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HERANÇA DIGITAL NO BRASIL: O DESTINO DOS BENS DIGITAIS APÓS A MORTE DO SEU TITULAR Eduarda Vívian Gontijo Silva1 Gabriela Rabelo Resende2 Resumo: O presente trabalho expõe acerca da herança digital no Brasil e possui como objetivo geral investigar o que ocorre na hipótese de morte do titular de bens digitais no país; e se eles devem estar integrados no inventário do falecido, no caso de não haver manifestação em vida do de cujus sobre esse acervo, considerando que não há regulamentação legislativa brasileira sobre herança digital. Além disso, a pesquisa baseia-se, especialmente, em doutrinas, legislações e artigos científicos, tratando, então, de uma metodologia descritiva, cujo método utilizado é o hipotético- dedutivo, em razão da formulação de um problema de pesquisa, bem assim, de uma hipótese. No mais, explica-se a ausência de legislação específica brasileira, por se tratar de um tema recente, o que gera insegurança jurídica. Entretanto, ao longo do trabalho, será possível notar que os capítulos abrangem assuntos e tópicos basilares bem como essenciais, contribuindo, dessa forma, para melhor entendimento acerca da herança digital no Brasil. Por fim, justifica-se a escolha do tema por ser atual, possuir divergências doutrinárias e alguns projetos de lei, e também, por ser relevante para o Direito e para a sociedade atual, pois, nos últimos anos, as pessoas passaram a acumular muitos bens no ambiente virtual, e, com isso, veio a preocupação em como proceder a sucessão desse patrimônio digital. PALAVRAS-CHAVE: Direito das Sucessões. Herança. Herança digital. Bens digitais. Abstract: The present work exposes about the digital heritage in Brazil and has as general objective to investigate what happens in the hypothesis of death of the holder 1 Acadêmica do curso de Direito da Instituição de Ensino Superior (IES) da rede Ânima Educação. E- mail: eduardavivian21@gmail.com 2 Acadêmica do curso de Direito da Instituição de Ensino Superior (IES) da rede Ânima Educação. E- mail: gabriela.rabeloresende@gmail.com Artigo apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de Graduação em Direito da Instituição de Ensino Superior (IES) da rede Ânima Educação. 2021. Orientador: Prof. Gilberto de Andrade Pinto, Mestre. mailto:eduardavivian21@gmail.com of digital assets in the country; and whether they should be included in the deceased's inventory, in the event that there is no statement while the deceased about this collection, considering that there is no Brazilian legislative regulation on digital heritage. In addition, the research is based, especially, on doctrines, legislation and scientific articles, dealing, then, with a descriptive methodology, whose method used is the hypothetical-deductive, due to the formulation of a research problem, as well, of a hypothesis. Furthermore, the absence of specific Brazilian legislation is explained, as it is a recent issue, which generates legal uncertainty. However, throughout the work, it will be possible to note that the chapters cover basic as well as essential subjects and topics, thus contributing to a better understanding of the digital heritage in Brazil. Finally, the choice of the topic is justified because it is current, has doctrinal divergences and some bills, and also because it is relevant to the Law and to today's society, because, in recent years, people have accumulated many assets in the virtual environment, and with that came the concern about how to proceed with the succession of this digital heritage. KEYWORDS: Probate Law. Heritage. Digital heritage. Digital goods. 1 INTRODUÇÃO Nos últimos anos, houve o aumento do número de bens digitais, em razão da facilidade de acesso ao ambiente virtual. Além disso, nota-se que as pessoas passaram a acumular muitos destes bens, o que, consequentemente, acarretou aumento do patrimônio digital. Diante disso, o tema do presente trabalho se refere à transmissão e ao destino dos bens digitais após a morte de seu titular, sendo analisado com base na herança digital. Este artigo trata, ainda, especificamente, sobre herança digital no Brasil, de forma a entender melhor sobre o que ocorre na hipótese de morte do titular de bens digitais no país e se eles devem estar integrados no inventário do falecido, caso não haja manifestação, em vida, do de cujus sobre esse acervo, ressaltando que não há regulamentação legislativa brasileira acerca dessa temática. No mais, a metodologia usada foi a descritiva, logo, o estudo é baseado em doutrinas, legislações e artigos científicos. O método utilizado foi a abordagem qualitativa, pois a pesquisa foi baseada em interpretação teórica e na formulação de um problema/hipótese a respeito do tema, ressaltando que outro critério usado foi o hipotético-dedutivo. Em relação aos capítulos, o primeiro versa sobre os bens jurídicos, discorrendo acerca da definição, da classificação quanto à visão clássica e à visão moderna, bem como, acerca da informação e do valor existencial tido como bens jurídicos. Já o segundo capítulo refere-se aos bens digitais, trazendo sobre eles, o contexto histórico em que surgiram, conceituação e natureza jurídica. O terceiro capítulo aborda, brevemente, sobre as regras do Direito das Sucessões. O quarto capítulo é um dos mais importantes, pois pontua a relação da herança digital, a definição, as divergências doutrinárias, bem como, exemplos e o que se entende acerca do assunto. Por último, traz o capítulo que diz respeito à legislação brasileira e herança digital. Nesse é mostrado, basicamente, projetos de lei no Brasil; isso, porque, até este momento, como já foi dito não há lei brasileira que trata acerca da herança digital. Diante disso, percebe-se que o propósito deste trabalho é, especialmente, demonstrar acerca da transmissão post mortem dos bens digitais, sobre a qual há uma corrente que dispõe que ela pode ocorrer de forma irrestrita, e há outra corrente que defende que a transmissão deve ser restrita, o que justifica a divergência existente sobre o tema. Ademais, com base neste trabalho, é possível inferir que esses dois posicionamentos são a regra, posto que a exceção é quando o de cujus manifesta, de forma contrária, sua vontade através de testamento ou codicilo. Por fim, certifica-se que este assunto é de grande valia para o Direito e para a sociedade, haja vista que a herança digital é algo inevitável nos dias atuais, porque a maioria das pessoas acessam o ambiente virtual e, com isso, acumulam muitos bens digitais. Por isso, justifica-se a escolha do presente trabalho, porque questões ligadas ao destino dos bens digitais estão se tornando cada vez mais comuns, sendo que é preciso a consolidação do entendimento, bem como, a criação de lei brasileira específica sobre o assunto, a fim de garantir segurança jurídica. 