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Título
O aumento do acesso e conhecimento das pessoas quanto às informações das empresas tornou o mercado muito mais competitivo, ocasionando um crescimento dos casos de fraudes entre as empresas para a obtenção de vantagens sobre as concorrentes.
Com o objetivo de reduzir os impactos dessa mudança, foi introduzida a governança corporativa, um sistema no qual as empresas são dirigidas, incentivadas e monitoradas com a finalidade de preservar e otimizar o seu valor econômico de longo prazo.
Nesse cenário, passamos a introduzir o episódio da Petrobras, no qual uma das maiores operações contra a corrupção realizadas no Brasil derrubou um sistema fraudulento e desonesto em que acabou por descredibilizar uma das maiores empresas nacionais perante o mundo.
É comum que a busca por melhores resultados dentro de licitações, principalmente na situação econômica do país, ocasione a criação de um aglomerado de práticas lesivas com o intuito de se destacar no mercado.
A governança corporativa é o conjunto de boas práticas, que se tornaram regras a serem seguidas pelas organizações com o intuito de gerar uma transparência em sua gestão, englobando uma harmonia na troca de informações dentro do arcabouço formado entre os sócios, proprietários, gestores, órgão de fiscalização, como também a própria sociedade.
Agindo dessa maneira, é gerado um valor, um diferencial para as organizações, resultando em um melhor aproveitamento dos negócios de maneira que os riscos ficam reduzidos e o acesso a capital permeia um caminho facilitado, promovendo, portanto, a sustentabilidade da instituição em longo prazo.
Uma das características precípuas é a busca pela diminuição dos conflitos de interesse na gestão da empresa e demonstrar para a sociedade, como um todo, que a tomada das decisões dentro daquela organização é baseada em fatos e que todos os procedimentos necessários são realizados da maneira correta, o que acaba por valorizar o negócio, em uma sociedade em que o perfil de consumidor, alvo de mutações no decorrer dos anos, evidencia cada vez mais pessoas preocupadas com os seus valores. 
Essa governança corporativa controla e dirige as operações da empresa, garantindo uma boa gestão a ser entregue para os investidores, acionistas e outras partes interessadas no negócio.
Além da governança corporativa, existem outras ferramentas para que as organizações como o compliance, que inclusive acaba por ser confundido com a própria governança corporativa, como também a governança jurídica que foi introduzida no cenário empresarial de maneira mais recente. Todas essas ferramentas foram criadas para gerar melhorias significativas nas operações rotineiras de negócios, de maneira que 4 (quatro) princípios basilares da governança corporativa sejam atendidos.
1) Transparência
A transparência é um dos princípios em que a governança corporativa se baseia, de modo que um relacionamento transparente entre todos os envolvidos na empresa, ou na operação, materializado na prática da divulgação clara, detalhada e simples de informações da companhia atinja uma das finalidades da governança corporativa, que se trata da garantia de transparência com as informações proporcionadas de maneira ética e precisa à todas as partes interessadas.
Com este movimento, o mercado vê as ações da empresa de maneira mais organizada, impactando nas operações de maneira positiva e levando credibilidade para os seus acionistas e parceiros de negócios.
2) Equidade
Outro princípio perseguido pela governança corporativa é a equidade, no qual todos os integrantes da organização respeitam, de maneira mútua, as diferenças e necessidades existentes entre eles, o que pode ser caracterizado pelo tratamento justo dos sócios, colaboradores e demais envolvidos na organização. Uma das principais características que deve ser levada em conta nesse quesito é a ausência de distinção pela hierarquia, poder de influência ou participação acionária.
Uma medida a ser adotada para a garantia da equidade é a criação de regras mais protetivas para os minoritários e mais eficientes na prevenção do abuso por parte dos controladores, envolvendo, necessariamente, todos os stakeholders de modo que a autonomia seja a mesma para todos.
3) Responsabilidade corporativa
O desenvolvimento profissional e mental dos colaboradores, bem como a busca por minimizar eventuais impactos negativos à natureza fazem parte do escopo de outro princípio que a governança corporativa busca atender, que se trata da responsabilidade corporativa. 
Também conhecido como compliance, este princípio consiste no cuidado que os responsáveis pela governança possuem com a empresa, devendo se atentar aos possíveis ganhos financeiros, como também aos riscos e ameaças inerentes à atividade empresarial.
Neste princípio, a governança deve estar atenta, principalmente em seu plano de negócio, aos aspectos sociais, ambientais e financeiros que atingem aquela organização, de modo que as consequências a curto, médio e longo prazo sejam constantemente medidas.
4) Prestação de contas
Por último, a prestação de contas é de suma importância para o alcance dos objetivos traçados pela governança corporativa, no qual, por meio de canais da própria empresa, são divulgadas as práticas e até mesmo os resultados atingidos pelo atendimento dos princípios tratados. Dessa maneira, com a prestação das contas de modo claro, objetivo e diligente, a governança pode ser responsabilizada pelas consequências de seus atos e omissões.
