óveis A avaliação de um imóvel é o primeiro passo para a realização de todas as outras operações imobiliárias. Antes de vender, comprar, permutar, incorporar ou lotear, é preciso saber qual é o valor de mercado do imóvel. Por isso, quando realizada de maneira técnica, seguindo os preceitos legais e éticos, a avaliação torna-se uma ferramenta extremamente eficaz para o sucesso da negociação. Esta obra tem como objetivo demonstrar que existem técnicas específicas para que o corretor de imóveis, que vem conquistando dia a dia mais credibilidade e confiança do mercado e da sociedade, compreenda como realizar uma avaliação bem-feita, com segurança, transparência e precisão. Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6474-8 9 7 8 8 5 3 8 7 6 4 7 4 8 Código Logístico 58481 Avaliação de Imóveis IESDE BRASIL S/A 2019 Claudete Cristina Iwata Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ I95a Iwata, Claudete Cristina Avaliação de Imóveis / Claudete Cristina Iwata. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE Brasil, 2019. 94 p. : il. ; 21 cm. ISBN 978-85-387-6474-8 1. Administração de imóveis. 2. Bens imóveis - Avaliação. I. Título. 19-57841 CDD: 333.333 CDU: 332.7 © 2019 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do detentor dos direitos autorais. Capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Thampapon/QinJin/Shutterstock Claudete Cristina Iwata Especialista em Direito Empresarial pelo Instituto Brasileiro de Estudos e Pesquisas Socioeconômicos (Inbrape) e em EaD e as Tecnologias da Educação pelo Centro Universitário de Maringá (Unicesumar). Graduada em Direito pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Graduada em Letras – Português e Inglês pela Fundação Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Jandaia do Sul (Fafijan). Graduada em Pedagogia pela Universidade do Oeste Paulista (Unoeste). É corretora, avaliadora de imóveis e diretora de formação e treinamento do Sindicato da Habitação e Condomínios (Secovi-PR). É membro da Comissão Permanente de Acessibilidade, da Comissão para Elaboração da Planta de Valores Genéticos e da Comissão Permanente para Revisão de Valores Imobiliários – vinculadas à Prefeitura Municipal de Maringá (PR) – e membro da Comissão de Direito Imobiliário da OAB Maringá. É professora de ensino superior e sócia-proprietária de uma instituição de negócios imobiliários. Sumário Apresentação 7 1. Fundamentos da avaliação de imóveis 9 1.1 O que significa avaliar um imóvel 10 1.2 A importância da avaliação para as operações imobiliárias 12 1.3 História da avaliação de imóveis 16 2. Habilitação para avaliar um imóvel 23 2.1 Habilitação é diferente de capacitação? 23 2.2 Os profissionais que avaliam um imóvel 26 2.3 A necessidade de conhecimentos técnicos 30 2.4 A ética na avaliação de imóveis 32 3. Preço de mercado e valor e as finalidades da avaliação 39 3.1 Preço 39 3.2 Valor 42 3.3 As finalidades da avaliação de imóveis 45 4. Legislação aplicável 53 4.1 O Cofeci, os Crecis e suas atribuições 54 4.2 A Resolução-Cofeci n. 1.066/2007 56 4.3 As NBRs da série n. 14.653 63 5. Procedimentos para realização de um PTAM 71 5.1 Identificação do imóvel avaliando e coleta das amostras 72 5.2 Fatores de homogeneização 76 5.3 Métodos de avaliação 81 5.4 Passo a passo da realização de um PTAM com base na Resolução-Cofeci n. 1.066/2007 82 5.5 Parceria na confecção de um PTAM 84 Gabarito 89 Apresentação A avaliação de um imóvel é o primeiro passo para a realização de todas as outras operações imobiliárias. Antes de vender, comprar, permutar, incorporar ou lotear, é preciso saber qual é o valor de mercado do imóvel. Dessa forma, por ser tão importante, a avaliação merece nossa atenção. Quando realizada de maneira técnica, seguindo os preceitos legais e éticos, torna-se uma ferramenta extremamente eficaz para o sucesso da negociação. Entretanto, de maneira geral, o corretor de imóveis não dá à avaliação a importância que ela tem e ignora a necessidade de compreender o modo correto de realizá-la. Dessa forma, começa a operação imobiliária já incorrendo em erro e avaliando o imóvel com valor maior ou menor do que o aceito pelo mercado. Em qualquer das situações, o profissional prejudica o cliente e o próprio trabalho. O imóvel sendo colocado à venda por valor maior