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Divisão de Engenharia Curso: Engenharia de Minas Nível: 2ᵒ ano Turma: A, Diurno Mecânica Aplicada TENSÕES E DESLOCAMENTOS INDUZIDOS POR ESCAVAÇÕES TABULARES Docente: PhD. Jacques Kanda Mpoyi Tete, Janeiro de 2022 2 Discente: Alexandre Justino Nhanombe; Caiton Simango; Carlos Luanga Tomo; Celito Pedro Macamo; Hélio Julio Fernandes; Landimho Jaime; Joel Mussa Jó; Juma Amisse Juma; Sibone Luís Subuana; Sílvia João Adamo. Trabalho de pesquisa apresentado ao Instituto Superior Politécnico de Tete, elaborado no âmbito de avaliação da Cadeira de Mecânica aplicada orientada pelo PhD. Jacques Kanda Mpoyi Docente: PhD. Jacques Kanda Mpoyi Tete, Janeiro de 2022 3 Resumo A lavra de minérios a partir de minas subterrâneas requer o desenvolvimento de acessos a jazida, liberação do minério das rochas encaixantes e seu transporte para a superfície. Assim, são necessárias escavações que irão exercer diferentes funções, apresentando varias dimensões. Os realces da lavra, aberturas das quais se extrai o minério, frequentemente assumem grandes dimensões, como no caso do método de lavra por subníveis. Tensões induzidas por estas grandes escavações podem afectar a condição de estabilidade das outras escavações menor porte, principalmente aquelas situadas em sua proximidade. Este trabalho tem como objectivo investigar as tensões e deslocamento induzidos por escavações tabulares. Palavras-chaves: tensão, mina subterrânea, tensões induzidas por escavações tabulares. II 4 Abstrat Mining ores from underground mines requires developing access to the deposit, releasing the ore from the host rocks and transporting it to the surface. Thus, excavations are needed that will perform different functions, presenting different dimensions. The mining highlights, openings from which the ore is extracted, often assume large dimensions, as in the case of the sublevel mining method. Stresses induced by these large excavations can affect the stability condition of other smaller excavations, especially those located in their proximity. This work aims to investigate the stresses and displacements induced by tabular excavations. Keywords: tension, underground mine, tensions induced by tabular excavations. 5 Lista de símbolos ⃗- Vector tensão ⃗- Vector A- Área - Tensão principal maior - Tensão principal intermediária - Tensão principal menor =densidade da rocha; = Gravidade; =espessura da coluna de rocha -Razão entre a magnitude da tensão horizontal maior e a vertical - Razão entre a magnitude da tensão horizontal menor e a vertical - Razão entre a média das tensões horizontais e a vertical : tensão vertical actuante no ponto analisado : Peso especifico médio das camadas de rochas sobrejacentes ponto analisado : Tensão horizontal actuando no ponto analisado : Razão entre as tensões horizontais e verticais que atuam no ponto analisado. 6 Índice 1. Introdução ................................................................................................................................ 7 1.1. Objectivos ............................................................................................................................ 8 1.1.1. Geral ............................................................................................................................. 8 1.1.2. Específicos .................................................................................................................... 8 2. Metodologia ............................................................................................................................. 9 3. TENSÕES E DESLOCAMENTOS INDUZIDOS POR ESCAVAÇÕES TABULARES ... 10 3.1. Tensões in situ em maciços rochosos ............................................................................. 11 3.2. Tensões verticais e horizontais ....................................................................................... 12 3.3. Tensão vertical (Mpa) ................................................................................................. 12 4. Surgimento da instabilidade ............................................................................................... 13 5. Estado de tensão ................................................................................................................. 14 6. Conclusão .............................................................................................................................. 18 7. Referências bibliográficas ..................................................................................................... 