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Maintenance of venomous snakes in captivity for venom production at Butantan Institute from 1908 to the present a scoping history en pt

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REVEJA ACESSO LIVRE
ISSN 1678-9199
www.jvat.org
Manutenção de serpentes peçonhentas em cativeiro 
para produção de venenos no Instituto Butantan de 
1908 até o presente: um histórico de escopo
Kathleen Fernandes Grego1*-, Samira Emanuela Maria Vieira1, Jarbas Prado Vidueiros1, Eliana de 
Oliveira Serapicos1, Cibele Cíntia Barbarini1, Giovanni Perez Machado da Silveira1, Fabíola de Souza 
Rodrigues1, Lucas de Carvalho Francisco Alves1, Daniel Rodrigues Stuginski1,
Luciana Carla Rameh-de-Albuquerque1 -, Maria de Fátima Domingues Furtado1, Anita Mitico Tanaka-Azevedo1, 
Karen de Morais-Zani1-, Marisa Maria Teixeira da Rocha1, Wilson Fernandes1, Sávio Stefanini Sant'Anna1
1Laboratório de Herpetologia, Instituto Butantan, São Paulo, SP, Brasil.
Abstrato
A manutenção de serpentes no Instituto Butantan começou no século passado, com o objetivo de produzir um soro antiofídico diferenciado para reduzir a mortalidade por picada de 
serpente. Por meio de uma campanha bem-sucedida coordenada pela Vital Brazil, agricultores enviaram cobras venenosas ao Instituto Butantan pelas ferrovias sem custo. De 1908 a 
1962, as cobras foram mantidas em um serpentário ao ar livre, onde a extração do veneno era realizada a cada 15 dias. Nesse período, a sobrevivência média das cobras foi de 15 
dias. Em 1963, as serpentes foram transferidas para um prédio adaptado, atualmente denominado Laboratório de Herpetologia (LH), para serem mantidas em sistema intensivo. 
Embora a periodicidade da extração do veneno tenha permanecido a mesma, a sobrevida média dos animais aumentou para dois meses. Com a grave crise do soro em 1983, o 
Ministério da Saúde financiou a reforma dos três produtores públicos de soro e, com esse apoio, o LH pode ser melhorado. Foram instalados sistemas de ar condicionado e exaustão 
nos quartos, além do estabelecimento de manejos higiênico-sanitários críticos para aumentar o bem-estar das serpentes. No início da década de 1990, a sobrevivência das cobras era 
de dez meses. Ao longo dos anos até os dias atuais, diversas melhorias foram feitas no serpentário intensivo, como o estabelecimento de duas quarentenas, alimentação com 
roedores descongelados, intervalo de dois meses entre as rotinas de extração de veneno e monitoramento da saúde das serpentes por meio de exames laboratoriais. Com esses 
novos protocolos, a sobrevivência média das serpentes aumentou significativamente, sendo oito anos para o gênero Foram instalados sistemas de ar condicionado e exaustão nos 
quartos, além do estabelecimento de manejos higiênico-sanitários críticos para aumentar o bem-estar das serpentes. No início da década de 1990, a sobrevivência das cobras era de 
dez meses. Ao longo dos anos até os dias atuais, diversas melhorias foram feitas no serpentário intensivo, como o estabelecimento de duas quarentenas, alimentação com roedores 
descongelados, intervalo de dois meses entre as rotinas de extração de veneno e monitoramento da saúde das serpentes por meio de exames laboratoriais. Com esses novos 
protocolos, a sobrevivência média das serpentes aumentou significativamente, sendo oito anos para o gênero Foram instalados sistemas de ar condicionado e exaustão nos quartos, 
além do estabelecimento de manejos higiênico-sanitários críticos para aumentar o bem-estar das serpentes. No início da década de 1990, a sobrevivência das cobras era de dez 
meses. Ao longo dos anos até os dias atuais, diversas melhorias foram feitas no serpentário intensivo, como o estabelecimento de duas quarentenas, alimentação com roedores 
descongelados, intervalo de dois meses entre as rotinas de extração de veneno e monitoramento da saúde das serpentes por meio de exames laboratoriais. Com esses novos 
protocolos, a sobrevivência média das serpentes aumentou significativamente, sendo oito anos para o gênero várias melhorias foram feitas no serpentário intensivo, como o 
estabelecimento de duas quarentenas, alimentação com roedores descongelados, intervalo de dois meses entre as rotinas de extração de veneno e monitoramento da saúde das 
serpentes por meio de exames laboratoriais. Com esses novos protocolos, a sobrevivência média das serpentes aumentou significativamente, sendo oito anos para o gênero várias 
melhorias foram feitas no serpentário intensivo, como o estabelecimento de duas quarentenas, alimentação com roedores descongelados, intervalo de dois meses entre as rotinas de 
extração de veneno e monitoramento da saúde das serpentes por meio de exames laboratoriais. Com esses novos protocolos, a sobrevivência média das serpentes aumentou 
significativamente, sendo oito anos para o gêneroBothrops, dez anos para o gêneroCrotaluseLachesis,e quatro anos para o gêneroMicrurus. Visando a produção de venenos de boa 
qualidade, o respeito às boas práticas de manejo é essencial para a manutenção das serpentes em cativeiro. Novas técnicas e manejos eficientes devem sempre ser buscados para melhorar o bem-estar animal, a qualidade do veneno produzido e a segurança de quem trabalha diretamente com as serpentes peçonhentas.