do que o aceito pelo mercado não despertará interesse, o cliente vai demorar para realizar a negociação e o corretor de imóveis não receberá a comissão. Se estiver abaixo do valor, o cliente deixará de obter mais lucro e a comissão do corretor será menor proporcionalmente. Nesse sentido, esta obra tem como objetivo demonstrar que existem técnicas específicas para que o corretor de imóveis realize uma avaliação muito bem-feita, com segurança, transparência e precisão. A profissão de corretor de imóveis está acompanhando a evolução da sociedade e os profissionais vêm conquistando 8 Avaliação de Imóveis dia a dia mais credibilidade e confiança do mercado. Com isso, é preciso se aprimorar para obter sucesso na carreira, começando pela compreensão de como realizar uma boa avaliação de imóveis. Bons estudos! 1 Fundamentos da avaliação de imóveis O objeto do trabalho de um corretor de imóveis é o próprio imóvel. Esse profissional faz a intermediação de negócios imobiliários, como venda, compra, loteamentos, incorporações, locação, administração de locação, consultoria e assessoria imobiliária, administração de condomínios, avaliação de imóveis, entre outros, sempre partindo do valor que representa o imóvel e seu possível destino. Todas essas transações imobiliárias visam à realização de bons negócios e à satisfação de interesses e necessidades. Por esse motivo, todas elas começam pela avaliação do imóvel. A determinação do valor do imóvel está diretamente ligada a vários fatores que precisam ser interpretados previamente para que se obtenha o resultado mais correto possível. Entendemos como fatores ou variáveis a situação política, financeira e econômica do país, a localização do imóvel, o tipo do imóvel, o fim a que se destina, o uso e a ocupação permitidos, o tempo de construção, bem como o interesse ou a necessidade das partes, sejam elas constituídas por vendedores, compradores, investidores, loteadores, incorporadores etc. O mercado imobiliário é muito dinâmico e, também, obedece à lei da oferta e da procura, de acordo com a qual o valor dos imóveis fica mais alto à medida que as ofertas diminuem e fica mais baixo quando a oferta de imóveis aumenta. Nosso estudo sobre avaliação de imóveis será voltado à história da legalização da profissão de corretor de imóveis – especialmente da habilitação para realizar uma avaliação –, à compreensão das técnicas aplicáveis na determinação do valor de um imóvel e ao conhecimento da legislação e dos procedimentos para realizar um Parecer Técnico de Avaliação Mercadológica (PTAM). 10 Avaliação de Imóveis 1.1 O que significa avaliar um imóvel Avaliar um imóvel é muito mais do que o resultado da soma do valor pago por um terreno com o valor investido na área construída. Em momentos de necessidade do proprietário, por exemplo, é possível que ele aceite vender o imóvel por preço inferior à soma obtida. Por outro lado, dependendo da localização e do tipo do imóvel, ele pode valer o dobro. Algumas variáveis são mais representativas que outras, mas, uma vez constatada a existência da variável, ela deve ser considerada e analisada. A determinaçãodo valor do imóvel será ainda mais precisa se houver acrescido às técnicas o olhar experiente e cuidadoso de um profissional que acompanha o mercado imobiliário dia a dia. Porém, conforme aponta Antonio Ayres (1996, p. 12, grifo do original): o avaliador que conheça todas as técnicas e métodos de avaliação não fará, obrigatoriamente, uma boa avaliação. Talvez lhe falte essa percepção de mercado e valor, o feeling, atributo que não é obtido com a técnica: é um dom necessário à avaliação, que aproxima a atividade de avaliar com a atividade artística, intuitiva. O profissional que conhece o mercado imobiliário em que atua saberá utilizar a arte e a intuição como complementos da teoria e dos métodos, pois dessa forma irá se aproximar com mais precisão do preço do imóvel. Sendo a avaliação de imóveis considerada a operação imobiliária que precede às demais, o domínio das técnicas aplicáveis somado à experiência e ao conhecimento de mercado do profissional serão fundamentais para o desenvolvimento dos trabalhos e, consequentemente, para o sucesso da carreira. Para conceituarmos avaliação imobiliária, podemos utilizar mais de uma definição. A cada definição