19 7 1. Introdução O conhecimento de estado de tensão na crusta terrestre é fundamental par o entendimento dos mecanismos de filhamentos envolvidos em terramotos, a produção de poços de petróleo, o dimensionamento de escavações subterrâneas, a optimização de métodos de lavra e extracção de fontes de energia geotermais, entre outros. Sabendo que as rochas são matérias com propriedade e comportamentos bastantes distintos de qualquer outro material, apresentado uma série de particularidade, como modo de ruptura e condições de fluxo de fluido, a compreensão de seu comportamento geomecânico se tornam fundamental para o avanço seguro dos trabalhos em rocha. A determinação de parâmetros como resistências, características de deformabilidade do material e o estado de tensões ao qual ele se encontra submetido, são fundamentais para a elaboração de qualquer projecto de lavra subterrânea, servindo de base para todo o processo de aproveitamento da reserva. Portanto, no presente trabalho falar-se-á acerca das tensões e deslocamentos induzidos por escavações tabulares, relações entre as tensões verticais e horizontais. 8 1.1. Objectivos 1.1.1. Geral Consolidar conhecimento acerca de tensões e deslocamento induzidos por escavações tabulares 1.1.2. Específicos Saber o conceito de tensão; Saber representar as tensões em 3 dimensões; Saber a relação entre as tensões verticais com as tensões horizontais; Conhecer os factores que interferem na estabilidade do maciço rochoso; 9 2. Metodologia Para a realização do presente trabalho académico, baseou-se na revisão bibliográfica de dissertações científicas relacionadas com o tema em estudo. 10 3. TENSÕES E DESLOCAMENTOS INDUZIDOS POR ESCAVAÇÕES TABULARES Tensão O conceito de tensão é similar ao conceito de "pressão", pois ambas lidam com forças de superfícies actuando sobre uma unidade de área. A relação é simples, definida pela equação: ⃗ ⃗ Entende-se como tensão total um vector que aplicado em um ponto qualquer pode ser representado em termo de nove componentes. Essas atuam neste ponto e definem assim as componentes de tensor " tensão ". A figura 1 representa a tensão de um ponto com três componentes normais actuando perpendicular as faces de um cubo e seis cisalhantes actuando ao longo dessas faces, compondo assim um total de nove componentes que podem ser escritas na forma matricial conforme apresentado abaixo. Figura 1- Componentes de tensão actuantes em um cubo infinitesimal dentro de um maciço rochoso Fonte: (Hudson e Cooing, 1988). 11 Hudson et al. (2003) explica que para o cubo citado (figura 1) existe apenas uma orientação em que esse, ao ser transladado, terá suas componentes cisalhantes com valor igual a zero. Nessa orientação, as faces do cubo representarão planos principais de tensões a essas serão, então, o que se denomina aindacomo tensões principais sendo . Figura 2 – Componentes de tensão principais actuantes perpendicularmente a planos onde não há tensões cisalhantes. Fonte: (Hudson e Harrison, 2000). 3.1. Tensões in situ em maciços rochosos As tensões in situ representam um conceito fundamental para os princípios de mecânica de rochas e suas aplicações. O conhecimento das tensões in situ juntamente com outras propriedades do maciço rochoso é necessário para prever o comportamento dos maciços ao serem escavados (saindo da sua condição natural), quando se estuda a estabilidade de estruturas como túneis, minas, furos ou escavações de superfície, Amadei e Stephansson (1997). De acordo com Brady e Brown (2004), qualquer maciço rochoso está submetido a tensões no seu estado natural antes de ser escavado e são as tensões in situ que controlam a distribuição e a magnitude da tensão resultante ao redor de aberturas. Deste modo, o estado de tensão actuante numa escavação é o resultado do estado de tensão inicial mais a contribuição da tensão induzida pela própria escavação. 12 3.2. Tensões verticais e horizontais As tensões actuantes em maciços rochosos são provenientes da gravidade. Sendo o peso de coluna de rocha, e também das forcas tectónicas resultantes do movimento das placas tectónicas da crusta terrestre. A tensão vertical pode ser considerada como o peso da coluna de rocha existente acima de um ponto qualquer em profundidade e ser estimada pela multiplicação da densidade media pela espessura do pacote vezes a gravidade conforme a equação abaixo: O gráfico apresentado na figura abaixo confirma que tal aproximação para a tensão vertical é válida, principalmente, para locais onde existam rochas com certa uniformidade composicional, em terrenos planos e características de bacias sedimentares, por exemplo. No entanto, na figura abaixo, nota-se que, para profundidades menores (<500m), existe uma maior dispersão, não sendo uma correlação directa na maioria das vezes. Além da componente vertical, existem ainda compondo o estado de tensões componentes horizontais, e , que sempre se referem como igual a “k” vezes a . O coeficiente “k” relaciona as tensões horizontais com a vertical, e de acordo com Herget (1988, citado por Magalhães, 1999), não são comuns os casos em que as tensões horizontais são menores ou iguais à tensão vertical. 