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Calcificações 1 🔬 Calcificações → Calcificação patológica consiste na deposição de sais de cálcio em locais normalmente não calcificados No organismo normal os níveis plasmáticos de cálcio estão em um balanço delicado e pequenos desequilíbrios podem ocasionar precipitação de sais de cálcio Em calcificações patológicas, os depósitos minerais ocorrem sobre outros substratos celulares (viáveis ou necróticos) e extracelulares (tecido conjuntivo ou secreções) As calificações patológicas pode ser: 1. Distrófica, quando predominam fatores locais, como necrose 2. Metastática, em casos de hipercalcemia 3. Calcificações idiopáticas, em que nenhum desses fatores está presente Cálcio sérico e calcificação Os níveis séricos de cálcio são mantidos em 10 ± 1mg/dL, e os Calcificações 2 fosfato, em 3,5± 0,5mg/dL A precipitação de sais de fosfato de cálcio é facilitada em meio alcalino Diferentes estruturas podem desencadear o processo de precipitação, funcionando como núcleo primário A precipitação de sais de cálcio inicia-se com a formação de cristais de hidroxiapatita, os quais, por si mesmos, favorecem as contínuas formação e precipitação de novos cristais - núcleo secundário A precipitação desses cristais pode ocorrer após necrose ou pode-se iniciar também em células vivas, podendo causar a morte ou celular, neste caso, a calficiação inicia-se em mitocôndrias (onde a concentração fisiológica de cálcio é mantida em níveis muitos inferiores à do meio extracelular, por meio de bombas de cálcio na membrana citoplasmática, mas superiores em relação ao citoplasma) Como as mitocôndrias apresentam níveis superiores do que a do meio intracelular, tendem a acumular ainda mais cálcio quando este está aumentado no interior das células A calcificação de mitocôndrias resulta em perda de função; quando Calcificações 3 muitas mitocôndrias em uma células se calcificam, a célula morre Calcificação distrófica → Resulta de modificação local nos tecidos (distrofia significa alteração tecidual prévia) Restos necróticos são particularmente suscetíveis de deposição de cálcio, que ocorre em locais com necrose caseosa, por coagulação ou gordurosa A calcificação associada a esteatonecrose encontrada na pancreatite aguda resulta da combinação de cálcio com ácidos graxos liberados pela ação da lipase pancreática sobre os triglicerídeos Infartos (necrose isquêmica) de vários órgãos também podem calcificar-se Áreas de necrose caseosa na tuberculose frequentemente se calcificam Calcificação aparece também em cicatrizes, ateromas e cartilagens Trombos venosos podem se calcificar, formando flebólitos Em órgãos como o pâncreas e glândulas salivares, secreções em ductos podem calcificar-se, por vezes causando obstrução ductal A calcificação de fetos mortos retidos produz litopédio Calcificações 4 Muitos tumores são propensos a uma forma peculiar de calcificação, o psamomas, comuns em carcinoma papilar da tireoide, no adenocarcinoma seroso papilífero do ovário e em miningiomas Em tecidos necróticos, a deposição de cálcio ocorre de maneira gradativa À medida que mais cálcio se deposita, os grânulos coalescem e formam faixas que se estendem gradativamente ao centro da lesão Os mecanismos proprostos para explicar essa calcificação distrófica inclue: 1. Exposição de núcleos primários (diferentes estruturas podem desencadear o processo de precipitação) 2. Aumento local na concentração de fosfato e/ou cálcio 3. Remoção de inibidores de calcificação Fosfolipídeos de membranas celulares representam núcleos primários, uma vez que o cálcio pode ligar-se a essas moléculas Ao cálcio ligam-se fosfato, formando cristais inicialmente apoiados sobre elementos da própria membrana celular Em tecidos necróticos e em placas ateromatosas, fosfolipídeos são abundantes, por vezes formando microvesículas Calcificações 5 Outras moléculas ou estruturas parecem atuar como núcleos primários e iniciadores da calcificação, como fibras elásticas, fibras colágenas, proteínas desnaturadas, fosfoproteínas, ácidos graxos e bactérias Calcificação metastática Nesse caso o cálcio é reabsorvido do tecido ósseo em condições patológicas e se não houver excreção adequado pelos rins, ocasionando depósitos em outros locais Essa calcificação ocorre quando há hipercalcemia e, mais raramente, hiperfosfatemia Quando concentações