2 BENS JURÍDICOS Os bens jurídicos, muitas vezes, são estudados com base em doutrina, pois, apesar de ser possível encontrar disposição legal sobre eles no Código Civil Brasileiro de 2002, especificamente, no livro II, constata-se que esta lei não traz o conceito nem todas as classificações de bens, por exemplo. Então, conforme doutrina, os bens jurídicos são analisados sob duas visões, as quais são: visão clássica e visão moderna. No tocante à visão clássica, entende-se que os bens são o objeto da relação jurídica, a qual é um dos elementos do direito subjetivo, e, por isso, também é possível dizer que eles são o objeto do direito subjetivo. Ainda, para essa visão, os bens se manifestam na parte exterior da pessoa, uma vez que eles são considerados como a materialização do desejo e da necessidade daquela. Em relação à visão moderna, desde já, infere-se que, diferente da visão clássica, ela é mais ampla, quandodiz respeito ao conceito do que são os bens jurídicos. Isso, porque, para a visão moderna, o objeto constitui em algo que vai além dos meros bens, pois, leva em consideração que há uma divisão do objeto em imediato e mediato. Dessa forma, a fim de explicar essa classificação, segundo Francisco Amaral (2003 apud Zampier, 2021, p. 47), o objeto imediato se configura em atividade, ação ou omissão, bem como, em comportamento dos sujeitos. Já, o objeto mediato consiste nas “coisas propriamente ditas sobre as quais incidiria aquele comportamento” (AMARAL, 2003 apud Zampier, 2021, p. 47). Em relação ao conceito dos bens digitais, Bruno Zampier diz que: “As pessoas possuem necessidades, desejos e fins a serem perseguidos. No exercício de sua autonomia privada irão procurar manifestar sua vontade com a intenção de satisfazer essas contingências, como forma de alcançar êxito em sua realização existencial. Para que esse resultado se efetive, as pessoas terão que buscar os instrumentos adequados, residindo aí então a categoria dos bens jurídicos, como sendo exatamente esses meios aptos a satisfazer aquelas necessidades.” (ZAMPIER, 2021, p. 47-48) Nesse sentido, infere-se que o homem, ao exercer sua autonomia privada, de forma a buscar a sua realização existencial, bem como, a satisfação de seus desejos e de suas necessidades, utiliza-se dos bens jurídicos. Assim, compreende-se que estes bens são instrumentos aptos, ou melhor, meios adequados, que através deles, a pessoa pode ter sua vontade efetivada, seja ela de cunho patrimonial, existencial ou patrimonial-existencial. Ademais, da análise do Código Civil, é possível perceber que há a classificação dos bens jurídicos em: imóveis e móveis, fungíveis e consumíveis, divisíveis, singulares e coletivos. Não obstante, a classificação que importa para o presente trabalho é aquela que os divide em bens jurídicos incorpóreos e corpóreos, a qual não está prevista na referida lei. Então, recorre-se à doutrina, a qual, classicamente, expõe que a diferença básica entre os bens jurídicos incorpóreos e corpóreos possui relação com o termo tangibilidade. Além disso, conforme dicionário, sabe-se que tangibilidade consiste em: “qualidade ou caráter de tangível” (DICIO, 20–, on-line), e, tangível é “que se consegue tocar; que pode ser apalpado; tocável. Que se pode perceber através do tato; corpóreo” (DICIO, 20–, on-line). Ainda, de forma a ratificar o que foi dito no parágrafo anterior, nota-se que: “O critério classicamente construído para traçar a distinção entre essas categorias residiria na tangibilidade (possibilidade de serem tocadas).” (ZAMPIER, 2021, p. 52) Destarte, os bens jurídicos incorpóreos são aqueles que possuem existência abstrata, ou seja, são imateriais. Já, quanto aos bens jurídicos corpóreos, há que se dizer que diferente dos bens incorpóreos, eles possuem existência material. Porém, há doutrinadores, como é o caso de Caio Mario da Silva Pereira que critica isto: “Não é a tangibilidade, em si, que oferece o elemento diferenciador, pois há coisas corpóreas naturalmente intangíveis, e há coisas incorpóreas que abrangem bens tangíveis, como é o caso da herança ou do fundo de comércio, considerados em seu conjunto como bens incorpóreos, apesar de se poderem integrar de coisas corpóreas [...]” (PEREIRA, 2009a apud ZAMPIER, 2021, p. 52-53) Além do mais, outro assunto pertinente a este capítulo diz respeito a informação ser tratada como um bem jurídico, tendo em vista o conceito acima exposto. Contudo, primeiramente, faz necessário dizer que não são todas as informações que podem ser tratadas como bem jurídico, em razão de que há critérios que as definem como tal. Sobre isso, Bruno Zampier assevera que para que a informação seja considerada um bem jurídico, ela: “a) pode ser objeto de uma relação jurídica; b) os bens podem ter caráter patrimonial ou não; c) é possível se conceber bens com fruição múltipla; d) há possibilidade de sua tutela jurídica.” (ZAMPIER, 2021, p. 54) Logo, a informação, para ser tratada como bem jurídico, precisa: ter utilidade, por isso, ela será objeto da relação jurídica; ter caráter patrimonial ou não, então, é possível dizer que este requisito refere-se à possibilidade de apresentar característica econômica, não sendo uma exigência; ter serventia a mais de uma pessoa, o que indica a fruição múltipla; e, por último, ser tutelada juridicamente, isto é, tanto a informação criativa quanto a informação não original merecem ser protegidas. Além do mais, não só a informação, mas também o valor existencial pode comportar-se como bem jurídico. No que diz respeito a isto, Bruno Zampier afirma que: “Hoje não há dúvidas de que certos bens que integram a personalidade humana podem ser sim objeto de relações jurídicas, sem que com isso se diga que a pessoa que o detém tenha deixado de ser seu titular. Pense-se no exemplo da imagem. Na civilização do espetáculo, como visto, a imagem é um dos atributos mais explorados pela pessoa, a fim de se alcançar status, sendo reconhecida pelo outro. Mostra-se como fundamental que essa imagem, enquanto direito da personalidade, seja tutelada pelo ordenamento como verdadeiro bem jurídico inerente ao ser.” (ZAMPIER, 2021, p. 58-59) Nessa perspectiva, é possível dizer que com o fim da escravidão, o homem não mais foi tratado como propriedade de outrem, ou seja, como objeto da relação jurídica. Todavia, nos dias atuais, não é difícil verificar que existem bens jurídicos que estão ligados ao direito da personalidade, tal como é o caso do direito da imagem, sendo que quanto a isto, nota-se que não há a objetivação do ser humano, pois o que se percebe é a projeção objetiva deste. 