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Unidade de Estudos 1 - Introdução ao conceito de arte


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Introdução ao conceito de arte
APRESENTAÇÃO
A história da arte nos fornece instrumentos para compreender a produção artística desde que o h
omem habita o mundo. Na sua luta para a sobrevivência, a humanidade criou utensílios, ferrame
ntas e demais artefatos que tinham uma finalidade prática: auxiliar o trabalho humano e dominar 
a natureza. O homem também produziu uma série de objetos destituídos de qualquer função obj
etiva, prática. Essas criações, no entanto, têm – ao longo de toda a história – uma importante fun
ção simbólica. São as denominadas obras de arte, que conectam o ser humano com seu mundo e 
com seu tempo.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá os conceitos de arte à luz da literatura da histó
ria da arte. As relações culturais estabelecidas entre a arte e os indivíduos são abordadas nesse c
onteúdo, no sentido de possibilitar leituras que contemplem a diversidade da produção artística e 
de contribuir para sua fruição.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Descrever a construção do conceito de arte.•
Reconhecer as diferenças entre belas artes e artes aplicadas.•
Definir a constituição da história da arte como área do saber.•
DESAFIO
São diversas as formas de manifestação artística, elas estão presentes em todas as culturas, semp
re conectadas com a visão de mundo de um determinado grupo e sob determinada perspectiva. 
Dito isso, existem diversas expressões artísticas, cujas distinções devem ser identificadas e aprec
iadas de acordo com suas especificidades. Frequentemente, ao visitar mostras e exposições de ar
te nas quais um número variado de objetos é apresentado, desde pinturas e esculturas até joias, 
móveis, etc., essas peças são entendidas como arte, já que estão expostas em galerias e museus. 
Porém, há algumas distinções entre as denominadas belas artes e artes aplicadas.
Imagine que você está em um museu e vê a seguinte peça:
Identifique a qual das duas manifestações a peça pertence: a) belas artes ou b) artes aplicadas. Ju
stifique a alternativa escolhida a partir da principal distinção entre elas.
INFOGRÁFICO
O homem sempre se expressou através das suas criações, linguagens e produções. Dentre esse c
onjunto de atitudes humanas, a arte é a que possivelmente consegue revelar com mais clareza as 
relações entre o ser humano e o mundo que o cerca.
Neste Infográfico, você verá a construção de alguns conceitos de arte consolidados pela bibliogr
afia de referência, entendendo a obra de arte como circunscrita nos estudos da história da arte.
CONTEÚDO DO LIVRO
Designar o que é ou não arte não é uma tarefa simples. Para isso, é preciso apoiar-se em conheci
mentos advindos da crítica, da teoria e das instâncias legitimadoras para compreender algumas 
manifestações artísticas e nos conectarmos a elas. A história da arte contribui significativamente 
com a elucidação dos conceitos de arte e auxilia a distinguir aquilo que pode ser denominado art
e ou não.
O capítulo Introdução ao conceito de arte, da obra História da arte, traz à luz algumas important
es contribuições a respeito da conceituação de arte, com objetivo de aprofundar seus conhecime
ntos e instrumentalizá-lo à leitura de obras muitas vezes complexas. O texto aborda a distinção e
ntre as belas artes e as artes aplicadas e as exemplifica, oportunizando melhor compreensão da q
uestão da "finalidade" da arte. A história da arte como campo do saber é evidenciada no capítul
o, apresentando os elementos constitutivos da arte, que vão além da matéria e do meio no qual el
a é produzida, centrando-se nos seus elementos culturais. 
Boa leitura.
HISTÓRIA DA ARTE 
Dulce América de Souza 
Introdução ao 
conceito de arte
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Descrever a construção do conceito de arte.
  Reconhecer as diferenças entre belas artes e artes aplicadas.
  Definir a constituição da história da arte enquanto área do saber.
Introdução
Ao longo de toda a história, o homem produziu artefatos que auxiliaram 
em seu trabalho e o ajudaram a vencer as limitações físicas apresentadas 
pela natureza. Para dominar e aperfeiçoar o meio natural, o ser humano 
produziu um número imenso de utensílios, ferramentas e artefatos. Estu-
dar essa produção torna possível a compreensão do processo civilizatório 
ocorrido desde que o homem habitou a Terra. O ser humano também 
produziu coisas que, embora não possuam uma utilidade imediata, sem-
pre estiveram presentes em sua vida e revelam a história da humanidade. 
Esta produção — que permite que tenhamos conhecimento da visão do 
ser humano frente ao mundo que o cerca: seu momento histórico, seus 
desejos e a expressão de seus sentimentos — se refere às denominadas 
“obras de arte”.
Neste capítulo, você estudará a construção do conceito de arte, de-
lineando as implicações culturais que o envolvem. A história da arte se 
desenvolve nos limites daquilo que os autores consideram “conceito 
restrito” de arte, pois contempla a produção realizada por artistas e le-
gitimada por instituições, teoria e crítica. As definições de belas artes e 
artes aplicadas contribuem para a compreensão do fenômeno artístico e 
sua conceituação, à luz de algumas bibliografias referenciais. Assim, você 
compreenderá a relevância da história da arte para entender os fenôme-
nos que sustentam a diversidade da produção artística, com apoio dos 
conhecimentos advindos da estética, da crítica de arte e da museologia. 
Construção do conceito de arte
Se buscarmos uma resposta objetiva e defi nitiva para o conceito de arte, nos 
frustraremos, pois as defi nições podem ser divergentes e até contraditórias. 
Inúmeros tratados de estética debruçaram-se sobre esse problema, buscando 
situá-lo, com o intuito de defi nir o conceito. Ainda que sem defi nir claramente 
o conceito de arte, identifi camos algumas produções da cultura na qual estamos 
inseridos como “arte”. O emprego do termo “cultura” é utilizado como um 
conjunto dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições e dos 
demais valores espirituais e materiais transmitidos coletivamente, caracterís-
ticos de uma sociedade (COLI, 2002).
Há um consenso sobre o nosso comportamento em relação à ideia de arte, 
pois nossa atitude diante dela é de admiração. 
É possível dizer, então, que arte são certas manifestações da atividade hu-
mana diante das quais nosso sentimento é admirativo, isto é: nossa cultura 
possui uma noção que denomina solidamente algumas de suas atividades e 
as privilegia (COLI, 2002, p. 8). 