Com o intuito de alcançar os princípios basilares da governança corporativa, é necessária a prática de algumas condutas, que integram qualquer boa gestão, como a constituição de um conselho consultivo e de administração, a definição de políticas organizacionais por meio de normas e regimentos, o agendamento de reuniões periódicas com a finalidade de acompanhar a evolução das ações e estabelecer as próximas metas dentro do planejamento.
Conforme explanado, a governança corporativa possui alguns pilares/princípios nos quais os órgãos da empresa exercem os seus deveres e depositam os seus ideais. São eles:
a) Propriedade (Sócios);
b) Conselho de Administração;
c) Gestão;
d) Auditores independentes;
e) Conselho Fiscal;
f) Conduta e conflito de interesses.
O conselho de administração é o órgão colegiado encarregado de tomar as decisões da organização conforme o seu direcionamento estratégico, exercendo funções de segurança dos princípios e valores da empresa, decidindo os rumos que o negócio deve tomar, bem como monitorando a diretoria de maneira que os procedimentos sejam feitos com união.
Dentro dessa estrutura, os demais conselheiros possuem responsabilidade perante a organização no que se refere ao dever de agir de forma técnica, dispensando qualquer gestão emocional ou influência que poderia surgir por conta de relacionamentos pessoais ou profissionais. O seu principal dever é criar e preservar os valores da organização, observando as questões legais e éticas envolvidas.
As grandes decisões são tomadas pelos sócios, os quais devem trabalhar com transparência em suas atividades, além de contribuir apresentando questionamentos, ideias e opiniões.
A gestão organizacional é realizada pela diretoria, tendo como objetivo fazer com que a organização cumpra os objetivos traçados de acordo com as suas funções sociais, executando as estratégias e diretrizes aprovadas pelo conselho de administração e agindo com transparência como todos os outros grupos da empresa.
O caso da Petrobras foi iniciado com as investigações realizadas pela empresa PricewaterhouseCoopers, responsável por realizar a auditoria da empresa. O fato é que ao atribuir uma opinião extremamente negativa acerca de suas contas, a auditoria independente deixou evidente que diversos contratos fraudulentos eram firmados pela petrolífera, através dos seus agentes executivos e integrantes dos conselhos, com os seus parceiros.
Ainda sobre a Petrobras, um dos pontos mais relevantes que enfatizam a importância de uma boa governança corporativa é ofato de que o agravante da corrupção existente na empresa foi a atuação de seus conselheiros em contratos superfaturados, visando benefícios individuais, principalmente financeiros, de modo contrário aos ideais e princípios buscados pela governança corporativa.
A grande questão na governança corporativa das empresas estatais é a busca de uma maneira de como minimizar a interferência do governo. No âmbito da governança corporativa, a separação entre o Estado e as empresas estatais é de suma importância, uma vez que é necessária a formação de um conselho de administração agindo em prol da empresa como um todo, e não defendendo os interesses do governo.
No caso da Petrobras, a empresa teria se beneficiado significativamente se o conselho de administração tivesse mais independência para oferecer contrapeso à visão do acionista controlador.
Outra carência no escopo da Petrobras é a capacidade do conselho de supervisionar, sozinho, os demais administradores, demonstrando a necessidade de atuação de assessores para garantir ou até mesmo a equidade entre todos os integrantes daquela organização, reiterando a importância do atendimento dos princípios basilares da governança corporativa.
De acordo com os princípios da governança corporativa, a Petrobras não cumpriu com qualquer princípio ali traçado. Isso porque, não agiu com o mínimo de transparência entre os envolvidos e as suas decisões (Princípio da Transparência), não realizou a prestação das contas de maneira transparente (Prestação de Contas), tampouco houve responsabilidade corporativa pelos seus administradores, que deveriam ter agido visando a perenidade da empresa de modo que a sua imagem continuasse íntegra perante os seus acionistas (Responsabilidade Corporativa).
Portanto, caso a governança corporativa tivesse sido respeitada pela Petrobras, os princípios mencionados acima evitariam todos os esquemas que resultaram no maior escândalo do país. Com base nos métodos de governança corporativa, a avaliação dos negócios, do retorno dos investimentos, bem como a transparência dos negócios feitos pela Petrobras deveriam ter sido feitas de maneira que não haveria o esquema corrupto que ali existiu.
Outro papel importante é realizado pela auditoria independente, responsável por apresentar informações, sugestões e recomendações ao conhecimento das áreas envolvidas. Na maioria dos casos, a auditoria se confunde com o conselho de administração, uma vez que assumem funções semelhantes.
Além disso, a auditoria independente acaba por assumir um papel social de maneira que ajuda a organizar o mercado e contribui para a prosperidade do cenário das empresas com uma maior transparência e confiança entre a empresa e todas as suas partes interessadas.
