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Rafael Rodrigues Barbosa Projetos de Automação Industrial © 2016 by Universidade de Uberaba Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Universidade de Uberaba. Universidade de Uberaba Reitor Marcelo Palmério Pró-Reitor de Educação a Distância Fernando César Marra e Silva Editoração Produção de Materiais Didáticos Capa Toninho Cartoon Edição Universidade de Uberaba Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central UNIUBE Rafael Rodrigues Barbosa Introdução O uso do controlador lógico programável (CLP) Capítulo 1 Os Controladores Lógicos Programáveis (CLP) são dispositivos que permitem o comando de máquinas e equipamentos de maneira simples e fl exível, de forma a possibilitar alterações rápidas no modo de operá-los, por meio da aplicação de programas dedicados armazenados em memória EPROM (MAMEDE FILHO, 2012). Os CLPs podem substituir com grandes vantagens os tradicionais comandos de máquinas e equipamentos, tais como botoeiras, chaves comutadoras, contadores e relés. Existe no mercado uma grande diversidade de CLPs destinados a diferentes níveis de automação, em conformidade com a complexidade de cada aplicação. Tudo começou quando surgiu a necessidade de melhorar o processo industrial do ramo automobilístico. Os painéis eletromecânicos para controle lógico utilizados anteriormente difi cultavam as alterações e ajustes de sua lógica de funcionamento, fazendo as montadoras gastarem mais tempo e dinheiro a cada alteração na linha de produção (ZANCAN, 2011). Diante dessa adversidade, a GM (General Motors) desenvolveu o primeiro CLP, criando uma programação lógica de fácil utilização, com o intuito de atender suas diversas aplicações em automação de processos. De acordo com a Associação Nacional de Fabricantes de Equipamentos Elétricos dos Estados Unidos da América 10 UNIUBE (National Electrical Manufactures Association - NEMA), o CLP é um aparelho eletrônico digital que utiliza uma memória programável para armazenar internamente instruções e para implementar funções específicas, tais como lógica, sequenciamento, temporização e contagem aritmética (ANZOLINI, 2013). Várias indústrias aderiram ao CLPs em suas linhas de produção. Com a aceleração de tecnologias eletrônicas, os Controladores Lógicos Programáveis foram cada vez mais difundidos. De maneira didática, podemos dividir os CLPs historicamente em cinco gerações: • 1ª Geração: os CLPs se caracterizam pela programação Assembly. Para poder programar, o usuário deveria conhecer a eletrônica do CLP, ou seja, estar familiarizado com a programação e ao hardware do equipamento. • 2ª Geração: se caracteriza pela inclusão de um “Programa Monitor”. Os terminais de programação compilavam o código, facilitando enormemente a gravação em memória. • 3ª Geração: os CLPs passaram a ter periféricos de entrada, podendo assim alterar, apagar ou gravar o programa, além de realizar testes no equipamento. • 4ª Geração: os microcomputadores passaram a fazer parte dos Controladores Lógicos Programáveis. Essa geração se caracteriza principalmente pela entrada para a comunicação serial, possibilitando a simulação do sistema com a ajuda de um software. • 5ª Geração: houve a padronização dos protocolos de comunicação para os CLPs, de modo que mais informações pudessem ser passadas para o sistema, facilitando a automação e gerenciamento de plantas industriais. Com o avanço da tecnologia e as aplicações dos CLPs em controle de sistemas automatizados é importante que o profissional saiba das características do CLP e suas atribuições na indústria. Neste capítulo, iremos conhecer mais essa tecnologia e sua empregabilidade na automação industrial. UNIUBE 11 • Compreender o funcionamento básico de um Controlador Lógico Programável (CLP) • Identificar a estrutura de hardware do Controlador Programável • Comparar os Controladores Lógicos Programáveis com outras plataformas de controle • Conhecer suas aplicações na indústria Objetivos Esquema • Funcionamento do CLP (Controladores Lógicos Programáveis) • Estrutura de hardware de um CLP • Classificação dos CLPs • Programação básica dos controladores • Comunicação • CLP vs Controladores de Relés • CLP vs Computadores • Aplicações do CLP na indústria Funcionamento do CLP (Controladores Lógicos Programáveis)1.1 Para entendermos o funcionamento básico de um CLP, podemos dividi-lo em três partes básicas: entradas, unidade central de pro- cessamento e saídas, conforme a Figura 1. 12 UNIUBE Figura 1 - Funcionamento Básico do CLP Fonte: o autor (2017) As interfaces de entrada e saída são constituídas basicamente de equipamentos periféricos. As entradas são os meios de comuni- cação do CLP, permitindo que o CLP receba informações sobre o processo, ou seja, entrada dos sinais dos sensores ou transdu- tores. Por exemplo: termostato, botoeiras, medidores de pressão, umidade, dentre outros, a fi m de monitorar o processo na escala industrial. Essas entradas podem ser digitais ou analógicas, classi- fi cadas em internas ou externas. As entradas externas são aquelas onde entrará o sinal enviado por um sensor ao CLP e as internas são aquelas que recebem sinal das funções internas, por exemplo, um temporizador. Assim como as entradas, as saídas também podem ser digitais ou analógicas. Enquanto a entrada capta informações, a saída devol- ve para os atuadores, comandado um motor ou enviando um sinal para um componente externo. A Unidade Central de Processamento (UCP) é o cérebro do CLP. Ela executa as instruções do programa e processa as informações UNIUBE 13 da entrada, transferindo funções para as saídas de acordo com as instruções do programa. Durante o funcionamento do CLP, ocorre um ciclo de varredura. A duração desse ciclo varia conforme o modelo do CLP, entretanto, geralmente é o tempo para executar 1024 bits de instruções de lógica booleana (PAREDES; GOMES, 2011). Podemos verifi car na Figura 2, o diagrama do ciclo de varredura. Figura 2 - Diagrama de Ciclo de Varredura do CLP Fonte: o autor (2017) Todas as tarefas são executadas de forma sequencial e cíclica: • Inicialização: executa operações pré-programadas, verifi ca os estados das chaves e o funcionamento eletrônico da UCP. 14 UNIUBE • Verificação das entradas: o processador irá ler as entradas e atualizar seus estados. • Programa: o CLP irá armazenar as informações obtidas no de- correr do processo e comparar com as instruções do usuário. • Atualização dos estados de saídas: o CLP verifica as instru- ções na memória e atualiza os módulos ou interfaces. Diante disso, vamos verificar a estrutura do hardware de um CLP, na próxima seção. 1.2 Estrutura de Hardware de um CLP O CLP é um dispositivo microprocessado, constituído por um mi- croprocessador ou um microcontrolador, um programa monitor, uma memória de programa, uma memória de dados, uma ou mais interfaces de entrada, uma ou mais interfaces de saída e circuitos auxiliares (ZANCAN, 2011) (Figura 3). PARADA OBRIGATÓRIA A diferença básica entre microprocessador e microcontrolador é que o microprocessador consiste em um elemento central, necessitando de componentes adicionais, como a memória. Já o microcontrolador possui todas as funcionalidades integradas. UNIUBE 15 Figura 3 - Controlador Lógico Programável WEG CLIC02 Fonte: <http://ecatalog.weg.net/files/produtos/cli- c_02_G.jpg>. Acesso em: 24 jan. 2017 1.2.1 Fonte de alimentação Os CLPs podem ser alimentados em 110 ou 220 V em corrente al- ternada ou 24 V em corrente contínua, dependendo da aplicação. Somente a unidade básica onde se encontra a UCP necessitade alimentação. Normalmente, as fontes são projetadas para fornecer várias tensões de alimentação para os módulos. 1.2.2 Unidade Central de Processamento (UCP) A UCP é responsável pelo funcionamento e processamento lógico de todos os circuitos. Dentre outras tarefas, a UCP faz o gerencia- mento da comunicação e execução dos programas de autodiag- nósticos. Para realizar essas atividades, a UCP necessita de um sistema operacional. 16 UNIUBE 1.2.3 Memória O sistema operacional é gravado pelo fabricante, geralmente ar- mazenado em memórias como as ROM, EPROM ou EEPROM, que são memórias cujo conteúdo não pode ser alterado, mesmo na ausência de alimentação. No desenvolvimento do programa e execução, as instruções são gravadas na memória RAM do CLP, para facilitar a alteração do programa e aumentar a veloci- dade de processamento. SAIBA MAIS Para saber mais os tipos de memórias, leia o artigo no link: <https://www.tecmundo.com.br/memoria-ram/12781-memorias- quais-os-tipos-e-para-que-servem.htm>. Acesso em: 22 jan. 2017. 1.2.4 Módulos de entrada e saída São circuitos de interface destinados à entrada de informação e saída para atuar no processo. Basicamente, existem dois módulos específicos, um que trata os sinais digitais e outro o sinal analógico. 