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Micologia e Virologia

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MICOLOGIA E VIROLOGIA   
Ângela Cristina Ito
Ohana Luiza Santos de Oliveira
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CONHECENDO A DISCIPLINA
Caro aluno, frente às adversidades enfrentadas neste início do século XXI, impostas
pelo surgimento de novas doenças, é de extrema importância que você, futuro
pro�ssional da saúde, aprofunde seus conhecimentos sobre a Micologia e a
Virologia. Desde as épocas remotas, fungos e vírus têm despertado o interesse dos
pesquisadores de diversas áreas não somente para a obtenção de novas
informações a respeito de suas características, mas também para o
estabelecimento de diagnósticos de doenças e desenvolvimento de terapias
medicamentosas, técnicas e metodologias inovadoras que fazem uso desses
microrganismos.
Neste livro didático de Micologia e Virologia, você poderá conhecer e compreender
o comportamento biológico dos fungos �lamentosos e leveduriformes, reconhecer
as estruturas que os compõem e aplicar tais conhecimentos na identi�cação dos
fungos de interesse clínico. Além disso, será possível identi�car os mecanismos de
indução patológica e resistência dos fungos aos antimicrobianos.
Para analisar criticamente o comportamento biológico dos vírus, você obterá um
embasamento teórico por meio do reconhecimento dos processos de replicação
viral e poderá fazer uso desse conhecimento para entender a terapêutica antiviral.
Você também será capaz de entender e aplicar os conhecimentos dos mecanismos
envolvidos na patogenia das infecções virais, na elaboração de estratégias de
prevenção e controle e no desenvolvimento de técnicas diagnósticas e de novos
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fármacos antivirais.
Na Unidade 1, serão abordados os conteúdos introdutórios a respeito do
comportamento biológico dos fungos, do reconhecimento das estruturas dos
fungos �lamentosos, dimór�cos e leveduriformes, e da �siologia microbiana.
Na Unidade 2, iremos discorrer sobre os fungos �lamentosos e leveduriformes de
interesse clínico, abrangendo as micoses causadas por fungos �lamentosos,
dimór�cos e leveduriformes, além de analisarmos o cultivo, a identi�cação e a
resistência antifúngica.
A Unidade 3 permitirá entender o comportamento biológico dos vírus e
mecanismos de crescimento por meio da introdução à virologia e replicação viral
dos RNA vírus e DNA vírus.
A Unidade 4 compreenderá os conteúdos acerca do diagnóstico e pro�laxia dos
vírus de interesse clínico, investigando a patogênese das infecções virais, o
diagnóstico sorológico e molecular, e a terapêutica antiviral.
Portanto, caro aluno, para sua formação e desenvolvimento nesta disciplina, faça
uso das informações contidas neste livro didático. Leia e realize as atividades
propostas em cada seção para aprofundar seus conhecimentos. 
Bons estudos e seja bem-vindo à interessante área de Micologia e Virologia!
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NÃO PODE FALTAR
FUNGOS FILAMENTOSOS
Ângela Cristina Ito
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CONVITE AO ESTUDO
Olá, caro aluno! Iniciamos, a partir de agora, os estudos de Micologia e Virologia.
Nesta unidade, faremos uma introdução ao comportamento biológico dos fungos
e, ao �nal, você estará apto a reconhecer as estruturas morfológicas, bem como a
�siologia e reprodução dos fungos. Com isso, você poderá fazer o diagnóstico e
identi�car os principais fungos de importância clínica. 
Para que o estudo ocorra de forma agradável, faremos uso de uma situação
hipotética que permitirá uma aproximação com a realidade pro�ssional. 
Fonte: Shutterstock.
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Rosana trabalha em um laboratório de análises clínicas de sua cidade natal e é
graduada em Biomedicina. Na rotina diária do laboratório, atua em um setor
especí�co, mas quando a demanda é grande, também auxilia os demais setores.
Atualmente todos têm trabalhado bastante, analisando diversos materiais e
fazendo uso de técnicas microbiológicas. Recentemente, o laboratório recebeu
dois estagiários, Ana e Carlos, os quais irão acompanhar a rotina laboratorial sob a
supervisão de Rosana no laboratório de Microbiologia, mais especi�camente no
setor de Micologia. Antes de orientar os estagiários quanto aos procedimentos
para a realização das técnicas diagnósticas, Rosana achou mais conveniente
conversar com a Ana e o Carlos para investigar quais conhecimentos eles têm
sobre a Micologia. Será que os estagiários saberiam informar:
•  Qual a abrangência da Micologia? 
•  Por que é importante saber distinguir os fungos dos demais microrganismos? 
Vamos observar como Rosana orientou os estagiários Ana e Carlos na interessante
rotina laboratorial? 
PRATICAR PARA APRENDER
Seja bem-vindo! Nesta seção, iniciaremos os estudos da disciplina de Micologia e
Virologia. 
Na Unidade 1, nosso foco será a área da Micologia, mais especi�camente os fungos
�lamentosos. Estudaremos a morfobiologia com ênfase na morfologia, os ciclos
reprodutivos, a taxonomia e a classi�cação dos fungos �lamentosos.
Caro aluno, você tem ideia da importância dos conhecimentos sobre os fungos
�lamentosos na  atuação do pro�ssional da saúde, como o biomédico?
Ao �nal desta seção, você será capaz de responder a esse e outros
questionamentos. Para isso, �que atento às situações apresentadas no decorrer
deste material. 
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Caro aluno, você se lembra da biomédica Rosana? O laboratório em que Rosana
trabalha recebeu dois novos estagiários que �carão sob sua supervisão. No
primeiro dia de estágio, Rosana recebe Ana e Carlos, apresentou toda a equipe e
fez um tour pelas dependências do laboratório. Como já combinado durante a
entrevista realizada previamente, os estagiários iniciarão as atividades no
laboratório de Microbiologia, especi�camente no setor de Micologia.
Para dar início aos trabalhos de adaptação dos estagiários, Rosana decidiu dispor,
em uma bancada de procedimentos, alguns instrumentos de uso rotineiro,
vidrarias, equipamentos e materiais de consumo. 
Na bancada, próxima ao microscópio óptico, Rosana dispôs algumas lâminas com
diversos materiais e pediu que os estagiários as visualizassem com o microscópio.
Depois da análise das lâminas, Ana e Carlos foram questionados acerca dos
microrganismos observados. Você, futuro pro�ssional da saúde, se estivesse no
cargo de Rosana, quais questionamentos faria aos estagiários sobre os fungos?
Você saberia explicar os conceitos básicos relacionados aos fungos �lamentosos?
Por que é importante que o biomédico conheça a morfobiologia dos fungos?
Vamos auxiliar a Rosana nessa primeira etapa? 
A partir de agora, vamos dar início à aquisição de novos saberes. Bons estudos! 
CONCEITO-CHAVE
Representantes do Reino Fungi, os fungos estudados pela Micologia, um dos
setores da Microbiologia, são organismos ubíquos, podendo ser encontrados em
diversos locais. Não possuem pigmentos fotossintetizantes, fato que os caracteriza
como quimio-heterotró�cos. Ou seja, não produzem o próprio alimento, visto que
os nutrientes necessários para sua sobrevivência são adquiridos por processos de
absorção.
Os fungos podem ser identi�cados por intermédio das diferenças que possuem.
Em relação à morfologia, podem ser categorizados em: unicelulares, como as
leveduras, as quais serão estudadas na próxima seção; e multicelulares, quando
são constituídos por várias células. 
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Os fungos multicelulares apresentam dois tipos de fungos �lamentosos:
•  Os bolores, também conhecidos como mofos, que são fungos microscópicos;
•  Os fungos carnosos, popularmente denominados cogumelos, macroscópicos
possíveis de serem visualizados a olho nu.
Os fungos �lamentosos são multicelulares e eucariontes. As células se unem umas
às outras, formando estruturas em forma de tubos. Você saberia informar quais
são essas estruturas?
Essas composições recebem o nome de hifas, cujas células podem ter paredes
denominadas septos.Logo, são nomeadas como hifas septadas, também
chamadas de apocíticas.
As hifas que não possuem septos são as hifas cenocíticas ou asseptadas.
Figura 1.1 | Hifa septada e hifa cenocítica
Fonte: Shutterstock.
ASSIMILE 
Você tem ideia de como ocorre o crescimento das hifas?
O crescimento se dá pela extensão das extremidades das hifas. Se
estiverem em condições ambientais favoráveis, as hifas crescem formando
uma massa de hifas denominada micélio. 
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As hifas que se desenvolvem no substrato constituem a hifa vegetativa,
sendo responsáveis pela obtenção de nutrientes. A parte que se desenvolve
externamente ao substrato é chamada de hifa reprodutiva ou aérea,
responsável pela reprodução. Nas extremidades das hifas aéreas se
desenvolvem os conidióforos ou conidiósporos, que contêm os esporos
assexuados (conídios).
Figura 1.2 | Hifa vegetativa e hifa aérea
Fonte: Shutterstock.
MORFOBIOLOGIA DOS FUNGOS FILAMENTOSOS CENOCÍTICOS
Os fungos �lamentosos cenocíticos caracterizam-se por apresentar hifas
asseptadas e multinucleadas. Têm como representantes os zigomicetos, que são
sapró�tas e decompositores de matéria orgânica. Alguns deles podem causar
infecções de interesse médico.
Como exemplos de fungos �lamentosos cenocíticos, podemos citar o Rhizopus
stolonifer, conhecido como “mofo preto do pão”, e o Mucor indicus. Ambos são
ubíquos, podendo gerar infecções graves.
