Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MICOLOGIA E VIROLOGIA Ângela Cristina Ito Ohana Luiza Santos de Oliveira Imprimir CONHECENDO A DISCIPLINA Caro aluno, frente às adversidades enfrentadas neste início do século XXI, impostas pelo surgimento de novas doenças, é de extrema importância que você, futuro pro�ssional da saúde, aprofunde seus conhecimentos sobre a Micologia e a Virologia. Desde as épocas remotas, fungos e vírus têm despertado o interesse dos pesquisadores de diversas áreas não somente para a obtenção de novas informações a respeito de suas características, mas também para o estabelecimento de diagnósticos de doenças e desenvolvimento de terapias medicamentosas, técnicas e metodologias inovadoras que fazem uso desses microrganismos. Neste livro didático de Micologia e Virologia, você poderá conhecer e compreender o comportamento biológico dos fungos �lamentosos e leveduriformes, reconhecer as estruturas que os compõem e aplicar tais conhecimentos na identi�cação dos fungos de interesse clínico. Além disso, será possível identi�car os mecanismos de indução patológica e resistência dos fungos aos antimicrobianos. Para analisar criticamente o comportamento biológico dos vírus, você obterá um embasamento teórico por meio do reconhecimento dos processos de replicação viral e poderá fazer uso desse conhecimento para entender a terapêutica antiviral. Você também será capaz de entender e aplicar os conhecimentos dos mecanismos envolvidos na patogenia das infecções virais, na elaboração de estratégias de prevenção e controle e no desenvolvimento de técnicas diagnósticas e de novos Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s fármacos antivirais. Na Unidade 1, serão abordados os conteúdos introdutórios a respeito do comportamento biológico dos fungos, do reconhecimento das estruturas dos fungos �lamentosos, dimór�cos e leveduriformes, e da �siologia microbiana. Na Unidade 2, iremos discorrer sobre os fungos �lamentosos e leveduriformes de interesse clínico, abrangendo as micoses causadas por fungos �lamentosos, dimór�cos e leveduriformes, além de analisarmos o cultivo, a identi�cação e a resistência antifúngica. A Unidade 3 permitirá entender o comportamento biológico dos vírus e mecanismos de crescimento por meio da introdução à virologia e replicação viral dos RNA vírus e DNA vírus. A Unidade 4 compreenderá os conteúdos acerca do diagnóstico e pro�laxia dos vírus de interesse clínico, investigando a patogênese das infecções virais, o diagnóstico sorológico e molecular, e a terapêutica antiviral. Portanto, caro aluno, para sua formação e desenvolvimento nesta disciplina, faça uso das informações contidas neste livro didático. Leia e realize as atividades propostas em cada seção para aprofundar seus conhecimentos. Bons estudos e seja bem-vindo à interessante área de Micologia e Virologia! 0 V e r a n o ta çõ e s NÃO PODE FALTAR FUNGOS FILAMENTOSOS Ângela Cristina Ito Imprimir CONVITE AO ESTUDO Olá, caro aluno! Iniciamos, a partir de agora, os estudos de Micologia e Virologia. Nesta unidade, faremos uma introdução ao comportamento biológico dos fungos e, ao �nal, você estará apto a reconhecer as estruturas morfológicas, bem como a �siologia e reprodução dos fungos. Com isso, você poderá fazer o diagnóstico e identi�car os principais fungos de importância clínica. Para que o estudo ocorra de forma agradável, faremos uso de uma situação hipotética que permitirá uma aproximação com a realidade pro�ssional. Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s Rosana trabalha em um laboratório de análises clínicas de sua cidade natal e é graduada em Biomedicina. Na rotina diária do laboratório, atua em um setor especí�co, mas quando a demanda é grande, também auxilia os demais setores. Atualmente todos têm trabalhado bastante, analisando diversos materiais e fazendo uso de técnicas microbiológicas. Recentemente, o laboratório recebeu dois estagiários, Ana e Carlos, os quais irão acompanhar a rotina laboratorial sob a supervisão de Rosana no laboratório de Microbiologia, mais especi�camente no setor de Micologia. Antes de orientar os estagiários quanto aos procedimentos para a realização das técnicas diagnósticas, Rosana achou mais conveniente conversar com a Ana e o Carlos para investigar quais conhecimentos eles têm sobre a Micologia. Será que os estagiários saberiam informar: • Qual a abrangência da Micologia? • Por que é importante saber distinguir os fungos dos demais microrganismos? Vamos observar como Rosana orientou os estagiários Ana e Carlos na interessante rotina laboratorial? PRATICAR PARA APRENDER Seja bem-vindo! Nesta seção, iniciaremos os estudos da disciplina de Micologia e Virologia. Na Unidade 1, nosso foco será a área da Micologia, mais especi�camente os fungos �lamentosos. Estudaremos a morfobiologia com ênfase na morfologia, os ciclos reprodutivos, a taxonomia e a classi�cação dos fungos �lamentosos. Caro aluno, você tem ideia da importância dos conhecimentos sobre os fungos �lamentosos na atuação do pro�ssional da saúde, como o biomédico? Ao �nal desta seção, você será capaz de responder a esse e outros questionamentos. Para isso, �que atento às situações apresentadas no decorrer deste material. 0 V e r a n o ta çõ e s Caro aluno, você se lembra da biomédica Rosana? O laboratório em que Rosana trabalha recebeu dois novos estagiários que �carão sob sua supervisão. No primeiro dia de estágio, Rosana recebe Ana e Carlos, apresentou toda a equipe e fez um tour pelas dependências do laboratório. Como já combinado durante a entrevista realizada previamente, os estagiários iniciarão as atividades no laboratório de Microbiologia, especi�camente no setor de Micologia. Para dar início aos trabalhos de adaptação dos estagiários, Rosana decidiu dispor, em uma bancada de procedimentos, alguns instrumentos de uso rotineiro, vidrarias, equipamentos e materiais de consumo. Na bancada, próxima ao microscópio óptico, Rosana dispôs algumas lâminas com diversos materiais e pediu que os estagiários as visualizassem com o microscópio. Depois da análise das lâminas, Ana e Carlos foram questionados acerca dos microrganismos observados. Você, futuro pro�ssional da saúde, se estivesse no cargo de Rosana, quais questionamentos faria aos estagiários sobre os fungos? Você saberia explicar os conceitos básicos relacionados aos fungos �lamentosos? Por que é importante que o biomédico conheça a morfobiologia dos fungos? Vamos auxiliar a Rosana nessa primeira etapa? A partir de agora, vamos dar início à aquisição de novos saberes. Bons estudos! CONCEITO-CHAVE Representantes do Reino Fungi, os fungos estudados pela Micologia, um dos setores da Microbiologia, são organismos ubíquos, podendo ser encontrados em diversos locais. Não possuem pigmentos fotossintetizantes, fato que os caracteriza como quimio-heterotró�cos. Ou seja, não produzem o próprio alimento, visto que os nutrientes necessários para sua sobrevivência são adquiridos por processos de absorção. Os fungos podem ser identi�cados por intermédio das diferenças que possuem. Em relação à morfologia, podem ser categorizados em: unicelulares, como as leveduras, as quais serão estudadas na próxima seção; e multicelulares, quando são constituídos por várias células. 0 V e r a n o ta çõ e s Os fungos multicelulares apresentam dois tipos de fungos �lamentosos: • Os bolores, também conhecidos como mofos, que são fungos microscópicos; • Os fungos carnosos, popularmente denominados cogumelos, macroscópicos possíveis de serem visualizados a olho nu. Os fungos �lamentosos são multicelulares e eucariontes. As células se unem umas às outras, formando estruturas em forma de tubos. Você saberia informar quais são essas estruturas? Essas composições recebem o nome de hifas, cujas células podem ter paredes denominadas septos.Logo, são nomeadas como hifas septadas, também chamadas de apocíticas. As hifas que não possuem septos são as hifas cenocíticas ou asseptadas. Figura 1.1 | Hifa septada e hifa cenocítica Fonte: Shutterstock. ASSIMILE Você tem ideia de como ocorre o crescimento das hifas? O crescimento se dá pela extensão das extremidades das hifas. Se estiverem em condições ambientais favoráveis, as hifas crescem formando uma massa de hifas denominada micélio. 0 V e r a n o ta çõ e s As hifas que se desenvolvem no substrato constituem a hifa vegetativa, sendo responsáveis pela obtenção de nutrientes. A parte que se desenvolve externamente ao substrato é chamada de hifa reprodutiva ou aérea, responsável pela reprodução. Nas extremidades das hifas aéreas se desenvolvem os conidióforos ou conidiósporos, que contêm os esporos assexuados (conídios). Figura 1.2 | Hifa vegetativa e hifa aérea Fonte: Shutterstock. MORFOBIOLOGIA DOS FUNGOS FILAMENTOSOS CENOCÍTICOS Os fungos �lamentosos cenocíticos caracterizam-se por apresentar hifas asseptadas e multinucleadas. Têm como representantes os zigomicetos, que são sapró�tas e decompositores de matéria orgânica. Alguns deles podem causar infecções de interesse médico. Como exemplos de fungos �lamentosos cenocíticos, podemos citar o Rhizopus stolonifer, conhecido como “mofo preto do pão”, e o Mucor indicus. Ambos são ubíquos, podendo gerar infecções graves. 