3 BENS DIGITAIS Primeiramente, pontua-se que os bens digitais surgiram em um momento concomitante ao surgimento do ambiente virtual, tendo isso ocorrido em meados da década de 1970. Além disso, em relação a esse contexto histórico, sabe-se que ele também reflete a origem da Internet, a qual é responsável por criar uma sociedade digital, bem como, uma infinidade de bens digitais, isso, em razão da Internet ter se tornado popular em todo o planeta através do uso, cada vez mais comum, dos computadores e dos smartphones. No mais, com o passar dos anos, é possível notar que houve um aumento de bens digitais, haja vista que isso é um reflexo dos momentos históricos vividos. E, pode-se afirmar que, consequentemente, o patrimônio, passível de herança, tornou- se ainda mais amplo. Dessa forma, pode-se dizer que muitas pessoas nem imaginam que aquilo que elas fazem nas redes sociais, e, de forma geral, no ambiente virtual, pode integrar o seu inventário. Isto, porque são exemplos de bens digitais: milhas aéreas, moedas virtuais, e-mails, livros digitais, músicas on-line, entre outros. Além disso, com base em doutrinas, expõe-se sobre a definição dos bens digitais. Veja-se: “[...] Estes seriam aqueles bens incorpóreos, os quais são progressivamente inseridos na Internet por um usuário, consistindo em informações de caráter pessoal que trazem alguma utilidade àquele, tenha ou não conteúdo econômico.” (ZAMPIER, 2021, p. 63-64) “[...] bens digitais são bens imateriais representados por instruções codificadas e organizadas virtualmente com a utilização linguagem informática, armazenados em forma digital, seja no dispositivo do próprio usuário ou em servidores externos como no caso de armazenamento em nuvem, por exemplo, cuja interpretação e reprodução se opera por meio de dispositivos informáticos (computadores, tablets, smartphones dentre outros), que poderão estar ou não armazenado no dispositivo de seu próprio titular, ou transmitidos entre usuários de um dispositivo para outro, acesso via download de servidores ou digitalmente na rede, e podem se apresentar ao usuário.” (FACHIN; PINHEIRO, 2018apud TEIXEIRA; KONDER, 2021, p. 28) Destarte, entende-se que os bens digitais são todos aqueles bens acumulados pelo usuário no ambiente virtual. Ainda, que sejam tipos de bens jurídicos, uma vez que são compostos por informações, com relevância jurídica, porém o que é mais importante, são úteis. Ademais, foi falado que eles são classificados como bens incorpóreos, denominados também, de bens imateriais, pois sua existência se dá no ambiente virtual, logo, não são palpáveis. Em relação aos bens digitais, Bruno Zampier acrescenta que: “Para denominar este verdadeiro patrimônio, dois têm sido os nomes principais, cunhados especialmente nos Estados Unidos, uma vez que o tema no Brasil ainda não mereceu a detida atenção. Assim, é cada vez mais comum encontrar as expressões: digital assets e digital property.” (ZAMPIER, 2021, p. 61) Assim, nota-se que o direito estrangeiro está atento aos novos bens digitais, já cunhando, até mesmo, expressões, como é o caso dos Estados Unidos, os quais trouxeram as seguintes expressões: digital assets e digital property, que, respectivamente, significam ativos digitais e propriedade digital. Além disso, sobre os bens digitais, faz-se interessante discorrer acerca de sua natureza jurídica, sendo possível afirmar que eles se dividem em três categorias, quais sejam, patrimoniais, existenciais e patrimoniais-existenciais, segundo expõe a citação a seguir: “Os bens digitais patrimoniais são aqueles cuja natureza é meramente econômica, a exemplo das moedas virtuais (Bitcoins), milhas aéreas, itens pagos em plataformas digitais; já os bens digitais existenciais (ou bens sensíveis), por sua vez, possuem natureza personalíssima, podendo ser exemplificados através dos perfis de redes sociais, blogs, correio eletrônico, mensagens privadas de aplicativos como o WhatsApp, entre outros; e, por último, os bens de caráter híbrido, os bens digitais patrimoniais-existenciais (ou patrimoniais-personalíssimos), os quais perfazem um misto de economicidade e privacidade, como ocorre com os influenciadores digitais, que são monetizados através da exploração de postagens de natureza pessoal, a exemplo da plataforma do Instagram ou Youtube.” (CARVALHO; GODINHO, 2019 apud ROSA; BURILLE, 2021, p. 247) Primeiramente, no que tange aos bens digitais patrimoniais, considera-se que são aqueles que possuem natureza econômica, visto que estes bens produzem repercussões de cunho econômico. Também, por serem patrimoniais, remetem-se a ideia de patrimônio, o qual consiste em um conjunto de bens pertencentes a alguém, ou seja, titular, e que sejam estimáveis economicamente. Bruno Zampier explana que: “Estes bens seriam manifestações da existência de interesses patrimoniais de seus titulares no ambiente virtual, como demonstrado no item 4.2, ao se falar da importância dos bens digitais. Relembre-se de que foram dados vários exemplos desses interesses no citado item, tais como as moedas virtuais, as milhas aéreas, e as ferramentas que incrementam os desafios em jogos de videogames. Além desses exemplos, vale registrar também que com a expansão dos livros, filmes e músicas em formatos digitais, milhões de usuários estão diuturnamente a formar bibliotecas, videotecas e discotecas no mundo virtual. Dezenas de softwares permitem a aquisição lícita desses arquivos, a partir do pagamento de valores variáveis. Ao realizar o download, o usuário terá a possibilidade de armazená-los em hardwares, tais como discos de memória, para acessá-los quando bem entender, ou, ainda, mantê-los armazenados remotamente em uma conta digital, acessada mediante a inserção de senhas.” (ZAMPIER, 2021, p. 79-80) Isto posto, confirma-se que os bens digitais patrimoniais são aqueles que carregam com eles o caráter econômico, sendo que, para Ana Carolina Brochado Teixeira e Carlos Nelson Konder os “exemplos dessa categoria são moedas virtuais (como bitcoins), milhas, sites, aplicativos, cupons eletrônicos e bens utilizados dentro de economias virtuais