Palavras-chave:
Cobra
Veneno
Criação de cobras
Produção de veneno
* Correspondência:kathleen.grego@butantan.gov.br 
https://doi.org/10.1590/1678-9199-JVATITD-2020-0068
Recebido: 05 de maio de 2020; Aceito: 03 de dezembro de 2020; Publicado on-line: 22 de janeiro de 2021
On-line ISSN 1678-9199 © O(s) autor(es). 2021 Open Access Este artigo é distribuído sob os termos da Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (http:// 
creativecommons.org/licenses/by/4.0/), que permite uso, distribuição e reprodução irrestritos em qualquer meio, desde que você dê os devidos créditos ao(s) autor(es) original(is) e à 
fonte, forneça um link para a licença Creative Commons e indique se foram feitas alterações. A isenção de Dedicação de Domínio Público Creative Commons (http://
creativecommons.org/publicdomain/zero/1.0/) aplica-se aos dados disponibilizados neste artigo, salvo indicação em contrário.
Traduzido do Inglês para o Português - www.onlinedoctranslator.com
http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
http://www.jvat.org
http://orcid.org/0000-0003-4769-5818
http://orcid.org/0000-0002-7073-6000
https://orcid.org/0000-0001-9900-8384
https://www.onlinedoctranslator.com/pt/?utm_source=onlinedoctranslator&utm_medium=pdf&utm_campaign=attribution
Grego et ai. J Venom Anim Toxins incluindo Trop Dis, 2021, 27:e20200068 Página 2 de 11
Fundo Baseado em referências bibliográficas e registros de banco de dados do 
Laboratório de Herpetologia (LH) sobre a manutenção de serpentes do 
Instituto Butantan; descrevemos a manutenção de serpentes para produção 
de veneno em quatro períodos diferentes, mostrando como as mudanças 
feitas na criação em cativeiro impactaram o bem-estar das serpentes 
peçonhentas e a quantidade de veneno produzida.
Entre 1895 e 1897, o recém-formado médico Vital Brazil, da cidade 
de Campanha, Minas Gerais, mudou-se para Botucatu, São Paulo. 
Não é possível precisar a data exata de sua chegada, embora se 
saiba que nos primeiros dias de 1897 ele praticava e viajava de 
fazenda em fazenda, cuidando de seus pacientes [1]. Vital Brazil, 
impressionado com o número de pacientes picados por cobras 
venenosas, resolveu buscar um remédio que pudesse salvar vidas. 
Iniciou seus estudos avaliando a eficácia de estratos vegetais que 
a tradição apontava como solução para o problema.1]. Em 1898, já 
trabalhando no Instituto Bacteriológico de São Paulo, preparou o 
primeiro soro antiofídico de eficácia comprovada contra o 
envenenamento porBothropseCrotalus[1]. Em 1899, o diretor do 
Instituto Adolfo Lutz sugeriu ao Governador do Estado a criação 
do Instituto de Soroterapia do Estado de São Paulo, que, após sua 
conclusão, passou a ser dirigido por Vital Brazil [2,3]. Nesse 
momento, foram iniciadas as atividades do atual Instituto 
Butantan, oficializado em 1901. O uso de veneno de serpente para 
tratar envenenamento por serpentes foi descoberto por Albert 
Calmette, médico francês. Este cientistaacreditava em um
universalsoro produzido apenas com oNajasp. veneno [2,4]. Vital 
Brazil, fundador do Instituto Butantan, passou a manter serpentes 
em cativeiro para extração de veneno para produção de soro 
antiofídico. Como consequência, ele descobriu o mundo
especificidadede soros [1,3]. Serpentes que chegavam ao Instituto 
Butantan eram usadas para fornecer veneno para a imunização de 
cavalos que produziam soros antiofídicos; para pesquisas 
químicas, farmacológicas e imunobiológicas; e fornecer 
laboratórios com material para o estudo da biologia e sistemática 
de serpentes [5].
As cobras chegaram ao Instituto Butantan devido a um programa 
coordenado pelo Dr. Vital Brazil chamado “A defesa contra o 
ofidismo” [3,6], que teve como objetivo divulgar informações ao 
público em geral sobre o novo tratamento contra picadas de cobras, 
principalmente na zona rural [6,7]. Com este programa, a Vital Brazil 
atraiu o interesse de agricultores e trabalhadores rurais, 
estabelecendo um sistema de troca de serpentes peçonhentas por 
frascos de soro antiofídico, bem como todo material necessário para 
sua aplicação; incentivando a população a enviar cobras dentro de 
caixas de madeira seguras junto às linhas ferroviárias, gratuitamente [
6,7]. Como resultado, o instituto recebeu serpentes em quantidade 
suficiente para fabricar soro antiofídico em escala compatível com as 
demandas da população.6,7]. Cada serpente recebida foi registrada 
em livros, com o nome do doador, a espécie da serpente, gênero, 
localidade de origem e data de chegada. Desde a fundação do Instituto 
Butantan em 1901 até 1977, cerca de 1,1 milhão de serpentes foram 
recebidas, sendo 80% de espécies venenosas [8]. Como resultado 
dessa campanha bem sucedida no início do século passado, ainda hoje 
o Instituto recebe uma grande variedade de cobras, embora não 
incentivemos sua captura, e por muito tempo não troque soro 
antiofídico por cobras. Atualmente o Instituto recebe serpentes 
principalmente do Estado de São Paulo.
Manutenção de cobras de 1908 a 1962
Durante este período, as serpentes foram mantidas em um serpentário 
semi-intensivo medindo 500m2[5]. As extrações de venenos eram realizadas 
publicamente, tornando-se uma atração para o público em geral. Este 
serpentário ao ar livre tinha abrigos em forma de iglus para proteger as 
cobras do sol, do frio e da chuva; lagoas rasas; e neste espaço foram 
realizadas diversas demonstrações sobre manejo de cobras e prevenção de 
acidentes ofídicos (Figura 1). A extração do veneno foi realizada a cada 15 
dias [9], e apesar do capricho em sua concepção, o serpentário semi-
intensivo não proporcionou às serpentes boas condições de vida [10]. Nesse 
período, a porcentagem de mortalidade de cobras era de cerca de 92 a 98% 
ao ano, o que significa que cada cobra foi extraída apenas 0,6 a 1,5 vezes.9].
