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História da Matemática Aula 01: Fundamentos teóricos e bases psicopedagógicas: A construção da matemática e sua importância Apresentação Nesta aula, você vai analisar a construção do conhecimento segundo Poincaré, Platão, Rosseau e Dewey. Além disso, vai compreender que a matemática é uma criação da mente humana e reconhecer que a natureza da compreensão matemática supõe uma capacidade especí�ca de reconhecer e usar um conceito matemático em diferentes contextos. Ainda aprenderá que temos dois tipos de compreensão matemática: a compreensão "relacional" e a compreensão "instrumental". Objetivos Identi�car a matemática como uma criação da mente humana; Reconhecer que a natureza da compreensão matemática supõe uma capacidade especí�ca de reconhecer e usar um conceito matemático em diferentes contextos; Veri�car que temos dois tipos de compreensão matemática: a compreensão “relacional” e a compreensão “instrumental”. Introdução Até o início do século XX, matemáticos e físicos pareciam não duvidar de que haveria uma harmonia interna do mundo, expressa através de leis matemáticas, única realidade objetiva, única verdade que podemos atingir. Muitos dos grandes modelos pedagógicos propostos ao longo da história estão vinculados a essa ideia metafísica da matemática, que pressupõe a existência de signi�cados matemáticos universais e absolutos passíveis de serem descobertos por meio de algum método para se poder obter a compreensão matemática. Sobre Poincaré Para PONCARÉ (1854-1912), a intuição é necessária a todo trabalho criador, em qualquer ciência. Ela se apresenta, certamente, sob formas as mais variadas, que vão desde "o apelo aos sentidos e à imaginação", a indução a partir dos fatos, até por �m a indução matemática ligada à "intuição do número puro" (Poincaré, 1995). Mas ele acrescenta um complemento indispensável à lógica que, por si só, não basta, nem para o ensino, nem para o trabalho de pesquisa: "a intuição faz "ver o alvo de longe", que permite a "visão de conjunto" sem a qual não existiria invenção (Poincaré, 1995). Para POINCARÉ, é a intuição que detém o papel principal na matemática: "inventar é discernir, é escolher, e é a intuição de ordem matemática que permite adivinhar as harmonias e as relações ocultas (Poincaré, 1995). Ainda segundo POINCARÉ, em grande parte, o trabalho cientí�co consiste em selecionar entre os fatos, que se oferecem multitudinários, aqueles que são os mais ricos de signi�cação — isto somente porque "o cérebro do cientista, que não passa de um ponto no universo, jamais poderá conter o universo inteiro". Eis aí o físico ou o matemático que, incapaz de simplesmente reproduzir — o que, além do mais, seria sem dúvida insu�ciente para compreender — encara a necessidade de inventar. Ater-se a relações de semelhança super�cial entre os fatos não produziria nada senão banalidade e repetição, sem que se encontrasse o acesso às relações signi�cativas. "a ciência, portanto, nada pode nos ensinar sobre a verdade, só pode nos servir como regra de ação". - Poincaré, 1995, p. 137 Nessa perspectiva, a ciência não seria mais que uma regra de ação, pois seríamos "...impotentes para conhecer o que quer que seja, e contudo estamos envolvidos, precisamos agir e, por via das dúvidas, �rmamos regras. É o conjunto dessas regras que chamamos ciência" (Poincaré, 1995, p. 139). Sobre Platão Para PLATÃO (427-348 a.C.), os objetos matemáticos estariam situados em um mundo celestial, e o papel do mestre seria conduzir o seu discípulo por meio de um diálogo, aproximando-o desses entes ideais, método que �cou conhecido como a maiêutica socrática. Platão é importante na história da matemática principalmente por seu papel como inspirador e guia de outros. E provável que a ele se deva a distinção clara que se fez na Grécia antiga entre aritmética (no sentido de teoria dos números) e logística . Platão considerava a logística adequada para negociantes e guerreiros, "que precisam aprender as artes dos números, ou não saberão dispor suas tropas". Para ele, o �lósofo, por outro lado, deve conhecer a aritmética "porque deve subir acima do mar das mudanças e captar seu verdadeiro ser". Além disso, diz Platão em A República, "a aritmética tem um efeito muito grande de elevar a mente, compelindo-a a raciocinar sobre número abstrato". 