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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA A4 DE LAB. DE ESTUDOS DE CASOS JURÍDICOS MARCELO TRINDADE VELLOSO RESUMO EXPANDIDO: PRINCÍPIO NEMO TENETUR SE DETEREGE ALUNO LUCAS GARCIA SAYÃO MATRÍCULA 20201107956 RIO DE JANEIRO, 20 DE JUNHO DE 2022 1) PRINCÍPIO DA NÃO AUTOINCRIMINAÇÃO OU “NEMO TENETUR SE DETEGERE”: O princípio da vedação a autoincriminação é a inexistência de obrigação do investigado em produzir qualquer prova contra si mesmo, como uma forma de autodefesa ou direito ao silêncio. Deve-se acrescentar, que o privilégio concedido ao acusado de não ser obrigado a testemunhar contra si próprio, além do direito de não responder às perguntas feitas durante o interrogatório, abrange qualquer outro meio de prova que, ainda que indiretamente, prejudique a defesa. Portanto, o princípio nemo tenetur se detegere é uma garantia constitucional que visa a proteção da liberdade individual, da dignidade da pessoa humana e também em relação a outros princípios constitucionais, como o princípio da presunção de inocência e o princípio da proporcionalidade. Com o princípio “nemo tenetur se detegere” sendo encontrado na constituição, este também é uma cláusula pétrea e um direito individual básico, e neste sentido, versa Alexandre de Moraes: “O conjunto institucionalizado de direitos e garantias do ser humano que tem por finalidade básica o respeito a sua dignidade, por meio de sua proteção contra o arbítrio do poder estatal, e o estabelecimento de condições mínimas de vida e desenvolvimento da personalidade humana pode ser definido como direitos humanos fundamentais ” (Moraes, 2000, p. 39). 2) ORIGEM DO PRINCÍPIO: O princípio da não incriminação não possui uma origem histórica, este vem da modernidade. A sociedade foi se posicionando contra atos violentos e a favor de um sistema punitivo mais justo, diferente da idade média, onde era admitida tortura como forma de confissão, hoje em dia este tipo de prática é repudiada. A expressão latina “nemo tenetur se detegere”, significa “Ninguém é obrigado a se mostrar”. Já no direito americano e nos países de common law, este se chama “privilegie against self-incrimination”, ou seja, “imunidade em relação à autoincriminação”. Portanto, o princípio foi se estabelecendo de forma natural, uma vez que a própria sociedade civil e internacional não admite violações ao Estado democrático de direito. 3) A CONSTITUIÇÃO E OS ACORDOS INTERNACIONAIS: a. INCISO LXIII DO ARTIGO 5 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;” b. ARTIGO 14, 3, “G” DO PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS DA ONU: “ARTIGO 14 3. Toda pessoa acusada de um delito terá direito, em plena igualdade, a, pelo menos, as seguintes garantias: g) De não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confessar-se culpada.” c. ARTIGO 8, PARÁGRAFO 2, ”G” DA CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS (PACTO DE SÃO JOSÉ DA COSTA RICA): “ARTIGO 8 2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas: g) direito de não ser obrigado a depor contra si mesma, nem a declarar- se culpada;” 4) DIREITO AO SILÊNCIO EM TESTE DE ALCOOLEMIA: Relativamente a esta questão, importa compreender que o condutor do veículo a motor tem o direito de recusar a realização do teste do bafômetro, uma vez que deve ter a autorização do condutor do veículo para que atue como um teste legítimas. Porém, poderão ser tomadas medidas administrativas, especialmente no caso de motorista visivelmente embriagado, conforme exigido pelo código de trânsito brasileiro. 5) JURISPUDÊNCIA: “HABEAS CORPUS - JÚRI - RECONSTITUIÇÃO DO CRIME - CERCEAMENTO DE DEFESA - NÃO-INTIMAÇÃO DO DEFENSOR PARA A RECONSTITUIÇÃO DO DELITO - PACIENTE QUE SE RECUSA A PARTICIPAR DA REPRODUÇÃO SIMULADA DOS FATOS - VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO CONTRADITORIO - INOCORRENCIA - PRISÃO CAUTELAR - INSTITUTO COMPATIVEL COM O PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA NÃO- CULPABILIDADE (CF, ART. 5., LVII) - CONCESSÃO DE LIBERDADE PROVISORIA - MERA FACULDADE JUDICIAL - ORDEM DENEGADA. A reconstituição do crime configura ato de caráter essencialmente probatório, pois se destina - pela reprodução simulada dos fatos - a demonstrar o modus faciendi de pratica delituosa (cpp, art. 7.). O suposto autor do ilicito penal não pode ser compelido, sob pena de caracterização de injusto constrangimento, a participar da reprodução simulada do fato delituoso. O magisterio doutrinario, atento ao princípio que concede a qualquer indiciado ou réu o privilegio contra a auto-incriminação, ressalta a circunstancia de que e essencialmente voluntaria a participação do imputado no ato - provido de indiscutivel eficacia probatoria - concretizador da reprodução simulada do fato delituoso. - a reconstituição do crime, especialmente quando realizada na fase judicial da persecução penal, deve fidelidade ao princípio constitucional do contraditorio, ensejando ao réu, desse modo, a possibilidade de a ela estar presente e de, assim, impedir eventuais abusos, descaracterizadores da verdade real, praticados pela autoridade pública ou por seus agentes. - não gera