Neste tipo de manutenção, a taxa de sobrevivência das 
serpentes foi de cerca de 15 dias. As baixas taxas de sobrevivência 
no serpentário ao ar livre desde sua fundação até 1999 
provavelmente se devem a fatores estressantes, incluindo a 
impossibilidade de termorregulação eficiente, a falta de protocolo 
alimentar controlado, a alta densidade populacional, associada à 
ausência de medicina higiênico-sanitária e preventiva.11].
Manutenção de cobras de 1963 a 1987
Enquanto a demanda por soro antiofídico aumentou de forma 
constante, o número de cobras recebidas no Instituto permaneceu o 
mesmo [9]. Para aumentar a produção de venenos, o veterinário Hélio 
Belluomini (chefe da Unidade de Animais Experimentais de Serpentes 
Peçonhentas – atual Laboratório de Herpetologia) passou a manter 
serpentes em um serpentário intensivo, introduzindo diversas 
mudanças no ambiente de criação das serpentes para prolongar sua 
taxa de sobrevivência. Belluomini também estudou sua biologia em 
cativeiro e aumentou o número de extrações/animal [8,9,12]. Ao 
contrário dos sistemas semi-intensivos, os serpentários intensivos têm 
a vantagem de controlar fatores abióticos, como temperatura, 
umidade e fotoperíodo, o que facilita a manutenção de espécies com 
diferentes exigências de manejo; permitir maior controle individual 
sobre alimentação e doenças; além de otimizar espaço [10,13,14].
Algumas das mudanças implementadas foram as salas aquecidas com 
resistências elétricas; a manutenção de até quatro cobras em cada caixa de 
madeira e o fornecimento de roedores dois dias após a extração do veneno 
[9]. Até 1978, a periodicidade de extração era de 15 a 20 dias e a 
sobrevivência média das serpentes era de cerca de dois meses. Em meados 
da década de 70, o uso de dióxido de carbono (CO ) foi adotado no 
serpentário interno para auxiliar na extração do veneno
2
Grego et ai. J Venom Anim Toxins incluindo Trop Dis, 2021, 27:e20200068 Página 3 de 11
rotina, como uma anestesia de curta duração. A inalação de CO puro por 
quatro a dez minutos é um método seguro e não traumático para 
serpentes, facilitando a extração do veneno e tornando-a mais segura para 
a equipe. O gás dióxido de carbono reduz significativamente o risco de 
acidentes, sem afetar a sobrevivência dos animais ou a produção de 
veneno.15].
De 1979 a 1987, embora a periodicidade da extração do veneno 
tenha sido estendida para 30 dias, a sobrevivência das serpentes 
permaneceu a mesma, em média de dois meses. Ressalta-se que a 
taxa de sobrevivência das serpentes mantidas no serpentário interno 
foi maior do que a taxa de sobrevivência dos animais mantidos no 
externo. Consequentemente, a produção de veneno também 
aumentou na terapia intensiva (Tabela 1). No entanto, muito mais era 
necessário para melhorar o bem-estar das cobras em cativeiro.
uma empresa farmacêutica privada [16]. A produção e 
distribuição nacional de soro antiofídico entrou em crise 
quando a Syntex do Brasil encerrou sua produção de 
imunobiológicos em 1983 [17]. Para solucionar a escassez de 
soro antiofídico, em 1986 o Ministério da Saúde disponibilizou 
recursos para aprimorar e modernizar métodos e processos 
dos três produtores públicos, propondo adquirir 
integralmente toda a sua produção.16,17]. Assim, do segundo 
semestre de 1987 a 1989, o serpentário intensivo pôde ser 
remodelado e sua infra-estrutura melhorada. Uma renovação 
significativa foi a instalação de um sistema de ar para 
controlar a umidade relativa e a temperatura dentro das salas 
de manutenção, além de um sistema de ventilação eficiente. 
Além disso, o biólogo Wilson Fernandes, chefe do LH nesse 
período, individualizou cobras em caixas de madeira; manteve 
a extração do veneno uma vez por mês com auxílio de CO ; 
protocolo de alimentação alterado (as serpentes foram 
alimentadas com roedores uma semana após a rotina de 
extração); e instituiu a medicina higiênico-sanitária e 
profilática, como vermifugação e quarentena dos animais. 
Essas melhorias melhoraram a manutenção e o bem-estar de 
serpentes peçonhentas em cativeiro de tal forma,
2
2
Manutenção de Serpentes de 1988 a 2000
Até 1985, o soro antiofídico não fazia parte do Programa 
Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde. Nesses anos, 
o antiveneno brasileiro foi produzido pelo Instituto Butantan 
(São Paulo), Instituto Vital Brazil (Rio de Janeiro) e Fundação 
Ezequiel Dias (Minas Gerais), além da Syntex do Brasil,
Figura 1.Vista do serpentário semi-intensivo em 1926 (foto cortesia do Acervo do Centro de Memória do Instituto Butantan).
Grego et ai. J Venom Anim Toxins incluindo Trop Dis, 2021, 27:e20200068 Página 4 de 11
Tabela 1.Veneno produzido por serpente [volume médio (mL) ± variação padrão], de acordo com o manejo e ano de manutenção.
