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www.iesde.com.br facebook.com/iesdebrasil Código Logístico 58478 Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6473-1 9 7 8 8 5 3 8 7 6 4 7 3 1 M ERCADO e OPERAÇÕES IMOBILIÁRIAS Fábio Oliveira Vaz Este livro expõe o contexto histórico do mercado imobiliário, desde sua origem até a atualidade, procurando apontar as mudanças ocorridas ao longo do tempo, com enfoque em dois aspectos: em relação ao que se compreende por mercado imobiliário e no que tange às leis que o regulam. Sem olvidar os aspectos relativos às transações imobiliárias tanto no contexto privado quanto no público, a obra tem o intuito de apresentar de maneira objetiva uma visão do mercado imobiliário e dos envolvidos em cada processo, tais como imobiliárias, incorporadoras, empresas, entre outros. Com este livro, espera-se que o leitor desenvolva capacidades e habilidades que o destaquem perante os concorrentes e o auxiliem a ser ainda mais valorizado pelos clientes, os atores centrais no exercício profissional imobiliário. Fábio Oliveira Vaz Mercado e operações imobiliárias IESDE BRASIL S/A 2019 Fábio Oliveira Vaz Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ V495m Vaz, Fábio Oliveira Mercado e operações imobiliárias / Fábio Oliveira Vaz. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE Brasil, 2019. 122 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6473-1 1. Mercado imobiliário. 2. Corretor de imóveis. 3. Admi- nistração de imóveis. I. Título. 19-57064 CDD: 333.33 CDU: 332.7 © 2019 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do detentor dos direitos autorais. Capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Watchara Ritjan/Sasin Paraksa/QinJin/hanohiki Fábio Oliveira Vaz Mestre em Administração, na linha de pesquisa em Gestão de Pessoas e Organizações, pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). MBA em Marketing pela Faculdade Maringá (PR). Graduado em Administração pela Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí (FAFIPA) e em Sistemas para Internet pela Faculdade UniFatecie (PR). Professor universitário com experiência na área de administração, produção, finanças, logística, gestão imobiliária e marketing. Coordenador de cursos de ensino superior. Palestrante, consultor e coach. Sumário Apresentação 7 1. Mercado imobiliário: contexto e perspectiva 9 1.1 Conceito histórico 9 1.2 Evolução do mercado imobiliário 12 1.3 O futuro do mercado imobiliário 15 2. O imóvel: conceitos e principais operações 21 2.1 Conceito e propriedade do imóvel 22 2.2 Compra e venda 25 2.3 Permutas e parcerias 30 3. Corretor de imóveis 35 3.1 Definição e principais atividades 35 3.2 Legislação e ética 38 3.3 Capacitação e remuneração 41 4. Imobiliária e proprietário 47 4.1 As imobiliárias no Brasil 47 4.2 Direitos e responsabilidades do proprietário e gerenciamento de imobiliária 51 4.3 Empreendedores no mercado imobiliário 53 5. Incorporador e construtora 59 5.1 Incorporações imobiliárias: objetivos e atividades 59 5.2 Construção e tipos de empreendimentos 62 5.3 Responsabilidades do construtor e do incorporador 65 6. Locação e administração de imóveis 71 6.1 Aspectos da locação e os atos do gestor 71 6.2 Administração de imóveis e suas características 77 7. Planejamento estratégico aplicado ao mercado imobiliário 83 7.1 Estratégia e planejamento 84 7.2 Fundamentação ideológica 87 7.3 Ferramentas de planejamento estratégico no mercado imobiliário 90 8. Marketing imobiliário 97 8.1 Fundamentos de marketing 98 8.2 Característica do mercado imobiliário 103 8.3 Marketing imobiliário e sua importância para o posicionamento de mercado 105 Gabarito 111 Apresentação Este livro expõe o contexto histórico do mercado imobiliário, desde sua origem até a atualidade, procurando apontar as mudanças ocorridas ao longo do tempo, com enfoque em dois aspectos: em relação ao que se compreende por mercado imobiliário e no que tange às leis que o regulam. Sem olvidar os aspectos relativos às transações imobiliárias tanto no contexto privado quanto no público, a obra tem o intuito de apresentar de maneira objetiva uma visão do mercado imobiliário e dos envolvidos em cada processo, tais como imobiliárias, incorporadoras, empresas, entre outros. Ferramentas estratégicas, de marketing e de comunicação, além de técnicas eficientes de negociação, são indicadas como fatores essenciais ao sucesso profissional, uma vez que podem facilitar os processos em uma realidade competitiva. Nesse sentido, aborda-se as habilidades necessárias do profissional no mercado imobiliário, assim como os diferenciais estratégicos que ele precisa conhecer para se sobressair em um contexto tão exigente. Com este livro, espera-se que você desenvolva capacidades e habilidades que o destaquem perante os concorrentes e o auxiliem a ser ainda mais valorizado pelos clientes, os atores centrais no exercício profissional imobiliário. Uma excelente leitura! 1 Mercado imobiliário: contexto e perspectiva Iniciamos nossa trajetória de estudos para compreender o mercado imobiliário, abrangendo o ambiente e as perspectivas desse cenário altamente competitivo. Para isso, vamos começar revelando o contexto histórico desse mercado, sua evolução e a projeção para o futuro. Buscamos, assim, entender sua importância no Brasil e suas constantes modificações: houve crises, mudanças, novas regras e leis, fatos que fizeram com que a competitividade e os preços se alterassem a cada período. Pense em um detalhe importante: boa parte da riqueza de nosso país está relacionada ao mercado imobiliário, por isso essas questões precisam ser analisadas com muito critério e cuidado. Neste capítulo, vamos conhecer o contexto histórico do mercado imobiliário no Brasil: início, regulamentação e as vantagens que gerou para o setor. Até 1964, o mercado imobiliário brasileiro não era regulamentado e, com isso, o comprador não tinha certeza ou garantias no contexto de compra e venda de um imóvel. Somente por meio da Lei n. 4.591, de 16 de dezembro de 1964, é que teve início o processo de regularização desse setor tão importante para nossa economia. 1.1 Conceito histórico O mercado imobiliário no país iniciou de maneira totalmente informal, no Brasil Colônia. Nesse contexto, surgiram os primeiros agentes imobiliários, responsáveis por encontrar os donos de terrenos ou moradias que pudessem ser negociados com 10 Mercado e operações imobiliárias estrangeiros recém-chegados, segundo Macedo, Sales e Rezende (2014). Era uma profissão não regulamentada, sem vínculo de empregabilidade, apenas uma atividade que visava à busca de sustento por meio de negociações e comissões. Macedo, Sales e Rezende (2014) afirmam que era um período difícil, sem meios de comunicação eficientes, o que dificultava encontrar chances de novos negócios lucrativos, pois tudo dependia de informações boca a boca. Uma estratégia utilizada nesse período era buscar oportunidades em cafés ou lugares de grande movimento das cidades, na tentativa de realizar transações de compra ou venda. Os autores ainda ressaltam que esse processo foi se desen- volvendo e melhorando com o passar do tempo, e assim surgiram nomes fortes que atuavam na área de negociações imobiliárias, como a Gafisa (fundada em 1954) e a Cyrela (de 1962). No Rio de Janeiro, em 1927, foi criado o primeiro sindicato de corretores de imóveis, que se tornou referência da atividade naquele período. Macedo, Sales e Rezende (2014) também afirmam que essa prática se espalhou por outros lugares do Brasil com grande sucesso, o que fortaleceu a classe. Foram feitas uniões por meio de sindicatos, em que a atividade passou a ser vista e reconhecida de maneira legal, e foicriada uma lei direcionada à profissão. Uma atividade antes vista como algo sem importância começou, então, a exigir regras e base legal para ser exercida. Com esse fortalecimento, principalmente por parte dos sindicatos, foram criadas empresas imobiliárias, pessoas jurídicas, mudando totalmente a forma de trabalhar com compra e venda de propriedades. Surgiu, a partir daí, a Lei n. 4.116, de 27 de agosto de 1962, que regulamentava a profissão de corretor de imóveis. Essa ação modificou toda a realidade do mercado, pois, ao mesmo tempo que foi uma conquista, não se adequou à grande dinâmica da atividade. Foi revogada, por meio da Lei n. 6.530, de 12 de Mercado imobiliário: contexto e perspectiva 11 maio de 1978, que está em vigor até a atualidade pelo Decreto n. 81.871, de 29 de junho de 1978. Apesar de problemas e falhas, a Lei n. 4.116/1962 foi um marco na história dos corretores de imóveis, por isso ficou definido que 27 de agosto é o Dia do Corretor de Imóveis. A Lei n. 6.530/1978, mesmo revogando a lei anterior, manteve os direitos do profissional e determinou que: Art. 23 – Fica assegurado aos Corretores de Imóveis, inscritos nos termos da Lei n. 4.116/62, de 27 de agosto de 1962, o exercício da profissão, desde que o requeiram conforme o que for estabelecido na regulamentação desta Lei. (BRASIL, 1978a) Para garantir os direitos da profissão, o art. 2º faz um adendo ao afirmar: “O exercício da Profissão de Corretores de Imóveis será permitido ao possuidor de título de Técnico em Transações Imobiliárias” (BRASIL, 1978a). Os direitos do corretor de imóveis ficaram garantidos, ao mesmo tempo que surgiram exigências para o exercício da profissão – a principal é que o corretor precisa participar de conselhos e provar que é técnico em transações imobiliárias (TTI), com formação em instituições reconhecidas, como sugere a Resolução Cofeci n. 327, de 25 de junho de 1992, que foi baixada pelo Decreto n. 81.871/1978, regulando assim a Lei n. 6.530/1978, a qual afirma, em seu art. 28: “A inscrição do Corretor de Imóveis e da pessoa jurídica será efetuada no Conselho Regional da jurisdição, de acordo com Resolução do Conselho Federal de Corretores de Imóveis” (BRASIL, 1978b). É fato que nos dias de hoje a profissão vem se adaptando e se transformando, e o surgimento de cursos de nível superior comprova sua importância. Não existe mais espaço para amadores: as exigências legais e até mesmo o mercado têm demandado que o profissional busque por aperfeiçoamento constante. 