séricas ficam acima de 35 ou 40 em adultos, ocorre a calcificação metastática Causa de hipercalcemia: Hipersrecreção de paratormônio (hiperparatireoidismo) ou de moléculas semelhantes → o paratormônio eleva a calcemia porque estimula a atividade osteoclástica e a reabsorção óssea Hiperparatireoidismo primário, tumor (adenoma) ou hiperplasia de paratireoides são as responsáveis pela hipersecreção Produção ectópica por neoplasias, nesse caso a Calcificações 6 hipercalcemia faz parte da síndrome paraneoplásica Doenças dos ossos, como : Neoplasias (mieloma ou metástases disseminadas) - rápida destruição óssea Doença de Paget - aumento da remodelação óssea Imobilização prolongada - remove estímulos de tecido ósseo enquanto ocorre reabsorção Os depósitos de cálcio metastático podem formar-se em qualquer local, mas especialmente em pulmões, rins, artérias sistêmica, veias pulmonares e córneas (tem em comum a secreção ácidos, criando um compartimento interno alcalinizado) A precipitação inicia-se nas mitocôndrias, onde o próprio paratormônio favorece a entrada de cálcio nas células → quando há morte celular, as células acabam envolvidas pela calficiação As deposições também ocorre no compartimento extracelular, sendo as membranas basais dos pulmões e dos rins sítios suscetíveis Achados anatomopatológicos: Órgãos muito endurecidos e calcários e rangem ao corte com faca; Pulmões com aspecto de fina esponja de banho; Rins os túbulos produz nefrocalcinose, com prejuizo na função renal, retenção de fosfatos e hiperparatireoidismo secundário Nefrocalcinose é visto múltiplos focos de deposição de cálcio nos túbulos (diferencia-se da litíase renal) Calcinose idiopática Calcificações 7 → Depósito de calcificação geralmente cutâneos e frequentemente múltiplos, sem lesão prévia e com níveis séricos normais de cálcio e de fosfato, essas lesões podem ulcerar-se, permitindo drenagem do material calcário A calcinose escrotal caracteriza-se por mútiplos nódulos duros que se formam na pele do escroto; parece se relacionar com cistos epidermoides que se rompem e se inflamam, com posterior calcificação distrófica do conteúdo e obliteração da parede cística Patogênese: Estudos demonstram superposição entre os mecanismos envolvidos na mineralização óssea e aquela que ocorre na parede de vasos Em artérias pode ocorrer calcificação na camada média e/ou íntima, em caso de placas ateromatosas A calcificação da média leva a perda da complacência e da elasticidade do vaso, com aumento da pressão de pulso Calcificação intimal em placas ateromatosas modifica a constituição dos ateromas, contribuindo para sua ruptura e trombose Aspectos clínicos: Na maioria dos casos, calcificações patológicas não têm repercussões clínicas Calcifilaxia: Caracteriza-se por necrose da pele provocada por oclusão vascular associada à calcificação de pequenos vasos subcutâneos Contem prognóstico ruim Associado a condições acompanhadas de hipercalcemia, como IR, hiperparatireoidismo ou hipervitaminose D Animais sensibilizados com altas doses de Vit.D ou paratormônio e posteriormente desafilados com outra substância (ex. albumina do ovo) por via subcutânea desenvolvem rápida calcificação no sítio da injeção Calcificações 8 Às vezes, a calcificação em vasos pode alterar a pressão de pulso e aumentar risco de ruptura e de fenômenos tromboembólicos A calcificação em valvas cardíacas podem ocorrer também em biopróteses valvares, resultando em disfunção A calcificação parede facilitada pelafixação do tecido usado na confecção desses dispositivos em soluções qu’e contêm glutaraldeído A calcificação “fisiológica” da glândula pineal define a linha média do cérebro em radiografias simples, possibilitando a detecção de desvios Mamografia permite a identificação de microcalcificações mamárias, que são importantes sinal de alerta para a detecção precoce de neoplasias Quando extensa, calcificação na parede arterial pode ser sinal de aterosclerose Nódulos calcificados nas semilunares da valva aórtica Calcificações 9 Calcificação arterial. A. Pequenos focos de calcificação na camada média da artéria. B. Calcificação extensa na camada média. Em A e B a luz do vaso permanece inalterada. C. Calcificação da parede e trombose recente, oclusiva. D. Calcificação associada a aterosclerose e trombo em organização.
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