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A reprodução dos fungos �lamentosos cenocíticos habitualmente acontece de
forma assexuada, por meio da formação de estruturas que se desenvolvem nas
extremidades das hifas, denominadas esporângios. Esses órgãos contêm os
esporangiósporos (esporos), que são disseminados no meio ambiente e germinam,
dando origem às hifas. Na reprodução sexuada, podemos observar a produção de
esporos que resultam da fusão de hifas de linhagens opostas e haploides. Essa
etapa é chamada de plasmogamia, com a formação do zigosporângio. Na
sequência, ocorre a fusão dos núcleos, isto é, a cariogamia, formando uma célula
diploide que, em seguida, sofre meiose, dando origem a células haploides
conhecidas como zigósporos (esporos sexuais), que germinam formando um
esporângio. Os esporos produzidos germinam e dão origem às hifas, que se
desenvolvem e formam o micélio vegetativo. A reprodução sexuada possibilita a
recombinação gênica, promovendo maior variabilidade genética.
Figura 1.3 | Rhizopus spp. (fungo �lamentoso cenocítico)
Fonte: Wikimedia Commons.
MORFOBIOLOGIA DOS FUNGOS FILAMENTOSOS SEPTADOS
DEMÁCIOS
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Os fungos �lamentosos demácios abrangem os fungos cujas hifas apresentam
septos e são responsáveis por causar infecções em animais e humanos.
Você sabe por que esses fungos são chamados demácios?
Os fungos demácios têm pigmentação escura, acastanhada ou negra por conta da
presença de melanina na parede celular. Essa coloração desempenha função
protetora para o fungo, pois tem ação antifagocitária e resistência aos raios
ultravioleta.
Figura 1.4 | Esporos e colônia do fungo �lamentoso demácio Alternaria alternata
Fonte: Shutterstock.
Os fungos �lamentosos demácios são abrangentes e têm como habitat o solo.
Eventualmente podem causar infecções, como dermatomicoses, que atingem pele,
pelos e unhas. Essas lesões são denominadas feo-hifomicoses super�ciais, que
serão estudadas mais especi�camente na Unidade 2.
MORFOBIOLOGIA DOS FUNGOS FILAMENTOSOS SEPTADOS HIALINOS
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Os fungos �lamentosos septados hialinos são assim denominados porque suas
hifas são transparentes, claras, com ausência de melanina.
Clinicamente, os fungos �lamentosos hialinos têm importância relevante por conta
das infecções que provocam. 
São representados pelos:
•  Dermató�tos, responsáveis por provocar as dermato�toses, micoses cutâneas
super�ciais que acometem pele, pelos e unhas. 
•  Fungos anamorfos, também chamados de fungos imperfeitos, podendo não
apresentar reprodução sexuada.
O ciclo reprodutivo dos fungos �lamentosos septados hialinos normalmente se
caracteriza por apresentar uma fase assexuada com produção de esporos, os
conidiósporos, e uma fase sexual que dá origem aos esporos sexuados, como os
ascósporos.
EXEMPLIFICANDO 
Na reprodução dos fungos �lamentosos septados hialinos ou demácios, é
possível observar duas fases distintas com produção de esporos: a
reprodução assexuada e a reprodução sexuada.
Na fase reprodutiva assexuada, os esporos são produzidos nas
extremidades das hifas, que se diferenciam em estruturas denominadas
conidióforos. Os conídios (esporos) �cam localizados externamente, sendo
denominados ectósporos, os quais podem se dispor em cadeias ou grupos
de conídios. Como exemplo, podemos citar o Penicillium. Os ectósporos
também podem ser formados pela fragmentação da hifa, dando origem aos
artroconídios.
A fase reprodutiva sexuada é caracterizada pela produção de esporos
provenientes da plasmogamia, isto é, da fusão de hifas haploides.
Posteriormente, ocorre a cariogamia, de forma que a célula passa a ser
diploide. Em seguida, essa célula sofre meiose e dá origem aos esporos
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haploides, endósporos produzidos dentro de ascos, conhecidos como
ascósporos. Esse tipo de reprodução sexuada ocorre em ascomicetos.
Outro exemplo de reprodução sexuada pode ser encontrado na formação
de ectósporos produzidos nos basídios situados nas extremidades férteis
das hifas, os quais são denominados basidiósporos pertencentes à divisão
dos basidiomicetos ou cogumelos.
Figura 1.5 | Conidióforo e conídios de Penicillium spp.
Fonte: Shutterstock
REFLITA 
Caro aluno, até o momento, pudemos observar que os fungos �lamentosos
podem ser cenocíticos, quando as hifas não possuem septos e são
multinucleadas, ou septados, quando as hifas apresentam septos. Vimos
também que os fungos são encontrados em vários locais e possuem
morfologias especí�cas. Você sabe qual a importância de estudarmos os
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fungos �lamentosos cenocíticos e septados (demácios e hialinos), suas
características morfológicas e sua biologia, ou seja, a forma como vivem e
se reproduzem? 
TAXONOMIA E CLASSIFICAÇÃO DOS FUNGOS
Os fungos são classi�cados taxonomicamente de acordo com suas características
morfológicas. Entretanto, agrupar os fungos de acordo com as características por
similaridade é um processo complexo e que, nos últimos tempos, tem passado por
diversas reestruturações. Isso se deve ao fato de que antigamente os fungos eram
incluídos no Reino Plantae, mas, por apresentar muitas características
morfológicas e �siológicas que não se aplicam às plantas, foram alocados em um
reino próprio, o Reino Fungi.
O constante desenvolvimento de novas técnicas da biologia molecular tem
possibilitado a atualização de informações e, consequentemente, a adequação da
classi�cação dos fungos. 
Até o presente momento, os pesquisadores propuseram diversas chaves de
classi�cações, mas sem concordância entre eles. Uma das classi�cações sugeridas
atualmente propõe quatro divisões para o Reino Fungi: Chytridiomycota,
Zygomycota, Basidiomycota e Ascomycota. 
Há ainda um grupo à parte que agrega os fungos imperfeitos ou anamorfos,
representantes da divisão Deuteromycota, a qual não é aceita pelos taxonomistas
atuais. A maioria desses fungos, após os resultados dos estudos moleculares,
foram enquadrados nas divisões Basidiomycota e Ascomycota.
Na taxonomia, os organismos vivos são agrupados em subdivisões, obedecendo a
uma hierarquia taxonômica. O cogumelo Amanita muscaria, por exemplo,
pertence ao Domínio Eukarya, Reino Fungi, Divisão Basidiomycota, Classe
Homobasidiomycetes, Ordem Agaricales, Família Amanitaceae, Gênero Amanita,
Espécie Amanita muscaria. A nomenclatura é binomial, ou seja, de acordo com a
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nomenclatura cientí�ca, o primeiro nome se refere ao gênero, e o segundo, à
espécie. Ambos os nomes são grafadosem itálico e o primeiro nome inicia com
letra maiúscula. 
Caro aluno, nesta seção pudemos veri�car que os fungos se apresentam em
formas diversas e muitos deles podem causar doenças. Para que o diagnóstico e o
tratamento sejam assertivos, o conhecimento da morfologia e biologia dos fungos
se faz necessário na atuação do pro�ssional de saúde.
Na próxima seção, daremos continuidade aos nossos estudos sobre os fungos,
investigando os fungos dimór�cos e leveduriformes. 
Até breve!
FAÇA VALER A PENA
Questão 1
Os fungos são organismos eucariontes, unicelulares ou pluricelulares, sapró�tos e
heterotró�cos. Pertencem ao Reino Fungi, visto que não apresentam semelhanças
com os vegetais nem com as bactérias e protistas. 
De acordo com as suas características morfológicas, os fungos podem ser:
a. Leveduras – unicelulares; �lamentosos – pluricelulares; carnosos – unicelulares. 
b. Leveduras – pluricelulares; �lamentosos – unicelulares; carnosos – pluricelulares.
c. Leveduras – unicelulares; �lamentosos – pluricelulares; carnosos – pluricelulares.
d. Leveduras – unicelulares; �lamentosos – unicelulares; carnosos – pluricelulares.
e. Leveduras – pluricelulares; �lamentosos – pluricelulares; carnosos – unicelulares. 
Questão 2
Amostras de unhas e escamas de pele de um mesmo paciente foram coletadas em
uma unidade de pronto atendimento e encaminhadas ao laboratório de análises
clínicas a �m de se obter um diagnóstico sobre uma possível causa para os
sintomas apresentados por ele. Por meio da realização das técnicas empregadas,
tais como exame micológico direto e cultura do material semeado em ágar
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Sabouraud Dextrose, obteve-se o diagnóstico de onicomicose, uma
dermatomicose super�cial ou feo-hifomicose super�cial que atinge as unhas e os
tecidos ao redor da lâmina ungueal. 
Nesse contexto, analise as assertivas e assinale a alternativa que indica o causador
da doença.
a.  Fungo �lamentoso septado hialino, cujas hifas �lamentosas septadas são hialinas com ausência de
pigmento.
b.  Fungo �lamentoso septado demácio, cujas hifas �lamentosas septadas possuem coloração escura pela
presença da melanina. 
c.  Fungo �lamentoso cenocítico, com hifas asseptadas hialinas com ausência de pigmento.
d.  Fungo �lamentoso cenocítico, com hifas asseptadas com coloração escura pela presença de melanina.
e.  Fungo �lamentoso septado, com hifas �lamentosas septadas com coloração amarelada pela presença de
caroteno.  
Questão 3
Fungos �lamentosos cenocíticos podem se reproduzir mediante a reprodução
assexuada e sexuada. Ao �nal dessas duas fases, há produção de esporos.
Considerando a informação apresentada, analise as a�rmativas a seguir:
I. Na reprodução assexuada nas extremidades das hifas ocorre o desenvolvimento
de esporângios, estruturas que contêm os esporangiósporos.