No entanto, nossa tranquilidade se desfaz quando nos deparamos com 
objetos artísticos que não se conformam exclusivamente à apreciação admira-
tiva. Percebemos que, à noção sólida e privilegiada, o conceito de arte agrega 
também limites imprecisos.
Exemplificamos a pluralidade do conceito de arte com dois ícones da arte 
ocidental, ilustrados pela Figura 1. Não há dúvidas que a escultura Davi, de 
Michelangelo, é uma obra de arte. Entretanto, quando nos deparamos com um 
mictório de louça — absolutamente idêntico a todos os mictórios masculinos 
do mundo inteiro — conservado no acervo de um consagrado museu, assinado 
por R. Mutt e datado de 1971, nos sentimos automaticamente incomodados 
em atribuir a esse objeto o mesmo status conferido a Davi, uma vez que esse 
mictório não corresponde exatamente à ideia que temos de “arte”. Trata-se 
da Fonte (1917), obra de Marcel Duchamp, um importante artista do século 
XX, e sim, é arte. Investigando a construção do conceito ocidental de arte, 
conseguiremos compreender o fenômeno representado pela Fonte e o status 
de arte a ela concedido.
Introdução ao conceito de arte2
Figura 1. Pluralidade da arte: Davi e Fonte.
Fonte: a) Gurb101088/Shutterstock.com; b) Fontaine-Duchamp (2008).
Os aspectos em comum de produções tão distintas — como uma pintura 
renascentista, uma catedral gótica ou um poema de Homero, porexemplo — 
adquirem um conceito geral de arte no mundo Ocidental a partir do século 
XVIII. É incontestável que, antes disso, a palavra “arte” já era utilizada para 
designar habilidades especiais de algumas realizações: pintura, escultura, 
música, teatro, etc (EAGLETON, 2005). Esse conceito geral de arte está 
associado à noção do “belo” no Ocidente, decorrente dos conhecimentos da 
estética, um ramo da filosofia.
Para Deleuse e Guattari (2010, p. 10): “A filosofia é a arte de formar, 
de inventar, de construir conceitos”. Os conceitos têm a necessidade de ter 
personagens conceituais que contribuam para a sua definição — os perso-
nagens ou os “objetos” da filosofia são, em grande parte, a arte, o artista e a 
criação artística, seja esta de qualquer categoria: música, teatro, artes plásticas, 
literatura. Sob esse aspecto, a filosofia da arte pode ser entendida como um 
ramo da estética, uma vez que a atividade artística promove a emergência do 
belo. A estética tem como objeto todas as poéticas, sejam elas de uma arte 
compromissada ou não, realista ou idealista, naturalista ou lírica, figurativa 
ou abstrata, douta ou popular.
3Introdução ao conceito de arte
A função da arte modificou-se ao longo da história humana desde a sua 
origem. O homem adequou à arte as mudanças ocorridas na sociedade, nos seus 
costumes, na sua religiosidade, na sua forma de fazer política, de conceber a 
ética. Na busca humana de fazer de seu espaço algo significativo, a arte sempre 
teve, desde o início da humanidade, um papel essencial na compreensão do 
universo, na relação dialética com a realidade, com os fenômenos e com a 
sua imaginação lúdica. O homem sempre teve necessidade da arte, visto que 
ela está extremamente ligada à sua humanidade. A arte está completamente 
impregnada do universo humano (FISCHER, 2002).
Durante muito tempo, a validade da arte estava centrada na sua função na 
sociedade, ou seja, a obra de arte só tinha validade mediante a função que ela 
desempenhava dentro da sociedade. A arte emerge da vida e, por isso, vem 
carregada de funcionalidade, porém esta não afeta em nada sua suficiência, 
ou seja, sua autonomia. Fischer (2002) defende que a arte quer ser contem-
plada por leis que lhe são próprias, sem abdicar da totalidade dos seus valores 
espirituais, sociais e éticos, de forma que toda a plenitude de significado e 
de funções que a obra irradia advém, na verdade, da sua própria realidade 
de arte. Assim, a obra não adquire validade pela função, e sim possui uma 
função justamente por ser suficiente. 
Quando enfocamos, por exemplo, a arte clássica, observamos que ela era 
uma produção de arte que não era entendida em primeiro plano como arte, 
“[...] mas como formas que se encontravam no meio religioso ou também no 
mundano, como decoração do próprio mundo em seus atos de destaque: o 
culto, a representação dos soberanos e outros” (GADAMER, 1985, p. 27). 
O responsável pela independência do fato estético, frente à finalidade 
utilitária da arte, foi o filósofo alemão Immanuel Kant (séc. XVIII), que o fez 
a partir de sua expressão agradar desinteressado, ou seja, a arte deveria ter 
validade e, entretanto, não ser incluída em objetivos puramente finalistas. As-
sim, a arte tem validade e funcionalidade dentro da sociedade porque ela é um 
produto humano, gerado da vida, que emerge da vida, trazendo em si todos os 
âmbitos da vida humana, podendo, portanto, ser significativa a cada um deles. 
Gadamer (1985, p. 28) assim define o termo agradar desinteressado de Kant: 
“Sem qualquer fim objetivo, sem qualquer expectativa de utilitarismo, o belo 
preenche-se numa espécie de auto definição e respira na auto representação”.
Circundando a definição do conceito de arte, nos deparamos com a ne-
cessidade de fornecer uma resposta objetiva e clara para a pergunta: “O que 
é arte?”. Embora não haja uma definição exata, objetiva e cientificamente 
comprovada, o termo “arte” remete a dois conceitos básicos, segundo Ferreira 
(2014, documento on-line): 
Introdução ao conceito de arte4
[...] um mais restrito, pois trata da arte como ‘obra de arte’, circunscrita na 
história da arte, feita por artistas e na maioria das vezes localizada em insti-
tuições artísticas; o outro é mais amplo, pois concebe a arte como o conjunto 
de atos criadores ou inovadores presentes em qualquer cultura humana. 
O conceito mais restrito surge em um contexto histórico-cultural delimitado 
espacial e temporalmente, e é a partir dele que a história da arte se desenvolve, 
uma vez que é balizada pelo contexto teórico e institucional legitimador, como, 
por exemplo, museus, teatros e galerias de arte.
