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Beatriz Machado de Almeida Internato – 10º semestre 1 INTRODUÇÃO • Processo infeccioso articular agudo causado por germes piogênicos (em geral, bactérias). • 2 meninos : 1 menina. • Ocorre mais comumente na infância (<3 anos). Outros: faixa etária dos idosos e indivíduos com imunodeficiência. • Local de acometimento: joelho, quadril. Importante: não é comum evoluir para osteomielite e vice-versa. FISIOPATOLOGIA VIA HEMATOGÊNICA: • Bacteremia (IVAS, pele, TGI): ex – uma bactéria caiu na corrente sanguínea vinda de uma infecção de via aérea (amigdalite). Neste caso, em vez de ir para a região metafisária (osteomielite), chega à membrana sinovial. • Membrana sinovial altamente vascularizada e ausência de membrana basal, o que pode fazer com que a bactéria caia dentro da articulação. Se isso ocorrer e a bactéria não for fagocitada por macrófagos/sistema de defesa, ela vai gerar um processo infeccioso articular. INOCULAÇÃO DIRETA: • Articulação invadida por um objeto contaminado: ex – punção articular (objetivo diagnóstico. infiltração de anestésico, bloqueio ou qualquer tipo de terapia). Importante o cuidado com a assepsia. • Considerar infecções polimicrobianas: em geral, as punções são feitas dentro do hospital, onde tem diversos germes. CONTIGUIDADE: • Osteomielite ou celulite dos RN e lactentes jovens: Processo infeccioso na metáfise com expansão até o ponto em que consegue cair dentro da circulação. Neste caso, tem-se a associação de osteomielite e artrite séptica, o que ocorre principalmente em crianças. CLÍNICA LOCAL DE INFECÇÃO: • MMII. • Quadril, joelho e tornozelo (80%). • Geralmente é unilateral, mas temos a característica da infecção por gonorreia, que tem a tendência a ser poliarticular. O agente mais comum na maioria dos casos é o S.aureus. RN E LACTENTES: • Septicemia: observar irritabilidade, má alimentação. A chance de fazer uma infecção sistêmica é muito maior do que na osteomielite. • Febre sem foco: é importante examinar o paciente como um todo, colher líquor, fazer USG abdominal. • Pseudoparalisia: tentativa de deixar o membro parado para evitar a dor. • Desconforto quando manuseado. • Posicionamento antálgico (posição antálgica de Bonet): cada articulação tem suas características. CRIANÇAS MAIS VELHAS E ADOLESCENTES • O diagnóstico é um pouco mais fácil, pois o paciente consegue referir onde tem a dor exatamente. • Febre. • Sintomas constitucionais de SIRS. • Dor à movimentação: bloqueio mecânico. • Recusa a andar. HISTÓRIA • Caracterização da dor: constante. • Uso recente de antibiótico: mascara a clínica, pois pode levar a uma regressão do processo infeccioso. Ou seja, parece que o paciente ARTRITE SÉPTICA Beatriz Machado de Almeida Internato – 10º semestre 2 melhorou, mas a infecção está expandindo e pode voltar de uma forma mais grave. • Doença concomitante ou recente: saber se o paciente é imunossupresso, se teve infecção. EXAME FÍSICO • Exame de todas as articulações: MMSS e MMII. Se o envolvimento for mais de uma articulação, provavelmente será outra artropatia. • Sinais flogísticos na articulação envolvida: dor, calor, edema, hiperemia. • Diminuição da amplitude de movimento. DIAGNÓSTICO EXAMES LABORATORIAIS • Hemograma completo: pode ter desvio para a esquerda no leucograma. • VHS e PCR: alta sensibilidade. Utilizados no acompanhamento do quadro clínico. • Hemocultura: no processo de bacteremia, é possível detectar os germes. EXAMES DE IMAGEM RADIOGRAFIA: • Alargamento do espaço articular. • Ao analisar as radiografias, é útil comparar a extremidade envolvida com o lado oposto. • É utilizada geralmente para excluir outros diagnósticos, como por exemplo, fratura. USG: • É um exame fantástico que pode ser feito em consultório. • Derrames articulares. CINTILOGRAFIA: • Diagnóstico precoce. • Suspeita de osteomielite. • No caso da pioartrite (atrite séptica) isolada, a cintilografia não é útil. RNM: • Mais sensível para derrame articular (aumento do volume): saber o tipo do líquido articular. • Avalia possível osteomielite ou abscesso se não há resposta em 48h de antibiótico. • Alta sensibilidade e alta especificidade. PUNÇÃO ARTICULAR: • Sempre. • Diagnóstico definitivo: punção articular: pus → processo infeccioso / Líquido amarelado/citrino, semelhante ao líquido sinovial → laboratório. • Cultura. • Bioquímica. ❖ Contagem de leucócitos do líquido sinovial de >50.000 células/microL, com predominância de polimorfonucleares (PMN). ❖ Glicose <40mg/dl: sinal de consumo pelas bactérias. ❖ Elevação da concentração de proteínas. Quando falar a favor de um líquido infeccioso → drenagem! • Aspiração do líquido sinovial e colheita de hemocultura → inicia antibioticoterapia. • Normalmente faz o GRAM (forma rápida) → gram + ou gram -? TRATAMENTO ANTIBIÓTICOS • Sempre fazer cobertura para S.aureus. Dependendo da idade, outros antibióticos devem ser associados. ❖ Oxacilina: 200mg/kg/dia IV. ❖ Clindamicina: 30-50mg/kg/dia. ❖ Cefalosporina de 1º geração. Beatriz Machado de Almeida Internato – 10º semestre 3 ❖ MRSA: vancomicina: 30-50 mg/kg/dia. Utilizado em casos de pacientes resistentes. Quando se tem uma artrite com um germe hospitalar → pensar em pseudomonas. O antibiótico depende bastante da hipótese diagnóstica. TRATAMENTO ORTOPÉDICO • Drenagem cirúrgica da articulação. • Infecção articular = drenagem. • Além disso, é importante fazer a lavagem até que o líquido se torne claro. PROGNÓSTICO • Resposta terapêutica favorável, quando tratado de forma precoce. Lembrete: a infecção articular vai começar a destruir a articulação em 8 horas. • Resolução da febre e dos sintomas. • Diminuição do VHS. COMPLICAÇÕES • Luxação: cabeça do fêmur pra fora. • Anormalidade do crescimento: destruição da epífise óssea. • Necrose avascular. • Fraturas patológicas: fragilidade.
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