II. Os esporangiósporos são esporos que germinam dando origem a novas hifas.
III. Na reprodução sexuada, hifas de linhagens opostas se fundem em um processo
denominado plasmogamia, quando ocorre a formação do zigosporângio.
IV. A cariogamia, processo de fusão dos núcleos haploides, resulta em uma célula
diploide que, em seguida, passará por meiose, dando origem aos zigósporos, os
esporos sexuais haploides.
V. Ao �nal da fase reprodutiva sexuada, o zigósporo não produz o esporângio e
não há liberação dos esporos, o que afeta a germinação de novas hifas.
Considerando o contexto apresentado, é correto o que se a�rma em:
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Microbiologia clínica para o
controle de infecção relacionada à assistência à saúde. Módulo 8: Detecção e
identi�cação de fungos de importância médica. Brasília: Anvisa, 2013. Disponível
em: https://bit.ly/3x1p3a4. Acesso em: 31 jan. 2021. 
GAMBALE, W. Morfologia, reprodução e taxonomia dos fungos. In: ZAITZ. C. et al.
Compêndio de micologia médica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017,
p. 89-98. Disponível em: https://bit.ly/3d40rpo. Acesso em: 20 jan. 2021.
LEITE, S. B. Biologia dos fungos. In: FRANÇA, F. S.; LEITE, S. B. Micologia e virologia.
Porto Alegre: Sagah, 2018, p. 137-148. Disponível em: https://bit.ly/3gS3132. Acesso
em: 14 jan. 2021.
LEITE, S. B. Taxonomia e classi�cação dos fungos. In: FRANÇA, F.S.; LEITE, S. B.
Micologia e virologia. Porto Alegre: Sagah, 2018, p. 123-133. Disponível em:
https://bit.ly/3qjxpaF.41. Acesso em: 15 jan. 2021.
LEVINSON, W. Micologia básica. In: LEVINSON, W. Microbiologia médica e
imunologia. 13. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016, p. 383-388. Disponível em:
https://bit.ly/3vIM0O0. Acesso em: 18 jan. 2021.
MADIGAN, M. T. et al. Diversidade dos microrganismos eucariotos. In: MADIGAN,
M. T. Microbiologia de Brock. 14. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016, p. 555-562.
Disponível em: https://bit.ly/2SUTIHu. Acesso em: 15 jan. 2021.
a.  I, II, IV e V, apenas.
b.  I, III, IV e V, apenas.
c.  II, III, IV e V, apenas.
d.  I, II, III e V, apenas.
e.  I, II, III e IV, apenas.
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https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-1962-9/cfi/113!/4/4@0.00:27.9
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595026827/cfi/136!/4/2@100:0.00
https://bit.ly/3qjxpaF
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788580555578/cfi/394!/4/4@0.00:0.00
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https://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v41n5/pt_1806-3713-jbpneu-41-05-00473.pdf
https://www.scielo.br/pdf/jbpneu/v35n12/v35n12a12.pdf
https://jornal.usp.br/ciencias/pesquisa-indica-melhores-fungos-para-obter-enzima-usada-na-industria/
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582713549/cfi/340!/4/4@0.00:0.00
FOCO NO MERCADO DE TRABALHO
FUNGOS FILAMENTOSOS
Ângela Cristina Ito
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SEM MEDO DE ERRAR
A �m de veri�car os conhecimentos dos estagiários, inicialmente Rosana pode
analisar o desempenho de Ana e Carlos no manuseio dos materiais e
equipamentos, como durante a visualização das lâminas no microscópio óptico.
Como biomédica responsável pelo setor de micologia, Rosana pode iniciar os
questionamentos perguntando aos estagiários qual o diagnóstico dos materiais
Fonte: Shutterstock.
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observados. São microrganismos? Caso sejam, são procariontes ou eucariontes,
uni ou pluricelulares? Dando continuidade aos trabalhos, para explicar os
conceitos básicos sobre os fungos �lamentosos, Rosana pode fazer uso de
recursosmultimídia, projetar �guras e ilustrações ou vídeos sobre os fungos. Com
base nesses materiais, seria possível explanar brevemente sobre os tipos de
fungos �lamentosos, salientando que os fungos podem ser encontrados em todos
os lugares e muitos deles são patógenos, podendo causar doenças. Na
identi�cação dos fungos �lamentosos, é importante saber distinguir os tipos de
hifas quanto à morfologia. São hifas cenocíticas ou septadas? Possuem
pigmentação (demácios) ou são transparentes (hialinos)? Ao observar esses fungos
com o uso do microscópio, é possível veri�car as estruturas reprodutivas, o que
permite estabelecer o diagnóstico do fungo.
É de suma importância que o pro�ssional saiba diagnosticar o microrganismo
causador de infecções. Para que isso aconteça, primeiramente é preciso saber
distingui-los dos demais microrganismos e conhecer suas características
morfobiológicas. 
AVANÇANDO NA PRÁTICA
DOENÇA PULMONAR CAUSADA POR MICRORGANISMO
O pronto-socorro do Hospital Municipal recebeu um paciente do sexo masculino,
de 42 anos de idade, fumante, com queixa de febre intermitente, dor no peito,
falta de ar e tosse com sangue. Na anamnese, a temperatura foi aferida e
constatou-se estado febril. O paciente foi encaminhado ao médico, o qual, após o
exame clínico, solicitou radiogra�a do tórax, que apresentou alterações. Diante
desse resultado, foi efetuada uma tomogra�a computadorizada que revelou a
presença de nódulos de tamanhos irregulares no tecido pulmonar.
Posteriormente, foi feita a coleta de amostras, tais como escarro e aspirado
brônquico, para a realização de outros métodos diagnósticos. As amostras
coletadas foram encaminhadas ao laboratório de análises clínicas a �m de serem
processadas. Analisando o relato desse caso, você, caro aluno, tem ideia de qual
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patologia está acometendo o paciente? A doença em questão afeta os pulmões e é
causada por um microrganismo eucarioto. Você sabe qual é o agente etiológico?
Quais testes laboratoriais foram realizados?
RESOLUÇÃO
Para responder aos questionamentos acerca do caso clínico apresentado, é
interessante revisar os conteúdos abordados nesta seção. 
Os pulmões são estruturas importantíssimas do sistema cardiorrespiratório,
sendo responsáveis pela realização da hematose ou trocas gasosas. O tecido
pulmonar é extremamente delicado. Quando acometido por microrganismos,
pode apresentar infecções e lesões teciduais que podem ocasionar o
desenvolvimento de doenças respiratórias crônicas. Escarro ou aspirado
brônquico podem ser processados fazendo uso de diferentes técnicas, como
baciloscopia (exame microscópico para veri�car a presença ou não de bacilos
causadores de tuberculose em esfregaços) e cultivo em meios de cultura
especí�cos para crescimento de bactérias e fungos. Também podem ser
realizados testes sorológicos para detecção de antígenos especí�cos.
Atualmente, os testes moleculares rápidos, como a Reação em Cadeia de
Polimerase (PCR), estão sendo muito utilizados porque são mais assertivos na
análise do material genético, ou seja, do DNA dos microrganismos.
A análise microscópica teve resultado negativo para bacilos de micobactérias.
As culturas de escarros apresentaram crescimento de colônias de fungos
�lamentosos, mais especi�camente de Aspergillus fumigatus. Os testes
sorológicos e moleculares rati�caram a identi�cação do agente etiológico da
aspergilose pulmonar, doença que pode se tornar crônica e, quando não
tratada, pode levar o indivíduo ao óbito.
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NÃO PODE FALTAR
FUNGOS DIMÓRFICOS E LEVEDURIFORMES
Ângela Cristina Ito
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PRATICAR PARA APRENDER
Dando continuidade aos nossos estudos, nesta seção iremos abordar
especi�cidades relacionadas a fungos de características particulares causadores de
algumas doenças, como, lacaziose, pneumocistose, micetomas eucomicóticos e
cromoblastomicose. Além disso, estudaremos a morfobiologia dos fungos
dimór�cos e dos fungos leveduriformes.
Você deve estar se perguntando: Quais as diferenças entre os fungos �lamentosos,
estudados na seção anterior, e os fungos dimór�cos e leveduriformes? 
Fonte: Shutterstock.
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Ao �nal desta seção, você terá adquirido informações importantes que lhe
ajudarão a distinguir esses diferentes tipos de fungos considerando sua morfologia
e biologia. Assim, você terá os subsídios necessários para diagnosticá-los e
correlacioná-los às patologias fúngicas de interesse clínico.
Rosana �cou animada com o desempenho de Ana e Carlos no primeiro dia de
estágio, mas percebeu a necessidade de conversar um pouco mais com esses
novos colaboradores sobre outros tipos de fungos. Diante disso, Rosana deixou
algumas lâminas focalizadas junto ao microscópio óptico e perguntou aos
estagiários se eles saberiam diagnosticar o material observado, fazendo os
seguintes questionamentos:
•  São fungos de quais tipos? 
•  Qual a importância do estudo desses fungos?
Caro aluno, de que forma você ajudaria Ana e Carlos a responderem às perguntas
de Rosana? 
Continue direcionado o seu foco para a aquisição de conhecimentos, pois eles são
imprescindíveis para a sua formação pro�ssional. Bons estudos! 
CONCEITO-CHAVE
FUNGOS PARTICULARES: LACAZIOSE E PNEUMOCISTOSE
Caro aluno, você sabe o que é lacaziose?
Lacaziose é uma doença cujo agente etiológico é o fungo Lacazia loboi. Também
conhecida como doença de Jorge Lobo, lobomicose ou blastomicose queloidiana,
foi descrita pela primeira vez no Recife em 1931, pelo médico dermatologista
brasileiro Jorge Lobo. 