3.3. Tensão vertical (Mpa) Figura 3 – Variação da tensão vertical com a profundidade 13 Fonte: (Windsor, 2003, citado em Brady e Brown, 2004). A variação atribuída entre a tensão vertical e as tensões horizontais ou tensão horizontal média (sendo esta igual a [ ] ) é obtida pelas razões: , e 4. Surgimento da instabilidade Vários são os aspectos que interferem na condição de estabilidade de uma abertura realizada no subsolo. Entre estes aspectos, pode se destacar como mais relevantes aqueles envolvendo as propriedades da rocha escavadas e das rochas encaixantes (como resistências a esforços de tracção e compreensão, desformalidade, permeabilidade, entre outros), sejam elas minério ou estéril, e a presença da descontinuidade no maciço rochoso. Outros factores como a geometria da escavação a ser realizada a sequência e a velocidade com que essa escavação será efectuada e as tensões in situ que atuam na região do problema analisado, também podem afectar consideravelmente a sua estabilidade. Um maciço rochoso, na grande maioria dos casos, apresenta uma resistência inferior àquela observada nas rochas que o constituem. Esse fato está associado à presença de planos de fraqueza, como juntas ou zonas de falhas, conforme explicado anteriormente. Em um maciço rochoso em que existe a presença considerável desses planos de fraqueza, sua condição de 14 estabilidade e resistência sofre a influência de diversos factores, entre os quais podemos destacar a resistência da rocha intacta que constitui o maciço, a frequência com que as descontinuidades aparecem em campo, a resistência apresentada por essas descontinuidades, as tensões de confinamento, às quais o maciço estará sujeito, e a presença de água percolando as descontinuidades (preenchimento). Esses factores irão influenciar a resistência do maciço, de forma a reduzi-la quanto menor se apresentar a resistência da rocha intacta e das descontinuidades, maior for a frequência em que as descontinuidades são observadas, menores forem as tensões de confinamento e maior a presença de água (STACEY & PAGE, 1986). Em regiões próximas à superfície, a probabilidade de uma ruptura surgir e se propagar através da rocha intacta é bem pequena. Nesses casos, espera-se que a ruptura se dê a partir das descontinuidades presentes no maciço. Isto se deve à existência de um campo de tensão, comummente, de pequena magnitude a baixas profundidades. De forma análoga, à medida que se aprofunda no terreno, espera-se um aumento progressivo das tensões envolvidas no problema. Assim, para escavações realizadas em maiores profundidades, espera-se que haja uma maior participação da rocha intacta nos possíveis mecanismos de ruptura (HOEK et al., 1995). 5. Estado de tensão O trabalho em subsolo é muitas vezes guiado pela mecânica das rochas. Situações como abertura de túneis, galerias, realces de lavra entre outras, são planejadas a partir dos estudos geotécnicos realizados e seus resultados. A determinação das tensões in situi na região, das propriedades do maciço rochoso envolvido na obra de engenharia e das tensões induzidas por essa obra, são alguns dos pré-requisitos básicos para que ocorra um panejamento eficiente dos trabalhos em sub-superfície. Aspectos como localização, dimensão e orientação de uma escavação, serão estabelecidos a partir desses dados visando garantir melhor condições de segurança e bom aproveitamento técnico e económico. Na análise de estabilidade das escavações subterrâneas, é de suma importância o conhecimento do estado de tensão ao qual o maciço rochoso encontra-se submetido antes da realização de qualquer alteração no ambiente. 