estudada, poderemos notar que é acrescida uma informação tão relevante quanto as demais. De acordo com o conceito de Frederico Mendonça (2012, p. 31, Fundamentos da avaliação de imóveis 11 grifo do original), “avaliação imobiliária consiste na determinação do valor pecuniário de um bem imóvel, de seus frutos ou direitos, através de procedimentos cujos conhecimento técnico e percepção de mercado são essenciais”. Mendonça acrescenta ao seu conceito de avaliação os elementos frutos e direitos, no sentido de nos levar à compreensão de que essas são duas variáveis importantes e relevantes. Os frutos são a renda que o imóvel proporciona, como o valor do aluguel, no caso de o imóvel estar alugado, e os direitos são as possibilidades legais do proprietário. Existem situações em que os pais compram um imóvel e colocam os filhos como proprietários, reservando-lhes o uso e o gozo vitalícios, assim, em caso de venda desse imóvel, o comprador terá restrições no uso e no gozo enquanto os pais dos proprietários forem vivos. Em outras palavras, serão proprietários legais do imóvel, mas não poderão utilizar o imóvel ou receber o valor dos aluguéis. Certamente um imóvel com reserva de usufruto não terá o mesmo valor de mercado de outro semelhante, que não possua qualquer tipo de restrições. João Diniz Marcello (2012) salienta que a avaliação é sempre feita em função do valor à vista. Apesar disso, sabe-se que existem vários tipos de propostas possíveis de serem apresentadas pelo eventual comprador e aceitas pelo vendedor, como parte do pagamento em dinheiro, à vista, e outra parte paga por meio de liberação de financiamento. Conforme conceitua Marcello (2012, p. 38), “avaliação é a ciência da medida do valor. É o conjunto de operações que leva à determinação técnica do valor de um imóvel, ou do direito sobre o imóvel. A avaliação é sempre feita em função do valor à vista, sem os honorários de intermediação”. usufruto: na literatura jurídica, direito dado a alguém de usufruir um bem que pertence a outro. 12 Avaliação de Imóveis Os financiamentos obedecem às regras do órgão financiador e dependem de análise de documentos, de aprovação de créditos e de procedimentos que podem demorar alguns meses. Nesse caso, o lapso de tempo entre a aceitação da proposta e a efetiva liberação do financiamento pode levar o vendedor a não aceitar a proposta. Existem, ainda, as propostas que incluem veículo, imóvel de menor valor ou mesmo pagamento parcelado. Todas essas modalidades de propostas não se mostram tão atrativas quanto o pagamento à vista em moeda corrente nacional. Diante dos conceitos apresentados, podemos concluir que avaliar um imóvel significa determinar o valor representado pela quantidade de dinheiro pago à vista, em determinado período, com o auxílio de conhecimentos técnicos, em obediência à legis- lação aplicável e com base na experiência profissional. 1.2 A importância da avaliação para as operações imobiliárias A legislação do Conselho Federal dos Corretores de Imóveis (Cofeci) confere ao profissional devidamente inscrito no Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci) atribuições para realizar operações imobiliárias como compra, venda, locação, administração de locação, incorporações imobiliárias, loteamentos, consultoria e assessoria imobiliária, entre outras. Para a realização de todas elas, é necessário avaliar o imóvel. Destacaremos, para fim dos nossos estudos, a importância da avaliação para as operações imobiliárias de compra e venda, de locação e administração de locação e de incorporações imobi- liárias e loteamentos. 1.2.1 Compra e venda Quem compra ou vende um imóvel quer, sem dúvida, realizar um bom negócio. No momento da compra, o cliente ficará muito mais Fundamentos da avaliação de imóveis 13 satisfeito e realizado se pagar um preço justo, de preferência menor do que pretendia, por um bom imóvel. Da mesma forma acontece na venda. Para saber se está ou não realizando uma boa negociação, vale a pena contar com um profissional especialista em avaliação. Ao fazer um investimento imobiliário, a pessoa busca um negócio rentável, com boa liquidez caso haja necessidade de venda, que tenha boa valorização e procura no mercado, entretanto esse conhecimento não se obtém de livros, manuais ou revistas especializadas, assim, a