1.3 Classificação dos CLPs De acordo com Zancan (2011), os CLPs são classificados com sua capacidade de entradas e saídas: UNIUBE 17 • Micro CLP: possui até 16 entradas e saídas, geralmente em um único módulo. • CLP de médio porte: possui até 256 entradas e saídas, po- dendo ser formado por um módulo básico que pode ser expandido. • CLP de grande porte: possui até 4096 entradas e saídas, de construção modular, cuja configuração e agrupamento dos módulos são definidos em função das necessidades do processo. 1.4 Programação de CLPs De maneira geral, o programa do CLP é um conjunto de expres- sões booleanas. A linguagem de programação está de acordo com o IEC 61131-3, norma padrão de controle industrial. Tipicamente, o programa consiste de uma rede de funções e blocos de funções, que podem trocar dados. As cinco linguagens definidas pela norma IEC 61131-3 são: • Texto estruturado (ST) • Lista de instruções (IL) • Diagramas de Ladder (LD) • Diagramas de Blocos Funcionais (FBD) • Funções Gráficas de Sequenciamento (SFC) 18 UNIUBE As duas primeiras linguagens são ditas textuais por conterem ins- truções na forma de texto; as outras três são linguagens gráficas. Entretanto, a SFC permite programações textuais. No próximo capítulo, iremos ver com detalhes algumas dessas linguagens de programação. 1.5 Comunicação do CLP No momento atual, há uma grande necessidade de comunicação de dispositivos no ambiente industrial. Para atender essa deman- da, os fabricantes de CLP evoluíram a interface de comunicação dos seus equipamentos, pois os CLPs necessitam se comunicar com vários dispositivos remotamente. A partir disso, algumas redes e protocolos foram desenvolvidos: • Profibus • Ethernet • Interbus • ControlNet • DeviceNet • Modbus Nos seguintes capítulos deste livro, iremos ver com detalhes al- guns desses protocolos. UNIUBE 19 1.6 CLP VS Controladores de Relés Durante anos, muitos engenheiros, gerentes de fábricas e fabrican- tes de equipamentos se perguntavam: “Devo usar um controlador programável?”. Muito tempo e dinheiro foram gastos para deter- minar a rentabilidade de um CLP sobre os controladores de relés. Até hoje, os engenheiros sempre remetem a essa decisão quando encaram um projeto de automação. Uma coisa é certa, a indústria precisa dar conta da demanda oferecendo alta qualidade e produ- tividade. Nesse ponto, os CLPs têm seus méritos. Entretanto, em um planejamento o engenheiro precisa abordar al- gumas questões: • Há necessidade de flexibilidade nas mudanças de lógica de controle? • Existe uma necessidade de alta confiabilidade? • Os requisitos de espaço são importantes? • É necessária uma grande capacidade de atuadores? • Existem requisitos para coleta de dados? • Haverá mudanças de lógica de controle frequentes? • Será necessária uma modificação rápida? • Deve-se usar uma lógica de controle semelhante em máqui- nas diferentes? • Existe uma necessidade de crescimento futuro? • Quais os custos totais? 20 UNIUBE Os CLPs são adequados para os requisitos anteriormente mencio- nados, especialmente para a economia da operação da máquina ou do processo. Um caso que fala por si só é verificar os painéis do CLP e dos Controladores de Relés. Figura 4 - Painel Controle de Relé Fonte : <https://www.nachi.org/forum/attachments/f19/63663d1364661960-low- voltage-wiring-panel-arco-lv-relay-box.jpg>. Acesso em: 22 jan. 2017 O tempo de implementação deste sistema usando relés eletrome- cânicos padrões e a organização de fios e interligações é um dos grandes problemas em utilizar esse sistema, como podemos ob- servar na Figura 4. Já um painel de controle de um PLC é de fácil instalação e deixa o ambiente mais organizado (Figura 5). UNIUBE 21 Figura 5 - Painel de um CLP Fonte : <http://www.automation-control-solutions.com/ima- ges/PLC-Control-Panel.JPG>. Acesso em: 22 jan. 2017 Se os requisitos do sistema exigirem flexibilidade ou crescimento futuro, o CLP traz retornos que superam qualquer vantagem de custo inicial de um controlador de relé. Mesmo em caso de ausên- cia de flexibilidade ou expansão futura, é necessário um sistema de alta confiabilidade. 22 UNIUBE 1.7 CLP VS Computador A arquitetura da CPU (Central Processing Unit - Unidade Central de Processamento), e a do CLP é basicamente a mesma, entretanto, algumas características importantes as diferenciam. Primeiro, ao contrário dos computadores, CLPs são projetados especificamen- te para sobreviver ao ambiente industrial. Um CLP bem projetado pode ser colocado em uma área com grande interferência eletro- magnética, vibrações mecânicas e umidade sem condensação. Uma segunda distinção é que o hardware e software são projeta- dos para fácil utilização por eletricistas e técnicos da fábrica. As interfaces de hardware para dispositivos de campo de conexão são realmente parte do CLP. Os circuitos de interface modulares e de autodiagnóstico podem identificar erros, além disso, os dispositivos são facilmente removidos e substituídos. Também a programação de software utiliza os diagramas de escada (Linguagem Ladder) geralmente, que são familiares para os técnicos. Considerando que os computadores são máquinas complexas ca- pazes de executar vários programas ou tarefas simultaneamente em qualquer ordem, o CLP padrão executa um único programa de forma ordenada, sequencial da primeira à última instrução. Você deve ter em mente que o sistema do CLP continua a se tornar mais inteligente, sistemas complexos de CLP podem oferecer mul- tiprocessador e ter multitarefa, podendo controlar vários programas com apenas uma unidade com vários processadores. Com a proliferação dos computadores pessoais (PC), muitos en- genheiros dizem que os PC’s não são concorrentes diretos dos CLPs, e sim aliados na implementação da solução. Em algumas linhas de equipamentos, os PC’s são utilizados para coletar dados UNIUBE 23 do processo e exibir informações sobre o processo ou máquina, os PC’s são adequados também para complementar a lacuna de comunicação através da rede. Alguns fabricantes de software de controle e automação utilizam o PC como CPU para implementar um ambiente semelhante a um CLP. A linguagem de programação, que é utilizada, é com base no padrão IEC 1131-3, que iremos ver no Capítulo III com mais detalhes, basicamente é uma linguagem de representação gráfica, além de abertura para texto estruturado. Geralmente, esses fabri- cantes não oferecem interfaces de hardware (E/S), apenas para se comunicar com outros CLPs e módulos destes. 1.8 Aplicações Industriais dos CLPs Desde sua criação, os Controladores Lógicos Programáveis têm sido aplicados com sucessoem praticamente todos os segmentos da indústria, incluindo siderúrgicas, fábricas de papel, indústria quí- mica e usinas de energia. Os CLPs realizam uma grande variedade de controle, do simples controle repetitivo (ON-OFF) de máquinas simples para fabricação sofisticada de controle de processos. A Tabela 1 lista algumas das principais utilizações dos CLPs, bem como suas aplicações típicas: 24 UNIUBE Tabela 1 - Aplicações típicas dos Controladores Lógicos Programáveis Química/Petroquímica Processamento em lote Manipulação de produtos acabados Manuseio de materiais Mistura Perfuração (off-shore) Controle de tubulações Tratamento de água/resíduos Fabricação/Máquinas Máquinas de montagem Perfuração Demanda de energia Esmerilhamento Injeção/Molde por sopro Transportadores de materiais Fundição de metais Moagem Pintura Chapeamento Suporte de testes Torno Soldagem Vidro/Filme Balança Acabamento Formação Annealing Lehr (Forno de Recozimento) Embalagem Processamento Metais Controle de altos-fornos Fundição Contínua Laminadores Poço de imersão UNIUBE 25 Comida/Bebida Mistura Fabricação da cerveja Manuseio de produtos Destilação Paletização Triagem Armazenamento Mineração Transportes de materiais em massa Carregamento e descarregamento Processamento de Minério Água/gestão de resíduos Madeira/Celulose Digestores Batch Manuseio Revestimento Embrulho/Estampagem Energia Controle de Caldeiras Manuseio de Carvão Controle de chaminés Derramamento de carga Fonte: adaptada de Bryan (1997, p.17) Como os Controladores Lógicos Programáveis têm uma grande aplicação é impossível listar todas as possibilidades. Na Tabela 2, iremos verificar como os CLPs estão sendo utilizados na indústria. 