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1 UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA UNIDADE BARRA DA TIJUCA SEGUNDA-FEIRA - NOITE A1 DE PROCESSO PENAL ESPECIAL PROFESSOR MARCELO TRINDADE VELLOSO NULIDADE NO PROCESSO PENAL ALUNO LUCAS GARCIA SAYÃO MATRÍCULA 20201107956 2 1. O CONCEITO: Tratam-se de vícios que contaminam atos processuais quando praticados sem observara a norma prevista na lei, gerando portanto, sua nulidade. 2. OS PRINCÍPIOS: a. Não há nulidade sem prejuízo: Seguindo o princípio da economia processual, não se é reconhecida a nulidade de um ato quando não há prejuízo concreto a parte interessada. Este princípio é aplicado nas nulidades relativas, uma vez que a existência da nulidade absoluta há prejudicados em sua essência. Vide CPP: Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa. b. Não há nulidade provocada pela parte: Preceitua o art. 565 do CPP: Art. 565. Nenhuma das partes poderá argüir nulidade a que haja dado causa, ou para que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte contrária interesse. Portanto, não pode a parte concorrer para a nulidade de algum ato processual, garantindo a ética na produção de provas e afastando a má-fé. c. Não há nulidade por omissão de formalidade que só interesse à parte contrária: Não se pode arguir nulidade de ato que somente beneficia a parte contrária. Neste sentido, versa Borges da Rosa: “As nulidades, por terem um caráter odioso, por constituírem uma sanção ou pena, devem ser alegadas e aplicadas restritivamente, só quando se destinem a reparar um prejuízo decorrente da violação da lei. Só pode, portanto, alegar nulidade quem sofreu esse prejuízo” (Nulidades do processo, p. 176). d. Não há nulidade de ato irrelevante para a causa: Não pode ser declarada nulidade de ato irrelevante ao processo, vide CPP: Art. 566. Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa. 3 e. A nulidade de ato processual relevante pode desencadear a dos consequentes Seguindo o princípio da causalidade, a nulidade de um ato específico pode gerar a nulidade de outros, que sequenciaram o ato nulo, tendo então uma nulidade originária e a derivada.. Art. 573. Os atos, cuja nulidade não tiver sido sanada, na forma dos artigos anteriores, serão renovados ou retificados. § 1o A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2o O juiz que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende. 3. NO DESATENDIMENTO DE NORMAS CONSTITUCIONAIS: A não observância as normas constitucionais geram em regra a nulidade absoluta. Porém, é possível utilizar princípios constitucionais para burlar normas constitucionais, de forma que justifique sua não aplicabilidade. Não podendo portanto, declarar nulo tal ato. Tal fato chamado de “Atipicidade constitucional”. Ex: Um tratamento privilegiado dado ao réu, no plenário do Tribunal do Júri, em cumprimento ao princípio da plenitude de defesa, pode contrapor- se ao princípio geral da igualdade das partes no processo. 4. NO INQUÉRITO POLICIAL: Não existe nulidade decorrente do inquérito policial. Caso haja algum erro durante o procedimento administrativo, cabe ao magistrado julgara a relevância ou não da prova produzida. 5. AS NULIDADES ABSOLUTAS: Tratam-se das nulidades que devem ser proclamadas pelo juiz, de oficio ou a requerimento das partes, quando são observadas nítidas infrações ao interesse público na produção do devido processo legal. Podem ser apontadas a qualquer tempo e em qualquer instância, mesmo depois do trânsito em julgado. Ex: Não conceder o juiz ao réu a ampla defesa, cerceando a atividade do seu advogado 4 a. INCOMPETÊNCIA: Trata-se do princípio do Juiz Natural, garantido constitucionalmente. Versa que ninguém será julgado senão pelo juiz indicado previamente pela lei ou pela constituição. Ou seja, caso haja prerrogativa de foro para as partes, esta deve ser obedecida, sob pena de nulidade. Ex: Promotor de justiça processado em vara comum e não no tribunal de justiça. b. SUSPEIÇÃO E IMPEDIMENTO: Trata-se do art. 252 do CPP, quando houver impedimento, o juiz está proibido de atuar no processo, sendo então considerada inexistente qualquer ato ou decisão tomada. Sobre o assunto, Vicente Greco Filho comenta: “É costume repetir-se que o impedimento retira do juiz a jurisdição. Essa assertiva, contudo, não é verdadeira. Jurisdição ele continua tendo, porque não está desinvestido. Ele somente está proibido de exercê-la naquele processo com o qual tem um dos vínculos relacionados no art. 252. A distinção é importante porque se o juiz não tivesse jurisdição (aliás, então, ele não seria juiz) seus atos seriam inexistentes, ao passo que, na realidade, o que ocorre é que seus atos são nulos, absolutamente nulos” (Manual de processo penal, p. 215) No caso de suspeição, o juiz tem relações próximas com participantes da ação que julga, sendo então por este motivo, caso de nulidade quando o a parte interessada reclamar. Ex: Promotor e juiz combinando testemunhas para condenar réu. ( + = ) c. SUBORNO DO JUIZ: Dar dinheiro ou vantagem a juiz em troca de obter favores indevidos caracteriza-se como corrupção, e é uma causa de suspeição. d. AUSENCIA DE EXAME DE CORPO DE DELITO: É indispensável a realização de exame de corpo de delito. Em caso de não existência do exame, laudo de necrópsia em caso de homicídio ou outra forma válida de prova pericial, deve ser decretada nulidade absoluta no processo. 5 6. AS NULIDADES RELATIVAS: São as nulidades geradas a partir da inobservância das formalidades legais previstas e devem ser requeridas pela parte interessada. Inobservâncias essas, que podem ser sanadas, portanto, têm prazo para sua arguição. Ex: Advogado não foi intimado da expedição de carta precatória para a inquirição de testemunha de defesa, cujos esclarecimentos referiam-se apenas a alguns parcos aspectos da conduta social do réu, tendo havido a nomeação de defensor ad hoc para acompanhar o ato. a. INFRINGÊNCIA À REGRA DA PREVENÇÃO: Trata-se de uma inobservância a competência territorial, com súmula do STF: Súmula 706 do STF: “É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência penal por prevenção”. b. FALTA DE INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO: É causa de nulidade relativa quando o representante do MP não intervenção em ação pública por ele intentada ou em ação privada subsidiária da pública. c. AUSÊNCIA DA FORMA LEGAL DOS ATOS PROCESSUAIS: Caso alguma norma processual for desrespeitada, tratando-se de uma formalidade essencial, será caso de nulidade relativa. 7. A BIBLIOGRAFIA: a. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/del3689compilado.htm b. Nucci, Guilherme de S. Manual de Processo Penal. Disponível em: Minha Biblioteca, (2nd edição). Grupo GEN, 2021. c. Avena, Norberto. Processo Penal. Disponível em: Minha Biblioteca, (13th edição). Grupo GEN, 2021. d. https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/3911/Nulidades- no-Processo-Penal e. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/del3689compilado.htm f. https://www.migalhas.com.br/depeso/343323/das-nulidades- no-processo-penal
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