15 A importância de um bom conhecimento do estado de tensão in situ do maciço rochoso vem do fato de que tanto sua magnitude quanto sua direcção, influenciam directamente algumas análises de grande relevância, como análises de resistência, permeabilidade e deformabilidade, que sob determinadas condições podem vir a apresentar resultados bastante variáveis. Dessa forma, quanto mais precisa for a determinação desse estado inicial, maiores as chances de se realizar uma análise realmente compatível com a situação vivenciada em campo. Entretanto, a determinação, através de medições, desse estado de tensão, tem-se mostrado de difícil execução e interpretação, levando algumas vezes a resultados pouco coerentes. É prática comum considerar as tensões verticais e horizontais como sendo as tensões principais do maciço rochoso. A tensão in situ vertical, que atua sobre determinado ponto do maciço rochoso, pode ser aproximada através da equação: As tensões in situ que atuam em um maciço rochoso são difíceis de estimação. Normalmente, sua magnitude é descrita em relação as tensões verticais, e é relacionada pelo parâmetro , conforme mostra na equação: Vale destacar a possibilidade das tensões horizontais apresentarem magnitudes diferentes para cada direcção principal. Nesses casos ao invés de existir um único valor para o parâmetro k, existiriam dois valores e . Medidas de tensões horizontais in situ ao redor do mundo apontaram a tendência de que, para pontos próximos à superfície, os valores de assumiriam valores relativamente altos, enquanto que para maiores profundidades, dentro de um mesmo maciço, esse valor passaria por um processo de contínuo decréscimo (HOEK et al., 1995). Entretanto, apenas o conhecimentodo estado prévio do campo de tensões não é suficiente para uma análise da estabilidade de uma escavação em subsolo. Ao se realizar uma escavação em um maciço rochoso que se encontra sob um estado prévio de tensão, é esperado que as tensões na vizinhança dessa nova abertura passem por um processo de rearranjo, sendo redistribuídas e gerando um novo estado de tensão, denominado estado de tensões induzidas. Esse novo estado 16 de tensão passará a reger o comportamento do maciço rochoso, após a realização de uma escavação (HOEK et al., 1995). A Figura 4 traz um esquema representativo dessa zona de influência. Vale observar que ambas as escavações presentes na figura apresentam dimensões dentro de uma mesma ordem de grandeza. A distância entre as escavações é tal que faz com que naquela região central, na qual as zonas de influência se sobrepõem, o estado de tensões seja afectado por ambas as escavações, enquanto as regiões em cinza, apenas uma das escavações interfere no estado de tensão actuante sobre o maciço. Escavações desse tipo são ditas singulares. Figura 4: Representação da zona de influência de escavações subterrâneas. Fonte: Adaptado de BRADY & BROWN (2004). Já no caso apresentado pela Figura 5, observam-se duas escavações com dimensões bastante diferentes. A distância entre elas é tal que a abertura de maior dimensão apresenta-se fora da zona de influência daquela escavação de menor porte, que por sua vez, encontra-se dentro dos limites da zona de influência da primeira escavação. Assim o estado de tensões na escavação de menor porte será dependente das tensões induzidas pela escavação de maior porte. Escavações desse tipo são ditas múltiplas. Dessa forma, pode-se afirmar que o estado de tensão in situ actuante sobre as galerias de desenvolvimento, nada mais é do que o estado de tensões induzidas pela escavação dos realces de lavra mais próximos. Figura 5: Efeito da escavação de aberturas próximas que apresentem diferentes dimensões. 17 Fonte: Adaptado de BRADY & BROWN (2004). 18 6. Conclusão Qualquer maciço rochoso esta submetido a tensões no seu estado natural antes de ser escavados e são as tensões in situ que controlam a distribuição e a magnitude da tensão resultante ao redor de aberturas. Por tanto, o estado de tensão actuante numa escavação é o resultado do estado de tensão inicial mais a contribuição da tensão induzida pela própria escavação, contudo, uma alternativa a ser aplicada seria a instalação de suportes nas escavações tabulares visando limitar os deslocamentos a partir de rupturas, com o objectivo de restringir os possíveis danos causados pelo rompimento do maciço. 19 7. Referências bibliográficas STACEY, T. R.; PAGE, C. H. Practical Handbook for Underground Rock Mechanics. Germany: Trans Tech Publications. 1986. GOODMAN, R. E. Introduction to Rock Mechanics. 2ª Edição. John Wiley & Sons, 1989. 562p. HOEK, E.; KAISER, P. K.; BAWDEN, W. F. Support of Underground Excavations in Hard Rock. Netherlands: A. A. Balkema, 1995. 225p. HUDSON, J. A.; HARRISON, J.P. Engineering rock mechanics: an introduction to the principles. 2nd. ed. Oxford: Pergamon, 2000. v. 1. 458p. BRADY, B. H. G.; BROWN, E. T. Rock Mechanics for Underground Mining. 3ª Edição. Kluwer Academic Publishers, 2004. 628p. AMADEI, B.; STEPHANSSON, O. Rock stress and its measurement. London: Chapman and Hall, 1997. 490 p.
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