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Marcello Felipe de Moura Santos – 12011EMC043
Prova Abril / 2022
1 – Defina aço.
O aço é uma liga metálica formada primordialmente por ferro e carbono, sendo este último representado por um percentual de aproximadamente 2,14% em média na maioria das definições da literatura.
2 – Calcule as quantidades das fases e dos constituintes dos aços ABNT 1045 e ABNT 1090 no estado recozido.
· Quantidade de fases do aço ABNT 1045:
· Quantidade dos constituintes do aço ABNT 1045:
· Quantidade de fases do aço ABNT 1090:
· Quantidade dos constituintes do aço ABNT 1090:
3 – Trace esquematicamente diagramas σxε (tensão x deformação) para cinco aços de teores diferentes de carbono utilizando o mesmo sistema de eixos e identifique os aços A, B, C, D e E (%C aço A < %C aço B < %C aço C < %C aço D < %C aço E).
4 – Trace três gráficos que representem a variação de três propriedades em função do teor de carbono. Usar o mesmo sistema de eixos XY. Identifique as propriedades.
5 – Descreva como se faz um tratamento térmico de têmpera. Por que ocorre a alteração da dureza? Trace um gráfico que representa a variação da dureza da martensita em função do teor de carbono.
Este é um processo de tratamento térmico feito com o objetivo de se obter aumento da dureza e resistência mecânica. Possui duas etapas, sendo a 1ª o aquecimento até a temperatura crítica afim de se obter a melhor organização dos cristais metalográficos na fase de austenização que dará a futura dureza. A 2ª é o resfriamento rápido para obtenção da estrutura martensítica, que impede a mudança de fase obtida, ou seja, a saída do carbono.
A variação da dureza é possível pelo fato de que a têmpera é obtida em diferentes temperaturas que dependem da composição do aço e dos objetivos. Cada aço tem uma temperatura de austenização, que é na qual se obtém o máximo de dureza possível, que também está relacionado com o tempo de exposição da peça nesta temperatura.
6 – Qual tratamento térmico se faz para reduzir a dureza de uma peça temperada? Qual propriedade aumenta com esse tratamento?
Para reduzir a dureza de uma peça que passou pelo processo de têmpera, onde ocorre o aumento da dureza e diminuição da tenacidade devido a presença de martensita, usa-se o revenimento. Este proporciona uma combinação ideal de dureza, ductilidade, tenacidade, resistência e estabilidade estrutural. As propriedades resultantes deste tratamento térmico dependem do aço e da temperatura do revenimento. Normalmente, ocorre o aumentando da ductilidade e resistência ao choque, devido ao alívio das tensões internas que surgem com o reaquecimento da peça temperada.
7 – O que é temperabilidade? Quais os fatores que interferem na temperabilidade?
A temperabilidade é a habilidade de uma liga metálica ser endurecida em função do teor de martensita formada devido à realização de determinados tratamentos térmicos, como a têmpera. É também uma medida qualitativa da taxa na qual a dureza cai em função da profundidade em relação ao interior de uma amostra, como resultado da diminuição do teor de martensita. A interferência na temperabilidade está diretamente ligada à fatores que influenciam no deslocamento da curva TTT, como a composição química, o tamanho de grão austenítico e a homogeneidade da austenita.
8 – Analise as tensões geradas numa têmpera em que se obtenha martensita da superfície ao centro e numa têmpera que que se tenha martensita na superfície e perlita no centro. Que tipo de tensões são geradas nos dois casos? Considerando não ocorrer trincas, qual dos dois casos promove maior vida útil em caso de tensões cíclicas em eixos?
No primeiro e segundo caso, verifica-se uma queda de temperatura próxima superfície que é maior que no centro, fazendo com que haja, portanto, maior variação volumétrica na superfície, gerando tensões tração na superfície e compressão no centro nesta 1ª etapa. Na 2ª etapa do 1º caso, ocorre a transformação martensítica na superfície que gera uma expansão volumétrica na mesma e queda de temperatura centro, que provoca contração volumétrica. Nesta situação as tensões geradas são de tração no centro e compressão na superfície. Na 3ª etapa, com a ocorrência da transformação martensítica no centro, percebe-se uma expansão volumétrica nesta área, provocando tensões de tração na superfície e compressão no centro.