Período
1908-1962
1963-1968
2000-2004
2005-2019
2005-2019
Crotalus durissus
0,18ml*
0,26ml*
0,30ml*
0,45 ± 0,11mL
0,19 ± 0,07 mL
Bothrops jararaca
0,10ml*
0,20ml*
0,27ml*
0,46 ± 0,18 mL
0,20 ± 0,09 mL
Venom rendido/cobra no serpentário ao ar livre
Venom rendido/cobra no serpentário interno
Venom rendido/cobra recentemente capturada na sala de projeção
* Nessesperíodos, nosso banco de dados possui apenas o valor médio de veneno extraído/animal.
Na década de 1990, a manutençãoMicrurus corallinuse
M. frontalisem LH começou. Manter essas espécies em cativeiro foi 
um desafio, devido à dificuldade em adaptá-las à criação em 
cativeiro e à sua dieta específica, que é baseada em anfisbenos e 
serpentes [1].18,19]. Durante este período, a taxa média de 
sobrevivência das cobras corais foi inferior a cinco meses [18,20].
A temperatura e a umidade de cada ambiente são monitoradas 
com termohigrômetros e anotadas diariamente em planilhas.
Desde 2015, o veneno de cada cobra é extraído a cada 60 dias. A 
alimentação continua a ser dada a cada 30 dias, uma semana após a 
extração de rotina. Em relação à alimentação, os viperídeos são alimentados 
com roedores (Mus musculusouRattus norvegicus) do Centro de 
Reprodução de Roedores do Instituto Butantan, e desde 2015 os roedores 
são eutanasiados em gás CO, congelados e descongelados às cobras. A 
nova manobra evita o sofrimento dos roedores, bem como os possíveis 
ferimentos que as presas podem causar às cobras [23]. Noventa e cinco por 
cento de nossas cobras aceitam presas imediatamente descongeladas. A 
presa é dada na proporção de 10 a 20% do peso corporal da cobra para 
evitar a obesidade, que pode prejudicar a saúde dos animais, causar 
infertilidade e até a morte.23,24].
No que diz respeito à alimentação de cobras corais ofiófagos (Micrurus 
corallinuseM. frontalis),jovens viperídeos e pequenas cobras dipsadini são 
sacrificados, congelados e administrados em uma proporção de 30 a 40% 
do peso corporal do coral.20]. As presas congeladas são descongeladas em 
água quente e oferecidas às cobras.
Alguns fatores podem ser responsáveis pela anorexia em 
serpentes, como doenças sistêmicas e parasitárias; animais em 
processo de ecdise; baixa ou alta temperatura e umidade; fêmeas que 
deram à luz recentemente; cobras com neoplasias; entre outros [23,25
]. Verificamos que durante a época reprodutiva (de abril a agosto), 
alguns animais, principalmente machos, não se interessam em se 
alimentar, corroborando outros trabalhos na área.26,27]. Um 
protocolo utilizado no LH consiste em alimentar à força os animais que 
recusam presas por três meses consecutivos e, posteriormente, 
investigar e corrigir a causa da inapetência. Serpentes anoréxicas são 
sedadas em recipiente com gás CO e, com o auxílio de pinças, 
roedores descongelados lubrificados em complexo vitamínico são 
gentilmente forçados no esôfago da serpente (os dentes incisivos do 
roedor devem ser cortados para evitar lesões no esôfago da serpente). 
Em relação aos elapídeos anoréxicos, uma dieta específica feita em LH 
é administrada através de um tubo esofágico [20].
Todas as melhorias feitas no serpentário indoor ao longo dos anos 
são responsáveis pelas maiores taxas de sobrevivência que 
alcançamos atualmente. A taxa média de sobrevivência para os 
diferentes gêneros considera serpentes nascidas em cativeiro, bem 
como recém-chegadas após período de quarentena. A taxa média de 
sobrevivência para o gêneroBothropsé de oito anos, para o gênero
Crotaluse Lachesisde dez anos, e para o gêneroMicrurus,quatro anos.
Manutenção de Snakes de 2000 até hoje 2
A manutenção de serpentes em LH desde o ano 2000 até hoje não 
mudou muito, embora melhorias sejam feitas continuamente para 
aumentar o bem-estar das serpentes e a segurança daqueles que 
trabalham diretamente com elas.
Atualmente, o LH mantém aproximadamente 1000 exemplares 
de cobras venenosas, incluindo cobras-corais (Micrurus corallinus, 
M. frontalis, M. ibiboboca, M. spixieM. altirostris),caçadores de 
mato (Lachesis muta),víboras (Bothrops jararaca, B. jararacussu, B. 
alternatus, B. moojeni, B. neuwiedi, B. mattogrossenssis, B. 
pauloensis, B. pubescens, B. marmoratus, B. erythromelas, B. 
insularis, B. fonsecai, B. cotiara , B. billineata, B. leucuruseB. atrox), 
cascavéis (Crotalus durissus) e naja (Naja kaouthia). Além de 
extrair veneno, pesquisadores e técnicos do LH também estudam 
biologia reprodutiva, comportamento e criação de serpentes; 
investigar patologias que acometem espécimes em cativeiro; e 
estudar aspectos biológicos, bioquímicos e farmacológicos de seus 
venenos.
As cobras são mantidas em gaiolas plásticas com dimensões 
diferentes de acordo com seu tamanho (uma cobra enrolada não pode 
ocupar mais de 1/3 da área total da gaiola [14,21]. As gaiolas são feitas 
de material plástico transparente impermeável, livre de fissuras e 
inerte a desinfetantes e produtos químicos de limpeza, conforme 
recomendação da OMS [21], e dispostos em prateleiras para otimizar o 
espaço da sala. O gêneroBothropseCrotalussão mantidos nessas 
gaiolas com substrato de papelão ondulado e água disponível 
gratuitamente (Figura 2A), o gêneroMicrurusé mantido em gaiolas com 
substrato de casca, também com água à vontade [20] (Figura 2B). Na 
gaiola de cada cobra, há um crachá com o código da cobra, localidade 
de origem e sexo. O gêneroLachesis mutadevido ao seu grande 
tamanho é mantido em uma área de 20 m2sala, com água ao alcance, 
grama artificial, ventilador umidificador e abrigos com substrato fofo. 