de jogo on-line. [...]” (TEIXEIRA; KONDER, 2021, p. 31). Ademais, estes autores supracitados expõem que: “Faz sentido considerar que outros bens que seguem a lógica do acesso também podem ser caracterizados por bens de cunho patrimonial, tal como aqueles obtidos por meio do streaming, locação para temporadas (como airbnb), para uso (tal qual um uber) etc. [...]” (TEIXEIRA; KONDER, 2021, p. 31) Ainda, no tocante à ligação entre a importância dos bens digitais e sua natureza jurídica, infere-se que quando se fala da importância deles, baseia-se em dois fatores, quais sejam: valor econômico e valor sentimental. Dessa forma, não restam dúvidas de que a importância dos bens digitais no que concerne ao valor econômico liga-se aos bens digitais patrimoniais. Isso, porque, os bens de valor econômico consistem naqueles em que o usuário precisa desembolsar algum valor pecuniário para acessá-los ou que decorre da compra de outro bem. No que toca aos bens de valor sentimental, entende-se que constituem naqueles em que os arquivos são armazenados, de forma gratuita, na Internet. Então, com isso, fica claro que os bens de valor sentimental possuem ligação com bens digitais existenciais, haja vista que estes possuem natureza personalíssima e não econômica, pois produzem repercussões extrapatrimoniais. Também, Bruno Zampier traz alguns exemplos de bens digitais existenciais. Veja-se: “Portanto, teriam essa natureza os arquivos de fotografias pessoais armazenados em nuvens ou redes sociais, os vídeos, com imagem-voz e imagem-retrato do próprio sujeito que estejam arquivados ou foram publicados, as correspondências trocadas com terceiros, seja por meio de e- mail, seja por meio de outro serviço de mensagem virtual, dentre outros.” (ZAMPIER, 2021, p. 117) No mais, quanto aos bens digitais patrimoniais-existenciais, nota-se que são bens híbridos, ou seja, eles possuem, ao mesmo tempo, características dos bens digitais patrimoniais e dos bens digitais existenciais. Sobre os bens digitais patrimoniais-existenciais, Bruno Zampier diz que: “À medida em que as pessoas passam a se interessar por aquele endereço eletrônico, esta audiência pode ser convertida em recursos financeiros, num processo conhecido por ‘monetização’. Logo, o que a princípio era apenas fruto de uma liberdade de expressão, torna-se um rentável negócio. O blog ou canal no youtube se torna um relevante ativo digital de natureza híbrida: só existirá por força da intelectualidade do seu administrador, ao mesmo tempo em que lhe gera recursos econômicos.” (ZAMPIER, 2021, p. 118) Desse modo, constata-se que os bens digitais patrimoniais-existenciais possuem natureza econômica e personalíssima, dado que em razão de existir pessoas interessadas no que o titular diz, ou melhor, sobre o que ele insere no ambiente virtual, ele concomitantemente, passa a ser rentabilizado. Outrossim, são exemplos de bens digitais patrimoniais-existenciais: “Os perfis em redes sociais e canais no Youtube podem ser exemplos que se enquadram em situações existenciais – quando feito para realização pessoal, registros de memórias familiares etc. –, ou dúplices, quando a inserção dos dados pessoais na Internet se presta a objetivos financeiros, como é o caso dos blogueiros, influencers e youtubers. [...]” (TEIXEIRA; KONDER, 2021, p. 34) “Outro exemplo de situação jurídica dúplice relativa aos bens digitais são os social games. Trata-se de jogos eletrônicos casuais, simples, cujos participantes interagem entre si, e que ajudam a construir a identidade no ciberespaço. [...]” (TEIXEIRA; KONDER, 2021, p. 35) “[...] Às vezes, é necessário gasto de dinheiro (real) para determinados social games, o que acaba por gerar um risco ainda maior da patrimonialização da identidade virtual.” (TEIXEIRA; KONDER, 2021, p. 36) Por fim, diante doque foi exposto, o que se pode dizer é que foram estudados conteúdos essenciais, para que se possa entender melhor o tema, herança digital, especialmente, no que diz respeito a natureza jurídica dos bens digitais. 4 DIREITO DAS SUCESSÕES Com base no art. 5º, inciso XXX, da CF, sabe-se que: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXX – é garantido o direito de herança”. (Constituição da República Federativa do Brasil de 1988) É possível inferir que o Direito das Sucessões possui fundamento na lei mais importante que rege a legislação brasileira, isto é, a Constituição Federal de 1988. O Direito das Sucessões encontra previsão legal no Livro V, do Código Civil Brasileiro de 2002, o qual traz inúmeras regras sobre como proceder a transmissão do patrimônio do de cujus. No mais, é importante salientar que o que dá início ao Direito das Sucessões é a morte, a qual pode ser real ou presumida, sendo que o art. 6º, do Código Civil, assevera que: “a existência da pessoa natural termina com a morte”. Ainda, em texto de Heloisa Helena Barboza e Vitor Almeida, verifica-se que: “Um dos efeitos jurídicos da morte mais cogitado é a transmissão da herança, objeto do direito das sucessões. Com o falecimento do titular, a personalidade se extingue e há perda da titularidade exercida sobre todos os bens, exceção feita aos direitos vinculados à personalidade, que igualmente perecem, como acima indicado. Ocorre, em consequência, a sucessão, a continuidade em outrem de uma relação jurídica que cessou para o respectivo sujeito. Conforme doutrina clássica de Carlos Maximiliano, ‘sucessão é a transmissão de direitos’, uma alteração da titularidade que pode ocorrer em vida (inter vivos) ou após a morte (causa mortis). No primeiro caso a sucessão na titularidade se dá, no geral, a título singular; no segundo pode ocorrer a título universal, configurando a transmissão da herança e/ou a título singular, hipótese na qual se transmite um legado.” (BARBOZA; ALMEIDA, 2021, p. 9) Dessa forma, com base no art. 1.784, do CC, o qual possui conformidade com o Princípio de Saisine, entende-se que “aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários”. Assim, é possível dizer que todos os direitos e obrigações são herdados, com exceção daqueles que possuem natureza personalíssima, haja vista que se extinguem com a morte do de cujus. Ademais, conforme art. 1.786, do CC, o qual atesta: “a sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade”, depreende-se que há duas modalidades de sucessão, quais sejam: legítima e testamentária. Primeiramente, no que diz respeito a sucessão legítima, entende-se que ela provém da lei, sendo que ocorre quando o autor da herança não deixa