consultoria torna-se um grande nicho de mercado a ser explorado pelo corretor de imóveis. Para Mauro Halfeld (2001, p. 33): infelizmente, existem poucos livros ou pesquisas acadê- micas no Brasil sobre investimentos imobiliários. Assim, torna-se muito difícil aprender a investir corretamente nesse mercado. Os compradores e vendedores de imóveis limitam-se a conhecer o que seus pais, amigos ou corretores lhes ensinaram, sem qualquer metodologia científica. É muito difícil encontrar estatísticas confiáveis sobre o comportamento dos preços no mercado, o que torna ainda mais complexa a arte de avaliar o preço justo de um imóvel. A preocupação do autor era legítima, considerando que ainda não existia a Resolução-Cofeci n. 1.066, de 22 de novembro de 2007 (COFECI, 2007), que trata especificamente do PTAM. O Conselho Federal então decidiu normatizar a operação imobiliária de avaliação, que é crucial para o desenvolvimento do mercado imobiliário. Atualmente, quem deseja comprar ou vender um imóvel pode contar com o auxílio de um profissional especializado em avaliar imóveis. 1.2.2 Locação e administração de locação A avaliação para locação auxilia o locador no ajuste do valor do aluguel ao preço de mercado. Não tendo conhecimento do preço praticado, o locador corre o risco de demorar para alugar o imóvel e, assim, ter de arcar com despesas condominiais e até 14 Avaliação de Imóveis com a manutenção do imóvel, que fica muito tempo desocupado. De acordo com Mônica D’Amato (2013, p. 28): em certa época e em determinada localidade os imóveis no entorno do avaliando ensejam uma oportuna reflexão sobre o conceito de velocidade de negociação. Queremos nos referir ao tempo necessário para que determinado imóvel colocado no mercado imobiliário para locação (ou venda) seja devidamente absorvido por um locatário (ou comprador). Muitas vezes, por falta de orientação de um bom profissional, os proprietários colocam seus imóveis para locação com valor superior ao que o mercado imobiliário está praticando e, por esse motivo, deixam de receber o valor dos aluguéis ou acabam tendo prejuízos com a manutenção do imóvel e o pagamento de taxa condominial, por exemplo. D’Amato se refere ao ajuste do valor locatício do imóvel ofertado para locação. Quanto mais distante do valor de mercado estiver a oferta, mais tempo levará para ser absorvido pelo locatário. Por esse motivo, uma avaliaçãobem realizada será de grande valia para acelerar a locação. No que diz respeito à administração da locação, a avaliação é ferramenta fundamental na revisão da locação, que é permitida pelo artigo 19 da Lei n. 8.245/1991, conhecida como Lei de Locações ou Lei do Inquilinato. Conforme o disposto nessa lei, “não havendo acordo, o locador ou locatário, após três anos de vigência do contrato ou do acordo anteriormente realizado, poderão pedir revisão judicial do aluguel, a fim de ajustá-lo ao preço de mercado” (BRASIL, 1991). Notadamente o locador não tem interesse em reduzir o valor do aluguel, assim como o locatário não deseja aumentar o valor que paga mensalmente. A parte que solicitar a revisão judicial do aluguel deve apresentar uma avaliação realizada por profissional competente e com credibilidade. Fundamentos da avaliação de imóveis 15 1.2.3 Incorporações imobiliárias e loteamentos Tanto nas incorporações1 quanto nos loteamentos o projeto começa com a avaliação de um terreno ou uma gleba. O terreno será base para um projeto de incorporações com fins residenciais, comerciais, mistos ou industriais, garagens ou condomínios abertos ou fechados. Para isso, a avaliação do preço de mercado do terreno será o primeiro passo para elaborar o projeto e calcular a viabilidade ou não do negócio. Da mesma forma, a correta avaliação de uma gleba é fundamental para cálculos de viabilidade e sucesso de um loteamento. Figura 1 – Terreno dividido em lotes IE SD E BR AS IL S .A . 