26 UNIUBE Tabela 2 - Exemplos de aplicações de processos utilizando o CLP AUTOMOTIVA → Monitoração do motor de combustão interna: um CLP adquire dados de sensores localizados no motor de combustão interna. As medidas to- madas incluem: temperatura da água, temperatura do óleo, RPM’s, torque, temperatura de exaustão, pressão do óleo, pressão do coletor e tempo. → Monitoramento de máquinas de produção automotiva: o siste- ma monitora as peças totais, peças rejeitadas, peças produzidas, tempo de ciclo da máquina e eficiência. Os dados estatísticos estão disponí- veis para o operador a qualquer momento ou após a cada turno. → Testes de Válvula: o sistema CLP controla uma máquina para ga- rantir o equilíbrio adequado das válvulas e maximizando a eficiência. UNIUBE 27 QUÍMICA/PETROQUÍMICA → Processamento de amônia e etileno: os controladores programá- veis monitoram e controlam os grandes compressores usados para a manufatura da amônia e etileno. O CLP monitora temperatura, velo- cidade, consumo de energia, vibração, pressão e fluxo de sucção. → Corantes: os CLPs monitoram e controlam o pro- cessamento de corantes na indústria têxtil. Eles combi- nam e misturam cores a valores predeterminados. → Dosagem química: o CLP controla a proporção de dosa- gem de dois ou mais materiais em um processo. O sistema de- termina a taxa de dosagem de cada material e mantém os re- gistros no sistema podendo ser exibidos para o operador. → Controle da ventilação: os CLPs controlam os ventiladores com base nos níveis de gases tóxicos no ambiente de produção. Este sistema eli- mina eficazmente gases quando programado em um nível predefinido. → Transmissão e distribuição de gás: os controladores programáveis mo- nitoram e regulam as pressões e os fluxos dos sistemas de transporte e dis- tribuição. Os dados são medidos no campo e transmitidos ao sistema CLP. → Controle de estação de bombeamento: os CLPs controlam a linha principal e as bombas. → Distribuição de petróleo bruto: os CLPs medem o flu- xo, sucção e evasão, além de verificar outras variáveis. → Perfuração: os CLPs coletam e processam dados, tais como profundidade e densidade de sondas de perfuração. Além de controlar e monitorar o funcionamento total dos equipamen- tos e alertar o operador de quaisquer possíveis avarias. 28 UNIUBE PROCESSAMENTO DO VIDRO → Annealing Lehr (Forno de Recozimento): os CLPs controlam o Lehr usado para eliminar os defeitos dos vidros. O sistema controla a operação seguindo a curva de temperatura de recozimento durante os processos de reaquecimento e arrefecimento rápido por meio de diferentes zonas de aquecimento, isso reduz o custo da mão de obra e utilização de energia. → Remessa de Vidros: os CLPs controlam o sistema de pesa- gem em lotes de acordo com o vidro. O sistema também con- trola os alimentadores eletromagnéticos, além das tremonhas de pesagem, portas de bloqueio e outros equipamentos. → Transporte de Lotes: os CLPs controlam o sistema de trans- porte em lote, incluindo o transportador para a casa de cal- deira, separadores magnéticos, misturadores. FABRICAÇÃO/MÁQUINAS → Máquinas de Produção: o CLP controla e monitora máquinas automáticas de produção com altas taxas de eficiência. Ela tam- bém monitora a produção de peças e o status da máquina. A ação corretiva pode ser tomada imediatamente se o CLP falha. → Linha de Produção: os CLPs monitoram e controlam todas as usina- gens em uma linha de produção e o intertravamento entre cada estação. O sistema recebe comandos do operador para verificar as condições de operação na linha e relata qualquer mal funcionamento. Este arranjo fornece eficiência, produtos de maior qualidade e menores níveis de desperdício. → Troca de ferramentas: o CLP controla uma máquina de corte de metal que funciona de modo sincronizado com os grupos de ferramen- tas. O sistema mantém o controle de quando cada ferramenta deve ser substituída. De acordo com o número de peças que fabrica, o sis- tema exibe a contagem e substituição dos grupos de ferramentas. → Pulverização de tinta: os CLPs controlam a sequência de pin- tura na fabricação de automóveis. O Operador ou um computador (host) insere informações de estilo e cor e rastreia a peça por meio do transportador até atingir a cabine de pulverização. O controlador de- codifica a informação da peça e, em seguida, controla as pistolas de pulverização para pintar a peça. O movimento da pistola de pulveriza- ção é otimizado para conservar a tinta e aumentar o rendimento. UNIUBE 29 METAIS → Fabricação do Aço: o CLP controla e opera fornos para produ- zir metal de acordo com as especificações predefinidas. O controlador também calcula o oxigênio, adições de liga e requisitos de energia. → Carregamento e descargas de ligas: por meio de sequências pre- cisas de pesagem e carregamento, o sistema controla e monitora a quantidade de carvão, minério de ferro e calcário a ser derretido. → Fundição Contínua: os CLPs direcionam e transportam o aço fun- dido em um molde e é refrigerado com água para a solidificação. → Rolagem a Frio: os CLPs controlam a conversão de produtos semiacaba- dos em produtos acabados mediante laminadores a frio. O sistema controla a velocidade do motor para obter a medição adequada do material laminado. → Fabricação de Alumínio: os controladores monitoram o processo de refino, no qual as impurezas são removidas da bauxita pelo calor e produtos químicos. O sistema moe e mistura o minério com produtos químicos e, em seguida, bombas em recipientes sob pressão são aquecidos e filtrados. 30 UNIUBE ENERGIA → Distribuição de energia: o controlador programável regula a dis- tribuição adequada de eletricidade, gás ou vapor disponíveis. Além disso, o PLC monitora a potência e gera relatório de distribuição. → Gerenciamento: por meio da leitura de temperaturas internas e ex- ternas, o CLP controla unidades de aquecimento e refrigeração em uma fábrica. O sistema fornece relatórios programados sobre a quantidade de energia usada pelas unidades de aquecimento e arrefecimento. → Processamento de Fluidização do Carvão: o controlador moni- tora a quantidade de carvão e regula o triturador misturando calcário. O CLPmonitora e controla as taxas de queima, as temperaturas ge- radas, além das válvulas que funcionam com controle analógico. → Controle eficiente dos compressores: os CLPs controlam vá- rios compressores em uma estação. O sistema controla os bloqueios de segurança, sequências de inicializações e desligamentos. Os controladores mantêm os compressores funcionando com máxi- ma eficiência usando as curvas não lineares dos compressores. PAPEL/CELULOSE → Processamento de papel: as aplicações incluem o controle do sistema de estoque. Os CLPs controlam a lógica de realimenta- ção para adição química. O sistema pode fornecer relatórios de ge- renciamento de materiais utilizados na produção do papel. → Produção de Papel: o controlador regula o peso médio e a va- riável de umidade para a classe de papel. O sistema manipu- la as válvulas de fluxo de vapor para a produção do papel. Fonte: adaptada de Bryan (1997, p.18) UNIUBE 31 As aplicações dos Controladores Lógicos Programáveis chegam a ser quase ilimitadas na indústria, e o conhecimento de suas poten- cialidades é necessária para os profissionais envolvidos no proces- so industrial. Considerações finais A maior parte do controle de operações na indústria é feita pelo CLPs, que podem controlar quase todo o processo industrial desde o transporte até o acabamento final do produto. De maneira mais eficiente e de fácil implementação, ganhou notável popularidade por não necessitar de tantos relés e de cabos rígidos e outros com- ponentes externos. Além disso, já conta com temporizador interno, tornando-o sofisticado e ao mesmo tempo simples. Os CLPs fornecem uma flexibilidade de controle, com base em uma programação simples para a instrução lógica. A automação é necessária para eliminar erros humanos e minimizar intervenções manuais. Os Controladores Lógicos Programáveis podem garan- tir durabilidade dos motores e equipamentos, pois ele monitora as condições de funcionamento, além de avisar o operador caso al- gum equipamento falhe. Diante de tudo isso, podemos destacar o avanço do processo de mecanização e controle, em que o operador deve ter noção mais abrangente dos processos industriais para analisar informações de sensores, por exemplo, pressão e temperatura. Rafael Rodrigues Barbosa Introdução Programação de CLPsCapítulo 2 A Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC) desenvolveu a norma IEC 61131 em um esforço para padronizar os controladores programáveis. Um dos objetivos do comitê era criar um conjunto comum de instruções do CLP que pudessem ser usados em todos os CLPs. Embora a norma IEC tenha atingindo padrões internacionais em 1992, o esforço para criar um padrão global tem sido uma tarefa muito difícil de realizar devido a diversidade de CLPs no mercado e o problema de compatibilidade de programas entre marcas de CLP. No entanto, as incursões que foram feitas até agora tiveram um impacto tremendo sobre a programação dos CLPs. A IEC 61131-3 defi ne dois idiomas gráfi cos e dois idiomas baseados em texto para uso na programação do CLP. As linguagens gráfi cas usam símbolos para programar instruções de controle, enquanto as linguagens baseadas em texto usam cadeias de caracteres para programar instruções: Linguagens Gráfi cas: • Diagramas Ladder (LD) • Diagrama de Blocos de Funções (FBD) Linguagens de Texto: • Lista de Instruções (IL) • Texto estruturado (ST) • Conhecer as linguagens de programação dos Controladores Lógicos Programáveis • Aprender funções e sintaxe das linguagens