0 V e r a n o ta çõ e s A reprodução dos fungos �lamentosos cenocíticos habitualmente acontece de forma assexuada, por meio da formação de estruturas que se desenvolvem nas extremidades das hifas, denominadas esporângios. Esses órgãos contêm os esporangiósporos (esporos), que são disseminados no meio ambiente e germinam, dando origem às hifas. Na reprodução sexuada, podemos observar a produção de esporos que resultam da fusão de hifas de linhagens opostas e haploides. Essa etapa é chamada de plasmogamia, com a formação do zigosporângio. Na sequência, ocorre a fusão dos núcleos, isto é, a cariogamia, formando uma célula diploide que, em seguida, sofre meiose, dando origem a células haploides conhecidas como zigósporos (esporos sexuais), que germinam formando um esporângio. Os esporos produzidos germinam e dão origem às hifas, que se desenvolvem e formam o micélio vegetativo. A reprodução sexuada possibilita a recombinação gênica, promovendo maior variabilidade genética. Figura 1.3 | Rhizopus spp. (fungo �lamentoso cenocítico) Fonte: Wikimedia Commons. MORFOBIOLOGIA DOS FUNGOS FILAMENTOSOS SEPTADOS DEMÁCIOS 0 V e r a n o ta çõ e s Os fungos �lamentosos demácios abrangem os fungos cujas hifas apresentam septos e são responsáveis por causar infecções em animais e humanos. Você sabe por que esses fungos são chamados demácios? Os fungos demácios têm pigmentação escura, acastanhada ou negra por conta da presença de melanina na parede celular. Essa coloração desempenha função protetora para o fungo, pois tem ação antifagocitária e resistência aos raios ultravioleta. Figura 1.4 | Esporos e colônia do fungo �lamentoso demácio Alternaria alternata Fonte: Shutterstock. Os fungos �lamentosos demácios são abrangentes e têm como habitat o solo. Eventualmente podem causar infecções, como dermatomicoses, que atingem pele, pelos e unhas. Essas lesões são denominadas feo-hifomicoses super�ciais, que serão estudadas mais especi�camente na Unidade 2. MORFOBIOLOGIA DOS FUNGOS FILAMENTOSOS SEPTADOS HIALINOS 0 V e r a n o ta çõ e s Os fungos �lamentosos septados hialinos são assim denominados porque suas hifas são transparentes, claras, com ausência de melanina. Clinicamente, os fungos �lamentosos hialinos têm importância relevante por conta das infecções que provocam. São representados pelos: • Dermató�tos, responsáveis por provocar as dermato�toses, micoses cutâneas super�ciais que acometem pele, pelos e unhas. • Fungos anamorfos, também chamados de fungos imperfeitos, podendo não apresentar reprodução sexuada. O ciclo reprodutivo dos fungos �lamentosos septados hialinos normalmente se caracteriza por apresentar uma fase assexuada com produção de esporos, os conidiósporos, e uma fase sexual que dá origem aos esporos sexuados, como os ascósporos. EXEMPLIFICANDO Na reprodução dos fungos �lamentosos septados hialinos ou demácios, é possível observar duas fases distintas com produção de esporos: a reprodução assexuada e a reprodução sexuada. Na fase reprodutiva assexuada, os esporos são produzidos nas extremidades das hifas, que se diferenciam em estruturas denominadas conidióforos. Os conídios (esporos) �cam localizados externamente, sendo denominados ectósporos, os quais podem se dispor em cadeias ou grupos de conídios. Como exemplo, podemos citar o Penicillium. Os ectósporos também podem ser formados pela fragmentação da hifa, dando origem aos artroconídios. A fase reprodutiva sexuada é caracterizada pela produção de esporos provenientes da plasmogamia, isto é, da fusão de hifas haploides. Posteriormente, ocorre a cariogamia, de forma que a célula passa a ser diploide. Em seguida, essa célula sofre meiose e dá origem aos esporos 0 V e r a n o ta çõ e s haploides, endósporos produzidos dentro de ascos, conhecidos como ascósporos. Esse tipo de reprodução sexuada ocorre em ascomicetos. Outro exemplo de reprodução sexuada pode ser encontrado na formação de ectósporos produzidos nos basídios situados nas extremidades férteis das hifas, os quais são denominados basidiósporos pertencentes à divisão dos basidiomicetos ou cogumelos. Figura 1.5 | Conidióforo e conídios de Penicillium spp. Fonte: Shutterstock REFLITA Caro aluno, até o momento, pudemos observar que os fungos �lamentosos podem ser cenocíticos, quando as hifas não possuem septos e são multinucleadas, ou septados, quando as hifas apresentam septos. Vimos também que os fungos são encontrados em vários locais e possuem morfologias especí�cas. Você sabe qual a importância de estudarmos os 0 V e r a n o ta çõ e s fungos �lamentosos cenocíticos e septados (demácios e hialinos), suas características morfológicas e sua biologia, ou seja, a forma como vivem e se reproduzem? TAXONOMIA E CLASSIFICAÇÃO DOS FUNGOS Os fungos são classi�cados taxonomicamente de acordo com suas características morfológicas. Entretanto, agrupar os fungos de acordo com as características por similaridade é um processo complexo e que, nos últimos tempos, tem passado por diversas reestruturações. Isso se deve ao fato de que antigamente os fungos eram incluídos no Reino Plantae, mas, por apresentar muitas características morfológicas e �siológicas que não se aplicam às plantas, foram alocados em um reino próprio, o Reino Fungi. O constante desenvolvimento de novas técnicas da biologia molecular tem possibilitado a atualização de informações e, consequentemente, a adequação da classi�cação dos fungos. Até o presente momento, os pesquisadores propuseram diversas chaves de classi�cações, mas sem concordância entre eles. Uma das classi�cações sugeridas atualmente propõe quatro divisões para o Reino Fungi: Chytridiomycota, Zygomycota, Basidiomycota e Ascomycota. Há ainda um grupo à parte que agrega os fungos imperfeitos ou anamorfos, representantes da divisão Deuteromycota, a qual não é aceita pelos taxonomistas atuais. A maioria desses fungos, após os resultados dos estudos moleculares, foram enquadrados nas divisões Basidiomycota e Ascomycota. Na taxonomia, os organismos vivos são agrupados em subdivisões, obedecendo a uma hierarquia taxonômica. O cogumelo Amanita muscaria, por exemplo, pertence ao Domínio Eukarya, Reino Fungi, Divisão Basidiomycota, Classe Homobasidiomycetes, Ordem Agaricales, Família Amanitaceae, Gênero Amanita, Espécie Amanita muscaria. A nomenclatura é binomial, ou seja, de acordo com a 0 V e r a n o ta çõ e s nomenclatura cientí�ca, o primeiro nome se refere ao gênero, e o segundo, à espécie. Ambos os nomes são grafadosem itálico e o primeiro nome inicia com letra maiúscula. Caro aluno, nesta seção pudemos veri�car que os fungos se apresentam em formas diversas e muitos deles podem causar doenças. Para que o diagnóstico e o tratamento sejam assertivos, o conhecimento da morfologia e biologia dos fungos se faz necessário na atuação do pro�ssional de saúde. Na próxima seção, daremos continuidade aos nossos estudos sobre os fungos, investigando os fungos dimór�cos e leveduriformes. Até breve! FAÇA VALER A PENA Questão 1 Os fungos são organismos eucariontes, unicelulares ou pluricelulares, sapró�tos e heterotró�cos. Pertencem ao Reino Fungi, visto que não apresentam semelhanças com os vegetais nem com as bactérias e protistas. De acordo com as suas características morfológicas, os fungos podem ser: a. Leveduras – unicelulares; �lamentosos – pluricelulares; carnosos – unicelulares. b. Leveduras – pluricelulares; �lamentosos – unicelulares; carnosos – pluricelulares. c. Leveduras – unicelulares; �lamentosos – pluricelulares; carnosos – pluricelulares. d. Leveduras – unicelulares; �lamentosos – unicelulares; carnosos – pluricelulares. e. Leveduras – pluricelulares; �lamentosos – pluricelulares; carnosos – unicelulares. Questão 2 Amostras de unhas e escamas de pele de um mesmo paciente foram coletadas em uma unidade de pronto atendimento e encaminhadas ao laboratório de análises clínicas a �m de se obter um diagnóstico sobre uma possível causa para os sintomas apresentados por ele. Por meio da realização das técnicas empregadas, tais como exame micológico direto e cultura do material semeado em ágar 0 V e r a n o ta çõ e s Sabouraud Dextrose, obteve-se o diagnóstico de onicomicose, uma dermatomicose super�cial ou feo-hifomicose super�cial que atinge as unhas e os tecidos ao redor da lâmina ungueal. Nesse contexto, analise as assertivas e assinale a alternativa que indica o causador da doença. a. Fungo �lamentoso septado hialino, cujas hifas �lamentosas septadas são hialinas com ausência de pigmento. b. Fungo �lamentoso septado demácio, cujas hifas �lamentosas septadas possuem coloração escura pela presença da melanina. c. Fungo �lamentoso cenocítico, com hifas asseptadas hialinas com ausência de pigmento. d. Fungo �lamentoso cenocítico, com hifas asseptadas com coloração escura pela presença de melanina. e. Fungo �lamentoso septado, com hifas �lamentosas septadas com coloração amarelada pela presença de caroteno. Questão 3 Fungos �lamentosos cenocíticos podem se reproduzir mediante a reprodução assexuada e sexuada. Ao �nal dessas duas fases, há produção de esporos. Considerando a informação apresentada, analise as a�rmativas a seguir: I. Na reprodução assexuada nas extremidades das hifas ocorre o desenvolvimento de esporângios, estruturas que contêm os esporangiósporos. II. Os esporangiósporos são esporos que germinam dando origem a novas hifas. III. Na reprodução sexuada, hifas de linhagens opostas se fundem em um processo denominado plasmogamia, quando ocorre a formação do zigosporângio. IV. A cariogamia, processo de fusão dos núcleos haploides, resulta em uma célula diploide que, em seguida, passará por meiose, dando origem aos zigósporos, os esporos sexuais haploides. V. Ao �nal da fase reprodutiva sexuada, o zigósporo não produz o esporângio e não há liberação dos esporos, o que afeta a germinação de novas hifas. Considerando o contexto apresentado, é correto o que se a�rma em: 0 V e r a n o ta çõ e s REFERÊNCIAS BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Microbiologia clínica para o controle de infecção relacionada à assistência à saúde. Módulo 8: Detecção e identi�cação de fungos de importância médica. Brasília: Anvisa, 2013. Disponível em: https://bit.ly/3x1p3a4. Acesso em: 31 jan. 2021. GAMBALE, W. Morfologia, reprodução e taxonomia dos fungos. In: ZAITZ. C. et al. Compêndio de micologia médica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017, p. 89-98. Disponível em: https://bit.ly/3d40rpo. Acesso em: 20 jan. 2021. LEITE, S. B. Biologia dos fungos. In: FRANÇA, F. S.; LEITE, S. B. Micologia e virologia. Porto Alegre: Sagah, 2018, p. 137-148. Disponível em: https://bit.ly/3gS3132. Acesso em: 14 jan. 2021. LEITE, S. B. Taxonomia e classi�cação dos fungos. In: FRANÇA, F.S.; LEITE, S. B. Micologia e virologia. Porto Alegre: Sagah, 2018, p. 123-133. Disponível em: https://bit.ly/3qjxpaF.41. Acesso em: 15 jan. 2021. LEVINSON, W. Micologia básica. In: LEVINSON, W. Microbiologia médica e imunologia. 13. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016, p. 383-388. Disponível em: https://bit.ly/3vIM0O0. Acesso em: 18 jan. 2021. MADIGAN, M. T. et al. Diversidade dos microrganismos eucariotos. In: MADIGAN, M. T. Microbiologia de Brock. 14. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016, p. 555-562. Disponível em: https://bit.ly/2SUTIHu. Acesso em: 15 jan. 2021. a. I, II, IV e V, apenas. b. I, III, IV e V, apenas. c. II, III, IV e V, apenas. d. I, II, III e V, apenas. e. I, II, III e IV, apenas. 0 V e r a n o ta çõ e s https://www.saude.go.gov.br/images/imagens_migradas/upload/arquivos/2017-02/modulo-8---deteccao-e-identificacao-de-fungos-de-importancia-medica.pdf https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-1962-9/cfi/113!/4/4@0.00:27.9 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595026827/cfi/136!/4/2@100:0.00 https://bit.ly/3qjxpaF https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788580555578/cfi/394!/4/4@0.00:0.00 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582712986/cfi/581!/4/4@0.00:66.8 MEZZARI, A.; FUENTEFRIA, A. M. Considerações gerais. In: MEZZARI, A.; FUENTEFRIA, A. M.. Micologia no laboratório clínico. Barueri: Manole, 2012, p. 1-8. Disponível em: https://bit.ly/3wOU15o. Acesso em: 20 jan. 2021. PILANIYA, V. et al. Aspergilose pulmonar invasiva aguda, logo após exposição ocupacional a água poluída barrenta, em indivíduo previamente saudável. Jornal Brasileiro de Pneumologia, São Paulo, v. 41, n. 5, p. 473-477, 2015. Disponível em: https://bit.ly/3xHwIdJ. Acesso em: 1 fev. 2021. SALES, M. P. U. Capítulo 5 - Aspergilose: do diagnóstico ao tratamento. Jornal Brasileiro de Pneumologia, São Paulo, v. 35, n. 12, p. 1238-1244, dez. 2009. Disponível em: https://bit.ly/3vNQIdw. Acesso em: 1 fev. 2021. TALAMONE, R. Pesquisa indica melhores fungos para obter enzima usada na indústria. Jornal da USP, 6 fev. 2019. Disponível em: https://bit.ly/3j1Mn3o. Acesso em: 2 fev. 2021. TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Eucariotos, fungos, algas, protozoários e helmintos. In: TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017, p. 319-331. Disponível em: https://bit.ly/3gWFpu4. Acesso em: 19 jan. 2021. 0 V e r a n o ta çõ e s https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582712986/cfi/581!/4/4@0.00:66.8 https://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v41n5/pt_1806-3713-jbpneu-41-05-00473.pdf https://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v35n12/v35n12a12.pdf https://jornal.usp.br/ciencias/pesquisa-indica-melhores-fungos-para-obter-enzima-usada-na-industria/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582713549/cfi/340!/4/4@0.00:0.00 FOCO NO MERCADO DE TRABALHO FUNGOS FILAMENTOSOS Ângela Cristina Ito Imprimir SEM MEDO DE ERRAR A �m de veri�car os conhecimentos dos estagiários, inicialmente Rosana pode analisar o desempenho de Ana e Carlos no manuseio dos materiais e equipamentos, como durante a visualização das lâminas no microscópio óptico. Como biomédica responsável pelo setor de micologia, Rosana pode iniciar os questionamentos perguntando aos estagiários qual o diagnóstico dos materiais Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s observados. São microrganismos? Caso sejam, são procariontes ou eucariontes, uni ou pluricelulares? Dando continuidade aos trabalhos, para explicar os conceitos básicos sobre os fungos �lamentosos, Rosana pode fazer uso de recursosmultimídia, projetar �guras e ilustrações ou vídeos sobre os fungos. Com base nesses materiais, seria possível explanar brevemente sobre os tipos de fungos �lamentosos, salientando que os fungos podem ser encontrados em todos os lugares e muitos deles são patógenos, podendo causar doenças. Na identi�cação dos fungos �lamentosos, é importante saber distinguir os tipos de hifas quanto à morfologia. São hifas cenocíticas ou septadas? Possuem pigmentação (demácios) ou são transparentes (hialinos)? Ao observar esses fungos com o uso do microscópio, é possível veri�car as estruturas reprodutivas, o que permite estabelecer o diagnóstico do fungo. É de suma importância que o pro�ssional saiba diagnosticar o microrganismo causador de infecções. Para que isso aconteça, primeiramente é preciso saber distingui-los dos demais microrganismos e conhecer suas características morfobiológicas. AVANÇANDO NA PRÁTICA DOENÇA PULMONAR CAUSADA POR MICRORGANISMO O pronto-socorro do Hospital Municipal recebeu um paciente do sexo masculino, de 42 anos de idade, fumante, com queixa de febre intermitente, dor no peito, falta de ar e tosse com sangue. Na anamnese, a temperatura foi aferida e constatou-se estado febril. O paciente foi encaminhado ao médico, o qual, após o exame clínico, solicitou radiogra�a do tórax, que apresentou alterações. Diante desse resultado, foi efetuada uma tomogra�a computadorizada que revelou a presença de nódulos de tamanhos irregulares no tecido pulmonar. Posteriormente, foi feita a coleta de amostras, tais como escarro e aspirado brônquico, para a realização de outros métodos diagnósticos. As amostras coletadas foram encaminhadas ao laboratório de análises clínicas a �m de serem processadas. Analisando o relato desse caso, você, caro aluno, tem ideia de qual 0 V e r a n o ta çõ e s patologia está acometendo o paciente? A doença em questão afeta os pulmões e é causada por um microrganismo eucarioto. Você sabe qual é o agente etiológico? Quais testes laboratoriais foram realizados? RESOLUÇÃO Para responder aos questionamentos acerca do caso clínico apresentado, é interessante revisar os conteúdos abordados nesta seção. Os pulmões são estruturas importantíssimas do sistema cardiorrespiratório, sendo responsáveis pela realização da hematose ou trocas gasosas. O tecido pulmonar é extremamente delicado. Quando acometido por microrganismos, pode apresentar infecções e lesões teciduais que podem ocasionar o desenvolvimento de doenças respiratórias crônicas. Escarro ou aspirado brônquico podem ser processados fazendo uso de diferentes técnicas, como baciloscopia (exame microscópico para veri�car a presença ou não de bacilos causadores de tuberculose em esfregaços) e cultivo em meios de cultura especí�cos para crescimento de bactérias e fungos. Também podem ser realizados testes sorológicos para detecção de antígenos especí�cos. Atualmente, os testes moleculares rápidos, como a Reação em Cadeia de Polimerase (PCR), estão sendo muito utilizados porque são mais assertivos na análise do material genético, ou seja, do DNA dos microrganismos. A análise microscópica teve resultado negativo para bacilos de micobactérias. As culturas de escarros apresentaram crescimento de colônias de fungos �lamentosos, mais especi�camente de Aspergillus fumigatus. Os testes sorológicos e moleculares rati�caram a identi�cação do agente etiológico da aspergilose pulmonar, doença que pode se tornar crônica e, quando não tratada, pode levar o indivíduo ao óbito. 0 V e r a n o ta çõ e s NÃO PODE FALTAR FUNGOS DIMÓRFICOS E LEVEDURIFORMES Ângela Cristina Ito Imprimir PRATICAR PARA APRENDER Dando continuidade aos nossos estudos, nesta seção iremos abordar especi�cidades relacionadas a fungos de características particulares causadores de algumas doenças, como, lacaziose, pneumocistose, micetomas eucomicóticos e cromoblastomicose. Além disso, estudaremos a morfobiologia dos fungos dimór�cos e dos fungos leveduriformes. Você deve estar se perguntando: Quais as diferenças entre os fungos �lamentosos, estudados na seção anterior, e os fungos dimór�cos e leveduriformes? Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s Ao �nal desta seção, você terá adquirido informações importantes que lhe ajudarão a distinguir esses diferentes tipos de fungos considerando sua morfologia e biologia. Assim, você terá os subsídios necessários para diagnosticá-los e correlacioná-los às patologias fúngicas de interesse clínico. Rosana �cou animada com o desempenho de Ana e Carlos no primeiro dia de estágio, mas percebeu a necessidade de conversar um pouco mais com esses novos colaboradores sobre outros tipos de fungos. Diante disso, Rosana deixou algumas lâminas focalizadas junto ao microscópio óptico e perguntou aos estagiários se eles saberiam diagnosticar o material observado, fazendo os seguintes questionamentos: • São fungos de quais tipos? • Qual a importância do estudo desses fungos? Caro aluno, de que forma você ajudaria Ana e Carlos a responderem às perguntas de Rosana? Continue direcionado o seu foco para a aquisição de conhecimentos, pois eles são imprescindíveis para a sua formação pro�ssional. Bons estudos! CONCEITO-CHAVE FUNGOS PARTICULARES: LACAZIOSE E PNEUMOCISTOSE Caro aluno, você sabe o que é lacaziose? Lacaziose é uma doença cujo agente etiológico é o fungo Lacazia loboi. Também conhecida como doença de Jorge Lobo, lobomicose ou blastomicose queloidiana, foi descrita pela primeira vez no Recife em 1931, pelo médico dermatologista brasileiro Jorge Lobo. Constataram-se casos de lacaziose principalmente nos continentes Sul-Americano e Central. Há relatos de incidência em outros locais, mas o maior número de ocorrências acontece na região Amazônica, em regiões tropicais quentes e úmidas que favorecem o desenvolvimento do fungo. 