Constataram-se casos de lacaziose principalmente nos continentes Sul-Americano
e Central. Há relatos de incidência em outros locais, mas o maior número de
ocorrências acontece na região Amazônica, em regiões tropicais quentes e úmidas
que favorecem o desenvolvimento do fungo.
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A lobomicose não afeta apenas humanos, sendo também observada em duas
espécies de gol�nhos. No Brasil, não há relatos de acometimentos em animais.
Ainda não se conhece o mecanismo de transmissão da doença, mas acredita-se
que o fungo se instale no hospedeiro a partir de lesões ocasionadas por traumas e
picadas de insetos. A doença afeta com maior frequência adultos do sexo
masculino que atuam na agricultura e pesca, atividades que comumente
apresentam uma maior exposição à ocorrência de traumas.
As manifestações clínicas da lacaziose atingem normalmente os membros
inferiores e superiores e orelhas, podendo também acometer outras regiões,
provocando lesões cutâneas e subcutâneas. São observados nódulos queloidianos,
com aspecto de verrugas de vários tamanhos, com consistência sólida, lisa e
brilhante, coloração escura, com escamas e crostas na pele. O diagnóstico
laboratorial pode ser efetuado por meio de exame direto e histopatológico do
material coletado, escari�cação da pele ou biópsia. No exame direto, os fungos
apresentam formas leveduriformes, isolados ou com gemulações. O crescimento
de Lacazia loboi em meio de cultura ainda não foi obtido. No tratamento, o uso
antifúngicos não se mostrou efetivo. Em muitos casos, o procedimento cirúrgico é
realizado com a retirada dos tecidos acometidos, podendo haver recidivas. 
Outra doença causada por fungo dimór�co é a pneumocistose, cujo agente
etiológico é o Pneumocystis jirovecii, que foi encontrado em humanos pela
primeira vez em 1952 pelo infectologista Otto Jírovec.
A pneumocistose é uma doença pulmonar que acomete indivíduos
imunodeprimidos, sendo a infecção oportunista que mais atinge pacientes
soropositivos para o HIV, o vírus da imunode�ciência adquirida (SIDA/AIDS).
Pacientes em tratamentos imunossupressores, transplantados, neoplásicos, com
imunode�ciências congênitas, prematuros, crianças desnutridas e
imunocompetentes também podem ser afetados e desenvolver a doença. O
Pneumocystis é um organismo universal encontradoem diversos locais, tendo
ampla distribuição, o que facilita a transmissão que ocorre por via aérea. O
tropismo propicia sua instalação no tecido pulmonar. Em indivíduos
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imunocompetentes a infecção primária pode ser assintomática, com latência em
lesões granulomatosas. Em pacientes imunossuprimidos, pode desencadear
quadros de pneumonia e disseminação, além de ocasionar lesões secundárias que
afetam outros tecidos do hospedeiro. O diagnóstico faz uso de radiogra�a,
tomogra�a computadorizada e identi�cação do microrganismo, visto que o fungo
não se desenvolve nos meios de cultura existentes. São utilizadas colorações do
método de Grocott: violeta de cresil, azul de ortotoluidina e branco de calco�úor, o
que permite a visualização dos cistos e trofozoítos. A reação da cadeia da
polimerase (PCR) e anticorpos monoclonais também é um método diagnóstico que
apresenta maior sensibilidade e especi�cidade frente às técnicas convencionais.
Figura 1.6 | Pneumonia causada por Pneumocystis jirovecii
Fonte: Wikimedia Commons.
O material biológico a ser diagnosticado pode ser o lavado broncoalveolar, escarro,
biópsia. Como tratamento, tem-se utilizado o sulfametoxazol-trimetroprima, visto
que o uso de antifúngicos se mostrou ine�caz.
Figura 1.7 | Pneumocystis jirovecii em pulmão de paciente HIV positivo
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Fonte: Wikimedia Commons.
ASSIMILE
Você sabia que antes de ser considerado um fungo dimór�co, o
Pneumocystis era considerado um protozoário? 
Para alocar adequadamente os espécimes em seus táxons, a Biologia
Molecular tem recebido grandes contribuições na identi�cação de espécies,
dos reinos biológicos, incluindo o Reino Fungi. Fazendo uso de análises de
subunidades de DNA, foi possível classi�car �logeneticamente o Lacazia
loboi e o Pneumocystis jirovecii como integrantes do Reino Fungi, Filo
Ascomycota. 
FUNGOS PARTICULARES: MICETOMAS EUMICÓTICOS E
CROMOBLASTOMICOSE
Micetomas ocorrem com o contato e a entrada do agente etiológico, o que causa
uma infecção crônica na pele. O membro afetado aumenta de volume por conta do
surgimento de nódulos, que evoluem formando fístulas com drenagem de
secreção contendo os grãos do agente infeccioso, que pode ser bactéria ou fungo.
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EXEMPLIFICANDO 
Micetomas de etiologia bacteriana são chamados de actinomicetomas ou
micetomas actinomicóticos. Já micetomas de origem fúngica recebem o
nome de eumicetomas ou micetomas eumicóticos.
Os micetomas eumicóticos podem ser constituídos por fungos �lamentosos
hialinos ou demácios. Os grãos constituídos de micélios �lamentosos e
clamidósporos podem apresentar coloração branca, amarela ou preta, de
acordo com a espécie fúngica, e podem ser visualizados a olho nu.
Micetomas eumicóticos são mais frequentes nas regiões tropicais e subtropicais,
as quais apresentam temperaturas mais elevadas e clima úmido propício para o
desenvolvimento do fungo.
As infecções crônicas acometem as mãos e os pés, podendo atingir pernas e
joelhos, sendo que a incidência é maior nos pés. A evolução da doença é longa,
com o acometimento dos tecidos subcutâneos. Há formação de tecido �broso,
aumento de volume da área afetada, deformidades, limitação dos movimentos e
comprometimento ósseo.
O diagnóstico laboratorial é efetuado a partir do exame direto com análise
microscópica do material coletado, sendo possível a observação dos grãos
utilizando KOH 10-40%, colorações de prata e HE, exames histopatológicos e
cultura em Ágar Sabouraud.
Os agentes etiológicos mais frequentes dos micetomas eumicóticos de grãos de
coloração preta são Madurella mycetomatis, Madurella grisea, Leptosphaeria
senegalensis, Exophiala jeanselmei e Curvularia lunata. Como representantes de
eumicetomas de grãos brancos, temos Acremonium falciforme, Acremonium
recifei, Pseudallescheria boydii, Fusarium moniliforme, Aspergillus nidulans. Para o
tratamento dos micetomas eumicóticos, recomendam-se cetoconazol, anfotericina
B, itraconazol, voriconazol e posaconazol. A terapia medicamentosa é complexa,
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visto que, por conta da �brose, os antifúngicos têm di�culdade de ação. Diante
dessa limitação, o procedimento cirúrgico com remoção total da lesão é a melhor
opção de tratamento.
Figura 1.8 | Cultura de Aspergillus nidulans
Fonte: Shutterstock.
Outra doença ocasionada por fungos de características particulares é a
cromoblastomicose, também conhecida como cromomicose.
A cromoblastomicose é entendida como uma micose crônica que tem como
agentes etiológicos fungos demácios, como Fonsecaea pedrosoi, Phialophora
verrucosa, Cladosporium carrionii, Fonsecaea compacta, que causam lesões de
aspecto nodular e verrucoso ou de escamas eritematosas.
O diagnóstico laboratorial é efetuado com exame micológico direto, cultura em
Ágar Sabouraud, cultivo em lâmina e exames histopatológicos. O tratamento se dá
com a administração de drogas antifúngicas, remoção cirúrgica, crioterapia,
termoterapia e laser de gás carbônico.
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Figura 1.9 | Phialophora verrucosa
Fonte: Shutterstock.
MORFOBIOLOGIA DOS FUNGOS DIMÓRFICOS
Caro aluno, você já pensou que dentre os fungos patogênicos existem organismos
que apresentam formas distintas de crescimento? São os fungos dimór�cos, que
crescem e se diferenciam em fungos �lamentosos ou leveduras.
No dimor�smo, a forma que se apresenta como fungo �lamentoso produz hifas
aéreas e hifas vegetativas. A forma leveduriforme, por sua vez, produz brotos que
se destacam, formando novas leveduras.
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Em fungos patógenos, a temperatura do meio de cultivo é fator determinante para
a ocorrência do dimor�smo. Em temperatura ambiente (cerca de 25 ºC), o fungo
tem forma de bolor ou fungo �lamentoso. Já em temperatura corpórea (37 ºC), o
fungo assume forma de levedura. 
Dentre os fungos patogênicos dimór�cos, podemos citar o Histoplasma
capsulatum, Paracoccidioides brasiliensis, Sporothrix schenckii, Coccidioides
immitis e Candida albicans.
Figura 1.10 | Fungo dimór�co – Candida albicans
Fonte: Wikimedia Commons.
Na Figura 1.10, você pode veri�car o crescimento da Candida albicans tanto como
levedura quanto como fungo �lamentoso.
A concentração de gás carbônico (CO2) também é outro fator determinante de
dimor�smo. Nas regiões do meio de cultivo em que ocorre acúmulo de CO2, o
fungo assume forma �lamentosa. Na região super�cial, em que as concentrações
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estão dentro da normalidade, o fungo assume a forma de levedura, como acontece
com os fungos do gênero Mucor.
MORFOBIOLOGIA DOS FUNGOS LEVEDURIFORMES
Os fungos leveduriformes ou leveduras são organismos eucarióticos e unicelulares,
com formato esférico ou oval. Normalmente se reproduzem assexuadamente, mas
alguns espécimes podem se reproduzir sexuadamente por plasmogamia. 