de programação • Entender como ocorre o processo de programação de um CLP • Compreender alguns conceitos da norma IEC 61131-3 • Programação em Ladder • Exemplos de aplicações dentro da programação Ladder • Texto Estruturado • Lista de Instruções • Diagramas de Blocos Funcionais • Funções Gráficas de Sequenciamento Objetivos Esquema Além disso, o padrão IEC 61131-3 inclui uma estrutura de programação orientada a objetos chamada diagramas de funções sequenciais (SFC), muitas vezes denominada como uma linguagem gráfica, mas realmente é uma estrutura organizacional que coordena as quatro linguagens de programação. A estrutura SFC é muita parecida com fluxogramas, essa estrutura tem suas raízes no padrão francês, o Grafcet (IEC 848). As linguagens permitem ao usuário inserir um programa de controle usando uma sintaxe estabelecida, fornecendo mais poder de computação para operar o processo e manipulando dados com mais facilidade. Neste capítulo, iremos estudar as Linguagens da programação CLP. UNIUBE 35 Programação em Ladder2.1 O diagrama de Ladder continua sendo a maneira mais tradicional de representar sequências elétricas de operações. Estes diagra- mas representam a interconexão de dispositivos de entrada e saí- da, de acordo com a sequência predefi nida de eventos. A lógica Ladder é usada para desenvolver instruções para Controladores Lógicos Programáveis (CLPs) usados na aplicação industrial. Ladder signifi ca “escada”, isso porque uma linha vertical à esquerda representa um barramento energizado e outra linha pa- ralela representa o terra (Figura 6). Figura 6 - Representação das barras no diagrama Ladder Fonte: Casillo (2007) A linguagem Ladder permite que se desenvolvam lógicas combi- nacionais, sequenciais e circuitos que envolvam ambas, utilizando como operadores para estas lógicas: entradas, saídas, estados au- xiliares e registros numéricos (FILHO, 2010). A Tabela 2 nos mostra os símbolos da linguagem Ladder e o seu equivalente elétrico. 36 UNIUBE Tabela 2 - Representação dos símbolos em linguagem ladder e o seu equivalente elétrico Tipo Símbolo Equipamento elétrico Contato aberto Contato fechado Saída Fonte: Filho (2010, p.5) Para entendermos a estrutura da linguagem Ladder, na Figura 7, representamos uma ligação de um circuito elétrico simples com uma lâmpada a partir de um botão liga/desliga. E o correspondente em linguagem Ladder na Figura 8. Figura 7 - Circuito elétrico simples Fonte: o Autor (2017) UNIUBE 37 Figura 8 - Diagrama de Ladder Fonte: o Autor (2017) Na Figura 7, vemos que a chave está normalmente aberta (NA), a mesma está representada na Figura 8. Para ligar a lâmpada, basta fechar a chave. Podemos desenvolver instruções que correspon- dam a lógicas combinacionais básicas de Boole, vamos analisar o circuito na Figura 9. Figura 9 - Circuito elétrico com duas chaves (NA) Fonte: o Autor (2017) Para ligar a lâmpada, basta fechar a chave SW1 e SW2. Essa ope- ração na lógica Booleana se chama AND, que corresponde a uma associação em série de contatos. O equivalente no diagrama de Ladder consta na Figura 10. 38 UNIUBE Figura 10 - Diagrama de Ladder com duas entradas em série Fonte: o Autor (2017) Outra operação na lógica booleana é a OR, que corresponde à associação paralela de contatos, como indicado na Figura 11 e a correspondente em linguagem Ladder na Figura 12. Figura 11 - Associação de chaves em paralela Fonte: o Autor (2017) UNIUBE 39 Figura 12 - Associação de entradas em paralela no diagrama de Ladder Fonte: o Autor (2017) As alterações lógicas dos CLPs são fl exíveis, basta o operador modifi car ou adicionar circuitos lógicos sem que seja necessário alterações no hardware ou até mesmo a inclusão de algum compo- nente eletrônico. É importante lembrar que o símbolo dos contatos varia de fabricante. Para deixar claro, vamos pegar um exemplo da Figura 13, a botoeira S1 está com seu contato (NF) para alimentar a bobina do contator I2. Analisando o diagrama, percebemos que O4 está com seu estado verdadeiro (ligado) e O5 (desligado). O mesmo caso para S0 que está (NA), nesse caso O1 (desligado) e O2 (ligado). Esse é só um exemplo para você entender como funcionam os comandos internos. 40 UNIUBE Figura 13 - Analogia de um CLP com comandos lógicos Fonte: Silvia (2010, p.6) 2.1.1 Partida direta de motor com CLP A primeira programação mais simples é a partida direta com mo-tor de indução trifásico. Vamos analisar o diagrama de potência (Figura 14). Para isso, se faz necessário o contator denominado K1 para disponibilizar a alimentação do motor, além de partes es- senciais para proteção, como fusíveis e o relé térmico (no estado normal de trabalho). UNIUBE 41 Figura 14 - Diagrama de potência de um motor trifásico Fonte: Moraes (2013) O diagrama de comando é essencial para representar a lógica dos contatos que será responsável por acionar os componentes para comandar o motor (Figura 15). O contato F7 (NF), representa o relé térmico. Caso houver um acionamento, o contator irá abrir desli- gando o motor. O botão emergência do motor pode ser utilizado caso haja uma falha no motor. O operador pode fazer o desliga- mento, simbolizado pelo contato (NF) com trava no diagrama de 42 UNIUBE comando. Logo abaixo o botão liga, representado por um botão pulsante (NA) para ligar o contator, nesse caso há necessidade de selo para manter o contato acionado. O botão desliga (NF), quando acionado desliga o contator e, consequentemente, o motor. Figura 15 - Diagrama de Comando de partida direta do motor trifásico Fonte: Moraes (2013) UNIUBE 43 No diagrama de Ladder, vemos a simplicidade da programação na Figura 16. I3 → Botão liga M1 → Selo (preservação do estado) I2 → Botão desliga I3 → Relé Térmico [M1 → Contator auxiliar [Q1 → Comando de saída para o motor Figura 16 - Esquema do programa Zelio Soft 2 simula- dor de CLP, utilizando o diagrama de Ladder Fonte: o Autor (2017) 44 UNIUBE Nesse caso foi utilizada a função para memorizar o estado [M1. Ela serve como um contato auxiliar, caso queria inserir entradas deixando o sistema mais complexo. Cabe prestar atenção que no nosso diagrama de comando o botão de desliga e o relé térmico es- tão (NF), e no diagrama lógica estão (NA) o I2 e I3. No entanto, se você reparar as entradas no painel da figura eles estão fechados, sendo assim logicamente estão com os contatos fechados, por isso deve tomar o cuidado na hora de programar, pois deve levar em consideração os níveis lógicos da entrada. 2.1.2 Exemplo de temporizadores Temporizadores ou timers servem para contar o tempo no sentido de atrasar a execução de um processo. Isso é muito útil para deter- minadas tarefas, por exemplo, na leitura de um sensor, o sistema “atrasa” para que dê o tempo necessário da leitura do sensor. Basicamente, existem três tipos de temporizadores: • Temporizador On-Delay: temporizador que “atrasa o processo de ligar”. Caso uma entrada esteja em nível lógico 1 (ligado), ele ativa o tempo programado para ativar a saída. Na progra- mação Ladder é normalmente TON (timer on delay). • Temporizador Off-Delay: temporizador que “atrasa o desli- gamento”. Depois que é ativado o timer conta o tempo para desligar a saída. Na programação Ladder é normalmente de- nominado TOF (timer off delay). • Temporizador acumulativo: esse temporizador precisa nor- malmente de duas entradas, uma para resetar e outra para UNIUBE 45 iniciar a contagem do tempo. É muito usado para estimar a duração de um processo. Por exemplo, quanto tempo um mo- tor ficou ligado, ou um sensor etc. Um exemplo de aplicação dos timers é nos fornos industriais elétricos, particularmente os motores de ventilação. Depois do uso, os ventiladores devem funcionar mesmo quando o forno é desligado, lembrando que os ventiladores têm a função não só de refrigerar o forno quando desligado, mas também de fazer circular o ar quente dentro dele. Como ficaria a programação Ladder? Veja na Figura 17. Figura 17 - Diagrama de Ladder do forno industrial e o sistema de ventilação Fonte: o Autor (2017) 46 UNIUBE I1 → Botão liga I2 → Botão desliga [M1 → Contato auxiliar M1 - Selo do contato auxiliar (preservação do estado) [Q1 → Saída do forno elétrico [Q2 → Saída do ventilador Q2 → Selo do ventilador t1 → Temporizador TT1 → Acionamento do temporizador Quando o operador liga o sistema, a saída [Q1 e [Q2 ficam liga- dos, quando aciona o botão desligar (I2), [Q1 é desligado e [Q2 fica ligado e o temporizador ativado. [Q2 fica ligado porque está em selo, o temporizador é ligado (tempo para desligamento do sistema de ventilação). 