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1 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi Sistemas orgânicos integrados OBJETIVOS: 1. Entender as alterações fisiológicas da gestação 2. Discutir sobre o pré-natal 3. Compreender os principais métodos contraceptivos 4. Aspectos de diagnóstico da gravidez 5. Impacto da gravidez na adolescência Alterações fisiológicas da gestação De forma geral, todas as adaptações visam promover condições para um desenvolvimento fetal adequado e em completo equilíbrio com o organismo materno. No entanto, algumas modificações podem agravar entidades mórbidas preexistentes ou produzir sintomas que, mesmo fisiológicos, são incômodos. Modificações cutâneas Estrias gravídicas ou víbices São alterações atróficas que traduzem o estiramento das fibras colágenas. Em outras palavras, seu aparecimento está condicionado à diminuição da hidratação e ao estiramento da pele. Incidem mais frequentemente em áreas predispostas a estes fatores, como o abdome, as mamas, as nádegas e as coxas. Quando ocorrem na gestação, costumam ser avermelhadas. Após o parto, são geralmente brancacentas. Em multíparas, além das estrias de uma gravidez atual, podem ser encontradas linhas de tonalidade prata, brilhantes, que representam cicatrizes de estrias de gestações anteriores. Alterações vasculares cutâneas Resultam de uma vasodilatação imposta pelo padrão hormonal da gestação, sobretudo pelo aumento do estrogênio. Eritema palmar Surge em toda a superfície palmar. Se apresenta com vermelhidão difusa, que é mais pronunciada sobre as eminências tênares e hipotênares, que pioram com a evolução da gravidez. É encontrado em até 70% das mulheres, independentemente da raça. Na maioria dos casos, desaparece após a gravidez. Telangiectasias ou angiomas ou aranhas vasculares São diminutos vasos que se ramificam de um corpo central. Aparecem como pequenas elevações vermelhas na pele, principalmente na face, pescoço, parte superior do tórax e nos braços. Surgem em 60% das mulheres brancas e em 10% das afro-americanas durante a gestação. De forma análoga ao eritema palmar, na maioria dos casos desaparece após a gravidez. Alterações pigmentares O perfil hormonal da gestação desencadeia um aumento na produção de estrogênio e progesterona. Este aumento acarreta uma hipertrofia do lobo intermediário da hipófise, que é responsável pelo metabolismo da pró-opiomelanocorticotrofina em betaendorfina e alfamelanotropina. A hipertrofia deste local resulta na liberação da alfamelanotropina, que exerce uma ação estimulante sobre os melanócitos. É importante destacar que as alterações pigmentares aumentam de acordo com a exposição solar. Problema S11P1 + P2 2 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi Linha nigrans Corresponde à pigmentação de cor preto-acastanhada na linha média do abdome resultante da ação estimulante sobre os melanócitos. Cloasma ou Melasma gravídico Define as manchas acastanhadas da face consequentes do estímulo dos melanócitos. Embora esta alteração seja típica da gestação, ela não é exclusiva dela. Hipersecreção das glândulas sebáceas O aumento da secreção das glândulas sebáceas resulta de um incremento da ação progestagênica. A pele da grávida torna-se, então, mais oleosa, o que predispõe à queda capilar e ao aparecimento de acne. Postura e marcha O peso adicional da gravidez (útero, feto e anexos) desestabiliza o equilíbrio materno ao colocar seu centro de gravidade para frente. Para corrigir o seu eixo corporal, a gestante assume atitude involuntária de lordose lombar posiciona seu tórax para trás e volta a coincidir seu centro de gravidade com o eixo de seu corpo. A grávida amplia a sua base de sustentação também de forma compensatória, afastando discretamente um pé do outro. Esta postura modifica a sua marcha. O andar oscilante, com passos curtos e lentos, base de sustentação alargada e um maior ângulo dos pés com a linha média descreve a marcha típica da gestante denominada anserina. Ao final do período gestacional, o desconforto postural se acentua. Pode surgir dor na região cervical, causada pela flexão mantida do pescoço. Eventualmente, os nervos ulnar e mediano podem sofrer pequenas trações ocasionadas por um deslocamento posterior da cintura