Ao conceito amplo, podemos associar a noção de “arte” como um adjetivo: 
a arte da gastronomia, a arte da perfumaria, a arte da joalheria, por exemplo. 
Muito mais do que um conceito, trata-se de uma concepção cotidiana que 
se refere a contextos eruditos ou populares que não pertencem ao “mudo da 
arte” (FERREIRA, 2014).
Há algumas possibilidades específicas do objeto artístico que permitem 
classificar o conceito de arte. As chamadas definições estéticas destacam 
como condição necessária a intenção de provocar experiências estéticas; as 
definições institucionalistas se referem ao caráter condicional da legitimação 
da obra pelas instâncias da teoria e da crítica da arte, cumprindo certas regras 
e procedimentos; e as definições históricas identificam a relação das produ-
ções artísticas com uma determinada tradição histórica (ALMEIDA, 2014). 
Arthur Danto (1924–2013), filósofo e crítico de arte norte-americano, é um 
importante interlocutor sobre o conceito restrito de arte, e sua teoria se funda 
na construção de uma definição de arte histórica e socialmente relacionada 
com o mundo da arte. Danto (2010) não afirma que algo pode ser considerado 
arte apenas pela afirmação do artista e pela legitimação por parte dos críticos 
e curadores. O autor pressupõe que objetos ou eventos podem ser reconhecidas 
como obras de arte por conter determinadas características que as coisas banais 
não possuem. Em seus estudos, investiga quais são essas características e 
como é possível fundamentar uma teoria que abranja todas as obras de arte, 
de modo a diferenciá-las dos objetos comuns.
Corroborando com a teoria de Danto (2006), Mammi (2012) reconhece que 
o conceito moderno de arte surge no Renascimento, porém seu significado 
(da arte) tem a ver com algo atemporal e inesgotável. O autor concorda com a 
perspectiva dantiana (relativa ao pensamento de Danto) de que tudo pode, em 
um primeiro momento, ser arte. Não porque é legitimado pelo mundo da arte, 
mas sim quando passa a desempenhar um papel fundamental na totalidade 
da cultura: a possibilidade de gerar novas experiências significativas. Temos, 
então, a visão atemporal e eminentemente significativa, ou produtora de 
significados da arte, na qual o que conta é a atualização do que ela é a cada 
5Introdução ao conceito de arte
momento, mesmo provindo de um passado distante. É a sua capacidade de 
inaugurar novos campos de experiência. Seu significado pertence ao agora. 
Conforme defende Mammi (2012, p. 9): 
Talvez seja próprio da obra de arte não pertencer a nenhum tempo específico 
– ou talvez a todos, mas sempre como se proviesse de outro tempo, passado 
ou futuro. Quem sabe um dia outra civilização, ou uma outra fase desta, 
desvelará a valência artística de uma luta de Ali, ou de um número de dança 
de Astaire. Uma obra de arte é um objeto que sobrevive à vida e à intenção 
que a gerou, e a todos os discursos produzidos sobre ela. Nesse sentido, “o 
que resta” é, simplesmente, sinônimo de “arte”. 
A partir das vanguardas artísticas do século XX, a construção dos concei-
tos de arte se tornou complexa, volátil e subjetiva, inviabilizando definições 
abrangentes o suficiente para dar conta de abarcar todas as experiências ou 
linguagens da arte. A crítica e a teoria da arte estabeleceram parâmetros ex-
ternos (não mais relacionados apenas com a virtuosidadeou o domínio técnico 
do artista, ou do conteúdo da obra) que pudessem definir o fato artístico, como: 
o discurso que sustenta a obra, a consagração institucional e a resposta dos 
especialistas e do público, por exemplo (ECO, 2004).
Uma possibilidade para contornar o dilema pode ser ancorada nos racio-
cínios de Wittgenstein (2000), que alega que compreender o conceito de arte 
não é, necessariamente, ser capaz de defini-lo teoricamente. O importante é 
saber usá-lo para reconhecer e elucidar obras de arte e para distinguir, diante 
de novas experiências artísticas, aquilo que pode ser denominado arte ou 
não. O autor sugere que essa definição se baseia na reflexão sobre a rede de 
similitudes compartilhadas que identificam o pertencimento a uma mesma 
família, que é a arte.
Belas artes e artes aplicadas
Em estreita relação com a cultura popular, as artes aplicadas (em alguns 
autores encontraremos o termo artes decorativas) estiveram presentes em 
todos os períodos históricos, em alguns momentos, inclusive, com status 
semelhante às demais categorias de arte. Podemos exemplifi car com o caso 
da cerâmica grega ou da laca chinesa (Figura 2). Nesse caso, estamos falando 
de culturas milenares que produziam seus utensílios do cotidiano artesanal 
e artisticamente, perpetuando tradições dos seus antepassados, ou mesmo 
inovando na utilização de materiais, técnicas e iconografi a. 
Introdução ao conceito de arte6
Figura 2. Laca chinesa da Dinastia Ming (séc. XVI) e ânfora grega (500–450 a.C.).
Fonte: a) [Perlmuttlack], (2008); b) Kamira/Shutterstock.com.
As artes aplicadas se referem a modalidades de produção artística orientadas 
para a vida cotidiana por meio da criação de objetos (peças, utensílios) úteis 
ao homem. O termo artes aplicadas se refere a alguns setores da arquitetura, 
do design, das artes gráficas, do mobiliário, entre outros, e traz oposição em 
relação às belas artes. A instituição das academias de arte, cujos primeiros 
registros datam do século XVI, foram decisivas para a mudança de status do 
artista. A substituição da autoria — por meio figura do artista criador — pelo 
trabalho realizado pelos artesãos de guildas e corporações medievais fez 
surgir a ideia do artista como um estudioso teórico e intelectual. Recebendo 
formação especializada nas academias, o artista se afasta do mero “fazer 
técnico” e passa a representar as belas artes. Esse processo pode ser perso-
nificado por Michelangelo Buonarroti (1475–1564) (ARTES APLICADAS, 
2017; GOMBRICH, 1999).