12 Mercado e operações imobiliárias Se olharmos para 1927, quando surgiu o primeiro sindicato, e compararmos com os dias atuais, muita coisa mudou e com certeza muito ainda vai mudar para atender à demanda de clientes tão exigentes e de um mercado altamente competitivo. Na perspectiva de Macedo, Sales e Rezende (2014), com a profissão regulamentada e o mercado aquecido, o governo entendeu a importância de criar formas de financiamento, facilitando assim a compra e a venda de imóveis em nosso país. Por isso, em 1966 foi fundado o Banco Nacional de Habitação (BNH), que atendeu todas as classes sociais. Ainda segundo Macedo, Sales e Rezende (2014), até os anos 1980, o mercado estava aquecido e em pleno funcionamento. Porém, com o aumento da inflação, passou por problemas e, em 1986, o BNH foi suprimido devido a tantas dificuldades econômicas. A partir da implantação da Lei n. 4.591/1964, com a regulamentação do mercado imobiliário e a criação do memorial de incorporação, foi possível estabilizar o processo de compra e venda de imóveis e propriedades no Brasil. 1.2 Evolução do mercado imobiliário É claro que financiamentos de longo prazo podem causar problemas e, com isso, o mercado precisou encontrar mecanismos mais eficientes para captar recursos financeiros e tornar viável a negociação de imóveis. As redes bancárias, pública e privada, desenvolveram novas formas de crédito para facilitar a aquisição de imóveis, o que auxiliou o desenvolvimento do mercado imobiliário. A promulgação da Lei n. 10.931, de 2 de agosto de 2004, fez surgir uma nova era. Vamos conferir seu texto: Dispõe sobre o patrimônio de afetação de incorporações imobiliárias, Letra de Crédito Imobiliário, Cédula de Crédito Imobiliário, Cédula de Crédito Bancário, altera Mercado imobiliário: contexto e perspectiva 13 o Decreto-Lei n. 911, de 1º de outubro de 1969, as Leis n. 4.591, de 16 de dezembro de 1964, n. 4.728, de 14 de julho de 1965, e n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002, e dá outras providências. (BRASIL, 2004) A Lei n. 10.931/2004 instituiu regras com a intenção de instigar o mercado e lhe dar mais segurança. Temos como exemplo a alienação fiduciária de bens imóveis, que é o negócio jurídico pelo qual o devedor (ou fiduciante), com o objetivo de garantia, contrata a transferência ao credor (fiduciário) da propriedade resolúvel de coisa imóvel, ou seja, é comum que a propriedade definitiva, atestada pela escritura, seja transmitida posteriormente à liquidação da dívida. Dessa forma, o comprador fica impedido de negociar o bem antes da quitação da dívida, mas pode usufruir dele. Em nosso país, essa lei foi a salvação dos financiamentos bancários, pois abrangeu e estruturou os agentes financeiros e os construtores, garantindo maior segurança legal, tão necessária ao mercado. Surge ainda, conforme Macedo, Sales e Rezende (2014), o conceito de patrimônio de afetação, separando a escritura contábil de um empreendimento imobiliário dos outros interesses comerciais da organização. Vamos conhecer alguns conceitos de extrema importância: • Clima jurídico compensado: quando o tema do processo é verificado pela legislação. • Agentes financeiros: organizações como bancos, financeiras, construtoras que realizam financiamentos diretamente, entre outros. • Patrimônio de afetação: separa a escrituração. • Amortização: refere-se à liquidação de uma dívida, ou seja, uma parte da parcela ou prestação, juntamente com os juros, forma o valor total de uma parcela; a cada parcela 14 Mercado e operações imobiliárias paga, abate-se o valor da dívida. Amortização é um termo muito utilizado em contabilidade, administração financeira e matemática e se traduz pela soma do reembolso do capital ou do pagamento dos juros do saldo devedor. Macedo, Sales e Rezende (2014), afirmam que os contratos bancários atuais são bastante diferentes dos utilizados no passado, pois hoje existem regras bem definidas. Não há resíduos de amortização e é possível financiar um imóvel em 20 anos, o que mostra a força econômica do país. O IBGE (2016) estimou o mercado imobiliário em aproximadamente 67 milhões de residências, levando as organizações imobiliárias a um aperfeiçoamento de sua gestão para conseguirem se manter competitivas. Verney (2013) cita que o mercado imobiliário está em constante desenvolvimento e vem passando por mudanças favoráveis, gerando novas formas de crédito e financiamentos. O autor afirma: O cenário favorável que vem desde 2008 aumentou o interesse econômico e empresarial ao setor da construção. Para Moacir Marafon, um dos diretores da Softplan/ Poligraph, o ano de 2013 será voltado ao investimento em ações para buscar oportunidades em pequenas e médias empresas com atuação local e regional. “Durante este ano acreditamos que ações governamentais de redução da taxa de juros e desoneração da folha irão auxiliar na disponibilidade de crédito e redução dos preços, aquecendo a demanda no setor” – avalia Marafon. (VERNEY, 2013, p. 1) O autor explica que com as reduções de juros serão mais fáceis as negociações e os financiamentos, o que fortalece o mercado imobiliário. Mesmo com a extinção do BNH, o mercado se adaptou e conseguiu a consolidação econômica e jurídica necessária para o início de um novo tempo das empresas do ramo imobiliário. Mercado imobiliário: contexto e perspectiva 15 1.3 O futuro do mercado imobiliário Sabemos que omercado está crescendo e vem desenvolvendo muito o setor imobiliário. Isso tem acontecido devido a fatores relacionados ao surgimento de novas oportunidades de negócios, como: • mudança no perfil das famílias; • alteração na infraestrutura imobiliária; • aumento e facilitação de linhas de financiamentos; • crescimento da classe C1; • engenharia civil avançada, flexível e personalizada. Ao falar de mudanças no perfil das famílias, fica claro o fato de que elas não têm a mesma estrutura de outros tempos: basta ver quantos irmãos as pessoas costumam ter hoje em comparação com os avós delas. Isso demonstra que as famílias atuais são menores, o que requer atenção. Antigamente, as famílias eram maiores, pois necessitavam de mão de obra para ajudar nas tarefas diárias, principalmente porque muitas viviam de produção agrícola. Com essa mudança no tamanho das famílias, os imóveis também passaram a ter dimensões menores para se adequarem à nova realidade. Tais alterações e diminuições da estrutura familiar criaram uma nova tendência, na qual surge um mercado voltado aos solteiros, que necessitam de imóveis menores e mais práticos. Então, começamos a falar de uma alteração na infraestrutura imobiliária. 1 As classes sociais são divididas pela renda familiar, e a classe C passa a ter maior notoriedade e poder de compra com as mudanças no mercado financeiro. Pela forma de divisão em 2018, a classe C envolve famílias com renda mensal entre R$ 1.446,24 e R$ 4.427,35, mas isso pode oscilar, pois também é considerada a facilidade de acesso a carro, água encanada, bens e serviços, entre outros. 16 Mercado e operações imobiliárias As oportunidades do mercado imobiliário que começaram a surgir foram ocasionadas pelo aumento e pela facilitação de linhas de financiamento, favorecendo a compra de propriedades. As leis e as mudanças nos financiamentos permitiram às famílias sair dos aluguéis e ter a tão sonhada “casa própria”, aquecendo, assim, o mercado imobiliário. Essas mudanças, aplicadas pelo Governo Federal, auxiliaram no crescimento da classe C no Brasil, aquecendo o mercado e dando condições para as pessoas consumirem mais e adquirirem seus imóveis. Outro fator importante que aumentou as oportunidades é a evolução na engenharia civil, hoje avançada, flexível e personalizada. As construções precisaram se tornar mais modernas para evitar desperdícios e, claro, aumentar os lucros. Por isso, as empresas tiveram de criar novos formatos de construção adaptados às necessidades de cada cliente. Surgem, a partir de então, duas estratégias que podem ser utilizadas: • para atender ao varejo (classes C, D, E), as empresas devem se preocupar com imóveis de baixos custos operacionais, padronização nos processos e com a repetição dos modelos imobiliários; • para atender aos clientes personalizados (classes A, B), as empresas devem focar em imóveis diferenciados, com valor agregado nos produtos e serviços e com diferenciais competitivos. (MACEDO; SALES; REZENDE, 2014,p. 32) O corretor precisa pesquisar e conhecer por completo o mercado em que vai atuar, preparando-se para atender às novas demandas e ao novo perfil do consumidor, que está mais exigente e necessita de estruturas adequadas para morar. Mercado imobiliário: contexto e perspectiva 17 Considerações finais Neste capítulo, vimos apenas três aspectos de nossos estudos: o contexto histórico, a evolução e as perspectivas futuras do mercado imobiliário. Isso serve para percebermos que estamos lidando com um mercado em constante evolução e precisamos estar prontos para nos adaptarmos às necessidades e suprirmos essas demandas de maneira eficiente. O mercado é extremamente competitivo e, se quisermos nos posicionar com qualidade, temos de nos preparar. Nesse sentido, a compreensão de toda a evolução do mercado imobiliário nos auxilia a criar ações estratégicas para melhor nos adequarmos à realidade. A facilidade de acesso aos financiamentos criou uma dinâmica diferenciada de mercado. Além disso, o perfil das pessoas mudou muito nos últimos anos, fazendo com que as estratégias para atrair esse público mudassem, ou seja, entender quem são as pessoas e o novo perfil familiar pode facilitar as ações estratégicas de atração e vendas de imóveis. Ampliando seus conhecimentos Para facilitar e ampliar seus conhecimentos, vamos apresentar alguns materiais que o auxiliarão a compreender o mercado imobiliário em seu contexto histórico. • MERCADO imobiliário no Brasil: breve histórico. Publicado pelo canal CR2 Multimercados, 2018. 