Na 2ª etapa do 2º caso, verifica-se a transformação martensítica na superfície e perlítica no centro, que causam expansão volumétrica em ambos, mas que é maior na superfície. Nesta situação, as tensões impostas são de compressão na superfície e tração no centro. Em seguida, na 3ª etapa, com a temperatura superficial já declinada, ao mesmo tempo ocorre a diminuição da temperatura no centro, bem como uma contração volumétrica que impõem maiores tensões de compressão e tração, na superfície e centro, respectivamente.
Desta forma, em caso de tensões cíclicas em eixos, o segundo caso é o mais preferível, já que tensões de tração na superfície aumentariam a probabilidade de geração trincas que poderiam inviabilizar a peça. Além disso, no 1º caso, seria necessário que a tensão de tração na superfície superasse a tensão residual para ter início a nucleação da trinca.
9 – Explique a relação entre a dureza de revenido e a dureza de têmpera.
Durante a realização da têmpera, ocorre a produção de martensita, que proporciona grande resistência mecânica e dureza. Entretanto, estas propriedades são acompanhadas de tensões internas que posteriormente podem ser responsáveis por causar trincas e distorções, que consequentemente, provocam um enfraquecimento. Deste modo, para se obter um alívio destas tensões, é realizado o revenido, que ajuda na obtenção da dureza esperada sem necessariamente provocar alterações nas propriedades adquiridas anteriormente. A martensita revenida contribui com o aumento da ductilidade e tenacidade. Conclui-se que a relação entre essas diferentes durezas é complementar, afim de se obter a melhores propriedades possíveis.
10 – Quais os tipos de recozimento e por que se faz.
Existem quatro tipos de recozimento. No 1º (total ou pleno), o aquecimento da temperatura ocorre em nível superior a zona crítica ao ponto da total austenitização, ou seja, completa dissolução do carbono ou dos elementos de liga no ferro gama, sendo seguido por um resfriamento lento que permita formação dos constituintes normais obtido pelo desligamento do forno e resfriamento gradual da peça em seu interior. O 2º (isotérmico ou cíclico), consiste no aquecimento nas mesmas condições do recozimento total, mas com a diferença de que o resfriamento é rápido até a temperatura que esteja situada na parte superior do diagrama da curva TTT. O material é mantido durante o tempo necessário para ocorrer transformação completa, seguido de resfriamento apressado até a temperatura ambiente. O 3º (alívio de tensões ou subcrítico), consiste no aquecimento a temperaturas abaixo do limite inferior da zona crítica afim de se conseguir alívio das tensões originadas durante a solidificação ou que foram formadas em operações de transformação mecânica a frio. O 4º (esferoidização) consiste no aquecimento e resfriamento seguidos de forma que se produza uma forma esferoidal de carboneto do aço afim de ser obter melhor usinabilidade e facilidade no trabalho a frio.
De forma geral, o tratamento de recozimento é feito com o objetivo de correção, alterando propriedades ou atribuindo novas, para ampliar a utilização, como remover tensões formadas com tratamentos mecânicos a frio ou a quente, diminuir a dureza para melhor usinabilidade, ajuste do tamanho de grão ou eliminação dos efeitos de outros tratamentos térmico ou mecânicos.
11 – Descreva um tratamento de normalização.
A normalização é um tratamento térmico de recozimento que possui como objetivo, o refinamento dos grãos, afim de se obter uma distribuição de tamanhos mais uniforme possível. Neste tratamento, ocorre um processo de aquecimento até acima da temperatura crítica superior. Após a austenitização, é realizando o resfriamento à temperatura ambiente.Também é proporcionado uma homogeneização da composição química do material através de difusão, que elimina segregações e alinhamentos inerentes ao processo de fabricação.
12 – Quais os objetivos do tratamento de tempera superficial? Quais os tipos?
Em determinadas situações é mais conveniente realizar apenas um endurecimento superficial por têmpera, onde é proporcionado uma combinação de diversas propriedades como a própria alta dureza superficial, que fornece resistência ao desgaste e tenacidade do núcleo da peça. Existem dois meios de realizá-la, sendo a 1ª por chama – onde há o aquecimento por uma chama intensa de oxiacetileno na superfície da peça até austenitização à profundidade desejada por um curto tempo para não ocorrer grande propagação de calor por condução e posteriormente, um resfriamento rápido e a 2ª por indução – onde o aquecimento é gerado por indução eletromagnética proporcionada pela diferença de potencial em um indutor que produz um campo magnético concentrado e induz uma corrente na peça.