escapular, que produz desconforto e dormência nos membros superiores. Sistema articular A embebição gravídica promove relaxamento dos ligamentos do sistema articular. Esta frouxidão acomete todas as articulações do organismo materno. No entanto, nota-se maior mobilidade das articulações sacroilíacas, sacrococcígeas e do pube. A frouxidão da articulação da sínfise púbica favorece a sua abertura em até 12 mm. Esta disjunção fisiológica da sínfise retorna ao normal após três a cinco meses de pós-parto. O estrogênio aumenta a vascularização e a hidratação do tecido conectivo dos ligamentos articulares. Por outro lado, a progesterona e a relaxina diminuem o tônus da musculatura responsável pela estabilização dessas articulações. Modificações nas mamas e no aparelho genital Mastalgia A mastalgia é um dos primeiros sinais clínicos de gestação. Em torno da 5ª semana de gestação, tem início um processo de congestão das mamas que as torna doloridas, túrgidas e com aumento de volume. Este aumento decorre da hiperplasia de elementos glandulares com proliferação dos canais galactóforos e ramificação dos ductos mamários. Tubérculos de montgomery No 2° trimestre da gestação, a progesterona, os estrogênios e a prolactina acarretam a expansão dos alvéolos, a partir da árvore ductal. Na 8ª semana de gestação, as aréolas primárias tornam-se mais pigmentadas e, nelas, surgem projeções secundárias 3 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi representadas por glândulas mamárias acessórias e glândulas sebáceas hipertrofiadas denominadas de tubérculos de Montgomery. Rede de haller Com 16 semanas é possível a extração de colostro e se verifica um aumento da vascularização venosa designada de rede de Haller. Sinal de hunter Na 20ª semana de gestação, há um aumento da pigmentação dos mamilos, que torna seus limites imprecisos e forma a aréola secundária. Este achado define o sinal de Hunter. (caçador) Estrias gravídicas O crescimento exagerado das mamas promove o aparecimento de estrias que resultam, provavelmente, da hiperdistensão da pele e do estiramento das fibras de colágeno. Preparo da mama para lactação Na gestação, há um aumento no número de ductos intralobulares, lóbulos e alvéolos, sob efeito do estrogênio, progesterona, hormônios placentários, hormônio lactogênio placentário (hPL), prolactina, gonadotrofina coriônica, cortisol e insulina. A ação destes hormônios também contribui para a conversão das células alveolares terminais inativas em secretoras de leite. Durante a evolução da gestação, há um aumento progressivo da secreção de prolactina. O estrogênio e a progesterona promovem um aumento dos receptores da prolactina, mas a progesterona diminui a ligação dela com o seu receptor. Por esse motivo, não ocorre produção láctea antes do término da gestação. Com o final da gestação, cessa o estímulo hormonal placentário e ocorre um predomínio dos efeitos da prolactina. Esta induz a diferenciação das células pré- secretórias em secretórias. Com essa ação, é estimulada a produção das proteínas lácteas. Os efeitos da prolactina são dependentes da presença de cortisol, GH, insulina e tiroxina. Aproximadamente três dias após o parto, ocorre a depuração do estrogênio e da progesterona, que possibilita a secreção láctea (apojadura). Durante a sucção do mamilo, ocorre um incremento agudo da prolactina. O esvaziamento dos ductos acarreta uma percepção da diminuição da pressão local, que culmina com um aumento maior dos níveis de prolactina. A sucção do complexo areolopapilar pelorecém-nascido é complementada por uma ejeção ativa. O estímulo tátil ativa os nervos sensoriais locais e é conduzido pelas raízes dorsais da medula espinhal, pelos tratos espinotalâmicos, para o mesencéfalo e, finalmente, para o hipotálamo. O estímulo do núcleo paraventricular no hipotálamo conduz à liberação de ocitocina. A ocitocina atua nas células mioepiteliais que se contraem e ejetam o leite dos alvéolos. Útero Ao término da gravidez, a capacidade volumétrica uterina pode estar aumentada em cerca de 500 a 1.000 vezes. Cabe aqui destacar que, nos primeiros meses de gestação, a parede uterina torna-se mais espessa. No entanto, com a evolução da gravidez, a parede uterina sofre um afinamento progressivo. Na gestação a termo, a