A reprodução assexuada pode acontecer de duas maneiras. A primeira delas é a
divisão direta, também conhecida como �ssão ou cissiparidade, em que o núcleo
das células leveduriformes se divide em dois, dando origem a duas células-�lhas
idênticas à célula parental ou célula-mãe. O outro tipo de reprodução assexuada
ocorre por brotamento ou gemulação. Externamente, forma-se um broto na célula-
mãe. Com o crescimento do broto, o núcleo se divide e há migração de um dos
núcleos para o broto, o qual continua crescendo e, posteriormente, se separa da
célula parental.
Figura 1.11 | Gemulação de leveduras coradas pelo método de Gram.
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Fonte: Shutterstock.
ATENÇÃO
Algumas espécies de leveduras, durante o processo de reprodução por
brotamento, produzem brotos sucessivos que não se separam uns dos
outros e dão origem a uma estrutura denominada pseudo-hifa. Mas,
atenção! A pseudo-hifa não forma estruturas tubulares, isto é, as hifas dos
bolores. Em processos patológicos, elas auxiliam a levedura a invadir os
tecidos mais profundosdo hospedeiro.
Figura 1.12 | Pseudo-hifas e brotos de leveduras
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Fonte: Shutterstock.
Quando cultivadas em laboratório, as colônias leveduriformes apresentam aspecto
pastoso ou cremoso e, dependendo da espécie, podem exibir colorações variadas,
como branca, creme, rosa, laranja e preta.
REFLITA
Os fungos têm ampla distribuição, podendo ser encontrados em diversos
locais. Além do interesse clínico por conta das doenças que podem
desencadear, esses organismos também têm importância econômica,
sendo utilizados nas áreas de biotecnologia, indústria farmacêutica,
indústria de alimentos, entre outras.
Com toda essa diversidade e aplicabilidade, como diferenciar um tipo de
fungo do outro? Como distinguir os diferentes espécimes de leveduras e
fungos dimór�cos?
Algumas leveduras conseguem se adaptar e sobreviver sem a presença de
oxigênio, sendo consideradas anaeróbias facultativas, com a capacidade de realizar
fermentação alcoólica. Nas reações com participação do oxigênio, ocorre o
metabolismo dos carboidratos e a produção de dióxido de carbono e água. 
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Na próxima unidade, aprofundaremos nossos estudos sobre as doenças causadas
pelos fungos leveduriformes.
A partir de nossos estudos nessas duas primeiras seções, pudemos aprender
informações importantes sobre os fungos, suas diferenças morfológicas e
biológicas. Na próxima seção, daremos continuidade à nossa investigação e nos
aprofundaremos no campo da �siologia fúngica. Continue nessa jornada rumo à
aquisição de conhecimentos. Até breve!
FAÇA VALER A PENA
Questão 1
Fungos leveduriformes podem se reproduzir de forma sexuada e assexuada. A
reprodução assexuada pode ocorrer de duas formas, sendo a primeira por divisão
direta, quando o núcleo se divide em dois e a célula parental dá origem a duas
células-�lhas iguais à célula-mãe. 
Tendo como base o contexto apresentando, assinale a alternativa que expressa
corretamente o nome do processo reprodutivo mencionado.
a.  Gemulação ou plasmogamia.
b.  Divisão direta ou plasmogamia.
c.  Gemulação ou brotamento. 
d.  Divisão direta ou �ssão.
e.  Brotamento ou �ssão. 
Questão 2
No dimor�smo, a forma que se apresenta como fungo �lamentoso produz hifas
aéreas e hifas vegetativas.
Diante disso, analise as seguintes asserções e a relação proposta entre elas: 
I. O fungo dimór�co é um microrganismo que apresenta características
particulares em relação a outros fungos.
PORQUE
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II. Em condições e temperaturas especí�cas, pode apresentar morfologia distinta
tanto como fungo �lamentoso quanto como levedura.
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.
a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justi�cativa da I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justi�cativa da I.
c. As asserções I e II são proposições falsas.
d. A asserção I é uma proposição verdadeira, mas a II é uma proposição falsa.
e. A asserção I é uma proposição falsa, mas a II é uma proposição verdadeira.
Questão 3
Em um laboratório de Micologia, foi solicitada ao estagiário a análise de placas de
Petri com colônias que se desenvolveram em meio nutriente. As colônias
apresentavam aspecto pastoso e, dependendo da incidência da luz, mostravam
certo brilho, parecendo molhadas. A análise macroscópica também permitiu que o
estagiário percebesse que as colônias apresentavam colorações diferenciadas. Na
sequência, foram confeccionadas lâminas que, quando observadas no microscópio
óptico, apresentaram células de formato oval. Algumas apresentavam-se isoladas,
outras possuíam gemulações e algumas células estavam unidas umas às outras,
formando um cordão de contas. Após a análise dos materiais, o estagiário foi
questionado quanto ao possível diagnóstico. 
Enunciado: 
Nesse contexto e considerando os dados apresentados, assinale a alternativa
correta.
a.  Os materiais observados são unicelulares, denominados fungos leveduriformes.
b.  Os materiais observados são multicelulares, denominados fungos �lamentosos.
c.  Os materiais observados são multicelulares, denominados fungos carnosos.
d.  Os materiais observados são unicelulares, denominados bactérias.
e.  Os materiais observados são unicelulares, denominados protozoários. 
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REFERÊNCIAS
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Candida auris no Brasil. Alerta de Risco GVIMS/GGTES/Anvisa nº1/2020. Brasília:
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Disponível em: https://bit.ly/3zNa0CW. Acesso em: 26 jan. 2021.
CAMPBELL, I. Cromoblastomicose. In: ZAITZ, C. et al. Compêndio de micologia
médica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017, p. 212-218. Disponível em:
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Compêndio de micologia médica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017,
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KORTE, R. L. et al. Cirurgia plástica e o tratamento de doenças infectocontagiosas:
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LEITE, S. B. Micoses super�ciais, cutâneas e subcutânes. In: FRANÇA, F. S.; LEITE, S.
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https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788580555578/cfi/394!/4/4@0.00:0
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MEZZARI, A.; FUENTEFRIA, A. M. Micoses subcutâneas. In: MEZZARI, A.;
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RUIZ, L. R. B. Micetomas eumicóticos. In: ZAITZ, C. et al. Compêndio de micologia
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2011. Disponível em: https://bit.ly/2TTFDKH. Acesso em: 11 fev. 2021.
TEIXEIRA, I. M. et al. Relato de caso: "Lacaziose (Doença de Jorge Lobo) em paciente
da Amazônia Legal". Brazilian Journal of Health Review, v. 3, n. 4, p. 9819-9826,
jul./ago. 2020. Disponível em:https://bit.ly/3xLW6yS. Acesso em: 27 jan. 2021.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Eucariotos, fungos, algas, protozoários e
helmintos. In: TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 12. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2017, p. 322-23. Disponível em: https://bit.ly/3gYHy8m.1. Acesso
em: 9 fev. 2021.
VOCÊ sabia que as leveduras não servem só para fazer pão? [S.l.]: Instante Biotec,
21 ago. 2018. (3m23s). Disponível em: https://bit.ly/3vNGB8t. Acesso em: 1 fev.
2021.
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https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520451762/cfi/86!/4/4@0.00:37.3
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520451762/cfi/136!/4/4@0.00:54.1
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-1962-9/cfi/230!/4/4@0.00:11.2
https://www.scielo.br/pdf/rbti/v23n1/a17v23n1.pdf
https://www.brazilianjournals.com/index.php/BJHR/article/view/14367/11953
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582713549/cfi/343!/4/4@0.00:19
https://www.youtube.com/watch?v=lOP2MdoAnT4
FOCO NO MERCADO DE TRABALHO
CARACTERÍSTICA ORAL E MITOS COMO FONTE DE
CONHECIMENTO
Ângela Cristina Ito
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SEM MEDO DE ERRAR
Caro aluno, para ajudar Ana e Carlos a responderem os questionamentos feitos
pela Rosana, é interessante retomar alguns conceitos sobre os fungos.
Fonte: Shutterstock.
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Ao observar as lâminas com o microscópio óptico, é interessante dar especial
atenção à morfologia das estruturas visualizadas, veri�cando se há formação de
colônias ou se as estruturas aparecem isoladas. Quanto à morfologia dos
espécimes, deve-se conferir se eles são �lamentosos ou têm formato
esférico/oval. 
Vale lembrar que se os fungos forem dimór�cos, eles podem apresentar aspecto
de bolor (�lamentoso) ou leveduriforme. Se forem morfologicamente semelhantes
às leveduras, será possível observar pseudo-hifas, brotos ou gemulações.
Também é relevante destacar que a análise inicial ao microscópio não é de�nitiva,
pois para um diagnóstico assertivo se faz necessária a análise macroscópica das
colônias, seu aspecto e sua coloração. Além disso, devem ser realizados testes
bioquímicos e, se possível, técnicas de biologia molecular.
Como dito anteriormente, no estudo dos fungos, saber distinguir os bolores,
leveduras e fungos dimór�cos é de extrema importância para o pro�ssional que
atua em laboratório de análises, pois esse tipo de conhecimento pode auxiliar em
um possível diagnóstico de doenças causadas por esses microrganismos.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
SUPERFUNGO AMEAÇA A SAÚDE GLOBAL
Em 7 de dezembro de 2020, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
emitiu um Alerta de Risco sobre a identi�cação de um possível caso positivo de
Candida auris no Brasil. O microrganismo foi detectado no cateter de um paciente
internado em UTI adulto de um hospital da Bahia. É considerado um superfungo,
pois é resistente aos antifúngicos existentes. Normalmente acomete pacientes
imunossuprimidos, o que di�culta a erradicação em ambientes hospitalares. Para
identi�car a Candida auris, são realizados procedimentos especí�cos, como a
técnica Maldi-Tof (Matrix Assisted Laser Desorption Ionization Time of Flight), além
de análises fenotípicas do material genético. 