1 vídeo (9 min.). Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=F9rf7f2uQHs. Acesso em: 10 maio 2019. O vídeo apresenta a história do mercado imobiliário, da Revolução Industrial até a atualidade. Um vídeo que nos leva a um breve conhecimento da evolução desse mercado. 18 Mercado e operações imobiliárias • BUENO, Beatriz Piccolotto Siqueira. Aspectos do mercado imobiliário em perspectiva histórica: São Paulo (1809-1950). São Paulo: Edusp, 2016. Nesse livro, você conhecerá a história do mercado imobiliário de São Paulo, desde o período colonial até o posicionamento moderno das imobiliárias no mercado competitivo, passando pelas décadas de 20, 30 e 40. A obra mostra toda a mudança na paisagem geral da cidade e seus impactos no contexto de urbanização. Atividades 1. A partir de mudanças no mercado imobiliário, surgem as empresas imobiliárias com foco em alterar a forma de trabalhar e agir na compra e na venda de propriedades. Com isso, surgem leis especificas para regulamentar tais mudanças, dentre elas a Lei n. 4.116, de 27 de agosto de 1962. Explique a função dessa lei. 2. As novas oportunidades de negócios têm feito o mercado imobiliário crescer, o que é um bom sinal para um ambiente competitivo. Nesse sentido, podemos afirmar que diversos fatores têm facilitado o crescimento dessas oportunidades. Quais são esses fatores? 3. As leis e os artigos foram aplicados e criados com vistas a regulamentar e auxiliar o processo de compra e de venda de imóveis e amparar todos os envolvidos nesse processo. O art. 28 da Lei n. 6.530/1978 solicita qual ação? Explique. Mercado imobiliário: contexto e perspectiva 19 Referências BRASIL. Decreto n. 81.871, de 29 de junho de 1978. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 30 jun. 1978a. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Antigos/D81871.htm. Acesso em: 10 maio 2019. BRASIL. Lei n. 6.530, de 12 de maio de 1978. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 15 maio 1978b. Disponível em: http://www. planalto. gov.br/ccivil_03/leis/l6530.htm. Acesso em: 22 fev. 2019. BRASIL. Lei n. 10.931, de 2 de agosto de 2004. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 3 ago. 2004. Disponível em: http://www. planalto. gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.931.htm. Acesso em: 10 maio 2019. IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Anual da Indústria da Construção – PAIC, 2016. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/industria/9018-pesquisa- anual-da-industria-da-construcao.html?=&t=downloads. Acesso em: 12 abr. 2019. MACEDO, S. B.; SALES, A. P.; REZENDE, D. C. O perfil da nova classe média e a influência do capital cultural. Revista Pensamento Contem- porâneo em Administração – RPCA, Rio de Janeiro, v. 8, n. 4, 2014. Disponível em: https://www.redalyc.org/html/4417/441742855004/. Acesso em: 25 abr. 2019. VERNEY, T. Evento internacional em São Paulo apresenta gestão de construtoras pela internet. Brasil Fator, 2013. Disponível em: http://www. revistafatorbrasil.com.br/imprimir.php?not=229053/. Acesso em: 10 maio 2019. 2 O imóvel: conceitos e principais operações Sendo o corretor de imóveis o profissional à frente dos vários tipos de intermediações e contratos existentes no mercado imobiliário, precisamos compreender melhor os meandros dessa atividade bem como os cuidadosque devemos tomar ao exercê-la. O conhecimento da legislação vigente e a correta identificação de atributos podem auxiliar o cliente a distinguir um bom de um mau negócio, no momento de tomar a decisão, para um melhor resultado. Como abordar, então, o conceito de bens imóveis? Quais são os atributos que valorizam ou desvalorizam imóveis? Você já pensou em comprar, vender, alugar, permutar ou administrar imóveis? Para cada ação, as exigências e o entendimento do melhor negócio podem fazer com que você ganhe ou perca em termos de qualidade de vida. Muitas vezes, um negócio que parece simples e fácil de resolver pode resultar em uma tremenda dor de cabeça quando a decisão é tomada de qualquer forma. É nisso que o profissional corretor de imóveis se diferencia. Compreender todos os meandros do mercado imobiliário e o momento econômico e lidar com leis, Código de Defesa do Consumidor, interesses pessoais de compradores e vendedores e questões éticas pode custar muito mais tempo do que negociar honorários com um consultor de imóveis. Na percepção do consumidor, imóveis são bens que envolvem alto risco, por isso um bom profissional pode auxiliar fazendo com que sua decisão seja a mais acertada possível. 22 Mercado e operações imobiliárias Este capítulo busca explanar os conceitos de bens e propriedade de imóveis, além de abranger as negociações de compra e venda dentro do contexto imobiliário, apresentando as definições e os artigos relacionados ao tema. Na sequência, estudaremos permutas e parcerias, principalmente em um mercado altamente competitivo, em que ações estratégicas são fundamentais. 2.1 Conceito e propriedade do imóvel Segundo Raposo e Heine (2004), o Novo Código Civil Brasileiro define imóvel como o local que envolve o solo ou tudo que estiver incorporado a ele de maneira natural ou artificial. Para efeitos legais do Código Civil: Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: I. os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; II. o direito à sucessão aberta. Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: I. as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; II. os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. (BRASIL, 2002) Com isso, podemos exemplificar vários tipos de bens imóveis, como salas comerciais, apartamentos, casas, sítios, lojas, shoppings, vagas em garagem, entre outros. É claro que a forma de utilizá-los pode mudar dependendo da necessidade – uso pessoal, aluguel, investimentos –, além de variar em residencial, comercial, rural ou industrial. Por isso, o corretor de imóveis precisa estar atento às necessidades do cliente para entregar o melhor negócio, desde a compra, a venda ou a locação até a gestão da transação imobiliária. O imóvel: conceitos e principais operações 23 Ninguém quer perder dinheiro, nem o corretor nem o cliente, por isso é essencial entender o perfil do consumidor e suas reais demandas dentro desse contexto. Vamos pensar em um exemplo: um arquiteto necessita de um espaço para abrir seu escritório de atendimento, logo precisamos entender que é fundamental um imóvel com banheiro, espaço para atender os clientes e local em que se instalarão equipamentos de informática para geração dos projetos. Veja que cada caso precisa ser analisado para entender do que realmente o cliente precisa, pois somente dessa forma será possível suprir sua real necessidade e seu desejo. Segundo Raposo e Heine (2004), a definição de “bem” é debatida e controversa, e mesmo grandes estudiosos ficam em dúvida sobre a real definição desse termo. Porém, todos concordam que para ser um “bem” é preciso ter utilidade ao ser humano e ser algo que possa ter propriedade, em que se possa residir ou montar residência. Com isso, começamos a entender que “bem” é qualquer coisa que satisfaça uma certa necessidade, porém no Direito ele é visto como um objeto que possui relação jurídica, por exemplo compra, venda e locação. Da mesma forma que a Lua ou o Universo não são reconhecidos como bens por não terem relação jurídica, sua presença é natural e não poderia ser vendida. Segundo Raposo e Heine (2004 apud EVANGELISTA, 2015, p. 36), temos algumas classificações de bens: [...] Bem fungível e infungível [...] fungível é o bem que pode ser substituído por outro da mesma espécie, qualidade e quantidade, por exemplo, dinheiro, açúcar etc. Infungível, por sua vez, é o bem que não pode ser substituído por outro da mesma espécie, qualidade e quantidade, pois possui um valor próprio especial. É uma característica dos bens imóveis, mas pode haver bens móveis que sejam infungíveis, como uma escultura única de um artista já falecido [...]. 