espessura pode chegar a 1,5 cm. O estímulo para o crescimento uterino fundamenta-se principalmente na ação do estrogênio, com uma participação menor da progesterona. O crescimento uterino, que não é simétrico, é mais percebido na região fúndica do órgão e nas imediações do sítio placentário. Vale lembrar que o aumento uterino promove uma discreta rotação de seu eixo para a direita. Na ausência de gestação, o útero é um órgão pélvico. O aumento no diâmetro anteroposterior do útero começa nas primeiras semanas da gravidez e confere inicialmente um formato piriforme. Pouco tempo depois, o corpo uterino assume uma forma globosa. Na 12a semana de gestação, o útero gravídico é palpável logo 4 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi acima da sínfise púbica no abdome materno. Na 16a semana, ele se encontra no meio do caminho entre a sínfise púbica e a cicatriz umbilical. Na 20ª semana, o útero atinge a cicatriz umbilical e, em torno da 40ª semana, tangencia o apêndice xifoide. Pré-natal A assistência pré-natal consiste no conjunto de medidas e protocolos de conduta que tem por objetivo assegurar, no fim da gestação, o nascimento de uma criança saudável e a garantia do bem-estar materno e neonatal. Por se tratar de evento fisiológico, cerca de 90% das gestações evoluem sem maiores complicações, sendo consideradas de baixo risco. Podem-se resumir os objetivos do pré-natal nas seguintes ações: • Diagnosticar ou confirmar a gravidez, quando ainda existem dúvidas; • Diagnosticar doenças maternas preexistentes, tratando-as de forma a reduzir seu impacto nos resultados obstétricos; • Aconselhar, educar e apoiar a gestante e seus familiares, quanto aos eventos relacionados à gravidez e à importância do acompanhamento pré-natal; • Identificar e minimizar os pequenos distúrbios da gravidez; • Identificar e tratar precocemente intercorrências gestacionais, encaminhando os casos considerados de alto risco para centros especializados. O início do pré-natal deve ser o mais precoce possível, preferencialmente nos primeiros 120 dias de gestação, de forma a permitir a identificação e tratamento de intercorrências prévias à gestação e detectar a necessidade de acompanhamento especializado. Idealmente, a realização de consulta pré-concepcional poderia fornecer informações a respeito de doenças prévias passíveis de tratamento, minimizando os riscos gestacionais. Quantas consultas no mínimo devem ser realizadas? Recomenda-se que sejam realizadas pelo menos seis consultas de pré-natal ao longo da gestação, distribuídas da seguinte forma: • Uma consulta no 1º trimestre; • Duas consultas no 2º trimestre; • 3 consultas no 3º trimestre da gestação. O último Manual de Pré-Natal do Ministério da Saúde (2012) recomenda que, sempre que possível, as consultas sejam realizadas conforme o seguinte cronograma: • Até 28ª semana – mensalmente; • Da 28ª até a 36ª semana – quinzenalmente; • Da 36ª até a 41ª semana – semanalmente. Pré natal de baixo risco; pode haver mudanças Exames • Hemograma (1ª consulta, 3º trimestre) • Tipagem sanguínea e fator RH • Coombs indireto (28, 32,36 e 40 semanas) para pacientes Rh negativo • Glicemia de jejum (1ª consulta, 3º trimestre) • TOTG 75 g (24 e 28 semanas) • Urocultura e EAS (1ª consulta, 3º trimestre) • Teste rápido sífilis e/ou VDRL/RPP (1ª consulta), VDRL no 3º trimestre • Anti- HIV (1ª consulta, 3º trimestre) • Sorologia para toxoplasmose IgM e IgG (a cada 2-3 meses em pacientes suscetíveis) • HbsAg (1ª consulta, 3º trimestre) O que não pedir? Sorologia para rubéola, citomegalovírus. Exame físico: • Manobras de Leopold; • Medida do fundo uterino Nutrição: Ferro: Hemoglobina > 11 g/dl • 200mg de sulfato ferroso/dia a partir da 20ª sem (40mg Fe elementar) 5 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi Hemoglobina entre 8 e 11 g/dl • 120 a 240 mg de Fe elementar/dia • Nova dosagem de Hb em 30-60 dias Hemoglobina <8mg • Encaminhamento para o pré-natal de alto risco Ácido fólico 3 meses antes de engravidar Deficiência associada a defeitos de fechamento do tubo neural • Espinha bífida • Anencefalia • Ancefalocele População de baixo risco 0,4mg/dia três meses antes da concepção População de alto risco 4mg/dia três meses antes da concepção Vacinação Recomendadas pelo