As salas são mantidas com temperaturas entre 23 a 26ºC, com 
umidade relativa em torno de 60% e ciclo claro/escuro de 12h [22].
2
Grego et ai. J Venom Anim Toxins incluindo Trop Dis, 2021, 27:e20200068 Página 5 de 11
Figura 2. (A)Gaiolas utilizadas na manutenção de viperídeos com substrato de caixa de papelão ondulado e potes plásticos para água. Cada gaiola tem um crachá com o número do código da 
cobra, localidade de origem e sexo.(B)Substrato de casca usado na manutenção de cobras corais (Micrurus corallinus).
O LH conta com uma equipe de técnicos e biólogos treinados e pelo menos 
um veterinário, conforme recomendação do CONCEA [14]. A instalação é 
composta por uma sala de projeção; duas quarentenas; dez salas para 
manutenção de cobras venenosas; uma sala de consulta/cirurgia; uma sala 
de reprodução; uma sala de berçário; um laboratório de análises clínicas; 
um laboratório de anatomia patológica; e laboratórios para processar e 
estudar venenos de cobras.
Sala de triagem
As cobras peçonhentas que chegam ao Instituto doadas por fazendeiros, 
Corpo de Bombeiros ou Polícia Ambiental são encaminhadas ao LH onde 
ficam por no máximo sete dias na sala de triagem. Nesta sala, todas as 
cobras têm seus venenos extraídos e alguns espécimes, de acordo com seu 
estado de saúde, sexo e localidade de origem, são selecionados para irem 
para a sala de quarentena. É importante dizer que para a produção de um 
soro antiofídico de alta qualidade, é essencial ter espécimes de uma ampla 
área geográfica.10,21]. As serpentes não selecionadas são encaminhadas 
para projetos de pesquisa, zoológicos ou coleções zoológicas.
Na sala de triagem, as cobras selecionadas para quarentena são 
examinadas clinicamente; pesado e medido [comprimento focinho-
cloalha (CVE) e comprimento total (CT)]; receber sua primeira dose de 
anti-helmíntico (Ivermectina 0,2 mg kg-1) e são imersos em solução 
ectoparasiticida (Triclorfon a 0,2%). Esse primeiro manejo profilático é 
de suma importância, pois os espécimes que chegam da natureza 
geralmente hospedam uma vasta gama de endo e ectoparasitas que 
podem predispor os animais a infecções, má absorção de alimentos, 
regurgitação e até mesmo levá-los à morte se não forem eliminados.11
,23,28].
Os principais endoparasitos encontrados em viperídeos recém-chegados 
são nematóides pulmonares (Figura 3A), nematóides gastrointestinais 
(Figura 3B) e pentastomídeos pulmonares (Figura 3C). Mais raramente são 
encontrados cestóides e trematódeos gastrointestinais.11,23,28]. 
Protozoários também são comuns, como flagelados e coccídeos.
Figura 3. (A)NematódeoRhabdiassp. no pulmão deBothrops jararaca.
(B)Ascarídeos no trato gastrointestinal superior deCrotalus durissus.(C) Parasito 
pentastomídeo no pulmão deBothrops jararaca.
Entre os ectoparasitas, os principais são os carrapatos(Amblyomma
sp.) e ácaros (Ophionyssus natricis).
Após os procedimentos profiláticos descritos acima, as serpentes são 
encaminhadas para a sala de quarentena estrategicamente localizada ao 
lado da sala de triagem, mas separada por uma porta (barreira física). Cada 
cobra recebe um Formulário Individual onde constam informações sobre 
sua localidade de origem; data de chegada; Gênero sexual; SVL – TL e peso; 
número de código específico; número do microchip; data da alimentação; 
data da ecdise; data da extração do veneno; tratamentos veterinários; e 
data do pareamento, gestação e parto, são anotados.
Grego et ai. J Venom Anim Toxins incluindo Trop Dis, 2021, 27:e20200068 Página 6 de 11
Divisão de quarentena Todas as salas possuem termohigrômetro para monitoramento diário 
de temperatura e umidade, além de um temporizador de luz 
programável para garantir ciclos claro/escuro. As cobras são 
inspecionadas diariamente e as gaiolas são trocadas sempre que 
necessário. Em cada sala de manutenção mantemos cobras da mesma 
espécie ou cobras com requisitos semelhantes de criação. A extração 
do veneno é realizada mensalmente dentro da sala, com auxílio de gás 
carbônico (CO ) e mesa de aço inoxidável. As cobras são colocadas em 
recipientes saturados com gás CO, onde permanecem por cerca de 5 
minutos. Após a cessação dos estímulos, as cobras são retiradas do 
recipiente e a extração do veneno é realizada por massagem das 
glândulas de veneno, que leva cerca de 5 a 8 segundos. O uso de CO 
não causa nenhum dano às cobras [33].
Extração de veneno de viperídeo (Bothropssp., Crotalus 
durissus e Lachesis muta) é realizado em um béquer de vidro 
coberto com plástico espesso, imerso em banho de gelo. O 
plástico é trocado após cada extração para evitar contaminação 
entre os indivíduos (Figura 4A). Após o procedimento de extração, 
clorexidina a 0,12% é pulverizada nas bainhas das presas para 
prevenir infecções por micro lesões que podem ocorrer durante o 
procedimento de extração. A cobra é então pesada, medida (SVL-
TL) e devolvida à sua gaiola. Uma semana após a extração, as 
cobras são alimentadas com roedores descongelados.