testamento, ou, quando não contempla a integralidade do patrimônio. Ainda, sobre a sucessão legítima, constata-se que há uma ordem de vocação hereditária, conforme informa o art. 1.829, do CC. “Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; III - ao cônjuge sobrevivente; IV - aos colaterais.” (Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002) Em relação à sucessão testamentária, entende-se que ela decorre de manifestação de última vontade do de cujus, seja expressa através de testamento, seja expressa através de codicilo. Com base no art. 1.857, do Código Civil, infere-se que o de cujus, através de testamento, pode dispor de todos “os seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte. O art. 1.881, do Código Civil, determina que: “Art. 1.881. Toda pessoa capaz de testar poderá, mediante escrito particular seu, datado e assinado, fazer disposições especiais sobre o seu enterro, sobre esmolas de pouca monta a certas e determinadas pessoas, ou, indeterminadamente, aos pobres de certo lugar, assim como legar móveis, roupas ou joias, de pouco valor, de seu uso pessoal.” (Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002) Quando se analisa a sucessão testamentária, é possível inferir que o titular, ora falecido, ao dispor sobre o seu patrimônio, se vale da autonomia privada. Por fim, é importante dizer que esse capítulo abordou de forma breve sobre Direito das Sucessões, deixando claro que este direito abarca muito mais conteúdos e regras do que aqui expostos. 5 HERANÇA DIGITAL Faz-se, necessária, uma breve pontuação, no sentido das informações vistas até o momento e que se mostram válidas para o estudo do presente capítulo, haja vista que, foram expostos, de forma precisa, assuntos basilares e essenciais, que contribuirão para melhor entendimento acerca de herança digital. Assim, no que diz respeito à herança digital, conforme o arquivado Projeto de Lei n.º 4.847, de 2012, nota-se que: “Art. 1.797-A. A herança digital defere-se como o conteúdo intangível do falecido, tudo o que é possível guardar ou acumular em espaço virtual, nas condições seguintes: I – senhas; II – redes sociais; III – contas da Internet; IV – qualquer bem e serviço virtual e digital de titularidade do falecido.” (Projeto de Lei nº 4.847/2012) Dessa forma, da análise da citação supra, bem como, com base no conceito de herança no Direito das Sucessões, entende-se que herança digital é formada pelo acervo ou patrimônio digital, ou seja, o conjunto de bens jurídicos, especificamente, bens digitais acumulados pelo titular falecido no ambiente virtual. Destarte, nota-se que neste conceito dado, estão incluídos todos os bens digitais, tal como os patrimoniais, existenciais e patrimoniais-existenciais. Entretanto, conforme observa-se nas doutrinas, é preciso dizer que há divergências em relação à transmissão da herança digital em sua totalidade. Isso, em razão, especialmente, dos bens digitais que possuem natureza jurídica existencial e patrimonial-existencial, o que será visto adiante. “Na doutrina, dois entendimentos sobre o tema têm se firmado. De acordo um primeiro posicionamento, haveria a transmissão de todos os conteúdos como regra, exceto se houvesse manifestação de vontade do próprio usuário em vida em sentido diverso, na esteira dos fundamentos utilizados pelo Bundesgerichtshof – BGH. Uma segunda corrente doutrinária defende a intransmissibilidade de alguns conteúdos, sobretudo quando houver violação a direitos da personalidade.” (HONORATO; LEAL, 2021, p. 144) Então, desde já, é possível verificar que sobre o tema paira dois entendimentos doutrinários, os quais são diferentes, o que justifica a divergência existente. Um deles consiste, no fato, da transmissão da herança digital seguir os mesmos ditames da herança convencional. Logo, sendo uma transmissão de forma imediata, em conformidade ao Princípio de Saisine, como também, uma transmissão irrestrita, ou seja, todos os bens que compõem o patrimônio digital pode ser objeto de inventário. “‘[...] [s] e o que se visa tutelar é o caráter existencial do conteúdo, protegendo-se a privacidade, intimidade e personalidade do morto ou de terceiros, essa tutela teria que ser feita independentemente do meio no qual esse conteúdo personalíssimo se materializa’. Dito diversamente, seria ‘incoerente permitir a transmissão de cartas, diários e informações confidenciais e vedar a transmissão daquelas armazenadas em nuvens ou nos servidores de plataformas digitais como o Facebook’. Issoporque o caráter existencial ou dúplice do bem jurídico digital a justificar a tutela da privacidade não derivaria da forma como tais informações são preservadas (se por meio analógico ou digital), mas, antes, do seu próprio conteúdo. E, ‘até o momento, nenhum ordenamento jurídico parece vetar os herdeiros de acessar cartas e fotos confidenciais guardadas no fundo do baú’”. (TERRA; OLIVA; MEDON, 2021, p. 60) Nesse sentido, conforme Aline de Miranda Valverde Terra, Milena Donato Oliva e Filipe Medon, os quais citam Laura Schertel Mendes e Karina Nunes Fritz, sendo estas adeptas à esta corrente supramencionada, infere-se que a possibilidade de transmissão de todos os bens digitais, inclusive bens digitais existenciais e patrimoniais-existenciais, ocorre em paridade à sucessão de diários e de cartas, por exemplo, pois não há lei que vete isto, bem como, em razão de que percebe-se, somente, que estes bens de naturezas semelhantes estão expostos em ambientes diferentes, quer dizer, ambiente físico e ambiente digital. Além disso, de acordo com a corrente supra, cita-se, como exemplo, importante julgado ocorrido na Alemanha, em 2012, no qual os pais de uma garota, que tinha 15 anos de idade quando faleceu, em Berlim, em uma estação subterrânea de metrô, ingressaram com ação contra o Facebook, pois esta empresa havia transformado a conta dela em “memorial” virtual, após a notificação de terceiro, e eles queriam acessar a referida conta, a fim de esclarecer acerca da causa e das circunstâncias da morte, bem como, “obter provas a serem utilizadas em sua defesa na ação judicial por danos morais movida pelo condutor do transporte público” (TERRA; OLIVA; MEDON, 2021, p. 59), pois este disse ter ficado abalado emocionalmente em razão do suposto suicídio da adolescente. Em relação a este caso, sabe-se que os pais recorreram da decisão, a qual foi reformada em segunda instância, sendo que o Bundesgerichtshof – BGH, que se assemelha ao STF no Brasil, julgou da seguinte forma, conforme aponta Laura