0 V e r a n o ta çõ e s A lobomicose não afeta apenas humanos, sendo também observada em duas espécies de gol�nhos. No Brasil, não há relatos de acometimentos em animais. Ainda não se conhece o mecanismo de transmissão da doença, mas acredita-se que o fungo se instale no hospedeiro a partir de lesões ocasionadas por traumas e picadas de insetos. A doença afeta com maior frequência adultos do sexo masculino que atuam na agricultura e pesca, atividades que comumente apresentam uma maior exposição à ocorrência de traumas. As manifestações clínicas da lacaziose atingem normalmente os membros inferiores e superiores e orelhas, podendo também acometer outras regiões, provocando lesões cutâneas e subcutâneas. São observados nódulos queloidianos, com aspecto de verrugas de vários tamanhos, com consistência sólida, lisa e brilhante, coloração escura, com escamas e crostas na pele. O diagnóstico laboratorial pode ser efetuado por meio de exame direto e histopatológico do material coletado, escari�cação da pele ou biópsia. No exame direto, os fungos apresentam formas leveduriformes, isolados ou com gemulações. O crescimento de Lacazia loboi em meio de cultura ainda não foi obtido. No tratamento, o uso antifúngicos não se mostrou efetivo. Em muitos casos, o procedimento cirúrgico é realizado com a retirada dos tecidos acometidos, podendo haver recidivas. Outra doença causada por fungo dimór�co é a pneumocistose, cujo agente etiológico é o Pneumocystis jirovecii, que foi encontrado em humanos pela primeira vez em 1952 pelo infectologista Otto Jírovec. A pneumocistose é uma doença pulmonar que acomete indivíduos imunodeprimidos, sendo a infecção oportunista que mais atinge pacientes soropositivos para o HIV, o vírus da imunode�ciência adquirida (SIDA/AIDS). Pacientes em tratamentos imunossupressores, transplantados, neoplásicos, com imunode�ciências congênitas, prematuros, crianças desnutridas e imunocompetentes também podem ser afetados e desenvolver a doença. O Pneumocystis é um organismo universal encontradoem diversos locais, tendo ampla distribuição, o que facilita a transmissão que ocorre por via aérea. O tropismo propicia sua instalação no tecido pulmonar. Em indivíduos 0 V e r a n o ta çõ e s imunocompetentes a infecção primária pode ser assintomática, com latência em lesões granulomatosas. Em pacientes imunossuprimidos, pode desencadear quadros de pneumonia e disseminação, além de ocasionar lesões secundárias que afetam outros tecidos do hospedeiro. O diagnóstico faz uso de radiogra�a, tomogra�a computadorizada e identi�cação do microrganismo, visto que o fungo não se desenvolve nos meios de cultura existentes. São utilizadas colorações do método de Grocott: violeta de cresil, azul de ortotoluidina e branco de calco�úor, o que permite a visualização dos cistos e trofozoítos. A reação da cadeia da polimerase (PCR) e anticorpos monoclonais também é um método diagnóstico que apresenta maior sensibilidade e especi�cidade frente às técnicas convencionais. Figura 1.6 | Pneumonia causada por Pneumocystis jirovecii Fonte: Wikimedia Commons. O material biológico a ser diagnosticado pode ser o lavado broncoalveolar, escarro, biópsia. Como tratamento, tem-se utilizado o sulfametoxazol-trimetroprima, visto que o uso de antifúngicos se mostrou ine�caz. Figura 1.7 | Pneumocystis jirovecii em pulmão de paciente HIV positivo 0 V e r a n o ta çõ e s Fonte: Wikimedia Commons. ASSIMILE Você sabia que antes de ser considerado um fungo dimór�co, o Pneumocystis era considerado um protozoário? Para alocar adequadamente os espécimes em seus táxons, a Biologia Molecular tem recebido grandes contribuições na identi�cação de espécies, dos reinos biológicos, incluindo o Reino Fungi. Fazendo uso de análises de subunidades de DNA, foi possível classi�car �logeneticamente o Lacazia loboi e o Pneumocystis jirovecii como integrantes do Reino Fungi, Filo Ascomycota. FUNGOS PARTICULARES: MICETOMAS EUMICÓTICOS E CROMOBLASTOMICOSE Micetomas ocorrem com o contato e a entrada do agente etiológico, o que causa uma infecção crônica na pele. O membro afetado aumenta de volume por conta do surgimento de nódulos, que evoluem formando fístulas com drenagem de secreção contendo os grãos do agente infeccioso, que pode ser bactéria ou fungo. 0 V e r a n o ta çõ e s EXEMPLIFICANDO Micetomas de etiologia bacteriana são chamados de actinomicetomas ou micetomas actinomicóticos. Já micetomas de origem fúngica recebem o nome de eumicetomas ou micetomas eumicóticos. Os micetomas eumicóticos podem ser constituídos por fungos �lamentosos hialinos ou demácios. Os grãos constituídos de micélios �lamentosos e clamidósporos podem apresentar coloração branca, amarela ou preta, de acordo com a espécie fúngica, e podem ser visualizados a olho nu. Micetomas eumicóticos são mais frequentes nas regiões tropicais e subtropicais, as quais apresentam temperaturas mais elevadas e clima úmido propício para o desenvolvimento do fungo. As infecções crônicas acometem as mãos e os pés, podendo atingir pernas e joelhos, sendo que a incidência é maior nos pés. A evolução da doença é longa, com o acometimento dos tecidos subcutâneos. Há formação de tecido �broso, aumento de volume da área afetada, deformidades, limitação dos movimentos e comprometimento ósseo. O diagnóstico laboratorial é efetuado a partir do exame direto com análise microscópica do material coletado, sendo possível a observação dos grãos utilizando KOH 10-40%, colorações de prata e HE, exames histopatológicos e cultura em Ágar Sabouraud. Os agentes etiológicos mais frequentes dos micetomas eumicóticos de grãos de coloração preta são Madurella mycetomatis, Madurella grisea, Leptosphaeria senegalensis, Exophiala jeanselmei e Curvularia lunata. Como representantes de eumicetomas de grãos brancos, temos Acremonium falciforme, Acremonium recifei, Pseudallescheria boydii, Fusarium moniliforme, Aspergillus nidulans. Para o tratamento dos micetomas eumicóticos, recomendam-se cetoconazol, anfotericina B, itraconazol, voriconazol e posaconazol. A terapia medicamentosa é complexa, 0 V e r a n o ta çõ e s visto que, por conta da �brose, os antifúngicos têm di�culdade de ação. Diante dessa limitação, o procedimento cirúrgico com remoção total da lesão é a melhor opção de tratamento. Figura 1.8 | Cultura de Aspergillus nidulans Fonte: Shutterstock. Outra doença ocasionada por fungos de características particulares é a cromoblastomicose, também conhecida como cromomicose. A cromoblastomicose é entendida como uma micose crônica que tem como agentes etiológicos fungos demácios, como Fonsecaea pedrosoi, Phialophora verrucosa, Cladosporium carrionii, Fonsecaea compacta, que causam lesões de aspecto nodular e verrucoso ou de escamas eritematosas. O diagnóstico laboratorial é efetuado com exame micológico direto, cultura em Ágar Sabouraud, cultivo em lâmina e exames histopatológicos. O tratamento se dá com a administração de drogas antifúngicas, remoção cirúrgica, crioterapia, termoterapia e laser de gás carbônico. 0 V e r a n o ta çõ e s Figura 1.9 | Phialophora verrucosa Fonte: Shutterstock. MORFOBIOLOGIA DOS FUNGOS DIMÓRFICOS Caro aluno, você já pensou que dentre os fungos patogênicos existem organismos que apresentam formas distintas de crescimento? São os fungos dimór�cos, que crescem e se diferenciam em fungos �lamentosos ou leveduras. No dimor�smo, a forma que se apresenta como fungo �lamentoso produz hifas aéreas e hifas vegetativas. A forma leveduriforme, por sua vez, produz brotos que se destacam, formando novas leveduras. 0 V e r a n o ta çõ e s Em fungos patógenos, a temperatura do meio de cultivo é fator determinante para a ocorrência do dimor�smo. Em temperatura ambiente (cerca de 25 ºC), o fungo tem forma de bolor ou fungo �lamentoso. Já em temperatura corpórea (37 ºC), o fungo assume forma de levedura. Dentre os fungos patogênicos dimór�cos, podemos citar o Histoplasma capsulatum, Paracoccidioides brasiliensis, Sporothrix schenckii, Coccidioides immitis e Candida albicans. Figura 1.10 | Fungo dimór�co – Candida albicans Fonte: Wikimedia Commons. Na Figura 1.10, você pode veri�car o crescimento da Candida albicans tanto como levedura quanto como fungo �lamentoso. A concentração de gás carbônico (CO2) também é outro fator determinante de dimor�smo. Nas regiões do meio de cultivo em que ocorre acúmulo de CO2, o fungo assume forma �lamentosa. Na região super�cial, em que as concentrações 0 V e r a n o ta çõ e s estão dentro da normalidade, o fungo assume a forma de levedura, como acontece com os fungos do gênero Mucor. MORFOBIOLOGIA DOS FUNGOS LEVEDURIFORMES Os fungos leveduriformes ou leveduras são organismos eucarióticos e unicelulares, com formato esférico ou oval. Normalmente se reproduzem assexuadamente, mas alguns espécimes podem se reproduzir sexuadamente por plasmogamia. A reprodução assexuada pode acontecer de duas maneiras. A primeira delas é a divisão direta, também conhecida como �ssão ou cissiparidade, em que o núcleo das células leveduriformes se divide em dois, dando origem a duas células-�lhas idênticas à célula parental ou célula-mãe. O outro tipo de reprodução assexuada ocorre por brotamento ou gemulação. Externamente, forma-se um broto na célula- mãe. Com o crescimento do broto, o núcleo se divide e há migração de um dos núcleos para o broto, o qual continua crescendo e, posteriormente, se separa da célula parental. Figura 1.11 | Gemulação de leveduras coradas pelo método de Gram. 0 V e r a n o ta çõ e s Fonte: Shutterstock. ATENÇÃO Algumas espécies de leveduras, durante o processo de reprodução por brotamento, produzem brotos sucessivos que não se separam uns dos outros e dão origem a uma estrutura denominada pseudo-hifa. Mas, atenção! A pseudo-hifa não forma estruturas tubulares, isto é, as hifas dos bolores. Em processos patológicos, elas auxiliam a levedura a