Nesse ponto, é importante destacar que esse foi um dos pilares para o surgimento do escândalo da Petrobras, uma vez que a auditoria independente foi a responsável por identificar todas as fraudes que existiam dentro da instituição.
Porém, a auditoria independente possui extrema importância para o amadurecimento da organização, uma vez que garante a credibilidade de suas demonstrações contábeis de acordo com os limites estabelecidos pelas normas.
Como evidenciou o escândalo da Petrobras, a presença de um acionista controlador não garante, necessariamente, o bom comportamento dos administradores, uma vez que em empresas estatais, a força da fiscalização de um controlador fundador sempre será superior à força da fiscalização exercida pelos demais integrantes daquela organização.
Outro ponto importante para ser abordado se refere aos modelos de governança corporativa espalhados pelo mundo, nos quais as características essenciais são padronizadas com as devidas influências locais.
O primeiro a ser analisado é o modelo japonês, também conhecido como Insider System, no qual reside uma característica muito peculiar, em que são os acionistas de grande porte os responsáveis pela gestão do negócio. Outra característica diferenciada do modelo japonês é que bancos ou instituições financeiras estão ligadas às operações da empresa, e em muitos casos, essa instituição também é acionista da empresa. A última característica peculiar a ser abordada se trata do fato que o papel do governo e dos órgãos oficiais é extremamente importante nas operações, de modo que funcionários públicos aposentados e de confiança das organizações governamentais são constantemente indicados para ocuparem cargos do conselho de administração, sendo responsáveis, diretamente, pelo bom funcionamento da governança corporativa.
 No modelo alemão, de maneira semelhante ao modelo japonês, as instituições financeiras possuem participação importante nas empresas. No que se refere ao conselho administrativo, o modelo prevê dois níveis desse órgão, quais sejam: a) Conselho de Administração formado por executivos que trabalham no negócio; e b) Conselho de supervisão composto por pessoas que não atuam na gestão direta da empresa. 
Outro modelo a ser analisado é o anglo-saxão, no qual uma das características principais se refere ao fato de que os administradores e os acionistas do negócio não se misturam, exercendo papéis diferenciados, e nesse sentido, atribuindo um poder hierárquico superior aos acionistas em relação aos administradores, que consiste na definição das diretrizes do negócios. O conselho de administração é composto pelos diretores e também pelos acionistas, no qual as decisões mais importantes são submetidas à votação entre os acionistas.
O modelo latino-americano possui características muito peculiares, dentre as quais está a concentração do capital na mão de determinados grupos, uma vez que as empresas familiares são muito fortes e presentes no mercado. Uma curiosidade importante, e recente, é que a privatização de antigas empresas estatais tem levado a criação de companhias com o capital mais diluído, favorecendo a governança corporativa.
Por fim, o modelo latino-europeu, de maneira semelhante ao modelo latino-americano, o capital está concentrado em corporações familiares. Em alguns casos, grupos de empresas consorciadas detém esse patrimônio, resultando em baixo controle externo sobre a tomada de decisões do negócio e uma governança corporativa fraca impossibilitando que os bancos pressionem a gestão do negócio.
Levando em conta os modelos existentes, é possível identificar que alguns valores são essenciais para que a cultura de governança corporativa seja efetiva e eficaz, e que no caso da Petrobras, nenhum desses valores foi respeitado.
A título de informação, é importante observar que outros países estão muito mais evoluídos do que o Brasil, o que acaba por si só em abrir brecha para que surjam outros escândalos como o da Petrobras.
No ano de 2002, após uma série de empresas relevantes decretarem falência nos Estados Unidos, surgiu a Lei Sarbanes-Oxley, um mecanismo que transmite confiança e assegura a responsabilidade corporativa das organizações com os seus investidores e acionistas.
A Lei tem como objetivo proteger investidores e os demais stakeholders dos erros contábeis e práticas fraudulentas, surgindo como uma resposta aos escândalos financeiros surgidos, de maneira contínua, nos Estados Unidos.
O objetivo do mecanismo é identificar, combater e prevenir fraudes que impactam no desempenho financeiro das organizações, garantindo, dessa maneira, o compliance.
Para garantir a transparência na gestão empresarial e reduzir os riscos, a Lei SOx prevê a obrigatoriedade da criação de processos confiáveis de auditoria e segurança., de modo que seja estabelecido um controle de qualidade e normas de auditoria, atuando com ética e independência em relação aos processos de inspeção e emissão dos relatórios pela auditoria.
Ao aplicar os princípios da Governança Corporativa, a Lei SOx garante uma certa tranquilidade aos investidores com a implementação de mudanças, aumento da transparência de informações financeiras e a exigência de responsabilidade dos executivos sobre quaisquer atividades duvidosas.
A Lei SOx é mais um exemplo deque, quando levada a sério, a governança corporativa comprova a sua eficácia de garantir a harmonia dentro das organizações, evitando que sejam realizadas operações fraudulentas que atinjam a imagem da empresa e prejudiquem o exercício regular das atividades.

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