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ESTUDOS DE LITERATURA PORTUGUESA - AV2

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RUPTURAS COM A TRADIÇÃO NA LITERATURA PORTUGUESA DO 
SÉCULO XX. 
Francielle Santos de Albuquerque1 
 
O modernismo em Portugal, surgiu como proposta de ruptura com a 
tradição literária, tendo como marco inicial do movimento a edição da Revista 
Orpheu, onde, além da ideia de inovar rompendo as regras fixas, havia o 
interesse de atualizar a literatura portuguesa em relação ao que se publicava na 
Europa - segundo STEINBERG (2015), em “Literatura estrangeira em língua 
portuguesa”. Dito isso, alguns autores ousaram romper com a tradição literária - 
seja pela visão crítica do passado, pela reestruturação do texto poético, ou pela 
renovação da língua portuguesa. Dentre eles está Mário de Sá-Carneiro, um dos 
fundadores da Revista Orpheu e do modernismo português. Sua estética literária 
revela os conflitos do homem ao mesmo tempo moderno e inadequado à 
modernidade. 
O texto literário escolhido para análise foi o poema “Manucure” de Sá-
Carneiro, onde ele traz referências do cubismo e do futurismo. Essa junção de 
estilos, usados de forma intencional define o estilo do poema e pode ser vista, 
por exemplo, no trecho a seguir: “Meus olhos ungidos de Novo, Sim! – meus 
olhos futuristas, meus olhos cubistas, meus olhos interseccionistas...”. No início 
do poema, o leitor faz referência ao cubismo voltado a pintura, trazendo por 
exemplo, a fragmentação de objetos e angulosidade das formas. Já na segunda 
parte do poema podemos notar aspetos do futurismo, como a atração pelos 
números e o jogo com os sons, fazendo referência, por exemplo, a veneração 
dos futuristas aos avanços tecnológicos relacionados a modernidade. Deste 
modo, o poeta mostra como ambos os movimentos (futurista e cubista) são 
complementares na tarefa de “zelar” pela beleza do mundo. 
No poema podemos perceber uma grande referência ao progresso 
industrial, principalmente em relação a tipografia com o uso, por exemplo, de 
 
1 Discente do Centro Universitário Jorge Amado, graduanda em Letras com Habilitação em 
Língua Portuguesa e Língua Inglesa. Trabalho confeccionado para a disciplina “Estudo de 
Literatura Portuguesa” – Avaliação 2. 
https://unijorge.instructure.com/files/folder/groups_461/
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diversos caracteres. Carneiro traz na obra a questão da beleza, seja ela do 
espaço - usando diversas combinações de um mesmo objeto, dos elementos 
sonoros – com o uso de onomatopeias e fragmentos de conversas telefônicas, 
fazendo assim referência a modernidade (com o telefone), por exemplo e a 
beleza tipográfica dos jornais (brinca com os algarismos e sinais de 
pontuação...). É interessante como o autor consegue juntar todas essas 
características de forma que interajam umas com as outras ao longo do texto, 
levando o leitor às diversas formas da beleza almejada pelo mesmo. 
Deste modo e compartilhando do mesmo pensamento que JUNIOR, “o 
tema do poema é a exposição das coisas presentes, como também a tentativa 
de o poeta se identificar com elas, algo que nunca consegue pelo fato de ser um 
homem inadaptável ao meio”. Chegamos à conclusão que Carneiro transmite, 
em sua obra, o avanço/ desenvolvimento, promovendo rupturas com a tradição 
na literatura portuguesa do século, porém ao mesmo tempo, parece fugir deste 
progresso que exalta. 
 
REFERÊNCIAS: 
JÚNIOR, J.. Análise crítica do poema Manucure de Mario de Sá-Carneiro. 
Disponível em: https://docplayer.com.br/32302231-Analise-critica-do-poema-
manucure-de-mario-de-sa-carneiro.html. Acesso em: 11 de Agosto de 2022. 
STEINBERG, V. Literatura estrangeira em língua portuguesa. Curitiba, 
InterSaberes, 2015. p. 203-217. Biblioteca Virtual. 
 
https://docplayer.com.br/32302231-Analise-critica-do-poema-manucure-de-mario-de-sa-carneiro.html
https://docplayer.com.br/32302231-Analise-critica-do-poema-manucure-de-mario-de-sa-carneiro.html