13 – Quais os objetivos do tratamento termoquímico de cementação?
Os tratamentos termoquímicos por cementação também possuem o objetivo de promover por meio de modificação na composição química da superfície através da difusão e deposição de carbono, a obtenção de alta dureza na superfície e resistência ao desgaste, além da manutenção da tenacidade do núcleo. Pelo fato de ser ocorrer por meio de difusão, o tempo e a temperatura de realização, influenciam diretamente no resultado final.
14 – Quais as diferenças entre os aços de peças submetidas à têmpera superficial dos aços das peças submetidas à cementação?
Basicamente, estes aços diferem-se pelo teor de carbono. Enquanto a têmpera é um processo térmico, faz-se necessário a presença de carbono suficiente para obtenção da dureza desejada. Entretanto, para que isso ocorra, é necessária determinada quantidade de elementos de liga que possuem a finalidade de se aumentar temperabilidade. A cementação é um processo termoquímico realizado com o objetivo de se enriquecer a superfície da peça em carbono para obtenção da dureza nesta área, sendo necessário o uso de aços com baixo teor de carbono, contendo ou não elementos de liga. Este processo consiste na absorção de carbono por meio de difusão.
15 – O que é nitretação? Quais as propriedades obtidas?
A nitretação um tratamento termoquímico que basicamente possui objetivo de se obter as mesmas propriedades alcançadas pela cementação, com a diferença de que é feita mediante a difusão de nitrogênio em fase ferrítica e não necessita de outro tratamento térmico adicional. Proporciona o aumento das resistências à fadiga e à corrosão, melhora a resistência superficial ao calor até temperaturas correspondentes às de nitretação.
16 – Por que se faz a tempera após uma cementação e não se tempera uma peça nitretada?
A cementação é um tratamento termoquímico utilizado com o objetivo de se obter endurecimento superficial, consistindo basicamente no enriquecimento de carbono por difusão pelo meio mais adequado. No entanto, como o núcleo ainda permanece tenaz e a velocidade de resfriamento é menor, o endurecimento é mais dificultoso. Então, para se obter uma dureza elevada e resistência ao desgaste, é realizada a têmpera.Na nitretação, devido ao fato de utilizar temperaturas menores que a crítica em comparação à cementação, não ocorre transformação de fase, assim como alteração no volume, produzindo menores distorções e tendendo a diminuir a probabilidade de causar trincas e empenamentos, então não fazendo se necessário o uso de têmpera para produzir endurecimento na camada nitretada.
17 – Descreva um tratamento de martêmpera.
O tratamento de martêmpera consiste em um tratamento isotérmico onde a interrupção ocorre a partir da temperatura que ocorre austenitização, seguida de um resfriamento de forma a retardar o esfriamento do aço acima da transformação martensítica, para que a temperatura do aço consiga ser equalizada moderadamente por meio do resfriamento. O resfriamento moderado é realizado de forma que permita prevenir a ocorrência de grande diferença de temperatura entre a parte externa e a parte interna. Esta técnica proporciona a diminuição da geração de tensões residuais e a probabilidade de empenamento ou distorção das peças que poderiam ser causados por um rápido resfriamento.
18 – Descreva um tratamento de austêmpera.
O tratamento de austêmpera é um tratamento térmico que se utiliza o processo de têmpera e que é indicado para peças confeccionadas em aço que tenham alto teor de carbono e que possui como função, obter uma maior maleabilidade do aço. Este tratamento influência na dureza e tenacidade do aço. Consiste em inicialmente aquecer a peça a uma temperatura que esteja dentro da faixa austenítica, seguida de um resfriamento num banho mantido a temperatura constante. É realizada a permanência no banho para transformação da austenita em bainita e ao final, um resfriamento geral ao ar.
19 – Compare propriedades de uma peça austemperada com uma peça temperada e revenida até a dureza da peça austemperada e com uma peça martemperada e revenida até a dureza da peça austemperada.
Todos estes processos possuem em comum, o objetivo de se obter a propriedade de maior dureza. Entretanto, apesar desta semelhança, outras propriedades obtidas nestes processos fazem com que se diferenciem. Se submetermos 3 corpos de prova de um mesmo tipo de aço a estes 3 processos, é possível concluir que a Dureza Rockwell C em ambos serão muito semelhantes, havendo pouca variação, devido aos tratamentos envolvidos.