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Na impossibilidade de realização das técnicas citadas anteriormente, quais outras
técnicas você proporia para a identi�cação do superfungo? Como você classi�caria
morfologicamente a Candida auris?
RESOLUÇÃO
Para a identi�cação do super fungo, os procedimentos iniciais incluem coleta e
encaminhamento do material contaminado ao laboratório de Microbiologia,
onde podem ser executadas as técnicas de semeadura em meio de cultura
para averiguar o crescimento de colônias de microrganismos. Posteriormente,
pode-se efetuar um esfregaço para coloração de Gram e, logo em seguida,
uma análise da lâmina no microscópio óptico. Também é possível fazer o
isolamento do microrganismo e a realização de técnicas bioquímicas e imuno-
histoquímicas para a identi�cação do microrganismo em questão. 
Após a análise no microscópio, é possível concluir que a Candida auris é um
fungo leveduriforme, visto que apresenta formato esférico ou oval, bem similar
a outras leveduras do gênero Candida ou Saccharomyces cerevisiae.
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NÃO PODE FALTAR
FISIOLOGIA MICROBIANA
Ângela Cristina Ito
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PRATICAR PARA APRENDER
Olá, caro aluno! Nesta seção, convidamos você a aprender sobre a �siologia
microbiana e conhecer os macronutrientes e micronutrientes, que, quando
associados aos meios de cultura e soluções, participam do crescimento e
reprodução dos fungos. 
Fonte: Shutterstock.
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Antes de iniciar os trabalhos no laboratório, é extremamente importante conhecer
o objeto a ser estudado, nesse caso, os fungos �lamentosos, leveduras e fungos
dimór�cos.
Ao �nal desta unidade, você estará apto para utilizar, na prática, os conteúdos
abordados nas Seções 1.1, 1.2 e 1.3. Com isso, será possível aprofundar os seus
conhecimentos em Micologia. 
A primeira semana de estágios está sendo �nalizada e, para dar continuidade ao
aprendizado, hoje Ana e Carlos irão acompanhar e ajudar Rosana no preparo de
meios de cultura, soluções e análise de algumas placas de Petri contendo
materiais. 
Antes de seguir as orientações para dar início aos procedimentos, Rosana fez aos
estagiários os seguintes questionamentos:
•  O que é um meio de cultura e para que servem? 
•  O que é preciso saber ao iniciar a preparação de um meio de cultura especí�co
para um determinado tipo de microrganismo?
E você, caro aluno, saberia responder a essas perguntas?
Vamos dar continuidade ao nosso aprendizado? Bons estudos!  
CONCEITO-CHAVE
Caro aluno, nesta seção iremos aprofundar nossos conhecimentos acerca do
desenvolvimento dos microrganismos, especi�camente dos fungos. Você sabe
como esse estudo se torna possível?
A análise cientí�ca dos processos vitais dos microrganismos é denominada
�siologia microbiana.
MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES
Para que possam se desenvolver adequadamente, os microrganismos apresentam
exigências nutricionais e interferência de fatores ambientais.
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Em sua composição, os microrganismos apresentam como elementos químicos
principais o carbono, nitrogênio, hidrogênio, oxigênio, fósforo e enxofre. Esses
elementos, quando combinados, formam os macronutrientes ou macromoléculas
vitais, como os carboidratos, lipídios, proteínas e ácidos nucleicos. Em quantidades
menores, os microrganismos possuem os micronutrientes constituídos pelo sódio,
potássio, iodo, cloro, magnésio, cálcio e alguns elementos-traço.
VOCABULÁRIO
Elementos-traço: são minerais que fazem parte da exigência nutricional
dos microrganismos, mas em quantidades muito pequenas. São
considerados elementos-traço: ferro, cobre, molibdênio e zinco.
Os nutrientes essenciais, como os aminoácidos e ácidos graxos, são necessários à
formação dos organismos, mas não são sintetizados por eles, devendo ser
disponibilizados continuamente para sua sobrevivência. 
De acordo com as fontes de energia utilizadas, os organismos podem ser
classi�cados como fototró�cos, que utilizam a luz como fonte de energia,
convertendo a energia luminosa em energia química a partir de um processo
chamado fotossíntese. Há também aqueles organismos que utilizam substâncias
químicas orgânicas ou inorgânicas como fonte de energia, denominados
quimiotró�cos.
Em relação ao uso do carbono, os organismos são classi�cados em autotró�cos,
quando fazem uso do dióxido de carbono como única fonte de carbono, e
heterotró�cos, que usam como fonte compostos orgânicos diferentes do dióxido
de carbono. É importante ressaltar que animais, seres humanos, fungos e
protozoários são heterotró�cos.ASSIMILE 
Quimio-heterotró�cos: são organismos que fazem uso de substâncias
químicas como fonte de energia e utilizam compostos orgânicos diferentes
do dióxido de carbono como fonte de carbono. Como exemplos de quimio-
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heterotró�cos, podemos citar a maioria das bactérias, todos os animais,
todos os protozoários e todos os fungos.
Tanto os fungos parasitas como os que vivem na matéria morta ou em
decomposição, ou seja, os fungos sapró�tos, são quimio-heterotró�cos.
O metabolismo dos microrganismos se assemelha ao dos animais e envolve todas
as reações químicas que ocorrem no interior das células. Para potencializar e
regular as reações metabólicas, os microrganismos podem fazer uso de enzimas
capazes de acelerar as reações que ocorrem de forma simultânea, havendo
degradação e síntese de compostos. Essas reações metabólicas são classi�cadas
como catabólicas e anabólicas.
As reações catabólicas são a principal fonte de energia das células, pois por meio
delas ocorrem a quebra das ligações químicas e a liberação de energia. Reações
anabólicas envolvem gasto de energia, que é utilizada na síntese de ligações
químicas.
O crescimento microbiano também pode ser afetado por fatores ambientais que
incluem a disponibilidade de nutrientes, umidade, temperatura, pH, pressão
osmótica e composição da atmosfera.
EXEMPLIFICANDO 
Os fungos, assim como os demais organismos, necessitam de água para a
absorção de nutrientes. A água também é importante para que os conídios
ou esporos possam germinar. A temperatura é outro fator importante para
o crescimento fúngico, que varia de zero a 35 ºC. A maioria dos fungos
crescem à temperatura de 20 a 30 ºC, sendo considerados mesó�los. As
espécies termó�las são raras, desenvolvendo-se em temperaturas
superiores a 30-50 ºC.
Muitos fungos são ácidos-tolerantes. O pH ótimo para o crescimento dos
fungos é em torno de 5 a 6.
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Fungos que utilizam o oxigênio em suas reações metabólicas, como na
respiração celular, são considerados aeróbios, mas alguns fungos, como as
leveduras, são anaeróbias facultativas, ou seja, realizam fermentação
alcoólica na ausência de oxigênio. A concentração de gases, como o dióxido
de carbono, é importante, pois pode afetar a diferenciação e o crescimento
de fungos dimór�cos. 
MEIOS DE CULTURA
Para o estudo dos microrganismos e preparação de medicamentos, é preciso que
os microrganismos se desenvolvam em ambiente controlado, como nos
laboratórios. Para isso, foram criados os meios de cultura, que contêm os
nutrientes necessários para o crescimento e isolamento dos microrganismos. 
Os meios de cultura são constituídos, principalmente, por água, fonte de carbono
(glicose), fonte de nitrogênio, minerais (enxofre e fósforo), elementos-traço
(magnésio, potássio, etc.), nutrientes essenciais ou fatores de crescimento
(aminoácidos, etc.).
ATENÇÃO
Independentemente do propósito que o cultivo do microrganismo possa
ter, o meio de cultura sempre deverá suprir as exigências mínimas para
que, em laboratório, ou seja, in vitro, se obtenha um ambiente semelhante
àquele habitado pelo microrganismo na natureza.
Com relação à apresentação, ou seja, ao estado físico, os meios de cultura podem
ser líquidos, semissólidos ou sólidos. Os meios líquidos, também conhecidos como
caldos nutritivos, são apresentados em tubos de ensaio e não possuem ágar em
sua composição. Os meios semissólidos, como o próprio nome sugere,
apresentam uma parte de água e outra de ágar ou de um agente solidi�cante
distinto. Os meios sólidos possuem agentes que se solidi�cam, podendo ser ágar,
gelatinas ou sílica gel, dispostos em placas de Petri. Os meios também podem ser
categorizados como naturais ou complexos, quando formados por substâncias
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químicas não de�nidas, ou sintéticos, os quais são mais utilizados graças à
possibilidade de se conhecer os componentes que suprem as exigências
nutricionais dos microrganismos.
Figura 1.13 | Placas de Petri contendo meio de cultura
Fonte: Shutterstock.
Quanto ao emprego e uso dos meios, eles podem ser classi�cados em meios de
enriquecimento, manutenção, diferencial e seletivo.
Os meios de enriquecimento são aqueles que possuem nutrientes especí�cos, fato
que favorece o desenvolvimento de um microrganismo em relação a outros. Os
meios de manutenção têm por objetivo garantir a viabilidade e disponibilização
dos microrganismos, facilitando a realização de experimentos sempre que
necessário. Quando o intuito é a diferenciação ou distinção das espécies, é possível
fazer uso do meio diferencial, que possibilita aos microrganismos sintetizar
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estruturas ou reações, viabilizando, assim, o diagnóstico. Já o meio seletivo permite
o crescimento de um gênero em especial, mas impede o desenvolvimento de
outros microrganismos. 