24 Mercado e operações imobiliárias [...] Bens principais e acessórios Bem principal é aquele que basta por si só, ou seja, não depende de outro para existir. Bem acessório é aquele que só existe em função de outro, o principal. Deixando de existir, o acessório também não existe. Por exemplo, um terreno: o imóvel em si é o bem principal; já a piscina, construída no quintal, é um bem acessório. O que define se um bem é principal ou acessório não é o seu valor monetário, mas sim o papel que exerce em relação a outro bem. [...] Benfeitoria As benfeitorias são os melhoramentos produzidos no imóvel que têm ação direta do proprietário, seja para conservá-lo ou deixá-lo mais bonito. As benfeitorias podem ser classificadas em: a) Voluptuárias: são benfeitorias realizadas para diversão, tornando o bem mais agradável; b) Úteis: facilitam e aumentam o uso do bem principal, como construir um quarto; c) Pertença: é um acessório que existe em função do proprietário, e não da coisa. Por exemplo, o rádio de um carro. O seguro não garante cobertura em caso de roubo por considerar algo pessoal do dono, a não ser que seja assinado um contrato entre as partes; d) Necessárias: são benfeitorias que visam à conservação do bem, como uma pintura de paredes, um jardim. [...] Bens públicos e particulares Um bem é considerado público se pertencer à pessoa jurídica de direito interno (União, Estados, munícipios, Distrito Federal e autarquias). Bens de uso público são considerados de uso comum, como estradas, praças, mares etc., e não podem ser vendidos. Admite-se que um bem não propicia utilidade ao consumidor, mas possui características que o fazem. Da mesma forma, o bem contém, em geral, mais de uma característica, e muitas delas podem estar presentes em mais de um bem. Ademais, bens em combinação podem apresentar características diferentes daquelas pertencentes aos bens em separado. (FÁVERO, 2007, p. 41) O imóvel: conceitos e principais operações 25 Diante do exposto, passamos a entender o que é bem e sua importância no contexto da gestão imobiliária. Por isso, são essenciais a busca e a pesquisa constantes sobre os temas envolvidos para que possamos atuar com excelência e dentro da legalidade. 2.2 Compra e venda Este tipo de negociação é o mais frequente e o de maior importância social e econômica, pois gera a conhecida circulação de bens na sociedade. Gomes define o contrato de compra e venda como aquele “ pelo qual uma das partes se obriga a transferir a propriedade de uma coisa à outra, recebendo, em contraprestação, determinada soma de dinheiro ou valor fiduciário equivalente” (GOMES, 2009, p. 265). Os contratos de compra e venda levam nomes específicos em sua tipologia: bilateral, consensual, oneroso, comutativo ou aleatório, de execução instantânea ou diferida. Vamos entender cada um deles: • É bilateral quando envolve um vendedor e um comprador. • Oneroso, pois existe valor pago em troca do bem. • Pode ser comutativo quando existe equilíbrio entre as prestações. • Leva o nome de aleatório quando o ganho de uma parte acontece em detrimento do da outra.• A execução instantânea é quando a prestação do contrato acontece em um só tempo. • Já a execução diferida é aquela em que a prestação é dividida no tempo. O contrato, para ser válido e legítimo, precisa ter o preço adequado e o consentimento entre os envolvidos. Além disso, o contrato de compra e venda pode assumir uma forma especial, o que é previsto na legislação. 26 Mercado e operações imobiliárias O Código Civil trata do assunto da seguinte forma: Art. 107. A validade da declaração de vontade não depen- derá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir. Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País. (BRASIL, 2002) Isso demonstra que, quando existem compras e vendas com valores menores que 30 salários mínimos, há o contrato, porém sem as solenidades de concretização. Entretanto, quando esse valor é superior a 30 salários, é necessário todo o cumprimento das formalidades, ou seja, a escritura pública para registro. Segundo Gomes (2009, p. 265), ainda temos os efeitos causados pelo contrato de compra e venda, tais como: • Obrigações recíprocas entre os contratantes: “Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro” (BRASIL, 2002). • Responsabilidade de responder pelos vícios redibitórios e evicção. • Responsabilidade pelos riscos com a perda, deterioração e desvalorização da coisa antes de concluída a sua entrega ao comprador. • Divisão das despesas entre vendedor e comprador, pois, salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição (BRASIL, 2002, art. 490). • Direito de reter a coisa e o preço diante do não cumprimento das condições ajustadas (BRASIL, 2002, art. 491). Vício redibitório: defeito que torna a coisa imprópria ao uso a que se destina. Evicção: a coisa é perdida em razão de não ser de propriedade de quem a vendeu. O imóvel: conceitos e principais operações 27 Ainda de acordo com Gomes (2009), existem algumas situações que podem limitar a compra e a venda devido às pessoas envolvidas nesse ato: • Venda entre ascendente e descendente: de acordo com o art. 496 do Código Civil, “é anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido” e, nos termos do parágrafo único, para “ambos os casos, dispensa- -se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória” (BRASIL, 2002). • Compra de bem por pessoa que deva zelar pelos interesses do vendedor: nos termos do art. 497 do Código Civil, algumas pessoas não podem realizar a compra de bens de quem representam em razão da possibilidade de impor prejuízos ao vendedor. Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública: I – pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda ou administração; II – pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta; III – pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a sua autoridade; IV – pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados. (BRASIL, 2002) • Venda de parte indivisa: não pode o condômino de parte indivisa vender livremente o que lhe pertence. Art. 504. Não pode um condômino em coisa indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino, a quem não se der 28 Mercado e operações imobiliárias conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência. Parágrafo único. Sendo muitos os condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias de maior valor e, na falta de benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes forem iguais, haverá a parte vendida os comproprietários, que a quiserem, depositando previamente o preço. (BRASIL, 2002) • Venda entre os cônjuges: os cônjuges não poderão, via de regra (salvo o regime de separação absoluta e convenção em pacto antenupcial), gravar ou alienar bens sem autorização do outro cônjuge, bem como contratar a compra e venda entre eles quando o regime for o de comunhão universal. O contrato de compra e venda pode trazer as chamadas cláusulas especiais, que precisam estar claramente previstas para garantir as partes envolvidas. Vejamos algumas delas: • Retrovenda: de acordo com o Código Civil, a retrovenda é uma espécie de acordo acessório ao contrato de compra e venda em que ao vendedor do bem imóvel resguarda-se o direito de tê-lo de volta no prazo de até três anos. Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias. (BRASIL, 2002) • Venda a contento: acontece quando o comprador manifesta contentamento com o bem comprado, do contrário não existe negócio concretizado. De acordo com o Código Civil: “Art. 509. A venda feita a contento do comprador entende- -se realizada sob condição suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará perfeita, enquanto o adquirente não manifestar seu agrado” (BRASIL, 2002). O imóvel: conceitos e principais operações 29 • Direito de preferência ou preempção: é a cláusula que estabelece a obrigação do comprador, quando pretende vender a coisa, de dar preferência na venda ao vendedor originário. Prevê o Código Civil: Art. 513. A preempção, ou preferência, impõe ao comprador a obrigação de oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para que este use de seu direito de prelação na compra, tanto por tanto. Parágrafo único. O prazo para exercer o direito de preferência não poderá exceder a cento e oitenta dias, se a coisa for móvel, ou a dois anos, se imóvel. (BRASIL, 2002) • Venda com reserva de domínio: é a cláusula que estipula que o vendedor mantém a propriedade quando o preço do bem não é pago integralmente no ato do contrato de compra e venda, conforme possibilita o Código Civil: “Art. 521. Na venda de coisa móvel, pode o vendedor reservar para si a propriedade, até que o preço esteja integralmente pago” (BRASIL, 2002). • Venda sobre documento: é a cláusula que possibilita a entrega da coisa meramente pelo seu título representativo, de acordo com o Código Civil: Art. 529. Na venda sobre documentos, a tradição da coisa é substituída pela entrega do seu título representativo e dos outros documentos exigidos pelo contrato ou, no silêncio deste, pelos usos. Parágrafo único. Achando-se a documentação em ordem, não pode o comprador recusar o pagamento, a pretexto de defeito de qualidade ou do estado da coisa vendida, salvo se o defeito já houver sido comprovado. (BRASIL, 2002) Tudo isso serve de base para entendermos que uma negociação de compra e venda deve ser feita dentro da legalidade e, antes, que é preciso avaliar os envolvidos nesse processo. 