Entretanto, fazendo uma comparação, será possível perceber que a resistência ao choque da peça austemperada será muito maior que a obtida pelo processo de têmpera e revenido. O mesmo vale para a tenacidade, que se faz presente com o processo de austêmpera, mas que ainda é nula após a realização da têmpera e revenido. Isso acontece, justamente pelo fato da obtenção de bainita durante o processo.
Fazendo comparação semelhante entre peças que foram austemperada e martemperada, será verificado que a diferença entre a resistência ao choque diminui, devido à martêmpera possuir tensões reduzidas em comparação com o processo de têmpera, obtendo-se um valor intermediário entre as diferenças mencionadas na 1ª comparação. Em comum com a comparação anterior, está a propriedade de tenacidade, que também é nula na martêmpera.
20 – Defina ferro fundido.
Da mesma forma do aço, o ferro fundido também é uma liga metálica formada primordialmente por ferro e carbono. A diferença se dá na concentração deste segundo elemento, que neste caso possui teor superior à 2,14% e varia até aproximadamente 6,7, proporcionando uma dureza mais elevada ao material em comparação ao aço.
21 – O que é um ferro fundido branco e um ferro fundido cinzento.
O ferro fundido pode ser classificado em dois tipos em função da forma como o carbono é apresentado. No tipo branco, o carbono se apresenta de forma combinada, como cementita que eleva a dureza, e que quando a liga é fraturada, demonstra aspecto esbranquiçado. O oposto ocorre no tipo cinzento, onde o carbono se apresenta na forma de grafita, que conhecidamente possui aspecto escuro e facilmente reconhecido em uma fratura. Além disso, sua dureza é menor quando comparado à do tipo branco.
22 – Explique quais os fatores fundamentais que dá origem aos ferros fundidos brancos e aos ferros fundidos cinzentos.
A composição química e a velocidade de resfriamento são os dois fatores que influenciam na formação do tipo branco ou cinzento. No 1º fator, além da presença ferro e carbono na composição, também pode haver a presença de outros elementos. Como o teor de carbono está em uma concentração aproximada de 3,5% a 5,5%, teores mais baixos fazem com que o ferro fundido tenda para o tipo branco. Com o crescimento do teor de carbono, ocorre uma melhora das condições para que o ferro fundido tenda para o tipo cinzento. Com a presença de silício, há favorecimento da decomposição da cementita, fazendo com que a tendênciado ferro fundido seja para o tipo cinzento. O manganês causa um efeito contrário, estabilizando a cementita e neutralizando o enxofre, formando o sulfeto de manganês que elimina a fragilidade a quente. Também pode haver a presença de enxofre, fosforo, entre outros.
O 2º fator relaciona a velocidade de resfriamento durante a solidificação no interior dos moldes com a espessura das peças moldadas. A velocidade de esfriamento depende de dois fatores, sendo o material usado na confecção do molde e a espessura das peças vazadas. Um resfriamento rápido não permite a decomposição da cementita enquanto um resfriamento lento age de forma contrária, favorecendo a decomposição da cementita.
23 – Cite propriedades e aplicações dos ferros fundidos brancos.	
Como o teor de carbono do ferro fundido branco se encontra predominantemente em forma de cementita, faz com que consequentemente apresente maior dureza e resistência ao desgaste. Em contrapartida, impõem maior facilidade de quebra e dificuldade no processo de usinagem por meios tradicionais. Estruturalmente, como os veios da grafita atuam como espaços vazios, faz com que haja redução da resistência mecânica. Por essas características, suas aplicações são limitadas em alguns aspectos, sendo mais comum seu uso em confecção de cilindros de laminação, matrizes de estampagem, revestimentos e bolas de moinho e carcaças, rotores e peças de bombas de minério.
24 – Cite propriedades e aplicações dos ferros fundidos cinzentos.
Como o ferro fundido cinzento possui grande quantidade de grafita em sua composição em virtude do processo de produção, faz com que a sua dureza seja menor, além de produzir um bom efeito de amortecimento de ondas mecânicas e propagação de vibrações, facilitar o processo de fusão e moldagem, garantir resistência mecânica e fácil usinabilidade e resistência ao desgaste. Normalmente, este tipo é recomendando para confecção de buchas, polias, anéis, blocos e cabeçotes de motores, mesas e estruturas para máquinas-ferramentas, contrapesos, flanges, mancais acoplamentos, roldanas, etc.