2.2 Texto Estruturado (ST) O texto estruturado é uma das cincos linguagens suportadas pela norma IEC 61131-3, projetada para Controladores Lógicos Programáveis. É considerada uma linguagem de alto nível que é estruturada por blocos e sintaticamente se assemelha a Pascal. A maioria da programação pode ser feita usando o diagrama de UNIUBE 47 blocos (que iremos ver mais à frente) e com os diagramas de Ladder, porém para programas mais elaborados e complexos se recomenda o texto estruturado, graças a OPC (Open Plataform Communications) que normalizou as linguagens para se comu- nicar com várias plataformas de protocolos diferentes, oferecendo mais simplificação para problemas industriais. O texto estruturado é ideal para desenvolver instruções de repeti- ção, contadores, lógica de condições (If, then, else). A primeira coi- sa que deve aprender é a estrutura ou sintaxe do Texto Estruturado. Quando você entender a estrutura, vai ser fácil a compreensão do funcionamento do programa. Exemplo: PROGRAM VAR x : BOOL; END_VAR x := TRUE; REPEAT x := FALSE; UNTIL x := FALSE; END_REPEAT; END_PROGRAM; 48 UNIUBE O programa anterior começa com “PROGRAM” e termina com END_PROGRAM. Essas duas palavras são chaves na delimitação do programa. É importante ressaltar que a função END_PROGRAM funciona como um Loop e não é definitivamente o fim do programa. Logo em seguida é a declaração de variáveis “VAR”, declarando “x: BOOL”, o compilador irá ler isso como uma instrução. Lembre- se que as declarações são separadas por ponto e vírgulas. Nesse caso de instrução, você está criando uma variável chamada “x” e essa variável deve ser tipo BOOL. O tipo “BOOL” significa que ele pode conter um valor booleano (TRUE ou FALSE). Basicamente, a variável tem um determinado tipo de dado e contêm um valor associado ao tipo de dado. Dependendo do tipo de CLP que você está usando, você terá al- guns tipos de dados diferentes disponíveis, por exemplo, o CLP da Siemens tem dados semelhantes aos padrões IEC 61131-3. Na norma IEC, os tipos de dados são divididos em duas categorias, elementares e derivados: Elementares: • Integers • Floating points • Time • Strings • Bit strings UNIUBE 49 Derivados: • Structured data types • Enumerated data types • Sub-ranges data types • Array data types SAIBA MAIS Para saber mais sobre essas estruturas, leia a norma IEC 61131-3 no link: <http://www.cpdee.ufmg.br/~seixas/PaginaII/Download/DownloadFiles/ Aula%20IEC%2061131-3.pdf> Acesso em: 24 jan. 2017. 2.3 Lista de Instruções (IL) Se assemelha bastante com a linguagem assembly. A estrutura do programa basicamente utiliza instruções de “salto” chamadas de funções (sub-rotinas com parâmetros opcionais). O formato de arquivo foi padronizado recentemente para XML pelo OPC Open. Esse tipo de programação é interessante para algoritmos menos complexos, para CLPs de pequeno porte. De acordo com Rockwell Automation (2008), esse tipo de lingua- gem apresenta algumas vantagens e desvantagens: Vantagens: 50 UNIUBE • Semelhança com a linguagem assembly; • Instrução mais compacta. Desvantagens: • Necessidade em saber a linguagem assembly; • Conhecimento avançado de álgebra booleana; • Difícil em alterar código já implementado. SAIBA MAIS Para saber mais sobre essa linguagem, leia a norma IEC 61131-3 no link: <http://www.cpdee.ufmg.br/~seixas/PaginaII/Download/DownloadFiles/ Aula%20IEC%2061131-3.pdf>. Acesso em: 24 jan. 2017. 2.4 Diagramas de Blocos Funcionais (FBD) É uma linguagem gráfica que descreve a função entre variáveis de entrada e as variáveis de saída. Uma função é descrita como um conjunto de blocos elementares. As variáveis de entrada e saída são conectadasa blocos por linhas de conexão, chamadas tam- bém de links, essas linhas conectam dois pontos lógicos do diagra- ma, a conexão é orientada, ou seja, significa que carregam dados. Na Figura 18, um exemplo de aplicação do FBD. UNIUBE 51 Figura 18 - Exemplo de aplicação do FBD Fonte: o Autor (2017) SAIBA MAIS Para saber com detalhes como é a estrutura de programação e funções, leia: <www.smar.com/PDFs/Manuals/FBLOC-FFMP.pdf>. Acesso em: 22 jan. 2017. 2.5 Funções Gráfi cas de Sequenciamento (SFC) O padrão SFC (Sequential Function Chart) é defi nido como uma sequência de gráfi cos de funções para sistemas de controle, e foi baseado no GRAFCET, que iremos ver com detalhes mais à frente. Um dos aspectos mais importantes da SFC é que mostra os prin- cipais estados de um sistema, todas as possíveis mudanças de 52 UNIUBE estado e as razões pelas quais essas mudanças ocorreriam. Basicamente, um SFC consiste nos seguintes elementos: • Número de etapas (steps), são representadas por caixas re- tangulares. Cada etapa representa um estado particular do sistema que está sendo controlado. • As etapas são ligadas por transições. Uma linha entre duas etapas representa uma transição, cada transição está asso- ciada a uma condição. • Por fi m, cada etapa está associada a alguma ação (as ações são regidas pela norma IEC 61131-3). Exemplo na Figura 19: Figura 19 - Linguagem por Sequenciamento Gráfi co de Funções Fonte: <http://www.crkautomacao.com.br/sites/de- fault/fi les/7.jpg>. Acesso em: 24 jan. 2017 UNIUBE 53 SAIBA MAIS Para saber com detalhes essa linguagem de programação, veja no link: <https://docente.ifrn.edu.br/andouglassilva/disciplinas/clp/aula- 3-projeto-de-automacao-lista-de-instrucao>. Acesso em: 22 jan. 2017. Considerações finais O futuro dos controladores programáveis depende não só da con- tinuação no desenvolvimento de novos produtos, mas também da integração dos CLPs com outros equipamentos de controle e ge- renciamento da indústria. Os CLPs estão sendo incorporados em redes e integrados com computadores se baseando em sistemas de informações de gerenciamento hierárquicos. Novos avanços na tecnologia dos CLP, incluem, características como interfaces HM (Homem-Máquina) melhores e interfaces de comunicação com equipamentos; hardware e software que suportam inteligência artificial. Por isso a importância do enge- nheiro aprender a linguagem de programação dos Controladores Lógicos Programáveis. Rafael Rodrigues Barbosa Introdução Protocolos de redes industriais Capítulo 3 Nas décadas passadas, o crescente poder e efi ciência dos sistemas eletrônicos infl uenciou todas as áreas do empreendimento humano. Isto também se aplica aos sistemas de controle industrial. Inicialmente, o controle de uma indústria era por meio mecânico ou mediante controle hidráulico. À medida que a eletrônica tornou-se popular, os sistemas de controle mecânicos foram substituídos por controles eletrônicos que empregam transdutores, relés e circuitos de controle com fi os. Estes sistemas eram grandes e consumiam muito espaço, muitas vezes exigindo quilômetros de fi ação, para interligar o circuito de controle. Com o advento dos circuitos integrados e microprocessadores, os controladores analógicos poderiam ser replicados por um único controlador digital, embora a comunicação com o chão de fábrica ainda fosse realizada usando sinais analógicos. O movimento em direção a sistemas digitais resultou na necessidade de novos protocolos de comunicação. Neste capítulo, iremos estudar os protocolos de comunicação utilizados nos sistemas de automação da indústria, além de compreender as topologias mais comuns empregadas na comunicação. • Analisar as topologias de redes possíveis no ambiente industrial • Compreender as aplicações dos protocolos de redes na indústria • Investigar as propriedades e características dos protocolos de comunicação • Introdução a redes industriais • História das redes de comunicação • Classificação geral das Redes Industriais • PROFIBUS • PROFIBUS DP • PROFIBUS PA • PROFINET • Ethernet/IP • HART/4-20 mA Objetivos Esquema História das redes de comunicação3.1 Os primeiros sistemas de controle foram desenvolvidos durante a Segunda Revolução Industrial, no final do século XIX. As fun- ções de controle eram puramente mecânicas para automatizar processos repetitivos simples na linha de montagem. No entan- to, estes dispositivos tinham vida útil pequena e demandavam assistência frequente. UNIUBE 57 No começo do século XX, os dispositivos mecânicos foram rapi- damente substituídos pelos relés e contatores. O sistema de relés viabilizou funções de controle mais complexas, podendo ser em- pregado em uma variedade de processos industriais. Na década de 70, os primeiros computadores comerciais começa- ram a ser utilizados como controladores em sistemas de controle. Devido ao fato de ser programável, proporciona uma grande fle- xibilidade, uma vantagem interessante em relação aos sistemas de relés. No entanto, eram caros e difíceis de programar, além de serem suscetíveis às interferências eletromagnéticas presentes em ambientes industriais. Nessa mesma década foi elaborado o padrão 4-20 mA, um impor- tante avanço na comunicação industrial. Basicamente, o padrão 4-20 mA é um sistema analógico que faz o uso de um sinal de cor- rente na faixa de 4 mA e 20 mA. Sua utilização oferece uma boa resistência a ambientes com in- terferências eletromagnéticas, além de uma certa flexibilidade em termos de cabeamento, uma vez que o tamanho do cabo não é fa- tor fundamental na comunicação. O problema em utilizar o padrão 4-20 mA é a necessidade de técnico altamente especializado na sua instalação e manutenção. Durante a década de 80, com os avanços da eletrônica e compu- tação, os sensores tiveram mais confiabilidade e custos reduzidos. Essa tendência gerou forte movimentação mundial para adequar e padronizar sistemas de gerenciamento e controle como o ISA (Instrument Society of America), IEC (International Electrotechnical Commission), Profibus (Padrão Nacional Alemão), a fim de integrar os diferentes tipos de instrumentos de controle. 