30 Mercado e operações imobiliárias 2.3 Permutas e parcerias É muito comum no meio imobiliário a formação de parcerias ou permutas, em que terrenos são trocados por casas construídas, casas viram pontos comerciais, entre outros. São parcerias que visamser lucrativas para os envolvidos, porém precisam ser feitas dentro da legalidade e com muito cuidado para evitar transtornos. As permutas imobiliárias podem acontecer da seguinte forma: • Empreendimentos para renda: quando existem ganhos com a exploração do uso do imóvel, por exemplo o aluguel. • Empreendimentos para venda: quando acontece a venda da propriedade que foi adquirida. Esses dois tipos de empreendimentos possuem permutas ou parcerias. Nos destinados à venda, temos duas leis muito importantes: • Parcelamento do solo – Lei n. 6.766, de 19 de dezembro de 1979 – focada na aprovação de loteamentos. • Incorporações imobiliárias – Lei n. 4.591, de 16 de dezembro de 1964 – aplicada às edificações. A partir da Lei Federal n. 4.591/1964, passa-se a usar o termo incorporação dentro do contexto imobiliário, e com isso surge a possibilidade de alienar unidades autônomas antes mesmo que a obra seja finalizada. Essa lei veio para assegurar os compradores, exigindo que as incorporadoras registrem o empreendimento, mostrando sua legalidade e o tornando sujeito a todas as leis de proteção ao consumidor. As formas mais usuais de permutas em incorporações são: • Permuta física: troca de bens físicos, como gleba por lotes com infraestrutura ou terrenos por área construída (apartamentos, casas, salas comerciais, lojas). O imóvel: conceitos e principais operações 31 • Permuta financeira: troca por resultado do empreendi- mento, em que o proprietário do terreno corre os riscos do sucesso do empreendimento junto com a incorporadora/ loteadora. O formato jurídico varia conforme o caso, e os mais comuns são: • Participação societária na sociedade de propósito especí- fico (SPE), um CNPJ exclusivo para o empreendimento. • Contratos de rateio de receita. Essas negociações são utilizadas para alavancar o mercado imobiliário, criando oportunidade de negócios e maximizando as chances de lucratividade. Considerações finais O mercado imobiliário é altamente competitivo, por isso é tão importante compreendermos todos os aspectos que o permeiam, como os tipos de bens, as propriedades, o formato de parcerias ou permutas e a ação de compra e venda. Quando falamos de compra e venda, esse talvez seja um fator de maior atenção, pois envolve o contato direto com o cliente, que é nosso foco central e precisa ser atendido com qualidade e ter suas necessidades supridas. Saber como negociar e conhecer o mercado, as leis e os demais assuntos sobre esse mercado ajuda a manter boas negociações com os clientes. Por isso, nunca pare de buscar conhecimento e aperfeiçoamento sobre o tema, pois assim poderá desenvolver vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes. Ampliando seus conhecimentos Para uma maior compreensão dos tópicos apresentados neste capítulo, vamos nos aprofundar em alguns materiais que nos mostrarão estratégias em um mercado tão competitivo. 32 Mercado e operações imobiliárias • 2 ESTRATÉGIAS para negociar o seu imóvel tanto na compra como na venda. Publicado pelo canal Rafael Jantsch, 2016. 1 vídeo (7 min.). Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=ctpJCbEgNxo. Acesso em: 13 maio 2019. O vídeo apresenta algumas estratégias essenciais para uma negociação eficiente de imóveis. • PEREIRA, Reinaldo. Os segredos e nuances do mercado imobiliário. Curitiba: Autores Paranaenses, 2014. Nesse livro, você encontrará truques e armadilhas do mercado imobiliário, que envolvem ações de venda, compra, locação e permuta de imóveis. A obra traz dicas e macetes essenciais para o dia a dia do profissional do mercado imobiliário. Atividades 1. No Código Civil, principalmente nos incs. I e II do art. 80, existem as corretas interpretações sobre o que são bens imóveis. Quais são elas? Cite-as. 2. Quando se compram imóveis com valor acima a 30 salários, são necessárias algumas formalidades além do contrato para que a lei seja cumprida. Quais são as consequências de tais formalidades? Cite-as. 3. A partir da Lei Federal n. 4.591/1964, surge o termo incorporação dentro do contexto imobiliário e, com isso, a possibilidade de alienar unidades autônomas antes mesmo que a obra seja finalizada. Essa lei veio para assegurar os compradores, obrigando as incorporadoras a registrar o empreendimento, mostrada sua legalidade, tornando-as sujeitas a todas as leis de proteção ao consumidor. Quais são as formas mais usadas de permutas em incorporações? Cite-as. O imóvel: conceitos e principais operações 33 Referências BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 13 maio 2019. EVANGELISTA, G. Mercado e operações imobiliárias. São Paulo: Laureate Brasil, 2015. FÁVERO, L. P. L. Mercado imobiliário: técnicas de precificação e comercialização. 2. ed. São Paulo: Saint Paul, 2007. GOMES, O. Contratos. 26. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009. RAPOSO, A. T.; HEINE, C. B. Manual jurídico do corretor de imóveis. Rio de Janeiro: Ímã, 2004. 3 Corretor de imóveis O mercado imobiliário é muito diversificado, o que permite ao gestor imobiliário atuar em diversas frentes. Esse profissional pode realizar planejamentos estratégicos, vincular-se a entidades de classe, utilizar suas habilidades para treinamentos e muito mais. Além disso, o gestor imobiliário precisa atuar com ética e responsabilidade perante o mercado e seus clientes. Pensando nisso, de que maneira esse gestor pode ser destaque em um cenário altamente competitivo? Como atrair e reter os clientes? Neste capítulo, vamos buscar compreender os aspectos que permeiam a atuação do gestor imobiliário e o mercado, além de fazer uma análise das intermediações imobiliárias, da negociação e de como obter o melhor resultado junto aos clientes, que são nosso foco e estão a cada dia mais exigentes. Podemos considerar as atividades do corretor em uma nova categoria de prestação de serviços. Vamos conhecer um pouco mais sobre esse novo profissional, que é responsável também por apresentar e oferecer imóveis a clientes e prestar informações sobre instalações, funcionamento, vizinhança e parâmetros de uso e ocupação para fins de edificação, além de exercer o papel de comprador e de vendedor. 3.1 Definição e principais atividades No mercado de imóveis, o corretor é quem agencia transações imobiliárias para terceiros, com a responsabilidade de intervir e aproximar as partes interessadas, buscando com isso fechar bons 36 Mercado e operações imobiliárias negócios para todos os envolvidos. O corretor tem a vantagem de ser dono de sua carreira profissional e poder escolher entre trabalhar sozinho, em parceria com colegas ou até mesmo abrir seu próprio negócio. Essa liberdade torna possível exercer sua carreira em várias frentes e parcerias, com maior apoio e amparo para atingir resultados positivos nesse mercado tão competitivo. Existe a possibilidade de ser incorporador, administrador de condomínios, entre outras funções. Com a liberdade e as opções para exercer sua profissão, o corretor de imóveis pode atuar de maneira autônoma e obter seus rendimentos por meio dos contratos fechados, desde que respeite a tabela homologada pelas entidades de classe, como Conselho Federal de Corretores de Imóveis (Cofeci), Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), entre outros. Com isso, começamos a compreender que o ato da corretagem coloca em prática a profissão de corretor, o qual será intermediador entre partes que vão comprar ou vender seus bens imóveis. O corretor pode ter sucesso em sua carreira ao atuar de maneira ética e aprimorar sua capacidade profissional, ser sempre transparente nas negociações e entender o cliente, entregando o que cada um realmente precisa. Sua atuação ocorre em meio a transações imobiliárias, que são uma modalidade de exploração econômica, e precisa ser equitativa entre as partesenvolvidas para evitar problemas ou má fama para o profissional. O novo Código Civil (Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002), que entrou em vigor em 12 de janeiro de 2003, inova em relação ao Código anterior ao dedicar o Capítulo XIII à corretagem, estabelecendo regras de obediência obrigatória aos corretores de imóveis nos arts. 722 a 729, além de prever benefícios, especialmente aqueles ligados ao pagamento de honorários. Para que você atue Corretor de imóveis 37 com excelência na intermediação imobiliária, é recomendável que o novo Código Civil seja sua leitura diária, principalmente os artigos citados (722 a 729). O corretor de imóveis pode assumir vários papéis em sua profissão. Antes de qualquer definição, deve ser reconhecido como um consultor de imóveis. Trata-se de um profissional em que se deposita confiança, pois imagine o impacto causado na vida de uma pessoa que tenha realizado uma poupança ao longo de anos e precise tomar decisões complexas, ligadas a questões ambientais, de legislação, investimento, qualidade de vida etc. e acabe fazendo mau negócio por causa de uma orientação ruim ou da falta dela. Por isso, é importante buscar um profissional que se diferencie dos outros, que tenha qualificação e formação e procure melhorar sempre com treinamento, além de ser devidamente credenciado pelo Creci. O corretor de imóveis é quem auxilia os clientes a realizarem seus sonhos, pois busca no mercado imobiliário a propriedade que melhor corresponda ao perfil do cliente atendido, ou seja, o imóvel certo para a pessoa certa. Escolhas equivocadas em decisões de negócios imobiliários podem levar as pessoas a perderem muito dinheiro em algumas situações, às vezes até o que economizaram durante anos. Quando há a intermediação de um corretor de imóveis, este pode proporcionar tanto satisfação do comprador e do vendedor quanto decepção. O principal foco de sucesso está no atendimento. O cliente precisa ter confiança em quem o atende, e por isso é essencial que o corretor seja comunicativo, saiba e conheça tudo o que está oferecendo, para, dessa forma, entregar uma percepção de qualidade ao cliente, facilitando o fechamento do negócio. 