MS Tétano (dT) • Completar o esquema • Reforço quando >5 anos Influenza/ H1N1 • Sazonal. • Em qualquer trimestre Hepatite B Prevenção da transmissão vertical. Após 19 trimestre Coqueluche (dtpa) Reduzir a doença nos recém-nascidos Recomendada a partir da 20ª semana e no puerpério caso não tenha sido vacinada. Administrar a cada gestação • Dt completo, duas doses ou reforço: Uma dose de dTpa • Uma dose de dT: uma dose de dT, uma dose de dTpa • Gestantes não vacinadas para dT: duas doses de dt, uma dose de dTpa Vacinas permitidas: raiva, meningite, hepatite A Sinais de alarme na gestante que devemos se atentar: • PA >140 – 90 • Fortes dores de cabeça, visão embaralhada ou enxergando estrelinhas • ITU em gestantes deve tratar em qualquer situação; • Corrimento vaginal escuro • Inchaço nos pés, pernas e no rosto, principalmente ao acordar; Métodos contraceptivos Método definitivo: Feminino: Ligadura: Nessa cirurgia, as duas trompas podem ser cortadas e amarradas, cauterizadas, ou fechadas com grampos ou anéis. A ligadura de trompas age impedindo que os espermatozóides se encontrem com o óvulo. Pode ser realizada por diferentes técnicas cirúrgicas. É necessário usar anestesia, que pode ser geral ou local, e a mulher pode ficar internada, de algumas horas até um ou dois dias. A ligadura de trompas, mesmo sendo uma operação simples, tem riscos e pode apresentar problemas como qualquer outra cirurgia. A Lei do Planejamento Familiar só permite realizar a ligadura de trompas e a vasectomia voluntárias nas seguintes condições: 1. Em homens e mulheres com capacidade civil plena e maiores de 21 anos de idade, ou pelo menos com dois filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico. 2. Nos casos em que há risco de vida para mulher ou riscos para a saúde da mulher ou do futuro bebê. A Lei proíbe a realização da ligadura de trompas durante o período de parto ou aborto, exceto nos casos de comprovada necessidade. Esses momentos não são os mais adequados para a realização dessa cirurgia. A ligadura de trompas não diminui o prazer sexual da mulher 6 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi Masculino: Vasectomia: É uma cirurgia simples, segura e rápida, que se faz em homens que não desejam mais ter filhos. É um método anticoncepcional considerado permanente ou irreversível, porque, depois de feita a cirurgia, é muito difícil recuperar a capacidade de ter filhos. Nessa cirurgia, os canais deferentes são cortados e amarrados, cauterizados, ou fechados com grampos. É uma cirurgia simples, que pode ser feita em ambulatório, com anestesia local e o homem não precisa ficar internado. A vasectomiaage impedindo que os espermatozoides se encontrem com o óvulo. Diagnóstico da gravidez Para fins didáticos o diagnóstico da gestação será dividido em: • Diagnóstico laboratorial (hormonal) • Diagnóstico clínico • Diagnóstico ultrassonográfico Diagnóstico laboratorial: Cerca de uma semana após a fertilização, o trofoblasto, implantado no endométrio, começa a produzir hCG em quantidades crescentes que podem ser encontradas no plasma ou na urina materna. O hormônio chama hCG. Coleta de sangue; O hCG começa a ser produzido de 6 a 8 dias após a fecundação; Conforme o embrião e a placenta vão se desenvolvendo, o nível de hCG, vai aumentando. Nas primeiras semanas de gestação, os níveis de hCG dobram a cada 2 ou 3 dias, podendo chegar até mais de 250.000 mIU/ml por volta da décima semana, momento em que os níveis atingem o seu valor máximo. O beta-hCG pode ser detectado no sangue periférico da mulher grávida entre 8 a 11 dias após a concepção e os níveis plasmáticos aumentam rapidamente, até atingir um pico entre 60 e 90 dias de gravidez. A maioria dos testes tem sensibilidade para detecção de gravidez entre 25 a 30 mUI/ml, enquanto resultados falso-positivos ocorrem na faixa entre 2 a 25 mUI/ml. Do ponto de vista prático, níveis menores que 5 mUI/ml são considerados negativos, ou seja, descarta a gravidez e acima de 25 mUI/ml são considerados positivos, gravidez em curso. Valores entre 5 e 25 mIU/ml são indefinidos e podem significar gravidez muito recente, quando ainda não houve tempo do hormônio ser suficientemente produzido para ser detectado no sangue. Nestes casos, deve-se repetir o teste após