Extração de veneno de elapídeo (Micrurussp.) é diferenciada. Devido 
ao pequeno tamanho dessas serpentes e suas glândulas de veneno 
reduzidas, a pilocarpina é administrada por via intradérmica (10 mg kg
-1) dez minutos antes da extração do veneno para aumentar a eficiência 
da ordenha [34]. A pilocarpina é um alcalóide natural com atividade 
agonista colinérgica que se liga a receptores muscarínicos induzindo 
secreção de glândulas exócrinas.35]. Utilizando a pilocarpina 
observamos um aumento de 127% no volume de veneno extraído da
Micrurus coralinus,sem mudança significativa na composição do 
veneno [34]. A extração das cobras-corais é feita com pontas 
conectadas às presas do proteróglifo (Figura 4B) e, com o auxílio de 
pipetas, o veneno é transferido para microcentrífuga
A introdução de animais que chegam em um novo local produz 
respostas estressantes que, se prolongadas, podem levar à angústia, 
exaustão e até morte.23,29,30,31]. Portanto, os animais devem passar 
por um período de aclimatação (quarentena) antes de serem 
introduzidos nas salas de manutenção. Além disso, a quarentena das 
cobras que chegam é essencial para evitar a propagação de doenças 
infecciosas e parasitárias.22,31,32].
O LH trabalha com duas salas de quarentena (Q1 e Q2) que ficam 
próximas à sala de triagem e às salas de Manutenção, porém 
separadas por elas por barreiras físicas conforme recomendação da 
OMS [21]. Q1 recebe os animais semanalmente e é o início da 
aclimatação. Nessa sala, as cobras são inspecionadas diariamente, 
recebem a segunda dose do anti-helmíntico (15 dias após a data de 
chegada) e são alimentadas mensalmente. Q2 recebe cobras saudáveis 
do Q1 em um “tudo dentro, tudo fora" sistema. Nesse sistema, cobras 
saudáveis que estão se alimentando adequadamente e estão há pelo 
menos 30 dias no Q1 são transferidas no mesmo dia para o Q2, onde 
ficam isoladas por 30 dias. Após esse período, todos são transferidos 
para as salas de Manutenção no mesmo dia.
Enquanto no Q2 os animais são inspecionados diariamente e se um 
indivíduo morre, o período é estendido por mais 30 dias. Neste caso, a 
causa da morte é investigada. Portanto, nosso período de quarentena dura 
pelo menos 60 dias. Apenas serpentes com exames coproparasitológicos 
negativos são transferidas para as salas de Manutenção. A extração de 
veneno não é realizada nas salas de quarentena.
2
2
2
Salas de manutenção para produção de veneno
Na entrada do hall das salas de Manutenção, há uma pequena área de 8 m2
onde os técnicos usam aventais e capas de botas/sapatos para evitar a 
entrada de patógenos externos na instalação de animais. As salas de 
manutenção têm 20m2com paredes revestidas com epóxi e piso de 
granulito para facilitar a limpeza. Cada sala tem capacidade para manter 90 
cobras em gaiolas plásticas individuais dispostas em prateleiras.
Figura 4. (A)Extração de veneno emCrotalussp. realizado em um béquer de vidro coberto com uma folha plástica grossa, imerso em banho de gelo.(B)Extração de veneno em 
cobra coral realizada com pontas conectadas às presas do proteróglifo.
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tubos em banho de gelo. Uma semana após a extração, as cobras-corais são 
alimentadas com cobras descongeladas em uma proporção de 30 a 40% do seu 
peso corporal.20] por três semanas alternadas.
Todas as salas são equipadas com equipamentos de proteção 
individual (EPIs) e utensílios necessários para o manuseio de 
cobras, como ganchos, alça de Lutz, tubos de contenção, pinças e 
pinças, que são imersos em solução de hipoclorito de sódio a 4% 
após o uso.
submetidos à extração de veneno. As cirurgias também são realizadas 
nesta sala sempre que necessário. O mobiliário desta sala é composto 
por mesa de aço inox, aparelho de ultrassom, aparelho de anestesia 
inalatória, armário de remédios, forno de esterilização para materiais 
cirúrgicos e geladeira para medicamentos.
Sala de Reprodução
A sala de reprodução não possui móveis, mas quatro câmeras estrategicamente 
posicionadas para registrar o comportamento reprodutivo, como combates em 
algumas espécies (Figura 5A), corte do macho e acasalamento (Figura 5B). 
Costumamos colocar dois machos na sala para aumentar a competitividade e o 
interesse reprodutivo, e após 30 minutos uma fêmea é colocada na sala. No dia 
seguinte ao pareamento, é realizado um esfregaço vaginal para verificar a 
presença de espermatozóides. Se o resultado for positivo, mensalmente é feito 
um exame de ultrassonografia para acompanhar a gestação da fêmea até o 
nascimento (Figura 6).
Sala de Consulta/Cirúrgica
Nesta sala estrategicamente construída próxima às salas de manutenção, o 
veterinário realiza exames clínicos, ultrassonográficos, diagnósticos 
diferenciais e prescreve tratamentos a serem estabelecidos em serpentes 
que apresentem sintomas de doença ou alteração de comportamento, 
como desconforto respiratório, lesões de pele, distúrbios gastroentéricos, 
entre outros. . Animais doentes e em tratamento não são
Figura 5. (A)Combate emCrotalus durissus(cascavel) machos.(B)Acasalamento emCrotalus durissus.
Figura 6.imagem de ultra-som deCrotalus durissusfetos.