O termo belas artes passa a ser o sinônimo de arte acadêmica, esta-
belecendo a distinção entre arte e artesanato, artistas e mestres de ofício 
(ou artesãos). Ao longo da história da arte, é possível verificar períodos ou 
movimentos em que ocorrem afastamentos e aproximações entre as belas 
artes e as artes aplicadas. Curiosamente, na arte moderna, podemos presenciar 
os dois fenômenos simultaneamente: no primeiro deles, temos a figura do 
artista como o principal crítico à industrialização em curso — que lançava 
o artesanato numa crise inédita na história —, posicionando-se como um 
intelectual arredio à produção industrial. Paralelamente, temos o surgimento 
de movimentos que se apropriam da mesma produção industrial (p. ex., 
Deutscher Werkbund e Bauhaus), defendendo a ruptura da distinção entre 
artista e artesão (ARGAN, 1998).
7Introdução ao conceito de arte
A definição de belas artes foi incorporada ao vocabulário da crítica e da 
história da arte no século XVIII, para denominar as tradições e regras aca-
dêmicas europeias, instituídas pela obra Les Beaux-Arts Réduits à un Même 
Principe (As belas-artes reduzidas a um mesmo princípio), publicada em 
1746, de autoria de Charles Batteaux (1713–1780). Logo, essas regras foram 
normatizadas e detalhadas pela École des Beaux Arts (Escola de Belas Artes) 
de Paris (BEAUX-ARTS, 2017). O conceito original de beaux arts (belas artes) 
foi aplicado às consideradas “artes superiores”, de caráter não utilitário, 
opostas às artes aplicadas e decorativas. 
Segundo Werle (2009), na obra de Batteaux, a “imitação da beleza natural” 
é considerada o princípio comum e definidor de poesia, pintura, música e 
dança, consideradas pelo autor como belas artes. Essas categorias merecem a 
distinção daquelas que combinam beleza e utilidade, como a arquitetura, por 
exemplo, que, posteriormente, foi incluída entre as belas artes na enciclopédia 
de Diderot (1751–1752). Segundo Werle (2009, p. 168), “[...] reduzir as artes a 
um mesmo princípio implica simplificar as regras, tendendo-se à conveniência 
do mais fácil ou do mais simples, uma vez que o modelo a ser imitado por 
todas as artes é sempre o mesmo, ou seja, a natureza, em si, bela, boa e útil”. 
Gombrich (1999) destaca que, embora a noção de beaux-arts remeta ao 
século XVIII, já havia distinção entre “artes maiores” e “artes menores” na 
Antiguidade Clássica, que separava as artes liberais, aquelas relacionadas 
às atividades mentais, das “artes mecânicas”, que se referiam aos trabalhos 
práticos e manuais. Também os gregos caracterizaram separações entre as 
“artes superiores”, que são associadas aos sentidos considerados superiores, 
como a visão e a audição, das “artes menores”, geralmente associadas aos 
ofícios e ao artesanato.
No Renascimento, o pintor, arquiteto e teórico da arte Giorgio Vasari 
estabeleceu distinções relacionadas às capacidades intelectuais específicas 
dos artistas, sendo a atividade eminentemente artística definida como fruto 
do trabalho reflexivo individual, que confere superioridade ao seu criador. A 
essa definição liga-se o estabelecimento das “grandes artes”, todas aquelas 
baseadas no disegno: pintura, escultura e arquitetura. As outras artes são, 
então, consideradas inferiores, associadas ao artesanato (GOMBRICH, 1999).
Quando houve a distinção das artes maiores ou menores (séc. XVIII) a 
partir de suas finalidades, designou-se que as artes aplicadas têm como fim 
aquilo que é útil ao homem e às belas artes, sendo aquelas cuja finalidade é 
o belo. “Com a ideia de beleza surgem as sete artes ou as belas-artes, modo 
pelo qual nos acostumamos a entender a arte” (CHAUI, 2000, p. 406). O 
Introdução ao conceito de arte8
Manifesto das Sete Artes foi publicado em 1923, escrito pelo pesquisador 
italiano Ricciotto Canudo, onde foi mencionado, pela primeira vez, o termo 
“sétima arte” para se referir ao cinema. 
Para Canudo, a obra cinematográfica era constituída por elementos das outras 
expressões, como o som, da música; o movimento, da dança; a cor, da pintura; 
o volume, da escultura; o cenário, da arquitetura; a representação, do teatro; 
a palavra, da poesia. Enfim, uma síntese de outras artes; uma arte híbrida 
(COVALESKI, 2012, p. 93).
Atualmente, as sete artes são as seguintes:
1. Música (som).
2. Artes cênicas (Teatro/Dança/Coreografia — movimento).
3. Pintura (cor).
4. Escultura (volume).
5. Arquitetura (espaço).
6. Literatura (palavra).
7. Cinema (audiovisual — contém artes anteriores, como a música para 
trilha sonora, artes cênicas para dublagem, captura de movimentos, 
pintura, escultura e arquitetura para o design e literatura, para roteiros) 
(COVALESKI, 2012; CHAUI, 2000).
Posteriormente, outras categorias passaram a integrar a lista das belas artes:
8. Fotografia (imagem).
9. História em quadrinhos (cor, palavra, imagem).
10. Videogames (integra os elementos de outras artes).
11. Arte digital (integra artes gráficas computadorizadas 2D, 3D e 
programação). 
Percebemos que, com exceção à fotografia, as demais categorias acrescidas 
à lista representam o que chamamos de linguagem híbrida. Sobre o conceito 
de hibridismo em arte, Santaella (2003, p. 135) destaca que:
Há muitas artes que são híbridas pela própria natureza: teatro, ópera, perfor-
mance são as mais evidentes. Híbridas, neste contexto, significa linguagens 
e meios que se misturam, compondo um todo mesclado e interconectado de 
sistemas de signos que se juntam para formar uma sintaxe integrada.Nesse 
9Introdução ao conceito de arte
território, processos de intersemiose tiveram início nas vanguardas estéticas 
do começo do século XX. Desde então, esses procedimentos foram gradati-
vamente se acentuando até atingir níveis tão intricados a ponto de pulverizar 
e colocar em questão o próprio conceito de artes plásticas. 