1 Platão, em detalhe da Escola de Atenas de Rafael Sanzio (1510). Satanza della Segnatura. Palácio Apostólico, Vaticano. http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon049/aula1.html Sobre Rosseau Para ROUSSEAU (1712-1778), o conhecimento matemático seria obtido no próprio mundo empírico, do mesmo modo que se procede nas ciências naturais: por meio de observações e experimentações. Rousseau, ao considerar a Educação como um processo natural do desenvolvimento da criança, ao valorizar o jogo, o trabalho manual, a experiência direta das coisas, seria o percussor de uma nova concepção de escola. Uma escola que passa a valorizar os aspectos biológicos e psicológicos do aluno em desenvolvimento: o sentimento, o interesse, a espontaneidade, a criatividade e o processo de aprendizagem, as vezes priorizando estes aspectos em detrimento da aprendizagem dos conteúdos. Sobre Dewey Mais recentemente, o pragmatismo de DEWEY (1859-1952), procurou conciliar as perspectivas racional e empírica, ao considerar o conhecimento institucionalizado, organizado nas disciplinas escolares, e seus respectivos conceitos como sendo ferramentas úteis que, aplicadas à experiência do aluno, produziriam outras experiências cristalizadas em novos conceitos, à maneira do cientista que aplica leis para prever novos fatos da natureza. Na obra "Lógica: A teoria da investigação", Dewey expõe a novidade de sua concepção lógica e metodológica para a produção do conhecimento. Para Dewey, os objetos estão inter-relacionados, a partir da lógica, no processo de construção do conhecimento. Isso permite a conexão de uns com os outros, o que levaria à aplicabilidade pragmática, uma vez que conhecer se trata de perceber essas conexões que ligam os objetos com um �m útil. Assim, a �loso�a não deve apenas evitar os dualismos: razão/experiência, ideal/real, teoria/prática, indivíduo/sociedade, mas combatê-los, já que o conhecimento se dá na continuidade da experiência e não apenas em sua fragmentação. John Dewey (1859-1852) A compreensão matemática O termo compreensão tem sido abordado por vários autores com o objetivo de explicar a construção do conhecimento. SKEMP (1978) considera dois tipos de compreensão: Clique nos botões para ver as informações. A compreensão instrumental diz respeito à aquisição de regras ou métodos e à capacidade de usá-las na resolução de problemas. É privilegiado o saber como sem saber porquê. O objetivo é procurar uma regra que permita dar uma resposta satisfatória para o problema. A compreensão instrumental A compreensão relacional baseia-se em princípios que têm uma aplicação mais geral. Baseia-se no princípio de saber, ao mesmo tempo, o como e porquê, permitindo não só perceber o método que funciona e porquê, como ajuda a relacioná-lo com o problema e possibilita a sua adaptação para a resolução de novos problemas. A compreensão relacional Causa da não-consecução de objetivos em matemática Deve-se notar que a lógica da matemática não tem por que ser a mesma que a de qualquer outra atividade mental, embora possa ser transferível como habilidade para outro campo onde se reproduzam elementos idênticos. Não vamos negar que todas as disciplinas curriculares têm sua importância, mas uma formação matemática proporciona ao indivíduo um enriquecimento conceituai difícil de ser oferecido por outra disciplina. Fonte: HUETE & BRAVO. O Ensino da Matemática: Fundamentos Teóricos e Bases Psicopedagógicas. Editora: Artmed, 2006, p.19. Atividade 1. No Congo, foi encontrado um osso, datado de 19 000 a.C., que apresenta conjuntos de marcas bem intrigantes, para além de um pedaço de quartzo incrustado numa extremidade. Agora no Museu de História Naturalde Bruxelas, este osso foi encontrado, em 1960, no Congo. As três sequências de grupos de marcas apresentam algumas regularidades difíceis de explicar. Podem identi�car-se três colunas de marcas no sentido longitudinal do osso. As respectivas sequências numéricas estão assinaladas na �gura. Pode-se ver que 9+19+21+11=19+17+13+11=60, enquanto a outra coluna tem a soma de 48. Observa-se também que a primeira coluna só contém números ímpares além também de se poder escrever como 10-1, 20-1, 20+1, 10+1 Como é conhecido este osso que tem apaixonado muitos especialistas, pois ainda não se têm uma ideia clara da utilidade deste artefato? a) Osso do Congo b) Osso do 1 c) Osso de Ishango d) Osso de cone e) Osso de cunha Notas Logística 1 A técnica de computação. Título modal 1 Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográ�ca e de impressos. Referências BOYER, Carl Benjamin. História da matemática. 2. ed. São Paulo: E. Blücher, 2005. HUETE, Sábchez; BRAVO, Fernández. O ensino da matemática: fundamentos teóricos e bases psicopedagógicas. Porto Alegre: Artmed, 2006. SILVA, Sebastião Medeiros da; SILVA, Ermes Medeiros da; Silva, Elio Medeiros da. Matemática Básica para Cursos Superiores. São Paulo, Atlas, 2002. Próxima aula Fundamentos Teóricos e Bases Psicopedagógicas: Ensino e aprendizagem da matemática. Explore mais Assista ao Vídeo BBC A História da Matemática (Dublado). javascript:void(0);