25 – Qual o critério para classificar os ferros fundidos cinzentos? Qual o porquê do critério? Explicar.
O critério usado é a resistência à tração. O ferro fundido cinzento é produzido quando ocorre a grafitização, onde a grafita formada é oriunda da decomposição da cementita. Devido o processo de grafitização não há correlação entre a composição química e as propriedades mecânicas. Neste caso, a quantidade, o tamanho, a forma e a distribuição da grafita influenciam diretamente nas propriedades deste tipo de ferro. A combinação entre composição química e velocidade de resfriamento causam maior ou menor grafitização, sendo que para uma mesma composição química, diferentes graus de grafitização podem ser obtidos em virtude das diferentes propriedades que podem surgir com a variação destas.
26 – O que são ferros fundidos maleáveis? Quais os processos de maleabilização e por que se faz?
Ferros fundidos maleáveis são ferros fundidos desenvolvidos a partir do ferro fundido branco que é submetido ao tratamento de maleabilização de forma com que a liga metálica adquira ductilidade e maior tenacidade, propriedades que não são apresentadas nos ferros fundidos comuns. Este processo tem por objetivo, a transformação de parte ou todo carbono combinado em grafita ou a eliminação de ao menos uma parte. Ela pode ser feita por dois métodos.
A grafitização, onde inicialmente ocorre a grafitização da cementita livre. Posteriormente, se inicia a grafitização da cementita que sai da austenita e em seguida é feita a grafitização da cementita da perlita. Durante este processo, o ocorre a transformação da matriz em ferrita, obtendo-se maior ductilidade ou maleabilidade. Já a que é feita por descarbonetação, acima da zona crítica ocorre uma descarbonetação intensa. Posteriormente, há a continuação da descarbonetação e em peças espessas, também ocorre a decomposição da cementita originada a partir da austenita, formando grafita. Em seguida há a formação de perlita caso ainda tenha a presença de carbono combinado.
27 – O que são ferros fundidos nodulares? Como são obtidos? Quais os tipos?
Este tipo de ferro é caracterizado por suas propriedades dúctil, tenaz e de resistência mecânica, resultados da apresentação da grafita em forma esferoidal e que não interrompe a continuidade da matriz. Seu limite de escoamento é mais elevado que do ferro fundido cinzento, maleável ou dos aços comuns de baixo carbono. Estes são obtidos por meio da combinação entre ferro fundido cinzento líquido e ligas nodularizantes, onde os nodularizantes mais comuns são o magnésio e o cério, que são colocados no fundo do recipiente de vazamento, que logo recebe rapidamente o derramamento do metal fundido sobre a liga. Outro método seria usar o magnésio sem liga, colocando-o no fundo do recipiente de fundição e vazando o ferro fundido cinzento no estado líquido sobre o mesmo.
Em ambas as formas, há a ocorrência de uma violenta reação química e fervura, que vaporiza o magnésio e atravessa o ferro líquido, carregando o enxofre. Após o processo de fervura, o metal é vazado na forma e o magnésio age como inibidor de curta duração da grafitização, que retarda a formação da grafita enquanto a temperatura vai caindo, ocorrendo inicialmente a formação da cementita e quando a grafitização se inicia, ocorre com a mesma velocidade em todas as direções, dando origem a grafita esferoidal. Há três tipos de ferros fundidos nodulares: matriz perlítica mais nódulos de grafita; matriz ferrítico-perlítica mais nódulos de grafita e matriz ferrítica mais nódulos de grafita.
28 – Como se faz para obter o teor de carbono de aços-carbono sem a utilização de análise química?
Uma forma de se obter o teor de carbono de aços-carbono sem utilizar um processo de análise química é por meio do teste de faísca. Neste teste, uma ferramenta de desbaste, como uma esmerilhadeira, é colocada em contato com a superfície do material, gerando faíscas, que possuem cor, luminosidade e aspecto variado em função do teor de carbono. Com estas características, é possível fazer uma comparação com imagens da literatura. Outra forma de obter o teor de carbono, é por meio do processo de micrografia, onde a área da perlita é comparada com a área total da imagem da superfície analisa. Este processo, é normalmente aplicado para aços hipoeutetóides recozidos.
29 – Desenhe um gráfico com a variação da dureza em função do grau de deformação de um certo material. Ilustre com as modificações na morfologia dos grãos.