As artes aplicadas ganham evidência em um cenário relativamente mais 
recente, a exemplo do movimento Arts & Crafts, surgido na Inglaterra no fim 
do século XIX. Seu principal teórico foi John Ruskin (1819–1900), e o expoente 
artístico, Willim Morris (1834–1896). O movimento se inclina às reformas 
sociais e reafirma a importância do trabalho artesanal diante da mecanização 
decorrente da Revolução Industrial. Morris defendia que, ao conceito de belas 
artes, deveria se associar o fazer artesanal, em que o artesão criava e produzia 
a obra de forma colaborativa com outros artesãos. O Arts & Crafts dedica-se 
à criação das artes manuais em plena era industrial, produzindo móveis e 
padronagens exclusivas para têxteis e papéis de parede, comercializados até 
os dias atuais, como ilustra a Figura 3 (ARGAN, 1998). 
Figura 3. Padronagem têxtil de William Morris. 
Fonte: Young In/Shutterstock.com.
Introdução ao conceito de arte10
Na esteira do movimento Arts & Crafts, o Art Nouveau emerge na Europa, 
atenuando a fronteira entre arte e artesanato por meio da valorização dos 
ofícios e trabalhos manuais. Os dois movimentos possuem filosofias distintas; 
enquanto o primeiro tende a resistir à produção industrial, o Art Nouveau 
apropria-se dos novos materiais do mundo moderno — como o ferro e o 
vidro — e da racionalidade das ciências e da engenharia. Entretanto, os dois 
movimentos mantêm em comum o desenho inspirado nas formas da natureza, 
no qual a fauna e a flora são iconografias recorrentes. Argan (1998) destaca 
que o interesse do movimento pautava-se na integração da arte, da lógica 
industrial e da sociedade de massas. Visando a revalorizar a beleza (supos-
tamente perdida pela produção industrial em série) e dispô-la ao alcance do 
público, a articulação estreita entre arte e indústria, função e forma, utilidade 
e ornamento, passa a ser o objetivo dos artistas do Art Nouveau. A Figura 4 
apresenta obras ícones do estilo: uma das entradas das estações de metrô de 
Paris (realizada pelo arquiteto Hector Guimard) e uma luminária de Louis 
Comfort Tiffany.
Figura 4. Ícones do Art Nouveau.
Fonte: a) Nikonaft/Shutterstock.com.; b) Tiffany Studios (2010).
Fundada na Alemanha por Walter Gropius, em 1919, a Bauhaus agregou 
de forma definitiva arte, artesanato e indústria. Ao ideal defendido do artista-
-artesão soma-se a defesa da complementaridade das diferentes categorias 
artísticas sob a coordenação da arquitetura e do design, reintegrando a ideia 
das artes e dos ofícios medievais. Essas fortes conexões entre arte e indús-
tria consolidam as marcas características do que conhecemos como “estilo 
Bauhaus”: objetos e mobiliário concebidos como arte, para serem produzidos 
11Introdução ao conceito de arte
em série, utilizando materiais advindos da produção industrial (em particular 
o aço), conforme a cadeira de Mies van der Rohe (1886–1969), a “MR 20”, 
criada em 1927, ilustrada na Figura 5 (ARGAN, 1998).
Figura 5. Cadeira MR 20.
Fonte: Thomas Hernandez/Shutterstock.com.
O Modernismo de 1922, no Brasil, concedeu lugar para às artes aplicadas 
representadas por tapeçarias, móveis e objetos, com destaque para o móvel 
brasileiro que manteve a tradição artística durante todo o século XX, com a 
criação de cooperativas e empresas voltadas ao seguimento de móvel-arte, 
como a Unilabor e a Hobjeto Móveis (ARTES APLICADAS, 2017).
No século XXI, presenciamos debates nos quais a dicotomia entre as artes 
aplicadas e as belas artes são consideradas distorções da conceituação dos 
fenômenos artísticos. Entretanto, as categorias fixas de arte continuam sendo 
legitimadas pelas instituições e os espaços discursivos, muito embora seus 
limites estejam cada vez mais tênues. Nesse sentido, vale exercitar a reflexão, 
a leitura e a pesquisa constantes para a valiosa fruição das artes.
História da arte enquanto área do saber
A história da arte, a crítica e a teoria da arte, os museus, teatros, cinemas de 
arte, as revistas especializadas, as salas de concerto e a vasta literatura são 
todos instrumentos que instauram a arte em nosso mundo. Eles selecionam 
o objeto artístico, apresentando-o e tentando compreendê-lo. Sem esses ins-
Introdução ao conceito de arte12
trumentos, a arte não existe — ao menos para nós —, pois, assim como esta, 
esses instrumentos específi cos são indissociáveis da nossa cultura. 
Historiadores de arte argumentam que a fruição da arte não é imediata, 
espontânea, um dom. “Ela pressupõe um esforço diante da cultura” (COLI, 
2002, p. 115). Para podermos ser tocados pela arte, é necessário estabelecer 
um conjunto de relações e referências que nos permita adentrar nas frequentes 
transformações dos objetos, conceitos e discursos artísticos. A arte é polissê-
mica, ambígua, mutável e complexa, portanto, não podemos aprender regras 
de apreciação para o fenômeno artístico. 
Um tema recorrente é a questão do gosto. Quando nos julgamos livres 
para gostar ou não gostar de um objeto artístico, na realidade, estamos sendo 
conduzidos pelo conjunto de elementos que possuímos para manter relação 
com a cultura que nos envolve. 
Gostar ou não gostar não significa possuir uma sensibilidade inata ou ser 
capaz de uma fruição espontânea – significa uma reação do complexo de 
elementos culturais que estão dentro de nós diante do complexo cultural que 
está fora de nós, isto é, a obra de arte (COLI, 2002, p. 117).
Ressaltamos que a obra de arte é constituída por elementos culturais in-
tensamente mais necessários do que os elementos materiais que a constituem 
— embora os elementos constitutivos, ou o meio, sejam essenciais à arte. Os 
meios materiais estão assentados em um pressuposto anterior: a transformação 
da matéria em uma expressão cultural. Lembre-se, aqui, da Fonte de Duchamp, 
uma manipulação exemplar para compreender que a arte não é o mictório, 
mas o gesto que o colocou no museu.
A história da arte tem um papel importante, e até impactante, para o conhe-
cimento, não só relacionado à linguagem e à produção artística, mas ao mundo 
que nos cerca. Ela nos conduz ao domínio da compreensão dos fundamentos 
que sustentam a articulação da arte diante da diversidade da produção artística. 