invadir os tecidos mais profundosdo hospedeiro. Figura 1.12 | Pseudo-hifas e brotos de leveduras 0 V e r a n o ta çõ e s Fonte: Shutterstock. Quando cultivadas em laboratório, as colônias leveduriformes apresentam aspecto pastoso ou cremoso e, dependendo da espécie, podem exibir colorações variadas, como branca, creme, rosa, laranja e preta. REFLITA Os fungos têm ampla distribuição, podendo ser encontrados em diversos locais. Além do interesse clínico por conta das doenças que podem desencadear, esses organismos também têm importância econômica, sendo utilizados nas áreas de biotecnologia, indústria farmacêutica, indústria de alimentos, entre outras. Com toda essa diversidade e aplicabilidade, como diferenciar um tipo de fungo do outro? Como distinguir os diferentes espécimes de leveduras e fungos dimór�cos? Algumas leveduras conseguem se adaptar e sobreviver sem a presença de oxigênio, sendo consideradas anaeróbias facultativas, com a capacidade de realizar fermentação alcoólica. Nas reações com participação do oxigênio, ocorre o metabolismo dos carboidratos e a produção de dióxido de carbono e água. 0 V e r a n o ta çõ e s Na próxima unidade, aprofundaremos nossos estudos sobre as doenças causadas pelos fungos leveduriformes. A partir de nossos estudos nessas duas primeiras seções, pudemos aprender informações importantes sobre os fungos, suas diferenças morfológicas e biológicas. Na próxima seção, daremos continuidade à nossa investigação e nos aprofundaremos no campo da �siologia fúngica. Continue nessa jornada rumo à aquisição de conhecimentos. Até breve! FAÇA VALER A PENA Questão 1 Fungos leveduriformes podem se reproduzir de forma sexuada e assexuada. A reprodução assexuada pode ocorrer de duas formas, sendo a primeira por divisão direta, quando o núcleo se divide em dois e a célula parental dá origem a duas células-�lhas iguais à célula-mãe. Tendo como base o contexto apresentando, assinale a alternativa que expressa corretamente o nome do processo reprodutivo mencionado. a. Gemulação ou plasmogamia. b. Divisão direta ou plasmogamia. c. Gemulação ou brotamento. d. Divisão direta ou �ssão. e. Brotamento ou �ssão. Questão 2 No dimor�smo, a forma que se apresenta como fungo �lamentoso produz hifas aéreas e hifas vegetativas. Diante disso, analise as seguintes asserções e a relação proposta entre elas: I. O fungo dimór�co é um microrganismo que apresenta características particulares em relação a outros fungos. PORQUE 0 V e r a n o ta çõ e s II. Em condições e temperaturas especí�cas, pode apresentar morfologia distinta tanto como fungo �lamentoso quanto como levedura. A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta. a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justi�cativa da I. b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justi�cativa da I. c. As asserções I e II são proposições falsas. d. A asserção I é uma proposição verdadeira, mas a II é uma proposição falsa. e. A asserção I é uma proposição falsa, mas a II é uma proposição verdadeira. Questão 3 Em um laboratório de Micologia, foi solicitada ao estagiário a análise de placas de Petri com colônias que se desenvolveram em meio nutriente. As colônias apresentavam aspecto pastoso e, dependendo da incidência da luz, mostravam certo brilho, parecendo molhadas. A análise macroscópica também permitiu que o estagiário percebesse que as colônias apresentavam colorações diferenciadas. Na sequência, foram confeccionadas lâminas que, quando observadas no microscópio óptico, apresentaram células de formato oval. Algumas apresentavam-se isoladas, outras possuíam gemulações e algumas células estavam unidas umas às outras, formando um cordão de contas. Após a análise dos materiais, o estagiário foi questionado quanto ao possível diagnóstico. Enunciado: Nesse contexto e considerando os dados apresentados, assinale a alternativa correta. a. Os materiais observados são unicelulares, denominados fungos leveduriformes. b. Os materiais observados são multicelulares, denominados fungos �lamentosos. c. Os materiais observados são multicelulares, denominados fungos carnosos. d. Os materiais observados são unicelulares, denominados bactérias. e. Os materiais observados são unicelulares, denominados protozoários. 0 V e r a n o ta çõ e s REFERÊNCIAS BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Identi�cação de possível caso de Candida auris no Brasil. Alerta de Risco GVIMS/GGTES/Anvisa nº1/2020. Brasília: Anvisa, 2020. Disponível em: https://bit.ly/3d1nLUU. Acesso em: 10 fev. 2021. BRITO, A. C. Lacaziose (doença de Jorge Lobo). In: ZAITZ, C. et al. Compêndio de micologia médica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017, p. 219-231. Disponível em: https://bit.ly/3zNa0CW. Acesso em: 26 jan. 2021. CAMPBELL, I. Cromoblastomicose. In: ZAITZ, C. et al. Compêndio de micologia médica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017, p. 212-218. Disponível em: https://bit.ly/2TQbJH4. Acesso em: 26 jan. 2021. DUARTE, M. I. S.; DUARTE NETO, A. M. Pneumocistose. In: ZAITZ, C. et al. Compêndio de micologia médica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017, p. 232-247. Disponível em: https://bit.ly/3vYaR0B. Acesso em: 26 jan. 2021. KORTE, R. L. et al. Cirurgia plástica e o tratamento de doenças infectocontagiosas: lobomicose. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, v. 34, n. 1, p. 163-72, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3xI9aFx. Acesso em: 27 jan. 2021. LEITE, S. B. Micoses super�ciais, cutâneas e subcutânes. In: FRANÇA, F. S.; LEITE, S. B. Micologia e virologia. Porto Alegre: Sagah, 2018, p. 205-06. Disponível em: https://bit.ly/35K0PFr. Acesso em: 27 jan. 2021. LEVINSON, W. Micologia básica. In: LEVINSON, W. Microbiologia e imunologia médicas. 13. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016, p. 383-388. Disponível em: https://bit.ly/3xG2GHi.00. Acesso em: 8 fev. 2021. MADIGAN, M. T. et al. Diversidade dos microrganismos eucariotos. In: MADIGAN, M. T. Microbiologia de Brock. 14. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016, p. 555-562. Disponível em: https://bit.ly/3zPIcO3. Acesso em: 9 fev. 2021. 0 V e r a n o ta çõ e s https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2020/identificacao-de-possivel-caso-de-candida-auris-no-brasil https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-1962-9/cfi/243!/4/4@0.00:0.00 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-1962-9/cfi/236!/4/2@100:0.00 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-1962-9/cfi/256!/4/4@0.00:0.00 http://www.rbcp.org.br/details/2363/pt-BR/cirurgia-plastica-e-o-tratamento-de-doencas-infectocontagiosas--lobomicose https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595026827/cfi/204!/4/4@0.00:54.1 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788580555578/cfi/394!/4/4@0.00:0 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582712986/cfi/581!/4/4@0.00:66.8 MEZZARI, A.; FUENTEFRIA, A. M. Micoses subcutâneas. In: MEZZARI, A.; FUENTEFRIA, A. M. Micologia no laboratório clínico. Barueri: Manole, 2012, p. 75-77. Disponível em: https://bit.ly/3xJSbmw. Acesso em: 27 jan. 2021. MEZZARI, A.; FUENTEFRIA, A. M.. Outras micoses. I: Micologia no laboratório clínico. Barueri: Manole, 2012, p. 125-27. Disponível em: https://bit.ly/3xCKLkK. Acesso em: 2 fev. 2021. RUIZ, L. R. B. Micetomas eumicóticos. In: ZAITZ, C. et al. Compêndio de micologia médica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017, p. 206-11. Disponível em: https://bit.ly/3vMOI55. Acesso em: 26 jan. 2021. SILVA, F. H. A. et al. Infecção por Saccharomyces cerevisae – uma infecção atípica em UTI. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, v. 23, n. 1, p. 108-11. jan./mar. 2011. Disponível em: https://bit.ly/2TTFDKH. Acesso em: 11 fev. 2021. TEIXEIRA, I. M. et al. Relato de caso: "Lacaziose (Doença de Jorge Lobo) em paciente da Amazônia Legal". Brazilian Journal of Health Review, v. 3, n. 4, p. 9819-9826, jul./ago. 2020. Disponível em:https://bit.ly/3xLW6yS. Acesso em: 27 jan. 2021. TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Eucariotos, fungos, algas, protozoários e helmintos. In: TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017, p. 322-23. Disponível em: https://bit.ly/3gYHy8m.1. Acesso em: 9 fev. 2021. VOCÊ sabia que as leveduras não servem só para fazer pão? [S.l.]: Instante Biotec, 21 ago. 2018. (3m23s). Disponível em: https://bit.ly/3vNGB8t. Acesso em: 1 fev. 2021. 0 V e r a n o ta çõ e s https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520451762/cfi/86!/4/4@0.00:37.3 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520451762/cfi/136!/4/4@0.00:54.1 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-1962-9/cfi/230!/4/4@0.00:11.2 https://www.scielo.br/pdf/rbti/v23n1/a17v23n1.pdf https://www.brazilianjournals.com/index.php/BJHR/article/view/14367/11953 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582713549/cfi/343!/4/4@0.00:19 https://www.youtube.com/watch?v=lOP2MdoAnT4 FOCO NO MERCADO DE TRABALHO CARACTERÍSTICA ORAL E MITOS COMO FONTE DE CONHECIMENTO Ângela Cristina Ito Imprimir SEM MEDO DE ERRAR Caro aluno, para ajudar Ana e Carlos a responderem os questionamentos feitos pela Rosana, é interessante retomar alguns conceitos sobre os fungos. Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s Ao observar as lâminas com o microscópio óptico, é interessante dar especial atenção à morfologia das estruturas visualizadas, veri�cando se há formação de colônias ou se as estruturas aparecem isoladas. Quanto à morfologia dos espécimes, deve-se conferir se eles são �lamentosos ou têm formato esférico/oval. Vale lembrar que se os fungos forem dimór�cos, eles podem apresentar aspecto de bolor (�lamentoso) ou leveduriforme. Se forem morfologicamente semelhantes às leveduras, será possível observar pseudo-hifas, brotos ou gemulações. Também é relevante destacar que a análise inicial ao microscópio não é de�nitiva, pois para um diagnóstico assertivo se faz necessária a análise macroscópica das colônias, seu aspecto e sua coloração. Além disso, devem ser realizados testes bioquímicos e, se possível, técnicas de biologia molecular. Como dito anteriormente, no estudo dos fungos, saber distinguir os bolores, leveduras e fungos dimór�cos é de extrema importância para o pro�ssional que atua em laboratório de análises, pois esse tipo de conhecimento pode auxiliar em um possível diagnóstico de doenças causadas por esses microrganismos. AVANÇANDO NA PRÁTICA SUPERFUNGO AMEAÇA A SAÚDE GLOBAL Em 7 de dezembro de 2020, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um Alerta de Risco sobre a identi�cação de um possível caso positivo de Candida auris no Brasil. O microrganismo foi detectado no cateter de um paciente internado em UTI adulto de um hospital da Bahia. É considerado um superfungo, pois é resistente aos antifúngicos existentes. Normalmente acomete pacientes imunossuprimidos, o que di�culta a erradicação em ambientes hospitalares. Para identi�car a Candida auris, são realizados procedimentos especí�cos, como a técnica Maldi-Tof (Matrix Assisted Laser Desorption Ionization Time of Flight), além de análises fenotípicas do material genético. 0 V e r a n o ta çõ e s Na impossibilidade de realização das técnicas citadas anteriormente, quais outras técnicas você proporia para a identi�cação do superfungo? Como você classi�caria morfologicamente a Candida auris? RESOLUÇÃO Para a identi�cação do super fungo, os procedimentos iniciais incluem coleta e encaminhamento do material contaminado ao laboratório de Microbiologia, onde podem ser executadas as técnicas de semeadura em meio de cultura para averiguar o crescimento de colônias de microrganismos. Posteriormente, pode-se efetuar um esfregaço para coloração de Gram e, logo em seguida, uma análise da lâmina no microscópio óptico. Também é possível fazer o isolamento do microrganismo e a realização de técnicas bioquímicas e imuno- histoquímicas para a identi�cação do microrganismo em questão. Após a análise no microscópio, é possível concluir que a Candida auris é um fungo leveduriforme, visto que apresenta formato esférico ou oval, bem similar a outras leveduras do gênero Candida ou Saccharomyces cerevisiae. 0 V e r a n o ta çõ e s NÃO PODE FALTAR FISIOLOGIA MICROBIANA Ângela Cristina Ito Imprimir PRATICAR PARA APRENDER Olá, caro aluno! Nesta seção, convidamos você a aprender sobre a �siologia microbiana e conhecer os macronutrientes e micronutrientes, que, quando associados aos meios de cultura e soluções, participam do crescimento e reprodução dos fungos. Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s Antes de iniciar os trabalhos no laboratório, é extremamente importante conhecer o objeto a ser estudado, nesse caso, os fungos �lamentosos, leveduras e fungos dimór�cos. Ao �nal desta unidade, você estará apto para utilizar, na prática, os conteúdos abordados nas Seções 1.1, 1.2 e 1.3. Com isso, será possível aprofundar os seus conhecimentos em Micologia. A primeira semana de estágios está sendo �nalizada e, para dar continuidade ao aprendizado, hoje Ana e Carlos irão acompanhar e ajudar Rosana no preparo de meios de cultura, soluções e análise de algumas placas de Petri contendo materiais. Antes de seguir as orientações para dar início aos procedimentos, Rosana fez aos estagiários os seguintes questionamentos: • O que é um meio de cultura e para que servem? • O que é preciso saber ao iniciar a preparação de um meio de cultura especí�co para um determinado tipo de microrganismo? E você, caro aluno, saberia responder a essas perguntas? Vamos dar continuidade ao nosso aprendizado? Bons estudos! CONCEITO-CHAVE Caro aluno, nesta seção iremos aprofundar nossos conhecimentos acerca do desenvolvimento dos microrganismos, especi�camente dos fungos. Você sabe como esse estudo se torna possível? A análise cientí�ca dos processos vitais dos microrganismos é denominada �siologia microbiana. MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES Para que possam se desenvolver adequadamente, os microrganismos apresentam exigências nutricionais e interferência de fatores ambientais. 0 V e r a n o ta çõ e s Em sua composição, os microrganismos apresentam como elementos químicos principais o carbono, nitrogênio, hidrogênio, oxigênio, fósforo e enxofre. Esses elementos, quando combinados, formam os macronutrientes ou macromoléculas vitais, como os carboidratos, lipídios, proteínas e ácidos nucleicos. Em quantidades menores, os microrganismos possuem os micronutrientes constituídos pelo sódio, potássio, iodo, cloro, magnésio, cálcio e alguns elementos-traço. VOCABULÁRIO Elementos-traço: são minerais que fazem parte da exigência nutricional dos microrganismos, mas em quantidades muito pequenas. São considerados elementos-traço: ferro, cobre, molibdênio e zinco. Os nutrientes essenciais, como os aminoácidos e ácidos graxos, são necessários à formação dos organismos, mas não são sintetizados por eles, devendo ser disponibilizados continuamente para sua sobrevivência. De acordo com as fontes de energia utilizadas, os organismos podem ser classi�cados como fototró�cos, que utilizam a luz como fonte de energia, convertendo a energia luminosa em energia química a partir de um processo chamado fotossíntese. Há também aqueles organismos que utilizam substâncias químicas orgânicas ou inorgânicas como fonte de energia, denominados quimiotró�cos. Em relação ao uso do carbono, os organismos são classi�cados em autotró�cos, quando fazem uso do dióxido de carbono como única fonte de carbono, e heterotró�cos, que usam como fonte compostos orgânicos diferentes do dióxido de carbono. É importante ressaltar que animais, seres humanos, fungos e protozoários são heterotró�cos.ASSIMILE Quimio-heterotró�cos: são organismos que fazem uso de substâncias químicas como fonte de energia e utilizam compostos orgânicos diferentes do dióxido de carbono como fonte de carbono. Como exemplos de quimio- 0 V e r a n o ta çõ e s heterotró�cos, podemos citar a maioria das bactérias, todos os animais, todos os protozoários e todos os fungos. Tanto os fungos parasitas como os que vivem na matéria morta ou em decomposição, ou seja, os fungos sapró�tos, são quimio-heterotró�cos. O metabolismo dos microrganismos se assemelha ao dos animais e envolve todas as reações químicas que ocorrem no interior das células. Para potencializar e regular as reações metabólicas, os microrganismos podem fazer uso de enzimas capazes de acelerar as reações que ocorrem de forma simultânea, havendo degradação e síntese de compostos. Essas reações metabólicas são classi�cadas como catabólicas e anabólicas. As reações catabólicas são a principal fonte de energia das células, pois por meio delas ocorrem a quebra das ligações químicas e a liberação de energia. Reações anabólicas envolvem gasto de energia, que é utilizada na síntese de ligações químicas. O crescimento microbiano também pode ser afetado por fatores ambientais que incluem a disponibilidade de nutrientes, umidade, temperatura, pH, pressão osmótica e composição da atmosfera. EXEMPLIFICANDO Os fungos, assim como os demais organismos, necessitam de água para a absorção de nutrientes. A água também é importante para que os conídios ou esporos possam germinar. A temperatura é outro fator importante para o crescimento fúngico, que varia de zero a 35 ºC. A maioria dos fungos crescem à temperatura de 20 a 30 ºC, sendo considerados mesó�los. As espécies termó�las são raras, desenvolvendo-se em temperaturas superiores a 30-50 ºC. Muitos fungos são ácidos-tolerantes. O pH ótimo para o crescimento dos fungos é em torno de 5 a 6. 0 V e r a n o ta çõ e s Fungos que utilizam o oxigênio em suas reações metabólicas, como na respiração celular, são considerados aeróbios, mas alguns fungos, como as leveduras, são anaeróbias facultativas, ou seja, realizam fermentação alcoólica na ausência de oxigênio. A concentração de gases, como o dióxido de carbono, é importante, pois pode afetar a diferenciação e o crescimento de fungos dimór�cos. MEIOS DE CULTURA Para o estudo dos microrganismos e preparação de medicamentos, é preciso que os microrganismos se desenvolvam em ambiente controlado, como nos laboratórios. Para isso, foram criados os meios de cultura, que contêm os nutrientes necessários para o crescimento e isolamento dos microrganismos. Os meios de cultura são constituídos, principalmente, por água, fonte de carbono (glicose), fonte de nitrogênio, minerais (enxofre e fósforo), elementos-traço (magnésio, potássio, etc.), nutrientes essenciais ou fatores de crescimento (aminoácidos, etc.). ATENÇÃO Independentemente do propósito que o cultivo do microrganismo possa ter, o meio de cultura sempre deverá suprir as exigências mínimas para que, em laboratório, ou seja, in vitro, se obtenha um ambiente semelhante àquele habitado pelo microrganismo na natureza. Com relação à apresentação, ou seja, ao estado físico, os meios de cultura podem ser líquidos, semissólidos ou sólidos. Os meios líquidos, também conhecidos como caldos nutritivos, são apresentados em tubos de ensaio e não possuem ágar em sua composição. Os meios semissólidos, como o próprio nome sugere, apresentam uma parte de água e outra de ágar ou de um agente solidi�cante distinto. Os meios sólidos possuem agentes que se solidi�cam, podendo ser ágar, gelatinas ou sílica gel, dispostos em placas de Petri. Os meios também podem ser categorizados como naturais ou complexos, quando formados por substâncias 0 V e r a n o ta çõ e s químicas não de�nidas, ou sintéticos, os quais são mais utilizados graças à possibilidade de se conhecer os