	
1 – Estrutura original
	
2 – Transição
	
3 – Estrutura encruada
30 – Desenhe um gráfico com a variação da dureza em função de temperaturas de aquecimento, de um material com um certo grau de deformação. Ilustre com as modificações correlatas da microestrutura.
	
1 – Encruamento e recuperação
	
2 – Recristalização inicial
	
3 – Maior recristalização
	
4 – Recristalização completa
	
5 – Início de crescimento de grão
	
6 – Término de crescimento de grão
31 – O que é trabalho mecânico a frio e trabalho mecânico a quente?
O trabalho a frio é aquele onde um metal dúctil se torna mais duro e resistente à medida que ocorre deformação plástica (encruamento) em temperaturas abaixo da temperatura de recristalização. Neste processo, a recuperação não é considerável, mas as tensões internas e residuais aumentam durante o processo, podendo ocorrer a propagação e ou formação de rachaduras ou poros. Este trabalho faz com que os defeitos permanentes presentes na estrutura do metal mudem de forma e ou composição cristalina, que causam a redução do movimento dos cristais dentro do metal, tornando o metal mais resistente a novas deformações.
O trabalho a quente é o oposto, onde a deformação plástica ocorre acima da temperatura de recristalização do metal, mas ainda abaixo do ponto de fusão, onde os grãos deformados são substituídos por grãos sem defeitos no metal, permitindo a recristalização enquanto ocorre deformação. Neste processo, a deformação e a recuperação ocorremao mesmo tempo. Também, as tensões internas ou residuais não são incorporadas, permitindo a obtenção de um produto com bom acabamento, livres de rachaduras e buracos, além da redução e ou eliminação de poros. Este trabalho ajuda no aumento da ductilidade e na redução da resistência ao escoamento.
32 – O que é recristalização dinâmica?
A recristalização dinâmica é definida como um processo de restauração microestrutural de ligas metálicas, onde há nucleação e crescimento de novos grãos com o processo de deformação a quente. Com a elevação da temperatura, a difusão fica mais intensa, fazendo com que os átomos se tornem maior mobilidade, se juntando e reduzindo a energia acumulada durante a deformação, fazendo com que haja nucleação de novos grãos isentos de deformação. Estes possuem resistência mecânica aumentada gradualmente. Para realização deste processo, há a necessidade de certas condições para o processo de conformação em termos de temperatura, grau e velocidade de deformação.
33 – Por que alguns materiais não encruam quando trabalhados na temperatura ambiente e outros encruam?
O encruamento de um material dúctil ocorre à medida que o mesmo é deformado plasticamente. É sabido que a maioria dos materiais encruam à temperatura ambiente. Entretanto, há alguns que não se enquadram nessa característica e que não encruam quando submetidos a deformação à temperatura ambiente. Isto acontece pelo fato de a temperatura de recristalização estar abaixo da temperatura de fusão e quando é feito a deformação à frio, estes se recristalizam formando uma estrutura não encruada.
34 – É possível controlar o tamanho de grão utilizando deformação e recristalização? Explicar.
Sim, já que o índice de deformação é influenciado diretamente pelo tempo de início do processo recristalização. Como a força de impulso inicial utilizada para iniciar a recristalização é a energia armazenada causada pela deformação, esta influencia diretamente na temperatura de recristalização, ou seja, quanto maior for deformação, maior é o número de discordâncias, sendo menor a temperatura de recristalização necessária, exigindo assim, maior tempo para este processo. Quanto maior a deformação, menor é o tamanho de grão formado, devido à necessidade maior de número de núcleos que darão origem ao crescimento de novos grãos. Temos uma combinação entre deformação, temperatura e tempo do tratamento térmico influenciam no número de núcleos.
Dureza Vickers vs Teor de Carbono
0	0.2	0.4	0.6	0.8	1	0	500	760	880	950	1000	Teor de Carbono (%)
Dureza Vickers (HV)
Dureza vs Grau de Encruamento
0	12	28	38	42	53	63.6	66	80.5	98	113.1	121.9	→ Grau de Encruamento (%) →
→ Dureza (HV) →
Dureza vs Temperatura
0	200	300	400	500	600	800	121.9	118	114.	4	50	45.8	40.799999999999997	40.200000000000003	→ Temperatura (º C) →
→ Dureza (HV) →

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