O campo do conhecimento da história da arte é perpassado por conjecturas 
da estética, da crítica de arte e da museologia. Eles interferem nos conceitos 
e nas abordagens metodológicas, principalmente a respeito das mudanças de 
estatuto da obra de arte e dos conceitos pertinentes. A historiografia da arte 
é apoiada pelo pensamento estético, tendo sido um conhecimento basilar aos 
interessados e estudiosos da arte.
De forma sucinta, a historiografia estuda o trabalho do historiador de 
arte, propondo uma visão crítica a respeito da produção historiográfica e 
delineando metodologias baseadas na crítica produzida (EPPLE, 2006). 
13Introdução ao conceito de arte
O mundo da arte possui um componente reflexivo: artistas, teóricos, críticos 
e historiadores desenvolvem pensamentos e conceitos sobre o objeto artístico. 
Podemos aprender muito sobre uma obra, ou sobre um conjunto de produções 
artísticas, a partir da análise desenvolvida pelos historiadores. 
A escolha dos fatos ou a forma de reportá-los é o elemento definidor de 
cada corrente historiográfica, estando sujeitas, então, a diferentes perspectivas, 
motivações ou ideologias. A questão temporal também é significativa, como 
destaca Marins (2016, p. 399): 
Obviamente, a distância temporal do historiador até seu objeto de estudo 
também nos oferece uma visão da possível corrente historiográfica adotada 
e dos motivos para essa escolha. Apenas essa análise já nos poderia fornecer 
valorosas informações,tanto sobre quem estuda quanto sobre o que estuda.
Toda produção da história da arte converge para a elucidação da história 
da humanidade, desde os tempos mais remotos. Como fruto da relação entre 
o homem e o mundo, a arte tem sido o instrumento pelo qual a humanidade 
expressa suas necessidades, crenças, desejos e críticas. As representações 
artísticas nos fornecem conhecimentos facilitadores para a compreensão da 
história dos povos de cada período.
A História da Arte emerge de forma sistematizada no século XVIII, por 
meio da obra História da arte da Antiguidade (1764), de Johann Joachim 
Winckelmann (1717–1768), contemporânea ao surgimento dos museus e da 
Estética (disciplina da filosofia). Afastando-se dos critérios normativos clás-
sicos, o autor introduz a autonomia na disciplina História da Arte (KERN, 
2004). A partir de então, temos acesso a uma ampla produção bibliográfica 
que analisa e explica de que forma o ser humano representa o seu meio social.
Enquanto área do saber, é possível conceder protagonismo ao aspecto social 
da arte, pois, segundo Fischer (2002), a arte é originada de uma necessidade 
coletiva. Neste processo de produção de significados coletivos, a arte somente 
tem sentido quando sua representação for uma representação social. Nessa 
concepção, Coli (2002, p. 90) complementa: “No passado, e ainda hoje, os 
objetos artísticos possuíram funções sociais e econômicas que permitiram 
sua constituição e seu desenvolvimento”. 
Em meio a inúmeras tecnologias existentes no mundo contemporâneo, os 
processos de transformação da sociedade são agenciados também pela arte, em 
suas múltiplas manifestações. Fischer (2002) evidencia o papel da arte como 
agente de transformações sociais, afirmando que é indispensável que o artista 
Introdução ao conceito de arte14
se aproprie da liberdade que lhe é concedida através da pulsão criadora para 
mostrar que o mundo é passível de ser mudado. A função social do artista é 
ajudar a mudar o mundo, e o historiador deve relatar essa possibilidade. O com-
promisso de “educar” a sociedade, é, portanto, de ambos: artista e historiador 
podem contribuir para um desfrute e uma compreensão apropriada da arte.
A arte contemporânea estabelece rupturas às categorias fixas de arte (p. 
ex., teatro, pintura, escultura), desencadeando mudanças que não se enqua-
dram nos critérios da historiografia tradicional: “[...] o historiador observa 
a pluralidade, a fragmentação, a mudança de estatuto da obra e a função 
assumida pelos artistas de reinterpretarem o passado” (KERN, 2004, p. 7). 
As categorias da arte contemporânea — como happenings, performances e 
instalações — vinculam-se a outras categorias artísticas, incorporando suas 
linguagens e apresentando uma diversidade de propostas que inviabilizam 
determinar exatamente seus contornos.
A obra do artista plástico contemporâneo, arquiteto e cineasta chinês Ai Weiwei (1957) 
é intimamente ligada à condição humana, com fortes referências autobiográficas. 
Weiwei é ativista dos direitos humanos, combate o sistema governamental do seu 
país e repudia a opressão exercida pelos regimes ditatoriais em todo o mundo, ex-
pressando essas questões urgentes da sociedade em projetos arquitetônicos, textos, 
documentários, clipes, músicas e instalações. A pluralidade de linguagens e o hibridismo 
da arte contemporânea podem ser exemplificados pela obra do artista. Após visitar 
com sua equipe 40 campos de refugiados em 23 países, Ai Weiwei desenvolveu 
um documentário, séries fotográficas e a imensa instalação inflável “Lei da Jornada 
(Protótipo B)”, que representa os barcos usados para a fuga de refugiados (Figura 6). 
Figura 6. Lei da Jornada (Protótipo B), Ai Weiwei. OCA, Parque Ibirapuera, SP, 2018.
15Introdução ao conceito de arte
Diante desse cenário, vivenciamos também as conexões das práticas ar-
tísticas com outros campos do saber e demais manifestações culturais que 
acentuam os questionamentos da história da arte. Kern (2004) destaca que, na 
atualidade, a história da arte tende a repensar o modelo científico de origem 
romântica, na qual o sujeito era considerado o articulador e criador do sentido 
social, mencionado por Fischer (2002), e postula: 
Hoje, a importância reside no mundo social, no papel que a arte exerce neste 
mundo, no estatuto da obra, nas suas funções e propriedades estéticas. Quan-
do necessário, o historiador descentraliza o sujeito e trabalha com atores 
anônimos para diagnosticar melhor a função da arte frente aos fenômenos 
coletivos, às estruturas mentais e ao imaginário de diferentes grupos sociais 
(KERN, 2004, p. 7).