58 UNIUBE Há algumas décadas, o padrão TCP/IP está sendo utilizado na in- dústria por causa do custo e benefício. Além da facilidade de imple- mentação é possível acessar diversos níveis da hierarquia industrial com esse protocolo. A tendência atualmente é a implementação de controles distribuídos utilizando um protocolo padronizado para co- municação de dados. 3.1.1 Classifi cação Geral das Redes Industriais A organização dos dispositivos e softwares que constituem o sis- tema de automação na indústria pode ser referenciada por meio de uma pirâmide (Figura 20), que faz alusão à organização dos dispositivos. Figura 20 - Diagrama que representa de forma hierárquica os dife- rentes níveis de controle e trabalho em automação industrial Fonte: SMAR (2011) UNIUBE 59 Diante disso, podemos configurar diferentes topologias e estraté- gias para comunicação industrial, de acordo com a Tabela 3. Tabela 3 - Classificação Geral das Redes Industriais Classificação Geral das Redes Industriais Topologia Física Barramento Anel Estrela Árvore Mista Métodos de Redes Origem - destino Produtor - Consumidor Método de Troca de Dados Pooling Cíclica Mudança de estado Tipo de Conexão Ponto a ponto Múltiplos pontos Sincronização de bits Síncrona Assíncrona Tipo de Comutação Comutação de circuitos Comutação de pacotes Fonte: o Autor (2017) 60 UNIUBE A opção pela implementação de sistemas de controle baseados em redes requer um estudo para determinar qual o tipo de rede que possui vantagens ao usuário, verificando uma plataforma de apli- cação compatível com o maior número de equipamentos possíveis. SAIBA MAIS Leia mais sobre os tipos de topologias de redes e seus métodos: <http://estudio01.proj.ufsm.br/cadernos/cafw/tecnico_informatica/redes_computadores.pdf>. Acesso em: 23 jan. 2017. 3.2 Profibus Nesta unidade vamos falar um pouco de cada rede, começando pela Profibus. Estima-se em mais de 20 milhões de nós instalados com tecnologia PROFIBUS, de acordo com SMAR (2016). UNIUBE 61 Figura 21 - Estrutura de uma rede PROFIBUS Fonte: PROFIBUS/PROFINET [2017] O Profi bus é um padrão de rede de campo aberto, onde a in- terface entre eles permite uma ampla aplicação em proces- sos industriais, a norma que regula essa rede é a IEC 61158, exemplo de rede estruturada padrão PROFIBUS na Figura 21. Basicamente, é uma tecnologia Fieldbus inteligente em que dis- positivos neste sistema são conectados por uma linha central, contendo dispositivos mestres que determinam a comunicação de dados em um barramento. Essa comunicação é realizada en- quanto o dispositivo mestre possui o direito de acesso ao barra- mento (CASSIOLATO; TORRES; CAMARGO, 2012). O barramento também chamado de token é um mecanismo de ar- bitragem que deve ser implementado para evitar possíveis colisões 62 UNIUBE no barramento quando mais de uma estação deseja transmitir uma mensagem (STEMMER, 2001). Existem basicamente dentro da Profibus três protocolos: • Profibus DP: opera com alta velocidade e conexão de baixo custo, muito utilizado em sistemas de controle e automação (CASSIOLATO; TORRES; CAMARGO, 2012). • Profibus PA: possui uma característica adicional que é a trans- missão segura, o que faz esse protocolo ser utilizado em am- bientes perigosos. Encontrado principalmente em indústrias de transformação (CASSIOLATO; TORRES; CAMARGO, 2012). • Profinet: utilizado em aplicações em tempo real (rápidas), onde o tempo não é crítico (LUGLI, 2012). Para operar uma rede PROFIBUS em áreas classificadas é neces- sário que todos os componentes utilizados sejam aprovados e cer- tificados por órgãos competentes. De acordo com SMAR (2010), podemos citar os seguintes elementos de uma rede PROFIBUS: • Mestres (Masters): são elementos responsáveis pelo controle do barramento. Eles podem ser de duas classes: • Classe 1: responsável pelas operações cíclicas (leitura/escri- ta) e controle das malhas abertas e fechadas do sistema de controle/automação (PLC, controladores, CPUs). • Classe 2: responsável pelos acessos acíclicos dos parâme- tros e funções dos equipamentos PA, estação de engenharia UNIUBE 63 ou estação de operação: ProfibusView, AssetView, Simatic PDM, Pactware etc. • Acopladores DP/PA (Couplers): são dispositivos utilizados para traduzir as características físicas entre o PROFIBUS DP e o PROFIBUS PA (H1: 31,25 kbits/s). E ainda: • São transparentes para os mestres (não possuem endereço físico no barramento); • O número máximo de equipamentos em um segmento depen- de, entre outros fatores, da somatória das correntes quies- centes e de falhas dos equipamentos (FDE) e distâncias en- volvidas no cabeamento. • Podem ser alimentados até 24 Vdc, dependendo do fabrican- te e da área de classificação. • Podem trabalhar com as seguintes taxas de comunicação, de- pendendo do fabricante: P+F (93.75 kbits/s e SK3:12 Mbits/s) e Siemens (45.45 kbits/s). 3.2.1 Profibus PA (automação de processos) PROFIBUS PA atende os requisitos da automação de processos, onde se tem a conexão de sistemas de automação e sistemas de controle de processo com equipamentos de campo, como sensores, transdutores. Principalmente na substituição do padrão 4-20 mA. 64 UNIUBE Figura 22 - Sistema 4-20 mA e PROFIBUS PA Fonte: <http://www.profi bus.org.br/images/arquivo/tecnologia-profi bus -pa-revisada-paulo-54453049437bc.ppt>. Acesso em: 23 jan. 2017 Com o sistema PROFIBUS PA, a medição e o controle podem ser transmitidos por uma linha e dois fi os simples, além de permitir a manutenção e a conexão/desconexão de equipamentos até mes- mo durante a operação sem interferir em outras estações em áreas potencialmente hostis. O protocolo de comunicação da PROFIBUS PA é o mesmo do PROFIBUS DP. Isto permite uma integração co- erente e completa entre todos os níveis da automação e na planta de controle de processo. UNIUBE 65 Figura 23 - Arquitetura típica de uma Rede PROFIBUS Fonte: SMAR [2017] Apesar de parecer simples a tecnologia do meio físico, chama- da frequentemente de H1, existe um padrão e está de acordo com a IEC 61158-2. Sempre que possível consulte também a EN50170. Na Tabela 4, apresentamos as características do meio físico da PROFIBUS. 66 UNIUBE IMPORTANTE Para entender alguns detalhes sobre esses padrões, leia: <http://www.profibus.org.br/images/arquivo/fundamentos-e-tecno- logia-do-protocolo-profibus-5445327438e7f.pdf>. Acesso em: 23 jan. 2017. Tabela 4 - Características da IEC 61158-2 Transmissão de Dados Digital, sincronizado a bit, código Manchester Taxa de Transmissão 31,25 Kbits/s, modo tensão Segurança de Dados Preâmbulo, error-proof start e end limiter Cabos Par trançado blindado Alimentação Via barramento ou externa (9-24 Vdc) Classe Proteção à explosão Segurança Intrínseca e invólucro Topologia Barramento ou estrela/ár- vore (ou combinadas) Número de estações Até 32 estações por seg- mento, máximo 126 Distância Máxima sem repetidor 1900 m Repetidores Até 4 repetidores Fonte: SMAR (2010, p.2) UNIUBE 67 3.2.1.1 Dimensionamento na quantidade de equipamentos em uma rede PROFIBUS-PA Verifique a quantidade de equipamentos (N) por segmento PROFIBUS-PA, as distâncias envolvidas e a área de classifica- ção da planta. Para verificar a corrente total no segmento, utilize a equação 1 (SMAR, 2010): (1) Iseg = ∑Ib + IFDE + IF Sendo que: Iseg < Ic Iseg = Corrente de segmento PROFIBUS-PA ∑Ib = A somatória das correntes de todos os equipamentos IFDE = Corrente adicional em caso de falha, normalmente desprezível IF = Corrente de folga, útil em caso de troca de fabricante Ic = Corrente de dreno do Coupler DP/PA → lembrando que para o dimensionamento deve-se levar em conta que a corrente do seg- mento deve ser menor que a do Coupler. Em caso de um segmento composto por número considerável, de- vemos garantir pelo menos 9,0 V na borneira do último equipamento (mais distante do Coupler), para calcular basta utilizar a equação 2: 68 UNIUBE (2) VB = VC - Ibn x (R x L) VB ≥ 9,0 V = Tensão de garantia para energização do último equipa- mento (geralmente costuma adotar 10 V garantindo folga). VC = Tensão de saída do coupler R = Resistência do cabo L = Comprimento do barramento 3.2.2 PROFIBUS DP (Periféricos Descentralizados) De acordo com o Profibus.org (2012), o protocolo PROFIBUS DP é o barramento de campo mais utilizado na indústria e atualmente um dos motivos para a grande utilização deste protocolo é pelo diagnóstico rápido de falhas, consequentemente, permitindo minimizar os tempos de paradas para manutenções, melhorando assim o processo. O meio de transmissão do Protocolo DP é o RS485, uma série de funções para comunicação de dados entre mestres e escravos é possível com esse protocolo: • Escravos: estações passivas na rede, ou seja, responde ape- nas o mestre. • Mestre Classe 1: responsável pela troca cíclica de dados. Pode ser representado por um CLP ou um software de gerenciamento. • Mestre Classe 2: responsável pela comunicação de dados acíclicos. Pode ser representado por uma ferramenta de en- genharia ou manutenção. UNIUBE 69 3.2.2.1 Taxas de Transmissão O Protocolo Profibus DP define uma série de taxas de transmissão que varia de 9,6 Kbits/s até 12 Mbits/s. Isso pode variar de acordo com a linha de transmissão, mostrada na Tabela 5. Tabela 5 - Comprimento em função da velocidade de transmissão Cabo Tipo A Cabo Tipo A Baud Rate (Kbit/s) 9,6 19,2 93,75 187,5 500 1500 3000 6000 12000 Comprimento/ Segmento (m) 1200 1200 1200 1000 400 200 100 100 100 Fonte: SMAR (2017) De acordo com Cassiolate e Torre (2010), tanto a rede Profibus DP quanto a rede Profibus PA exigem terminadores, pois sua ausência causa o desbalanceamento, provocandoatraso de propagação. No Profibus DP, os terminadores são ativos, isto é, são alimentados, como na Figura 24. 