De forma geral, o protocolo de preparo de um meio de cultura envolve os
seguintes passos: pesagem dos ingredientes, dissolução dos ingredientes em água
destilada, ajuste do pH, distribuição, esterilização dos meios em autoclave a 121 ºC,
preparo do ágar inclinado em tubos, plaqueamento, identi�cação e
armazenamento.
Vale ressaltar que para o preparo dos meios de cultura os protocolos devem ser
seguidos à risca e, a �m de evitar a contaminação, os meios sempre devem ser
esterilizados e armazenados adequadamente. Os frascos de erlenmeyer, tubos e
placas devem ser acondicionados em locais frescos, com temperatura entre 12 e
15 ºC, longe da luz, não ultrapassando o período de dois meses. 
Figura 1.14 | Plaqueamento de meio de cultura
Fonte: Shutterstock.
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Não existe um meio de cultura que seja especí�co para o crescimento de fungos
de interesse médico. Fungos dimór�cos, bolores e leveduras se desenvolvem tanto
em meios líquidos como em meios sólidos e crescem na superfície e interior
desses meios. Como exemplos de meios de cultura mais utilizados para a
identi�cação e estudos dos fungos, podemos citar: ágar Sabouraud Dextrose, ágar
com infusão de cérebro e coração (BHI, do inglês brain heart infusion), ágar BHI
com sangue, ágar batata-dextrose (PDA, do inglês potato dextrose agar), ágar
Mycosel (também conhecido como ágar micobiótico), ágar dextrose farinha de
milho (CMA, do inglês corn meal agar), ágar extrato de malte (MEA, do inglês malt
extract agar), ágar extrato de arroz (rice extract agar), ágar farinha de aveia (OM, do
inglês oatmeal agar), ágar extrato de levedura peptona glicose (PYGA, do inglês
yeast extract peptone glucose agar). Além desses, também existem meios seletivos
para fungos entomopatogênicos, fungos aquáticos, histoplasmina, entre outros.
É interessante fazer uma ressalva referente aos meios de cultura: para que não
haja o crescimento de bactérias ou outros microrganismos que podem di�cultar o
desenvolvimento dos fungos, é comum a adição de antibióticos ao meio, como
cloranfenicol, estreptomicina, penicilina, etc. 
Figura 1.15 | Colônias de fungos em ágar extrato de malte
Fonte: Shutterstock.
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REPRODUÇÃO FÚNGICA
A reprodução fúngica também se faz importante durante o desenvolvimento dos
fungos, visto que esses organismos se utilizam de diversos mecanismos de
dispersão, como vento, água, insetos. Para isso, precisam se reproduzir para que
ocorra germinação e, consequentemente, seu crescimento e desenvolvimento. A
reprodução fúngica pode ocorrer de forma assexuada e sexuada. Nos dois tipos de
reprodução, diversas estruturas são formadas, como os esporângios ou
conidióforos, que darão origem aos esporos, dependendo da espécie.
De acordo com o tipo de reprodução apresentada em determinada fase do ciclo de
vida, os fungos podem ser classi�cados em holomorfos, anamorfos e teleomorfos.
Fungos holomorfos são aqueles que apresentam os dois tipos de reprodução,
tanto a assexuada como a sexuada. Os fungos anamorfos caracterizam-se porrealizar somente reprodução assexuada, e os fungos que apresentam apenas a
reprodução sexuada são denominados teleomorfos.
DICA
Para mais informações sobre a reprodução fúngica, sugerimos a revisão
das Seções 1.1 e 1.2, nas quais abordamos esses aspectos mais
detalhadamente, considerando os tipos de fungos.
Figura 1.16 | Esquema geral do ciclo reprodutivo dos fungos
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Fonte: Moraes, Paes e Holanda (2009, p. 402).
SOLUÇÕES
REFLITA
Nos estudos dos fungos, a análise macroscópica das colônias que se
desenvolvem nos meios de cultura é superimportante. Por meio do aspecto
morfológico apresentado, é possível distinguir se os microrganismos
analisados são fungos �lamentosos, como os bolores ou fungos
leveduriformes. Mas a análise macroscópica por si só não su�ciente, visto
que, dependendo do aspecto morfológico, o diagnóstico pode não ser
assertivo. Como você distinguiria uma colônia de bactérias de uma colônia
de leveduras? Quais métodos ou técnicas são mais indicados?
Para a identi�cação de fungos, um método muito utilizado na Micologia são as
colorações, que utilizam soluções conhecidas como corantes. A aplicação desse
recurso torna possível a execução de testes de viabilidade, a diferenciação de
estruturas vegetativas e reprodutivas e a análise morfológica de leveduras e
bolores, fazendo uso do microscópio óptico em testes diretos ou histoquímicos.
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As soluções comumente utilizadas para análises microscópicas são: Hidróxido de
Potássio (KOH), Lactofenol de Amann, também conhecido como azul de algodão,
Acridine Orange, Verde Janus B, Reagente de Melzer, Floxina B e Glicerina 10%.
Figura 1.17 | Coloração com lactofenol azul de algodão para caracterização de fungos
Fonte: Shutterstock.
É importante ressaltar que as técnicas micológicas serão abordadas e discutidas
mais adiante, quando estivermos trabalhando os conteúdos da Unidade 2.
Caro aluno, nesta seção tivemos a oportunidade de aprofundar nossos
conhecimentos sobre a �siologia dos microrganismos, especialmente dos fungos.
De posse desses conceitos apreendidos, você poderá aplicá-los, muito em breve,
nas atividades práticas durante o curso e, posteriormente, nas suas atividades
pro�ssionais, dependendo da área em que você atue como biomédico.
Bons estudos!
FAÇA VALER A PENA
Questão 1
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Para que possam se desenvolver, os microrganismos dependem do suprimento de
nutrientes e condições ambientais que podem interferir na �siologia microbiana.
Dentre esses organismos, podemos citar como exemplo os fungos, que necessitam
dos macronutrientes, micronutrientes e nutrientes essenciais.
Considerando o contexto apresentado, assinale a alternativa correta.
a.  Nutrientes essenciais não são produzidos pelos microrganismos e não precisam ser disponibilizados, pois
o crescimento fúngico ocorre com ou sem esses nutrientes.
b.  Nutrientes essenciais não são produzidos pelos microrganismos e devem ser disponibilizados de tempos
em tempos para que o crescimento fúngico aconteça.
c.  Nutrientes essenciais são produzidos esporadicamente pelos microrganismos, devendo ser
disponibilizados de tempos em tempos, não havendo necessidade contínua para que haja crescimento
fúngico. 
d.  Nutrientes essenciais são produzidos por todos os microrganismos, portanto não precisam ser
disponibilizados de forma fragmentada para a ocorrência do crescimento fúngico.
e.  Nutrientes essenciais não são produzidos pelos microrganismos, devendo ser disponibilizados de forma
contínua para que o crescimento fúngico ocorra adequadamente. 
Questão 2
Os meios de cultura foram desenvolvidos para o cultivo de microrganismos em
ambientes controlados, como os laboratórios, proporcionando a realização de
estudos e desenvolvimentos de medicamentos. Para que cumpram sua função, os
meios de cultura devem conter os nutrientes necessários para o crescimento e
isolamento dos microrganismos.
Durante o preparo em laboratório, o meio de cultura deve ser acrescido de: 
a.  Fonte de carbono, fonte de nitrogênio, minerais, elementos-traço e nutrientes essenciais.
b.  Água, fonte de carbono, minerais, elementos-traço e nutrientes essenciais.
c.  Água, fonte de nitrogênio, minerais, elementos-traço e nutrientes essenciais.
d.  Água, fonte de carbono, fonte de nitrogênio, minerais, elementos-traço e nutrientes essenciais.
e.  Água, fonte de carbono, fonte de nitrogênio, minerais e elementos. 
Questão 3
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Detecção e identi�cação de
fungos de importância médica. In: BRASIL. Microbiologia clínica para o controle
de infecção relacionada à assistência à saúde. Módulo 1: Biossegurança e
Manutenção de Equipamentos em Laboratório de Microbiologia Clínica/Agência
Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: Anvisa, 2013. Disponível em:
https://bit.ly/3zOLOjB. Acesso em: 6 fev. 2021. 
FADER, R. C.; ENGELKIRK, P. G.; DUBEN-ENGELKIRK, J. Controle e crescimento dos
micróbios. In: FADER, R. C.; ENGELKIRK, P. G.; DUBEN-ENGELKIRK, J.  Burton
microbiologia para as ciências da saúde. 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Na Micologia, para efetuar a identi�cação de fungos, são utilizados métodos que
permitem a visualização desses microrganismos. Acerca desses métodos, analise
as asserções a seguir e a relação proposta entre elas:
I. Para identi�cação dos fungos, são efetuados procedimentos denominados
colorações, que fazem uso de soluções com pigmentos, também conhecidos como
corantes.
PORQUE
II. Os corantes são responsáveis por proporcionar a execução de testes de
viabilidade, a diferenciação de estruturas vegetativas e reprodutivas dos fungos e a
análise morfológica de bolores e leveduras.
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.
a.  As asserções I e II são verdadeiras, e a asserção II justi�ca a asserção I.
b.  A asserções I e II são verdadeiras, mas a asserção II não justi�ca a asserção I.
c.  A asserção I é uma proposição falsa, e a asserção II é verdadeira.
d.  A asserção I é uma proposição verdadeira, mas a asserção II é falsa.
e.  As asserções I e II são proposições falsas.
