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COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

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COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
Prof. Dr. André Dantas
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
Competência Tributária é a possibilidade dada pela Constituição Federal de a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarem tributos por meio de lei, aumentá-los, minorá-los, isentar e perdoar contribuintes (remitir créditos e anistiar multas), ou mesmo deixar de tributar.
A competência tributária confunde-se com a competência legislativa relativa aos tributos, nos termos do art. 6º do CTN, de maneira que apenas os entes políticos (que podem legislar) são titulares dessa competência. 
 
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
TÍTULO II
Competência Tributária
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Art. 6º A atribuição constitucional de competência tributária compreende a competência legislativa plena, ressalvadas as limitações contidas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios, e observado o disposto nesta Lei.
Parágrafo único. Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras pessoas jurídicas de direito público pertencerá à competência legislativa daquela a que tenham sido atribuídos.
 
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
Características das Competências Tributárias fixadas na CF:
Privativas 
Indelegáveis
Irrenunciáveis
Incaducáveis
Facultativa
6) Inalterável 
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
Características das competências fixadas na CF:
1) Privativas – somente o ente político definido constitucionalmente pode exercê-la;
A privatividade é decorrência natural do princípio federativo, de autonomia dos entes federados, não cabendo em regra, interferência de uma pessoa política sobre a tributação de outra.
Portanto, não há hierarquia de entre os entes, em matéria de competência tributária. Neste particular a CF deixou expressa a vedação do art. 151, III, impedindo as isenções heterônomas, que eram benefícios fiscais de tributos estaduais ou municipais fixados pela União.
Claro, portanto, que o disposto no § Único, do art. 13, do CTN não foi recepcionado no texto da atual CF. 
 
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
Código Tributário Nacional
Art. 13. O disposto na alínea a do inciso IV do artigo 9º não se aplica aos serviços públicos concedidos, cujo tratamento tributário é estabelecido pelo poder concedente, no que se refere aos tributos de sua competência, ressalvado o que dispõe o parágrafo único.
Parágrafo único. Mediante lei especial e tendo em vista o interesse comum, a União pode instituir isenção de tributos federais, estaduais e municipais para os serviços públicos que conceder, observado o disposto no § 1º do artigo 9º.
O parágrafo único acima, não foi recepcionado pelo Texto Constitucional de 1988
 
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
2) Indelegáveis – regra geral, a prerrogativa de legislar sobre o tributo é exclusivamente daquele ente político definido na Constituição Federal. Portanto norma infraconstitucional não pode, absolutamente, delegar a competência legislativa a outro ente da federação
Contudo, devemos observar:
a) o art. 7º do CTN permite que o ente competente atribua a outra pessoa jurídica de Direito Público (ente político ou autarquia) as funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária.
b) Contrato dos Fiscos com instituições financeiras para recebimento de tributos, por meio de suas agência bancárias, não configura delegação de competência. (CTN, art. 7º, § 3º)
 
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição.
§ 1º A atribuição compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à pessoa jurídica de direito público que a conferir.
§ 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de direito público que a tenha conferido.
§ 3º Não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo ou da função de arrecadar tributos.
Art. 8º O não-exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurídica de direito público diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído.
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
3) Irrenunciável - O ente político não a perde a competência tributária por sua inércia ou mesmo se eventualmente exprimir sua falta de interesse. 
4) Incaducável - não prescrevem nem decaem por decurso de tempo.
5) Facultativa – o exercício da competência é exercido quando o ente bem entender. A constituição apenas possibilita e outorga a competência, mas não a impõe. 
OBS.: Contudo sobre esse tema devemos atentar para o comando do art. 11, da LRF, que determina que se o ente político deixar de arrecadar todos os impostos de sua competência, ele não poderá receber determinadas transferências voluntárias. Esse dispositivo acaba sendo uma sanção que mitiga a facultatividade da competência. 
 
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação.
Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos.
 
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
6) Inalterável 
Essa característica reitera a exclusividade da Constituição Federal para defini-la. Dela decorre a regra disposta no art. 110 do CTN.
Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias.
 
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
Em regra a competência tributária é exercida por meio de Lei Ordinária; mas, excepcionalmente e com exclusividade, em algumas situações, a União exercerá sua competência por meio de Lei Complementar federal nos seguintes casos:
 Empréstimos Compulsórios (art. 148, CF);
 IGF – sobre a definição de grande fortuna (art. 153,VII, CF);
 Impostos de Competência Residual da União (art. 154, I, CF);
 Outras Contribuições Sociais (art. 195, § 4º, CF) 
 
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Classificação das Competências Tributárias da CF
Privativa;
Comum;
Cumulativa;
Especial;
Residual;
Extraordinária. 
 