nulidade processual a realização da reconstituição da cena delituosa quando, embora ausente o defensor tecnico por falta de intimação, dela não participou o próprio acusado que, agindo conscientemente e com plena liberdade, recusou-se, não obstante comparecendo ao ato, a colaborar com as autoridades publicas na produção dessa prova. - a legitimidade jurídico-constitucional das normas legais que disciplinam a prisão provisoria em nosso sistema normativo deriva de regra inscrita na propria carta federal, que admite - não obstante a excepcionalidade de que se reveste - o instituto da tutela cautelar penal (art. 5., lxi). O princípio constitucional de não-culpabilidade, que decorre de norma consubstanciada no art. 5., lvii, da constituição da republica, não impede a utilização, pelo poder judiciario, das diversas modalidades que a prisão cautelar assume em nosso sistema de direito positivo. - o réu pronunciado - ainda que primario e de bons antecedentes - nenhum direito tem a obtenção da liberdade provisoria. A preservação do status libertatis do acusado traduz, nesse contexto, mera faculdade reconhecida ao juiz. (HC 69.026, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Primeira Turma, julgado em 10/12/1991, DJ 04-09-1992 PP-14091 EMENT VOL-01674-04 PP-00734 RTJ VOL- 00142-03 PP-00855)” “PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. TESTEMUNHA. INQUIRIÇÃO. PRINCÍPIO "NEMO TENETUR SE DETEGERE". GARANTIA CONTRA A AUTO INCRIMINAÇÃO. DIREITO DE SILENCIAR. ORDEM CONCEDIDA. 1. O princípio "nemo tenetur se detegere", positivado no artigo 5º, inciso LXII, da Constituição Federal, desobriga o investigado ou acusado de produzir prova contra si. 2. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal sufragou o entendimento de que a garantia de não se incriminar estende-se às testemunhas, no que concerne às respostas de questões que possam causar- lhe prejuízo. 3. Ordem concedida para confirmar a liminar deferida para garantir ao paciente, na condição de testemunha arrolada pelo Ministério Público Federal, o direito de silenciar diante de indagações que pudessem levá-la à autoincriminação na audiência objeto de Carta Precatória expedida nos autos da AçãoPenal 0004478-33.2016.4.01.4300/DF. A Turma, por unanimidade, concedeu a ordem de habeas corpus. (HC 0048423-64.2016.4.01.0000, Relator DESEMBARGADOR FEDERAL MÁRIO CÉSAR RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, Julgamento 28 de Setembro de 2016)” “HABEAS CORPUS. CRIME DE DESOBEDIÊNCIA. RECUSA A FORNECER PADRÕES GRÁFICOS DO PRÓPRIO PUNHO, PARA EXAMES PERICIAIS, VISANDO A INSTRUIR PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO DO CRIME DE FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO. NEMO TENETUR SE DETEGERE. Diante do princípio nemo tenetur se detegere, que informa o nosso direito de punir, é fora de dúvida que o dispositivo do inciso IV do art. 174 do Código de Processo Penal há de ser interpretado no sentido de não poder ser o indiciado compelido a fornecer padrões gráficos do próprio punho, para os exames periciais, cabendo apenas ser intimado para fazê-lo a seu alvedrio. É que a comparação gráfica configura ato de caráter essencialmente probatório, não se podendo, em face do privilégio de que desfruta o indiciado contra a auto-incriminação, obrigar o suposto autor do delito a fornecer prova capaz de levar à caracterização de sua culpa. Assim, pode a autoridade não só fazer requisição a arquivos ou estabelecimentos públicos, onde se encontrem documentos da pessoa a qual é atribuída a letra, ou proceder a exame no próprio lugar onde se encontrar o documento em questão, ou ainda, é certo, proceder à colheita de material, para o que intimará a pessoa, a quem se atribui ou pode ser atribuído o escrito, a escrever o que lhe for ditado, não lhe cabendo, entretanto, ordenar que o faça, sob pena de desobediência, como deixa transparecer, a um apressado exame, o CPP, no inciso IV do art. 174. Habeas corpus concedido. (HC 77135 SP, Relator Min. ILMAR GALVÃO, Primeira Turma, Julgamento 8 de Setembro de 1998, DJ 06-11-1998 PP-00003 EMENT VOL-01930-01 PP- 00170)” 6) BIBLIOGRAFIA: a. CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS <https://www.cidh.oas.org/basicos/portugues/c.convencao_american a.htm> b. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituica ocompilado.htm> c. PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990- 1994/D0592.htm> d. Sobre o princípio nemo tenetur se detegere exercido pelo Poder Judiciário <https://www.conjur.com.br/2021-jan-29/ornelas- principio-nemo-tenetur-detegere-judiciario> e. AVENA, Norberto. Processo Penal. Grupo GEN, 2022. 9786559645084. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978655964 5084/. Acesso em: 23 jun. 2022 f. Uma breve análise do Princípio do "nemo tenetur se detegere" no direito brasileiro. <https://jus.com.br/artigos/91198/uma- breve-analise-do-principio-do-nemo-tenetur-se-detegere-no- direito-brasileiro> g. MORAES, Alexandre D. Direitos Humanos Fundamentais. Grupo GEN, 2021. 9788597026825. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978859702 6825/. Acesso em: 23 jun. 2022.
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