70 UNIUBE Figura 24 - Terminador de barramento Profibus DP Fonte: Cassiolate e Torre (2010, p. 4) SAIBA MAIS Para você entender o meio de transmissão do protocolo PROFIBUS o RS 485, leia: <http://www.novus.com.br/downloads/Arquivos/conceitos%20b%- C3%A1sicos%20de%20rs485%20e%20rs422.pdf>. Acesso em: 23 jan. 2017. 3.2.2.2 Cabo É recomendado que a instalação seja feita com o cabo tipo A, que é basicamente um par de fios que deve ser blindado e trançado para não sofrer interferências eletromagnéticas. UNIUBE 71 Tabela 6 - Propriedades do cabo A Impedância 135 a 165 Ω Capacitância 30 pf/m Resistência de loop 110 Ω/Km Diâmetro do cabo >0,64 mm Seção Transversal > 0,34 mm Fonte: WEG (2009, p. 10) Com a utilização da resistência de Loop específica, que pode ser encontrada na documentação técnica fornecida pelo fabricante do cabo, podendo estimar o tamanho do segmento da rede. 3.2.2.3 Ligação do Drive com a Rede Recomenda-se que a ligação de todos os dispositivos presentes na rede Profibus DP seja feita a partir do barramento principal. Geralmente, o próprio conector da rede Profibus tem entrada e saí- da. Na Figura 25 um exemplo de conexão em rede PROFIBUS DP. 72 UNIUBE Figura 25 - Exemplo de conexão da rede PROFIBUS DP Fonte: WEG (2009, p. 11) Como podemos observar na Figura 25, a blindagem do cabo deve ser aterrada, nesse caso, o próprio conector dispõe de uma entra- da para aterramento. 3.3 Ethernet A Ethernet está ganhando mais popularidade na automação indus- trial. Muito comum em computadores pessoais e outros dispositi- vos, o protocolo Ethernet/IP e PROFINET são de aplicação indus- trial e são construídos sobre os protocolos TCP/IP, estas interfaces utilizam hardware e software já estabelecidos. Entretanto, um pro- blema comum é a falta de mão de obra qualificada que conheça os fundamentos de TI (Tecnologia da Informação) e automação indus- trial. Segue a Figura 26, mostrando a flexibilidade da rede. UNIUBE 73 Figura 26 - Plataforma Sinamics S120 da Siemens, mos- trando a flexibilidade da Ethernet Industrial Fonte: Bernard e Company (2012) 3.3.1 PROFINET PROFINET é um padrão técnico para comunicação de dados por meio da Ethernet Industrial, projetado para coletar dados e con- trolar equipamentos em sistemas industriais. O padrão é mantido e apoiado pela Profibus e Profinet International, uma organização sediada na Alemanha. A PROFINET tem duas perspectivas: • PROFINET CBA • PROFINET I/O 74 UNIUBE O PROFINET CBA e I/O podem trabalhar separados ou combina- dos, portanto, três níveis de protocolo são definidos: • TCP/IP para dados não críticos e com tempos de resposta na faixa de 100 ms. • RT (Tempo Real) para aplicações PROFINET I/O, até 1 ms de tempo do ciclo. • IRT (Tempo Real Isocrônico) para aplicações em sistemas de acionamentos com tempos de ciclos inferiores a 1 ms. Esse protocolo pode ser gravado e exibido usando a ferramentas que analisa tráficos de redes. SAIBA MAIS Para conhecer com mais detalhes esse protocolo, leia: <http:// www.profibus.org.br/downloads/pdfs/Profinet%20set%202010. pdf>. Acesso em: 23 jan. 2017. 3.3.2 ETHERNET/IP O desenvolvimento da Ethernet/IP começou nos anos 90 dentro de um grupo de trabalho técnico da ControlNet International (IC), uma outra organização de comércio e padrões. Porém, em 2009, uma associação internacional cujos membros compõem as principais empresas de automação industrial do mundo (ODVA), formou um acordo com a IC para desenvolvimento da tecnologia. A Ethernet/ IP usa principalmente o padrão IEEE 802.3. UNIUBE 75 Características da Ethernet/IP: • Nós Ilimitados • 100 Mb Full/Duplex • As opções de fibra são disponíveis • Distância que varia de 100m (cabo) - 20km (fibra) • Gerenciamento de Rede na TA (Tecnologia da Automação) • Diagnóstico avançado • Sincronismo • Segurança AMPLIANDO O CONHECIMENTO Para se aprofundar no assunto de Ethernet Industrial, veja o vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=7EhaynO6B8I>. Acesso em: 23 jan. 2017. Para você conhecer um pouco do conceito de Ethernet na automa- ção industrial. 76 UNIUBE 3.4 HART/4-20 mA O protocolo de comunicação HART (Highway Addressable Remote Transducer - Via de Dados Endereçável por Transdutor Remoto), utiliza o padrão Bell 202 de chaveamento por deslocamento de fre- quência (FSK), para aplicar os sinais de comunicação digital sobre o sinal 4-20 mA (Figura 27). Sua vantagem mais notável é que ele pode se comunicar sobre o os padrões antigos 4-20 mA, comparti- lhando o par de fios usados. Figura 27 - O HART usa a tecnologia FSK para codifi- car a informação digital sobre o sinal 4-20 mA Fonte: <http://www.smar.com/Images/Hart-fig1.jpg>. Acesso em: 24 jan. 2017 A lógica binária de comunicação é 1200 Hz significa “0” e o estado 1 é na faixa de 2200 Hz, isto possibilita a comunicação digital em duas vias, sem interferir no sinal 4-20 mA. O protocolo se propa- ga a uma taxa de 1200 bits por segundo e permite uma aplicação tipo “mestre”, como é um protocolo de campo, responde apenas se “perguntado”. O mestre pode ser um SDCD (Sistema Digital de Controle Distribuído), CLP ou até um computador, podendo operar com dois mestres (Figura 28). UNIUBE 77 Figura 28 - Aplicação do protocolo HART com dois mestres Fonte: <http://pt.hartcomm.org/hcp/tech/aboutprotocol/ima- ges/Two_Masters.jpg>. Acesso em: 24 jan. 2017 SAIBA MAIS Caso queira mais detalhes do funcionamento e aplicação deste pro- tocolo, a leitura desse artigo é aconselhável: <www.smar.com/PDFs/ ApplicationNotes/AppNotes_HART.pdf>. Acesso em: 23 jan. 2017. 78 UNIUBE Considerações finais O campo das redes industriais é de vital importância para o fun- cionamento contínuo de todos os níveis de automação nas quais o equipamento físico deve ser controlado. Desde o advento dos primeiros protocolos, as redes industriais tornaram-se ampla- mente implementadas e estão sendo usadas em maior grau para atender uma ampla variedade de requisitos de controle, segurança e monitoramento. As redes industriais oferecem uma gama de benefícios desde sua instalação até o uso de instrumentos inteligentes garantindo uma integração global tanto dentro de um sistema de controle como das redes externas. É necessário um maior nível de compreensão para configurar e manter redes de controle. A grande variedade de protocolos pode tornar as escolhas de projeto difíceis e diminuir o nível interopera- bilidade entre os fornecedores de dispositivos, porém uma maior integração expõe as redes de controle a crimes cibernéticos. Em geral, os benefícios superam qualquer desvantagem e hoje a in- dústria está se adaptando às novas formas de comunicação. Rafael Rodrigues Barbosa Introdução Simulações automatizadas de processos e controle Capítulo 4 A mudança ou upgrade de uma planta industrial é uma tarefa difícil para qualquer organização, grande ou pequena. Para este propósito a modelagem de sistemas complexos, tais como fabricação, é uma tarefa árdua. A simulação ganhou importância nos últimos anos e permite aos projetistas imaginar novos sistemas e capacitá-los a quantifi car e observar o comportamento. Se o sistema é uma linha de produção, uma sala de operação ou um sistema de emergência, a simulação pode ser usada para estudar e comparar diagramas alternativos, ou para solucionar problemas de sistemas existentes. Com modelos de simulação, pode-se testar um sistema existente e alterá-lo para ver o comportamento, ou implementar um novo sistema antes que o protótipo seja completo, economizando custos e prazos. A simulação está vindo como uma tecnologia-chave para apoiar a indústria. Neste capítulo, iremos conhecer três programas de simulação e iremos testar alguns programas. Você poderá testar os programas em Ladder no Zeliosoft2, ou simular o funcionamento