componentes que suprem as exigências nutricionais dos microrganismos. Figura 1.13 | Placas de Petri contendo meio de cultura Fonte: Shutterstock. Quanto ao emprego e uso dos meios, eles podem ser classi�cados em meios de enriquecimento, manutenção, diferencial e seletivo. Os meios de enriquecimento são aqueles que possuem nutrientes especí�cos, fato que favorece o desenvolvimento de um microrganismo em relação a outros. Os meios de manutenção têm por objetivo garantir a viabilidade e disponibilização dos microrganismos, facilitando a realização de experimentos sempre que necessário. Quando o intuito é a diferenciação ou distinção das espécies, é possível fazer uso do meio diferencial, que possibilita aos microrganismos sintetizar 0 V e r a n o ta çõ e s estruturas ou reações, viabilizando, assim, o diagnóstico. Já o meio seletivo permite o crescimento de um gênero em especial, mas impede o desenvolvimento de outros microrganismos. De forma geral, o protocolo de preparo de um meio de cultura envolve os seguintes passos: pesagem dos ingredientes, dissolução dos ingredientes em água destilada, ajuste do pH, distribuição, esterilização dos meios em autoclave a 121 ºC, preparo do ágar inclinado em tubos, plaqueamento, identi�cação e armazenamento. Vale ressaltar que para o preparo dos meios de cultura os protocolos devem ser seguidos à risca e, a �m de evitar a contaminação, os meios sempre devem ser esterilizados e armazenados adequadamente. Os frascos de erlenmeyer, tubos e placas devem ser acondicionados em locais frescos, com temperatura entre 12 e 15 ºC, longe da luz, não ultrapassando o período de dois meses. Figura 1.14 | Plaqueamento de meio de cultura Fonte: Shutterstock. 0 V e r a n o ta çõ e s Não existe um meio de cultura que seja especí�co para o crescimento de fungos de interesse médico. Fungos dimór�cos, bolores e leveduras se desenvolvem tanto em meios líquidos como em meios sólidos e crescem na superfície e interior desses meios. Como exemplos de meios de cultura mais utilizados para a identi�cação e estudos dos fungos, podemos citar: ágar Sabouraud Dextrose, ágar com infusão de cérebro e coração (BHI, do inglês brain heart infusion), ágar BHI com sangue, ágar batata-dextrose (PDA, do inglês potato dextrose agar), ágar Mycosel (também conhecido como ágar micobiótico), ágar dextrose farinha de milho (CMA, do inglês corn meal agar), ágar extrato de malte (MEA, do inglês malt extract agar), ágar extrato de arroz (rice extract agar), ágar farinha de aveia (OM, do inglês oatmeal agar), ágar extrato de levedura peptona glicose (PYGA, do inglês yeast extract peptone glucose agar). Além desses, também existem meios seletivos para fungos entomopatogênicos, fungos aquáticos, histoplasmina, entre outros. É interessante fazer uma ressalva referente aos meios de cultura: para que não haja o crescimento de bactérias ou outros microrganismos que podem di�cultar o desenvolvimento dos fungos, é comum a adição de antibióticos ao meio, como cloranfenicol, estreptomicina, penicilina, etc. Figura 1.15 | Colônias de fungos em ágar extrato de malte Fonte: Shutterstock. 0 V e r a n o ta çõ e s REPRODUÇÃO FÚNGICA A reprodução fúngica também se faz importante durante o desenvolvimento dos fungos, visto que esses organismos se utilizam de diversos mecanismos de dispersão, como vento, água, insetos. Para isso, precisam se reproduzir para que ocorra germinação e, consequentemente, seu crescimento e desenvolvimento. A reprodução fúngica pode ocorrer de forma assexuada e sexuada. Nos dois tipos de reprodução, diversas estruturas são formadas, como os esporângios ou conidióforos, que darão origem aos esporos, dependendo da espécie. De acordo com o tipo de reprodução apresentada em determinada fase do ciclo de vida, os fungos podem ser classi�cados em holomorfos, anamorfos e teleomorfos. Fungos holomorfos são aqueles que apresentam os dois tipos de reprodução, tanto a assexuada como a sexuada. Os fungos anamorfos caracterizam-se porrealizar somente reprodução assexuada, e os fungos que apresentam apenas a reprodução sexuada são denominados teleomorfos. DICA Para mais informações sobre a reprodução fúngica, sugerimos a revisão das Seções 1.1 e 1.2, nas quais abordamos esses aspectos mais detalhadamente, considerando os tipos de fungos. Figura 1.16 | Esquema geral do ciclo reprodutivo dos fungos 0 V e r a n o ta çõ e s Fonte: Moraes, Paes e Holanda (2009, p. 402). SOLUÇÕES REFLITA Nos estudos dos fungos, a análise macroscópica das colônias que se desenvolvem nos meios de cultura é superimportante. Por meio do aspecto morfológico apresentado, é possível distinguir se os microrganismos analisados são fungos �lamentosos, como os bolores ou fungos leveduriformes. Mas a análise macroscópica por si só não su�ciente, visto que, dependendo do aspecto morfológico, o diagnóstico pode não ser assertivo. Como você distinguiria uma colônia de bactérias de uma colônia de leveduras? Quais métodos ou técnicas são mais indicados? Para a identi�cação de fungos, um método muito utilizado na Micologia são as colorações, que utilizam soluções conhecidas como corantes. A aplicação desse recurso torna possível a execução de testes de viabilidade, a diferenciação de estruturas vegetativas e reprodutivas e a análise morfológica de leveduras e bolores, fazendo uso do microscópio óptico em testes diretos ou histoquímicos. 0 V e r a n o ta çõ e s As soluções comumente utilizadas para análises microscópicas são: Hidróxido de Potássio (KOH), Lactofenol de Amann, também conhecido como azul de algodão, Acridine Orange, Verde Janus B, Reagente de Melzer, Floxina B e Glicerina 10%. Figura 1.17 | Coloração com lactofenol azul de algodão para caracterização de fungos Fonte: Shutterstock. É importante ressaltar que as técnicas micológicas serão abordadas e discutidas mais adiante, quando estivermos trabalhando os conteúdos da Unidade 2. Caro aluno, nesta seção tivemos a oportunidade de aprofundar nossos conhecimentos sobre a �siologia dos microrganismos, especialmente dos fungos. De posse desses conceitos apreendidos, você poderá aplicá-los, muito em breve, nas atividades práticas durante o curso e, posteriormente, nas suas atividades pro�ssionais, dependendo da área em que você atue como biomédico. Bons estudos! FAÇA VALER A PENA Questão 1 0 V e r a n o ta çõ e s Para que possam se desenvolver, os microrganismos dependem do suprimento de nutrientes e condições ambientais que podem interferir na �siologia microbiana. Dentre esses organismos, podemos citar como exemplo os fungos, que necessitam dos macronutrientes, micronutrientes e nutrientes essenciais. Considerando o contexto apresentado, assinale a alternativa correta. a. Nutrientes essenciais não são produzidos pelos microrganismos e não precisam ser disponibilizados, pois o crescimento fúngico ocorre com ou sem esses nutrientes. b. Nutrientes essenciais não são produzidos pelos microrganismos e devem ser disponibilizados de tempos em tempos para que o crescimento fúngico aconteça. c. Nutrientes essenciais são produzidos esporadicamente pelos microrganismos, devendo ser disponibilizados de tempos em tempos, não havendo necessidade contínua para que haja crescimento fúngico. d. Nutrientes essenciais são produzidos por todos os microrganismos, portanto não precisam ser disponibilizados de forma fragmentada para a ocorrência do crescimento fúngico. e. Nutrientes essenciais não são produzidos pelos microrganismos, devendo ser disponibilizados de forma contínua para que o crescimento fúngico ocorra adequadamente. Questão 2 Os meios de cultura foram desenvolvidos para o cultivo de microrganismos em ambientes controlados, como os laboratórios, proporcionando a realização de estudos e desenvolvimentos de medicamentos. Para que cumpram sua função, os meios de cultura devem conter os nutrientes necessários para o crescimento e isolamento dos microrganismos. Durante o preparo em laboratório, o meio de cultura deve ser acrescido de: a. Fonte de carbono, fonte de nitrogênio, minerais, elementos-traço e nutrientes essenciais. b. Água, fonte de carbono, minerais, elementos-traço e nutrientes essenciais. c. Água, fonte de nitrogênio, minerais, elementos-traço e nutrientes essenciais. d. Água, fonte de carbono, fonte de nitrogênio, minerais, elementos-traço e nutrientes essenciais. e. Água, fonte de carbono, fonte de nitrogênio, minerais e elementos. Questão 3 0 V e r a n o ta çõ e s REFERÊNCIAS BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Detecção e identi�cação de fungos de importância médica. In: BRASIL. Microbiologia clínica para o controle de infecção relacionada à assistência à saúde. Módulo 1: Biossegurança e Manutenção de Equipamentos em Laboratório de Microbiologia Clínica/Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: Anvisa, 2013. Disponível em: https://bit.ly/3zOLOjB. Acesso em: 6 fev. 2021. FADER, R. C.; ENGELKIRK, P. G.; DUBEN-ENGELKIRK, J. Controle e crescimento dos micróbios. In: FADER, R. C.; ENGELKIRK, P. G.; DUBEN-ENGELKIRK, J. Burton microbiologia para as ciências da saúde. 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Na Micologia, para efetuar a identi�cação de fungos, são utilizados métodos que permitem a visualização desses microrganismos. Acerca desses métodos, analise as asserções a seguir e a relação proposta entre elas: I. Para identi�cação dos fungos, são efetuados procedimentos denominados colorações, que fazem uso de soluções com pigmentos, também conhecidos como corantes. PORQUE II. Os corantes são responsáveis por proporcionar a execução de testes de viabilidade, a diferenciação de estruturas vegetativas e reprodutivas dos fungos e a análise morfológica de bolores e leveduras. A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta. a. As asserções I e II são verdadeiras, e a asserção II justi�ca a asserção I. b. A asserções I e II são verdadeiras, mas a asserção II não justi�ca a asserção I. c. A asserção I é uma proposição falsa, e a asserção II é verdadeira. d. A asserção I é uma proposição verdadeira, mas a asserção II é falsa. e. As asserções I e II são proposições falsas. 