801 807 813 819 825 831 837 843 849 855 861 867 873 801 807 813 819 825 831 837 843 849 855 861 867 873 804 810 816 822 828 834 840 846 852 858 864 870 876 804 810 816 822 828 834 840 846 852 858 864 870 876 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 É prudente e recomendável que antes de serem realizadas as operações imobiliárias de loteamento ou incorporação seja feito um estudo aprofundado e bem completo sobre as condições de mercado, o local escolhido, o público-alvo, a demanda, os valores a serem praticados, entre outros. Conforme Antonio Cordeiro Filho (2009, p. 53): 1 Refere-se à construção de “edificações ou conjuntos de edificações, de um ou mais pavimentos, construídos sob a forma de unidades isoladas entre si, destinadas a fins residenciais ou não residenciais” (BRASIL, 1964), que podem ser vendidos no todo ou em parte. gleba: expressão técnica utilizada na lei de loteamentos. 16 Avaliação de Imóveis as descrições e as análises serão efetuadas na sequência, inicialmente, sob a ótica do incorporador com o objetivo de evitar riscos e tomar decisões e cuidados para não causar danos financeiros ou outros como consequência. A atividade de incorporação é frenética e altamente competitiva. Não é fácil ser incorporador em grandes cidades. [...] É preciso que o preço seja compatível com o local, que tenha condições de tabela de vendas exequível comercialmente. Tudo é importante. Atualmente, os profissionais são conscientes da necessidade de qualificação e aplicação de técnicas e tecnologia. Todas as etapas do negócio devem ser realizadas de maneira correta, justa e precisa para minimizar, dentro do possível, os riscos ou prejuízos. Considerando ser a avaliação do terreno o primeiro passo para a realização tanto das incorporações quanto dos loteamentos, o corretor de imóveis deve estar ciente de sua responsabilidade. A avaliação imobiliária é importante e necessária para a realização de todas as operações imobiliárias, por esse motivo recomenda-se que o profissional esteja empenhado em dominá-la. 1.3 História da avaliação de imóveis A profissão de corretor de imóveis foi legalizada pela Lei n. 4.116, de 27 de agosto de 1962 (BRASIL, 1962). Naquela época, as atribuições do profissional eram, conforme o artigo 7º dessa lei, apenas a mediação na venda, compra, permuta ou locação de imóveis, não constava a avaliação ou opinião de mercado. Entretanto, desde a década de 1940, a operação imobiliária de avaliação já era requisitada pelo poder público de alguns estados. Por estar constantemente em contato com clientes e realizando negócios, o corretor de imóveis sempre teve informações atuali- zadas e reais do mercado. Mesmo com a legalização da profissão, ainda pairavam dúvidas sobre a competência do profissional, Fundamentos da avaliação de imóveis 17 visto que para se tornar um corretor não era exigido nenhum tipo de conhecimento ou formação específica. Conforme a Lei n. 4.116/1962 (BRASIL, 1962), os candidatos ao registro nos Conselhos Regionais precisavam apresentar: prova de identidade, quitação com o serviço militar, quitação eleitoral, atestado de capacidade intelectual e profissional e de boa conduta, folha corrida e atestado de bons antecedentes, atestado de sanidade, atestado de vacinação antivariólica, certidões negativas dos distribuidores forenses relativas ao último decênio, certidões negativas dos cartórios de protestos de títulos referentes ao último quinquênio e prova de residência no mínimo durante os três anos anteriores no lugar onde desejava exercer a profissão. Embora as exigências fossem muitas, nenhuma dizia respeito à formação profissional ou ao grau de escolaridade. Mesmo sendo requisitados pelos poderes públicos a realizarem avaliações por conhecerem os preços praticados no mercado, os corretores de imóveis não estavam legalmente amparados em razão de inexistir comprovação de escolaridade. De acordo com Marcello (2012, p. 21): na década de 40, o Poder Público dos Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo solicitava aos Sindicatos dos Corretores de Imóveis que realizassem avaliações de imóveis para as mais diversas finalidades. Em maio de 1976, o Supremo Tribunal Federal arguiu a inconstitucionalidade da Lei 4.116/62, que habilitava a profissão de Corretor de Imóveis, por não haver um curso profissionalizante que comprovasse a escolaridade dos profissionais. Devido à lei que regulamentava a profissão de corretor de imóveis ter sido considerada inconstitucional, o Cofeci iniciou um movimento para que fosse aprovada nova lei e que nela constasse a avaliação como atribuição do corretor de imóveis, mas os engenheiros e arquitetos fizeram muita oposição na época por defenderem que a avaliação era atribuição exclusiva deles. 