38 Mercado e operações imobiliárias São diversos os interesses de imóveis: residencial, comercial, industrial ou rural. Também são vários os tipos, como salas, escritórios, flats, softs, apartamentos, casas, casas de praia, sobrados, fazendas, sítios, chácaras, lojas, galpões etc. O cliente pode ser um dentista que quer montar um consultório, alguém que vai trocar o apartamento ou a casa porque a família aumentou, um aposentado que deseja ocupar seu tempo em um sítio, alguém com planos de vir para a cidade grande ou se mudar para o interior... Há uma infinidade de desejos. Existem ainda aqueles que desejam investir seu dinheiro e escolhem os imóveis como forma de aumentar seu patrimônio; outros procuram, por meio da compra de imóveis, algum tipo de complementação de renda com o recebimento de aluguéis. A população, que abrange os consumidores potenciais dos serviços prestados, tem a percepção de diferenciar as diversas possibilidades de características em razão do que é tido como prioritário. Dessa maneira, um determinado consumidor pode escolher as características disponíveis para cada bem ou serviço em função da percepção de utilidade, e, quando o mercado de lançamentos imobiliários de uma cidade como São Paulo é analisado, deve-se levar em conta as características relacionadas a cada imóvel, e não apenas o imóvel em si, já que os consumidores têm a percepção de diferenciar as residências em lançamento em virtude das utilidades relativas existentes em cada uma delas. (FÁVERO et al., 2007, p. 54) A necessidade de compreender o mercado em que vai atuar é essencial para o sucesso nos negócios, por isso aprimoramento e capacitação devem ser constantes para sempre atender com eficiência os clientes. 3.2 Legislação e ética O Código Civil, no seu art. 723, estabelece a responsabilidade do corretor de imóveis da seguinte forma: O corretor é obrigado a executar a mediação com a diligência e prudência que o negócio requer, prestando ao cliente, Corretor de imóveis 39 espontaneamente, todas as informações sobre o andamento dos negócios; deve, ainda, sob pena de responder por perdas e danos, prestar ao cliente todos os esclarecimentos que estiverem ao seu alcance, acerca da segurança ou risco do negócio, das alterações de valores e do mais que possa influir nos resultados da incumbência. (BRASIL, 2002) Portanto, é fundamental, desde o início, conhecer as responsabilidades que o exercício da atividade impõe e ter ciência das competências e das habilidades pessoais e profissionais que o técnico em transações imobiliárias deverá obter no curso. O Decreto n. 81.871, de 29 de junho de 1978, que regulamenta a Lei n. 6.530, de 12 de maio de 1978, dá nova regulamentação à profissão de corretor de imóveis, disciplina o funcionamento de seus órgãos de fiscalização e dá outras providências (BRASIL, 1978a). As atividades do corretor estão caracterizadas no Conselho Federal dos Corretores de Imóveis, na Resolução n. 5/1978, que estabelece, em seu art. 1º: Toda e qualquer intermediação imobiliária será contratada, obrigatoriamente, por instrumento escrito que incluirá, dentre outros, os seguintes dados: a) nome e qualificação das partes; b) individualização e caracterização do objeto do contrato; c) preço e condições de pagamento da alienação ou da locação; d) dados do título de propriedade declarados pelo proprietário; e) menção da exclusividade ou não; f) remuneração do corretor e forma de pagamento; g) prazo de validade do instrumento; h) previsão de até 06 (seis) meses de subsistência da remuneração, depois de vencido o prazo previsto na alínea anterior, na hipótese de se efetivar a transação com pessoa indicada pelo profissional dentro do prazo de validade do instrumento; h) autorização expressa para receber, ou não, sinal de negócio. (COFECI, 1978) 40 Mercado e operações imobiliárias Cada pessoa tem a responsabilidade civil por sua conduta, então é necessário estar ciente de que o corretor responderá por seus atos de acordo com o Código Civil e a Defesa do Consumidor. Por isso, deve-se atuar fundamentando-se no Código de Ética da profissão. Vamos conhecer alguns pontos importantes do Código de Ética do corretor: Art. 2º – Os deveres do Corretor de Imóveis compreendem, além da defesa do interesse que lhe é confiado, o zelo do prestígio de sua classe e o aperfeiçoamento da técnica das transações imobiliárias. Art. 5° – O Corretor de Imóveis responde civil e penalmente por atos profissionais danosos ao cliente, a que tenha dado causa por imperícia, imprudência, negligência ou infrações éticas. Art. 6º – É vedado ao Corretor de Imóveis I. aceitar tarefas para as quais não esteja preparado ou que não se ajustem às disposições vigentes, ou ainda, que possam prestar-se a fraude; II. manter sociedade profissional fora das normas e preceitos estabelecidos em lei e em Resoluções; III. promover a intermediação com cobrança de “over-price”; IV. locupletar-se, por qualquer forma, à custa do cliente; V. receber comissões em desacordo com a Tabela aprovada ou vantagens que não correspondam a serviços efetiva e licitamente prestados; VI. angariar, direta ou indiretamente, serviços de qualquer natureza, com prejuízo moral ou material, ou desprestígio para outro profissional ou para a classe; VII. desviar, por qualquer modo, cliente de outro Corretor de Imóveis; VIII. deixar de atender às notificações para esclarecimento à fiscalização ou intimações para instrução de processos; IX. acumpliciar-se, por qualquer forma, com os que exercem ilegalmente atividades de transações imobiliárias; Corretor de imóveis 41 X. praticar quaisquer atos de concorrência desleal aos colegas; XI. promover transações imobiliárias contra disposição literal da lei;XII. abandonar os negócios confiados a seus cuidados, sem motivo justo e prévia ciência do cliente; XIII. solicitar ou receber do cliente qualquer favor em troca de concessões ilícitas; XIV. deixar de cumprir, no prazo estabelecido, determinação emanada do órgão ou autoridade dos Conselhos, em matéria de competência destes; XV. aceitar incumbência de transação que esteja entregue a outro Corretor de Imóveis, sem dar-lhe prévio conhecimento, por escrito; XVI. aceitar incumbência de transação sem contratar com o Corretor de Imóveis, com que tenha de colaborar ou substituir; XVII. anunciar capciosamente; XVIII. reter em suas mãos negócio, quando não tiver probabilidade de realizá-lo; XIX. utilizar sua posição para obtenção de vantagens pessoais, quando no exercício de cargo ou função em órgão ou entidades de classe; XX. receber sinal nos negócios que lhe forem confiados caso não esteja expressamente autorizado para tanto. (COFECI, 1992) Com isso, entendemos que não basta abrir uma imobiliária e começar a vender imóveis, é preciso ter postura ética e conhecimento das questões legais que envolvem a profissão para evitar problemas e manter os clientes fidelizados e satisfeitos. 3.3 Capacitação e remuneração A remuneração do corretor de imóveis se define pela intermediação imobiliária que ele desempenha do início ao final da transação das partes comprador e vendedor. Raposo e Heine (2004) sugerem que, como profissional liberal, o corretor de imóveis não deve chamar a sua remuneração de comissão, mas sim de honorário. 42 Mercado e operações imobiliárias O profissional deve observar a tabela de honorários de sua região, e a remuneração deve constar do contrato celebrado com seu cliente. Há situações em que o valor de honorários é estipulado pelo tipo de negócio e pela localização do imóvel. Como o corretor exerce vários tipos de serviços e atividades, muitas vezes não é possível estabelecer um valor único. Assim, cada intermediação deve ser analisada de forma individual, seja venda, permuta, locação, administração e avaliação de imóveis, entre outros. Geralmente, quem paga o corretor de imóveis é quem o contrata, mas nada impede de haver negociação do pagamento de seus honorários ou de estes serem divididos entre comprador e vendedor, dependendo do negócio. Vale ressaltar que, caso uma intermediação tenha se iniciado, mesmo se houver interrupção da transação imobiliária, seja pelo comprador ou pelo vendedor, já ficou caracterizado o acordo conforme o contrato, dando ao corretor de imóveis direito aos honorários estabelecidos e acordados. A forma como o pagamento será efetuado e a quem caberá o ônus devem ser explicitados de maneira clara no contrato de compra e venda, e, caso haja contrato de exclusividade com o cliente, não pode ocorrer o pagamento duplo de honorários. Para imóveis novos, as vendas e os honorários são pertencentes às construtoras; a remuneração já está incluída no preço de tabela e não oferece maiores particularidades. Geralmente, o início das vendas só acontece depois de celebrado um contrato entre o corretor, a imobiliária e o empreendedor. Nesse caso, temos uma exclusividade entre as duas partes. Em loteamentos, as vendas acontecem de formas diferenciadas. Podemos definir os casos mais comuns em dois: em algumas situações, a comissão equivale ao valor total da entrada, que é repassado para a imobiliária responsável pelo lançamento, a qual, em seguida, faz o acerto da parte que se refere ao corretor; em outras Corretor de imóveis 43 situações, já na proposta de compra, é feito o sinal do negócio, que corresponde diretamente aos honorários. O corretor apresenta a proposta à imobiliária ou ao empreendedor e já retém o que lhe é devido. Atualmente, a atividade de corretagem está passando por transformações, com o objetivo de adequar o profissional às novas formas de trabalhar e às novas vertentes do mercado imobiliário, fazendo com que a qualificação se torne um ponto de destaque no mercado. Assim, tira-se o espaço dos aventureiros e abrem-se