Buscar

Prova de Hermenêuti

Prévia do material em texto

Prova de Hermenêutica
Aluna: Thays Cardoso Pacheco
A origem hermenêutica lendária
De origem grega, a Hermenêutica (hermeneuein) é tida como filosofia da interpretação, sendo associada ao deus grego Hermes, que traduzia tudo o que a mente humana não compreendesse, sendo chamado de “deus-intérprete”. Possui alguns significados diferentes de acordo com o tempo, passando de “compreender o significado do mundo” e chegando “é a teoria científica da arte de interpretar”. No campo jurídico ela é usada para a interpretação fidedigna da ideia do autor para que seja adequada a norma ao fato ocorrido e assim proporcione uma responsável aplicação do Direito. Tendo em vista que a Hermenêutica Jurídica em lato sensu divide-se em interpretação, integração e aplicação do Direito. Dessa forma é imensurável a importância da Hermenêutica para todos os campos de atuação ressaltando o campo jurídico, pra que possamos entender melhor o Direito e sua aplicação.
• Gadamer usa o conceito de círculo hermenêutico (compreensão, interpretação e aplicação) - Construir texto como base;
A circularidade da interpretação não é um mero método, mas o processo do círculo hermenêutico está presente em qualquer apreensão do conhecimento. Além dessa prática “natural” de compreender a realidade, o círculo hermenêutico é um método complexo de leitura e instrumento de análise qualitativa. Portanto, é relevante entendê-lo como teoria e processo de leitura crítica.
A hermenêutica é a arte e o método de interpretar significados expressos textualmente. Como disciplina, a hermenêutica estuda e sistematiza os processos para construção e justificação dos sentidos de um texto ou de um análogo ao texto (artefatos, cultura material, ritual, organização e outros).
A base do funcionamento do círculo hermenêutico é seu movimento da leitura do todo para as partes e das partes para o todo. Nesse processo, um texto é lido várias vezes de uma forma dialética entre compreensão (a síntese ou o polo não metodológico, o que o texto diz) e interpretação (a análise ou o polo metodológico, o que se pode concluir com o texto). O leitor em si é uma parte do mundo e sua abstração oriunda da leitura constitui uma teoria totalizante. Nesse processo reflexivo, se produz a interpretação e o sentido.
Parece simples, e é. Mas para quem estiver interessado em leituras aprofundadas além dos fins de entretenimento ou mera informação, o uso do círculo hermenêutico requer mais elaboração. Esse passo a passo mostra o emprego do círculo hermenêutico para leituras críticas de textos literários, jurídicos, históricos, etnográficos e sacros.
• Construir uma crítica ao direito - Formalismo jurídico (Gadamer faz isso);
A Crítica Hermenêutica do Direito busca refletir a prática da ciência jurídica a partir do paradigma filosófico hermenêutico, rompendo com paradigmas anteriores que norteavam os “critérios de método, verdade e racionalidade na filosofia”. Concluindo o que Gadamer traz de contribuição, afirma que no Direito, para determinar-se a validade do que se obteve pela interpretação, há que se estabelecer condições de mitigar o complexo de pré-compreensões em favor de uma desejada universalidade.
• Gadamer considera as histórias das leis (analisar a historicidade das normas);
A compreensão histórica da norma pretende renovar a sua efetividade histórica em relação a uma nova situação, e não simplesmente reconstruir a intenção original do legislador, atitude que seria igual a tentar reduzir os acontecimentos históricos à intenção dos protagonistas. A historicidade da norma, igual a em qualquer outro texto, não é uma restrição a seu horizonte, senão que, pelo contrário, a condição que permite sua compreensão. No Direito, essa condição se manifesta por meio do vínculo que existe entre a pessoa obrigada e a norma, vínculo que afeta a todos por igual, e não faz da lei uma propriedade pessoal do legislador. A real finalidade da hermenêutica jurídica é “encontrar o Direito” (seu sentido) na aplicação “produtiva” da norma, pois a compreensão não é um simples ato reprodutivo do sentido original do texto, senão, também, produtivo. O processo hermenêutico, cuja estrutura é circular, exigirá que o intérprete permaneça aberto para “escutar” a mensagem da norma, a que, por sua vez, procederá como se estivesse respondendo a uma pergunta daquele. Esse movimento circular faz com que a norma “fale” mais, enquanto mais clara seja a pergunta, e, por outro lado, permite que o intérprete acrescente cada vez mais sua pré-compreensão à interpretação, enquanto maior seja o significado que a norma “revele”.
• Papel do juiz (Gadamer atribui responsabilidade ao juiz) /paradigma rígido da lei/juiz é o intérprete 
O juiz é, antes de mais nada, um intérprete, pois, para aplicar o Direito, deve, em primeiro lugar, compreender a norma, “interpretação não é um ato complementar e subsequente ao da compreensão, mas a compreensão é sempre interpretando, e consequentemente interpretação é a forma explícita de compreensão”. Compreensão, interpretação e aplicação não são três momentos independentes, senão que formam parte de um processo unitário; a aplicação é tão essencial e integral como as outras duas 46. Assim, uma norma adquire todo o seu sentido apenas quando é aplicada, pois só nesse momento é que sua validade pode ser avaliada, “o que não é totalmente determinado, independentemente da situação que me pede justiça.”. Porém, como Gadamer refere, o justo também está determinado, com certo sentido absoluto, nas leis ou nas regras de comportamento gerais da moral (embora não codificadas, estão determinadas e têm caráter vinculante). Nesse sentido, o juiz tem de usar o seu “bom senso” (phrónesis) para a correta aplicação da norma, o que implica abandonar o velho paradigma positivista da subsunção para assumir o que é mais importante: a procura de um Direito melhor.
Caso Atala
O caso Karen Atala decorreu de um conflito no processo de guarda de suas filhas motivado pela sua orientação sexual. A Sra. Atala era uma juíza chilena que após ter se separado de seu companheiro e ficado com a guarda das crianças mediante comum acordo entre os dois, teve a guarda questionada pelo ex-marido ao saber que ela estaria tendo uma relação homoafetiva. O processo foi movido junto ao Juizado de Menores e o pai das crianças sustentou que o desenvolvimento das crianças estaria comprometido se permanecessem com a mãe, pois esta estava mantendo relações sexuais com outra mulher.
Em primeiro grau, foi mantida a guarda das crianças com a Sra. Atala, o pai recorreu tendo a apelação provida, mas, posteriormente tornada sem efeito. Assim o ex-marido da Sra. Atala recorreu à Suprema Corte Chilena, que lhe concedeu a guarda definitiva das crianças. Contudo, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos – CIDH recebeu o caso em 24 de 4 novembro de 2004, e se pronunciando em 2010 no sentido de que as autoridades chilenas adotaram decisão incompatível com os padrões de direitos humanos constantes da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, violando expressamente o direito à igualdade e a não discriminação. 
O Caso Karen Atala é de extrema importância para a comunidade LGBTQIA+, pois na América Latina os casos de violações de direitos e violência contra essa comunidade são alarmantes, dessa forma, a tutela jurisdicional internacional desenvolve um papel muito importante na consolidação desses direitos, por que muitas vezes, como ocorreu com a Sra. Atala o Estado usa os meios internos lícitos para violar direitos e das pessoas LBTQIA+.

Continue navegando