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viperídeos brasileiros, com exceção deLachesis muta, são cobras 
vivíparas; elapids (cobras corais) eLachesis muta (bushmasters) são 
ovíparos. Devido à diminuição da chegada de serpentes ao Instituto 
Butantan, temos aprimorado a reprodução para sermos 
autossuficientes, dependendo menos de serpentes vindas da natureza. 
Atualmente, 60% das serpentes mantidas em LH são nascidas em 
cativeiro. Observamos que apenas pequenas diferenças na 
constituição do veneno são detectadas quando comparamos venenos 
recém-chegadosBothrops jararacae cobrasnascidas ou mantidas por 
vários anos em cativeiro [36].
conhecimento sobre diferentes espécies, determinar alterações 
macroscópicas e microscópicas, bem como o agente etiológico e a causa da 
morte.23,37]. Nosso laboratório de anatomia patológica está localizado fora 
da instalação de animais.
Necropsias são realizadas no LH desde a década de 1990, com 3.050 
necropsias realizadas até agora. Os principais sistemas afetados na 
maioria das espécies são o digestivo (gastrite e enterite) e o 
respiratório (pneumonia caseosa). Atualmente, com o aumento da 
longevidade de nossas serpentes, tem sido cada vez mais comum a 
presença de neoplasias (Figura 7), assim como doenças cardíacas.
Enfermaria Padrões de fluxo de tráfego
Todas as cobras recém-nascidas, sejam de fêmeas que chegam 
grávidas da natureza ou de acasalamento que ocorreu no LH, são 
mantidas até o 3º.rdano de idade na creche. Cobras jovens de até um 
ano de idade são alimentadas a cada 15 dias com dedinhos, e a partir 
de um ano são alimentadas mensalmente com pesos variados de 
roedores, dependendo do tamanho da cobra. Aos três anos, as cobras 
jovens são transferidas para as salas de manutenção, onde são 
ordenhadas periodicamente.
Um dos cuidados higiênico-sanitários cruciais em um serpentário 
que deve ser sempre atendido, são os padrões de fluxo de tráfego, 
que devem progredir das áreas menos contaminadas (menor 
potencial de contaminação microbiana) para as áreas altamente 
contaminadas (maior potencial de contaminação microbiana). , 
sempre em sentido único (Figura 8).
Produção de veneno ao longo dos anos
A qualidade e quantidade do veneno produzido estão diretamente 
ligadas ao estado de saúde e bem-estar das serpentes. Como as 
condições de manutenção vêm melhorando ao longo dos anos, a 
produção de veneno (por cobra) também está aumentando, como 
pode ser visto na Tabela 1. A tabela mostra que menos veneno foi 
extraído no período de 1908 a 1962. Nessa época, as cobras 
percorridos por linhas férreas de diversas regiões do Brasil em caixas 
de madeira com restrição hídrica, demorando alguns dias para chegar 
ao Instituto. As cobras chegaram estressadas, desidratadas e algum 
veneno foi perdido durante a contenção física para o procedimento de 
ordenha. Desde a implantação do serpentário indoor em 1963, a 
produção de veneno/cobra vem aumentando devido às melhorias 
profiláticas e de bem-estar.8,9].
Laboratório de Análises Clínicas
Esta sala está equipada para a realização de exames 
hematológicos, bioquímicos e coproparasitológicos para 
acompanhamento do estado de saúde das serpentes mantidas no 
serpentário, diagnóstico de doenças e seu prognóstico.
Laboratório de Anatomia Patológica
As serpentes que morrem no biotério são encaminhadas ao Laboratório de 
Anatomia Patológica, onde são realizadas necropsias. Fragmentos de tecido 
de todos os órgãos são coletados para análise histopatológica. O exame de 
necropsia é importante para aumentar nossa
Figura 7.Tumor da glândula de veneno em um velhoBothrops alternatus.
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Figura 8.Padrões de fluxo de tráfego no serpentário LH.
Vale ressaltar que a quantidade de veneno extraída de Crotalus 
durissuseBothrops jararacarecém-chegados da natureza (na sala 
de triagem) de 2005 a 2019 foi 50% menor que o volume extraído 
de serpentes mantidas em cativeiro por pelo menos 60 dias (após 
o período de quarentena). No gêneroC. durissus, o volume 
extraído na sala de projeção foi muito próximo ao relatado para o 
serpentário ao ar livre de 1908 a 1962. No gêneroB. jararaca, o 
volume atualmente obtido de indivíduos recém-chegados é o 
dobro do obtido em 1908-1962, mas ainda 50% inferior ao volume 
extraído de serpentes mantidas em cativeiro por pelo menos 60 
dias.
Conclusão
A manutenção de serpentes peçonhentas em cativeiro para produção 
de veneno é essencial. Anualmente, 20.000 acidentes ofídicos ocorrem 
no Brasil, e os produtores de soros devem atender a demanda 
nacional pelo fornecimento de soros eficientes. Esse breve histórico 
mostrou que as melhorias feitas no biotério LH aumentaram a taxa de 
sobrevivência das serpentes ao longo dos anos, bem como a 
quantidade e a qualidade do veneno produzido. As mudanças mais 
significativas foram as medidas profiláticas, incluindo quarentena, 
padrões de fluxo unidirecional e uso de aventais e capas de sapato ao 
entrar em diferentes áreas do serpentário.
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O controle de fatores abióticos, como temperatura e umidade, de 
acordo com as espécies mantidas em cada sala, aumentou o bem-estar 
dos animais. Além disso, o LH possui pessoal altamente qualificado 
para manusear, manter e reproduzir diferentes espécies de serpentes 
em cativeiro, além de realizar análises clínicas e anatômicas e 
pesquisas de venenos. Desde 2000, os lotes de veneno produzidos no 
LH são submetidos a análises bioquímicas, como concentração de 
proteínas e eletroforese em gel de dodecil sulfato-poliacrilamida em 
condições redutoras e não redutoras; bem como análises 
toxicológicas, como LD (determinação da dose letal mediana). Essas 
análises são importantes para monitorar a qualidade e eficácia dos 
diferentes venenos produzidos.