Schertel Mendes e Karina Nunes Fritz: Em síntese, a Corte Federal alemã reconheceu a pretensão dos pais, herdeiros únicos da menor, de ter acesso à conta e a todo o conteúdo nela existente, uma vez que essa pretensão decorre do contrato de consumo (contrato de utilização) existente entre a adolescente e o Facebook, o qual é transmissível aos herdeiros com a morte. Para a Corte, o direito sucessório à herança digital não se opõe aos direitos de personalidade post mortem da falecida, ao direito geral de personalidade do de cujus ou dos terceiros interlocutores, ao sigilo das comunicações, nem tampouco às regras sobre proteção de dados pessoais. (MENDES; FRITZ, 2019, p. 194) Já, o outro entendimento, diverge daquele, no que se refere a quais bens podem ser transmitidos, pois, para este segundo entendimento, entende-se que não são todos os bens digitais que podem integrar o inventário, sendo que os bens digitais de natureza existencial ou patrimonial-existencial, não poderão integrá-lo. Em relação a esse tipo de bem digital, ou seja, patrimonial-existencial é importante dizer o que não integra no inventário é o seu aspecto existencial, pois é permitido que o seu aspecto patrimonial seja objeto de transmissão post mortem. Isso, porque estes são permeados pelos direitos da personalidade, os quais devem ser protegidos até mesmo após a morte do titular. Assim sendo, trazem-se argumentos, pelos quais justifica-se que não se pode haver a sucessão dos bens digitais, de forma irrestrita. “Identificam-se três principais fundamentos para negar a transmissibilidade absoluta: (i) a preservação da privacidade e intimidade tanto do falecido como de quem tenha com ele se relacionado; (ii) a colisão de interesses entre o de cujus e seus herdeiros, que podem vir a demonstrar ‘interesses puramente econômicos em comercializar informações íntimas do falecido sob a forma de publicações e biografias póstumas ou em manter ativo o perfil do morto, explorando o nome e imagem do parente falecido’; e, por fim, (iii) a violação à proteção dos dados pessoais e ao sigilo das comunicações, materializada na ‘quebra na confiança legítima dos usuários no sigilo das conversas estabelecidas no mundo digital, pois a existência de senha de acesso às contas traz em si uma expectativa maior de sigilo’”. (TERRA; OLIVA; MEDON, 2021, p. 58-59) Nessa perspectiva, Gabriel Honorato e Livia Teixeira Leal, os quais se filiam à esta segunda corrente, dizem que: “‘[...] ao menos a priori, somente deveria seguir a regra geral do direito sucessório os bens com característica patrimonial, ao passo que os demais não estariam sujeitos à transmissão para seus herdeiros em virtude da preservação da privacidade’ [...]” (TERRA; OLIVA; MEDON, 2021, p. 58) “[...] nem mesmo o titular do acervo digital poderia, em vida, optar por futura destinação de seu patrimônio para eventuais herdeiros quando o seu conteúdo pudesse ‘comprometer a personalidade de outrem, o que ocorre com conversas de WhatsApp, e-mail e também em redes sociais que dotam de espaços reservados para conversas particulares, como as direct messages do Facebook e do Instagram’”. (TERRA; OLIVA; MEDON, 2021, p. 58) Além do mais, é importante ressaltar que há uma exceção para o que foi dito em relação aos dois entendimentos acima expostos, qual seja: caso o de cujus dispuser, em testamento ou codicilo, que deseje a transmissão dos bens digitais de forma diversa, devendo, então, esta sua manifestação de vontade ser respeitada. Ademais, passa-se a análise individual dos bens digitais, quanto a sua natureza jurídica, no tocante à possibilidade de serem transmitidos aos herdeiros do titular falecido. Deste modo, quanto aos bens digitais de cunho patrimonial, os quais, como já visto em capítulo anterior, possuem caráter econômico, infere-se que eles poderão ser objeto de inventário, a não ser que o de cujus manifeste o contrário. Logo, o que se entende é que se o titular falecido não dispõe, em testamento, sobre a destinação de seu acervo digital patrimonial, então este poderá ser transmitido aos herdeiros. Bruno Zampier traz o seguinte exemplo: “[...] imagine-se o falecimento de um importante empresário que realizava, por anos, viagens semanalmente mundo afora. Sem margem de erro, este indivíduo acumulou milhares de milhas aéreas, que podem não ter sido usadas até o fim de sua vida. [...]” (ZAMPIER, 2021, p. 130) Nota-se que, apesar de se compreender que os bens digitais patrimoniais são passíveis de serem objeto de herança digital, há algumas empresas que não concordam com isso, sendo que, por exemplo: “A discussão passa a se avolumar quanto à questão das videotecas, bibliotecas e musicotecas digitais. O ator hollywoodiano Bruce Willis vem travando uma briga com a empresa Apple, a fim de que sua extensa coleção de livros e músicas digitais adquirida junto ao programa iTunes possa ser transmitida em testamento a seus filhos, ao invés de simplesmente voltarem à propriedade daquela empresa, como consta no regulamento de utilização do serviço.” (ZAMPIER, 2021, p. 132) Dessa forma, é possível compreender que, em regra, deve sim ocorrer a transmissão dos bens digitais patrimoniais, sendo que, no atual momento, isso, ocorreria com base nas regras previstas no Direito das Sucessões. Mas, pontua-se que é preciso normas específicas que tratem a respeito da herança digital, de maneira, a trazer segurança jurídica. Posto isto, agora, passa-se a análise do segundo entendimento, que condiz com a transmissão da herança de forma restrita. Isto é, em regra, não inclui, no inventário, os bens digitais existenciais e os aspectos existenciais dos bem digitais patrimoniais-existenciais, pois os doutrinadores que concordam com esta corrente, defendem que pode ocorrer a transmissão post mortem dos aspectospatrimoniais destes bens digitais híbridos. No que diz respeito aos bens digitais existenciais e patrimoniais-existenciais, infere-se que eles possuem perfil personalíssimo, tal como já estudado em capítulo anterior. Também, sobre estes bens, entende-se que a transmissão deles aos herdeiros do de cujus não poderá ocorrer de forma imediata, em razão do caráter acima dito. Além disso, em relação a esse caráter personalíssimo, remete-se aos direitos de personalidade, e, quanto a estes, diz que eles estão atrelados à personalidade jurídica. Então, no que tange à personalidade jurídica, cita-se adiante artigos do Código Civil. O primeiro é o art. 2º, do CC, o qual informa que: “a personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. Dessa forma, infere-se que este art. 2º pontua acerca do momento em que se inicia os direitos da personalidade. Já, o art. 6º, do CC, diz que: “a existência da pessoa natural termina com a morte”, sendo, que se concebe que o encerramento dos direitos da personalidade se dá com a morte. Ressalta-se que quando a pessoa morre, os direitos da personalidade também morrem, ou seja, se extinguem. Entretanto, a proteção dos direitos da personalidade não acaba com a morte do titular, conforme art. 12, do CC, o qual declara que: “pode- se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei”. A fim de ratificar o que foi dito, traz o art. 12, parágrafo único, do CC. Veja-se: “parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau” (Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002). Também, sobre este assunto, a fim de exemplificá-lo, traz-se um julgado, ocorrido no ano de 2017, na comarca de Pompéu/MG, logo, em primeira instância, no processo n.