18 Avaliação de Imóveis A palavra avaliar tinha a conotação de trabalho mais técnico. Engenheiros civis, arquitetos e engenheiros agrônomos não admitiam que, após passarem por cursos de graduação e possuírem certificados de conclusão de curso superior, o trabalho realizado por eles fosse equiparado ao de um profissional que não tinha formação alguma, no caso, os corretores de imóveis. Nesse sentido, para Francisco Maia Neto (1999, p. 23): a questão encontra-se muito bem delineada na legislação que regulamenta o exercício das profissões de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro Agrônomo, Lei Federal 5.194/66, onde, em seu artigo 7º, discrimina como atribuição destas profissões, dentre outras, avaliações, vistorias, perícias e pareceres, além de prever, nos artigos 13, 15 e 68, a validade dos trabalhos desta natureza somente quando realizadas por profissionais legalmente habilitados. Diante do impasse formado entre os conselhos dos corretores de imóveis e dos engenheiros e arquitetos, a solução foi, segundo Marcello (2012, p. 21, grifos do original), encontrada por uma nova regulamentação, substituindo anterior: o texto inicial da Lei previa a habilitação do Corretor em avaliar imóveis, o que resultou em uma ampla mobilização por parte dos engenheiros e arquitetos no sentido de não aprovar a lei com esta prerrogativa. Depois de muitas discussões, acordos e determinações, a comissão dos corretores, advogados e o Ministro conseguiram o apoio dos engenheiros e dos arquitetos na aprovação da Lei com a substituição da palavra “avaliar” por “opinar”. O artigo 3º da Lei 6.530/78 ficou com a seguinte redação: “Compete aoCorretor de Imóveis exercer a intermediação na compra, venda, permuta e locação de imóveis, podendo ainda, opinar quanto à comercialização imobiliária”. Com a promulgação da Lei, a atividade do Corretor de Imóveis como Avaliador Mercadológico começou a se tornar realidade. Mesmo após a Lei n. 6.530, de 12 de maio de 1978 (BRASIL, 1978), que substitui a Lei n. 4.116/1962 disciplinando o funcionamento do Cofeci e dos Crecis e dando nova regulamentação à profissão Fundamentos da avaliação de imóveis 19 de corretor de imóveis, o impasse entre quem era o profissional capacitado e habilitado para realizar a avaliação de imóveis persistiu até 2007, quando foi aprovada a Resolução-Cofeci n. 1.066/2007 (COFECI, 2007). Essa Resolução estabeleceu nova regulamentação para o funcionamento do Cadastro Nacional de Avaliadores Imobiliários (CNAI), assim como para a elaboração do PTAM, que é o documento por meio do qual o corretor de imóveis procederá a avaliação de imóveis para a qual estará habilitado legalmente a realizar. O PTAM pode ser utilizado para diversos fins, como documentação contábil, avaliação de patrimônio de uma empresa ou avaliação de um bem dado em garantia bancária, suporte à partilha de bens em casos de separação de casal, inventários, entre tantos outros. A Resolução-Cofeci foi um verdadeiro marco na vida dos profissionais atuantes no campo da avaliação de imóveis, pois conferiu técnica ao trabalho dos corretores de imóveis e garantiu o respeito dos outros profissionais, dos clientes e da sociedade em geral. Observe, na Figura 2 a seguir, a evolução da profissão de corretor de imóveis. Figura 2 – Marcos da legalização da profissão de corretor de imóveis A profissão de corretor de imóveis é legalizada pela Lei n. 4.116. A Lei n. 4.116 é considerada inconstitucional. A Lei n. 6.530 substitui a Lei n. 4.116. É publicada a Resolução- -Cofeci n. 1.066. 2007197819761962 Fonte: Elaborada pela autora. O direito dos corretores de determinar o valor mercadológico de um imóvel foi adquirido depois de mais de quatro décadas. Cabe agora a todos os profissionais honrar essa conquista com o domínio de técnicas e todas as habilidades que envolvem um PTAM. 20 Avaliação de Imóveis Considerações finais Sendo a avaliação de imóveis o primeiro passo para todo e qualquer trabalho no mercado imobiliário, a dedicação aos estudos e o conhecimento técnico são muito importantes. Avaliar um imóvel não é simplesmente um jogo de tentativas, erros e acertos com base em suposições, é um trabalho fundamentado em normas técnicas e experiência de mercado. A sociedade não