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https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/publicacoes/modulo-1-biosseguranca-e-manutencao-de-equipamentos-em-laboratorio-de-microbiologia-clinica
Koogan, 2021, p. 127-137. Disponível em: Link. Acesso em: 8 fev. 2021.
FADER, R. C.; ENGELKIRK, P. G.; DUBEN-ENGELKIRK, J. Fisiologia e genética
microbiana. In: FADER, R. C.; ENGELKIRK, P. G.; DUBEN-ENGELKIRK, J. Burton
microbiologia para as ciências da saúde. 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2021, p. 107-108. Disponível em: https://bit.ly/35IjZvw. Acesso em: 8 fev.
2021.
MEZZARI, A.; FUENTEFRIA, A. M. Soluções e meios de cultura. In: MEZZARI, A.;
FUENTEFRIA, A. M. Micologia no laboratório clínico. Barueri: Manole, 2012, p.
169-180. Disponível em: https://bit.ly/3zJLd2u. Acesso em: 7 fev. 2021.
MORAES, A. M. L.; PAES, R. A.; HOLANDA, V. L. Micologia. In: MOLINARO, E. M.;
CAPUTO, L.; F. G.; AMEDOEIRA, M. R. R. (Orgs.). Conceitos e métodos para a
formação de pro�ssionais em laboratórios da saúde. Rio de Janeiro: EPSJV/IOC,
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TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Crescimento microbiano. In: TORTORA, G.
J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017, p.
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https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527737302/cfi/6/40!/4/6/2@0:0
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527737302/cfi/6/38!/4/38/2@0:0
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520451762/cfi/180!/4/2@100:0.00
http://www.epsjv.fiocruz.br/sites/default/files/cap4.pdf
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582713549/cfi/170!/4/4@0.00:0.00FOCO NO MERCADO DE TRABALHO
FISIOLOGIA MICROBIANA
Ângela Cristina Ito
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SEM MEDO DE ERRAR
Prezado aluno, para que você possa ajudar Ana e o Carlos a responderem o que
são e para que servem os meios de cultura, sugerimos a retomada dos conteúdos
abordados na Seção 1.3.
Pudemos veri�car que os meios de cultura são preparados em laboratórios que
simulam os habitats de origem dos microrganismos, pelo menos em relação aos
nutrientes essenciais para o crescimento dos fungos. Além dos nutrientes, fatores
Fonte: Shutterstock.
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ambientais também interferem no desenvolvimento fúngico, como umidade, pH,
temperatura e concentração de gases, como oxigênio e gás carbônico.
Para o preparo de um meio de cultura, é importante ter conhecimentos sobre a
�siologia microbiana. Também é interessante saber qual tipo de microrganismo é
o objeto da investigação. Trata-se de um fungo ou de uma bactéria? Em seguida, de
acordo com o tipo de amostra que será processada e inoculada, pode-se de�nir o
meio de cultura mais adequado, optando por: um meio de enriquecimento, que
permite o crescimento de um determinado microrganismo junto com outros; um
meio diferencial, que permite a diferenciação de gêneros por meio de estruturas
que se formam durante o crescimento em placa; ou um meio seletivo, que é mais
especí�co, possibilitando que um determinado gênero se desenvolva em
detrimento de outros microrganismos.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
E AGORA, QUAL MEIO DE CULTURA ESCOLHER?
No laboratório de Microbiologia, um jovem que está iniciando os trabalhos como
técnico de laboratório foi designado pelo seu supervisor, o biomédico-responsável
pelo setor de Micologia, para iniciar os procedimentos de análise de uma amostra
recebida. A suspeita clínica é de que o paciente tenha desenvolvido candidose
orofaríngea.
A candidose ou candidíase é uma afecção causada por fungos leveduriformes do
gênero Candida. Se você estivesse no lugar do técnico, qual meio de cultura
escolheria para inocular a amostra?
RESOLUÇÃO
Para resolver essa situação-problema, é importante que você saiba quais são
os meios de cultura existentes e tenha estudado a �siologia fúngica. Os fungos
são quimio-heterotró�cos, ou seja, fazem uso de compostos orgânicos
diferentes do dióxido de carbono como fonte de carbono e também utilizam
sustâncias químicas como fonte de energia, portanto necessitam de nutrientes
especí�cos para o seu desenvolvimento. Além disso, são mesó�los, então, para
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que cresçam em ambiente in vitro, devem �car incubados à temperatura entre
20 a 30 ºC. Para o cultivo de fungos leveduriformes, o meio de cultura a ser
escolhido deve ser um meio seletivo, como o ágar Sabouraud Dextrose, que
permite o crescimento de determinado gênero, mas impede o
desenvolvimento de outros microrganismos. Isso acontece porque o meio
seletivo contém em sua composição agentes antimicrobianos, além dos
nutrientes essenciais.
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NÃO PODE FALTAR
MICOSES POR FUNGOS FILAMENTOSOS
Ângela Cristina Ito
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CONVITE AO ESTUDO
Caro aluno, dando continuidade aos nossos estudos, nesta unidade
aprofundaremos os conhecimentos sobre os fungos, mais especi�camente sobre
os fungos �lamentosos e leveduriformes de interesse clínico.
Tendo como base os aspectos abordados, estaremos aptos a compreender o
comportamento biológico dos fungos �lamentosos e leveduriformes,
reconhecendo suas estruturas e aplicando os conhecimentos na identi�cação e no
diagnóstico desses fungos.
Fonte: Shutterstock.
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Nesta unidade, também vamos analisar uma situação-hipotética que tornará o
estudo mais atrativo e nos aproximará da realidade pro�ssional. 
Você se recorda da Rosana? Na unidade anterior, a biomédica recebeu dois
estagiários que passaram a acompanhá-la em sua rotina laboratorial. A primeira
semana de estágio terminou e, agora, os estagiários Ana e Carlos estão prontos
para, de fato, auxiliar Rosana no setor de Micologia. Para que consigam executar as
técnicas laboratoriais, efetuar a análise dos materiais processados e diagnosticá-
los, também é preciso conhecer as doenças causadas pelos fungos �lamentosos,
dimór�cos e leveduriformes. Como essas doenças se desenvolvem? Quais são os
agentes etiológicos, as manifestações clínicas e os possíveis tratamentos?
Vamos conhecer um pouco mais sobre os fungos de interesse clínico?
PRATICAR PARA APRENDER
Caro aluno, iniciamos, a partir de agora, nossos estudos sobre micoses causadas
por fungos �lamentosos.
As micoses são doenças causadas por fungos que atingem grande parte da
população, desencadeando desde manifestações locais, como lesões cutâneas, até
infecções sistêmicas graves.
Retomando a situação-hipotética descrita no início desta unidade, faremos, agora,
uma análise do contexto que segue.
A rotina do laboratório de Microbiologia é intensa e, na semana que se inicia, o
setor de Micologia recebeu algumas amostras que deverão ser processadas,
analisadas e diagnosticadas. Rosana, então, separou as amostras, entregou uma
para Ana e outra para Carlos, depois disso, orientou-os quanto aos procedimentos
que deveriam ser executados.
Ana e Carlos identi�caram os materiais, protocolando-os, e depois iniciaram o seu
processamento. Em uma das amostras, há suspeita clínica de uma patologia
provocada por fungo �lamentoso hialino e, na outra amostra, a suspeita clínica é
de que seja proveniente de um fungo �lamentoso demácio.
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Se você estivesse no lugar de Ana e Carlos, partindo da análise do material
processado, conseguiria dizer a quais fungos e doenças as amostras pertencem? O
que é preciso saber para se chegar a uma resposta plausível?
Continue conosco rumo ao aprendizado, há muita informação e conhecimento à
sua espera! Bons estudos.
CONCEITO-CHAVE
ASPERGILOSE, HIALOHIFOMICOSE E FEOHIFOMICOSE
Aspergilose é uma hialohifomicose, ou seja, tem como agente etiológico um fungo
�lamentoso hialino, do gênero Aspergillus spp., e se caracteriza por ser invasiva e
sistêmica. A aspergilose pode desencadear inúmeras manifestações clínicas, tais
como intoxicações decorrentes de ingestão de alimentos contaminados, inalação
de conídios que desencadeiam processos pulmonares alérgicos, e colonização de
cavidades preexistentes pelo agente etiológico. As aspergiloses abrangem desde o
tecido cutâneo até os sistemas. 
Indivíduos imunocomprometidos, como pacientes soropositivos, transplantados de
medula óssea, pacientes com disfunções neutrofílicas e citotoxicidade a drogas,
apresentam fatores de risco para a aspergilose. Aspergillus spp. é um fungo
sapró�ta, comumente encontrado no meio ambiente e, dentre as cerca de 200
espécies desse fungo, poucas são patogênicas para os seres humanos, sendo elas
Aspergillus fumigatus, Aspergillus �avus e Aspergillus niger. Vale ressaltar que o
Aspergillus é, frequentemente, isolado no ar hospitalar.
As manifestações clínicas podem ocorrer em diversos órgãos e sistemas,
provocando lesões difusas, pápulas e ulcerações em pacientes
imunocomprometidos. A aspergilose invasiva pode se apresentar assintomática e
pode, também, acometer os pulmões e o sistema nervoso central. É possível que
ocorram outras formas menos comuns, que são graves e podem ser fatais.
O diagnóstico laboratorial apresenta hifas hialinas septadas no tecido acometido.
Se houver crescimento de Aspergillus spp. na cultura, o diagnóstico será
hialohifomicose por Aspergillus spp. ou aspergilose. As formas invasivas e
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sistêmicas podem ser tratadas com anfotericina B lipossomal, �uconazol e
itraconazol. Em pacientes transplantados e internados, pode ser feita a pro�laxia
com �uconazol.
Figura 2.1 | Aspergillus spp. de material obtido em endoscopia pulmonar

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