º 0023375-92.2017.8.13.0520, no qual a mãe pleiteava o acesso aos vídeos, bem como, às fotos da filha falecida, na conta da Apple, sendo que, então, precisava, acessar o ID Apple. Neste caso, o juiz Manoel Jorge de Matos Junior julgou improcedente o pedido, sob o fundamento de que tanto a privacidade da filha falecida quanto a privacidade de terceiros que tiveram contato com esta seriam violadas, conforme nota-se no seguinte trecho retirado da decisão: “[...] Dada essa digressão, tenho que o pedido da autora não é legítimo, pois a intimidade de outrem, inclusive da falecida Helena, não pode ser invadida para satisfação pessoal. A falecida não está mais entre nós para manifestar sua opinião, motivo pela qual a sua intimidade deve ser preservada […]” (MATTA, 2018) Ainda, elucidando, sobre os bens digitais existenciais e patrimoniais- existenciais, Livia Teixeira Leal diz que: “Quanto ao enquadramento de determinada situação jurídica, sobretudo quando o interesse envolve ambos os aspectos com graus similares de intensidade, a doutrina vem sinalizando a necessidade de se analisar dois fatores para que se verifique tal distinção: o relativo ao interesse (o que é) e o funcional (para o que serve). A análise funcional, baseada na síntese dos efeitos essenciais da situação jurídica, deve ser realizada em concreto, considerando-se ‘sob qual finalidade ela serve melhor para o cumprimento dos objetivos constitucionais, qual seja, a tutela da pessoa humana na perspectiva não apenas individual, mas também solidarista e relacional’, na esteira do caminho adotado pelo ordenamento jurídico brasileiro. (LEAL, 2018, p. 194-195) [...] em relação a aplicações de caráter pessoal e privado, como é o caso de perfis de redes sociais e dos aplicativos de conversas privadas, não se deve permitir, a princípio, o acesso dos familiares, exceto em situações excepcionalíssimas, diante de um interesse existencial que prepondere no caso concreto. [...] (LEAL, 2018, p. 195) Então, por fim, entende-se que quanto aos bens digitais existenciais e aos aspectos existenciais dos bens digitais patrimoniais-existenciais, em regra, não poderão ser objeto de inventário, sendo que deverá analisar cada caso em concreto, pois deve-se proteger a privacidade, bem como, os direitos de personalidade do titular falecido. E, somente, de forma excepcional, quando houver interesse existencial que sobreponha, é que se poderá autorizar a herança destes bens digitais, ou seja, quando o de cujus manifestar de forma como bem entender acerca da destinação dos seus bens digitais, por meio de testamento, por exemplo, seja este puramente digital, seja misto – isto é, que engloba outras questões e o testamento digital surja como um capítulo dele, seja aquele disponibilizado pelas próprias plataformas digitais, como Facebook, Gmail, entre outras. 7 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E HERANÇA DIGITAL No que tange à legislação brasileira acerca da herança digital, nota-se que não há regulamentação legal específica sobre este tema no Brasil, há apenas algumas propostas de lei. Assim, este capítulo tratará, de forma breve, a respeito destas propostas. A princípio, cita-se o primeiro projeto de lei que veio a abordar sobre herança digital no Brasil, o Projeto de Lei n.º 4.847/2012, o qual, no atual momento, encontra- se arquivado e que possui a seguinte redação legal: “Art. 2º Fica acrescido o Capítulo II-A e os arts. 1.797-A a 1.797-C à Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, com a seguinte redação: Capítulo II-A Da Herança Digital “Art. 1.797-A. A herança digital defere-se como o conteúdo intangível do falecido, tudo o que é possível guardar ou acumular em espaço virtual, nas condições seguintes: I – senhas; II – redes sociais; III – contas da Internet; IV – qualquer bem e serviço virtual e digital de titularidade do falecido. Art. 1.797-B. Se o falecido, tendo capacidade para testar, não o tiver feito, a herança será transmitida aos herdeiros legítimos. Art. 1.797-C. Cabe ao herdeiro: I - definir o destino das contas do falecido; a) transformá-las em memorial, deixando o acesso restrito a amigos confirmados e mantendo apenas o conteúdo principal ou; b) apagar todos os dados do usuário ou; c) remover a conta do antigo usuário.” (Projeto de Lei nº 4.847/2012) Ainda, é de conhecimento outro projeto, o Projeto de Lei n.º 4.099/2012, que, também, encontra-se arquivado. Em relação a este projeto, sabe-se que o seu intuito foi propor alteração no Código Civil, acrescentado ao art. 1.788, um parágrafo único, com o seguinte dizer: “serão transmitidos aos herdeiros todos os conteúdos de contas ou arquivos digitais de titularidade do autor da herança” (LEAL, 2018, p. 187). Dessa forma, entende-se que os dois projetos de lei supramencionados ao disporem sobre herança digital, inclui nesta, todos os bens digitais, ou seja, bens digitais patrimoniais, existenciais e patrimoniais-existenciais. Logo, isso configura-se como uma transmissão irrestrita, sendo que, conforme estudado no capítulo anterior, há um entendimento que defende isso, porém, há um posicionamento contrário. Outra proposta é Projeto de Lei n.