O historiador desloca o debate centrado exclusivamente no sujeito e analisa 
os atores anônimos envolvidos, a fim de diagnosticar a atuação da arte frente 
aos fenômenos coletivos, às estruturas mentais e ao imaginário dos diferentes 
grupos sociais. A história da arte abandona o foco na história das obras, nas 
formas e nos artistas e passa a abordar de uma forma abrangente a cultura 
produzida e geradora de expressões e sentidos de mundo. 
A história da arte concebe, na atualidade, que as dimensões dos sentidos 
se originam nas esferas culturais; no entanto, deve enfrentar as mudanças de 
paradigma ocorridas, repensando suas teorias e metodologias. A historio-
grafia contemporânea está em construção, e historiadores e filósofos da arte 
se empenham em buscar soluções epistemológicas para a complexidade das 
inquirições que a arte contemporânea apresenta. Esse processo dinâmico e 
mutante vem sendo objeto de estudo, no sentido de iluminar o objeto artístico 
inserido na complexa rede de relações por ele estabelecidas. 
ALMEIDA, A. Definição de arte. Lisboa: Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, 2014.
ARGAN, G. C. Arte moderna: do Iluminismo aos movimentos contemporâneos. São 
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Itaú Cultural, 2017. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo908/
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Introdução ao conceito de arte16
BEAUX-ARTS. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: 
Itaú Cultural, 2017. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo6177/
beaux-arts. Acesso em: 1 ago. 2019. 
CHAUI, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000.
COLI, J. O que é arte. São Paulo: Brasiliense, 2002.
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Galaxia, n. 24, dez. 2012. Disponível em: http://revistas.pucsp.br/index.php/galaxia/
article/viewFile/8218/9413. Acesso em: 1 ago. 2019.
DANTO, A. Após o fim da arte: a arte contemporânea e os limites da história. São Paulo: 
Odysseus, 2006.
DANTO, A. A transfiguração do lugar comum. São Paulo: Cosac Naify, 2010.
DELEUSE, G.; GUATTARI, F. O que é a filosofia? São Paulo: Editora 34, 2010.
EAGLETON, T. A ideia de cultura. São Paulo: Unesp, 2005.
ECO, U. História da beleza. Rio de Janeiro: Record, 2004.
EPPLE, A. A história escrita: teoria e história da historiografia. São Paulo: Contexto, 2006.
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Federal de Minas Gerais, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, 2014. Disponível em: 
http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/BUOS-9RVFC9/
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FISCHER, E. A necessidade da arte. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
FONTE-DUCHAMP. In: WIKIPÉDIA. [S. l.: s. n.], 2008. Disponível em: https://pt.wikipedia.
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GADAMER, H.-G. A atualidade do belo: a arte como jogo, símbolo e festa. Rio de Janeiro: 
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GOMBRICH, E. A história da arte. 16. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999.
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COLÓQUIO DO CBHA, 24., 2004. Anais [...].Belo Horizonte, 2004. Disponível em: https://
seer.ufrgs.br/PortoArte/article/view/27909/16516. Acesso em: 1 ago. 2019.
MAMMÌ, L. O que resta: arte e crítica de arte. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
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[PERLMUTTLACK]. In: WIKIPÉDIA. [S. l.: s. n.], 2006. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/
wiki/Ficheiro:MS-PerlmuttlackP%C3%A4oniendose16Jh.JPG. Acesso em: 1 ago. 2019.
17Introdução ao conceito de arte
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São Paulo: Paulus, 2003.
TIFFANY STUDIOS. In: WIKIPÉDIA. [S. l.: s. n.], 2010. Disponível em: https://pt.wikipedia.
org/wiki/Ficheiro:WLA_nyhistorical_Tiffany_Studios.jpg. Acesso em: 1 ago. 2019.
WERLE, M. A. As belas-artes reduzidas a um mesmo princípio: resenha. São Paulo: Huma-
nitas & Imprensa Oficial, 2009.
WITTGENSTEIN, L. J. J. Investigações filosóficas. São Paulo: Nova Cultural, 2000.
Introdução ao conceito de arte18
DICA DO PROFESSOR
É comum ouvir a pergunta: "isso é arte? ". Refletindo sobre os conceitos trabalhados na história 
da arte, somos munidos de argumentos que permitem adentrar nas obras de arte com juízos de v
alores mais amplos, não necessariamente centrados na questão da representação ou do domínio t
écnico.
Nesta Dica do Professor, você irá encontrar uma breve reflexão para auxiliar a fruição do objeto 
artístico.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
EXERCÍCIOS
1) Quando se estuda os conceitos de arte, percebe-se que não há uma definição única, ob
jetiva e totalizante para a pergunta "o que é arte?". Há, porém, dois conceitos básico
s usualmente adotados para responder à pergunta. Um deles é o conceito restrito de a
rte e o outro é o conceito amplo de arte. A que se referem esses dois postulados?
A) 
O conceito restrito de arte se refere à obra de arte resultante da pintura e escultura, o conce
ito amplo diz respeito ao conjunto de atitudes criadoras, presentes em qualquer cultura hu
mana.
B) 
O conceito restrito de arte se refere à obra de arte como domínio da história da arte, o conc
eito amplo diz respeito ao conjunto de atitudes criadoras, presentes em qualquer cultura hu
mana.
C) 
O conceito restrito de arte se refere à obra de arte resultante do cinema e teatro, o conceito 
amplo diz respeito ao conjunto de atitudes criadoras, presentes em qualquer cultura human
a.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/67af901d1026ba4791c1c9efa9a50395
D) 
O conceito restrito de arte se refere à obra de arte como domínio da história da arte, o conc
eito amplo diz respeito ao conjunto de produções das artes aplicadas, presentes em qualque
r cultura humana.
E) 
O conceito restrito de arte se refere à obra de arte como domínio dos museus, o conceito a
mplo diz respeito ao conjunto de atitudes criadoras, presentes em qualquer cultura humana.
2) Sabemos que não há definição rigorosa para o conceito de arte. A literatura sobre o t
ema é vasta e conta com abordagens distintas em relação ao período da produção artí
stica e, consequentemente, quanto aos pressupostos vinculados ao movimento a que el
a pertence. No entanto, o objeto artístico – aquele que é consagrado como obra de art
e – concede aos teóricos algumas possibilidades de classificação. Quais são essas possi
bilidades? 