três a cinco dias. Níveis de beta-hCG acima de 1.000 mUI/ml asseguram a presença de gestação em 95% dos casos, enquanto elevações acentuadas podem estar relacionadas à 7 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi gestação múltipla ou à neoplasia trofoblástica gestacional. Por outro lado, a elevação inferior ao esperado ou a diminuição dos valores quantitativos de beta-hCG no início da gestação levantam a suspeita de gravidez anormal, como, por exemplo, gestação ectópica ou abortamento. Alguns fatores podem alterar os testes imunológicos de gravidez. Resultados falso-positivos podem ser consequência do uso de psicotrópicos (fenotiazidas, antidepressivos, anticonvulsivantes e hipnóticos), anticoncepcionais orais (mediante surtos de escape de LH), hipotireoidismo (pois a subunidade alfa do TSH é homóloga à subunidade alfa do hCG), reações cruzadas com anticorpos (principalmente anti-imunoglobulina animal), fator reumatoide, anticorpos heterófilos, proteínas ligantes e aumento do LH hipofisário (reação cruzada com o LH em concentração bem mais elevada no climatério, castração) e neoplasias produtoras de hCG. Diagnóstico clínico da gestação: Se o atraso menstrual for superior a 12 semanas, o diagnóstico de gravidez poderá ser realizado pelo exame clínico e torna-se desnecessária a solicitação de exame laboratorial. O diagnóstico da gravidez, portanto, pode ser efetuado em 90% das pacientes por intermédio dos sinais clínicos, dos sintomas e do exame físico em gestações mais avançadas. Assim, o diagnóstico clínico se baseia na observação de sinais e sintomas identificados na anamnese, na inspeção, na palpação, no toque vaginal e na ausculta. Sintomas iniciais: • Náuseas: aparece entre a 6ª e a 14ª semana de gestação; período pela manhã; • Vômitos; • Sialorreia; • Aumento da sensibilidade álgica mamária; • Polaciúria; • Nictúria; • Distensão abdominal e constipação intestinal: Resultam de um aumento da progesterona, que reduz a motilidade intestinal. A constipação pode ser agravada pelo uso de vitaminas e/ou complementos que contêm ferro. • Tonteiras; • Sonolência; • Fadiga; • Desejos alimentares; • Perversão do apetite (PICA); • Labilidade emocional; • Dor hipogástrica do tipo cólicas; • Aversão a odores; • Pirose; • Alterações das acuidades auditiva e visual. Alguns desses sintomas são atribuídos às alterações hormonais da gravidez. Sinais: Atraso menstrual: difícil de avaliação Alterações cutâneas: estrias, cloasma gravídico (manchas na pele), linha nigra e o sinal de Halban Alterações mamárias: Em torno da quinta semana de gestação, tem início um processo de congestão das mamas que as torna doloridas. Na oitava semana, as aréolas primárias tornam-se mais pigmentadas e nelas surgem projeções secundárias, em número de 12 a 15, representadas por glândulas mamárias acessórias e glândulas sebáceas hipertrofiadas denominadas de tubérculos de Montgomery. Com 16 semanas, é possível a extração de colostro e se verifica um aumento da vascularização venosa designada de rede de Haller. Por fim, na 20a semana de gestação, há um aumento da pigmentação dos mamilos, que torna seus limites imprecisos. Este achado define o sinal de Hunter. Sinal de osiander: Consiste na percepção do pulso da artéria vaginal ao toque vaginal. É um achado típico do útero que se encontra em crescimento rápido. Sinal de hozapfel: Devido à congestão, o peritônio torna- se rugoso, facilitando a preensão uterina. Ausculta dos batimentos cardiofetais: podem ser identificados pelo estetoscópio de Pinard em grávidas não obesas em torno de 18 a 20 semanas de gestação. Outra técnica disponível para a ausculta consiste no emprego do sonar Doppler, que detecta batimentos cardíacos fetais a partir de dez a 12 semanas de gestação. 