portas para os profissionais qualificados. Aqueles que quiserem ter sucesso deverão ser flexíveis às mudanças e se adequar às exigências da sociedade. O ensino médio completo é um requisito, porém se tornou algo que não diferencia o corretor dos demais profissionais, por isso hoje é extremamente necessário frequentar cursos superiores voltados a ampliar a formação e a capacitação do profissional que quer se destacar em um mercado altamente competitivo. A Lei n. 4.116, de 27 de agosto de 1962, foi importante em sua criação, porém, com o passar dos anos, foi criada a Lei n. 6.530/1978, que incrementou a atividade de acordo com as necessidades da época, mas já não é satisfatória e necessita se adequar aos novos tempos. A criação do curso de nível superior traduz a importância desse segmento na sociedade brasileira. A inscrição do corretor no Creci A inscrição do corretor de imóveis como pessoa física e pessoa jurídica será efetuada no conselho regional da jurisdição (pode-se procurar pelo site do Creci de sua região). As pessoas jurídicas inscritas no Conselho Regional de Corretores de Imóveis sujeitam-se aos 44 Mercado e operações imobiliárias mesmos deveres e têm os mesmos direitos das pessoas físicas nele inscritas e deverão ter como sócio-gerente ou diretor um corretor de imóveis, individualmente inscrito. Ao corretor de imóveis inscrito será fornecida a Carteira de Identidade Profissional, numerada em cada Conselho Regional. Considerações finais O corretor de imóveis precisa conhecer o mercado e seus clientes, sempre visando a solucionar as necessidades e os desejos destes. O desafio está em fazer um trabalho de qualidade e excelência para que o cliente entenda a importância desse profissional nas intermediações imobiliárias. Com a concorrência acirrada, o corretor de imóveis tem consciência de que o desenvolvimento de habilidades pessoais e a capacitação devem ser diferenciais oferecidos ao seu cliente. As pessoas buscam confiança, ética, sigilo, responsabilidade, engajamento, informações precisas, segurança e o melhor negócio, seja para realização de um sonho ou para aumento de ganhos significativos ou de renda. O corretor de imóveis deve zelar por sua classe, procurando se valorizar, não se sujeitando a cumprir qualquer contrato ou realizar atividades fora do que a lei estabelece. Esse profissional responde civil e criminalmente caso pratique atos danosos aos seus clientes. A remuneração deve constar do contrato de prestação de serviços com seu cliente depois de acordados os valores e percentuais, assim como os honorários devem ser pagos conforme o tipo de intermediação imobiliária que foi acordado. Corretor de imóveis 45 Ampliando seus conhecimentos Vamos conhecer alguns materiais para ampliar seus conhecimentos sobre a ética e a atuação do profissional no mercado imobiliário. • QUAL é a ética do Código de Ética do Creci? Palestrante: Helio Hintze. Publicado pelo canal TV Creci, 2016. 1 vídeo (94 min.). Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=G_DPTdSU3So. Acesso em: 13 maio 2019. O palestrante aborda os significados de moral e de ética, seus desafios no século XXI e o Código de Ética: diretrizes, conduta profissional, preceitos da harmonia da classe (probidade, consideração, respeito, solidariedade). Como ser ético pode fortalecer a atividade e a classe dos corretores de imóveis? • LINDENBERG FILHO, Sylvio de Campos. Guia prático do corretor de imóveis: fundamentos e técnicas. São Paulo: Atlas, 2006. Esse livro abrange a venda de imóveis por meio da apresentação de estratégias e táticas. Nele, encontram-se práticas exitosas para auxiliar o profissional do mercado imobiliário a atingir resultados positivos e maximizados. Além disso, há entrevistas, estudos de casos e atividades para facilitar a aprendizagem e o aprimoramento das técnicas de negociação e vendas. Atividades 1. O corretortem a vantagem de ser dono de sua carreira profissional e com isso pode escolher entre trabalhar sozinho, fazer parceria com outros corretores ou até mesmo abrir seu próprio negócio. Nesse sentido, defina corretor de imóveis. 46 Mercado e operações imobiliárias 2. O corretor é obrigado a executar a mediação com a diligência e a prudência que o negócio requer, prestando ao cliente, espontaneamente, todas as informações sobre o andamento dos negócios. Com base nisso, explique o art. 723. 3. As atividades do corretor estão caracterizadas no Conselho Federal dos Corretores de Imóveis, na Resolução n. 5/78, que estabelece, em seu art. 1º, que toda e qualquer intermediação imobiliária será contratada, obrigatoriamente, por instru- mento escrito que incluirá quais dados? Cite-os. Referências BRASIL. Decreto n. 81.871, de 29 de junho de 1978. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 30 jun. 1978a. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Antigos/D81871.htm. Acesso em: 13 maio 2019. BRASIL. Lei n. 6.530, de 12 de maio de 1978. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 15 maio 1978b. Disponível em: http://www. planalto. gov.br/ccivil_03/leis/l6530.htm. Acesso em: 13 maio 2019. BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 13 maio 2019. COFECI. Resolução-Cofeci n. 5, de 9 de setembro de 1978. Conselho Federal de Corretores de Imóveis, Brasília, DF, 14 set. 1978. Disponível em: http:// www.cofeci.gov.br/ portal/arquivos/legislacao/1978/resolucao005_78.pdf. Acesso em: 13 maio 2019. COFECI. Resolução-Cofeci n. 326, de 25 de junho de 1992. Conselho Federal de Corretores de Imóveis, Brasília, DF, 7 ago. 1992. Disponível em: https://www.diariodasleis.com.br/busca/exibelink.php?numli nk=1-38-34-1992-06-25-326. Acesso em: 20 maio 2019. FÁVERO, L. P. L. Mercado imobiliário: técnicas de precificação e comercialização. 2. ed. São Paulo: Saint Paul, 2007. RAPOSO, A. T.; HEINE, C. B. Manual jurídico do corretor de imóveis. Rio de Janeiro: Ímã, 2004. 4 Imobiliária e proprietário Quando olhamos para o contexto histórico do mercado imobiliário no Brasil, somos remetidos à Coroa Portuguesa, pois tudo lhe pertencia no período em que éramos subordinados a Portugal. Assim, percebemos que, como somos a “grande descoberta” dos portugueses, tudo que aqui existia era de posse da Coroa e visto como bem público. Porém, perceberemos em nossos estudos que na sequência a Coroa Portuguesa acabou cedendo os direitos de posse aos moradores das conhecidas capitanias hereditárias, ou seja, a terra pública passava a ter um dono local em terras brasileiras. Essas mudanças formaram, ou pelo menos desenvolveram, a ideia de terras e imóveis, dando origem ao mercado imobiliário. A partir disso, muitas alterações ocorreram em nosso país. Com isso, precisamos compreender o contexto histórico e seus impactos na formação do mercado de imóveis, que começou informalmente no período colonial (1530-1532) e posteriormente foi sendo mudado e desenvolvido devido às necessidades locais. 4.1 As imobiliárias no Brasil Conforme mostra a história, para adquirir um imóvel ou terreno, era necessário ser partícipe nas capitanias hereditárias, por meio de uma doação. Os donatários, ou seja, aqueles que a recebiam, tinham o direito de passar a posse para seus herdeiros. Existia ainda a cobrança de impostos, exigidos pelo rei por meio das chamadas sesmarias. Como as terras eram pertencentes à Coroa Portuguesa, esta, por sua vez, administrava as terras e os lucros vindouros das atividades agrícolas. 48 Mercado e operações imobiliárias Figura 1 – Divisão do território em capitanias hereditárias Lu ís T ei xe ira /W ik im ed ia C om m on s Isso durou até a independência do Brasil, que ocorreu em 7 de setembro de 1822. Em 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca assinou o manifesto de Proclamação da República, findando assim o domínio de Portugal. Com isso, o Brasil começa o processo de crescimento e surgem as divisões das cidades, dos estados e das capitais, como vemos até hoje, conforme a figura a seguir: Imobiliária e proprietário 49 Figura 2 – Mapa do Brasil e suas regiões Ra in er L es ni ew sk i/ Sh ut te rs to ck Segundo Paiva (2010), o registro de imóveis ou propriedade imobiliária teve início com a Lei n. 1.237, de 24 de setembro de 1864, que apenas criou a divisão entre domínio público e domínio particular. Nos dias atuais, o registro imobiliário é regulamentado pela Lei n. 6.015, de 31 de dezembro de 1973, alterada pela Lei n. 6.216, de 30 de junho de 1975. Nesse contexto, começamos a compreender melhor o que vem a ser uma imobiliária: uma organização com fins lucrativos caracterizada como pessoa jurídica, ou seja, possui CNPJ e tem a responsabilidade de fazer a intermediação comercial de bens imóveis e a sua administração, podendo atuar em locação, compra e venda, entre outros. 