º 8.562/2017, o qual assevera: “O Congresso Nacional decreta: Art. 1º - Esta Lei estabelece normas a respeito da herança digital. Art. 2º Fica acrescido o Capítulo II-A e os arts. 1.797-A a 1.797-C à Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, com a seguinte redação: Capítulo II-A Da Herança Digital “Art. 1.797-A. A herança digital defere-se como o conteúdo intangível do falecido, tudo o que é possível guardar ou acumular em espaço virtual, nas condições seguintes: I – senhas; II – redes sociais; III – contas da Internet; IV – qualquer bem e serviço virtual e digital de titularidade do falecido. Art. 1.797-B. Se o falecido, tendo capacidade para testar, não o tiver feito,a herança será transmitida aos herdeiros legítimos. Art. 1.797-C. Cabe ao herdeiro: I - definir o destino das contas do falecido; a) - transformá-las em memorial, deixando o acesso restrito a amigos confirmados e mantendo apenas o conteúdo principal ou; b) - apagar todos os dados do usuário ou; c) - remover a conta do antigo usuário.” Art. 3°- Esta lei entrará em vigor na data da sua publicação.” (Projeto de Lei nº 8.562/2017) Em relação ao Projeto de Lei n.º 8.562/2017, a justificativa utilizada pelo senador Elizeu Dionizio foi que este projeto “pretende assegurar o direito dos familiares em gerir o legado digital daqueles que já se foram”. Além disso, mais uma proposta consiste no Projeto de Lei n.º 6.468/2019, que tem a seguinte redação legal: “O CONGRESSO NACIONAL decreta: CAPÍTULO I Das Disposições Gerais Art. 1º. Esta Lei altera o art. 1.788 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que institui o Código Civil, a fim de dispor sobre a sucessão dos bens e contas digitais do autor da herança. Art. 2º. O art. 1.788 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, passa a vigorar acrescido do seguinte parágrafo único: “Art. 1.788. ................................................. Parágrafo único. Serão transmitidos aos herdeiros todos os conteúdos de contas ou arquivos digitais de titularidade do autor da herança.” (NR) Art. 3º. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.” (Projeto de Lei nº 6.468/2019) E, ainda, com base em texto de Heloisa Helena Barbosa e Vitor Almeida, nota- se outro projeto de lei. Veja-se: “[...] O Projeto de Lei n. 3.050/2020, pelo menos, restringe o alcance da ‘herança digital’ aos conteúdos de qualidade patrimonial das contas ou arquivos de titularidade do autor da herança, embora nem sempre tal qualificação seja tão nítida.” (BARBOZA; ALMEIDA, 2021, p. 15) Por último, traz o Projeto de Lei n.º 1.144/2021, que é um dos mais recentes acerca do tema. Ademais, este projeto propõe modificação no Código Civil e no Marco Civil da Internet, de forma a definir quem são os legitimados a ingressarem com ação para proteção da imagem da pessoa morta, a dizer sobre quais são os bens digitais que integram a herança digital, bem como, sobre a possibilidade de remoção de conteúdos após a morte. Então, conclui-se que há vários projetos de lei, os quais ainda necessitam de ajustes, por se mostrarem insuficientes, haja vista a rapidez com que novos bens digitais surgem e com que as interações ocorrem no ambiente virtual. Ainda, ressalta- se a importância desses projetos de lei, pois a partir deles, é possível ter uma base, e, consequentemente, uma busca para o aprimoramento de como se deve proceder quanto à herança digital no Brasil. 9 CONCLUSÃO O presente trabalho buscou expor acerca da herança digital, especificamente, no Brasil, tendo como objetivo geral investigar o que ocorre na hipótese de morte do titular dos bens digitais neste país, se estes devem estar integrados no inventário do falecido, no caso em que não houver manifestação em vida do de cujus sobre esse acervo, levando em consideração que não há regulamentação legislativa brasileira acerca da temática. Ademais, verifica-se que no capítulo sobre bens digitais foi exposto sobre suas naturezas jurídicas, as quais são essenciais para o estudo do capítulo acerca da herança digital, isto, porque, a divergência doutrinária existente sobre a temática possui relação com elas. Assim, nos dias atuais, há duas correntes acerca da transmissão post mortem dos bens digitais, quais sejam: uma que defende que esta transmissão ocorra de maneira irrestrita e outra que defende que ela aconteça de forma restrita. Então, de acordo com o que foi dito acima, em relação ao primeiro entendimento, entende-se que todos os bens digitais podem integrar o inventário do titular falecido, isto é, segundo o ponto de vista desta corrente, bens digitais patrimoniais, existenciais e patrimoniais-existenciais poderão ser transmitidos aos herdeiros do de cujus. Já, o segundo entendimento, que reconhece a transmissão post mortem restrita, considera-se que os bens digitais patrimoniais e os aspectos patrimoniais do bens digitais patrimoniais-existenciais poderão integrar o inventário do falecido, pois, para este entendimento, os direitos de personalidade devem ser protegidos e respeitados. Além disso, no que diz respeito à esta divergência existente acerca da transmissão dos bens digitais após a morte do seu titular, depreende-se que é um assunto complexo e que demanda mais estudos. Todavia, reconhece que os fundamentos e as explicações sobre cada uma das correntes acima expostas são convincentes, ainda mais, considerando que o Brasil carece de legislação específica sobre o tema, o que gera insegurança jurídica. Apesar disto, entende-se que a corrente que defende a transmissão post mortem dos bens digitais de forma restrita é a que se manifesta como mais adequada, tendo em vista que os direitos da personalidade merecem proteção, e, por isso, bens digitais de natureza existencial, bem como, os aspectos existenciais dos bens digitais patrimoniais-existenciais não devem estar integrados no inventário do titular falecido. Ainda, que compactua com a ideia abordada ao longo do trabalho que diz respeito aos dois entendimentos serem tratados como a regra, pois a exceção é possível ser visualizada no caso em que o de cujus manifeste sua vontade, mediante testamento ou codicilo, o que deve ser respeitado. Destaca-se a importância do tema para o Direito, bem como, para a sociedade contemporânea, o que se justifica pela escolha do tema, sendo que como mencionado, ao longo do trabalho, a herança digital no Brasil será cada vez mais comum, uma vez que nos dias atuais, as pessoas têm facilidade em acessar o ambiente virtual, e, assim, acabam por acumular vários bens digitais, que formarão o patrimônio digital delas. Por fim, em razão do tema ser tão vasto e recente, deixa, aqui, sugestões de estudo sobre o tema, como a pesquisa acerca da legislação estrangeira no que diz respeito a herança digital, da exploração econômica das redes sociais das pessoas que já faleceram e do testamento virtual. 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