de um CLP com o STEP7 da Siemens ou CADe SIMU. • Conhecer o software ZelioSoft 2 • Desenvolver programas em Ladder para resolver problemas de engenharia • Simular um CLP S7-200 da Siemens • Criar um esquema de ligação de um CLP utilizando o software CADe SIMU 2.0 • Simular o funcionamento de programas desenvolvidos na linguagem Ladder • Simulação utilizando o Zeliosoft2 • Simulação utilizando o software STEP 7 da Siemens • Simulação utilizando o CADe SIMU 2.0 Objetivos Esquema Simulação utilizando o ZelioSoft 24.1 Diferentes técnicas de simulação podem ser utilizadas na solução dos mais variados tipos de problemas, o Software ZelioSoft (fre- eware) é uma opção para testar uma programação ou para treinar a linguagem Ladder e blocos funcionais. Nesta seção, iremos ver o procedimento de instalação e configuração do software e simular três exemplos para se ambientar com o programa. Primeiro, para instalar o programa você deve usar o sistema operacio- nal Windows. No link a seguir você irá fazer o download (Figura 29): UNIUBE 81 Link: <http://www.schneider-electric.com/products/br/bz/2800-reles -para-automacao/2810-reles-de-automacao/531-reles-inteligentes- zelio-logic/>. Acesso em: 24 jan. 2017. Figura 29 - ZelioSoft V4.6 para download Fonte: o Autor (2017) 82 UNIUBE Figura 30 - Extração do Software ZelioSoft2 Fonte: o Autor (2017) Abra o arquivo “autorun” e siga os procedimentos a seguir: Figura 31 - Instalação do software Zeliosoft2 Fonte: o Autor (2017) UNIUBE 83 Figura 32 - Instalação do Software Zeliosoft2 Fonte: o Autor (2017) Depois da instalação, abra o ícone na área de trabalho, e crie um novo programa. Figura 33 - Criar um programa no software ZelioSoft2 Fonte: o Autor (2017) 84 UNIUBE Selecione um módulo, pode ser qualquer um de sua preferência: Figura 34 - Escolha do módulo no Zeliosoft2 Fonte: o Autor (2017) UNIUBE 85 Vamos conhecer a área de trabalho do software Zeliosoft2: Figura 35 - Área de trabalho (Linguagem Ladder) do software Zeliosoft2 Fonte: o Autor (2017) 86 UNIUBE Figura 36 - Conhecendo as funções do software Zeliosoft Fonte: o Autor (2017) UNIUBE 87 a. Exemplo 1: será feito um programa para ligar uma lâmpada. Inicialmente, vamos selecionar um contato de entrada, basta clicar e arrastar o contato até a linha de programação, depois clique nas saídas digitais e selecione uma saída ([) como na Figura 37. Para juntar a parte inicial com a final, clique na linha pontilhada. Figura 37 - Montando o primeiro exemplo Fonte: o Autor (2017) Para simular o processo, clique no botão de simulação no canto direito de acordo com a Figura 38, depois no botão “Run” e logo em seguida acione o contato I1 no painel (Figura 39) e você verá a lâmpada acender. 88 UNIUBE Figura 38 - Selecionando a simulação do programa Fonte: o Autor (2017) UNIUBE 89 Figura 39 - Simulando o primeiro programa no software Zeliosoft Fonte: o Autor (2017) 90 UNIUBE Basta agora salvar seu programa. b. Exemplo 2: selo de chave instantânea com a opção de con- tato auxiliar. Nesse exemplo, vamos aprender a como selar uma entrada e aprender a utilizar o contato auxiliar. Monte o circuito de acordo com a Figura 40. Figura 40 - Circuito em Ladder simulando um selo de chave instantânea Fonte: o Autor (2017) Para deixar o contato I2 (NF), basta apertar com o botão direito do mouse em cima e selecionar (Normalmente Fechado). Para testar a chave instantânea, basta apertar com o botão direito do mouse no pequeno painel do lado direito (I1) para ligar e (I2) para desligar. Lembrando que você deve estar no modo simulação. c. Exemplo 3 - Circuito temporizador. Vamos desenvolver um circuito que é desligado depois de atuar um certo tempo. Veja na Figura 41, a estrutura do programa e como UNIUBE 91 colocar a função do temporizador. Para modificar as propriedades da função, aperte duas vezes com o botão esquerdo do mouse (Figura 42). Observe que você tem que fazer o selo com a entrada utilizando o temporizador. Lembre-se que para simular a chave instantânea, basta apertar com o botão direito do mouse no comando (I1). Figura 41 - Colocando a função temporizador na estrutura do programa Fonte: o Autor (2017) 92 UNIUBE Figura 42 - Propriedades da função temporizador Fonte: o Autor (2017) UNIUBE 93 4.2 Simulação utilizando o software STEP 7 da Siemens O STEP 7 é uma ferramenta de automação da família SIMATIC S7. Por meio desse software, você configura a parte do hardware (CLP), com o auxílio de pacotes adicionais pode configurar a rede local ou utilizar outras linguagens. Nesta seção, iremos simular o CLP S7-200 que é o micro CLP da família SIMATIC S7. Em 2015, o software STEP 7 Micro/Win com S7-200 foi retirado de operação no site oficial do Siemens, porém você pode encontrar nos links a seguir: Step 7 - Link: <https://drive.google.com/open?id=0B2NTncQ4De- 2-bDhJa0llZ1RhYjg>. Acesso em: 24 jan. 2017. S7-200 - Link: <https://drive.google.com/open?id=0B2NTncQ- 4De2-NC0tMUtpYm9xSGc>. Acesso em: 24 jan. 2017. Depois de instalado, abra, na tela inicial selecione “Program Block”, depois irá aparecer as linhas de programação para inserir uma ins- trução basta seguir a Figura 43. 94 UNIUBE Figura 43 - Conhecendo o STEP 7 da Siemens Fonte: o Autor (2017) UNIUBE 95 Neste software você deverá nomear as entradas e saídas. Veja na Figura 44. Figura 44 - Nomeando as instruções no STEP 7 Fonte: o Autor (2017) 96 UNIUBE Agora iremos simular um programa do CLP para automatizar um carro transportador que deve funcionar da seguinte maneira: o ope- rador pressiona um botão B1 para dar o comando que irá ligar o motor na direção preferencial do sensor S1. Uma vez que o sensor de fi m de curso S1 acionado irá no movimento inverso chegando em outro sensor fi m de curso S2. A Figura 45 representa como deve ser o processo. Por fi m, um botão de parada B2. Figura 45 - Representação do processo de auto- matização do carro transportador Fonte: o Autor (2017) Para resolver o problema, faça uma tabela nomeando as entradas e saídas, ou seja, endereçando sua lógica, monte o programa de acordo com a Figura 46. B1 I0.0 B2 I0.1 S1 I0.2 S2 I0.3 Q1 Q0.0 Q2 Q0.1 UNIUBE 97 Figura 46 - Programa do carro transportador Fonte: o Autor (2017) 98 UNIUBE Depois de montar a estrutura do programa, nomeie o projeto e ex- porte o arquivo, de acordo com a Figura 47. Figura 47 - Exportando o arquivo do projeto Fonte: o Autor (2017) UNIUBE 99 Depois, abra o projeto no simulador de CLP S7-200 da Siemens (Figura 48). Figura 48 - Carregar projeto no S7-200 da Siemens Fonte: o Autor (2017) 100 UNIUBE Depois de carregado, teste o programa com o painel de ligamento, ligando em I0.0 depois simulando o sensor de fim de curso (I0.2 e I0.3) e veja as saídas responderem ao seu comando. Ampliando conhecimento Caso queira ver mais funções do STEP 7, veja essa apostila: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAeq8AAI/apostila-clp-sie- mens-step7-avancado#>. Acesso em: 24 jan. 2017. 4.3 Simulação CADe SIMU 2.0 CADE SIMU é um software de CAD eletrotécnico gratuito que per- mite que você monte diagramas elétricos e programas em Ladder, e é possível criar simulações dos seus diagramas e programas. Existem algumas peculiaridades no software, pois todo o compo- nente é ativado quando existe uma passagem de corrente, inclusi- ve os diagramas de Ladder, portanto a lógica muda um pouco. Você pode fazer o download no seguinte link: <https://drive.google. com/open?id=0B2NTncQ4De2-cXVEcGZ4UnFlbW8>. Acesso em: 24 jan. 2017. Na Figura 49, segue um exemplo de montagem de um CLP ligando um motor trifásico. UNIUBE 101 Figura 49 - Exemplo de esquemas de ligação de um CLP, diagra- ma de potência de um motor trifásico e a programação Ladder Fonte: o Autor (2017) 102 UNIUBE Ampliando o conhecimento Segue o link da montagem e simulação do exemplo da Figura 49. Link:<https://drive.google.com/open?id=0B2NTncQ4De2-VD- dhRUlNT1RHdDQ>. Acesso em: 24 jan. 2017. Saiba mais Caso queira saber mais detalhes do software CADe-SIMU, sugiro ver o vídeo a seguir: <https://www.youtube.com/watch?v=mlYo38UsngU>. Acesso em: 24 jan. 2017. Descrição: apresentação do software CADe-SIMU e primeiras simulações. UNIUBE 103 Considerações finais A utilização da simulação computacional é um recurso valioso, po- dendo ser agregado ao valor do projeto de automação. Os produ- tos disponíveis no mercado possuem ferramentas para o desenvol- vimento e modelagem de simulações industriais. Os modelos gratuitos têm uma faixa interessante de recursos para desenvolver um projeto complexo, mas caso queira combi- nar modelos mais robustos, você precisará de um software pro- fissional pago. Constatamos que a simulação facilita a realização de atividades de engenharia relacionadas com a instalação e otimização de siste- mas de controle em plantas reais, e que os softwares que estuda- mos são interessantes para efeito didático e para criar um projeto piloto de automação.
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