50 Mercado e operações imobiliárias Para que possa funcionar, uma imobiliária necessita de um contrato social, que é elaborado por um contador responsável por cuidar da abertura e do fechamento da empresa, de declarações de impostos, de demonstrações contábeis, balanços, entre outras funções. Atendendo à legislação, segundo as disposições do art. 6º, parágrafo único, da Lei n. 6.530/1978, pelo menos um dos sócios, o responsável-técnico pela empresa, deve ser corretor de imóveis, regularmente inscrito no Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci) de sua região. Diz o citado parágrafo único: “As Pessoas Jurídicas a que se referem este artigo deverão ter como sócio- gerente ou diretor um corretor de imóveis individualmente inscrito” (BRASIL, 1978). Além dessas partes legais, ainda é necessário que a imobiliária seja credenciada pelo Creci, com registro de funcionamento junto à prefeitura da cidade e permissão do Corpo de Bombeiros para funcionamento. Para melhor compreensão da finalidade da imobiliária, vamos elencar as principais atividades desempenhadas por ela: • Administração de aluguéis residenciais e comerciais. • Administração de condomínios residenciais. • Compra e venda de imóveis residenciais de terceiros e de imóveis comerciais e rurais. • Administração de condomínios não residenciais (flats, apart- -hotéis, shoppings, resorts etc.). • Incorporação em parceria com empresas construtoras e loteamentos com grandes corporações, como construtoras e incorporadoras. • Elaboração de planejamento para a captação de imóveis com o objetivo de propor diferenciais aos clientes na venda e na locação de imóveis. Imobiliária e proprietário 51 • Conhecimento do público consumidor a fim de identificar as reais necessidades e interesses para conquistar e satisfazer as expectativas de seus clientes. Percebemos até aqui que, para ter uma imobiliária, é necessário atender às normas legais vigentes bem como às exigências dos órgãos ligados à gestão imobiliária. 4.2 Direitos e responsabilidades do proprietário e gerenciamento de imobiliária O proprietário tem direitos legais, porém, para sua garantia, é necessário ter conhecimento sobre a legislação vigente. Para ser dono de um imóvel, é preciso registar no cartório da região essa posse ou transação. De acordo com o Código Civil (BRASIL, 2002): Art.1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transferidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos. [...] Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis. §1º Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel. Se não houver registro do bem, também não existe propriedade dele, ou seja, não há um dono. Esse registro precisa ser feito com amaior rapidez possível para evitar o risco de uma venda dupla do imóvel ou até mesmo que este entre em processo de penhora por dívidas ou impostos atrasados, o que acarreta impedimento de transferência. É preciso, ainda, assinar escritura, acordo ou contrato de compra e venda, porém somente isso não garante posse do imóvel, visto ser 52 Mercado e operações imobiliárias apenas a primeira etapa do processo de compra. Para se ter uma ideia, caso haja uma venda dupla do imóvel, será dono aquele que primeiro registrar a compra no cartório. O Código Civil, conforme o artigo a seguir, deixa clara essa importância: Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis. § 1º Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel. § 2º Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel. (BRASIL, 2002) No ordenamento jurídico, quem é proprietário tem quatro atributos que garantem a propriedade do imóvel: • Direito de uso: permite ao dono utilizar o bem da forma que melhor entender, sem modificar sua essência, e proíbe que terceiros, sem sua anuência, façam igual uso. • Direito de gozar ou usufruir: gera o poder de perceber os frutos e explorar economicamente seus resultados e produtos. • Direito de dispor: permite à pessoa transferir o bem ou onerá-lo como garantia de operações financeiras. • Direito de reaver: é o atributo que permite à pessoa reivindicar o bem ocupado injustamente por terceiro. Só haverá uma propriedade plena quando a pessoa apresentar esses quatro atributos, e com isso fica a grande questão: todo proprietário é possuidor, porém nem todo possuidor é proprietário. Por isso, de acordo com a lei, é fundamental verificar a situação de uma propriedade no Registro de Imóveis, observando a certidão, a escritura e o alienante ali descritos. Dessa forma, é possível garantir os direitos do proprietário. Imobiliária e proprietário 53 4.3 Empreendedores no mercado imobiliário Ser empreendedor é ter envolvimento com as pessoas e com os processos, aproveitando oportunidades e gerando ideias inovadoras e lucrativas em um mercado competitivo. Segundo Dolabela (2006, p. 58), “o empreendedorismo é uma revolução silenciosa, que será para o século 21 mais do que a Revolução Industrial foi para o século 20”. Ao comparar tal processo com a Revolução Industrial, a grande responsável por radicais mudanças no século 20, o autor demonstra o grau de importância do tema empreendedorismo para a sociedade. Um grande entusiasta do empreendedorismo, Schumpeter, citado por Filion (1999, p. 7), explica o conceito da seguinte forma: “empreendedorismo está na percepção e aproveitamento das novas oportunidades no âmbito dos negócios [...] sempre tem a ver com criar uma nova forma de uso dos recursos nacionais, em que eles sejam deslocados de seu emprego tradicional e sujeitos a novas combinações”. O empreendedor precisa ter criatividade e pesquisar muito, buscando novas oportunidades e vislumbrando um futuro cheio de sucesso e lucros obtidos por meio de planejamento e preparação profissional. O empresário bem-sucedido é aquele que procura e não perde bons negócios, sempre entregando o melhor e encontrando soluções para problemas que possam surgir, com foco na principal peça desse processo: o cliente. A ideia de um espírito empreendedor está associada a pessoas realizadoras, que mobilizam recursos e correm riscos para iniciar organizações e negócios de qualidade. Então os empreendedores são natos, já nascem para o sucesso? Como vimos, essa é uma pergunta recorrente. A resposta 54 Mercado e operações imobiliárias é: embora empreendedores nasçam com uma natural vontade de criar e energia, ou até mesmo com uma certa tendência a correr riscos, inventividade ou esse “espírito” próprio, sua formação e seu sucesso dependem muito da acumulação de habilidades relevantes, experiências, contatos etc. com o passar dos anos. O ato de empreender se manifesta na vontade e na aptidão para realizar algo. O espírito empreendedor não escolhe credo, cor ou raça. É ele um dos fatores essenciais para aumentar a riqueza do país e melhorar as condições de vida de seus cidadãos. Essa afirmação leva imediatamente a duas questões: (i) O que é espírito empreendedor? (ii) É possível ensinar uma pessoa a se tornar empreendedora? Até alguns anos atrás, acreditava-se que o empreendedor nascia com um diferencial e era predestinado ao sucesso dos negócios. Isso é um mito. Cada vez mais, percebe-se que o processo empreendedor pode ser ensinado e entendido. Os empreendedores natos existem, sim, mas muitos outros podem ser capacitados para apresentarem tal perfil. Por isso, o empreendedorismo pode ser adquirido, ou seja, estudado, transmitido e ensinado com o uso de técnicas e métodos já comprovados. Assim, podemos dizer que os objetivos do ensino do empreendedorismo são: • Identificar e entender as habilidades do empreendedor. • Identificar e analisar oportunidades. • Entender como ocorre a inovação e o processo empreendedor. • Conhecer a importância do empreendedorismo no desenvolvimento econômico. • Estudar como preparar e utilizar um plano de negócios. • Instruir-se para identificar fontes e obter financiamento para o novo negócio. • Aprender como gerenciar a empresa e fazê-la crescer. Imobiliária e proprietário 55 Assim como os objetivos do ensino do empreendedorismo, devemos destacar também as habilidades requeridas para um empreendedor: • Técnicas: saber escrever, ouvir as pessoas, captar informações, ter boa oratória, ser organizado, saber trabalhar em equipe e lidar com ela. • Gerenciais: criar, desenvolver e gerenciar uma nova empresa – com conhecimentos em marketing, administração, finanças, operacional, produção, tomada de decisão, controle das ações –, além de ser um bom negociador. • Pessoais: ser disciplinado, inovador, orientado a mudanças, persistente, um líder visionário que assume riscos. No mercado atual, entendemos que ninguém nasce empreendedor. Podemos até ter maior facilidade nesse contexto, porém é necessário buscar aperfeiçoamento para agir com segurança e foco. Por isso, ser empreendedor exige muito trabalho, planejamento, conhecimento, força de vontade e estudo. Considerações finais Vimos até aqui que o mercado imobiliário precisa de gestores capacitados que entendam o mercado e o perfil dos clientes, que são o grande foco dos negócios. Ter um bom planejamento e objetivos claros pode auxiliar a atingi-lo. O bom empreendedor assume riscos calculados, buscando sempre maximizar seus resultados e ter lucro. Porém, o Brasil ainda não aproveita todo o seu potencial nessa área, por isso é necessário mais cuidado para formarmos mais pessoas com visão empreendedora. 56 Mercado e operações imobiliárias Vimos também que o proprietário precisa estar atento às questões legais para evitar problemas na compra e na venda de seus imóveis. É fato que neste capítulo não tentamos abranger todos os aspectos, pois sempre surgem novos assuntos e questões em um mercado altamente mutável e dinâmico. Por isso, é importante que você continue pesquisando e se aprimorando nesses tópicos. Ampliando seus conhecimentos Vamos conhecer um pouco mais sobre empreendedorismo e seus resultados estratégicos na profissão de corretor de imóveis? Recomendamos: • EMPREENDEDORISMO para corretores. Lucas Vargas e Guilherme Machado. Publicado pelo canal VivaCorretor, 2015. 1 vídeo (21 min.). Disponível em: https://www.youtube. com/watch?v=5pX_jSACIxI. Acesso em: 13 maio 2019. Esse é o primeiro vídeo de uma série em que o palestrante Guilherme Machado entrevista Lucas Vargas, vice-presidente executivo do portal VivaReal. A entrevista apresenta temas exclusivos ao corretor de imóveis. • CAVALCANTI,
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