Um serpentário bem conduzido é um elemento chave na manutenção de 
serpentes peçonhentas para produção de veneno. Novas técnicas e manejo 
eficiente devem sempre ser buscados para melhorar o bem-estar das 
serpentes, a qualidade e a quantidade de veneno produzida e a segurança 
daqueles que trabalham diretamente com os animais peçonhentos. Todos 
os procedimentos realizados em uma manutenção de cobras devem ser 
devidamente documentados e programados.
Consentimento para 
publicação Não aplicável.
Referências
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Butantan. 1965;32:79-88.
10.Melgarejo-Giménez AR. Criação e manejo de serpentes. In: Animais de 
Laboratório: Criação e Experimentação. pág. 388. 2002.Agradecimentos
11.Grego KF, Gardiner CH, Catão-Dias JL. Patologia comparativa de infecções parasitárias 
em víboras de vida livre e em cativeiro (Bothrops jararaca). Veterinário Rec. 1 de 
maio de 2004;154(18):559-62.
Os autores agradecem a todo o pessoal do Laboratório de 
Herpetologia pelo apoio no serpentário interno e ao pessoal 
da Unidade de Roedores do Instituto Butantan pela criação e 
manutenção das presas utilizadas para alimentação das 
serpentes.
12.Belluomini HE. Extração e quantidades de veneno de algumas serpentes brasileiras. 
In: Bucherl W, Buckley E, Deulofeu V, editores. Animais peçonhentos e seus 
venenos. Imprensa Acadêmica de Nova York. pág. 97-117. 1967.
13.Brasil. Resolução Normativa Nº 29, de 13 de nov. de 2015. Decreto n. 3.847, de 
30 de mar. de 2017. Anfíbios e serpentes em instalações de instituições de 
ensino ou pesquisa científica. Brasília, DF. Novembro 2015.
Disponibilidade de dados e materiais 14.Grego KF, Sant'Anna SS, Almeida-Santos SM. Anfíbio e serpentes em 
instalações de instituições de ensino e pesquisa científica.In: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e Conselho Nacional de 
Controle de Experimentação Animal (organizadores). Guia Brasileiro de 
Produção, Manutenção ou Utilização de Animais em Atividades de Ensino 
ou Pesquisa Científica. Brasil. pág. 53-74. 2016.
Os conjuntos de dados gerados durante e/ou analisados durante o 
estudo atual estão disponíveis com o autor correspondente mediante 
solicitação razoável.
Financiamento
15.Leinz FF, Janeiro-Cinquini TRF, Ishizuka MM. Dióxido de carbono como auxiliar 
na extração de veneno debothrops jararacacobras (viperidae, crotalinae). 
Mem Inst Butantan. 1990;52(1):17-23.Este trabalho foi apoiado por bolsas da Fundação de Amparo à Pesquisa do 
Estado de São Paulo (FAPESP), projeto número 2017/18100-2. 16.Cardoso JLC, Wen FH. Introdução ao ofidismo. In: Cardoso, JLC, França FOS, 
Wen FH, Málaque CMS, Haddad V, editores. Animais peçonhentos no Brasil. 
São Paulo (SP). pág. 3-5. 2003.
Interesses competitivos
Os autores declaram não ter interesses conflitantes.
17.Gadelha CAG. A produção e o desenvolvimento de vacinas no Brasil. Hist 
Cienc Saúde-Manguinhos. 1996;3(1):111-32.
18.Serapicos EO, Merusse JLB. Variação de peso e sobrevida deMicrurus corallinus
sob diferentes condições de alimentação em biotério (Serpentes, Elapidae). 
Iheringia Sér Zool. 2002 dez;92(4):105-9.Contribuições dos autores
19.Serapicos EO, Merusse JLB. Análise comparativa entre tipos de alimentação de
Micrurus corallinus(Serpentes, Elapidae) em cativeiro. Iheringia Sér Zool. 
2002 dez;92(4):99-103.
SEV, JPV, EOS, CCB, GPMS, FSR, LCFA, DRS, LCRAZ, MFDF, AMTA, 
KMZ, MMTR, WF, SSS: todos os autores são ou foram importantes 
na história do nosso biotério e sem eles não haveria 
absolutamente nenhuma história. Todos os autores forneceram 
feedback crítico e ajudaram a moldar este artigo de revisão. Além 
disso, todos os autores leram e aprovaram o manuscrito final.
20.Mendes GF, Stuginski DR, Loibel SM, Morais-Zani KD, Da Rocha MMT, Fernandes W, et 
al. Fatores que podem influenciar as taxas de sobrevivência de cobras corais (
Micrurus corallinus) para a produção de soro antiofídico. J Anim Sci. 2019 
fev;7(2):972-80.
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Medicina e Cirurgia de Répteis e Anfíbios. São Luís, Missouri.
pág. 109-30. 2019.
Aprovação ética
A manutenção de serpentes em cativeiro para extração de 
veneno no Laboratório de Herpetologia é aprovada pelo 
Comitê de Ética do Instituto Butantan, número 7967310720.
23.Grego KF, Rameh-Albuquerque LC, Kolesnikovas CKM. Squamata: Serpentes. In: 
Cubas ZS, Silva JCR, Catão-Dias JL, editores. Tratado de Animais Selvagens: 
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Cirurgia de Répteis e Anfíbios. São Luís, Missouri. pág. 932-50. 2019.
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Cirurgia de Répteis e Anfíbios. São Luís, Missouri. pág. 142-4. 2019.
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