aceita mais ser intermediada por corretores de imóveis desqualificados e despreparados. O cliente quer, além de ser bem atendido, sentir-se seguro em relação ao conhecimento do corretor, o que depende da credibilidade do profissional, que deve ter domínio sobre o assunto trabalhado. Atualmente, a avaliação de imóveis é um grande nicho de mercado que não depende de nenhuma outra operação imobiliária, ou seja, ela não é requisitada apenas em caso de compra, venda, locação, administração de imóveis, loteamentos ou incorporações, é uma operação imobiliária que é requisitada para o seu próprio fim. A avaliação de imóveis pode ser o foco principal de trabalho do corretor de imóveis, sendo o seu tempo exclusivamente dedicado à realização do PTAM. Ampliando seus conhecimentos • MARCELLO, João Diniz. Avaliação mercadológica de imóveis. Porto Alegre: Grafiset, 2012. A leitura da obra Avaliação mercadológica de imóveis será enriquecedora para o melhor desempenho da profissão de corretor de imóveis, uma vez que aborda todos os aspectos que envolvem a avaliação de imóveis desde a sua história até a realização de um PTAM. Fundamentos da avaliação de imóveis 21 • MENDONÇA, Frederico. Avaliação de imóveis: teoria e prática. Recife: Editora do Autor, 2012. Frederico Mendonça é uma autoridade no assunto avaliação de imóveis. A leitura da obra Avaliação de imóveis: teoria e prática acrescentará ao leitor conhecimentos técnicos de forma agradável e com uma linguagem de fácil compreensão. Atividades 1. Frederico Mendonça, ao conceituar a avaliação de imóveis, menciona dois elementos: frutos e direitos. Explique o que representam os frutos na avaliação de um imóvel e dê um exemplo. 2. A avaliação de imóveis, conforme estudamos neste capítulo, precede todas as outras operações imobiliárias. Com base nessa premissa, qual é a importância da avaliação de imóveis na operação imobiliária de administração de locação? 3. Atualmente, para obter a inscrição no Creci é preciso apre- sentar, entre outros documentos, o certificado de conclusão do curso técnico em transações imobiliárias ou o certificado de conclusão de curso superior tecnológico ou similares aceitos pelo Cofeci, entretanto nem sempre foi assim. Quando ocorreu a legalização da profissão em 1962 a exigência documental era outra. Cite três documentos solicitados naquela época que continuam sendo imprescindíveis. 22 Avaliação de Imóveis Referências AYRES, Antonio. Como avaliar imóveis... sem mistérios. São Paulo: Editora Imobiliária, 1996. BRASIL. Lei n. 4.116, de 27 de agosto de 1962. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 27 ago. 1962. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1950-1969/L4116.htm. Acesso em: 23 jun. 2019. BRASIL. Lei n. 4.591, de 16 de dezembro de 1964. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 21 dez. 1964. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4591.htm. Acesso em: 23 jun. 2019. BRASIL. Lei n. 6.530, de 12 de maio de 1978. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 15 maio 1962. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/LEIS/L6530.htm#art26. Acesso em: 23 jun. 2019. BRASIL. Lei n. 8.245, de 18 de outubro de 1991. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 21 out. 1991. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8245.htm. Acesso em: 23 jun. 2019. CONSELHO FEDERAL DE CORRETORES DE IMÓVEIS. Resolução- Cofeci n. 1.066/2007. Salvador: Cofeci, 22 nov. 2007. Disponível em: http:// www.cofeci.gov.br/arquivos/legislacao/2007/resolucao1066_2007.pdf. Acesso em: 23 jun. 2019. CORDEIRO FILHO, Antonio. Empreendedorismo no mercado imobiliário habitacional. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2009. D’AMATO, Mônica. Imóveis urbanos: avaliação de aluguéis. 3. ed. São Paulo: Leud, 2013. HALFELD, Mauro. Investimentos: como administrar melhor seu dinheiro. São Paulo: Editora Fundamento Educacional, 2001. MAIA NETO, Francisco. Perícias judiciais de engenharia: doutrina, prática, jurisprudência. 3. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 1999. MARCELLO, João Diniz. Avaliação mercadológica de imóveis. Porto Alegre: Grafiset, 2012. MENDONÇA, Frederico. Avaliação de imóveis: teoria e prática. Recife: Editora do Autor, 2012.
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