8 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi Ausculta dos Batimentos Cardiofetais • PINARD → 20 semanas • SONAR → 10 semanas Sintomas de presunção Sinais pela mãe/ alterações da mama/ alterações sistêmicas • Náuseas e vômitos (no primeiro trimestre e tipicamente durante a manhã com alívio ao longo do dia). • Alterações mamárias (aumento do volume e aumento da sensibilidade nas mamas). • Alterações urinárias; • Percepção de movimentos fetais pela paciente. • Mudanças no apetite (desejos alimentares) • Fadiga, tontura, sialorreia, distensão abdominal e constipação, dispneia, congestão nasal, cãibras, lombalgia. • Amenorreia (atraso menstrual de 10-14 dias). • Alterações mamárias (congestão e mastalgia, pigmentação das aréolas e surgimento dos tubérculos de Montgomery, aparecimento de colostro, rede venosa visível). • Alterações na vulva e na vagina (sinal de Chadwick – coloração violácea vaginal, cervical e vulvar). • Alterações no muco cervical (maior quantidade de muco e ausência de cristalização com padrão arboriforme). • Alterações cutâneas (estrias, hiperpigmentação da face – cloasma e linha nigra). Sinais de probabilidade Útero, vagina e vulva • Alterações em forma e consistência do útero – sinal de Hegar (flexão do corpo sobre o colo uterino no toque bimanual) e sinal de Nobile- Budin (preenchimento do fundo de saco vaginal pelo útero percebido ao toque vaginal). Sinal de Piskacek (“útero de lado”, assimétrico) • Consistência cervical amolecida. • Aumento do volume abdominal. Sinais de certeza Ouvir ou sentir gestação • Ausculta de BCF (pela US transvaginal a partir da 6ª/7ª semana; pelo sonar Doppler a partir da 10ª semana de gestação; e pelo estetoscópio de Pinard a partir da 18ª/20ª semana). • Sinal de Puzos (rechaço fetal intrauterino). Após 14ª semana • Percepção de movimentos e partes fetais pelo examinador (a partir de 18/20 semanas). 9 Gabi Vieira 02/22 MEDFipGbi Teste de farmácia Esses testes consistem em uma fita reativa que detecta a presença do BhCG na urina. Basta a mulher urinar em uma das fitas e esperar para ver se há reação ou não. Como as concentrações de beta hCG na urina são menores que no sangue, os testes de gravidez de farmácia demoram um pouco mais para ficarem positivos. Enquanto o beta hCG sanguíneo pode estar positivo antes mesmodo primeiro dia de atraso menstrual, os testes com beta hCG urinário são melhores quando feitos após a menstruação já ter atrasado pelo menos 1 dia. Ultrassonografia Em gestações que já tenham algumas semanas, o diagnóstico pode ser feito através da ultrassonografia. Conseguimos identificar o saco gestacional (estrutura que abriga o embrião), que é o primeiro sinal de gravidez detectável ao ultrassom, a partir da 5ª semana de gravidez através da ultrassonografia transvaginal ou a partir da 7ª semana através da ultrassonografia abdominal. Exame físico Com doze semanas o útero começa a ficar palpável e após 20 semanas já podemos identificar os batimentos cardíacos do feto com o estetoscópio, assim como perceber seus movimentos através da palpação abdominal. De qualquer forma, mesmo que a gravidez seja evidente durante o exame físico, o diagnóstico definitivo deve ser feito com ultrassonografia ou através do BhCG sanguíneo. Sinais físicos: Atraso menstrual; Náuseas e vômitos; Sensibilidade e aumento das mamas; Aumento da frequência urinária. Impactos da gravidez na adolescência A gravidez é um acontecimento marcante na vida das famílias e, em particular, da mulher. Quando ela ocorre ainda na adolescência, pode resultar em maior nível de vulnerabilidade ou riscos sociais para as mães e também para os filhos, particularmente, os recém-nascidos, pois, nesta etapa, a criança é particularmente vulnerável e dependente de cuidados dos adultos. A adolescência, por si só, constitui fase de autoafirmação, de transformações físicas, psicológicas e sociais. Nesse tocante, uma gravidez acarreta, para a adolescente e futura mãe, além das transformações físicas e emocionais inerentes à gravidez, a responsabilidade por outra vida, o que requer maturidade biológica, psicológica e socioeconômica para prover suas próprias necessidades e as do filho/a. Em muitos casos, o pai também é um adolescente. Disso decorre a dependência de ambos da família e a ausência de preparo, afetiva e economicamente, para a maternagem e paternagem. Nesses casos, tanto a maternidade quanto a paternidade podem ter consequências desafiadoras para os adolescentes e para a criança que vai nascer. Torna-se, portanto, indispensável abrir um espaço preventivo e de cuidado para todos os envolvidos. Aumenta o número de adolescentes fora da escola, morando sozinhos, problemas sociais, psicológicos e vários outros.
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