A) 
As possibilidades que permitem classificar o conceito de arte são: definições amplas, defin
ições restritas e definições históricas.
B) 
As possibilidades que permitem classificar o conceito de arte são: definições filosóficas, d
efinições objetivas e definições históricas.
C) 
As possibilidades que permitem classificar o conceito de arte são: definições estéticas, defi
nições restritas e definições sociais.
D) 
As possibilidades que permitem classificar o conceito de arte são: definições estéticas, defi
nições institucionalistas e definições históricas.
E) 
As possibilidades que permitem classificar o conceito de arte são: definições amplas, defin
ições institucionalistas e definições temporais.
3) A produção artística sempre esteve conectada com a cultura do homem. As belas arte
s e as artes aplicadas são reconhecidamente produções que narram a história do hom
em no mundo, suas relações com a natureza que o envolve e com as práticas sociais es
tabelecidas no seu meio. Há uma distinção básica entre as belas artes e as artes aplica
das. Como pode ser sintetizada essa diferença fundamental?
A) 
A diferença fundamental entre as artes aplicadas e as belas artes funda-se na qualidade esté
tica da produção. As belas artes são consideradas artes maiores por apresentarem atributos 
estéticos superiores aos das artes aplicadas.
B) 
A diferença fundamental entre as artes aplicadas e as belas artes funda-se no recorte históri
co da produção. As belas artes são consideradas anteriores ao surgimento das artes aplicad
as, pois o conceito de belas artes data do século XVIII.
C) 
A diferença fundamental entre as artes aplicadas e as belas artes funda-se na legitimidade d
a produção. As belas artes são legitimadas pelas instâncias pertinentes, as artes aplicadas n
ão recebem essa distinção.
D) 
A diferença fundamental entre as artes aplicadas e as belas artes funda-se na autoria da pro
dução. As belas artes são assinadas por artistas consagrados, e as artes aplicadas são produ
zidas por artesãos.
E) 
A diferença fundamental entre as artes aplicadas e as belas artes funda-se na utilidade da p
rodução. As belas artes não têm caráter utilitário, e as artes aplicadas apresentam objetivos 
práticos, devem ser úteis ao homem.
4) Por um longo intervalo de tempo, a história e a teoria de arte não adotavam parâmet
ros claros e objetivos para categorizar a produção artística. A distinção das artes mai
ores e menores ocorreu no século XVIII, a partir de então, adotaram-se os termos bel
as artes e artes aplicadas para designar suas especificidades. Atreladas ao "belo", as b
elas artes foram classificadas em sete categorias. Quais são as sete artes?
A) 
O Manifesto das Sete Artes classificou as sete categorias artísticas que hoje são enumerada
s como: 1) música, 2) artes cênicas, 3) pintura, 4) escultura, 5) arquitetura, 6) literatura e 7) 
cinema.
B) 
O Manifesto das Sete Artes classificou as sete categorias artísticas que hoje são enumerada
s como: 1) fotografia, 2) artes cênicas, 3) pintura, 4) escultura, 5) arquitetura, 6) literatura e 
7) cinema.
C) 
O Manifesto das Sete Artes classificou as sete categorias artísticas que hoje são enumerada
s como: 1) música, 2) artes cênicas, 3) arte digital, 4) escultura, 5) arquitetura, 6) literatura 
e 7) cinema.
D) 
O Manifesto das Sete Artes classificou as sete categorias artísticas que hoje são enumerada
s como: 1) música, 2) artes cênicas, 3) pintura, 4) história em quadrinhos, 5) arquitetura, 6) 
literatura e 7) cinema.
E) 
O Manifesto das Sete Artes classificou as sete categorias artísticas que hoje são enumerada
s como: 1) música, 2) artes cênicas, 3) pintura, 4) escultura, 5) arquitetura, 6) vídeo games 
e 7) cinema.
5) A história da arte tem um papel importante na construção de conhecimentos. Seu ca
mpo de estudos compartilha saberes da estética, da crítica de arte e da museologia. D
e forma resumida, qual o papel da historiografia da arte? 
A) 
A historiografia estuda o trabalho dos museus de arte, ela estabelece uma visão crítica a res
peito da expografia e indica metodologias baseadas na análise produzida.
B) 
A historiografia estuda o trabalho dos movimentos artísticos, ela estabelece uma visão críti
ca a respeito da produção e indica metodologias baseadas na crítica produzida.
C) 
A historiografia estuda o trabalho da filosofia da arte, ela estabelece uma visão crítica a respeito da produção filosófica e indica metodologias baseadas na crítica produzida.
D) 
A historiografia estuda o trabalho da crítica de arte, ela estabelece uma visão analítica a res
peito da produção estudada e indica metodologias baseadas na crítica produzida.
E) 
A historiografia estuda o trabalho do historiador de arte, ela estabelece uma visão crítica a 
respeito da produção historiográfica e indica metodologias baseadas na crítica produzida.
NA PRÁTICA
Atitudes artísticas que propõem intervenções em espaços urbanos podem ser ótimos exemplos d
a função social da arte. Ao aproximar a comunidade da reflexão sobre os conceitos de arte, o arti
sta leva e compartilha suas perspectivas de visão do mundo e recebe as respostas imediatas do p
úblico, no tema urbano, dos usuários.
Veja Na Prática como funciona o projeto Luz nas vielas, uma iniciativa do coletivo de artistas es
panhóis Boa Mistura. 
SAIBA +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professo
r:
Problema da definição da arte
O vídeo discute as definições de arte de forma didática, com embasamento na filosofia, teoria e 
história da arte.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
7 filmes incríveis para estudar história da arte
O vídeo apresenta dicas para assistir excelentes filmes de arte, comentadas e destacadas as princi
pais abordagens de cada artista: cineasta e artista visual.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
O que é arte?
Leitura esclarecedora sobre os conceitos de arte, especialmente sobre como abordar o objeto artí
stico, ilustrando exemplos icônicos da arte.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar.
Artes aplicadas
https://www.youtube.com/embed/MN2lzu8KSPw
https://www.youtube.com/embed/6C8P3MjnwWE
https://designdeinterioresinap.files.wordpress.com/2011/02/jorge-coli-o-que-c3a9-arte.pdf
Artigo com boas referências, sintetizando as práticas e os conceitos de artes aplicadas.
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http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo908/artes-aplicadas

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