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
Competência Privativa - é o poder que têm os entes da federação para instituir os impostos que são enumerados exaustivamente na CF.
OBS.:
a) Os constitucionalistas distinguem a competência privativa da exclusiva, alegam que a primeira seria passível de delegação, o que nos levaria a concluir que a competência tributária é exclusiva e não privativa.
Contudo, os arts. 153, 155 e 156, a par da doutrina majoritária, indica, no plano terminológico, que se consagrou o outro atributo para a competência tributária: a privatividade. 
 
 
 
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COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
Competência Tributária Comum está relacionada aos tributos chamados de vinculados (ou contraprestacionais), isto é, as taxas e as contribuições de melhoria. 
Portanto, de modo comum, União, Estados, Municípios ou o Distrito Federal poderão ser os sujeitos ativos das taxas ou contribuições de melhoria.
Ex.: Arts. 145, II e III; e, 149-A 
 
 
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
Competência Tributária Cumulativa (ou Múltipla) está prevista no art. 147 da CF, prende-se ao poder legiferante de instituição de impostos pela União, nos “Territórios Federais” e pelo Distrito Federal, em sua base territorial. 
Art. 147. Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente,os impostos municipais; ao Distrito Federal cabem os impostos municipais.
 
 
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
Competência Tributária Especial é própria da União e traduz-se no poder de instituir os empréstimos compulsórios (art. 148, CF) e as contribuições especiais (art. 149 e 149-A, CF).
Exceção: os Estados, o DF e os Municípios podem cobrar Contribuições Sociais de seus servidores (art. 149, § 1º). 
 
 
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
Competência Tributária Residual ou Remanescente - permite a União instituir outros impostos não previstos na Constituição. Encontra amparo em dois dispositivos do texto Constitucional: o art. 154, I e o art. 195, § 4º.
Art. 154. A União poderá instituir:
I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição;
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
§ 4º - A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I.
 
 
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
Competência Tributária Extraordinária - permite a União,mediante Lei Ordinária federal, instituir impostos no caso de guerra externa ou sua iminência.
Art. 154. A União poderá instituir:
(...)
II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.
 
 
	Competência Tributária					
	Tipos	Espécies	Ente Político Tributante			Arts. da CF
			União	Est./DF	Município	
	Privativa	Impostos	II, IE, IR, IPI, ITR, IOF, IGR	ITCMD, ICMS, IPVA	IPTU, ITBI, ISS	153, 155e 156
	Comum	Taxas e Contrib. de Melhoria	X	X	X	145, II e III
	Especial	Emp. Comp. e Contrib. Especiais	X			148, 149 e 149-A
	Residual	Novos Imp. ou Contrib. p/ Seg. Social	X			154, I e 195, § 4º
	Extraordinária	Impostos Extraord. (de guerra)	X			154, II
	Cumulativa	Impostos	X	X* (DF)		147
	COMPETÊNCIA RESIDUAL	COMPETÊNCIA EXTRAORDINÁRIA
	CONSTITUIÇÃO FEDERAL	
	ART.S 154, I e 195, § 4º	ART.S 154, II
	IMPOSTO RESIDUAL E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL RESIDUAL 	IMPOSTO EXTRAORDINÁRIO DE GUERRA
	Tributo Federal da União	Tributo Federal da União
	Competência Tributária Residual	Competência Tributária Extraordinária
	Pode ser instituído a qualquer tempo	Só pode ser instituído nos casos de guerra externa
	É uma inovação tributária (tributo novo)	Institui-se extraordinariamente em situação de beligerância
	Instituído por Lei Complementar	Instituído por Lei Ordinária
	Imposto permanente sem limitação de tempo	Imposto provisório, sem limitação de tempo
	Deve observar o Princípio da não Cumulatividade	Não tem obrigação de observar o Princípio da não Cumulatividade
	Deve observar os Princípios da Anterioridade Anual e Nonagesimal	Não tem obrigação de observar os Princípios da Anterioridade Anual e Nonagesimal
	Proibição de coincidência entre o fato gerador ou a base de cálculo dele com os de outros impostos 	Permissão de coincidência entre o fato gerador dele com os de outros impostos 
	Há limitações quanto à sua estrutura de incidência	Não há limitações quanto à sua estrutura de incidência
	Respeito ao Princípio da Exclusividade das Competências Impositivas	Sem respeito ao Princípio da Exclusividade das Competências impositivas

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