0 V e r a n o ta çõ e s https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/publicacoes/modulo-1-biosseguranca-e-manutencao-de-equipamentos-em-laboratorio-de-microbiologia-clinica Koogan, 2021, p. 127-137. Disponível em: Link. Acesso em: 8 fev. 2021. FADER, R. C.; ENGELKIRK, P. G.; DUBEN-ENGELKIRK, J. Fisiologia e genética microbiana. In: FADER, R. C.; ENGELKIRK, P. G.; DUBEN-ENGELKIRK, J. Burton microbiologia para as ciências da saúde. 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021, p. 107-108. Disponível em: https://bit.ly/35IjZvw. Acesso em: 8 fev. 2021. MEZZARI, A.; FUENTEFRIA, A. M. Soluções e meios de cultura. In: MEZZARI, A.; FUENTEFRIA, A. M. Micologia no laboratório clínico. Barueri: Manole, 2012, p. 169-180. Disponível em: https://bit.ly/3zJLd2u. Acesso em: 7 fev. 2021. MORAES, A. M. L.; PAES, R. A.; HOLANDA, V. L. Micologia. In: MOLINARO, E. M.; CAPUTO, L.; F. G.; AMEDOEIRA, M. R. R. (Orgs.). Conceitos e métodos para a formação de pro�ssionais em laboratórios da saúde. Rio de Janeiro: EPSJV/IOC, 2009. Disponível em: https://bit.ly/2UzVz5b. Acesso em: 8 fev. 2021. TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Crescimento microbiano. In: TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017, p. 149-163. Disponível em: https://bit.ly/2UmHbNi. Acesso em: 8 fev. 2021. 0 V e r a n o ta çõ e s https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527737302/cfi/6/40!/4/6/2@0:0 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527737302/cfi/6/38!/4/38/2@0:0 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520451762/cfi/180!/4/2@100:0.00 http://www.epsjv.fiocruz.br/sites/default/files/cap4.pdf https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582713549/cfi/170!/4/4@0.00:0.00FOCO NO MERCADO DE TRABALHO FISIOLOGIA MICROBIANA Ângela Cristina Ito Imprimir SEM MEDO DE ERRAR Prezado aluno, para que você possa ajudar Ana e o Carlos a responderem o que são e para que servem os meios de cultura, sugerimos a retomada dos conteúdos abordados na Seção 1.3. Pudemos veri�car que os meios de cultura são preparados em laboratórios que simulam os habitats de origem dos microrganismos, pelo menos em relação aos nutrientes essenciais para o crescimento dos fungos. Além dos nutrientes, fatores Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s ambientais também interferem no desenvolvimento fúngico, como umidade, pH, temperatura e concentração de gases, como oxigênio e gás carbônico. Para o preparo de um meio de cultura, é importante ter conhecimentos sobre a �siologia microbiana. Também é interessante saber qual tipo de microrganismo é o objeto da investigação. Trata-se de um fungo ou de uma bactéria? Em seguida, de acordo com o tipo de amostra que será processada e inoculada, pode-se de�nir o meio de cultura mais adequado, optando por: um meio de enriquecimento, que permite o crescimento de um determinado microrganismo junto com outros; um meio diferencial, que permite a diferenciação de gêneros por meio de estruturas que se formam durante o crescimento em placa; ou um meio seletivo, que é mais especí�co, possibilitando que um determinado gênero se desenvolva em detrimento de outros microrganismos. AVANÇANDO NA PRÁTICA E AGORA, QUAL MEIO DE CULTURA ESCOLHER? No laboratório de Microbiologia, um jovem que está iniciando os trabalhos como técnico de laboratório foi designado pelo seu supervisor, o biomédico-responsável pelo setor de Micologia, para iniciar os procedimentos de análise de uma amostra recebida. A suspeita clínica é de que o paciente tenha desenvolvido candidose orofaríngea. A candidose ou candidíase é uma afecção causada por fungos leveduriformes do gênero Candida. Se você estivesse no lugar do técnico, qual meio de cultura escolheria para inocular a amostra? RESOLUÇÃO Para resolver essa situação-problema, é importante que você saiba quais são os meios de cultura existentes e tenha estudado a �siologia fúngica. Os fungos são quimio-heterotró�cos, ou seja, fazem uso de compostos orgânicos diferentes do dióxido de carbono como fonte de carbono e também utilizam sustâncias químicas como fonte de energia, portanto necessitam de nutrientes especí�cos para o seu desenvolvimento. Além disso, são mesó�los, então, para 0 V e r a n o ta çõ e s que cresçam em ambiente in vitro, devem �car incubados à temperatura entre 20 a 30 ºC. Para o cultivo de fungos leveduriformes, o meio de cultura a ser escolhido deve ser um meio seletivo, como o ágar Sabouraud Dextrose, que permite o crescimento de determinado gênero, mas impede o desenvolvimento de outros microrganismos. Isso acontece porque o meio seletivo contém em sua composição agentes antimicrobianos, além dos nutrientes essenciais. 0 V e r a n o ta çõ e s NÃO PODE FALTAR MICOSES POR FUNGOS FILAMENTOSOS Ângela Cristina Ito Imprimir CONVITE AO ESTUDO Caro aluno, dando continuidade aos nossos estudos, nesta unidade aprofundaremos os conhecimentos sobre os fungos, mais especi�camente sobre os fungos �lamentosos e leveduriformes de interesse clínico. Tendo como base os aspectos abordados, estaremos aptos a compreender o comportamento biológico dos fungos �lamentosos e leveduriformes, reconhecendo suas estruturas e aplicando os conhecimentos na identi�cação e no diagnóstico desses fungos. Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s Nesta unidade, também vamos analisar uma situação-hipotética que tornará o estudo mais atrativo e nos aproximará da realidade pro�ssional. Você se recorda da Rosana? Na unidade anterior, a biomédica recebeu dois estagiários que passaram a acompanhá-la em sua rotina laboratorial. A primeira semana de estágio terminou e, agora, os estagiários Ana e Carlos estão prontos para, de fato, auxiliar Rosana no setor de Micologia. Para que consigam executar as técnicas laboratoriais, efetuar a análise dos materiais processados e diagnosticá- los, também é preciso conhecer as doenças causadas pelos fungos �lamentosos, dimór�cos e leveduriformes. Como essas doenças se desenvolvem? Quais são os agentes etiológicos, as manifestações clínicas e os possíveis tratamentos? Vamos conhecer um pouco mais sobre os fungos de interesse clínico? PRATICAR PARA APRENDER Caro aluno, iniciamos, a partir de agora, nossos estudos sobre micoses causadas por fungos �lamentosos. As micoses são doenças causadas por fungos que atingem grande parte da população, desencadeando desde manifestações locais, como lesões cutâneas, até infecções sistêmicas graves. Retomando a situação-hipotética descrita no início desta unidade, faremos, agora, uma análise do contexto que segue. A rotina do laboratório de Microbiologia é intensa e, na semana que se inicia, o setor de Micologia recebeu algumas amostras que deverão ser processadas, analisadas e diagnosticadas. Rosana, então, separou as amostras, entregou uma para Ana e outra para Carlos, depois disso, orientou-os quanto aos procedimentos que deveriam ser executados. Ana e Carlos identi�caram os materiais, protocolando-os, e depois iniciaram o seu processamento. Em uma das amostras, há suspeita clínica de uma patologia provocada por fungo �lamentoso hialino e, na outra amostra, a suspeita clínica é de que seja proveniente de um fungo �lamentoso demácio. 0 V e r a n o ta çõ e s Se você estivesse no lugar de Ana e Carlos, partindo da análise do material processado, conseguiria dizer a quais fungos e doenças as amostras pertencem? O que é preciso saber para se chegar a uma resposta plausível? Continue conosco rumo ao aprendizado, há muita informação e conhecimento à sua espera! Bons estudos. CONCEITO-CHAVE ASPERGILOSE, HIALOHIFOMICOSE E FEOHIFOMICOSE Aspergilose é uma hialohifomicose, ou seja, tem como agente etiológico um fungo �lamentoso hialino, do gênero Aspergillus spp., e se caracteriza por ser invasiva e sistêmica. A aspergilose pode desencadear inúmeras manifestações clínicas, tais como intoxicações decorrentes de ingestão de alimentos contaminados, inalação de conídios que desencadeiam processos pulmonares alérgicos, e colonização de cavidades preexistentes pelo agente etiológico. As aspergiloses abrangem desde o tecido cutâneo até os sistemas. Indivíduos imunocomprometidos, como pacientes soropositivos, transplantados de medula óssea, pacientes com disfunções neutrofílicas e citotoxicidade a drogas, apresentam fatores de risco para a aspergilose. Aspergillus spp. é um fungo sapró�ta, comumente encontrado no meio ambiente e, dentre as cerca de 200 espécies desse fungo, poucas são patogênicas para os seres humanos, sendo elas Aspergillus fumigatus, Aspergillus �avus e Aspergillus niger. Vale ressaltar que o Aspergillus é, frequentemente, isolado no ar hospitalar. As manifestações clínicas podem ocorrer em diversos órgãos e sistemas, provocando lesões difusas, pápulas e ulcerações em pacientes imunocomprometidos. A aspergilose invasiva pode se apresentar assintomática e pode, também, acometer os pulmões e o sistema nervoso central. É possível que ocorram outras formas menos comuns, que são graves e podem ser fatais. O diagnóstico laboratorial apresenta hifas hialinas septadas no tecido acometido. Se houver crescimento de Aspergillus spp. na cultura, o diagnóstico será hialohifomicose por Aspergillus spp. ou aspergilose. As formas invasivas e 0 V e r a n o ta çõ e s sistêmicas podem ser tratadas com anfotericina B lipossomal, �uconazol e itraconazol. Em pacientes transplantados e internados, pode ser feita a pro�laxia com �uconazol. Figura 2.1 | Aspergillus spp. de material obtido em endoscopia pulmonar
Compartilhar